Consumo indiscriminado de antibióticos
A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu hoje que o consumo excessivo e o subconsumo de antibióticos são as principais...

Em comunicado, a OMS alerta para o aumento perigoso do consumo de antibióticos em alguns países, mas também para o subconsumo noutras regiões, que levou ao aparecimento de bactérias mortais.

Segundo Suzanne Hill, chefe da unidade de medicamentos essenciais da OMS, “o consumo excessivo e o subconsumo de antibióticos são as principais causas de resistência antimicrobiana".

“Sem antibióticos eficazes e outros antimicrobianos, perderemos a nossa capacidade de tratar infeções generalizadas como pneumonia", alerta Suzanne Hill.

O relatório da OMS, que se baseia em dados de 2015 recolhidos em 65 países e regiões, mostra uma diferença significativa no consumo, variando de quatro doses definidas diárias por 1.000 habitantes por dia no Burundi a mais de 64 na Mongólia.

"Estas diferenças indicam que alguns países consomem provavelmente muitos antibióticos, enquanto outros podem não ter acesso suficiente a esses medicamentos", sublinham a OMS no comunicado.

Descobertos na década de 1920, os antibióticos salvaram dezenas de milhões de vidas combatendo eficazmente as doenças bacteriológicas, como a pneumonia, a tuberculose e a meningite.

Mas, ao longo das décadas, as bactérias modificaram-se para resistir a esses fármacos.

A Organização Mundial da Saúde advertiu muitas vezes que o mundo ia ficar sem antibióticos eficazes e, no ano passado, a agência especializada da ONU pediu aos países e aos grandes grupos farmacêuticos para criarem uma nova geração de medicamentos capazes de lutar contra as "superbactérias" ultrarresistentes.

As bactérias podem tornar-se resistentes quando os doentes usam antibióticos que não precisam ou não completam o tratamento, dando oportunidade à bactéria de sobreviver e desenvolver imunidade.

Mas a OMS também está preocupada com o consumo insuficiente de antibióticos.

"A resistência pode ocorrer quando os doentes não podem pagar o tratamento completo ou apenas conseguem aceder a medicamentos de qualidade inferir ou adulterados", segundo o relatório da OMS.

Na Europa, o consumo médio de antibióticos chega a 18 doses definidas diárias por 1.000 habitantes, com a Turquia a liderar, com 38 doses, quase cinco vezes mais que o último país do ‘ranking’, o Azerbaijão (oito doses).

A OMS reconhece, contudo, que o seu relatório está incompleto porque inclui apenas quatro países africanos, três do Oriente Médio e seis da região Ásia-Pacífico.

As principais ausências deste estudo incluem os Estados Unidos, China e Índia.

Fórum destaca necessidade de maior investimento
A autovigilância através de medidores de glicose no sangue é uma componente chave dos programas de controlo e gestão da...

A necessidade de contenção de custos no SNS é real e alguns estudos já comprovam que é possível reduzi-los através de soluções que reforçam o controlo glicémico de uma forma muito inovadora.

Esta foi uma das principais conclusões alcançadas durante o ‘Fórum de Debate sobre a Inovação e Impacto da Tecnologia na Diabetes´, realizado recentemente no Centro de Ciência Viva do Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. Refira-se que a iniciativa veio antecipar a celebração do Dia Mundial da Diabetes que se assinala no próximo dia 14 de novembro.

Em todo o mundo existem mais de 425 milhões de pessoas com diabetes, valor que tem vindo a crescer consideravelmente podendo, nos próximos 30 a 40 anos, este número ascender a mais de mil milhões de diabéticos.

Só no nosso país, 40,7% da população (20-79 anos) tem diabetes ou hiperglicemia intermédia, o que corresponde a 3,1 milhões de portugueses. Perante estes números, há que assumir que a situação é grave e que a evolução tecnológica e digital, dada a sua expansão mundial, pode e deve assumir um papel determinante no controlo e monitorização da diabetes e, em simultâneo, na melhoria do custo-efetividade do seu tratamento.

O evento contou com a presença dos mais reputados especialistas, nacionais e internacionais, na área da diabetes, nomeadamente, o presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, José Boavida; João Rodrigues, presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar e Pedro Melo, Diretor do serviço de endocrinologia no Hospital Pedro Hispano.

E a temática abordada debruçou-se, essencialmente, sobre quatro questões-chave: inovação vs. eficácia; o autocontrolo com medidores de glicemia associado a um código de cores; o custo-efetividade face à inovação e a importância da autovigilância da glicose no sangue (AVG).

A diabetes é uma das doenças com maior prevalência em todo o mundo, necessitando as pessoas com diabetes de um acompanhamento próximo, mas também de autonomia para poderem tomar decisões no seu dia-a-dia. Há que investir na criação de cuidados de saúde apropriados para a pessoa com diabetes. Face ao investimento efetuado noutras doenças, também graves, mas que atingem uma percentagem muito menor de portugueses, a aposta na inovação na diabetes é pequena. Segundo José Boavida, presidente da APDP, “é necessário inverter e colocar na diabetes a atenção que ela merece, temos que perceber o desafio que a inovação e o impacto da tecnologia nos colocam hoje e como é que vão ajudar as pessoas com diabetes”, salientou. Em Portugal a situação é gritante. “Não entendemos como é que a diabetes não está todos os dias nos jornais”, referiu ainda o presidente da APDP.

De facto, os números falam por si: por dia, há 2 pessoas que ficam a saber que têm diabetes, 22 pessoas com diabetes têm um AVC, 12 pessoas com diabetes morrem por causa dela, 5 pessoas saem de internamentos motivados pelo pé diabético, cerca de 500 pessoas com diabetes são internadas por causa da doença e entre 3 a 4 pessoas sofrem uma amputação, resultando em enormes custos sociais e emocionais para os doentes e suas famílias.

O grande foco deve incidir sobre a complexidade da doença, e a necessidade de os pacientes serem capazes de medir e entender os seus resultados. É necessário fornecer-lhes as ferramentas que permitam uma fácil compreensão dos seus níveis de açúcar no sangue e do seu estado de saúde. A medição da glicemia capilar efetuada com medidores com Tecnologia ColourSure, isto é, que utilizam um código de três cores que remetem para três situações possíveis: valores baixos (azul), dentro do objetivo (verde) ou valores altos (vermelho), conduz potencialmente a uma melhoria do controlo glicémico e a uma melhor compreensão e gestão da sua diabetes.

A Autovigilância da glicose no sangue (AVG) com medidores com tecnologia de cores tem crescido e estudos publicados, nos últimos anos, indicam que a sua utilização confere aos pacientes maiores índices de autoconfiança para tomar decisões, permitindo-lhes interpretar mais facilmente os seus resultados.

Acresce que o desenvolvimento tecnológico digital permitiu a criação de uma App móvel que trouxe grandes benefícios para a pessoa com diabetes. Agora, toda a sua informação clinica é enviada para a cloud, onde fica armazenada, organizada e com fácil acesso, tanto para a pessoa com diabetes como para a sua equipa de saúde. Esta poderá, assim, “fazer um tratamento prévio dos dados antes da consulta, podendo a consulta ser mais curta e bem justificada, permitindo também o atendimento de mais pacientes”, refere Pedro Melo.

