Entrevista | Arsénio Santos, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF)
Fadiga e comichão na pele estão entre os principias sintomas da Colangite Biliar Primária, uma doenç

Estima-se que, em Portugal, possam existir entre 500 a 1000 pessoas com Colangite Biliar Primária. Uma doença sem cura, assintomática e da qual não se ouve falar. Assim, e para ajudar a compreender esta patologia, começo por lhe perguntar em que consiste e, sabendo que as causas ainda não são conhecidas, a que fatores se pensa que pode estar associada?

Começaria por dizer que, extrapolando para nós dados conhecidos do norte da Europa, acredito que existirão em Portugal muito mais casos, diria pelo menos 2 mil. Além de muitos dos casos já diagnosticados estarem dispersos por muitos médicos e não termos uma contabilização fidedigna da realidade nacional, acredito que bastantes casos estão ainda por diagnosticar. Trata-se de uma doença que resulta da inflamação crónica das vias biliares nos seus ramos localizados ao interior do fígado, que é provocada por um processo autoimune (o organismo ataca uma parte normal de si próprio). A razão por que isso acontece é desconhecida, sabemos que a doença pode estar associada a episódios prévios de infeção urinária ou a exposição a certos tóxicos, mas na prática clínica não identificamos habitualmente nenhum fator.

Por que motivo são as mulheres as mais atingidas por esta doença?

Esta é uma questão ainda nebulosa, mas podem estar em causa fatores hormonais: o ambiente hormonal típico do sexo feminino poderá ser facilitador da manifestação da doença.

A partir de que idade é, habitualmente diagnosticada?

Manifesta-se em regra entre os 35 e os 60 anos de idade.

Embora se estime que uma grande percentagem dos casos, e durante muitos anos, esta tenha uma evolução assintomática ou silenciosa, quando surgem as primeiras manifestações da doença, que manifestações são essas? A que sinais devemos estar atentos?

Os sintomas mais comuns são o prurido e a fadiga. Outros sintomas, tais como a icterícia, o aumento de volume do abdómen ou equimoses fáceis podem surgir numa fase mais tardia da doença e significam que houve evolução desfavorável. Contudo, é de salientar que a maioria das pessoas com esta doença não tem sintomas no momento do diagnóstico. Na verdade, muitas destes doentes só são diagnosticados, porque apresentam alterações hepáticas nos testes de rotina ao fígado.

Como é feito o seu diagnóstico? Existem análises específicas que podem facilitar a identificação da doença?

A Colangite Biliar Primária é diagnosticada com base em dois parâmetros alterados nas análises sanguíneas: um valor aumentado da fosfatase alcalina e a existência de anticorpos anti-mitocondriais positivos. Muito raramente é necessário para o diagnóstico fazer uma biopsia do fígado.

De um modo geral, qual o prognóstico da Colangite Biliar Primária? Quais as principais complicações associadas?

Numa boa parte dos doentes pode não haver evolução para formas graves da doença e a esperança de vida pode ser similar à das pessoas saudáveis. Há vários parâmetros que ajudam a prever essa evolução, sendo o mais importante o valor da fosfatase alcalina: quanto mais próximo do normal conseguirmos manter o seu valor, melhor o prognóstico. Mas, noutros casos, há risco de progressão da doença, com evolução para fibrose hepática, cirrose, insuficiência hepática e morte. Os estudos mostram que os doentes com níveis anormalmente elevados de fosfatase alcalina têm maior risco de transplante hepático e de morte, enquanto os doentes com níveis mais baixos têm melhores resultados clínicos. Neste aspeto, o tratamento tem um papel decisivo…

Sendo a cirrose uma das principais consequências, que cuidados deve ter o doente quando esta já está presente?

Quando já existe cirrose, o tratamento continua a ser importante. Há que tentar retardar o mais possível a descompensação hepática e evitar as suas complicações: a ascite, a hemorragia digestiva e a encefalopatia hepática, entre outras. E é muito importante nessa fase evitar outros fatores de agressão hepática, como certos medicamentos (anti-inflamatórios, por exemplo) e a ingestão de álcool.

Tratando-se de uma patologia para a qual não existe cura, em que consiste o seu tratamento?

O tratamento de primeira linha é o ácido ursodesoxicólico, fármaco que usamos há décadas e com o qual já existe larga experiência. É um tratamento geralmente bem tolerado e eficaz em cerca de 60% dos casos. Nos restantes cerca de 40% de doentes que têm uma resposta inadequada ao ácido ursodesoxicólico, temos atualmente outro medicamento, o ácido obeticólico, que deve ser tomado em associação com o anterior. E, em casos ainda mais resistentes, temos ainda outras possibilidades, como os fibratos que, não estando ainda formalmente aprovados nesta doença, têm estudos que mostram resultados promissores. O tratamento desta doença é, em princípio, para manter durante toda a vida.

O que acontece quando os tratamentos não são bem tolerados pelo paciente? É nestes casos que o transplante hepático pode ser a única opção?

Uma intolerância que impeça, de todo, o uso destes fármacos é rara. E, como foi dito anteriormente, já existem várias opções. Mas, é verdade, os casos em que não conseguirmos usar os tratamentos disponíveis correm maior risco de evolução desfavorável. O transplante hepático só é necessário quando se atinge a fase de cirrose ou quando a doença provoca um prurido intolerável e intratável por métodos mais comuns, situação que é rara.

Sabendo que durante muito anos (décadas) não houve progressos nesta área, o que mudou, entretanto?

É verdade. Durante décadas, tivemos apenas o ácido ursodesoxicólico que, sendo excelente, não era suficiente numa parte dos doentes. Mas, em 2016, foi aprovado o ácido obeticólico. E, como já foi referido, em breve poderemos ter outras opções formalmente aprovadas. Mas nos últimos anos, aumentou muito o nosso conhecimento desta doença e sabemos hoje melhor como lidar com ela. E, nos casos que correm pior, temos hoje a possibilidade de recorrer ao transplante de fígado.

De um modo geral, de que forma esta patologia impacta a vida do doente?

Atualmente, com os meios que temos ao dispor, a maioria dos doentes fazem uma vida normal. As situações mais desconfortáveis e, mesmo, dramáticas, são os casos, felizmente menos frequentes, em que os doentes mantêm prurido, apesar do tratamento (tratamento da doença e tratamento específico para o prurido). O prurido é um sintoma muito incapacitante…. Mais frequente é a astenia (cansaço fácil) que também influi na qualidade de vida, mas que os doentes toleram melhor.

No âmbito do Dia Mundial da Colangite Biliar Primária, quais as ideias-chave que devemos reter sobre esta patologia?

Que é importante diagnosticar. Se possível, na fase em que a doença é ainda assintomática. E isso é possível se forem valorizadas e esclarecidas pequenas alterações por vezes detetadas nas análises hepáticas, que devem sempre ser incluídas nas avaliações analíticas de rotina. E, nesta doença, é particularmente importante a fosfatase alcalina.

Segunda mensagem: sempre que se suspeitar de um caso de Colangite Biliar Primária o/a doente deve ser referenciado/a para um centro habilitado a tratar doenças hepáticas, no sentido de, confirmado o diagnóstico, iniciar precocemente o tratamento, que deve ser o mais adequado ao caso concreto.

Nota: 
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6, 7 e 8 de outubro
Nos próximos dias 6, 7 e 8 de outubro realiza-se a 3ª edição do Festival Arte e Consciência, na Ericeira. O festival junta...

O Festival Arte e Consciência é um espaço onde diversas formas de expressão se entrelaçam e se complementam no caminho do desenvolvimento pessoal. No centro deste festival está a ideia de despertar, através de várias artes, o nosso eu superior que reside dentro de cada um de nós.

No dia 6, a entrada no festival é gratuita e totalmente dedicado às escolas. Nos dias 7 e 8 contamos com a participação de Mário Caetano, Gustavo Santos, Lisa Joanes, Ana Bravo, Tâmara Castelo, Mafalda Rodilhes e Isabel Saldanha, entre muitos outros, em ações de desenvolvimento pessoal e autoconhecimento através de várias artes e modalidades. Estes vão ser 2 dias de elevação de estado de consciência.

O programa inclui Kundalini Awakening, Dança indiana, Constelações familiares, Afrodance, Orgasmic Dance, Nutrição consciente, Pintura de mural, Workshop de sushi vegan, Malabarismo, construção de mandalas, ritual do fogo, entre muitas outras atividades.

O programa também inclui um espaço para as crianças com várias atividades e ofícios, dois espaços de restauração e mercado.

