Estudo promovido pelo William James Center for Research do Ispa – Instituto Universitário
O investigador do William James Center for Research do Ispa – Instituto Universitário, Rui Miguel Costa desenvolveu um estudo...

Os resultados da experiência, que avaliou 102 voluntários, permitiram concluir que o consumo de vinho levou a que os participantes se sentissem mais estimulados e com mais prazer, tornando as emoções mais positivas.

De um modo geral, o vinho aumentou o foco de atenção no momento presente, ora diminuindo a consciência do tempo, ora fazendo parecer que o tempo passava mais devagar. A imaginação tornou-se mais vívida e o ambiente ao redor mais fascinante, estimulante; os pensamentos tornaram-se mais originais e criativos. Verificou-se ainda uma sensação de maior proximidade emocional e integração com o ambiente. Algumas pessoas também relataram que a experiência teve aspetos espirituais e que se sentiram ligadas a um poder maior e face a algo de grandioso.

“Sabe-se que o consumo moderado regular de vinho tinto se associa a melhor Saúde Mental, sendo que uma possível razão para tal poderá ser o particular estado de transcendência que o vinho tem o potencial de provocar, quando bebido em ambientes enriquecedores e estimulantes”, refere o investigador do William James Center for Research, Rui Miguel Costa.

O estudo, também desenvolvido pelo investigador da Escola de Turismo e Hospitalidade da Universidade Europeia, Arlindo Madeira, avaliou a alteração da consciência causada por uma dose moderada (mas generosa) de vinho tinto (37 cl. com 14o, correspondentes sensivelmente a 41 gramas de etanol) e realizou-se num wine bar, o exemplo de um local concebido para melhorar a experiência de apreciação do vinho, sendo, portanto, expectável que aqui os efeitos agradáveis sejam também maiores. 

“Há poucos estudos sobre os efeitos positivos do álcool na consciência. Esta lacuna é intrigante na medida em que a maior parte das pessoas bebe álcool, não só para tirar prazer do sabor, mas também para tirar prazer dos seus efeitos na consciência, mesmo quando bebe moderadamente”, adverte o investigador.

Os efeitos positivos descritos neste estudo são congruentes com o que desde há muitos séculos se diz a respeito das velhas tradições ligadas ao vinho: que o vinho tem um poder espiritual, retratado em poesia e aplicado em práticas místicas e religiosas ancestrais.

As conclusões do estudo sobre o consumo de vinho tinto poderá levar a outras linhas de investigação: “É interessente fazer aqui um paralelismo com a terapia psicadélica de que recentemente tanto se fala, pois a investigação científica mostra que a eficácia da terapia psicadélica no tratamento de problemas mentais aumenta, na medida em que aumentam certos efeitos psicoativos que se caracterizem por uma certa transcendência e que são descritos de forma semelhante aos efeitos do vinho bebido no wine bar em que se fez o estudo”, refere o investigador.

Investigação
Uma equipa de neurocientistas da Fundação Champalimaud descobriu um "relógio interno" do c

Desde as reflexões de Aristóteles sobre a natureza do tempo até à teoria da relatividade de Einstein, a humanidade há muito que se questiona: como é que percebemos e compreendemos o tempo? A teoria da relatividade postula que o tempo pode esticar e contrair, um fenómeno conhecido como dilatação do tempo. Tal como o cosmos deforma o tempo, os nossos circuitos neuronais podem esticar e comprimir a nossa experiência subjetiva do tempo. Como Einstein disse na sua famosa piada: "Põe a tua mão num fogão quente durante um minuto e parece uma hora. Senta-te com uma rapariga bonita durante uma hora, e parece um minuto".

Neste novo estudo do Laboratório de Aprendizagem da Champalimaud Research, publicado na revista Nature Neuroscience, os cientistas abrandaram ou aceleraram artificialmente os padrões de atividade neural em ratazanas, distorcendo a sua avaliação da duração do tempo e fornecendo as provas causais mais convincentes até agora sobre a forma como o relógio interno do cérebro orienta o comportamento.

Em contraste com os, mais familiares, relógios circadianos que regem os nossos ritmos biológicos de 24 horas e moldam a nossa vida quotidiana, dos ciclos de sono-vigília ao metabolismo, sabe-se muito menos sobre a forma como o corpo mede o tempo na escala de segundos a minutos. O estudo centrou-se precisamente nesta escala temporal em que se desenrola grande parte do nosso comportamento, quer estejamos à espera num semáforo ou a servir uma bola de ténis.

A Hipótese do Relógio Populacional

Ao contrário do tique-taque exato do relógio centralizado de um computador, o nosso cérebro mantém uma noção de tempo descentralizada e flexível, que se pensa ser moldada pela dinâmica das redes neuronais dispersas pelo cérebro. De acordo com esta hipótese do "relógio populacional", o nosso cérebro mantém a noção do tempo baseando-se em padrões consistentes de atividade que evoluem em grupos de neurónios durante o comportamento.

Joe Paton, o autor sénior do estudo, compara este processo ao de deixar cair uma pedra num lago. "Cada vez que uma pedra é largada, cria ondulações que se irradiam para fora da superfície num padrão repetitivo. Ao examinar os padrões e as posições destas ondulações, é possível deduzir quando e onde a pedra foi largada na água".

"Tal como a velocidade a que as ondulações se movem pode variar, também o ritmo a que estes padrões de atividade progridem nas populações neurais pode mudar. O nosso laboratório foi um dos primeiros a demonstrar uma correlação estreita entre a rapidez ou a lentidão com que estas 'ondulações' neurais evoluem e as decisões dependentes do tempo".

Os investigadores treinaram ratazanas para distinguir entre diferentes intervalos de tempo. Descobriram que a atividade no estriado, uma região profunda do cérebro, segue padrões previsíveis que se alteram a diferentes velocidades: quando os animais reportam um determinado intervalo de tempo como sendo mais longo, atividade evolui mais rapidamente, e quando o reportam como sendo mais curto, a atividade evolui mais lentamente.

No entanto, correlação não implica causalidade. "Queríamos testar se a variabilidade na velocidade da dinâmica de uma população de neurónios do estriado se correlacionava ou regulava diretamente com o comportamento temporal. Para o fazer, precisávamos de uma forma de manipular experimentalmente estas dinâmicas à medida que os animais relatavam julgamentos de tempo".