De entre as várias conclusões saídas deste Fórum destaca-se a necessidade de um maior investimento numa área que afeta uma grande parte da população, estando o futuro da diabetes dependente do acesso à tecnologia tornar-se, ou não, universal.

No que se refere à distribuição dos recursos económicos foi unânime a conclusão de que é muito razoável que se invista prioritariamente na capacitação dos pacientes, fornecendo-lhes maior conhecimento, adesão ao plano terapêutico e motivando-os a tomar decisões que conduzam a um maior controlo da sua situação. Está demonstrado que esse facto permite reduzir as complicações associadas que só por si representam uma grande ‘fatia’ dos custos com a diabetes (37%).

Especialista reúnem-se em Congresso
Estima-se que 3 em cada 100 crianças internadas nos Hospitais Portugueses sofrem de uma ferida crónica.

As feridas crónicas mais comuns nas crianças são as úlceras por pressão, associadas a dispositivos médicos. Estudos indicam que em média uma criança pode ser portadora de uma ferida crónica durante 1 ano a 1 mês.

“As úlceras de pressão são um indicador da qualidade dos cuidados prestados nos hospitais, mas também representam um problema de saúde pública e provocam sofrimento e diminuição da qualidade de vida das crianças e dos cuidadores. Dados recentes indicam que cerca de 95 por cento das úlceras de pressão são evitáveis” alerta Paulo Alves, presidente da APTFeridas.

As feridas pediátricas serão uma das principais temáticas debatidas no Congresso APTFeridas 2018, organizado pela Associação Portuguesa de Tratamento de Feridas (APTFeridas). Esta iniciativa irá decorrer nos dias 15 e 16 de novembro, no Pavilhão Multiusos de Gondomar e contará com o alto do patrocínio da Presidência República.

O Congresso conta com a presença e intervenção de peritos e investigadores, nacionais e internacionais, de reconhecida competência na área da investigação, prevenção e tratamento do doente com ferida.

 

Equipas profissionais para desmistificar doença
A associação dos diabéticos desafiou a Direção-Geral da Saúde a retomar o programa de formação nas escolas sobre a diabetes,...

O tratamento da diabetes requer que a criança faça diariamente múltiplas medições da sua glicemia e injeções de insulina, mas isso não a impede de ter uma vida escolar e social normal, uma situação que por vezes constitui um desafio para os pais e profissionais de educação.

Durante anos a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) teve o apoio da Direção-Geral da Saúde para “poder ir às escolas fazer formação sempre que aparecia uma criança com diabetes e, juntamente com os pais, tentar que os professores e os colegas percebessem o que é a doença”, contou o presidente da associação, José Manuel Boavida, à agência Lusa, em vésperas de se assinalar o Dia Mundial da Diabetes (14 de novembro).

“Existem milhares de crianças nas escolas e elas estão integradas", disse, defendendo que as crianças com diabetes "não devem ser discriminadas", nem estigmatizadas.

"Devem ser integradas, como qualquer outra criança, e nada lhes é proibido. Antes pelo contrário, queremos que façam absolutamente tudo, só que existindo alguns riscos têm de estar conscientes deles e precaver para que nada ocorra, como normalmente não ocorre”, defendeu o endocrinologista.

No seu entender, o programa da DGS poderia “ajudar muito a ultrapassar” esta situação “se equipas de profissionais pudessem ir às escolas desmitificar toda a complexidade do tratamento” da diabetes tipo 1, uma doença que atingia, em 2015, 3.327 crianças e jovens portugueses, segundo dados do último relatório do Observatório Nacional da Diabetes

“É muito mais uma questão de dar confiança aos professores e às escolas do que qualquer outra situação, não são precisos apoios especiais”, vincou.

José Manuel Boavida adiantou que, “muitas vezes, há muita relutância das escolas”, mas depois de uma sessão de esclarecimento, de formação, rapidamente se encontram interlocutores que se oferecem voluntariamente para “fazer este trabalho”, que deve ser “uma rotina”.

“Tal como damos uma mão a qualquer pessoa que cai também podemos dar um pacote de açúcar que essa pessoa deve trazer no bolso”, disse, defendendo que "o que é preciso é clarificar, esclarecer e criar condições de maior segurança nas escolas” para estas crianças.

Para o presidente da APDP, “mais do que construir um mito e uma ideia extremamente negativa”, é “preciso mostrar o que é que na realidade e na prática é necessário fazer e, com grande realismo, abordar a situação dos cuidados a ter e de como ultrapassar os riscos que possam existir”.

Como tal, defendeu, o programa da DGS de formação nas escolas, que teve “um grande sucesso”, deve "ser retomado".

"A Direção-Geral da Saúde fez orientações para o que deve ser a formação, mas as orientações não chegam se depois não são dados os meios para elas serem levadas à prática e isso é um bom desafio a fazer-se neste Dia Mundial da Diabetes”, disse.

“Mais do que dizer que há dificuldades, é preciso é agir, e o agir implica um compromisso” do Ministério da Saúde, uma vez que “o Ministério da Educação tem sido sempre bastante recetivo a estas situações”, cabendo agora à Saúde apoiá-lo.

Para assinalar o Dia Mundial da Diabetes, a APDP realiza na quarta-feira a conferência “Diabetes e Família”, em parceria com a Câmara de Lisboa.

Revela estudo feito na região centro
Rosa Maria dos Santos Moreira, investigadora na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra que inquiriu mais de um milhar de...

Um estudo realizado por uma professora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), acerca da violência por parceiro íntimo durante a gravidez, aponta para que, na região centro de Portugal, mais de 40% das mulheres sejam vítimas de agressão psicológica no período da gestação e 14% forçadas pelos companheiros a manterem práticas sexuais.

Os dados, recolhidos entre 2012 e 2013, por meio de questionário respondido por 1219 puérperas (após o parto), foram agora divulgados no âmbito da defesa da tese de doutoramento da docente da ESEnfC, Rosa Maria dos Santos Moreira, intitulada “Violência por parceiro íntimo na gravidez e consequências perinatais”.

Por ordem decrescente de prevalência, a agressão psicológica foi a mais assinalada pelas inquiridas (41,6%), seguida da coerção sexual (13,7%), do abuso físico sem sequelas (8,4%) e do abuso físico com sequelas (2,5%).

Quanto à repetição das formas de violência pelo parceiro íntimo (VPI), os atos de coerção sexual foram os mais frequentes (9,16%), revela este estudo feito com o contributo voluntário de puérperas internadas em hospitais de apoio perinatal e apoio perinatal diferenciado, em Coimbra, Aveiro, Covilhã, Castelo Branco, Guarda e Leiria.

Atente-se que a probabilidade de VPI foi maior nas mulheres mais jovens (com menos de 20 anos), sobretudo na forma de agressão psicológica e de abuso físico sem sequelas.

A professora da ESEnfC, especialista em Saúde Materna e Obstétrica, afirma que "tem sido difícil provar a associação direta da VPI com os maus desfechos perinatais", mas salienta que alguns estudos têm destacado, a este nível, e como principais problemas durante a gravidez, a hemorragia genital, a rotura prematura de membranas, a diminuição dos movimentos fetais e, ainda, hipertensão arterial, pré-eclampsia, diabetes gestacional, anemia, infeções urinárias, algias (dor abdominal, cefaleias), vómitos, descolamento prematuro da placenta e trauma na gravidez.

