Estudo

Quem reside em zonas atrativas a peões desloca-se mais a pé

Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto concluíram que 20,2% das pessoas que residem em “zonas atrativas à deslocação” em seis municípios da Área Metropolitana do Porto vão a pé para o trabalho, revelou a responsável.

“Queríamos perceber qual a relação entre o grau de caminhabilidade e as pessoas que optavam por se deslocar a pé em detrimento de outros meios de transporte”, contou Ana Isabel Ribeiro, investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), responsável pelo estudo.

O estudo, recentemente publicado na revista Journal Environmental Research and Public Health, surgiu no âmbito de uma linha de investigação desenvolvida pelo ISPUP referente ao “impacto do desenho urbano na prática de atividades físicas”.

De acordo com Ana Isabel Ribeiro, os investigadores recorreram a informação contida nos Censos de 2011, referente ao meio de deslocação usado no dia-a-dia pelos 1,1 milhões de residentes dos municípios de Vila Nova de Gaia, Maia, Porto, Gondomar, Matosinhos e Valongo e cruzaram-na com os dados recolhidos por um indicador, designado de "índice de pedonalidade".

“O indicador, construído com base nos nossos sistemas de localização geográfica, permitiu-nos fazer um levantamento de todos os equipamentos existentes nas áreas dos municípios, como lojas, mercados e serviços”, explicou.

Assim, através do cruzamento das duas variáveis - grau de caminhabilidade e a proporção de pessoas que se deslocavam a pé - os investigadores concluíram que “existe uma diferença de quase o dobro” na deslocação dos que residem em “zonas mais amigas” dos seis municípios da Área Metropolitana do Porto.

“Concluímos que as pessoas que residiam em lugares mais amigos da deslocação terrestre se deslocavam, de facto, mais a pé, correspondendo a 20,2%. Contrariamente, dos que residiam em zonas menos caminháveis, com ruas menos interligadas e poucos equipamentos, só 10,7% é que se deslocava a pé no percurso do dia-a-dia”, frisou.

Segundo a investigadora, o estudo passa assim “a mensagem” de que o “transporte ativo [andar a pé] é uma forma fácil, barata e segura de as pessoas incorporarem atividade física no seu dia-a-dia”.

“Se conseguirmos que as pessoas, pelo menos nestas atividades que são quase que obrigatórias, se desloquem a pé, estamos, automaticamente, a melhorar o valor da atividade física”, salientou.

Ana Isabel Ribeiro acredita também que os resultados obtidos com este estudo podem ajudar “quem está na área de planeamento urbano”, uma vez que sustentam a ideia de que é “importante melhorar a estrutura da rede urbana e tornar as ruas mais interligadas”.

“Isto para além de ter um impacto significativo na prática de atividade física, pode também ter impacto na melhoria da sustentabilidade urbana ou até na economia, pois há quem diga que aumentar a caminhabilidade urbana dinamiza os negócios locais”, acrescentou.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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