Ordem dos Psicólogos Portugueses lança documento
Consciente da forma como a Guerra perturba a Saúde Psicológica e o Bem-estar das pessoas, a Ordem do

O documento lembra que todos reagimos de forma diferente a acontecimentos perturbadores e que cada um de nós tem capacidades e formas diferentes de lidar com emoções e sentimentos desagradáveis.

“É natural que ainda nos sintamos “em choque”” ou que “nos sintamos preocupados, ansiosos, stressados, assustados, angustiados, tristes, com medo. E irritados, zangados, impotentes. Também podemos sentir dificuldade em concentrarmo-nos, em tomar decisões ou em dormir”. Natural também é que “tenhamos receios e dúvidas acerca do futuro (Quanto tempo vai durar a Guerra? O que vai acontecer? Que consequências terá?).

Como podemos lidar com o que estamos a sentir?

  • Aceitar as nossas emoções e sentimentos. É totalmente natural sentirmos muitas emoções e sentimentos diferentes. É perfeitamente razoável chorar, se sentirmos vontade de o fazer (muitas vezes, até nos sentimos mais aliviados depois). Também é natural que o nosso humor e motivação possam flutuar.
  • Utilizar estratégias de gestão da ansiedade e do stresse. A sensação de “já não aguentarmos mais” é um “estado da nossa mente”. Podemos usar a ansiedade a nosso favor e combater os sentimentos negativos e desagradáveis que ela nos traz. Podemos experimentar algumas formas de gerir a ansiedade.
  • Limitar a nossa exposição a notícias. Não conseguimos controlar o que se está a passar na Ucrânia, por isso não ajuda estarmos constantemente a monitorizar todos os detalhes do que está a acontecer, correndo o risco de nos sentirmos sobrecarregados e desesperados com toda a informação disponível. Pesquisar sistematicamente sobre este tema, pode aumentar a ansiedade e o medo.
  • Falar com familiares e amigos. Como diz o provérbio: “um problema partilhado, é metade do problema”. Não somos os únicos preocupados com a Guerra. Partilhar aquilo que sentimos pode diminuir o nosso stresse, fazer-nos sentir apoiados e validados no que sentimos e pensamos, aumentar o nosso sentimento de confiança e a nossa energia. Falar ajuda.
  • Manter uma rotina. As nossas rotinas podem ajudar-nos a aumentar os nossos sentimentos de segurança e previsibilidade em tempos de incerteza.
  • Realizar atividades de lazer. Ir dar uma corrida, falar ao telefone com um amigo/a, saborear a nossa refeição preferida, olhar pela janela e observar a paisagem… O mundo continua a ser um lugar cheio de beleza e coisas positivas, das quais podemos e devemos usufruir. Pode saber mais sobre a importância das atividades de lazer.
  • Alimentar a esperança. A Guerra não traz apenas destruição, também provoca comportamentos pró-sociais, maior envolvimento e participação cívica, mais gratidão pelo que temos, compaixão e solidariedade, mais defesa da liberdade e da dignidade, maior respeito pela diversidade e pelos direitos humanos. Maior perceção da forma como todos estamos conectados e do modo como nos relacionamos uns com os outros, da importância da vida e do sentido que lhe atribuímos.
  • Apoiar e contribuir. Um sentimento de esperança e propósito surge quando nos mobilizamos, enquanto comunidade, para ajudar e contribuir para o bem-comum. Procurar uma forma de apoiar (através de donativos de bens ou voluntariado, doação de sangue ou mobilização das pessoas da comunidade, por exemplo) ajuda-nos a nós e aos outros, pode contribuir para atribuir um propósito ao que estamos a passar e pela mobilização que nos possibilita, aumentando a nossa perceção de controlo sobre a situação que vivemos.
  • Procurar ajuda. Se os nossos pensamentos e sentimentos estão a interferir significativamente com a nossa capacidade de funcionar no dia-a-dia, a afetar o nosso sono ou a dominar a nossa vida, devemos procurar ajuda. Mas também podemos procurar ajuda se acharmos uma boa ideia falar com um profissional que nos ajude a regular os nossos pensamentos e sentimentos. Podemos consultar informações sobre como Procurar Ajuda e como um Psicólogo ou Psicóloga nos podem ajudar. Pedir ajuda nunca é um sinal de fraqueza, mas sim de coragem e responsabilidade. Podemos ainda aceder ao www.encontreumasaida.pt ou, em situação de crise, ligar para o Serviço de Aconselhamento Psicológico da Linha SNS24.

 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
UNITE deixa o alerta devido à guerra na Ucrânia
Os membros do comité executivo desta organização mundial, que tem como objetivo o combate contra as doenças infeciosas, alertam...

Na declaração, os parlamentares pedem aos seus pares para “promoverem uma agenda que incentive a doação de medicamentos e recursos médicos” cuja escassez “ameaça a vida de milhares de pessoas”, em particular ao oxigénio e às reservas de sangue.

Para o Presidente Ricardo Baptista Leite, a possível destruição da rede de saneamento e as crescentes dificuldades no acesso à água potável irão levar “ao aumento do risco de doenças infeciosas que poderão ameaçar milhões de ucranianos”. No que toca aos restantes cuidados de saúde, o Presidente da UNITE admite que é “essencial manter os programas de vacinação de crianças, bem como os cuidados de saúde materno-infantis” sob pena de “vermos novos surtos de doenças infeciosas” num país que já por si “tem das menores taxas de vacinação da europa” numa alusão aos diferentes surtos de sarampo e outras doenças que são preocupantes no país do leste da Europa.

A UNITE, organização que junta mais de 200 parlamentares em cerca de 80 países, mostra-se também “extremamente preocupada” com a possibilidade de pessoas que vivem com VIH/SIDA e outras condições “ficarem sem acesso a medicamentos que garantem o controlo destas doenças”.

Por último, os membros do comité-executivo deixam ainda um apelo para que se garantam as condições para acolher “todos aqueles que fogem da guerra na Ucrânia”, assegurando que os sistemas de saúde estão preparados para responder a todos os que precisem de respostas de saúde.

 

Reunião junta especialistas no tratamento da dor
“Canabinoides na dor crónica – mitos, factos e opções terapêuticas” foi o tema da reunião online, que juntou especialistas no...

“Os canabinoides são mais uma opção terapêutica para a dor crónica, nos casos de insucesso de outras terapêuticas. Cabe aos médicos, independentemente da especialidade, pesquisar sobre o assunto e apostar na sua formação de forma a oferecer aos doentes novas opções”, conclui Hugo Cordeiro, membro do Grupo de Estudos de Dor da APMGF e moderador da iniciativa, mencionado “fazer todo o sentido discutir este assunto entre profissionais de saúde”. “Com certeza, faremos mais formações nesta área.”

O webinar contou com a intervenção de Artur Aguiar, médico especialista no tratamento de dor no IPO-Porto, que falou do sistema endocanabinoide; da evidência clínica; e dos canabinoides, abordando o seu lado teórico e a realidade da sua utilização. Foram também expostos dois casos clínicos, por Artur Aguiar e por Raul Marques Pereira, responsável pela Consulta de Dor da USF Lethes, em Ponte de Lima.

Artur Aguiar começou a sua apresentação explicando que “a canábis é uma planta única na natureza, que possui muitos componentes químicos, sendo que uma grande parte se relaciona com o organismo humano do ponto de vista terapêutico”. De acordo com o orador, esta informação é conhecida há muitos anos, tendo o canabidiol (CBD) sido o primeiro componente a ser conhecido e estudado. Mais tarde, foi isolado o tetrahidrocanabinol (THC), tendo-se tornado na substância mais investigada em ensaios clínicos.

“A comunidade científica dedicou-se a estudar a razão pela qual estes constituintes são capazes de produzir efeitos terapêuticos e medicinais no corpo humano e chegou à conclusão de que temos recetores e transmissores canabinoides no nosso organismo – o denominado sistema endocabinoide - capazes de interagir com as substâncias da planta”, afirmou Artur Aguiar.

E explicou que este sistema tem um papel importante de regulação de um alargado leque de processos fisiológicos: apetite, metabolismo, humor, função motora, função gastrointestinal, função cardiovascular, resposta ao stress, resposta imunitária e inflamatória, função endócrina e do sistema reprodutor, desenvolvimento embrionário, neurotransmissão e dor.

“Os canabinoides atuam em múltiplos níveis no que respeita à transmissão da dor, tendo um efeito notável não apenas em termos de escala de intensidade, mas também da sua perceção; da qualidade de vida do doente; e da gestão emocional da própria dor. É neste aspeto que a canábis tem um efeito diferenciador”, salientou.