Desvendar o tempo com a temperatura

"Nunca deitar fora ferramentas antigas", sorri Tiago Monteiro, um dos autores principais do estudo. Para estabelecer a causalidade, a equipa recorreu a uma técnica antiga na caixa de ferramentas dos neurocientistas: a temperatura. "A temperatura foi utilizada em estudos anteriores para manipular a dinâmica temporal de comportamentos, como o canto das aves. O arrefecimento de uma região específica do cérebro abranda o canto, enquanto o aquecimento o acelera, sem alterar a sua estrutura. É como mudar o ritmo de uma peça musical sem afetar as notas em si. Pensámos que a temperatura poderia ser ideal, uma vez que nos permitiria potencialmente alterar a velocidade da dinâmica neural sem perturbar o seu padrão".

Para testar esta ferramenta em ratazanas, desenvolveram um dispositivo termoelétrico personalizado para aquecer ou arrefecer o estriado de forma focal, registando simultaneamente a atividade neural. Nestas experiências, os animais foram anestesiados, pelo que os investigadores utilizaram a optogenética - uma técnica que estimula células específicas através de luz - para criar ondas de atividade no estriado que, de outro modo, estaria adormecido, tal como acontece quando deixamos cair uma pedra num lago. Margarida Pexirra, co-autora principal, refere: "Tivemos o cuidado de não arrefecer demasiado a área, pois isso iria interromper a atividade, nem de a aquecer demasiado, correndo o risco de provocar danos irreversíveis". Descobriram que, de facto, o arrefecimento dilatava o padrão de atividade, enquanto o aquecimento o contraía, sem perturbar o padrão em si.

"A temperatura deu-nos um botão para esticar ou contrair a atividade neural no tempo, pelo que aplicámos esta manipulação no contexto do comportamento", diz Filipe Rodrigues, outro autor principal do estudo. "Treinámos os animais para dizerem se o intervalo entre dois tons/sons era mais curto ou mais longo do que 1,5 segundos. Quando arrefecíamos o estriado, era mais provável que reportassem um determinado intervalo como sendo curto. Quando o aquecíamos, era mais provável que reportassem que o intervalo era longo". Por exemplo, o aquecimento do estriado acelerou a dinâmica da população dos neurónios nesta área, semelhante à aceleração do movimento dos ponteiros de um relógio, fazendo com que os ratinhos julgassem um determinado intervalo de tempo como sendo mais longo do que realmente era.

Dois sistemas cerebrais para o controlo motor

"Surpreendentemente", acrescenta Paton, "apesar de o estriado coordenar o controlo motor, o abrandamento ou aceleração dos seus padrões de atividade neuronal não implica o abrandamento ou a aceleração dos movimentos dos animais na tarefa de forma correspondente. Isto levou-nos a pensar mais profundamente sobre a natureza do controlo do comportamento em geral. Mesmo os organismos mais simples enfrentam dois desafios fundamentais no que respeita o controlo de movimentos. Em primeiro lugar, têm de escolher entre diferentes ações potenciais - por exemplo, se querem andar para a frente ou para trás. Em segundo lugar, depois de escolherem uma ação, têm de ser capazes de a ajustar e controlar continuamente para garantir que é executada de forma eficaz. Estes problemas básicos aplicam-se a todos os tipos de organismos, desde os vermes aos seres humanos".

Os resultados da equipa indicam que o estriado é fundamental para resolver o primeiro desafio - determinar "o que" fazer e "quando" - enquanto o segundo desafio - "como" controlar o movimento em curso - é deixado para outras estruturas cerebrais. Num outro estudo, a equipa está agora a explorar o cerebelo, uma área que alberga mais de metade dos neurónios do cérebro e que está associado à execução contínua, momento a momento, das nossas ações. "Curiosamente", revela Paton, "os nossos dados preliminares mostram que a aplicação de manipulações de temperatura ao cerebelo, ao contrário do que acontece no estriado, afeta o controlo contínuo dos movimentos".

Implicações e direções futuras

Ao fornecer novos conhecimentos sobre a relação causal entre a atividade neural e a função de temporização, os resultados da equipa podem fazer avançar o desenvolvimento de novos alvos terapêuticos para doenças debilitantes como as doenças de Parkinson e Huntington, que envolvem sintomas relacionados com o tempo e um estriado comprometido. Além disso, ao destacar um papel mais específico para o estriado no controlo motor discreto, por oposição ao contínuo, os resultados poderão também influenciar as estruturas algorítmicas utilizadas na robótica e na aprendizagem.

"Ironicamente, para um artigo sobre o tempo, este estudo demorou anos a ser elaborado", comenta Monteiro. "Mas há muito mais mistérios por desvendar. Em primeiro lugar, que circuitos cerebrais criam estas ondas de atividade que marcam o tempo? Que cálculos, para além de manter o tempo, podem essas ondulações efetuar? Como é que nos ajudam a adaptar e a responder de forma inteligente ao nosso ambiente? Para responder a estas perguntas, vamos precisar de muito mais de algo que temos estado a estudar... o tempo".

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Nova oferta formativa
A empresa Residências Montepio – Serviços de Saúde e a Universidade Nova de Lisboa – NOVA IMS celebraram um protocolo com vista...

Ao firmarem esta parceria, a Residências Montepio – Serviços de Saúde e a Universidade Nova de Lisboa - Nova IMS associam as vertentes educacional e empresarial com o objetivo de colmatar uma lacuna educativa existente, promover novas competências na gestão de unidades de saúde e dar resposta às necessidades do mercado de trabalho e das empresas.

Idália Serrão, Presidente da Residências Montepio, expressa a sua satisfação pela formalização desta parceria, reconhecendo a NOVA IMS como “uma instituição académica de elevado prestígio nacional e internacional, que desempenha um papel fundamental no fortalecimento da relação entre o setor empresarial e a academia”. Idália Serrão acrescenta: "Esperamos uma colaboração intensa entre as duas entidades, com envolvimento de alunos e professores em todos os níveis. Este será um projeto verdadeiramente colaborativo e empolgante, visando melhorar a saúde e o bem-estar das nossas populações.”