Mais "estudos recentes continuam a mostrar evidência de resultados adversos, como baixo peso ao nascer, recém-nascido pequeno para a idade gestacional, parto e nascimento prematuros e incidência de morte fetal, perinatal e neonatal", prossegue Rosa Moreira.

A importância das consultas pré-natais

Outro dado a assinalar é que a maioria das mulheres que participou neste estudo frequentou consultas pré-natais, sendo que nos casos de agressão psicológica houve mais idas a estas consultas do que nas situações em que foram reportadas outras formas de violência.

Por outro lado, registou-se "maior probabilidade de ocorrência de agressão psicológica quando o início das consultas foi tardio, após o segundo mês de gestação, e maior probabilidade de abuso físico com e sem sequelas quando o início das consultas ocorreu antes do segundo mês de gestação".

A procura precoce ou tardia de conselhos e exames antes do nascimento da criança variou, pois, em função da natureza dos atos de VPI presentes.

"E isto é um dado importante para os profissionais de saúde dos cuidados de saúde primários ou diferenciados, sublinha a professora da ESEnfC.

Constatou-se, de igual modo, haver "ligação entre o não planeamento da gravidez por ambos os membros do casal e a maior probabilidade de ocorrência de comportamentos de agressão psicológica e de coerção sexual", assim como "possibilidade bastante superior de ocorrência de abuso físico com sequelas nos casos em que a gravidez não foi aceite pelos dois membros do casal".

Num outro nível de análise, os resultados do estudo, que denotam "uma associação significativa da VPI com a escolaridade, o desemprego e o rendimento familiar", vêm confirmar que "a violência não acontece só com pessoas de estratos sociais mais desfavorecidos ou com menor grau de escolaridade".

"Se para as mulheres com menor nível de escolaridade existia maior probabilidade de sofrerem de abuso físico com sequelas, foi verificado o contrário para a agressão psicológica, com maior probabilidade de ocorrência nas mulheres com nível superior de escolaridade", nota Rosa Moreira.

Foi, também, "encontrada uma forte associação entre os comportamentos de negociação e o nível superior de escolaridade", parecendo "ser muito mais provável a participação das mulheres com este perfil de escolaridade na argumentação racional, comunicação ou expressão de sentimentos, durante uma situação de discórdia dentro da relação", explica a docente da ESEnfC.

Quanto ao desemprego, os resultados do estudo mostraram que «é mais provável a ocorrência de agressão psicológica durante a gravidez quando o parceiro está numa situação de desemprego ou, de abuso físico sem sequelas e coerção sexual, quando ambos estão desempregados». Associação idêntica surge "quando há história de abuso ou violência familiar anterior, existindo maior probabilidade de ocorrência de todas as formas de VPI durante a gravidez".

Estudos insuficientes para compreender dimensão do problema

De acordo com o levantamento efetuado por Rosa Moreira, "foi encontrada associação entre a VPI e alguns comportamentos de risco comprometedores da saúde materna e fetal, como o hábito de fumar e o consumo de álcool durante a gravidez". Neste parâmetro, verificou-se "uma prevalência maior de comportamentos de VPI entre as mulheres que assumiram hábitos tabágicos e consumiram bebidas alcoólicas durante a gravidez, comparativamente com as que não tiveram esses hábitos de consumo, em todas as dimensões estudadas".

Rosa Moreira observa que os estudos desenvolvidos em Portugal sobre este tema "ainda são insuficientes para que se compreenda a dimensão do problema». E que «o atraso na sistematização de recolha de dados tem condicionado o acesso a indicadores específicos relativos à VPI durante a gravidez e seus fatores associados".

"Só desde 2015 o Programa Nacional para a Vigilância da Gravidez de Baixo Risco forneceu orientações específicas para o rastreio da violência doméstica durante as consultas pré-natais. Foi preciso formar os profissionais, preparar os sistemas de registo e notificação dos casos, assim como adequar as respostas em cuidados de saúde. Até ao momento não se conhecem indicadores disponíveis no país sobre esta matéria", conclui a investigadora.

Na maioria dos casos o diagnóstico é tardio
São tumores raros, de difícil diagnóstico uma vez que facilmente se confundem com outras entidades c

Os tumores neuroendócrinos (NET) são neoplasias derivadas das células enterocromafins, distribuídas difusamente pelo organismo, e por isso podem ter origem em diversos locais (tabela 1).

São tumores raros (embora a sua incidência tenha vindo a aumentar), de difícil diagnóstico, sendo frequentemente confundidos com outras entidades clínicas

(como por exemplo: síndrome do cólon irritável, úlcera péptica, distúrbio de ansiedade, asma, …). É por isso, que os NET têm como símbolo internacional a zebra.

De acordo com as estatísticas internacionais, um diagnóstico correto de NET pode levar em média 5 a 7 anos. Se os NET forem detetados no início do seu desenvolvimento, muitas vezes podem ser curados através da cirurgia. No entanto, em cerca de 60 a 70% dos casos o diagnóstico é tardio e o tratamento não é curativo, embora, muitas vezes, os sintomas possam ser controlados por vários anos.

Atualmente, os NET são classificados de várias maneiras, conforme a origem, a expressão hormonal e o grau histológico.

Em relação à sua origem os NET mais comuns são os do sistema gastrointestinal, sendo o intestino delgado o local mais frequente, seguido do reto, cólon, estômago, pâncreas e apêndice. Ainda em relação à localização, também podem ser classificados de acordo com o tecido de origem embrionária (tabela 1).

Devido à sua origem nas células neuroendócrinas, os NET têm a particularidade de poder secretar hormonas bioativas ‐ NET funcionantes‐ levando a uma clínica específica e que pode muitas vezes sugerir a localização do tumor primitivo. Como exemplo temos a produção de:

  • Serotonina, responsável por um dos sintomas mais característicos síndrome carcinoide, que produz diarreia, rubor facial e eventualmente palpitações e falta de ar ou tosse),
  • Gastrina, que aumenta a acidez gástrica pelo estômago, provocando úlceras pépticas; Insulina, que reduz os níveis de glicose no sangue;
  • Glucagon, que provoca hiperglicemia;
  • Catecolamina, ligada a hipertensão;
  • Peptídeos intestinos vasoativos (VIP), que causam diarreia;
  • Somatostatina, que inibe quase todos os hormonas do intestino, diminuindo o peristaltismo e prejudicando a absorção de nutrientes.
  • Entre muitas outras hormonas…

Os NET não funcionantes são tumores que apesar de poderem produzir hormonas não causam sintomas pois estas são biologicamente inativas. Estes crescem lentamente, atingindo grandes dimensões na altura do diagnóstico e a sintomatologia deve‐se fundamentalmente ao efeito de massa.

Em termos histológicos, os NET de grau 1 tem crescimento mais lento, menor proliferação celular e melhor prognóstico; os de grau 2, são mais heterogéneos clinicamente e de maior proliferação; e os carcinomas neuroendócrinos, pouco diferenciados (grau 3), são caracterizados por um alto índice de proliferação e comportamento mais agressivo.

Quando suspeitar de um NET?