E afirmou: “A evidência clínica já existente diz-nos que a terapêutica com canabinoides tem aos poucos mostrado o potencial de reduzir a comedicação com outros medicamentos, como os antidepressivos.”

O orador lembrou ainda que, em Portugal, atualmente, há uma flor seca aprovada e à venda nas farmácias, que tem como substância ativa o THC. Está recomendada para adultos com mais de 25 anos de idade e indicada para casos em que os tratamentos convencionais não sejam eficazes ou provoquem efeitos adversos. A administração desta flor seca é feita por via inalatória, com vaporizador.

As seis indicações aprovadas no nosso país para tratamento com esta substância são, de acordo com Artur Aguiar, a dor crónica associada a doença oncológica ou ao sistema nervoso; náuseas e vómitos resultantes de quimioterapia, radioterapia combinada de VIH e medicação para hepatite C; estimulação do apetite nos cuidados paliativos de doentes sujeitos a tratamentos oncológicos ou com sida; espasticidade associada à esclerose múltipla ou a lesões medulares; síndrome de Gilles de la Tourette; e glaucoma resistente à terapêutica.

De seguida, a exposição dos casos clínicos, por Artur Aguiar e Raul Marques Pereira, deu lugar a uma profícua e muito participativa discussão com os médicos assistentes.

Respondendo às questões dos colegas que colocaram as suas dúvidas sobre esta substância, modos de atuação, vantagens e desvantagens, Raul Marques Pereira mostrou considerar que “os canabinoides são, sem dúvida, uma nova classe de fármacos e que tem de ser tidos em conta pelos médicos, para tratamento da dor que não responde aos fármacos utilizados habitualmente”.

Depois da discussão entre oradores e participantes, ficou no ar a promessa de mais reuniões sobre o tema canabinoides e a dor crónica. “É importante continuarmos a transmitir o estado da arte da utilização de canabinoides na dor, assim como o seu uso prático em Cuidados de Saúde Primários, nomeadamente no que respeita às indicações e aos doentes que mais podem beneficiar”, termina Raul Marques Pereira.

3 milhões de euros
Bayer criou um Fundo de Auxílio a Catástrofes de 3 milhões de euros para reforço das medidas de emergência em resposta à...

O fundo também inclui a resposta humanitária inicial da empresa, divulgada apenas um dia após os primeiros ataques, em que disponibilizou 300.000 euros para ajuda imediata à Cruz Vermelha Alemã e de organizações locais.

Além disso, a pedido do Ministério da Saúde ucraniano, a Bayer divulgou um primeiro carregamento de antibióticos e materiais médicos esterilizados no dia 1 de março. Apesar da situação muito desafiante, os produtos chegaram à Ucrânia, onde vão apoiar a ajuda médica de até 27.000 doentes.

Os colaboradores da Bayer expressaram a sua solidariedade e juntaram-se a uma campanha de doação que visa apoiar as medidas implementadas pela Cruz Vermelha Alemã. Em apenas 6 dias, foram doados mais de 600.000 euros. A Bayer irá, também, igualar todas as doações para aumentar o apoio. Além disso, foi criada uma plataforma onde os colaboradores podem oferecer abrigo temporário aos seus pares provenientes da Ucrânia e às suas famílias. Estão, também, a ser organizadas campanhas de voluntariado local em alinhamento com algumas organizações do país.

Após os desenvolvimentos dos últimos dias e a invasão da Ucrânia, a situação continua a desenvolver-se dinamicamente. A Bayer está chocada com o ataque à liberdade e à democracia, que poderá resultar numa ameaça à paz e à segurança europeia e mundial.

Neste momento tão difícil, os nossos pensamentos e solidariedade estão com o povo ucraniano. A segurança dos nossos empregados é agora a nossa principal prioridade. Estamos também a fazer tudo o que podemos para garantir ainda mais o fornecimento dos nossos produtos à população civil – incluindo medicamentos e produtos agrícolas vitais para salvaguardar o abastecimento alimentar. Afirma Werner Baumann, CEO e Presidente do Conselho de Administração da Bayer.

A empresa está em estreita sintonia com as autoridades locais e as organizações internacionais de ajuda humanitária para analisar a situação volátil no terreno e decidir sobre medidas adicionais de apoio e doações de produtos como parte do fundo de auxílio a catástrofes.

 

Dia Internacional de Consciencialização sobre o HPV
As doenças associadas ao papilomavírus humano (HPV) mantêm-se um importante problema de saúde públic

“Assinalar o Dia Internacional de Consciencialização sobre o HPV é uma oportunidade para alertar a população e recordar o caminho de investigação, de melhoria dos cuidados e sensibilização percorridos nos últimos 35 anos, mas também para chamar a atenção para o que ainda há a fazer”, refere a especialista, que é também professora da Escola de Medicina da Universidade do Minho. 

A médica explica que existem mais de 200 tipos diferentes de HPV, alguns dos quais com potencial cancerígeno. Estima-se que cerca de 75 a 80% das pessoas sexualmente ativas terá um episódio de infeção por HPV durante a vida. “A infeção por HPV pode associar-se a doenças benignas, mas potencialmente recidivantes e indutoras de má qualidade de vida e ansiedade, tais como verrugas da orofaringe e condilomas anogenitais, bem como a patologia maligna”, acrescenta a ginecologista Cristina Nogueira-Silva. 

O HPV é um carcinogéneo humano, sendo reconhecido como estando na origem de cerca de 5% de todos os cancros (mais do que o tabaco): quase todos (99,7%) os casos de cancro do colo do útero, 70% dos cancros da vagina e 40% da vulva, 47% dos cancros do pénis, 90% dos cancros anais, até 72% dos cancros da orofaringe e 10% dos cancros da laringe. 

De acordo com a especialista, “o desenvolvimento de vacinas profiláticas recombinantes contra o HPV revelou-se uma estratégia de prevenção primária eficaz, custo-efetiva e segura, com múltiplos estudos a demonstrarem taxas de seroconversão de 97 a 100% da população vacinada e um claro impacto na redução da carga de doença associada ao HPV”. Sublinha ainda que a vacina nonavalente “apresenta potencial para prevenir 89% dos cancros associados ao HPV e 82% das lesões pré-cancerosas” do colo do útero, vulva, vagina e ânus.  

“Apesar destes resultados, as doenças associadas ao HPV mantêm-se um importante problema de saúde pública que não pode ser deixado para segundo plano. O HPV é, também, responsável por 284 mil a 540 mil novas lesões pré-cancerosas anogenitais por ano. Em Portugal, anualmente, estima-se que 865 mulheres sejam diagnosticadas com cancro do colo do útero e 379 morram, sendo o terceiro cancro mais frequente nas mulheres entre os 15 e os 44 anos”, frisa. 

E o que torna o colo do útero tão suscetível à infeção por HPV?  

Cristina Nogueira-Silva explica que o colo do útero é composto por uma área recetiva à infeção, denominada zona de transformação, na qual as células se mantêm em diferenciação. “O papilomavírus humano infeta as células desta área do colo do útero, às quais acede através de microtraumatismos, nomeadamente durante o ato sexual. A infeção persistente por HPV de tipos denominados de alto risco desempenha um papel crucial na transformação maligna”, esclarece. No entanto, salienta que “o processo de desenvolvimento de doença maligna é lento, o que proporciona oportunidade de intervenção”. Por esta razão “é que é tão importante que as mulheres procurem o seu médico e realizem o rastreio do cancro do colo do útero, que consiste na colheita de células do colo do útero, para pesquisa da presença de HPV e/ou detetar alterações dessas células (o vulgo Papanicolau).

Esperar para ver como evolui ou intervir? 

Segundo a médica, diferentes sociedades científicas como a American Society of Colposcopy and Cervical Pathology e a Sociedade Portuguesa de Ginecologia, defendem que, perante alterações dos testes de rastreio, pode haver uma abordagem clínica expectante (vigilância) ou terapêutica, dependendo do grau de risco de a infeção se tornar maligna.  

Na sua opinião, a abordagem expectante deve, de facto, ser recomendada em muitos dos casos clínicos. Contudo, reconhece pela sua experiência clínica que o diagnóstico de uma alteração de um teste de rastreio do cancro do colo do útero associa-se a elevados níveis de ansiedade por parte das mulheres, o que, por vezes, dificulta a aceitação da chamada estratégia “wait and see”, ou seja, esperar para ver como evolui. Por isso, admite que estratégias de intervenção terapêutica, como produtos de aplicação vaginal, podem ser utilizados como forma de estimular a natural regeneração dos tecidos e, ao mesmo tempo diminuir os níveis de ansiedade. 