De acordo com Guilherme Victorino, Associate Dean for Value Creation da NOVA IMS, "é essencial que a academia esteja alinhada com as necessidades do mercado de trabalho, e esta parceria fortalece ainda mais essa conexão”. “Precisamos de desenvolver mecanismos de colaboração que permitam a participação conjunta em atividades técnicas e académicas na área da saúde. Esta troca de conhecimentos entre a universidade e as organizações é fundamental para responder aos desafios da saúde”, reforça o Sub-Diretor da Nova IMS.

Aberto ao público em geral, este curso avançado de "Gestão, Inovação e Liderança em Unidades de Saúde" constitui uma oportunidade de adquirir ferramentas e técnicas para melhorar a efi­ciência e e­ficácia das unidades de saúde, promovendo a partilha, entre profissionais do setor, de novos modelos que permitem promover a inovação e a transformação, a partir de um modelo pedagógico inovador e assente nas competências das duas entidades.

O curso terá a duração de um semestre e coordenação de Guilherme Victorino, Subdiretor da Nova IMS; José Carlos Caiado, Professor Auxiliar da Nova IMS; e Carlos Lucas, Diretor de Planeamento, Controlo e Auditoria Clínica da Residências Montepio e Professor Convidado da Nova IMS.

Como requisitos para aceder a este novo curso serão considerados os candidatos com grau de Licenciatura ou experiência profissional relevante no setor da Saúde.

Estudo
De acordo com um estudo, realizado pela MSD, sobre o impacto socioeconómico do cancro da mama triplo negativo (CMTN), o subtipo...

Apesar de representar apenas 15% do total de casos de cancro da mama, os s dados do estudo revelam que existem 7052 pessoas diagnosticadas com CMTN em Portugal e alertam para a taxa de sobrevivência mais reduzida destes doentes, comparativamente com outros tipos de cancro da mama. O CMTN representa 36% do total de mortes por cancro da mama – em 2019, o CMTN foi responsável pela morte de 676 mulheres.

Desenvolvido pela IQVIA, o estudo contabiliza 21 266 anos de vida perdidos em 2019, o que, assumindo uma esperança média de vida de 83 anos, equivale à morte de 256 mulheres à nascença.

De notar que este tipo de cancro afeta frequentemente mulheres em idade ativa: no período em análise, foram diagnosticados 1 272 novos casos, com maior incidência na faixa etária dos 45 aos 49 anos.

Os dados apresentados demostram o impacto da doença na vida profissional: das 7 052 doentes diagnosticadas com CMTN, apenas cerca de 30% mantêm a sua atividade laboral. O estudo revela que 71% das mulheres com doença não metastática suspende a atividade profissional ou abandona o mercado de trabalho em definitivo. Em caso de doença metastática, 95% das doentes suspende a atividade ou abandona definitivamente o mercado de trabalho. No relatório, estão contabilizados 1 300 anos perdidos por incapacidade, o que representa um impacto anual negativo na economia de 23 milhões de euros.

 

 

 

 

Relatório da ONU
Mais de 122 milhões de pessoas em todo o mundo enfrentam fome desde 2019, devido à pandemia, alterações climáticas e conflitos...

Se as tendências se mantiverem, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de erradicar a fome até 2030 não será alcançado, alertam a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Programa Alimentar Mundial (PAM).

Um alerta para a luta contra a fome

A edição de 2023 do relatório revela que entre 691 e 783 milhões de pessoas passaram fome em 2022, com um intervalo médio de 735 milhões, o que representa um aumento de 122 milhões de pessoas em comparação com 2019, antes da pandemia da COVID-19.

Embora os números globais da fome tenham estagnado entre 2021 e 2022, muitas regiões no mundo enfrentam crises alimentares cada vez mais profundas. Houve progressos na redução da fome na Ásia e na América Latina, mas a situação piorou na Ásia Ocidental, nas Caraíbas e em todas as sub-regiões de África em 2022. África continua a ser a região mais afetada, com uma em cada cinco pessoas a sofrer de fome no continente, mais do dobro da média mundial.

"Há sinais de esperança, algumas regiões estão no bom caminho para alcançar algumas metas de nutrição até 2030. Mas, de um modo geral, precisamos de um esforço global intenso e imediato para alcançar os ODS. Temos de criar resiliência contra as crises e choques que conduzem à insegurança alimentar – dos conflitos às alterações climáticas", afirmou o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, através de uma mensagem de vídeo emitida no lançamento do relatório na sede da ONU, em Nova Iorque.

Os diretores das cinco agências da ONU, o Diretor-Geral da FAO, QU Dongyu; o Presidente do FIDA, Alvaro Lario; a Diretora Executiva da UNICEF, Catherine Russell; a Diretora Executiva do PAM, Cindy McCain e o Diretor-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, escrevem no prefácio do relatório: "Não há dúvida de que alcançar a meta do ODS de Erradicar a Fome até 2030 representa um desafio assustador. De facto, prevê-se que quase 600 milhões de pessoas continuem a passar fome em 2030. Os principais impulsionadores da insegurança alimentar e da subnutrição são o nosso "novo normal" e não temos outra opção senão redobrar os nossos esforços para transformar os sistemas agroalimentares e alavancá-los para atingir as metas do ODS 2".

Além da fome

A situação da segurança alimentar e da nutrição permaneceu sombria em 2022. O relatório conclui que cerca de 29,6% da população mundial, o equivalente a 2,4 mil milhões de pessoas, não tinham acesso contínuo a alimentação, de acordo com a prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave. Entre estas, cerca de 900 milhões de pessoas enfrentaram insegurança alimentar grave.

Entretanto, a capacidade das pessoas de aceder a dietas saudáveis deteriorou-se em todo o mundo: mais de 3,1 mil milhões de pessoas – ou 42% - não reuniram condições para ter uma dieta saudável em 2021. Tal representa um aumento global de 134 milhões de pessoas em comparação com 2019.

Milhões de crianças com menos de cinco anos continuam a sofrer de subnutrição: em 2022, 148 milhões de crianças com menos de cinco anos (22,3%) sofreram de subnutrição crónica, 45 milhões (6,8%) estavam com subnutrição aguda e 37 milhões (5,6%) apresentaram excesso de peso.

Verificaram-se progressos no aleitamento materno exclusivo, com 48% dos bebés com menos de 6 meses a beneficiarem desta prática, próximo do objetivo para 2025. No entanto, serão necessários esforços mais concertados para atingir os objetivos de subnutrição para 2030.