Alguns dados permitem‐nos colocar a hipótese dos tumores neuroendócrinos do tubo digestivo (os TNE mais frequentes) com algum grau de suspeição:

  • Diarreia crónica, principalmente noturna, principalmente se associada a hipocaliémia (baixa de potássio);
  • Flushing não associado a hipersudorese;
  • Insuficiência tricúspide sem causa aparente;
  • Hipoglicémia em jejum em doente sem diabetes;
  • Diabetes ligeira a moderada de início recente em individuo sem fatores de risco;
  • Úlcera péptica recorrente;
  • Litíase biliar em doente com massa pancreática;

entre outros..

Dada a heterogeneidade em termos de localização e diversidade na sua forma de apresentação, o diagnóstico clínico dos tumores neuroendócrinos é complexo e deve ser abordado por uma equipa multidisciplinar que inclua a Oncologia, a Endocrinologia, a Gasteroenterologia, a Pneumologia, a Cirurgia, a Medicina Nuclear, a Imagiologia, Anatomia Patológica, a Medicina Interna e eventualmente a Urologia.

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Investigação
Investigadores das universidades de Coimbra e da norte-americana Carnegie Mellon desenvolveram um método de produção de...

“Uma equipa de investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e da Universidade de Carnegie Mellon (CMU) em Pittsburgh encontrou um método para produzir tatuagens eletrónicas através de impressão a tinta (inkjet)”, anunciou hoje aquela faculdade.

O novo método “simplifica a produção e diminui radicalmente o custo destes dispositivos com implicações tão vastas como a monitorização contínua da saúde do utilizador ou o controle tátil do painel do automóvel”, afirma a FCTUC, numa nota enviada hoje à agência Lusa.

Mahmoud Tavakoli, gestor científico do projeto e diretor do Laboratório de ‘Soft and Printed Microelectronic’ do ISR, revela que foi encontrada uma forma simples e ‘low cost’ de imprimir circuitos condutores flexíveis com uma impressora 2D (duas dimensões), pois “estas tatuagens podem ser facilmente impressas e transferidas para qualquer superfície”.

“Projeta-se o circuito no computador e depois de dez minutos temos o nosso circuito impresso”, afirma, citado pela FCTUC, o investigador, salientando que “a maior vantagem de produzir em 2D é o baixo custo do equipamento e poder produzir-se em grandes quantidades”.

Até agora, “as alternativas existentes para produzir este tipo de circuitos ultrafinos exigiam uma mão-de-obra intensiva, custos de produção elevados e eram exclusivamente fabricadas em salas laboratoriais especializadas, ‘clean-room’, projetadas para manter níveis extremamente baixos de partículas, como poeira ou organismos transportados pelo ar”, relata a FCTUC.

Estas tatuagens são ultrafinas e facilmente transferidas com água para a pele ou roupa, da mesma forma que se aplica uma tatuagem temporária com a utilização de uma esponja húmida, acrescenta.

“Ao serem colocadas sobre a pele, [as tatuagens] permitem uma monitorização contínua da saúde do utilizador e controlam fatores como atividade muscular, respiração, temperatura corporal, batimentos cardíacos, atividade cerebral ou até emoções”, explicita a FCTUC.

Estas tatuagens já provaram também, de acordo com Mahmoud Tavakoli, ser eficazes na monitorização da atividade muscular.

Embora a impressão de circuitos com uma impressora 2D não seja novidade, até agora estes circuitos perdiam condutividade quando esticados.

“É a primeira vez que existe um método para imprimir circuitos que se podem esticar com uma tradicional impressora ‘inkjet’, à temperatura ambiente. Ao contrário dos outros métodos, este elimina a necessidade de curar a tinta nas temperaturas altas, sendo assim compatível com vários tipos de plástico, o que nos permitiu criar circuitos ultrafinos, a que chamamos ‘tatuagens eletrónicas’. Estes circuitos são compostos por nanopartículas de prata revestidas com metal líquido e podem ser esticados até ao dobro do seu tamanho sem perder a condutividade”.

Ainda segundo Mahmoud Tavakoli, o objetivo é tornar possível “inserir estas tatuagens dentro da pele e do corpo humano. Por exemplo, para pessoas com lesões na medula espinal que não conseguem andar, criar uma forma de conseguir aplicar estas tatuagens na medula de forma a estimulá-la e reativar os nervos para que funcionem outra vez”.

Fora do âmbito da saúde, estes circuitos eletrónicos podem ser utilizados em qualquer superfície 3D, como, por exemplo, o painel de controlo de automóveis, de forma permitir um controlo ativado pelo toque das várias funcionalidades do carro.

A descoberta deste método teve como resultado “várias aplicações inovadoras na área de circuitos impressos que foram patenteados em 2017 e publicados nas revistas Advanced Materials e ACS applied materials and interfaces, em 2018”, conclui a FCTUC.

Mais frequente em idosos e crianças
Com a aproximação do inverno e das baixas temperaturas, regista-se um aumento do número de casos de

A pneumonia é uma infeção do tecido pulmonar, mais precisamente o parênquima pulmonar, que prejudica a realização de trocas gasosas ao nível dos alvéolos e dos bronquíolos respiratórios, provocando dificuldade respiratória.

Esta doença é desenvolvida, na maior parte dos casos, através da inalação de bactérias e outros microrganismos presentes na faringe e na cavidade oral. Mais raramente, pode também desenvolver-se pelo contacto com outros doentes, através da transmissão de partículas ou gotículas infetadas, bem como em contexto hospitalar, onde existe uma multiplicidade de microrganismos, uma parte deles resistente a antibióticos.

Mais frequente em idosos e crianças, a pneumonia atinge outros grupos de risco, tais como doentes crónicos (com doença pulmonar obstrutiva crónica, diabetes, infeção VIH, insuficiência renal, imunodepressão, etc.), fumadores, alcoólicos e toxicodependentes.

Os seus sintomas mais frequentes são a dificuldade respiratória ou falta de ar, dor na zona torácica, febre (na maioria dos casos elevada), calafrios, tosse com possibilidade de expetoração e dor de cabeça e nos músculos. Normalmente, estas complicações surgem de forma rápida, com possibilidade de se manifestarem ao mesmo tempo.

É aqui que importa realizar um diagnóstico atempado, dado que os todos os sintomas referidos são comuns a outras doenças do sistema respiratório. Exceto em casos de grande gravidade, o doente deve começar por se dirigir aos Cuidados de Saúde Primários, onde os médicos estão em condições de decidir se é possível iniciar tratamento apenas com base nos sintomas e no exame físico ou se é necessário realizar análises e uma radiografia torácica, o que em geral obriga a deslocação ao hospital.

No que respeita ao tratamento da pneumonia, este centra-se na administração de antibióticos e no controlo dos sintomas, além de medidas gerais como repouso, alimentação adequada e correta ingestão de líquidos. Dependendo da gravidade do estado do doente, decide-se se este será tratado em regime de ambulatório ou se será internado.

Mesmo com o registo maioritário de casos tratados em regime ambulatório, a pneumonia continua a ser uma das principais causas de internamento hospitalar no nosso país. Isto acontece devido à gravidade do quadro clínico ou por via da fragilidade dos doentes, que muitas vezes veem as suas doenças crónicas descompensadas.