“Nos últimos anos, foram desenvolvidos produtos de aplicação vaginal, baseados em betaglucano, aprovados para o tratamento e prevenção de lesões cervicais de baixo grau causadas pelo HPV. Os estudos científicos demonstram que o betaglucano além de ativar o sistema imune, promove a epitelização e estimula a regeneração cervical”, sublinha. Dá como exemplo um estudo que envolveu cerca de mil mulheres em que uma formulação em spray de gel vaginal de carboximetil-betaglucano e policarbófilo demonstrou a regressão de 95,7% de lesões de baixo grau aos 6 e 12 meses, ou seja uma regressão 1,3 vezes superior à abordagem expectante. 

Em resumo, a especialista afirma que a decisão de uma abordagem de vigilância ou de intervenção deve ser analisada caso a caso, ou seja, em função do risco individual de malignização, da evolução da doença e dos níveis de ansiedade da mulher quando confrontada com uma alteração de um teste de rastreio de cancro do colo do útero. 

 

Referências bibliográficas: 

1.https://www.spp.pt/UserFiles/file/Comissao_de_Vacinas/Vacina_Contra_HPV_2010.pdf 

2.https://www.hpv.pt/cancro-do-colo-do-utero/ 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Podcast "Cancro sem Temor"
O IPO do Porto lança hoje o 7º e último episódio do podcast “Cancro sem Temor”, com o tema “Falar no fim”. O cancro é cada vez...

Sandra Santos (filha de doente seguida no Serviço de Cuidados Paliativos do IPO Porto), Paula Silva (Diretora do Serviço de Cuidados Paliativos do IPO Porto) e Susana Moutinho (Psicóloga do IPO Porto) são os intervenientes deste episódio, onde partilham as suas experiências e a importância de falar sem tabus sobre a morte. A necessidade de apoio da rede de cuidados continuados e a importância do apoio e da comunicação com o doente e a família nesta fase.

“Cancro sem Temor” é um projeto inédito do IPO do Porto, dirigido a toda a população, com o objetivo de realçar a importância de aprender a viver com o diagnóstico de cancro e desmistificar conceitos e ideias sobre esta vivência. Através de diferentes testemunhos e perspetivas, procura-se simplificar e retirar a carga negativa, o medo associado à doença, clarificando diferentes aspetos, para ajudar a lidar melhor com ela. Olhar para a doença de diferentes perspetivas, psicológico, emocional, farmacológico, médico e social. O impacto do diagnóstico no indivíduo e no seu mundo.

O podcast, que conta com o apoio da Novartis, está disponível no canal Youtube do IPO do Porto e nas plataformas de podcast (Spotify e Apple Podcasts).

 

Em Vila do Conde
A propósito do Dia Mundial da Obesidade, que se assinala a 4 de março, o Grupo Trofa Saúde inaugura o novo centro de tratamento...

O Grupo Trofa Saúde trata, atualmente, cerca de uma centena de pessoas com obesidade por ano. Com a inauguração do novo centro, o objetivo passa por tratar mais e melhor. Para o fazer, a equipa é multidisciplinar, composta por psicólogos, nutricionistas, internistas, cirurgiões e gastrenterologistas. As vantagens do tratamento da obesidade vão muito para além da redução do peso em si e focam-se em grande medida nas melhorias metabólicas.

“O tratamento da obesidade no grupo Trofa Saúde já existe há alguns anos e neste momento estamos a estruturar a atividade de forma a que haja uma centralização dos serviços, com forte aposta na qualidade e segurança para os doentes. A oferta não passa apenas pela cirurgia em si, é preciso dar acompanhamento em todas as fases do tratamento”, explica Gil Faria, cirurgião geral do Grupo Trofa Saúde.

“As pessoas que já foram intervencionadas passarão a ser acompanhadas neste novo centro por esta equipa mais integrada e multidisciplinar. Haverá uma reorganização de espaços e horários e estamos também prontos e empenhados em receber novos doentes na consulta de obesidade e metabolismo”, explica o cirurgião.

A obesidade é uma doença crónica, complexa e multifatorial, sendo a doença isolada com maior prevalência a nível mundial. Estima-se que afete mais de 1.500 milhões de pessoas, tendo a sua incidência triplicado nos últimos 30 anos.

Em 2019, de acordo com um Inquérito Nacional de Saúde, 16,9% da população adulta portuguesa tinha obesidade e cerca de 60% tinha excesso de peso (obesidade e pré-obesidade).  A prevalência da obesidade na população adulta em Portugal, de acordo com os dados da OCDE, é de 28,7%, o que coloca Portugal como o terceiro país europeu com maior prevalência de obesidade. Além disso, o confinamento social contribuiu para que 26,4% dos portugueses tenham aumentado de peso.

Qual a relação?
No Dia Mundial da Obesidade é essencial relembrar a associação desta epidemia dos nossos dias aos pr

Além disso, a obesidade é o principal fator de risco para um dos distúrbios do sono mais prevalentes - a Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). Nas pessoas obesas existe a deposição de tecido adiposo na região abdominal e cervical, comprometendo a permeabilidade da via aérea superior. Durante a noite com o relaxamento dos músculos desta zona, as pessoas obesas têm maior risco de colapso da via aérea, originando o ressonar e as paragens respiratórias que caracterizam a apneia do sono. Esta doença afeta 9 a 24% da população adulta. Cerca de 60 a 90% dos adultos com apneia do sono têm excesso de peso. Mesmo um aumento de 10% do peso, aumenta 6 vezes o risco de apneia do sono. A apneia do sono também ocorre em idade pediátrica (2%) e, sobretudo, na adolescência está associada ao excesso de peso e à obesidade crescente nestas faixas etárias.

Como problema adicional, frequentemente os obesos têm outras comorbilidades, como a hipertensão arterial, diabetes, arritmia ou história de enfarte do miocárdio. A ocorrência simultânea de apneia do sono causa inadequada oxigenação do sangue e vai aumentar, ainda mais, o risco a nível cardiovascular, cerebrovascular e metabólico.

Os principais sintomas que alertam para o risco de apneia do sono são: ressonar, paragens respiratórias testemunhadas, despertares noturnos, necessidade de urinar várias vezes ao longo da noite, sensação de acordar cansado e com sono não reparador e sonolência diurna excessiva, com risco de adormecer em situações mais monótonas. Esta sonolência diurna pode ainda reduzir a atividade física dos doentes, o que é particularmente relevante nos obesos, doentes que habitualmente já sentem maiores níveis de desconforto e dispneia para o esforço físico, limitando a sua atividade e contribuindo para o sedentarismo e aumento do peso, mas também para o isolamento social e diminuição da qualidade de vida. Além dos riscos para a saúde física já descritos, a apneia do sono aumenta a irritabilidade e o humor depressivo, com consequências importantes no bem-estar e saúde mental.

Por fim, a obesidade com a acumulação de tecido adiposo no tórax causa um aumento do esforço de respirar, como que “aprisionando” os pulmões. Quando isto acontece pode ocorrer a Síndrome de Hipoventilação da Obesidade, que causa alterações nos níveis de oxigenação no sangue dos doentes e leva à acumulação de um gás tóxico (o dióxido de carbono). Cerca de metade das pessoas com índice de massa corporal superior a 50 têm esta doença. Entre os sintomas mais frequentes estão o cansaço diurno, a sonolência e a dor de cabeça ao acordar. Cerca de 90% destes doentes têm também apneia do sono. Quando não tratada pode ser uma causa de insuficiência cardíaca e aumentar significativamente o risco de morte.

O tratamento da SAOS, tal como muitas outras doenças, começa por alterações do estilo de vida e, na maioria das pessoas com SAOS, isso inclui a aproximação ao peso ideal. A perda de peso está associada a menor propensão ao colapso da via respiratória superior, seja pela redução de perímetro cervical (redução gordura na região do pescoço), seja pelo aumento dos volumes pulmonares (redução gordura abdominal).

A perda de peso reduz muitos dos sintomas relacionados com SAOS como a sonolência diurna e a irritabilidade, com uma melhoria global na saúde cardiovascular e metabólica e melhoria da qualidade de vida. A perda de peso permite não apenas um melhor controlo das doenças cardiovasculares e metabólicas associadas, como uma perda de 10-15% de peso diminui em 50% a gravidade da apneia do sono. Estudos mostraram que com a normalização do peso até 60% dos doentes com SAOS podem deixar de precisar de tratamento dirigido. Assim, os benefícios da perda ponderal parecem ser independentes da técnica usada, mas proporcionais ao peso perdido.