Consulte o programa e local aqui: http://festivalarteconsciencia.com/

“O festival Arte e Consciência é um despertar para a educação e para o conhecimento humano. São 3 dias de experiências e revolução interna para que possam cair as nossas folhas velhas do outono e nascerem as novas flores na primavera...” – Explica Nuno Campo, organizador e co-fundador do festival.

“Este é um Festival diferente, que une o desenvolvimento pessoal à arte, e que foi construído desde um lugar interno de muita humildade e amor. É um festival com uma causa nobre  - a de nos trazer vários momentos de crescimento pessoal e enquanto seres humanos que somos, momentos que nos ajudarão a ter maior consciência das nossas próprias feridas emocionais mais profundas e, acima de tudo, a adquirir ferramentas fortíssimas para libertar e transformar essas feridas, criando em nós o espaço necessário para levar maior foco a Quem Somos e a QUEM VERDADEIRAMENTE QUEREMOS SER! Porque a Decisão e a Escolha é nossa, só precisamos de nos permitir sentir que escolha é essa!”, - Afirma Lisa Joanes, organizadora e co-fundadora do projeto.

Grupo privado de saúde inaugura Hospital Lusíadas Santa Maria da Feira
A Lusíadas Saúde anuncia a abertura de uma nova unidade em Santa Maria da Feira, prosseguindo com o plano estratégico de...

Para a região Norte, onde será feito um investimento na ordem dos 60 milhões de euros, a estratégia do Grupo Lusíadas Saúde passa por reforçar o compromisso na região com novas unidades, com destaque para a abertura, prevista para este ano, do novo Hospital Lusíadas Santa Maria da Feira. Paralelamente, o Grupo mantém a contínua aposta no crescimento das suas duas principais unidades localizadas nesta geografia, o Hospital Lusíadas Porto e o Hospital Lusíadas Braga.

A região do Algarve será outra aposta do Grupo, com novas unidades e com a ampliação das existentes. Este aumento do número de unidades começou em Vilamoura, onde será inaugurado ainda este ano o novo Hospital Lusíadas Vilamoura, o primeiro hospital a sul do País dedicado em exclusivo à cirurgia de ambulatório.

O atual plano estratégico de expansão, que teve início com a apresentação do futuro Hospital Lusíadas Vilamoura, surge do compromisso do Grupo francês Vivalto Santé – atual acionista da Lusíadas Saúde – com Portugal. Esta estratégia está totalmente enquadrada com a missão do Grupo Vivalto – uma empresa ao serviço do público (“entreprise à mission”) – e com o seu compromisso com a redução das desigualdades e assimetrias no acesso a cuidados de saúde, alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável.

Sobre este plano, Vasco Antunes Pereira, CEO da Lusíadas Saúde, mostra-se confiante: “Representa mais um marco para a Lusíadas Saúde. Começámos por criar unidades prestadoras de cuidados clínicos nas grandes áreas populacionais, como Lisboa e Porto (e que hoje são uma referência ao nível da oferta e de inovação), para agora prosseguirmos, com ambição, para o alargamento das nossas competências a novos pontos estratégicos do País, sobretudo em áreas onde a oferta de cuidados de saúde privados é mais escassa.”

Plano de expansão da Lusíadas Saúde prossegue com hospital em Santa Maria da Feira

O Hospital Lusíadas Santa Maria da Feira é a primeira unidade do Grupo no distrito de Aveiro e a quarta na região Norte. Com abertura prevista para o último trimestre deste ano, a unidade nasce de uma parceria com a Atrys Health, uma referência global dedicada aos serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento médico de precisão e pioneira em telemedicina e oncologia radioterapêutica de última geração, e já parceira do Grupo no Hospital Lusíadas Porto na medicina nuclear. Esta colaboração permite ampliar o anterior Centro Médico Avançado, transformando-o num hospital médico-cirúrgico de última geração.

Num investimento estimado superior a 2 milhões de euros em equipamento médico para o primeiro ano, o novo Hospital Lusíadas Santa Maria da Feira irá contar com bloco operatório, disponível para diversas especialidades cirúrgicas, sendo o primeiro na oferta de saúde privada na cidade e no concelho.

No que se refere à equipa clínica, esta nova unidade de ambulatório contará com mais de 100 profissionais de saúde, divididos por várias especialidades: Cardiologia, Cardiotorácica, Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica, Cirurgia Vascular, Clínica Geral, Dermatologia, Endocrinologia, Ginecologia, Medicina Geral e Familiar, Neurocirurgia, Neurologia, Nutrição, Oftalmologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia, Pneumologia, Psicologia, Psiquiatria e Urologia.

Somando às especialidades referidas, asseguradas pelo Grupo Lusíadas Saúde, o espaço continuará a disponibilizar os serviços da Atrys Health nas áreas de Medicina Nuclear, Oncologia, Radiologia e Radioterapia.

Segundo Vasco Antunes Pereira, CEO da Lusíadas Saúde, “esta nova unidade representa a abertura do terceiro hospital (e quarta unidade) do Grupo na região Norte e um reforço da nossa resposta clínica na área do Grande Porto. Acreditamos que será uma mais-valia para os cidadãos do distrito de Aveiro, que irão encontrar no Hospital Lusíadas Santa Maria da Feira uma complementaridade de serviços e equipas, bem como uma oferta abrangente e completa.”

Sobre a parceria com a Atrys Health, acrescenta: “Esta parceria de impacto com a Atrys, um player de referência nacional e internacional na sua área de especialização, integra o plano de expansão da Lusíadas Saúde em Portugal, com o objetivo de ampliar a nossa oferta de cuidados de saúde em novas áreas geográficas e reduzir, assim, as atuais assimetrias regionais no acesso a cuidados de saúde. Acreditamos que esta parceria representará uma vantagem para a população e uma motivação adicional para os profissionais de saúde”.

Vacina contra a Covid-19
Tomar a vacina contra a Covid-19 pode não só reduzir o risco de uma pessoa contrair a infeção a longo prazo, como também pode...

Investigadores da Mayo Clinic descobriram que os doentes com Covid de longa duração vacinados antes de contraírem o vírus têm menos probabilidades de apresentar sintomas como dor abdominal, dor no peito, tonturas e falta de ar, de acordo com um estudo publicado no Journal of Investigative Medicine. Acredita-se que o estudo seja um dos primeiros a examinar o potencial das vacinas contra a Covid-19 para reduzir os sintomas da infeção a longo prazo.

"Os resultados foram muito surpreendentes", explica Greg Vanichkachorn, diretor do Programa de Reabilitação da Atividade Covid da Mayo Clinic e principal autor do estudo. "O estudo demonstra que as vacinas podem ser muito importantes para a Covid a longo prazo e podem ajudar a reduzir a gravidade desta doença."

Desde 2020, mais de 768 milhões de casos de Covid-19 foram confirmados em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Entre as pessoas infetadas, estima-se que 20% das pessoas com menos de 65 anos e 25% das pessoas com mais de 65 anos desenvolverão a síndrome pós-Covid-19, também conhecida como Covid-19 de longa duração. Os sintomas podem incluir fadiga, falta de ar, dificuldade de concentração, dores no peito e dores abdominais.

O estudo incluiu 477 doentes que procuraram tratamento para a Covid-19 de longa duração na Mayo Clinic entre 27 de maio de 2021 e 26 de julho de 2022. Pouco mais de metade dos doentes tinha recebido vacinas contra a Covid-19 da Pfizer, Moderna ou Johnson & Johnson antes de contrair o vírus.

O estudo concluiu que os doentes vacinados tinham metade da probabilidade de ter dores abdominais em comparação com os doentes não vacinados. Os doentes vacinados tinham também menos probabilidades de apresentar outros sintomas, incluindo perda de olfato, dores no peito, tonturas, dormência, falta de ar, tremores e fraqueza. Não se registaram diferenças significativas entre os doentes vacinados e não vacinados no que se refere a fadiga, dores musculares, taquicardia ou arritmia cardíaca.

Vanichkachorn explica que mais investigação ajudará os cientistas a compreender como a vacina contra a Covid-19 afeta os sintomas infeção a longo prazo, especialmente com as novas variantes do vírus.

"Passaram três anos desde que iniciámos o primeiro trabalho com doentes com Covid a longo prazo", explica Vanichkachorn. "Precisamos de mais investigação para compreender o que está a acontecer a nível celular para causar estes sintomas. Se compreendermos isto melhor, esperamos que possam surgir novos tratamentos para a Covid-19 de longa duração."

Doença genética
A distrofia de Duchenne é uma doença neuromuscular genética e degenerativa que acomete apenas as cri

O que é a Distrofia Muscular de Duchenne?