A pneumonia pode e deve ser prevenida através da adoção de um estilo de vida saudável (que inclua alimentação saudável, prática de exercício físico, cessação tabágica e redução do consumo de álcool) e, muito importante, através da vacinação, que inclui a administração da vacina pneumocócica e da vacina da gripe. No meio hospitalar, o respeito pelas regras de controlo de infeção é essencial (higienização das mãos, uso de equipamento de proteção, respeito pelas sinalizações presentes nas enfermarias).

Existe ainda muita resistência por parte da população portuguesa à vacinação sazonal contra a gripe. É por isso crucial trabalhar no sentido de consciencializar, principalmente os grupos de risco, para esta doença, potencialmente fatal, e para a importância da vacinação. Só este ano, o Serviço Nacional de Saúde tem 1.4 milhões de doses de vacinas para administrar, para além das vacinas que podem ser adquiridas nas farmácias com prescrição médica.

Adotar os comportamentos preventivos referidos anteriormente é já um grande passo na redução do número de casos de pneumonia, algo em que a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna quer continuar a apostar, seja na promoção de iniciativas dirigidas à população, seja na constante formação de internistas e outros profissionais de saúde.

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Injeção de neurotoxina
Uma mulher de 52 anos morreu hoje em Hong Kong devido ao excesso de tratamento de botox numa clínica de estética, o terceiro...

Segundo a polícia local, a mulher terá recebido mais de dez injeções de botox, tendo sido transferida já em estado crítico para o Queen Elizabeth Hospital, onde foi confirmada a sua morte.

O caso está agora a ser investigado pelas entidades especializadas.

A toxina botulínica, mais conhecida como Botox, que em doses elevadas pode causar paralisia muscular progressiva, dificuldades respiratórias e até a morte, é uma neurotoxina utilizada como tratamento para algumas doenças neurológicas e como produto cosmético para eliminar as rugas faciais.

Este é o terceiro caso em menos de um mês: em novembro, uma mulher de 41 anos ficou doente na China depois de ter feito um tratamento com Botox.

No mesmo mês, uma jovem de 24 anos foi internada no Queen Elizabeth Hospital após receber uma injeção de neurotoxina, que causou náuseas, tonturas e falta de ar, de acordo com os media da China.

 

Iniciativa
Eletrodomésticos, pilhas ou lâmpadas usados podem ser trocados pela realização de sonhos de crianças e de jovens com doenças...

A campanha, desenvolvida pela Eco-Partner e Amb3E – Associação Portuguesa de Gestão de Resíduos, gestora da rede Electrão e que teve início em outubro, visa apoiar projetos solidários da associação “Terra dos Sonhos”, que tenta concretizar sonhos de crianças e jovens com doenças crónicas, institucionalizados e idosos.

Em declarações à agência Lusa Madalena D’Orey, da Terra dos Sonhos, explicou que cada tonelada de resíduos, entregues à rede Eco-Partner e Electrão, vão permitir que particulares, empresas públicas e privadas contribuam para a associação.

“Esta campanha vai depois ajudar a instituição a realizar os sonhos das crianças do IPO, hospitais e de casas de acolhimento”, disse.

Para marcar o arranque da campanha solidária, vão, segundo a Eco-Partner e Amb3E, ser doados seis mil euros para concretizar cinco sonhos de jovens e crianças.

As empresas interessadas em participar na campanha têm de enviar um ‘e-mail’ para [email protected] para que depois seja feita a entrega gratuita de meios de acondicionamento/caixas por correio postal, sendo os aparelhos mais volumosos recolhidos sem custos.

De acordo com as empresas organizadoras, nestes ecopontos podem ser deixados equipamentos elétricos (computadores, tablets, impressoras/fotocopiadoras, telemóveis, ferramentas elétricas, candeeiros, aparelhos de ar condicionados, entre outros que necessitem de corrente elétrica para funcionar), lâmpadas tubulares e diversas e pilhas e acumuladores exceto as dos automóveis

“Sempre que os contentores/espaço de acondicionamento dos resíduos ultrapassar os 75% da capacidade, deve ser solicitada a recolha para o ‘e-mail’”, que serão posteriormente recolhidos, quantificados e consolidados e encaminhados para reciclagem.

Esta empresa contabiliza as quantidades recolhidas em cada local e transmite a informação ao Electrão para atribuição da bonificação à Terra dos Sonhos.

O objetivo da iniciativa, segundo os organizadores, é chegar às 100 toneladas até outubro do próximo ano.

A "Terra dos Sonhos" é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), sem fins lucrativos, fundada a 01 de junho de 2007, que tem como missão transformar em realidade sonhos quase impossíveis de crianças e jovens doentes ou institucionalizados e idosos.

 

Cogumelos são imunorreguladores
A aplicação da micoterapia no tratamento e prevenção de doenças do foro oncológico esteve em debate no XXº Encontro Micológico...

A micoterapia é uma ciência alternativa, utilizada para ajudar a combater ou prevenir diversas doenças, como cancro, com recurso a variadas espécies de cogumelos medicinais.

Para a médica hematologista Adriana Teixeira, uma das participantes no debate, os cancros, na sua maioria, são provocados por alterações ao meio ambiente, enquanto 10 a 15% da taxa de incidência da doença devem-se a alterações genéticas.

"Para evitar o aparecimento do cancro é preciso ter uma boa alimentação, não fumar ou não estar em contactos com radiações e outros fatores externos. No que respeita a uma boa alimentação, é importante a introdução de cogumelos na nossa dieta já que se trata de uma ótima proteína, já que estes fungos são imunorreguladores", disse a antiga diretora dos serviços de hematologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra.

Por outro lado, a especialista defendeu que os cogumelos, quer em pó ou naturais, devem ser consumidos na fase de tratamento do cancro para ajudar a diminuir os efeitos secundários da quimioterapia ou radioterapia e estimular o sistema imunológico, que fica mais frágil com esses tratamentos.

"Os cogumelos, quando ingeridos em pó, ou seja, de uma forma muito concentrada, têm grandes efeitos para melhorar a ação do nosso corpo na sua luta contra o cancro", vincou.

Os presentes no debate não duvidam que a micoterapia vai ter grandes desenvolvimentos em Portugal, nos próximos anos, na luta contra o cancro e na prevenção da doença, como já acontece em outros países.

Margarida Rocha, fisioterapeuta com pós-graduação em oncologia e também doente oncológica, avançou que há no planeta cerca de 1,5 milhões de fungos identificados e que mais de um milhar tem propriedades medicinais, adiantando que cerca de 20 estão a ser amplamente utilizados na medicina.

"Deparei-me há três anos com um problema oncológico, fiz todo o tipo de tratamento e senti no corpo os efeitos secundários da quimioterapia, radioterapia, imunoterapia a que fui submetida, o que deixou o meu sistema imunitário debilitado. Após vários estudos e muito pensar no meu futuro, virei-me para a micoterapia como complemento ao tratamento da minha doença para assim ter qualidades de vida", explicou.

A jovem fisioterapeuta garantiu à Lusa que faz micoterapia há cerca de um ano e que as melhorias são notárias e substanciais, não só do ponto de vista físico, mas igualmente, emocional.

"A micoterapia, no meu caso, e não só, tem ajudado a travar o processo de proliferações de células malignas, que poderão estar na corrente sanguínea, mesmo após o tratamento”, frisou Margarida Rocha.

Por seu lado, Pedro Ferreira, pai de uma criança de 07 anos com doença oncológica, explicou que percebeu que os tratamentos feitos ao seu filho não eram suficientes e que era preciso mais alguma coisa para complementar a terapia convencional que estava a ser aplicada.