Paralelamente à perda de peso, muitos doentes obesos com SAOS podem ter indicação para tratamento com dispositivos de pressão positiva na via aérea (CPAP), ventiladores para usar enquanto dormem. Além da melhoria significativa da sonolência nestes doentes, o tratamento da SAOS poderá facilitar ainda a perda de peso ao melhorar a qualidade de sono e as alterações hormonais (diminuindo a grelina e aumentando a leptina). Adicionalmente, o benefício do tratamento com CPAP está bem estabelecido no que respeita a redução do risco de arritmias, redução e melhoria no controlo da tensão arterial e redução global do risco cardio e cerebrovascular (nomeadamente de AVCs).

No Dia Mundial da Obesidade relembramos a importância do controlo do peso também para evitar doenças respiratórias do sono que aumentam o risco para a saúde e a mortalidade, além de terem impacto no bem-estar físico e mental.

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Dados finais da época gripal de 2021/2022
Os dados do relatório final do Vacinómetro® 2021/2022 revelam que Portugal ultrapassou a meta de 75% de taxa de vacinação...

O Vacinómetro® é um estudo que analisa a monitorização da vacinação contra a gripe durante a época gripal através de questionários realizados a uma amostra populacional definida para determinados grupos, estabelecidos de acordo com as recomendações da Direcão-Geral da Saúde (DGS).

Esta análise revelou que, da população incluída, terão sido vacinados contra a gripe sazonal desde o início da época 2021/2022 cerca de 88,3% dos indivíduos com 65 ou mais anos de idade (margem de erro (ME) de ±3,1% para um intervalo de confiança (IC) de 95%); 83,4% dos indivíduos portadores de doença crónica (ME de ±3,5% para um IC de 95%); 64,4% dos profissionais de saúde em contacto direto com doentes (ME de ±3,7% para um IC de 95%); 53,3% dos portugueses com idades compreendidas entre os 60 e os 64 anos (ME de ±3,5% para um IC de 95%) e cerca de 60,2% das grávidas (ME de ±3,7% para um IC de 95%).

No que respeita às mulheres grávidas, este grupo tem registado um consistente aumento na cobertura vacinal desde a sua inclusão no regime de disponibilização gratuita da vacina, na época de 2020/2021, quando se passou para uma cobertura vacinal de cerca de 53,6% vindo de uma época de 2019/2020 com uma cobertura de 23,5%. De salientar o crescimento da vacinação no grupo dos 60 aos 64 anos de idade, desde a última fase do estudo (14 a 20 de dezembro de 2021), com um valor que passou de cerca de 38,7% para 53,3%, coincidindo também com a inclusão deste grupo na gratuitidade da vacina a 15 de dezembro de 2021.

Destaca-se que das pessoas com 65 ou mais anos de idade, 8,5% ter-se-ão vacinado pela primeira vez, bem como 25,7% dos 60 aos 64 anos de idade 8,1% dos doentes crónicos e 10,5% dos profissionais de saúde.

“Os dados finais da época gripal 2021/2022 deixam-nos satisfeitos por termos não só cumprido (pelo terceiro ano consecutivo) como ultrapassado largamente a meta da OMS para a cobertura vacinal das pessoas a partir dos 65 anos de idade, garantindo assim a sua proteção contra a gripe e para além da gripe, uma vez que esta infeção aumenta o risco de enfarte agudo do miocárdio e de AVC. Registou-se um aumento da vacinação nas pessoas com doença crónica, que são um grupo de risco para infeções virais como a gripe, uma vez que podem ver a sua doença crónica descontrolada ou agudizada. Bem como no grupo dos profissionais de saúde em contacto direto com doentes, algo muito importante desde sempre, mas ainda mais durante a pandemia de Covid-19 que vivemos”, destaca Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF).  

António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), ressalva: “Estes números excelentes, bem como a clara redução do número de hospitalizações por gripe, revelam que compensou o esforço extra da Direção-Geral da Saúde e do Ministério da Saúde para alargar a cobertura vacinal, bem como a coordenação da vacinação conjunta contra a gripe e a Covid-19. Devemos retirar daqui aprendizagens para a próxima época gripal que vai exigir, com certeza, uma cobertura vacinal igual ou superior contra a gripe, uma vez que nas últimas duas épocas o registo de casos de gripe foi residual devido às medidas implementadas para fazer face à pandemia da Covid-19, o que permite antever uma maior atividade na época 2022/2023”. 

Nos dois grupos de doentes crónicos analisados, 89% das pessoas com diabetes terão sido vacinadas, 5% das quais pela primeira vez (ME de ± 5,9% para um IC de 95% (n=272)), e 84,2% das pessoas com doenças cardiovasculares terão sido vacinadas, 10,7% pela primeira vez (ME de ± 6,0% para um IC de 95% (n=266)). 

No que toca às motivações para a vacinação contra a gripe, da população incluída nas recomendações da Direção-Geral da Saúde, a maioria vacinou-se por recomendação do médico – 66,9% das pessoas com 65 ou mais anos de idade; 65,8% dos doentes crónicos; 43,7% das pessoas entre os 60 e os 64 anos de idade; e 63,7% das grávidas. A segunda motivação mais apontada foi por iniciativa própria, para estar protegido – em 26,5% das pessoas com 65 ou mais anos de idade; 21,7% dos doentes crónicos; 39,6% das pessoas entre os 60 e os 64 anos de idade; 19,8% das grávidas e 11,6% dos profissionais de saúde. No contexto de uma iniciativa laboral foi a razão apontada para a vacinação de 82% dos profissionais de saúde.

A campanha de vacinação deste ano decorreu por ordem decrescente de idades, através de convocatória por SMS para a administração em simultâneo da vacina contra a gripe e contra a COVID-19 ou apenas para a vacina contra a gripe (se não forem elegíveis para COVID-19) (1), o que, aliado a outras iniciativas, poderá ter contribuído para um aumento da cobertura vacinal e prevenção de complicações para além da gripe.

Relação entre patologias é perigosa
No Dia Mundial da Obesidade, que se assinala hoje, a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) apela a um novo...

Em todo o mundo, quase 1 em cada 6 adultos vive com obesidade e os números têm aumentado nas últimas décadas, com a prevalência global da obesidade a triplicar desde 1975. Contudo, esta tendência não se verifica apenas na população adulta e a evidência diz-nos que a obesidade infantil aumentou dez vezes em 4 décadas. Se nada for feito, prevê-se que atinja cerca de 250 milhões de crianças até 2030.

“Um olhar para os números globais da obesidade é suficiente para percebermos que não estamos onde devíamos estar. A obesidade é um problema global que afeta 800 milhões de pessoas em todo o mundo. Este dado é particularmente alarmante quando pensamos que as pessoas com obesidade apresentam um maior risco de desenvolver doenças crónicas, como diabetes, doenças cardiovasculares, cancro e doenças respiratórias”, explica José Manuel Boavida, Presidente da APDP.

É importante também lembrar que 67,6% da população portuguesa tem excesso de peso ou obesidade, sendo que a prevalência de obesidade é de 28,7%. Em 2018, ocorreram 46 269 óbitos por doenças relacionadas com obesidade, o que representa 43% dos óbitos totais ocorridos em Portugal continental naquele ano.

João Filipe Raposo, Diretor Clínico da APDP, defende uma abordagem que contemple a intervenção da comunidade: “Para lidarmos com a obesidade com sucesso, precisamos de conhecer as suas causas mais profundas, implementando um pacote abrangente de políticas de prevenção e de tratamento. O exemplo das Casas da Diabetes, projeto da APDP que fomenta a capacitação e o apoio entre pares para o difícil processo de mudança de hábitos, um programa que mobilize a comunidade e que se dirija às pessoas com maior risco, pode fazer a diferença. O desafio ultrapassa o próprio Sistema de Saúde, necessitando da ação das autarquias e das organizações da sociedade civil. É necessário encorajar a colaboração entre todos estes diferentes sectores da sociedade.”

O Dia Mundial da Obesidade é um dia de ação promovido pela Federação Mundial da Obesidade. Este ano tem como mensagem “Podemos trabalhar todos juntos para garantir vidas mais felizes, mais saudáveis e mais longas para todos”. As causas para a obesidade são complexas e resultam da conjugação de vários fatores que podem estar relacionados com o risco genético, a alimentação, a atividade física, a literacia, o acesso aos cuidados de saúde, os eventos da vida, o marketing, a saúde mental, o sono, a discriminação e o estigma.

Investigação
Um grande consórcio internacional criou o primeiro atlas completo de todas as células da mosca-da-fruta, uma pequena, mas...