Novas evidências: a urbanização está a impactar os sistemas agroalimentares

O relatório também analisa o aumento da urbanização como uma "megatendência" que afeta o que as pessoas comem e como o fazem. Prevendo-se que, até 2050, quase sete em cada dez pessoas viverão em cidades, os governos e outras entidades que trabalham para combater a fome, a insegurança alimentar e a subnutrição devem procurar compreender estas tendências de urbanização e tê-las em conta na elaboração das suas políticas.

Em particular, o simples conceito de divisão entre áreas rurais e urbanas já não é suficiente para entender as formas como a urbanização está a moldar os sistemas agroalimentares. É necessária uma perspetiva mais complexa do continuum rural-urbano, considerando tanto o grau de conectividade que as pessoas têm, como os tipos de ligações que existem entre áreas.

Pela primeira vez, esta evolução é documentada de forma sistemática em onze países. O relatório ilustra que as compras de alimentos são significativas não só entre os agregados familiares urbanos, como também em todo o continuum rural-urbano, incluindo as que residem longe dos centros urbanos. As novas conclusões também mostram como o consumo de alimentos altamente processados está a aumentar nas áreas periurbanas e rurais de alguns países.

Infelizmente, as desigualdades espaciais persistem. A insegurança alimentar afeta mais pessoas que vivem em áreas rurais. A insegurança alimentar moderada ou grave afeta 33% dos adultos que vivem em áreas rurais e 26% em áreas urbanas.

A subnutrição infantil também apresenta especificidades nas áreas urbanas e rurais: a prevalência de crianças com subnutrição crónica é maior nas áreas rurais (35,8%) do que nas áreas urbanas (22,4%). A subnutrição aguda é maior nas áreas rurais (10,5%) do que nas áreas urbanas (7,7%), enquanto o excesso de peso é ligeiramente mais prevalente nas áreas urbanas (5,4%) em comparação com as áreas rurais (3,5%).

O relatório recomenda que, para promover efetivamente a segurança alimentar e nutrição, as intervenções políticas, ações e investimentos devem ser orientados por uma compreensão abrangente da relação complexa e em constante mudança entre o continuum rural-urbano e os sistemas agroalimentares.

Plano de ação objetivo e estratégico
A União das Associações das Doenças Raras (RD-Portugal) tem vindo, desde a sua fundação, em 2021, a associar-se a um conjunto...

Como principal linha de orientação estratégica, a RD-Portugal define como primordial o Registo Nacional de Doenças Raras, com vista, entre outros, a alavancar o conhecimento e a investigação das doenças raras, ainda muito limitado no entender da RD-Portugal. Paulo Gonçalves, presidente da RD-Portugal, afirma que “é imperativo a recolha e centralização de registos de doentes a nível nacional para o aumento de conhecimento sobre patologias raras”.

A nível nacional desenvolve iniciativas para escolas, profissionais de saúde e o público em geral, participa em inúmeros fóruns e intervém junto das entidades públicas e privadas nas áreas da saúde, educação, serviços sociais, economia, transição digital, emprego, direito e justiça. Fora de portas é membro do Conselho das Alianças Nacionais da EURORDIS, é o membro português do Dia Mundial das Doenças Raras e tem uma parceria com a Federação Brasileira das Associações de Doenças Raras (FEBRARARAS), congénere no Brasil.

Resultado do trabalho realizado, a RD-Portugal foi recentemente convidada a integrar o Grupo de Trabalho com vista à elaboração de um Plano Nacional Intersectorial para as Doenças Raras, à luz dos objetivos estratégicos da Comissão Europeia para as Doenças Raras, liderado pelo Ministério da Saúde. Este grupo tem como objetivo garantir a prossecução do Registo Nacional e a devida atenção a cada pessoa com doença rara, integrada na sua situação biopsicossocial, além de acautelar o acesso equitativo às condições de educação, saúde, emprego e de melhores práticas, associadas a uma melhoria da qualidade de vida.

Já no que respeita ao Cartão da Pessoa com Doença Rara, na linha de defesa dos direitos e garantias da pessoa com doença rara, a RD-Portugal tem feito diligências para a utilização plena desta ferramenta, com emissão efetiva a todas as pessoas com doença rara que o solicitem e integração no Registo de Saúde Eletrónico pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.

Neste contexto, em todas as suas esferas de atuação, a RD-Portugal posiciona-se como entidade colaborativa, capacitada e essencial para a construção e implementação de iniciativas viradas para a promoção de literacia em saúde, mas também como um parceiro estratégico na elaboração de medidas e políticas de saúde direcionadas para os doentes, salvaguardando os seus direitos e interesses em toda a sua dimensão humana e social.

Bolsas NMS – Novo Nordisk
A NOVA Medical School (NMS) vai disponibilizar, na segunda edição da Summer Medical School: LifeStyle, que arrancou no início...

Esta parceria entre a NMS e a Novo Nordisk contou com o apoio da Gebalis, empresa que tem sob sua responsabilidade a gestão do património habitacional municipal e que assumiu, na segunda edição da Summer Medical School: LifeStyle, o processo de identificação das famílias da cidade de Lisboa.

As Bolsas NMS-Novo Nordisk pretendem reduzir as desigualdades sociais que impedem a frequência de programas que estimulem a adoção de estilos de vida saudáveis com impacto direto no futuro das crianças. Têm ainda como missão estimular, junto destas crianças, uma cultura de prevenção, incentivando a adoção de hábitos saudáveis que possam ser replicados em cada comunidade, junto das famílias e amigos.

Os 20 participantes identificados vão, assim, poder participar numa das turmas do primeiro campo de férias a decorrer numa Escola Médica e que tem como foco a promoção de um estilo de vida saudável junto dos mais novos.

A Summer Medical School: Lifestyle tem lugar durante o mês de julho e destina-se a crianças, entre os 6 e os 14 anos, e a jovens, entre os 15 e os 18 anos, sendo o programa adaptado em função da faixa etária. 