"Após o tratamento convencional, o meu filho começou a fazer um tratamento natural à base de cogumelos e seus derivados, acompanhado por especialistas de uma equipa multidisciplinar da clínica Hifas da Terras, em Espanha, e que deu resultados fabulosos", observou.

A Associação Micológica "A Pantorra", com sede em Mogadouro, há 20 anos que contribui para a identificação e catalogação das mais variadas espécies de cogumelos.

Balanço
As Termas de Portugal têm registado nos últimos anos uma tendência de crescimento do número de clientes, sobretudo entre...

Após um período de declínio, entre 2010 e 2014, desde o início de 2015 que se tem verificado um aumento do número de clientes que procuram os programas de saúde e bem-estar, de acordo com o secretário-geral da Associação das Termas de Portugal, João Pinto Barbosa.

Embora não haja indicadores de taxas de ocupação, avançou o representante, o número total de tratamentos terapêuticos em 2017 foi de cerca de 1.300.000 nos 41 estabelecimentos termais que estão em funcionamento no país (no continente), além das Termas de Ferraria, nos Açores.

No total, nas termas da Associação das Termas de Portugal (ATP), realizaram-se cerca de 420.000 dias de tratamentos e 90.000 dias de práticas de bem-estar termal.

Dos tratamentos, as patologias mais tratadas foram as relacionadas com as doenças reumáticas e músculo-esqueléticas (50%), seguidas das patologias das vias respiratórias, com 30% da procura.

Neste último caso, segundo os dados fornecidos à Lusa, cresceu o número de crianças e jovens que procuraram nos tratamentos termais a solução terapêutica para diversos tipos de alergias respiratórias, nomeadamente rinite, sinusite e asma, entre outras.

De acordo com João Pinto Barbosa, no ano passado a associação registou uma faturação de 13 milhões de euros em consultas, tratamentos termais e práticas de bem-estar, mais 0,5% do que em 2016.

Estes números refletem apenas a atividade nos balneários termais e não incluem o restante leque de serviços turísticos das termas, como hotelaria, restauração, outros serviços turísticos e dermocosmética, explicou o responsável.

“Na globalidade, estimamos que o volume de negócios das Termas ATP em 2017 foi de 22 milhões de euros”, referiu João Pinto Barbosa.

Quanto à caracterização dos utilizadores destes espaços, ao nível de termalismo terapêutico, são “maioritariamente seniores, com idade superior a 65 anos”, mas o segmento que regista maior aumento da procura é o das crianças e dos jovens.

Já em relação aos clientes de programas de bem-estar, são maioritariamente mais jovens, no escalão 45-55 anos, sendo que 90% dos clientes de termas são portugueses.

As termas empregam cerca de 2.000 pessoas, estimando o secretário-geral da ATP que o emprego indireto e induzido seja bastante superior.

Ordem
A Ordem dos Enfermeiros denunciou hoje a existência de profissionais contratados no Hospital de Cascais para trabalhar 60 horas...

Estas situações são apresentadas num relatório de uma visita realizada em agosto ao Hospital de Cascais, a que a agência Lusa teve acesso, e que a Ordem dos Enfermeiros remeteu para a ministra da Saúde, Marta Temido, no final do mês passado.

Segundo o documento, o Hospital de Cascais “tem enfermeiros contratados em regime de prestação de serviço, a recibos verdes, com contratualização de 250 horas mensais de trabalho (62,5 horas/semana)”.

Para a Ordem, esta carga horária semanal “configura um gravíssimo risco na segurança dos cuidados prestados e também na qualidade”.

No documento enviado à ministra, a bastonária Ana Rita Cavaco refere que o Hospital de Cascais, embora sendo uma parceria público-privada, devia aplicar as 35 horas semanais definidas para todo o Serviço Nacional de Saúde: “Não o fazer gera uma situação de profunda desigualdade entre instituições”.

No relatório, a Ordem denuncia ainda que há serviços no Hospital de Cascais com apenas um enfermeiro a assegurar um turno, como a pediatria ou a ginecologia, no horário noturno, entre as 20:00 e as 8:30.

“A situação é absolutamente inadmissível”, escreve a Ordem, sublinhando que isso pode comprometer a vida dos doentes e a prestação de cuidados de enfermagem.

O Hospital de Cascais estará ainda, segundo a Ordem dos Enfermeiros, a cometer uma ilegalidade ao “dispensar” enfermeiros de turnos avisando-os na véspera, alegando que “há poucos doentes internados”.

“Este tipo de gestão, que já agora é ilegal, faz com que alguns enfermeiros fiquem a dever horas ao serviço. Em alternativa acontece também serem mobilizados, durante o turno em curso, para outros serviços, que nem conhecem”, indica o documento.

Outra das situações que em Cascais preocupa a Ordem prende-se com a constituição da equipa de emergência médica intra-hospitalar, que integra um enfermeiro da unidade de cuidados intensivos.

Contudo, esse profissional continua a ter doentes atribuídos durante aquele turno, o que faz com que o enfermeiro seja “forçado” a deixar os doentes dos cuidados intensivos quando a emergência intra-hospitalar é ativada. Deste modo, a unidade de cuidados intensivos fica com número insuficiente de enfermeiros.

A bastonária dos Enfermeiros frisa à ministra da Saúde que “a falta de contratação de enfermeiros” para as “já desfalcadas equipas” deixa os serviços “incapazes de garantir a segurança das pessoas e dos próprios profissionais de saúde”.

Ana Rita Cavaco defende que os serviços e as chefias de enfermagem devem “propor o encerramento de áreas funcionais” quando não há enfermeiros em número suficiente, sendo esta uma medida para a segurança das pessoas que procuram o SNS.

Contactado pela Lusa, o Hospital de Cascais não rebateu, numa declaração enviada por escrito, as situações denunciadas no relatório da Ordem dos Enfermeiros, referindo que a unidade “rege-se pelas melhores práticas laborais e cumpre todas as normas em vigor” que regulam a prática profissional dos enfermeiros.

“A segurança dos doentes e a qualidade dos cuidados prestados é uma prioridade para o Hospital de Cascais. Assim, determinadas as necessidades, os horários e turnos são ajustados de acordo com a disponibilidade dos profissionais de saúde e de forma a garantir a prestação de cuidados e a multidisciplinaridade das equipas”, afirma ainda a nota escrita.

Demências
O Complexo de Neurointervenção da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), o primeiro da Península Ibérica, vai ser inaugurado em 08 de...

Em declarações à agência Lusa, o presidente da CVP, Francisco George, justificou a escolha de Gaia, no distrito do Porto, para receber o equipamento de auxílio a pessoas com demência por "estar no centro do Norte" e por a Cruz Vermelha estar muito envolvida "em apoiar as delegações fora de Lisboa".

"A zona Norte tem uma densidade populacional muito elevada e carece deste tipo de equipamentos", acrescentou o responsável, referindo que a inauguração naquela data, Dia Internacional da Mulher, é uma forma de "homenagear todas as mulheres envolvidas".

Em conferência de imprensa, o responsável da CVP informou tratar-se de "uma estrutura de saúde única na Península Ibérica", assentando em "quatro grandes eixos de ação, prevenção, intervenção, formação e investigação".