A distrofia muscular de Duchenne é uma forma de distrofia muscular ocasionada pela inexistência de distrofina no músculo, levando a uma necrose e perda progressiva de fibras musculares e substituição por fibrose e tecido adiposo.

 

Qual a sua incidência?

A Distrofia muscular de Duchenne é a causa mais comum de distrofia muscular e representa cerca de um terço dos doentes duma consulta de doenças neuromusculares pediátrica.

Esta doença afeta cerca de 1 em cada 3.500 recém-nascidos do sexo masculino.

Quais as causas?

Para o normal funcionamento das fibras musculares é necessário que as proteínas que a constituem sejam produzidas normalmente. Na Distrofia de Duchenne existe um defeito genético no gene da distrofia ou gene DMD, não sendo produzida a proteína distrofina. Esta proteína é muito importante para o normal funcionamento da fibra muscular e a sua ausência ocasiona uma perda progressiva das fibras musculares e incapacidade de sua regeneração levando a fraqueza muscular.

Em cerca de um terço dos casos a mutação genética surge pela primeira vez, isto é duma forma espontânea. Em cerca de 2/3 é herdada por via materna. Cada portadora tem um risco de 50% em cada gravidez de ter um filho com a doença.

Afeta apenas o sexo masculino? Porquê?

O gene da distrofina, ou gene DMD, encontra-se no cromossoma X e por isso esta doença afeta o sexo masculino. No sexo masculino existe um único cromossoma X e por isso quem seja portador dum cromossoma com esta mutação irá ter a doença. No sexo feminino existe dois cromossomas X e usualmente o cromossoma X portador da doença é inativado. Contudo algumas meninas ou mulheres podem apresentar sintomas como mialgias, caibras, graus variáveis de fraqueza muscular e cardiomiopatia pelo que deverão ser referenciadas par uma consulta de Neuromusculares.

Quais os principais sintomas da doença? A partir de que idade surgem?

A maioria dos doentes manifesta os primeiros sintomas no início do segundo ano de vida, com atraso na aquisição da marcha, marcha instável, quedas frequentes, dificuldade em se levantarem do chão, subir e descer escadas, incapacidade em correr. Frequentemente a família nota que tendem a andar em pontas de pés e que os músculos das pernas (gémeos) são mais volumosos e duros. Alguns doentes têm atraso de linguagem e podem ter dificuldades de aprendizagem. Outros podem ter alterações de comportamento.

Quais os sinais de alerta?

Sempre que surja qualquer sintoma da doença deverá ser colocada a hipótese desta doença. Por vezes a discrepância entre músculos volumosos e duros e um grau importante de fraqueza leva á suspeita que estamos perante uma distrofia muscular.

A doença piora ao longo do tempo?

A evolução da doença é progressiva e pelos 10 a 14 anos os doentes os meninos perdem a marcha. Posteriormente surge fraqueza dos membros superiores, com incapacidade em os levantar, depois de levar a mão á boca e fraqueza em agarrar objetos com as mãos. Os músculos de sustentação do tronco vão ficando fracos e surge frequentemente escoliose. Os músculos cardíacos vão ficando afetados ocasionando um grau maior ou menor de insuficiência cardíaca. Os músculos respiratórios vão ficando progressivamente mais fracos com necessidade de apoio ventilatório inicialmente noturno e posteriormente nas 24 horas.

Como é feito o diagnóstico?

Perante a suspeita clínica é efetuado o doseamento de uma enzima muscular, creatina cinase (Ck) que está muito elevada neste caso. Em seguida é pedido o estudo genético e / ou biopsia muscular que confirmam a doença.

Por vezes o diagnóstico é suspeitado de forma acidental, ainda antes de surgirem os sintomas, pela deteção duma elevação de enzimas musculares como transaminases e de Ck.

Existem testes que permitem saber se uma criança nascerá com a doença?

Sim, existem. Todas as mulheres portadoras da doença devem ser orientadas para uma Consulta de Genética Médica onde serão devidamente informadas. No entanto, nos casos em que a mutação surge de forma espontânea, não existe possibilidade de diagnóstico pré-natal.

Qual o tratamento?

Ainda não existe uma cura para a doença. Nas últimas décadas os doentes têm sido preconizado o uso de esteroides, de preferência de uso diário, e sendo iniciados quando surgem os sintomas. Contudo, nem todos os doentes respondem de forma favorável a este tratamento.

Tem havido um enorme esforço a nível internacional, incluindo da indústria farmacêutica, para a descoberta de novas terapêuticas, com vários ensaios clínicos em curso, para alguns dos casos de distrofia de Duchenne com mutações específicas, alguns em fases mais avançadas e um deles já em fase de comercialização. Até ao momento e apesar de parecerem efeitos benéficos relativamente ao placebo, nenhum se revelou ainda, como capaz de curar a doença.

Mas os cuidados para estes doentes têm vindo a melhorar, existindo protocolos de seguimento dos doentes, elaborados por especialistas nesta área e que poderão ser encontrados na página web do TREATNMD.

Em Portugal existem centros especializados no seguimento multidisciplinares destes doentes, coordenados por neuropediatras e neurologistas.

Atendendo aos múltiplos problemas que estes doentes têm é fundamental uma equipa de que façam parte, Fisiatras, Pneumologistas/ Equipa de Ventilação, Cardiologistas, Ortopedistas, Gastroenterologistas, Nutricionistas, Pedopsiquiatras/ Psiquiatras, equipa de Serviço Social, entre outros.

A associação de doentes tem igualmente um papel relevante no apoio às famílias e aos doentes.

Qual o prognóstico da doença?

A Distrofia de Duchenne é uma doença progressiva e a expectativa de vida destes doentes é menor, mas os avanços nos apoios têm permitido um aumento da sobreviva bem como uma melhoria na qualidade da mesma.

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Projeto de expansão
A Affidea adquiriu da clínica Ecorad, em Vila Franca de Xira. Esta aquisição está alinhada com o objetivo estratégico de...

A Ecorad, com mais de 30 anos de história, é uma clínica de diagnóstico por imagem de referência na região de Vila Franca de Xira que disponibiliza um vasto leque de serviços de diagnóstico, como Ressonância Magnética, Tomografia Computorizada, Ecografia, Mamografia, Raios-X ou Densitometria Óssea, dispondo de acordos com várias entidades públicas e privadas. 

Miguel Santos, CEO Affidea Portugal, afirmou: “A aquisição da clínica Ecorad concretiza um nosso desejo de longa data, de juntar ao nosso Grupo esta clínica e os seus profissionais que se distinguem pela exigência e qualidade de serviço clínico. Estamos muito entusiasmados para juntos, trabalharmos para a constante melhoria dos cuidados de saúde prestados nas unidades Affidea a mais de 1,5 milhões de utentes/ano”.

Com esta aquisição, a Affidea Portugal reforça a sua equipa passando a contar com mais de 1600 colaboradores. Não só as capacidades clínicas da Affidea saem reforçadas, mas também o seu compromisso em disponibilizar aos pacientes e médicos prescritores em todo país uma equipa de profissionais de saúde altamente especializadas.

A aquisição da clínica Ecorad é o quinto projeto de expansão da Affidea concretizado com sucesso em 2023, juntando-se às recentes aquisições da Clínica do Coração do Alentejo, em Évora, e da clínica RA - Radiologia de Albufeira, ao alargamento da unidade Affidea Setúbal e ao crescimento da rede de postos de colheita de Análises Clínicas dos Laboratórios Affidea.

A nível europeu, esta aquisição marca o sexto investimento do ano do Grupo Affidea, depois das expansões na Suíça, Roménia, Croácia, Reino Unido e Portugal. O Grupo Affidea conta agora com 322 centros, distribuídos por 15 países.

 

E insiste ainda na importância da abertura do centro de PMA do Algarve
A Associação Portuguesa de Fertilidade (APFertilidade) pede ao Governo mais profissionais, mais recursos e mais equipamentos...

“Ajudar a combater a baixa natalidade de Portugal também passa por prestar o devido apoio às pessoas com dificuldade em ter filhos, a quem é negado o direito constitucional de constituir família quando a porta do SNS se fecha por limites etários impostos à mulher e incapacidade de resposta aos milhares de casais em espera”, refere Cláudia Vieira.  

Atualmente, a dificuldade na renovação das gerações é uma das maiores preocupações do país, mas a associação acredita que o investimento nas alternativas de reprodução pode contribuir para atenuar o problema. Em 2022, nasceram mais de 80 mil bebés em Portugal — um número positivo face a 2021, mas que tem vindo a diminuir ao longo das décadas. Já em 2020, último ano em que há registos reunidos pelo Conselho Nacional de PMA, 3,3% dos nascimentos foram fruto de técnicas de PMA, cuja evolução tem sido de aumento nos últimos anos.  