 

Opinião
Todos os dias somos bombardeados com as mais variadas dicas e dietas para ter uma alimentação que pr

Comecemos pelo pequeno-almoço. Será crucial tomarmos esta refeição? Não necessariamente. Deve existir uma individualização das recomendações. Cada caso é um caso e a chave principal é manter a consistência na nossa rotina alimentar, uma vez que a irregularidade está associada à pior saúde metabólica e ao ganho ou estagnação de peso. No entanto, se é a favor do pequeno-almoço, temos o argumento de que a digestão será melhor de manhã. Isto acontece porque, neste horário, produzimos mais enzimas, apresentamos melhor tolerância aos hidratos de carbono e menor resistência à insulina.

Um pequeno-almoço saudável, independentemente da hora a que o tomamos, deve apresentar vários grupos de nutrientes, como é o caso dos macronutrientes. A presença das gorduras saudáveis e as proteínas é crucial. Aposte num produto que o sacie e permita uma fome estável ao longo do dia. Se considera o pão e os cereais nesta refeição, não estará a fazer uma boa escolha. Um dos melhores alimentos para o pequeno-almoço, caso não seja vegan, são os ovos. Os ovos são ricos em proteína, não aumentam o colesterol, promovem a saciedade e não apresentam açúcar, farinha ou gordura hidrogenada.

A primeira refeição do dia deve ser vista como um almoço em ponto pequeno, em que devemos evitar os alimentos processados. Se não é fã de comer ovo, pode optar por umas panquecas de farinha de aveia, desde que não seja colocado açúcar e a gordura utilizada seja saudável, como o óleo de coco. Para quem pretende apenas tomar o pequeno-almoço ao meio-dia, as saladas, ou até mesmo as sopas, são uma solução interessante.

Mas e se optarmos pelo jejum, que é algo que se tem tornado tendência e apresenta muito interesse clínico? A evidência científica mostra que horas de jejum mais prolongadas podem não só ter impacto a nível da perda de peso como da saúde de reparação. A famosa ideia de que é necessário comer de três em três horas já não está atualizada e não é, de todo, otimizadora da saúde.

O jejum intermitente traz imensos benefícios em vários parâmetros do nosso organismo, seja na produção de neurónios, no descanso dos nossos órgãos, no aumento da hormona de crescimento, na limpeza das células ou no gasto das reservas de gordura. Portanto, este hábito não está só associado à gestão de peso, mas à própria longevidade.  Existem vários formatos desta organização de refeições, mas o mais popular é o jejum de 16 horas seguido por oito horas onde se pode comer. Ainda assim, este padrão deve ser inserido nas nossas rotinas aos poucos e ajustado às nossas características e necessidades.

Quando se quebra o jejum intermitente, por exemplo, através de um pequeno-almoço que se insere numa rotina mais matutina, a refeição deve ser nutritiva. Apesar do pão branco ser um produto considerado “tipicamente português” e comum nas mesas, a quantidade de açúcar refinado que o constitui não o torna um produto interessante para início de dia. O sal refinado, os alimentos fritos e gorduras queimadas, como as torradas, devem ser evitados.

Por este motivo, é importante estar atento aos rótulos no momento da compra. O pão escuro é uma boa ilustração disto, uma vez que a sua cor leva a que se pense que seja um produto integral e não é exatamente assim. Na maioria dos casos, é um produto fabricado com farinha refinada, extremamente processado e além de não acrescentar nutrientes, vai resultar num pico de açúcar no sangue. Portanto, um pão verdadeiramente integral só pode ser feito de farinhas integrais e, idealmente, de fermentação lenta.

Estar informado sobre as características dos alimentos e rotinas alimentares que adotamos é meio caminho para a promoção de um estilo de vida saudável, que resulte numa saúde mais fortificada e no corpo que se objetiva.

O equilíbrio é a palavra que deve estar sempre presente em mente no processo. Demasiada restrição ou relaxamento em demasia não irão contribuir para os resultados pretendidos. Cuide-se, com a moderação em vista e com o acompanhamento do profissional de saúde. Sempre.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Despesas das famílias portuguesas no sistema de saúde ascendem a 7 mil milhões de euros
Portugal é um dos países europeus com maior peso dos pagamentos diretos das famílias no financiamento do sistema de saúde...

Cerca de 29% da despesa em saúde é financiada diretamente pelas famílias portuguesas no momento da prestação de cuidados de saúde. Os pagamentos diretos das famílias portuguesas, que em 2021 ascenderam a sete mil milhões de euros, correspondem quase exclusivamente a pagamentos a prestadores privados (cidadãos sem seguros de saúde, copagamentos realizados a prestadores privados por cidadãos com seguros de saúde, taxas moderadoras nos serviços públicos de saúde) e a aquisição de medicamentos nas farmácias comunitárias (pagamento das despesas com medicamentos pelos cidadãos, em particular na parte não comparticipada pelo SNS).

A evidência descrita na presente Nota Informativa coloca Portugal como um dos países europeus com maior peso dos pagamentos diretos das famílias no financiamento do sistema de saúde (em 2021 apenas quatro países – Lituânia, Látvia, Grécia e Bulgária - apresentavam valores de pagamentos diretos mais elevados). O desvio face à média europeia é evidente ao longo dos anos e desde 2000 que o peso dos pagamentos diretos em Portugal é superior ao registado na maioria dos países da Europa. Além disso, em anos mais recentes, verifica-se uma divergência da tendência em Portugal face aos restantes países europeus.

O elevado peso dos pagamentos diretos em Portugal levanta, segundo os investigadores, sérias preocupações ao nível de proteção financeira conferida pelo sistema de saúde português sugerindo a existência de uma significativa ‘desproteção financeira no momento de acesso aos cuidados de saúde em Portugal’. De facto, embora a quase totalidade dos pagamentos diretos das famílias corresponda a pagamentos realizados a entidades privadas, tal acontece como consequência dos mecanismos de proteção públicos e o ‘setor público tem responsabilidade em parte desses pagamentos, por os originar’ (por exemplo, uma receita médica comparticipada pelo SNS implica um copagamento do utente num prestador privado – a farmácia. Neste caso, o pagamento direto realizado numa entidade privada é consequência da pouca proteção conferida pelo SNS).