Há mais de um século que as moscas-da-fruta desempenham um papel essencial na investigação em biologia, desde que, utilizando estes pequenos insetos, Thomas Hunt Morgan descobriu que os genes residem nos cromossomas, basicamente desvendando o mecanismo de base da hereditariedade. Muitos cientistas seguiram as pegadas de Morgan e vários acabaram por ganhar o prémio Nobel pelas revolucionárias descobertas que fizeram utilizando este pequeno organismo como modelo animal.

Apesar do seu tamanho, as moscas-da-fruta são mais semelhantes aos humanos do que podem à partida parecer. Dos cerca de 14.000 genes do genoma da mosca que codificam proteínas, aproximadamente dois terços têm um equivalente humano. Para além de terem permitido adquirir conhecimentos-chave sobre o funcionamento de mecanismos biológicos em áreas como a genética e a biologia do desenvolvimento, as moscas-da-fruta têm tido um papel vital no desenvolvimento de tratamentos contra o cancro, as doenças imunes ou a diabetes, para citar apenas alguns exemplos.

A revolução da célula como unidade

Desde o aparecimento da tecnologia de genómica de célula única (single-cell), os cientistas tornaram-se capazes de estudar os tecidos biológicos com uma resolução sem precedentes, analisando, em simultâneo, a expressão de todos os genes em milhares de células individuais. Os resultados obtidos a uma escala tão minuciosa como esta podem ajudar a decifrar de que maneira certas células diferem e interagem com as suas vizinhas, e também a perceber a sua origem e função dentro do tecido.

Graças à popularidade inabalável das moscas-da-fruta na investigação biomédica – são pequenas e fáceis de criar –, a análise de célula única rapidamente ganhou força nesta comunidade científica. 

“Vários grupos de investigação em todo do mundo, incluindo o meu próprio laboratório, aplicaram recentemente a técnica de sequenciação de célula única a diversos tecidos da mosca-da-fruta em diversas fases do seu desenvolvimento”, diz Stein Aerts, líder de um grupo do Instituto de Biotecnologia da Flandres (VIB) Lovaina e da Universidade Católica de Lovaina (instituição também conhecida como VIB-KU Leuven), na Bélgica. “O problema é que os dados foram gerados por laboratórios diferentes, utilizando moscas geneticamente diferentes, utilizando protocolos e plataformas de sequenciação diferentes, e isso tem dificultado a comparação sistemática da atividade dos genes entre as diversas células e os diversos tecidos.”

Stein Aerts é um dos fundadores do consórcio Fly Cell Atlas (Atlas das Células da Mosca), cujos primórdios remontam a uma reunião de cientistas que trabalham com moscas-da-fruta, que teve lugar em dezembro de 2017, em Lovaina. Os planos mirabolantes discutidos em torno de algumas cervejas belgas tornaram-se hoje realidade: após quatro anos, inúmeras reuniões e trabalho árduo, o consórcio apresenta agora, na revista Science, o primeiro Atlas completo das Células da Mosca.

Trabalho de equipa, sonhos realizados

“Foi um trabalho titânico”, diz Liqun Luo, da Universidade de Stanford, que co-liderou este esforço com Aerts e mais três líderes da área: Stephen Quake, de Stanford e do Chan Zuckerberg Biohub (CZ Biohub, EUA); Bart Deplancke, da EPFL (Escola Politécnica Fédérale de Lausanne); e Norbert Perrimon, de Harvard. “No total, o consórcio envolveu 158 peritos de 40 laboratórios diferentes, de todo o mundo, e foi apoiado, tanto tecnicamente como financeiramente, pelo CZ Biohub”, acrescenta Luo.

Dois cientistas em início de carreira, cada um a trabalhar em cada lado do Atlântico, geraram os dados e conduziram as análises: Jasper Janssens, estudante de doutoramento que em breve irá obter o seu PhD pelo VIB-KU Leuven; e Hongjie Li, professor auxiliar no Colégio de Medicina Baylor (EUA), que fez uma pós-graduação no laboratório de Luo, em Stanford.

Do lado da Champalimaud, os co-autores do artigo agora publicado na Science são Carlos Ribeiro, investigador principal do laboratório de Comportamento e Metabolismo; Zita Santos, Darshan Dhakan e Ibrahim Tastekin, investigadores pós-doutorados, e Rita Figueiredo, aluna de doutoramento – todos eles membros do laboratório de Ribeiro.

Diz Hongjie Li: “O nosso objectivo era estabelecer um atlas das células da mosca-da-fruta adulta, na sua totalidade – utilizando moscas geneticamente idênticas, o mesmo protocolo de dissociação e a mesma plataforma de sequenciação. Desta maneira, seríamos capazes de obter uma categorização exaustiva de todos os tipos de células, integrando os dados do nosso transcriptoma de célula única com o conhecimento existente sobre a expressão dos genes e dos tipos de células, de forma a comparar sistematicamente a expressão dos genes em todo o organismo e entre machos e fêmeas. Isso também nos permitiria identificar os marcadores específicos dos tipos de células na totalidade do organismo da mosca.”

A equipa aplicou duas estratégias complementares para atingir o seu objectivo, acrescenta Janssens: “Sequenciámos células individuais de tecidos dissecados de forma a identificarmos o tecido de onde provinham, mas também sequenciámos células da cabeça inteira e do corpo inteiro para garantir que tínhamos amostras de todas as células.”

Após a sequenciação de todas as células da mosca, era necessário fazer sentido da enorme quantidade de dados gerados. Uma tarefa impossível de ser levada a cabo por uma única equipa de trabalho. Para ultrapassar este desafio foi criado um consórcio de especialistas capazes de identificar e anotar os diferentes tipos de células. Esta foi uma das importantes contribuições do laboratório de Carlos Ribeiro na Fundação Champalimaud, em particular na anotação dos dados provenientes de células do cérebro, ovários e tecido adiposo da mosca.

O conjunto de dados, designado de Tabula Drosophilae – o nome em latim da mosca-da-fruta é Drosophila melanogaster – contém mais de 580.000 células, que pertencem a mais de 250 tipos celulares distintos.

“Muitos destes tipos de células foram agora caracterizados pela primeira vez, seja porque são células raras, seja porque o perfil da expressão dos genes de muitos tipos de células só pode ser obtido através da sequenciação do ARN de núcleo único, que aliás constitui mais um dos aspectos a destacar do nosso estudo,” acrescenta Janssens. A sequenciação do ARN de núcleo único utiliza núcleos celulares isolados em vez de células inteiras para obter o perfil da expressão dos genes de uma célula.”

Este trabalho permite-nos, pela primeira vez, comparar o transcriptoma, ou seja, o mapa dos genes ativos, entre diferentes células dentro do mesmo organismo e perguntar o que as torna semelhantes e diferentes. O metabolismo celular tem ganho muita atenção recentemente por saber-se poder estar alterado em várias doenças como o cancro ou a diabetes. No entanto, para percebermos o que poderá estar alterado no contexto patológico precisamos perceber melhor estes processos no contexto fisiológico. Algo que este trabalho nos vai agora permitir estudar.”, diz Zita Santos.

Ao serviço da medicina (humana)

“O que é particularmente inspirador”, diz Deplancke, “é a forma como a comunidade da moscada-fruta se uniu, ultrapassando fronteiras biológicas, tecnológicas e computacionais, para gerar este gigantesco conjunto de dados e estudar todos os tipos de células diferentes com grande pormenor, talvez dando origem ao atlas de células mais detalhado de sempre.”

“Temos, portanto, a convicção de que o nosso Atlas das Células da Mosca irá constituir um valioso recurso para a investigação enquanto referência para estudos da função dos genes à escala da célula individual”, diz Perrimon. “Isso será útil para todos os que estudam os processos biológicos na mosca, e também para desenvolver modelos de doenças humanas, ao nível do organismo inteiro, com a resolução de uma célula individual".

Para possibilitar análises adicionais bem como análises costumizadas baseadas em outras ferramentas de célula única, o consórcio disponibilizou, online e gratuitamente, todos os seus dados através de múltiplas plataformas.

“Estou muito feliz por o CZBiohub ter conseguido contribuir para este recurso monumental para a comunidade”, diz Quake. “Ficamos muito entusiasmados ao ver que atlas de células de organismos completos estão a ser concretizados para uma série de organismos importantes e a ser disponibilizados aos cientistas do mundo inteiro.”


Legenda: Sumário do tipo de dados que compõem o Atlas das Células da Mosca, um projeto internacional que disponibiliza à comunidade científica dados de todas as células que compõem a mosca da fruta. Os dados agora disponibilizados permitirão, pela primeira vez, identificar os processos moleculares que distinguem diferentes tecidos e estudar como as mais variadas funções moleculares são reguladas nesses tecidos e em diferentes estados fisiológicos, como por exemplo, durante o desenvolvimento.