Para Cláudia Vieira, os números positivos da PMA revelam a importância de um maior investimento para estas técnicas de reprodução. “Ainda que existam longas listas de espera para o acesso a tratamentos de fertilidade através do SNS, a realidade é que a percentagem de pessoas que acabam por ter filhos fruto da procriação medicamente assistida tem vindo a aumentar, o que se verifica pelos mais de 2.700 bebés nascidos em 2020”, afirma.   

Os problemas no acesso das mulheres e casais à PMA tem-se intensificado. “Os pedidos e desabafos são quase diários”, revela a associação. “Por telefone ou email, são partilhados diversos problemas, entre eles a aproximação da idade limite da mulher para acesso a tratamento no SNS e as longas listas de espera”, que podem chegar a meses para o caso da primeira consulta e anos para tratamento.  

Para responder a estes problemas, Cláudia Vieira defende a importância de “dotar as unidades já existentes de um orçamento realista, que responda às necessidades de melhoramento das infraestruturas, adquirir mais equipamento, aumentar o número de profissionais nas equipas e criar condições remuneratórias que impeçam a fuga destes elementos para o privado, nomeadamente dos embriologistas”, explica.  

A criação do Centro de PMA do Algarve é também uma “urgência”. Em fevereiro deste ano, a APFertilidade questionava a tutela sobre o atraso e afirmava ser "inadmissível que existam beneficiários do SNS obrigados a percorrer centenas de quilómetros para terem acesso a cuidados e tratamentos que constituem direitos básicos de qualquer contribuinte". O Governo tinha prometido inaugurar este centro em janeiro de 2023, mas, até hoje, não existe nenhuma data confirmada para a sua abertura.  

Próximas sessões a 20 e 27 de setembro
Desde a muda da fralda ao alívio das cólicas, os recém-nascidos necessitam de cuidados constantes nos seus primeiros dias de...

No dia 20, o pediatra Manuel Magalhães, da Mustela, vai falar sobre os primeiros dias do recém-nascido em casa, que podem ser muito desafiantes, visto que o bebé ainda se está a adaptar a um mundo novo e os pais a uma dinâmica familiar completamente diferente da que existia antes do bebé.

Nestes primeiros dias em casa com o bebé, saber como acalmar e aliviar as cólicas é essencial. Assim, a psicóloga pediátrica da ForBabiesBrain Clementina Almeida vai partilhar diversos cuidados que podem ajudar a evitar estes episódios, como pegar o bebé ao colo, fazer massagens circulares na barriga ou dar um banho morno.

Ainda a pensar nas grávidas que estão na reta final da gravidez, prestes a conhecer o seu bebé, a personal trainer Sandra Sousa vai dar uma aula de exercícios que devem fazer parte da rotina no terceiro trimestre.

Já no dia 27, vão ser abordadas as questões mais frequentes na hora da muda da fralda: Que produtos devemos utilizar? Como devemos colocar a fralda? Qual o tamanho mais adequado para o bebé? As enfermeiras especialistas em Saúde Infantil e Pediatria Ana Gaspar e Diana Calaia, da Aventura do Cuidar, vão explicar tudo sobre este processo, que deve acontecer com frequência sempre que a fralda estiver suja ou molhada, nomeadamente como podem proteger a pele do rabinho e como podem colocar a fralda de forma a não incomodar o bebé.

E porque existem algumas particularidades na anatomia do aparelho respiratório do bebé, existindo um maior risco de desenvolvimento de patologias, a enfermeira Luciana Rodrigues, especialista em reabilitação respiratória da Alívio em Respirar, vai ajudar os pais a identificar os principais sintomas de infeção.

Neste dia as grávidas também vão ter direito a um momento dedicado à sua saúde oral, com a médica dentista e autora do blog Dente a Dente Inês Guerra Pereira, que vai explicar como evitar complicações dentárias na gravidez.

Em ambos os eventos, serão abordados os benefícios e características das células estaminais do cordão umbilical do bebé, assim como as atuais aplicações clínicas e futuros desenvolvimentos, com as conselheiras em células estaminais da Crioestaminal Sofia Figueiredo e Joana Gomes.

Por fim, e porque setembro é o mês da grávida, uma das participantes destes eventos vai ter a oportunidade de receber uma mala de maternidade. As inscrições estão disponíveis nas plataformas.

Programa inclui sessões de trabalho e atividades desportivas e culturais
A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) organiza a 2.ª edição do ‘Programa de Liderança em Diabetes’ entre os...

“É importante fomentar a vontade que estes jovens possam ter de se tornarem líderes e referências, principalmente na área da saúde.”, refere José Manuel Boavida, presidente da APDP, acrescentando: “E quem melhor para defender os direitos das pessoas com diabetes do que os seus pares? Daí a importância de empoderar estes jovens com diabetes”. 

Desde comunicação em saúde e relações com a indústria farmacêutica a desenvolvimento pessoal e angariação de fundos, entre muitas outras temáticas, o programa da APDP possibilita o desenvolvimento de capacidades de liderança. O objetivo passa por incentivar os jovens a colocar em prática os novos conhecimentos, especialmente, nas associações de pessoas com diabetes e em atividades para a defesa dos seus interesses e direitos. Este ano os participantes vão ainda ser desafiados a planear e desenhar um projeto de intervenção. 

As sessões de trabalho serão dinâmicas e contam com apoio de formadores, profissionais de diversas áreas e também pessoas com diabetes que frequentaram os programas de liderança europeus e mundiais da Federação Internacional de Diabetes. 

Além da parte mais pedagógica, o programa inclui uma componente mais lúdica e cultural, com passeios e atividades enquadradas no mesmo local. Guarda ainda espaço para momentos de atividade física essenciais para a promoção de estilos de vida saudável. 

Para consulta do programa completo ou mais informações, visite a página oficial da APDP, https://apdp.pt/2-programa-de-lideranca-em-diabetes/.  

Sinais de alerta
A Fibrose Pulmonar é uma patologia subdiagnosticada, devido ao pouco conhecimento que ainda existe a

Numa fase precoce da doença, os doentes têm uma diminuição ligeira da capacidade de esforço, o que ainda lhes permite autonomia e qualidade de vida. Mas com a progressão da mesma, associada a uma diminuição daquela mesma capacidade e a uma sensação de asfixia, a limitação e a dependência serão cada vez mais acentuadas. Isabel Saraiva, Presidente da Associação Respira, refere que viver com Fibrose Pulmonar “é muito desafiante, tanto para os doentes, como para os seus familiares e cuidadores, uma vez que tarefas básicas do dia-a-dia, como caminhar pequenas distâncias, carregar pesos ou realizar tarefas domésticas apresentam grandes dificuldades para estes doentes”. 

Dispneia de esforço (intolerância crescente a esforços) e/ou tosse seca são sinais de alerta que carecem de atenção no que diz respeito à Fibrose Pulmonar. Porém, são sintomas que podem ocorrer em doenças cardíacas ou outras doenças respiratórias mais prevalentes, “o que é uma das maiores causas do reconhecimento tardio das doenças pulmonares fibróticas”, refere o António Morais, presidente da SPP. “A literacia em saúde em Portugal tem de ter um impulso significativo e a informação sobre as doenças raras, nomeadamente os sintomas de alerta devem ter um particular enfoque. Relativamente aos profissionais de saúde, é importante manter a sensibilização que numa dispneia de esforço a fibrose deve estar na equação do diagnóstico diferencial”, acrescenta.

Assim, “a terapêutica permite, pelo menos, diminuir a dinâmica da evolução, atrasando-a de forma significativa. A importância de realizar um diagnóstico atempado prende-se com a necessidade de colocar a terapêutica o mais precocemente possível, visto que, quando falamos de doenças progressivas, a progressão/agravamento da doença não é recuperável”, afirma António Morais. 

Apesar de haverem já progressos nesta área, ainda há um longo caminho a percorrer. José Alves, refere que “o número de doentes é crescente e isso tem um impacto significativo quer em recursos de diagnóstico quer no tratamento. Este crescimento está ligado ao facto de que um crescente número de Hospitais terem profissionais dedicados a esta área da Pneumologia”. Por outro lado, António Morais admite que a população deverá ser cada vez mais “sensibilizada para não desvalorizar os sintomas de apresentação, nomeadamente a intolerância ao esforço. Já os médicos, deverão ter este grupo de doenças como hipótese quando abordam o doente com queixas de dispneia de esforço e/ou tosse seca”.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
E o que deve ser reivindicado, classificado como Deficiência Auditiva Incapacitante?
Qual a surdez que deverá ser classificada como incapacitante? Surdez moderada, severa?