Quando analisado o valor médio gasto pelas famílias nas várias categorias, verifica-se que o valor das taxas moderadoras – quer nos cuidados de saúde primários, quer nos cuidados de saúde hospitalares – é bastante reduzido tendo em consideração o total de despesas reportadas (valor que tende ainda a cair mais com a classe económica uma vez que as classes mais desfavorecidas tendem a estar isentas do seu pagamento).  A grande maioria dos pagamentos diretos das famílias é realizada em duas grandes categorias de prestadores beneficiados: prestadores de ambulatório (copagamentos feitos por utentes em consultas, exames ou outros procedimentos realizados em prestadores privados e pagamentos realizados por utentes que não estejam cobertos por seguros ou subsistemas de saúde) que atualmente representa 38% da despesa das famílias face a 31% verificado no ano 2000 e farmácias (copagamentos de medicamentos comparticipados pelo SNS e pagamentos de medicamentos ou outros produtos não comparticipados pelo SNS) cujos pagamentos em 2000 representavam o principal destino dos pagamentos diretos das famílias (32%) registando em 2020 um decréscimo para 24%. 

Os hospitais privados têm vindo a ganhar relevância no total de pagamentos diretos, aumentando a sua quota de 10% para 15% entre 2000 e 2020, o que sinaliza ‘uma maior procura por cuidados de saúde hospitalares no setor privado, uma maior diferenciação dos próprios prestadores, bem como uma maior concentração de médicos em hospitais privados, ao invés dos tradicionais consultórios particulares’.

Desagregando as despesas reportadas em saúde por nível de rendimento do agregado familiar, verifica-se que os pagamentos diretos em saúde, em 2015, correspondiam em média a cerca de 6% do rendimento total líquido do agregado familiar. Os pagamentos diretos referentes a medicamentos e produtos farmacêuticos constituem a principal fonte de despesa em saúde das famílias (63%), seguindo-se a despesa em cuidados de ambulatório (28%), aquisição de aparelhos e material terapêutico (7%) e serviços hospitalares (2%). No entanto são também reportadas outras despesas, como por exemplo transportes que – não sendo contabilizadas como despesa em saúde na contabilidade oficial sobre a despesa na área da saúde – são suportadas pelas famílias nos acessos aos cuidados de saúde, razão pela qual a estimativa do custo direto suportado pelas famílias surge sempre inferior à real.

No que se refere ao peso das despesas em saúde no total do rendimento verifica-se que diminui com a melhoria das condições socioeconómicas. Nas famílias mais desfavorecidas as despesas em saúde representam mais de 10% do seu rendimento anual líquido, com uma despesa de 75% para compra de medicamentos, o que revela um esforço significativo para aquisição de medicamentos e um fraco recurso a prestadores privados. Nas famílias mais favorecidas, as despesas em saúde representam menos de 4%, com as despesas de recurso a cuidados ambulatórios ou hospitalares a representarem cerca de 36% dos pagamentos em saúde (face a 17% das famílias menos favorecidas, cujo principal gasto é associado a serviços de medicina dentária que representam quase metade destas despesas em ambulatório).

O impacto assimétrico das despesas em saúde nos níveis de rendimento coloca um desafio em termos de acesso a cuidados de saúde para as classes socioeconómicas mais desfavorecidas revelando uma ‘pressão elevada sobre as famílias de menores rendimentos’ apresentando-se como uma potencial barreira de acesso aos cuidados de saúde que, segundo os investigadores poderá ser ultrapassada ‘reduzindo os pagamentos diretos das famílias na comparticipação de medicamentos e no acesso a cuidados de ambulatório, em particular saúde oral para famílias com mais dificuldades económicas’.

Dia 16 de julho
O que são alimentos funcionais, qual a sua importância para a saúde e de que forma a ciência pode contribuir são alguns dos...

Identificada como uma necessidade básica, a alimentação e a forma como nos alimentamos tem um impacto grande na saúde. Uma alimentação desregrada, seja por défice ou por excesso pode, como consequência, originar o aparecimento de uma doença. “Para enfrentar este desafio, é necessário olhar para os alimentos, não apenas como algo que tem uma função nutricional, mas também como elementos capazes de prevenir doenças relacionadas com a nutrição,” salienta Ana Maria Gomes, investigadora que tem vindo a trabalhar no desenvolvimento e caracterização de alimentos funcionais. Neste sentido, a investigadora questiona “Cabe à ciência conseguir responder ao desafio de produzir mais e melhores alimentos para o bem-estar e para a saúde das populações, mas como?”

Nesta sessão vão ser apresentados e debatidos alguns dos exemplos que o Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF/ESB/UCP) tem vindo a estudar neste domínio desde, aprimorar a qualidade nutricional dos alimentos pela redução de sal, de açúcares adicionados ou de gorduras saturadas e trans, otimizar a fortificação com micronutrientes para uma nutrição adequada, formular novos alimentos funcionais com um enfoque na promoção da saúde pela via da adição de ingredientes benéficos (probióticos, pré-bióticos, esteróis vegetais, ómega-3 entre outros) ou melhorar a qualidade de vida dos cidadãos com necessidades alimentares específicas com o desenvolvimento de alimentos modificados dirigidos (por exemplo alimentos para intolerantes à lactose).

A sessão “Funcionalização dos alimentos e saúde”, que integra o Ciclo de Conversas “Alimentar uma Causa”, uma iniciativa promovida pela Fundação de Serralves, em parceria científica com a Universidade Católica Portuguesa no Porto, irá decorrer no próximo dia 16 de julho, na Sala Panorâmica da Quinta do Parque de Serralves. A entrada é gratuita mediante inscrição prévia.

19 de julho
A Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca (AADIC) realiza, no próximo dia 19 de julho, às 21h, um webinar...

O tema desta sessão online tem por objetivo explicar o que é a fibrilhação auricular e a relação com a Insuficiência Cardíaca, quais os fatores de risco, como se manifesta, os sintomas, de que forma pode ser detetada e quais os tratamentos adequados.

A fibrilhação auricular é a arritmia crónica mais frequente. “Nesta arritmia, podem formar-se coágulos dentro das aurículas, que depois se libertam e viajam na corrente sanguínea. Podem ocluir um vaso do cérebro e originar um AVC. É uma das principais causas de AVC. Dai a importância do diagnóstico - sobretudo em pessoas sem queixas - e dai a importância de um gesto tão simples como aprender a palpar o pulso. A maioria dos doentes com fibrilhação auricular tem indicação para medicação crónica com anticoagulante, para proteção do acidente vascular cerebral. Os medicamentos anticoagulantes que se utilizam, atualmente, têm um excelente perfil de segurança e são de toma muito simples (1 ou 2 vezes)”, refere Diogo Cavaco.