Jogo gratuito de realidade aumentada
A Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI) lança hoje, Dia Mundial da Obesidade, a app Heróis da Fruta, um...

O aplicativo, desenvolvido em parceria com os estúdios ONTOP, com financiamento da Novo Nordisk Portugal e com o apoio internacional da Associação Europeia para o Estudo da Obesidade (EASO) e da Coligação Europeia de Pacientes com Obesidade (ECPO), surge para dar continuidade ao propósito da APCOI de contribuir para a prevenção da obesidade infantil.

O jogo Heróis da Fruta é uma “caça ao tesouro” dos tempos modernos, ao estilo Pokémon Go, que incentiva as famílias portuguesas a sair do sofá e caminhar ao ar livre, de telemóvel na mão, à procura dos 500 baús à solta pelas ruas do país, espalhados em múpis e cartazes presentes em mais de 100 municípios portugueses parceiros deste projeto.

Cada baú contém uma saqueta de cartas escondida, que é revelada quando lhe é apontada a câmara do smartphone. Há centenas de cartas para colecionar e segredos para descobrir sobre alimentação saudável, mas também há missões para completar ou até pontos que valem prémios.

Todos os jogadores que ficarem entre os 100 primeiros lugares no ranking nacional de pontuação ganham bilhetes para o cinema. Existem também outros prémios exclusivos para as crianças participantes no projeto escolar como vouchers para parques temáticos, zoológicos ou aquários. Mas para o jogador que ficar em primeiro lugar na app está reservado o prémio mais desejado por todos: a visita dos personagens Heróis da Fruta à sua escola.

Para facilitar a vida a miúdos e graúdos, há um mapa com a localização dos diferentes baús que podem ser encontrados de Norte a Sul e nas ilhas, disponível em: https://www.heroisdafruta.com/p/mapa-do-tesouro.html

Sobre esta app, Mário Silva, Presidente da APCOI, destaca: “Depois do sucesso da iniciativa ‘Heróis da Fruta’ nas escolas, e do recente lançamento da nossa série infantil com o mesmo nome, foi fundamental para a APCOI dar o salto e conseguir montar um projeto diferenciador e capaz de envolver ao mesmo tempo crianças e respetivas famílias numa maior consciencialização da sociedade para a obesidade infantil e, consequentemente, na adoção de hábitos de vida que contribuam para a prevenção desta doença, que afeta atualmente uma em cada três crianças”.

Neste contexto, Nuno Folhadela, CEO da ONTOP, refere que “Brincar e colecionar é inerente a todos nós. Faz-nos sentir felizes. E se o fizermos com amigos ou família ao mesmo tempo que descobrimos deliciosas curiosidades sobre uma alimentação saudável, ainda melhor! Foi essa a missão da ONTOP, ao juntar a nostalgia do colecionismo de cromos com a inovação tecnológica da realidade aumentada. Uma receita cheia de diversão a prometer grandes caminhadas na caça aos tesouros espalhados pelo país.”

Para Helena Novais, Diretora de Public Affairs da Novo Nordisk Portugal, “apoiar esta iniciativa representa a concretização da visão holística que a empresa pretende para a resposta à obesidade infantil. A par da contribuição para a inovação científica nesta área, queremos, em conjunto com a APCOI e outros parceiros, estar na dianteira da prevenção desta doença, apoiando iniciativas vencedoras que atuem ativamente na melhoria da qualidade de vida das crianças e na gradual redução do impacto da obesidade no nosso sistema de saúde”.

A app Hérois da Fruta encontra-se já disponível nas app stores de dispositivos móveis iOS e Android.

Consultas e tratamentos
A Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) disponibiliza os seus serviços de cuidados de saúde especializados na...

O presidente da APDP, José Manuel Boavida, diz que “a escalada do conflito da Ucrânia tem consequências devastadoras para a saúde destas populações. Não há saída da guerra além do cessar fogo imediato, para que possam ser assegurados os tratamentos das pessoas que vivem com doença crónica. A vida humana não é compatível com a guerra”, acrescentando que, em Portugal, “além da pressão política e económica, temos de ter a capacidade para apoiar os refugiados que vão chegando a Portugal. Para que as iniciativas de solidariedade sejam eficazes têm de ser coordenadas e a APDP já confirmou a sua disponibilidade para a receção, orientação e acompanhamento dos refugiados com diabetes.”

Deste modo, os cidadãos refugiados que estejam em Portugal poderão, através dos serviços da APDP, “receber consultas médicas e todos os tratamentos necessários para a compensação da diabetes. Aumentar a acessibilidade aos cuidados de saúde da população refugiada é um ato de cidadania, principalmente numa altura em que são tão necessários. Para acederem aos nossos serviços, basta entrarem em contacto connosco pelo email [email protected]”, garante João Filipe Raposo, Diretor Clínico da APDP.

A situação humanitária na Ucrânia e nos países vizinhos está a piorar aceleradamente e as hostilidades interrompem o acesso aos cuidados de saúde a milhões de pessoas, sujeitas a sofrimento e dificuldades extremas. A Federação Internacional de Diabetes (IDF) , da qual a APDP é membro, está profundamente preocupada com a crise em curso na Ucrânia e está a monitorizar de perto a situação para garantir que o apoio de emergência chegue às pessoas que vivem com diabetes no país e às que foram forçadas a fugir para países vizinhos. De acordo com as últimas estimativas da IDF, mais de 2,3 milhões de adultos vivem com diabetes na Ucrânia e 15.000 crianças e adolescentes são afetados pela diabetes tipo 1.

 

10 de março
A MulherEndo – Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose - vai realizar, no próximo dia 10 de março, um...

A sessão de abertura ficará a cargo de Susana Fonseca, fundadora e atual presidente da MulherEndo. Com a moderação de Fátima Faustino, Vice-Presidente Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), o webinar contará com as presenças de Hélder Ferreira, Presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Minimamente Invasiva, que abordará as perspetivas futuras do diagnóstico e tratamento da endometriose;  a fisioterapeuta Mariana Pereira, que falará dos benefícios da fisioterapia do pavimento pélvico; a nutricionista Ana Parreira, que apresentará o “Impacto da alimentação no controlo da sintomatologia”; e a psicóloga Débora Água-Doce, que falará sobre a importância da autoestima e a saúde mental das doentes que sofrem de endometriose.

A endometriose é uma doença que impacta cada vez mais as mulheres. Por isso, consideramos fundamental promover este género de eventos para que exista uma maior partilha de informação e experiências dentro da temática da endometriose, além do que esperamos que também seja um fórum de discussão, no qual todos os participantes podem fazer comentários e colocar as suas questões, afirma Susana Sousa.

A Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose (MulherEndo) é uma associação sem fins lucrativos, que tem como objetivo principal promover e fomentar o apoio, a reabilitação e/ou recuperação física e psicológica da mulher com endometriose através da informação e colaboração direta.

O evento conta com o apoio científico da SPG e da Gedeon Richter.

A inscrição é obrigatória, aceda AQUI.

 

 

Entrevista
"A obesidade é um problema de saúde pública e as evidências científicas mostram que as consequê

Qual a evolução da incidência da obesidade e diabetes pediátrica em Portugal nos últimos anos e qual a perspetiva de evolução dos próximos?

A obesidade infantil e a diabetes, que está diretamente associada, é um dos principais problemas de saúde das crianças e dos adolescentes. É um problema que em Portugal tem uma dimensão muito preocupante, com taxas de excesso de peso e de obesidade muito próximas do 30%, o que coloca Portugal como um dos países com maior incidência desta doença, que afeta de forma transversal a toda a população infantil do nosso país. Se nada for feito, se mais medidas não forem implementadas, vai-se assistir a um aumento sustentado da incidência desta doença.

Quais os maiores desafios que as famílias dizem enfrentar na adoção de estilos de vida equilibrados?

Esta é uma área em que é difícil obter resultados. Estão por trás condições comportamentais muito enraizadas nas famílias e na comunidade, o que faz com que as mudanças de hábitos sejam difíceis de acontecer. O maior desafio para as famílias é perceber que o excesso de peso é um problema. Corrigir esta perceção não é fácil, uma vez que na infância não existe grande sintomatologia associada à obesidade. A informação deve ser bem enviada às comunidades (familiar e escolar), acompanhada de opções de alimentação saudável e exercício físico apelativas para cada faixa etária.

Há falta de literacia em saúde na população portuguesa?