Panorama global sobre o impacto da surdez no Mundo:

Cinco por cento da população mundial apresenta algum tipo de surdez, diz um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentado em março de 2019. Pode-se pensar que é uma percentagem baixa. No entanto, esses cinco por cento representam 466 milhões de pessoas. Para se ter uma ideia: é como se toda a população dos Estados Unidos e México, juntas, sofressem de surdez. E, em 2050, a ONU calcula que, haverá no mundo cerca de 900 milhões de pessoas com perda auditiva.

A surdez é classificada em diferentes graus, que variam de leve a profundo. A gravidade da perda auditiva é determinada pela capacidade da pessoa de ouvir sons suaves. A surdez pode ser considerada incapacitante quando interfere significativamente na comunicação e na qualidade de vida da pessoa.

A surdez é frequentemente classificada em percentagem de perda auditiva, que varia de acordo com o nível de dificuldade em ouvir sons. Por exemplo, uma perda auditiva de 20-40% é considerada leve, enquanto uma perda de 41-55% é moderada. A perda auditiva de 56-70% é classificada como severa, e acima de 70% é considerada profunda.

A classificação mais simples e comumente usada, classifica a audição em 5 níveis:

  • Audição Normal: Limiares auditivos baixo de 25 dB
  • Perda Auditiva Leve: Limiares acima de 25 abaixo de 40dB
  • Perda Auditiva Moderada: Limiares acima de 40 abaixo de 70dB
  • Perda Auditiva Severa: Limiares acima de 70 abaixo de 90dB
  • Perda Auditiva Profunda: Limiares acima de 90dB

(Para melhores, informação e compreensão, sugere-se a leitura do "Guia de Orientações na Avaliação Audiológica Básica" brasileiro e escrito em português, no link: http://fonoaudiologia.org.br/comunicacao/manual-de-audiologia/).

NOTA: É importante dizer que basta que, embora a audiometria teste o limiar auditivo em diversas frequências (entre os agudos e os graves), basta que uma dessas frequências esteja alterada para que a pessoa seja classificada como portadora de uma perda auditiva.

A perda auditiva unilateral, ou surdez unilateral (SSD), é definida como a perda auditiva profunda de um ouvido com audição praticamente normal do outro lado. As principais causas relacionadas com a surdez unilateral (e também bilateral) são ototoxicidade (toxicidade ao ouvido interno), doença de Ménière, trauma, infeção da orelha interna (secundários a uma labirintite, otite média, meningite), otosclerose, tumores (schawnomas, neurinomas e outros), doenças circulatórias (como o AVC – acidente vascular cerebral), doenças metabólicas, surdez súbita, fatores genéticos dentre outros.

Estima-se que um em cada 500 recém-nascidos e 1 a 3% das crianças tenham perdas auditivas assimétricas. Essa prevalência aumenta com o envelhecimento da população. Em adultos, estima-se que ocorra 200 casos novos de surdez unilateral por cada milhão de pessoas no mundo a cada ano, representando cerca de 50 a 60 mil casos novos nos Estados Unidos e 9 mil no Reino Unido.

Portugal é um dos países que inclui a surdez unilateral como uma incapacidade e, portanto, se dispõe de auxílios e da possibilidade de tratamento no Sistema Nacional de Saúde (SNS). A surdez unilateral pode ser incapacitante e ter grande impacto na vida das pessoas, uma vez que algumas das principais habilidades do sistema auditivo fica comprometida.

Praticamente todo o nosso dia a dia decorre em ambientes onde há ruído competidor, oriundo de máquinas, conversas, músicas, automóveis, e, portanto, a capacidade de compreensão auditiva diminui drasticamente em pessoas com surdez unilateral. Normalmente, as pessoas com surdez unilateral conseguem, de maneira limitada, se adaptarem às mais diversas situações. Em reuniões, tendem a se posicionar da forma que o melhor ouvido fique direcionado para onde acontece a conversa, ou até utilizam a leitura labial como auxílio.

De acordo com a OMS (a Organização Mundial de Saúde):

Mais de 5% da população mundial – ou 430 milhões de pessoas – necessitam de reabilitação para resolver a sua perda auditiva incapacitante (432 milhões de adultos e 34 milhões de crianças). Estima-se que até 2050 mais de 700 milhões de pessoas – ou 1 em cada 10 pessoas – terão perda auditiva incapacitante.

A perda auditiva ‘incapacitante’ refere-se à perda auditiva superior a 35 decibéis (dB) no ouvido com melhor audição. Quase 80% das pessoas com perda auditiva incapacitante vivem em países com um nível de vida bastante condicionado e inferior. A prevalência da perda auditiva aumenta com a idade, entre aqueles com mais de 60 anos, mais de 25% são afetados por perda auditiva incapacitante.

Atendendo a legislação em vigor atual, considera-se "Indivíduo com Deficiência", aquele que apresenta um grau de invalidez permanente, devidamente comprovado pela entidade competente, igual ou superior a 60%. Através do Atestado de Incapacidade Multiusos, que pode ser avaliado por Junta Médica no Centro de Saúde, na apresentação de relatórios e exames médicos que comprovem invalidez permanente ou deficiência(s).

Para se atingir a incapacidade IGUAL a 60%, o indivíduo terá de portar uma surdez de severa a profunda, bilateral, em que a taxa de incapacidade está determinada por 30% para a surdez total em cada um dos ouvidos. Isto quer dizer, que não abrange e tão injustamente, os outros casos de surdez que possam ser incapacitantes e relevantes.

A incapacidade igual (ou acima) de 60% dá acesso a vários benefícios, entre os quais:

  • Isenção de taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde (SNS)
  • Transporte não urgente de doentes
  • Atendimento prioritário
  • Benefícios fiscais (IRS, entre outros)
  • Isenção do Imposto Automóvel
  • Proteção e apoios sociais.

(Consultar o "Guia Prático: Os Direitos das Pessoas com Deficiência em Portugal", para mais detalhes em https://www.portugal.gov.pt/download-ficheiros/ficheiro.aspx?v=%3D%3DBAAAAB%2BLCAAAAAAABACzMDW0AAAFlyTYBAAAAA%3D%3D).

Uma das maiores discussões é saber com critério e rigor quando a surdez pode ser definida como incapacitante. Esta definição ajudaria a conhecer e a classificar, assim como a atribuição dos benefícios e dos direitos às pessoas com deficiência auditiva, perante determinado cenário. Um dos benefícios deveria ser o direito global e universal à comparticipação total na aquisição de próteses e implantes auditivos, e posterior manutenção, troca/substituição (em caso de avarias), através do SNS. Depois, poderá haver acesso à comparticipação na compra de outros acessórios e serviços complementares de apoio à escuta. Outros benefícios poderiam ser considerados, em conformidade com uma legislação mais abrangente, que não se propusesse, e não fosse tão somente condicionada ou resumida ao limiar de grau de incapacidade igual ou superior a 60%. Deveremos ou faz sentido discutir, a possibilidade de existir o apoio quanto ao que é determinado no limiar quando é abaixo dos 60%, por exemplo, progressivo, tal como na tabela das incapacidades está definido para a surdez?

Propõe-se que seja feita esta análise com alguma sensibilidade pelas entidades competentes, discutido pelas entidades governamentais, e que possa ser estudada a sua viabilidade. Um estudo que deveria ser apoiado nas várias vertentes, e não apenas na económica. E como conciliar com o novo panorama europeu e internacional, na sua uniformização, sendo que se pretende lançar atualmente um Cartão Europeu de Deficiência, comum aos parceiros e membros europeus (quais os itens a considerar, ou a expor? - tipo e grau de incapacidade, ou de surdez, se abranger só a deficiência auditiva).

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XLI Reunião Anual da Sociedade Espanhola de Epidemiologia (SEE) e XVIII Congresso da Associação Portuguesa de Epidemiologia (APE)
Num mundo em mudança, sob o desafio das alterações climáticas e da degradação ambiental, a epidemiologia desempenha um papel...

O aquecimento global, a gentrificação, as desigualdades, bem como fenómenos sociopolíticos e de saúde pública imprevistos são algumas das ameaças que, neste momento, colocam em risco a saúde da população. Longe de serem inofensivos, têm consequências importantes, como o aumento da mortalidade relacionada com o calor, a deterioração da saúde mental ou os efeitos nocivos da pobreza urbana e da gentrificação.