“Sabe-se que o número de pessoas afetadas aumenta com a idade. A fibrilhação auricular é rara antes dos 40 anos e atinge > 10% das pessoas com mais de 80 anos. É um ritmo completamente irregular. Este ritmo pode ser detetado na palpação do pulso e o diagnóstico é confirmado por eletrocardiograma”, explica o especialista.

“Os sintomas podem ser tratados de várias formas: utilizando medicamentos para controlar o ritmo cardíaco (ou para manter a pessoa em fibrilhação auricular controlada); com recurso a cardioversão elétrica (um choque no tórax que reverte o ritmo irregular para o ritmo normal); ou com recurso a um exame invasivo para tratamento de arritmia chamado de ablação, que consiste na aplicação de energia em zonas específicas do coração, responsáveis pela manutenção da arritmia. Em Portugal, em 2022, foram realizadas cerca de 2000 ablações de fibrilhação auricular”, acrescenta ainda Diogo Cavaco.

No final da sessão, haverá espaço para os doentes e cuidadores na assistência partilharem dúvidas e pontos de vista com os oradores.

De 14 a 16 de julho
O Safe & Fest, campanha de sensibilização da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) para a importância da...

“O ‘Sons No Parque’ não podia ficar de fora do périplo do Safe & Fest da ANEM pelos festivais de música do país. A iniciativa é muito importante para os jovens da região que não usufruem das alternativas de eventos deste género existentes no litoral. Para a ANEM é o palco ideal para veicular a nossa mensagem”, afirma João Cardoso, Diretor de Saúde Sexual e Reprodutiva da ANEM. E acrescenta “a realização do Safe & Fest nos festivais de música permite-nos chegar, anualmente, a centenas de jovens que, num ambiente informal e de grande proximidade, estão muito mais recetivos às mensagens de educação sexual e, claro, à distribuição de preservativos”.

O Safe & Fest é uma iniciativa que tem como objetivo alertar os jovens – grupo da população mais afetado pelas doenças sexualmente transmissíveis – para a relevância de adotar comportamentos sexuais seguros, prevenir doenças sexualmente transmissíveis e divulgar os diferentes métodos de contraceção disponíveis, exemplificando a sua utilização.

 

Campanha #ShopForGoodness
A Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) realiza entre 13 e 30 de julho a última campanha deste ano da #ShopForGoodness, que recolhe...

A Cruz Vermelha Portuguesa apoia, por ano, mais de 50 mil famílias com cabazes de alimentos e bens essenciais, cartão solidário, ajuda monetária para rendas, despesas gerais ou consultas médicas. Esta campanha #ShopForGoodness vem permitir reforçar a capacidade de respostas sociais no terreno.

Em julho, a iniciativa #ShopForGoodness volta às grandes superfícies do país. Nomeadamente, Auchan, El Corte Inglés, Lidl, lojas Continente, Mercadona, Pingo Doce e É’leclerc.

O contributo pode ocorrer em três modalidades, dependendo da cadeia de supermercados e hipermercados (ver detalhes em baixo): através da recolha de bens essenciais, ou na compra de vales alimentares (arroz, atum, azeite, cereais, feijão, leite, massa, salsichas) e de vales monetários de 1, 3 e 5 euros.

Só na última campanha, realizada em junho nas lojas Sonae e E’leclerc, foi possível juntar cerca de 133 mil euros e recolher 110 mil produtos.

Com um aumento significativo dos pedidos de ajuda nos primeiros meses de 2023, a CVP continua a precisar da contribuição de todos para reforçar a sua capacidade de resposta às famílias situação de grande fragilidade.

 

 

"O Meu Caminho pelo Coração e através da Vida”
José Fragata, Professor Catedrático de Cirurgia, Coordenador da área Académica de Morfologia e Cirurgia da NOVA Medical School...

Na sua lição intitulada "O Meu Caminho pelo Coração e através da Vida” José Fragata irá recordar os quase 50 anos que tem dedicado à Medicina e à Academia.

Antes da Lição de Jubilação, pelas 9h30, será lançado o livro "Coração e Pulmão", coordenado por José Fragata e Helena Antunes. A obra será apresentada pelos Professores Fausto Pinto e Agostinho Marques. O livro "Coração e Pulmão" plasma a unidade curricular com o mesmo nome na NOVA Medical School.

Os dois eventos decorrem no dia 14 de julho, a partir das 9h30, no Auditório da Reitoria da NOVA, em Campolide.

 

Inquérito
Quando se trata da saúde, os jovens portugueses preocupam-se mais com a saúde emocional do que com a saúde física. Para mais de...

Para as gerações mais jovens, o tema da equidade e justiça entre géneros é também muito importante e, a par dos jovens gregos (84%) e italianos (87%), os portugueses (84%) são os que mais valorizam a equidade de género na vida.

Questionados sobre os seus hábitos de autocuidados com a saúde, os jovens portugueses revelam algum descuido, sobretudo ao nível da realização de check-ups regulares, com apenas 30,6% a admitirem fazê-los regularmente, o que nos coloca no conjunto dos quatro países que menos têm este hábito. Em Espanha, o valor situa-se em 24,6%, no Reino Unido, 25,4% e nos Países Baixos, em 27,7%. O hábito de autocuidado que os portugueses mais cultivam é dormir e descansar (80,6%).

As redes sociais foram também alvo de avaliação pela Geração Z e Millennials e o cenário traçado pelos jovens, tradicionalmente os mais adeptos destas formas de comunicação, não é o mais animador, com 54,2% dos inquiridos portugueses a considerarem que as redes sociais lhes causam ansiedade e stress, 60,4% a afirmarem que lhes reduzem a atenção e 44,7% a partilharem o receio de, se não estiverem nas redes, perderem alguma coisa e sentirem-se, desta forma, excluídos (o chamado FOMO – “Fear Of Misssing Out”). No entanto, de forma positiva, quase 79% dos inquiridos olha para as redes sociais como uma inspiração para aprender novas competências e a experimentar coisas novas.

E em quem confiam os jovens como fonte de acesso à informação na área da saúde? Os portugueses (93%) e italianos (90%) são os europeus que mais confiam na informação prestada pelos profissionais de saúde, sendo a confiança em recursos que recorrem a Inteligência Artificial, como o ChatGPT, ainda muito baixa (20,5%).