"Em Portugal há 300 mil pessoas com 85 anos ou mais", revelou Francisco George enfatizando que "40% delas têm uma demência".

O complexo, que está em fase final de acabamento, vai estar "preparado para receber 60 pessoas".

Assim que abrir portas, o complexo "dará emprego a 42 colaboradores, mas após a sua consolidação, no verão, serão 70 os funcionários", assegurou o presidente da CVP.

Além de uma unidade residencial, o projeto prevê apoio domiciliário especializado e terá uma casa-modelo "adaptada às necessidades da pessoa com demência", permitindo-lhe "readquirir hábitos diferentes perante as limitações identificadas".

Destacando a importância das parcerias com as fundações Champalimaud e Rainha Sofia, esta de Espanha, o antigo diretor-geral da Saúde explicou que o complexo agora anunciado ficará no edifício que serviu de escritórios do engenheiro Edgar Cardoso e que agora cedido à CVP pelas Infraestruturas de Portugal.

As pessoas ou famílias que pretendam beneficiar do Complexo de Neurointervenção podem desde já efetuar candidaturas.

Santa Casa da Misericórdia
O edifício do antigo hospital de Vila Franca de Xira vai ser convertido numa Unidade de Cuidados Continuados (UCC), um projeto...

Esta infraestrutura, situada no centro da cidade de Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa, pertence à Misericórdia local e está ao abandono desde 2013, tendo sido, desde então, alvo de vários atos de vandalismo, segundo disse à agência Lusa o provedor da instituição, Armando de Carvalho.

“O edifício atingiu nestes últimos cinco anos um estado preocupante de degradação. Houve muitos assaltos e chegámos a apanhar pessoas a roubar materiais e fios de cobre”, contou Armando de Carvalho.

O provedor explicou que a Misericórdia de Vila Franca de Xira tem um projeto para requalificar o imóvel, que outrora albergou o hospital Reynaldo dos Santos, para o converter numa UCC, estando o projeto “dependente de um empréstimo bancário de 5,5 milhões de euros”.

Esse empréstimo insere-se no âmbito do Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbanas (IFRRU), um programa comunitário de apoio Portugal 2020 que disponibiliza empréstimos em condições mais favoráveis, adiantou.

Além da reabilitação do edifício, o projeto prevê, igualmente, a instalação de 140 camas destinadas a pessoas com doenças crónicas ou em fase de recuperação.

“Será um projeto fundamental para o concelho de Vila Franca e para a revitalização da cidade, tornando-a mais atrativa”, apontou.

No mesmo sentido, o presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita (PS), manifestou “total disponibilidade” para apoiar este investimento, reconhecendo a sua “enorme importância”.

“É um projeto importante para a cidade, mas também para colmatar uma necessidade no âmbito do concelho, mas também da Área Metropolitana de Lisboa, criando condições para que, tecnicamente, possamos apoiar patologias muitas graves do foro das demências”, sublinhou.

A Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca de Xira ainda não tem uma estimativa de quando é que poderá iniciar a obra, sabendo-se, apenas, que a duração prevista dos trabalhos é de dois anos.

Especialistas
A sociedade tende a reprimir as emoções espontâneas, e são os homens que menos as exprimem após incêndios e outras catástrofes,...

A psiquiatra Ana Araújo, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), disse que geralmente “os homens não são tocados pelas questões psicoemocionais” nos primeiros meses após a tragédia.

Ana Araújo intervinha numa mesa-redonda sobre os incêndios em Portugal, dando testemunho sobre o trabalho da Equipa de Saúde Mental Comunitária de Leiria Norte, que acompanha há mais de um ano vítimas e familiares do fogo que deflagrou em Pedrógão Grande, em 17 de junho 2017, em que morreram 64 pessoas.

“Não esquecemos de forma nenhuma estes momentos do impacto da catástrofe”, afirmou, no final do nono Encontro Nacional da Associação Nacional de Internos de Psiquiatria da Infância e da Adolescência (ANIPIA), subordinado ao tema “Pedopsiquiatria de catástrofe”, que decorreu durante dois dias no auditório do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC).

Também a psicóloga do CHUC Graça Areias, que participou na mesma mesa redonda, disse à agência Lusa que, de um modo geral, as vítimas do sexo masculino têm um comportamento diferente do das mulheres na sequência das catástrofes.

Graça Areias tem vindo a acompanhar feridos, sobretudo queimados, e seus familiares, na sequência dos incêndios de Pedrógão Grande, que alastrou a diversos concelhos vizinhos, e do que deflagrou mais tarde, em 15 de outubro de 2017, na zona da Lousã, e que se propagou a outros municípios da região Centro, causando a morte de 50 pessoas.

A psicóloga deu o exemplo de um homem tratado no CHUC durante vários meses, devido a queimaduras que sofreu em 17 de junho, que “estava ansiosíssimo para ir para casa, para poder chorar” sem os constrangimentos do internamento hospitalar.

Nestas situações, a maioria dos homens “não expressa as emoções”, mas, por razões culturais, esta é uma tendência da generalidade das pessoas.

“A sociedade reprime as emoções espontâneas”, sublinhou a psicóloga, numa sessão moderada por Rita Gonçalves, da direção da ANIPIA, em que também interveio o pedopsiquiatra José Garrido, do CHUC.

Um segundo homem que sofreu ferimentos graves, no incêndio de junho do ano passado, “chorava a sério ao falar das cabrinhas que perdeu e que eram a sua companhia”, contou à Lusa Graça Areias.

O secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, que encerrou os trabalhos, defendeu que as crianças “devem ser alvo de especial atenção para que compreendam estes fenómenos e não sejam afetadas” pelas suas consequências.

José Artur Neves lembrou, por outro lado, que o Governo, em resposta ao incêndio de Monchique, em agosto, criou o Núcleo de Coordenação do Apoio Psicológico e Social de Emergência, na dependência da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).

Em 2017, considerado “um ano de exceção”, no âmbito da resposta psicossocial a ANPC realizou 888 intervenções, das quais 682 de apoio a bombeiros, 154 a elementos de comando dos corpos de bombeiros e 52 a civis.

“Em 2018, o valor atual é de 240 intervenções”, sendo 147 a bombeiros, 74 a elementos de comando e 19 a civis, adiantou o secretário de Estado da Proteção Civil.

Vacinação trava internamentos
Segundo um estudo recente, o simples ato de vacinação pode reduzir o risco de hospitalização por Pneumonia em 73%. Sem dúvida,...

São registados casos de Pneumonia ao longo de todo o ano mas é nesta época do ano que se registam o maior número de ocorrências. A vacinação antipneumocócica é segura e a forma mais eficaz de se proteger e prevenir a Pneumonia.

Apesar de ser transversal à sociedade, há quem esteja mais vulnerável à Pneumonia. É o caso das crianças ou adultos que apresentem doenças crónicas como diabetes, asma, DPOC, doença respiratória crónica, doença cardíaca, doença hepática crónica, portadores de VIH e doentes renais. Por fazerem parte dos grupos de risco, têm indicação da DGS para se vacinarem.

Indivíduos a partir dos 65 anos, cujo sistema imunitário começa a ficar, naturalmente, mais fragilizado e suscetível a doenças infeciosas, também têm indicação médica para o fazer.