Perante esta situação e segundo os especialistas, a epidemiologia de campo adquire grande relevância por estar na linha de frente da resposta aos alertas e emergências sanitárias. No entanto, para cumprir esta missão, a epidemiologia deve desenvolver todo o seu potencial e aproveitar as oportunidades oferecidas pela inovação, pelas novas tecnologias e pela multidisciplinaridade. Ou seja, deve adaptar-se para poder enfrentar o futuro.

“O futuro da epidemiologia de campo requer uma revisão crítica do presente, resolvendo os problemas que temos pendentes e aplicando uma abordagem mais integradora e colaborativa com outras disciplinas e atores”, afirma Pello Latasa, chefe de vigilância em saúde pública da Direção de Serviços Públicos, Saúde e Dependências do Governo Basco. Latasa participou na mesa de abertura juntamente com Ana Isabel Ribeiro, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto; Iván Martínez-Baz, Miguel Servet investigador de pós-doutoramento no Instituto de Saúde Pública e Ocupacional de Navarra – IdiSNA, CIBER de Epidemiologia e Saúde Pública e Isabel Aguilar Palacio, do Grupo de Pesquisa em Serviços de Saúde de Aragão. A mesa foi moderada por Maria João Forjaz, vice-presidente da Sociedade Espanhola de Epidemiologia (SEE) e Elisabete Ramos, atual presidente da Associação Portuguesa de Epidemiologia.

O futuro prepara-se no presente

Embora o papel dos epidemiologistas tenha sido reforçado durante a pandemia da COVID-19, ganhando visibilidade, o seu trabalho será ainda mais importante nas próximas décadas. Será então que a humanidade enfrentará desafios como as sindemias, em que vários desafios convergem simultaneamente: movimentos massivos de pessoas, escassez de água potável, desertificação, migrações devido a desastres naturais, alterações no ecossistema, maior presença de mosquitos que podem espalhar doenças ...

“A globalização e a digitalização aproximaram os países, tornando-os mais semelhantes e interdependentes. Portanto, os padrões das doenças e a distribuição dos fatores de risco também são mais semelhantes entre os países”, explica Ana Isabel Ribeiro, que lembra que nos últimos anos o planeta tem vivido vários eventos conhecidos como ‘cisnes negros’, ou seja, eventos raros, mas com profundos impactos sociais. “A imprevisibilidade destes acontecimentos refletiu-se na falta de preparação a nível global para enfrentar estes problemas e as suas consequências”, acrescenta.

Segundo os especialistas, a epidemiologia do futuro deve aprofundar-se nos determinantes ambientais e sociais da saúde, melhorar a comunicação dos riscos, desenvolver a capacidade de colaborar e liderar projetos com outros setores, bem como incorporar novos métodos estatísticos e desenhos de estudos de investigação.

Segundo Ana Isabel Ribeiro, a epidemiologia deve ser multiescalar, adaptável, inclusiva e sustentável. Multiescalar para poder focar-se na realidade planetária, mas também local; adaptável para lidar com mudanças constantes; inclusivo para ter em conta as desigualdades existentes e que as decisões tomadas possam beneficiar toda a população, independentemente do seu nível socioeconómico, género, idade, grau de deficiência ou nacionalidade; e sustentável para enfatizar o estudo das interações entre o homem, os animais e o meio ambiente.

Uma procura crescente por profissionais de epidemiologia em Espanha

Apesar dos muitos desafios que temos pela frente, Latasa acredita que a epidemiologia de campo pode ser uma disciplina altamente atrativa e gratificante para os jovens. No entanto, aqueles que trabalham nesta área encontram-se com salários mais baixos do que outros profissionais de saúde, dificuldades no acesso à profissão porque o seu acesso à formação é mal regulamentado e condições de trabalho e salariais que variam muito entre as diferentes instituições públicas.

Embora não existam dados oficiais sobre quantas pessoas se dedicam à epidemiologia em Espanha, o número de profissionais dedicados à vigilância da saúde é de 1,2 por 100.000 habitantes; embora durante a pandemia esse número tenha crescido para 3,8/100 mil habitantes. Neste sentido, Pello Latasa assegura que “é provável que exista uma procura crescente de profissionais de epidemiologia em Espanha devido à crescente complexidade das ameaças e riscos para a saúde pública”. Para satisfazê-lo, defende o aumento do número de pessoas formadas em epidemiologia e o aumento do número de empregos em epidemiologia, tanto no sector público como no privado.

Considera ainda que é importante “melhorar a formação do pessoal” que já trabalha nesta área para que se possa manter atualizado e enfrentar os desafios de saúde pública do século XXI”, apontando aspetos como as novas tecnologias de informação e análise, inteligência artificial, 'big data' ou comunicação de risco.

Nesse sentido, Ribeiro reconhece o grande esforço que os epidemiologistas e epidemiologistas e as instituições que os acolhem têm feito para comunicar o conhecimento. A investigadora realça que a população confia na ciência e nos cientistas, embora algumas idiossincrasias do trabalho científico ainda não sejam compreendidas, como a incerteza, a complexidade metodológica ou a linguagem excessivamente técnica. “Ainda há trabalho a fazer para que o papel dos cientistas seja compreendido pela população em geral, embora a cultura científica seja muito superior à de há duas ou três décadas”, conclui.

Próximas mesas e encerramento

Quinta-feira, 7 de setembro, às 11h00, está prevista uma mesa plenária para falar sobre a má conduta científica, como detetá-la e o papel que as revistas e instituições científicas desempenham. À tarde, às 15h, está marcada a outra mesa plenária: ‘Registo eletrónico: ferramenta para a investigação clínica epidemiológica’. Discutirá o papel dos biobancos no estudo longitudinal de doenças crônicas não transmissíveis e a eficácia da vacina COVID-19 com base em registos eletrónicos.

Na sexta-feira, 8 de setembro, às 12h. Um painel sobre como a epidemiologia tem contribuído para as opções de política de saúde dará o toque final a este encontro científico que começou terça-feira na cidade portuguesa.

Retoma das negociações
O Sindicato dos Enfermeiros – SE e o Ministério da Saúde retomam sexta-feira, dia 08 de setembro, pelas 11h30, as reuniões com...

Em causa está a proposta do Governo de reforma dos Cuidados de Saúde Primários. “Temos sérias reservas sobre esta medida, uma vez que reformar os cuidados primários não se faz apenas com a atribuição de mais médicos de família”, alerta Pedro Costa. O dirigente do Sindicato recorda que, atualmente, “há cerca de 1,6 milhões de portugueses sem equipa de saúde atribuída, isto é, sem médico nem enfermeiro de família e, claro, sem secretários clínicos”.

“As pessoas esquecem-se que não basta atribuir médico de família, isso nada resolve se o utente não tiver também atribuído um enfermeiro de família e se estes dois profissionais não tiverem o apoio de um secretário clínico”, explica Pedro Costa.

O presidente do SE recorda que “não está só em causa a melhoria das condições salariais, é também preciso melhorar as condições de trabalho”. “Se uma equipa de saúde não estiver completa, e os enfermeiros, por exemplo, têm cada vez mais tarefas burocráticas atribuídas, dificilmente vão conseguir prestar cuidados de saúde de qualidade a tempo e horas a todos os portugueses”, adianta.

Adicionalmente, para o Sindicato dos Enfermeiros, é igualmente importante trabalhar a conclusão do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). “Somos a única profissão da área da Saúde que não tem em vigor um ACT e desde 2017 que aguardamos que sejam retomadas e concluídas as negociações”, frisa Pedro Costa.

Depois, salienta, “há todo um outro conjunto de temas que tem de ser resolvido e que deve ser calendarizado, se não vamos andar aqui apenas a cumprir calendário e a dizer aos portugueses que estamos a negociar, o que não corresponde à realidade”. Em causa a atribuição de um dia de férias adicional por cada 10 anos de vínculo com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) por parte dos contratos individuais de trabalho, tal como acontece com os colegas com contrato de trabalho em funções públicas. “É inadmissível este tipo de barreiras entre enfermeiros que trabalham lado a lado”, sustenta Pedro Costa.

“Pretendemos também que seja revista a aplicação restritiva do Decreto-lei n.º 80-B/2022, que define os termos das avaliações do desempenho dos enfermeiros, e que seja encontrada uma norma que uniformize a aplicação desta legislação, para que todos os enfermeiros progridam na carreira de forma igual, sejam mais novos, mais velhos ou mais diferenciados”, ficou o Ministério de Saúde conjuntamente com a ACSS de agendar as reuniões técnicas, que visam resolver este problemas mas até hoje desde a reunião de 18 de agosto não temos novidades, justifica Pedro Costa.