Há muita falta de informação na família e na comunidade alargada. Este é um desafio multidisciplinar e temos que estar todos envolvidos no combate de este flagelo (excesso de peso e obesidade nas crianças) em termos de saúde pública.

Faz falta uma maior adaptação dos conteúdos e informação de saúde por parte das entidades promotoras ou é mais importante a promoção da literacia na população?

O primeiro enfoque tem que ser informar e sensibilizar as pessoas na importância de fazer face a este sério problema. A partir daí, devem ser criadas, junto dos principais intervenientes, condições e estratégias para promover a saúde. Tudo passa pela perceção do jovem e da família (no caso das crianças) de que o excesso de peso é um problema, e de estarem determinados em encontrar as melhores soluções e estratégias para o resolver. É importante que as pessoas saibam que é possível comer saudável e agradável. Depois, a comunidade no conjunto (escolas, autarquias, associações desportivas) deve encontrar maneiras de ajudar a controlar este problema. As crianças passam grande parte do seu dia nas escolas, muitas vezes tem uma parte das suas refeições neste ambiente, pelo que a comunidade escolar, para além da formação, tem também a responsabilidade de oferecer alimentação saudável e de promover o exercício físico através de atividades adequadas. Por outro lado, as associações devem desenvolver e oferecer práticas de exercício físico que vão ao encontro dos gostos das crianças e dos jovens. Obviamente, também são muito importantes questões legislativas de acesso a alguns produtos.

Qual foi o maior desafio no desenvolvimento do livro? Quanto tempo durou o processo?

O desenvolvimento do livro não foi um grande problema, uma vez que o objetivo estava bem identificado e existia uma alta preocupação por parte dos participantes, pelo que o envolvimento das pessoas no processo foi fácil. Foi desenvolvida uma proposta de intervenção na comunidade, cujo processo demorou aproximadamente dois anos. O foco foram duas áreas: alimentação saudável e exercício físico. O mais difícil foi identificar quais as ferramentas de comunicação que deveriam ser usadas para fazer chegar a informação aos diferentes tipos de público (população infantil, pré-adolescentes e adolescentes). Assim, foi desenvolvido um livro com conteúdos facilmente compreensíveis, muito práticos e que vão permitir a sua utilização no dia a dia. Para os mais novos, foi também concebido um jogo interativo que os desafia nas respostas as questões veiculadas neste livro. Tendo em conta o impacto das redes sociais nos adolescentes, foram desenvolvidos vídeos com dois ‘influencers’, uma atriz de televisão e um jovem atleta de alta competição, que mostram como a alimentação e a prática de exercício físico lhes permitem manter uma ótima performance diária.

É uma obra escrita a pensar na família como um todo ou mais dedicada às crianças ou aos pais?

Aos dois, é indissociável, sem as duas partes envolvidas e determinadas não é possível atingir o objetivo. Esta é a grande dificuldade para ter sucesso no combate à obesidade, conseguir que todos os intervenientes estejam alinhados.

Como é que as famílias e crianças podem ter acesso ao livro?

O livro vai ser distribuído pelas escolas de todo o país através da Missão Continente. Esta parceria foi muito importante porque permitiu a distribuição em grande escala para chegar ao maior número de pessoas. Vai estar também disponível no site da Missão Continente e no site do ICBAS. Existirão também exemplares impressos que serão distribuídos gratuitamente pelas escolas e por outros locais ainda a definir.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
Apesar do controlo que é possível fazer da diabetes, com o passar dos anos, as pessoas com esta doença podem vir a desenvolver...

De acordo com o presente estudo, melhorias na secreção de insulina e no controlo metabólico de doentes com diabetes tipo 1 e redução da prevalência de complicações crónicas da doença foram os efeitos observados a longo prazo após a infusão de células mesenquimais do tecido do cordão umbilical e de células da medula óssea. “Estes resultados representam uma esperança para os doentes com diabetes tipo 1, dado que a terapia celular poderá melhorar a sua qualidade de vida”, afirma a investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, Carla Cardoso, em reação às conclusões deste estudo.

A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, na qual as células do pâncreas produtoras de insulina (células beta-pancreáticas) são progressivamente destruídas por um ataque autoimune (do próprio organismo), devido a um desequilíbrio no sistema imunitário. Em resultado da produção insuficiente de insulina, os níveis de açúcar no sangue (glicemia) tornam-se elevados, exigindo a administração diária de insulina.

“Admite-se que devido às suas propriedades imunomoduladoras, as células estaminais mesenquimais possam ser capazes de abrandar a destruição autoimune das células produtoras de insulina e isso pode ser útil para o controlo da doença. As células estaminais mesenquimais têm a capacidade de regular a atividade do sistema imunitário e de promover a reparação celular, o que as torna potencialmente úteis para o tratamento da diabetes tipo 1”, explica a investigadora.

Os doentes que fizeram parte deste estudo¹ - com idades compreendidas entre os 18 e os 40 anos e historial clínico de diabetes tipo 1 entre 2 a 16 anos - tinham já sido incluídos num ensaio clínico em que um dos grupos recebeu tratamento convencional (grupo controlo) e o outro, além do tratamento convencional, recebeu terapia celular. Um ano após a terapia celular, o tratamento foi considerado seguro, tendo sido associado a melhoria moderada do controlo metabólico nos doentes tratados com recurso a este tratamento experimental, em relação ao início do estudo e comparativamente ao grupo controlo.

No presente estudo, os autores avaliaram a incidência de complicações a longo prazo da diabetes tipo 1, oito anos após os tratamentos efetuados no âmbito do referido ensaio clínico. Os investigadores avaliaram ainda a segurança da terapia celular, a função das células beta-pancreáticas e o controlo metabólico nos dois grupos de doentes. Os dados obtidos são referentes a 14 dos 21 doentes do grupo que recebeu terapia celular e a 15 dos 21 doentes do grupo controlo, por terem sido os doentes dos dois grupos do ensaio clínico em quem foi possível fazer o acompanhamento completo.

Assim, aos oito anos de acompanhamento, a incidência de lesões neurológicas (neuropatia periférica) foi de 7,1% (1 em 14) no grupo que recebeu terapia celular e de 46,7% (7 em 15) no grupo controlo. Já a incidência de lesões renais (nefropatia diabética) foi igualmente inferior nos doentes que receberam terapia celular, com uma percentagem de 7,1% (1 em 14), comparativamente aos 40,0% (6 em 15) dos doentes do grupo controlo. Quanto às lesões na retina (retinopatia), a incidência foi de 7,1% (1 em 14) no grupo que recebeu terapia celular e de 33,3% (5 em 15) no grupo controlo (não tendo neste caso, a diferença sido estatisticamente significativa).

Dois doentes do grupo que recebeu terapia celular e onze doentes do grupo controlo desenvolveram pelo menos uma complicação. Adicionalmente, um doente do grupo que recebeu terapia celular e seis doentes do grupo controlo apresentaram pelo menos duas complicações, não tendo sido observado o aparecimento ou desenvolvimento de qualquer tumor no grupo tratado por recurso a terapia celular, o que que reforça a segurança deste tratamento.

Estes resultados suportam a realização de mais estudos sobre o potencial terapêutico das células estaminais na prevenção de complicações crónicas da diabetes.

Dia Mundial da Obesidade assinala-se amanhã
No Dia Mundial da Obesidade, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) apresenta o livro “Cuida de Ti –...

“A obesidade é um problema de saúde pública e as evidências científicas mostram que as consequências da obesidade na infância, como a hipertensão ou a diabetes, acabam por acompanhar a criança ao longo de toda a vida. Os dados mostram que a incidência de diabetes tipo 1 entre a população pediátrica está a aumentar e a doença renal diabética continua a ser a principal causa de insuficiência renal a nível mundial” explica o Professor Alberto Caldas Afonso, Professor Catedrático de Pediatria, Diretor do Mestrado Integrado em Medicina do ICBAS da Universidade do Porto e Diretor do Centro Materno-Infantil do Norte do Centro Hospitalar Universitário do Porto (CMIN-CHUPorto).

O livro quer ajudar a esclarecer conceitos e dúvidas, para que todos possam compreender e lidar com informações de saúde. Os conteúdos foram desenvolvidos por uma equipa multidisciplinar coordenada pelo Professor Caldas Afonso, com o objetivo de poderem ser apreendidos e difundidos pelo maior número de pessoas. Uma vez que em determinadas fases da vida as decisões não são tomadas pelo próprio indivíduo, como é o caso da população pediátrica, a obra é direcionada para todos os intervenientes para a promoção da saúde, nomeadamente a nível familiar e escolar, para que, direta ou indiretamente, todos sejam incluídos e participantes ativos nesta intervenção.