Apesar disso, as taxas de vacinação antipneumocócica são muito baixas – 9 em cada 10 adultos com mais de 50 anos revelou recentemente não estar vacinado contra a Pneumonia. Isto apesar de existir, desde 2015, uma Norma da Direção Geral da Saúde (011/2015) que recomenda a vacinação de grupos de adultos com risco acrescido de contrair doença invasiva pneumocócica.

Vacinação trava internamentos

A efetividade da vacinação contra a Pneumonia bacteriana pelo pneumococo ficou provada num estudo recente onde se registou uma redução de 73% dos internamentos de adultos com mais de 65 anos, imunizados com a vacina antipneumocócica.

“A vacinação deve ser uma preocupação ao longo da vida, em particular depois dos 65 anos, e em casos de maior fragilidade, como acontece com os doentes crónicos. Estudos como este reforçam o nosso apelo” explica Isabel Saraiva, fundadora do MOVA – Movimento Doentes pela Vacinação. “A redução das taxas de internamento diminuirá, naturalmente, o número de mortes associadas à Pneumonia”, acrescenta.

Também os custos ligados ao internamento – cerca de 218 mil euros diários – tenderão a diminuir significativamente.

DGS
A Direção-geral da Saúde considera que o estudo da OCDE divulgado esta semana sobre infeções resistentes a antibióticos não...

Num comunicado hoje divulgado, a Direção-geral da Saúde (DGS) argumenta que o estudo foi realizado com dados anteriores a 2015, o que, no caso português, torna penalizadora uma extrapolação ou tendência futura, porque “não reflete a realidade atual do país” nem os resultados do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e Resistências a Antimicrobianos que teve em 2014 o seu primeiro ano completo de atividade.

Segundo um estudo da OCDE divulgado na quarta-feira, mais de 40 mil pessoas podem morrer em Portugal na sequência de infeções por bactérias resistentes a antibióticos até 2050, estimando-se que por ano morram acima de 1.100 portugueses. Portugal exibe dos mais altos resultados de mortalidade no conjunto de mais de 30 países analisados, com 11,3 por 100 mil habitantes, apenas ultrapassada por Itália, com 18,2 e pela Grécia, com 14,8.

A diretora do Programa de Prevenção e Infeções e Resistência a Antimicrobianos considera, no comunicado da DGS, que Portugal se encontra “a desenvolver os maiores esforços” nesta área e que entre 2014 e 2017 houve uma “redução estatisticamente significativa das resistências” a antimicrobianos. Dentro de dez dias, a DGS irá divulgar os dados relativos a 2017, que continuam a mostrar a mesma tendência.

A autoridade de saúde recorda que a taxa de infeções associadas a cuidados de saúde em hospitais de agudos é de 7,8%, enquanto nos cuidados continuados é de 4%.

 

 

Tema em avaliação
A secretária de Estado da Saúde, Raquel Duarte, garantiu hoje que a criação da carreira de dentista no Serviço Nacional de...

“Há um grande empenho na manutenção da saúde oral da população no contexto do SNS que não está de todo esquecido, mas sim em análise”, afirmou hoje a governante, na abertura oficial do 27.º Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas, em Matosinhos, distrito do Porto.

Dizendo não ser “alheia” à expectativa destes profissionais de saúde, Raquel Duarte vincou que o Ministério da Saúde, que sofreu remodelações, mantém a “firme convicção” de que é fundamental valorizá-los.

Além dessa questão, a nova secretária de Estado avançou que o projeto de integração da medicina dentária no SNS, alargando o número de centros de saúde com cuidados de saúde oral é “para continuar e aumentar”.

A colocação de dentistas nos cuidados de saúde primários iniciou-se com o atual Governo, primeiro através de projetos-piloto que foram sendo progressivamente alargados.

“Queremos alargar o número de centros de saúde com médicos dentistas de forma a podermos ter uma cobertura em todo o país”, explicou.

Antes da intervenção da secretária de Estado, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, insistiu na “necessidade” de se avançar com a criação de uma carreira para os dentistas no SNS, lembrando que o processo já foi aprovado pelo Ministério da Saúde, mas aguarda há quase um ano pelas Finanças.

“É fundamental e necessário, a bem da qualidade, criar-se uma carreira de medicina dentária, dado tratar-se de uma profissão específica”, reforçou.

Há muito que a Ordem reclama um “estatuto adequado” para estes profissionais, consagrado através de uma carreira.

O congresso, que começou na quinta-feira e termina no sábado, tem em cima da mesa, além de questões socioprofissionais, temas como a implantologia, endodontia ou periodontologia.

Em simultâneo com o congresso decorre a Expodentária, a maior feira de saúde oral da Península Ibérica que, nesta edição, conta com a presença de 139 expositores, distribuídos por 507 ‘stands’.

Infarmed
A regulamentação da lei do uso da canábis para fins medicinais, desde o cultivo até à dispensa dos medicamentos em farmácia,...

“Até ao final do ano, teremos a lei necessária em Portugal para regular, desde o cultivo até à dispensa, os medicamentos à base de canábis”, disse Maria do Céu Machado aos jornalistas, à margem da Primeira Conferência Portuguesa sobre Canábis Medicinal – Lisbon Medical Cannabis, promovida pela Cannativa – Associação de Estudos sobre Canábis, que decorre hoje e no sábado em Lisboa.

Na conferência, a presidente da autoridade nacional do medicamento afirmou que a legislação “está muito perto de chegar ao fim”.

Para garantir a "todos os portugueses" que os medicamentos à base de canábis têm “qualidade, eficácia e segurança”, o Infarmed está a desenvolver legislação para “a regulação de todo o circuito da canábis desde o cultivo até à dispensa que será em farmácias”.

Maria do Céu Machado explicou que o Infarmed apresentou, como previsto, a proposta de legislação ao Ministério da Saúde em setembro, tendo sido pedidos pareceres às organizações públicas e privadas que têm responsabilidades em Portugal sobre a proposta legislativa.

Os pareceres foram pedidos à Ordem dos Médicos, à Ordem dos Farmacêuticos, à Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), aos distribuidores e à Associação Nacional de Farmácias (ANF), tendo alguns já apresentado os seus contributos, que já foram integrados na proposta, adiantou.

"Neste momento estamos à espera que todos respondam, nomeadamente a Ordem dos Médicos, para conseguir a formulação final do diploma", disse Maria do Céu Machado.

Sobre os benefícios dos medicamentos à base desta planta, afirmou que, "como médica e pediatra", tem "a convicção de que em situações clínicas específicas a canábis pode ser uma ajuda para os doentes, para as crianças e para os adultos".

"Como presidente do Infarmed reafirmo que a regulamentação sairá tão depressa quanto possível, mas penso que até ao final do ano vamos resolver o problema dos doentes e das famílias".

A utilização de medicamentos, preparações e substâncias à base de canábis foi aprovada pelo parlamento a 15 de junho na votação final global de um texto da comissão parlamentar de saúde, originado por projetos de lei do Bloco de Esquerda e do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), e promulgada pelo Presidente da República a 10 de julho.

Segundo o texto, terá de ser um médico a prescrever medicamentos ou preparações à base desta planta, em que são consideradas substâncias que vão desde os óleos até à flor desidratada, mas só se outras terapêuticas convencionais tiverem efeitos adversos ou indesejados.

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