O presidente do SE adianta, ainda, que também a progressão na carreira tem de ser revista, uma vez que “temos cada vez mais enfermeiros acabados de entrar na profissão a ganhar exatamente o mesmo que aqueles colegas que estão na Enfermagem há 20 ou 30 anos”.

No entender do dirigente, “questões como a carreira, a especialização, o reconhecimento do risco e penosidade, desgaste rápido e a dedicação ao SNS têm de ser valorizadas e recompensadas, também monetariamente”. “O próprio ministro da Saúde já reconheceu, na comunicação social, que não é admissível ter enfermeiros mais novos a ganhar o mesmo, ou mais, do que aqueles que têm já uma carreira longa ou que investiram numa especialização para colmatar as necessidades em saúde dos portugueses”, frisa Pedro Costa.

“Mais uma vez e quando temos à porta o arranque da campanha de vacinação sazonal, a DGS anuncia que vamos ter vacinas para todos os portugueses, acreditamos que contará mais uma vez com os Enfermeiros, a trave-mestra em todos os sistemas de saúde do mundo a nível vacinal, sabemos que vamos contar com o agradecimento de todos os portugueses, mas não vivemos de palmas à janela”, afirma o dirigente.

Consulta do pé diabético
A Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte) acaba de anunciara a abertura de Bolsa de Contratação de Podologistas...

O Ministério da Saúde aposta na Consulta Multidisciplinar do Pé Diabético com integração da podologia nos cuidados primários de saúde de forma a reduzir as taxas de amputação do pé diabético. A presença do podologista na consulta do pé diabético especializada na avaliação, orientação e prevenção de patologias do pé, assim como o seu tratamento, vai permitir reduzir inequivocamente esta catástrofe.

Para além dos 15 hospitais públicos com consulta de podologia o SNS reforça os cuidados de saúde primária na atenção ao Pé Diabético.

“O pé diabético é visto como a principal causa de amputação da extremidade inferior, mais do que uma complicação da diabetes, deve ser considerado como uma condição clínica complexa, que pode acometer os pés e, ou tornozelos de indivíduos diabéticos. Assim, pode reunir perda da sensibilidade dos pés, a presença de feridas complexas, deformidades, limitação de movimento articular, infeções, amputações, entre outras” afirma Manuel Portela, Presidente da Associação Portuguesa de Podologia (APP). 

A abordagem deve ser especializada e deve contemplar um modelo de atenção integral (consciencialização e educação, qualificação do risco, investigação adequada, tratamento apropriado das feridas, cirurgia especializada, aparelhamento customizado e reabilitação integral), objetivando a prevenção e a restauração funcional da extremidade. Dados epidemiológicos demonstram que o pé diabético é responsável pela principal causa de internamento do portador de diabetes. 

A previsão para o ano de 2025 é de mais de 450 milhões de portadores de diabetes, destes, pelo menos 25% vão ter algum tipo de comprometimento significativo nos seus pés. Atualmente, estima-se que, mundialmente, ocorram duas amputações por minuto à custa do pé diabético sendo que 85% destas são precedidas por úlceras.

Estima-se que 15% dos doentes diabéticos desenvolvem uma úlcera nos membros inferiores durante os anos de doença e que 85% das amputações têm um historial de úlceras diabéticas. As complicações que ocorrem nos pés destes doentes vão proporcionar uma diminuição da qualidade de vida destes indivíduos e um grande custo aos serviços de saúde.

A taxa média de amputação do pé diabético em Portugal é de 5,4 por 100 mil habitantes. A zona Norte do país tem uma taxa de 3,4 /100 mil habitantes, de acordo com o Observatório Nacional da Diabetes.

Uma amputação no pé implica custos que podem atingir os 25 mil euros, estimando-se que os custos com as amputações em Portugal podem chegar aos 25 milhões de euros por ano. Despesas diretas com a cirurgia, reabilitação do pé e do doente, abstinência laboral e os transportes são os fatores que mais pesam no orçamento da Saúde e da Segurança Social com as amputações dos doentes diabéticos. 

“Esta medida é um forte investimento na melhoria da saúde da população, especialmente dos doentes diabéticos, permitindo melhor mobilidade, menos incapacidade e certamente com menos amputações” conclui Manuel Portela.

 

Dia 22 de setembro
Pelo quarto ano consecutivo, a Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) organiza uma nova edição das Jornadas Nacionais...

Para refletir sobre as doenças hemato-oncológicas a nível nacional, esta edição irá abranger vários painéis de debate para abordar temas como o estado de arte da hematologia em Portugal, os direitos dos doentes e o estudo Patient Voice, que vai ser apresentado na sessão.

O evento vai incluir intervenções de representantes de entidades de referência do panorama nacional da área das doenças hemato-oncológicas, como a European Hematology Association e o Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa. Terá ainda a contribuição de doentes, que vão dar o seu testemunho, e especialistas de outras áreas, como dermatologia, direito e psicologia, para expor outras vertentes relevantes associadas às doenças hemato-oncológicas. A apresentação e moderação da sessão ficará a cargo do jornalista Paulo Farinha. 

A participação é gratuita, mas requer inscrição prévia, que deve ser feita online, aqui: https://apcl.eventkey.pt/geral/inseririnscricao.aspx?evento=5&formulario=10&redirect=true.

A quarta edição das Jornadas Nacionais Virtuais da APCL conta com o apoio da Abbvie, Amgen, AstraZeneca, Gilead, Kite, Janssen, Kyowa Kirin, Novartis, Roche, Sebia e Takeda.

Aumento reflete o peso ‘insignificante’ dos seguros de saúde e subsistemas de saúde
Os pagamentos diretos das famílias portuguesas em produtos e serviços de saúde disponibilizados nas farmácias (que representa...

Se no início do século as despesas de saúde em farmácia eram asseguradas em 46% pelo SNS e 39% pelas famílias portuguesas, vinte anos depois, o peso de ambas aproxima-se e o crescimento de 3% (para o SNS) é acompanhado pelo dobro do crescimento para as famílias portuguesas (6%). O peso de 49% e 45% (SNS e famílias, respetivamente) atingido em 2020 reflete não só o peso ‘insignificante’ dos seguros de saúde e subsistemas no pagamento da despesa em medicamentos dispensados nas farmácias comunitárias – que caiu de 16% em 2000 para apenas 5% em 2020 (correspondendo a valores absolutos de 372M€ e 163M€, respetivamente) – mas sobretudo evidenciam uma potencial desproteção financeira crescente da população face a este tipo de despesa. É uma evolução que ocorre mesmo na presença de uma tendência de menores preços de medicamentos dispensados em farmácias comunitárias (notória nos anos seguintes a 2011).

O aumento das despesas de saúde em farmácias comunitárias, e do peso relativo dos pagamentos diretos das famílias e das comparticipações do SNS, resulta da conjugação de vários fatores:

Aumento do consumo: entre 2003 e 2022, o número de embalagens de medicamentos dispensadas em farmácias comunitárias aumentou 40%

Efeito preço: dependente não só da quota de genéricos, que tem vindo a estabilizar nos últimos anos, mas também do estabelecimento de preços resultante de perca de patentes, introdução de novos genéricos ou de novos medicamentos de marca no mercado

Comparticipações: a comparticipação de medicamentos do SNS atingiu o seu máximo em 2010 (71,9%) tendo decrescido para 62,5% em 2014.  Desde então, a taxa média de comparticipação nunca regressou ao valor histórico mencionado e desde 2015 tem se verificado um aumento gradual da taxa média de comparticipação de medicamentos.

‘Ao longo do período analisado, verifica-se que o aumento do consumo contribuiu para aumentar os encargos com medicamentos em 37%. Em sentido inverso, a redução dos preços verificada neste período contribuiu para uma redução dos encargos em 16%. Assim, a conjugação destes dois efeitos resultou num aumento dos encargos em 21%’ referem os investigadores que concluem ‘o crescimento do consumo de medicamentos surge como o principal determinante do aumento da despesa com medicamentos – quer os encargos cobertos pelo SNS, quer os encargos dos utentes. Em termos quantitativos, este efeito é substancialmente superior a efeitos que decorram de variações de preços ou de taxas de comparticipação.’

 

Dia Internacional da Consciencialização para a CBP assinala-se a 10 de setembro
A Colangite Biliar Primária (CBP) é uma doença crónica cuja causa ainda está por identificar.

A CBP é silenciosa e na maioria dos doentes demora um longo período, por vezes de vários anos, até apresentar sinais, podendo, contudo, começar a ganhar “voz” através de um conjunto vasto de sintomas, onde se destaca a comichão na pele (prurido), que é muitas vezes desvalorizada, mas que afeta tremendamente a qualidade de vida do doente.