Para chegar às comunidades escolares de todo o país, o ICBAS associou-se à Missão Continente que incluirá o livro nos conteúdos do seu programa educativo (Escola Missão Continente), reforçando a mensagem da importância de uma alimentação e estilos de vida saudáveis às turmas do Pré-Escolar, 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico das escolas inscritas no programa. Este conteúdo estará também disponível no site da Missão Continente.

A educação para um consumo consciente e sustentável é um objetivo comum do trabalho do ICBAS e da Escola Missão Continente (Escola Missão Continente | Missão Continente), juntando as duas entidades no esforço de promoção do livro com o objetivo de fazer o mesmo chegar ao máximo de crianças e respetivos familiares e cuidadores.

 

Dia 7 de março
A Academia Mamãs Sem Dúvidas vai realizar no dia 7 de março, às 18h00, uma nova edição online do “Especial Grávida” por ocasião...

Com o objetivo de esclarecer as questões das futuras mamãs, na próxima sessão especialmente dedicada às mulheres que aguardam o nascimento do seu bebé a Mamãs Sem Dúvidas vai abordar três diferentes temáticas:

“Parto Humanizado: um direito da mulher”, com a intervenção da Enfermeira Telma Cabral, especialista em saúde materna e obstetrícia e fundadora da Academia Telma Cabral, para falar sobre este conceito relativo ao momento do parto que pressupõe uma assistência mais humana e acolhedora;

“O presente e o futuro das células estaminais”, com o contributo de Maria Costa, formadora do laboratório de criopreservação BebéVida, em que serão explicadas as vantagens da recolha e preservação dos tecidos e células estaminais do sangue do cordão umbilical do bebé no momento do nascimento do bebé;

“A Mulher depois da Maternidade”, último tema da sessão em que a Enfermeira Carla Pedro, especialista em saúde materna e obstetrícia, vai abordar o que muda na vida da mulher com a chegada da maternidade.

A participação na sessão é gratuita, mas a inscrição é obrigatória. Ao participar, as grávidas presentes habilitam-se a receber um cabaz de produtos no valor de 200€, que inclui: uma mala Bioderma; um intercomunicador Miniland; um peluche Doodoo Babiage; uma bomba manual Nuvita e um conjunto de peluches Mascotes BebéVida. A vencedora será revelada no dia 8 de março, no perfil de Instagram da Mamãs Sem Dúvidas.

Para mais informações sobre a Academia Mamãs Sem Dúvidas, conteúdos informativos ou eventos consulte o website mamassemduvidas.pt .

 

Opinião
A lombalgia é uma condição muito frequente e uma das principais causas de incapacidade afetando o de

Quase todas as pessoas sofrerão de dores lombares. Segundo a Organização de Saúde cerca de 70% da população já teve ou terá alguma dor na coluna, sendo a faixa etária dos 35 aos 55 anos a mais atingida.

É uma condição multifatorial que pode estar associada a questões laborais, alterações anatomofisiológicas e psicossociais.

As lombalgias são um fenómeno com grande impacto nas atividades diárias do indivíduo, que se repercutem na vida familiar, laboral e social. Se tivermos em conta as estimativas de que todos os adultos terão eventualmente pelo menos um episódio de lombalgias durante a vida, entendemos porque é que esta sintomatologia representa a primeira causa de absentismo laboral na maior parte dos países industrializados.

A lombalgia é o termo usado para caraterizar uma dor na região lombar, portanto, é um sintoma e não uma patologia, significando, desta forma, que poderá estar presente em diferentes quadros clínicos. São habitualmente classificadas como agudas, subagudas ou crónicas consoante a duração das queixas.

A coluna vertebral é composta por vértebras, discos, ligamentos, nervos e músculos. Cada vértebra tem um disco, composto por uma porção gelatinosa envolto num anel fibroso e resistente, que atua como amortecedor. Possuem, também, duas articulações revestidas de cartilagem. Trabalhando em conjunto, os discos e as articulações permitem que a coluna se dobre e torça com segurança.

Os ligamentos são bandas fortes que mantêm as vértebras e os discos juntos. Os tendões prendem os músculos às vértebras. Essas estruturas ajudam a limitar o movimento excessivo. Torna-se evidente que todas as estruturas devem funcionar harmoniosamente para permitir movimento.

Em consequência das posturas e esforços desadequados, trabalho repetitivo, acidentes e quadros inflamatórios podem surgir alterações das estruturas anatómicas potenciando o surgimento das dores lombares.

No início, a sobrecarga pode causar, apenas, dores musculares, no entanto, a longo prazo, pode levar a um desgaste prematuro da coluna, causando hérnias de discais, artroses, discopatia e outros problemas.

A dor lombar leva, em muitos casos, à limitação da atividade laboral ou até mesmo ao absentismo com grandes consequências para a economia. São vários os estudos que apontam para os enormes custos em cuidados de saúde, acrescido dos cuidados indiretos relacionados coma ausência ao trabalho.

Determinar a causa da lombalgia pode ser um desafio, sendo necessário consultar um médico para que se possa determinar a história clínica e, se necessário realizar-se exames complementares de diagnóstico. Além disso, a prevenção e o controlo dos fatores de risco são fundamentais para o minimizar a incidência de dor lombar.

Torna-se, por isso, muito importante coadjuvar o acompanhamento médico com visitas regulares a um especialista na área de Osteopatia e/ou fisioterapia.

No que concerne à osteopatia, o especialista, avaliará a situação da pessoa, através do relato de sintomas e de um exame físico. Após a avaliação inicial proceder-se-á ao tratamento utilizando as técnicas mais adequadas ao quadro clínico de cada individuo. Desta forma, pode contribuir-se para redução das dores lombares favorecendo a manutenção da qualidade de vida e diminuindo o absentismo.

Quanto ao número e sequência de tratamentos, vai depender do caso e há quanto tempo está instalado o problema.

Embora não se possa parar o envelhecimento ou alterar sua determinação genética, as mudanças no estilo de vida podem ajudar a gerir e prevenir a dor lombar. Ter um estilo de vida saudável, estar consciente da posição mais correta durante as atividades do dia-a-dia, nomeadamente, ao levantar pesos, estar ativo, fortalecer os músculos paravertebrais e abdominais, se necessário, perder peso afim de dispor de uma compleição física global adequada e equilibrada, são alguns dos fatores que podem contribuir para minimizar a incidência de dores ou lesões lombares.

Conclui-se, assim, que a prevenção é uma mais-valia para as dores lombares tornando-se a Osteopatia uma excelente solução pois trata-se de um tratamento não invasivo, personalizado e sem recurso a fármacos.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
De março a novembro, em 13 cidades
A Secção Regional do Centro (SRCentro) da Ordem dos Enfermeiros (OE) vai dinamizar, de Março a Novembro de 2022, em 13 cidades...

Saber+2.0: Webinar Fibromialgia – quando o profissional é a terapêutica irá decorrer através da plataforma online Cisco Webex.

Estes eventos presenciais, que irão decorrer sempre à terça-feira, ora durante a manhã (9h-12h), ora durante a tarde (15h-18h), têm como intuito ser um ponto de referência para o debate, discussão e esclarecimento de dúvidas sempre com o intuito de empoderar os Enfermeiros e os estudantes de Enfermagem.

Em cada uma destas Reuniões Livres “queremos que os nossos colegas e futuros membros possam atualizar os seus conhecimentos ético-deontológicos para o exercício profissional da Enfermagem, partilhem as suas experiências no âmbito dos diversos contextos de prática clínica, que se querem de qualidade e seguros, e reflitam sobre possíveis ou efetivos constrangimentos éticos que têm vivido no exercício da profissão”, assinala Ricardo Correia de Matos sobre os objetivos desta iniciativa.

“A SRCentro convida todos os enfermeiros e estudantes de enfermagem a participarem nas Reuniões Livres, consoante a sua disponibilidade, para juntos, empoderarmos a Enfermagem!”, conclui o Presidente da SRCentro.

Aveiro, Caldas da Rainha, Castelo Branco, Coimbra, Covilhã, Figueira da Foz, Guarda, Leiria, Lamego, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira, Seia e Viseu são os municípios que vão acolher as várias Reuniões Livres.

A SRCentro marca, assim, o caminho de regresso à normalidade, sendo necessário, contudo, o cumprimento das regras em vigor no decurso dos eventos em espaços interiores.

A participação em cada uma destas sessões é gratuita, apenas limitada à lotação de cada espaço, e atribui 0,40 Créditos de Desenvolvimento Profissional (CDP)

 

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