Pode, ainda, manifestar-se por cansaço excessivo, secura dos olhos e da boca; dor na região abdominal direita, nos ossos, nas articulações e nos músculos; náuseas ou diarreia; mais tardiamente, podem também surgir olhos e pele amarelados (icterícia), urina escura, inchaço do baço ou acumulação de líquido no abdómen (ascite).

Ainda assim, a sua deteção pode ser feita precocemente, através de análises ao sangue, ao detetar alteração das análises hepáticas, principalmente da fosfatase alcalina.

É de notar que a CBP tem uma maior expressão em mulheres em idade ativa, entre os 40 e 60 anos de idade, daí dever ser sempre considerada esta hipótese diagnóstica em mulheres desta faixa etária que apresentem sintomas suspeitos ou alterações das análises hepáticas. Foram identificados outros fatores de risco como a predisposição genética (é mais frequente em pessoas que tenham familiares com esta doença), sofrer de outra doença autoimune e a presença de certas infeções, como é o caso de infeções repetidas das vias urinárias.

Existe tratamento para a CBP, que não consegue ainda a cura da doença, mas evita, na maioria das vezes, a sua complicação mais temível, que é a evolução para cirrose hepática. A cirrose é a quarta maior causa de morte precoce em Portugal e, em muitos casos, só é solucionada através do transplante de fígado.

Neste Dia Internacional da Consciencialização para a Colangite Biliar Primária, o trabalho de casa é simples: se tem cansaço inexplicado ou prurido, ou se está nalguma das situações de risco, fale com o seu médico. Não espere até outros sintomas aparecerem, porque nessa altura já pode ser tarde para o seu fígado.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
“Quebrando Barreiras"
A Associação Portuguesa de Neuromusculares (APN), junta-se ao movimento global proposto pela World Duchenne Organization (WDO),...

“As pessoas que vivem com Distrofia Muscular de Duchenne e Becker (DMD/BMD) enfrentam barreiras físicas, de saúde e sociais. Isso limita severamente a sua capacidade de participar plenamente na vida e nas atividades comunitárias. Desta forma, é importante consciencializar a população para a existência desta doença, pedindo que também assumam a responsabilidade e que nos ajudem a quebrar barreiras para as pessoas que vivem com DMD/BMD. Somente juntos, podemos criar uma sociedade inclusiva e construir um futuro melhor”, realça Joaquim Brites, presidente da APN.

E acrescenta: “Alguns exemplos de tópicos destinados a quebrar barreiras na DMD incluem o acesso aos cuidados médicos, nomeadamente à reabilitação, tornando-os abrangentes e acessíveis para estas pessoas possam gerir melhor sua condição física e melhorarem a sua qualidade de vida; aos espaços públicos, como escolas, locais de trabalho e centros comunitários, garantindo a acessibilidade para todos; à informação sobre os desafios enfrentados pelos indivíduos portadores de DMD/BMD; ao envolvimento da comunidade, incentivando os indivíduos com DMD/BMD a participarem em atividades comunitárias e a fornecerem recursos e apoio para os ajudar a fazê-lo; às oportunidades que permitem encontrar e manter os seus empregos, à educação e formação inclusivas que permitam que estas pessoas frequentem escolas regulares e participem plenamente na experiência educativa e académica”

O dia 7 de setembro foi instituído em 2014 como o Dia Mundial para a Consciencialização da Distrofia Muscular de Duchenne. Em Portugal, e em todos os lugares do mundo, a data assinala-se com eventos variados, conferências científicas e outros acontecimentos que pretendem chamar à atenção para a existência da doença e para a sua identificação, de forma cada vez mais precoce. 

A Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) é uma doença genética, ligada ao cromossoma X, que afeta 1 em cada 3.500 crianças do sexo masculino. No entanto, na edição de 2022, dedicada ao tema “As mulheres e a Duchenne”, pretendeu-se alertar a sociedade para o facto de, muito raramente, afetar também as mulheres. Estas, com dois cromossomas X, são, normalmente, assintomáticas e apenas portadoras e transmissoras da doença. Mas podem ser portadoras, sintomáticas, afetadas por algumas alterações capazes de condicionar o seu quotidiano.

Se a sua criança apresentar dificuldades em levantar-se do chão, de subir escadas, cansaço fácil, problemas respiratórios, insuficiência cardíaca ou cai facilmente, consulte o seu médico e peça um diagnóstico genético.

“Diretrizes para a promoção de cidades saudáveis”
Na próxima quinta-feira (7), pelas 14h30, vai decorrer, no Colégio da Trindade da Universidade de Coimbra (UC), a apresentação...

O estudo foi desenvolvido no âmbito do Instituto Virtual para a Saúde e Bem-Estar da EC2U – Campus Europeu de Cidades Universitárias, que junta a UC, a Universidade de Poitiers (França), a Universidade Friedrich Schiller de Jena (Alemanha), a Universidade Alexandru Ioan Cuza de Iasi (Roménia), a Universidade de Salamanca (Espanha), a Universidade de Pavia (Itália) e a Universidade de Turku (Finlândia). Foi coordenado pela docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da UC, Paula Santana.

Durante a sessão, vão ser apresentados os constrangimentos associados à governança local na área da saúde e as diretrizes e recomendações para os governos locais na criação de cidades saudáveis. O encontro pretende ainda discutir o papel dos municípios e da articulação intersectorial na promoção da saúde, contribuindo, deste modo, para o reforço da colaboração entre as instituições, em torno de objetivos e projetos comuns que promovam a saúde urbana e o envelhecimento saudável. Pretende-se ainda que a sessão sirva para refletir sobre os desafios e problemas que afetam a saúde da população e os domínios de intervenção prioritários para promover o envelhecimento ativo e saudável.

A abertura da sessão vai ser conduzida pelo Reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, e pelo Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva.

Segue-se a conferência “A Cidade Saudável: do referencial à ação política”, proferida por Paula Santana. Logo a seguir, vai decorrer a apresentação dos resultados do estudo, conduzida pela investigadora do CEGOT da UC, Ângela Freitas, que vai contar com os comentários do diretor executivo do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Baixo Mondego e médico de família, José Luís Biscaia.

O encerramento da sessão vai ser feito pelo Vice-Reitor da UC para as Relações Externas e Alumni, João Nuno Calvão da Silva.

Vão marcar presença na sessão vários atores locais, nomeadamente representantes de vários municípios.

Biossensor determina a gravidade do traumatismo
Uma equipa de 13 estudantes da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa | NOVA FCT é a vencedora do...

O TCE afeta 1,5 milhões de pessoas anualmente na Europa. Apesar da maioria destes traumatismos serem ligeiros (por norma, 90% dos casos), os doentes que dão entrada nas urgências têm que fazer um procedimento dispendioso como um TAC. A solução da equipa da NOVA FCT, desenvolvida em laboratório, é um biossensor para determinar a gravidade do traumatismo com apenas uma gota de sangue – os biossensores são pequenos instrumentos para uma medição rápida de moléculas em fluidos corporais para fins de diagnóstico ou monitorização. Além de diminuir custos do paciente, o biossensor rápido permite reduzir a intervenção de pessoal médico e trazer mais conforto à grande maioria dos doentes de TCE.

O prémio “Desempenho Analítico” foi entregue na Universidade Técnica de Eindhoven, nos Países Baixos. A competição internacional SensUs2023 reuniu estudantes de todo mundo e o júri foi composto por representantes da academia, da indústria e da saúde, que analisaram a criatividade e o potencial de industrialização das soluções apresentadas – o resultado em detalhe.

Os vencedores da competição internacional são liderados por Ricardo Mafra e Diogo Martins, dois estudantes do Mestrado em Engenharia de Micro e Nanotecnologias da NOVA FCT. A equipa de 13 elementos conta ainda com estudantes dos mestrados de Biotecnologia, de Biomateriais e Nanomedicina e de Engenharia Biomédica. A lista completa de vencedores: André Luís, Beatriz Nobre, Chiara La Guidara, Diogo Martins, David Alves, Lara Gonçalves, Matilde Abreu, Mariana Resende, Nuno Ferreira, Ricardo Mafra, Simão Caracho, Sofia Ribeiro e Tomás Mingates.

Os professores Ricardo Franco e Rui Igreja, do UCBIO|i4HB e CENIMAT|i3N, centros de investigação da NOVA FCT, foram os mentores da equipa vencedora. O Departamento de Química e o Departamento de Ciências dos Materiais, financiaram a inscrição no concurso e a empresa LaborSpirit doou consumíveis e reagentes essenciais para o estabelecimento do protótipo.

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