Ao olhar para o futuro da investigação na área da saúde, os jovens portugueses da Geração Z e Millennials são, entre os europeus, os que mais gostariam que a investigação fosse vista pelos sistemas de saúde como um investimento e não como uma despesa, mostram ainda os dados do inquérito realizado pela Merck.

Segundo Pedro Moura, Diretor-Geral da Merck Portugal, “Sentimos a necessidade de perceber o que sentem estas gerações, uma vez que são os próximos médicos, doentes, colaboradores e parceiros. E porque tudo o que fazemos é pelo progresso da sociedade, nada melhor do que examinar, questionar e conhecer as suas preocupações, para os ajudar, pensando no futuro da melhor forma possível. A curiosidade e o espírito de descoberta são o que nos define.”

Teste ao sangue permite a pesquisa de anticorpos passíveis de deteção anos antes
A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) acaba de lançar a RADAR1, uma consulta de avaliação do risco de...

A avaliação do risco em crianças e jovens é feita através de um teste ao sangue e posterior pesquisa de anticorpos associados à diabetes tipo 1. Estes podem ser detetados alguns anos antes de a doença se manifestar. No entanto, a sua presença não implica, necessariamente, o aparecimento da diabetes tipo 1.

“Hoje sabe-se que é possível identificar, anos antes, as pessoas que vão desenvolver diabetes tipo 1. Através desta identificação, é possível alertá-las antecipadamente e encaminhá-las para novos tratamentos e ensaios clínicos com medicamentos que tenderão a atrasar ou inibir o seu início”, explica José Manuel Boavida, presidente da APDP.

Por isso, “quanto mais cedo se identificar o risco de DT1, mais cedo poderemos intervir e prevenir uma descompensação metabólica grave na altura do diagnóstico.”, frisa Raquel Coelho, pediatra especialista na Diabetes Tipo 1.

A DT1 é uma doença autoimune, em que o sistema imunológico da própria pessoa compromete o funcionamento das células do pâncreas que produzem insulina. A sua causa não é totalmente conhecida, mas sabe-se que existe uma predisposição genética que leva, em condições não esclarecidas, ao aparecimento da diabetes.

A progressão para DT1 é mais frequente em crianças e jovens com múltiplos anticorpos (>2), face aos que têm um ou nenhum anticorpo. Através deste teste, é possível avaliar o risco de cada criança ou jovem, dando-lhe de forma antecipada conhecimento dos sinais de alerta. “Urinar muito, ter muita sede ou fome, emagrecer rápido e sentir fadiga são os sintomas mais característicos de DT1.”, alerta a pediatra.

A consulta inclui uma sessão de apresentação, esclarecimento de dúvidas e realização de um teste ao sangue para analisar a existência de anticorpos. Todos os participantes são informados dos resultados, sendo que as crianças e os jovens com teste positivo repetem a análise para confirmar os resultados. Os casos confirmados, devem manter acompanhamento, realizando as consultas adequadas a cada situação, e, quando necessário, realizar testes complementares.

Desta forma, é possível prevenir complicações agudas e internamento hospitalar na altura do eventual diagnóstico. Esta identificação possibilita ainda o acesso a intervenções precoces.

A iniciativa conta com a organização da NOSCITO, uma spin-off dedicada à criação de soluções de prevenção e gestão das doenças crónicas não-transmissíveis, nomeadamente a diabetes, baseadas em inovação desenvolvida nas áreas da medicina de precisão e da educação, contando também com o apoio da Fundação Ernesto Roma.

Para mais informações, enviar email para [email protected].

 

 

38.º Healthcare User Group
A GS1 Portugal, entidade responsável pelo desenvolvimento de standards para a saúde, promove amanhã, dia 13 de julho, quinta...

Esta iniciativa propõe-se a debater e analisar as tendências no setor da saúde, nomeadamente no que diz respeito à regulamentação, inovação e sustentabilidade, e, para isso, contará com a participação de especialistas da entidade anfitriã, a APORMED, da Zebra, do The Leeds Teaching Hospitals (NHS Trust) e da GS1 Portugal.

A participação é gratuita, devendo os interessados inscrever-se através do envio de e-mail para [email protected].

 

 

Opinião
Assinala-se a 28 de julho o Dia Mundial das Hepatites, dia em que pessoas e organizações de todo o m

O dia 28 de julho foi escolhido em 2010 durante a 63ª Assembleia Mundial da Organização Mundial da Saúde (OMS), por ser o dia de aniversário de Baruch Blumberg, que descobriu o vírus da hepatite B e por isso ganhou o Prémio Nobel da Medicina em 1976. Nos últimos anos, a comemoração deste dia ganhou particular destaque pelo facto de a OMS ter assumido o objetivo de, até 2030, reduzir em 90% o número de novos casos de hepatite B e C e em 65% a mortalidade associada a estas infeções.

Existem cinco diferentes vírus causadores de hepatite (A, B, C, D e E), mas as hepatites B e C são as mais importantes, por poderem evoluir para a cronicidade e assim causarem graves problemas de saúde: provocam inflamação crónica do fígado, que, quando não tratada, pode evoluir para cirrose e para cancro hepático.

A OMS estima que vivam em todo o mundo cerca de 300 milhões de pessoas infetadas com o vírus da hepatite B, que é responsável anualmente por 820 000 mortes. Para a hepatite C, as estimativas apontam para cerca de 58 milhões de portadores do vírus, falecendo anualmente 290 000 pessoas. Em Portugal, foram já identificados e tratados largos milhares de doentes com hepatite B ou C, mas pensa-se que poderão ainda existir alguns milhares de casos não diagnosticados.

Os testes de diagnóstico estão recomendados não apenas em pessoas com sintomas relacionados com o fígado (cansaço fácil, coloração amarelada da pele, dor na área hepática, distensão abdominal, equimoses fáceis) ou alteração das análises hepáticas, mas também naqueles em que se considere a mínima possibilidade de prévia exposição a estes vírus (por exemplo, utilizadores de drogas endovenosas, prática de sexo desprotegido, história pessoal de transfusões antes de 1990, ter um familiar com antecedentes de hepatite, ter estado em zonas do mundo com elevada prevalência destas infeções). No nosso país, os testes de diagnóstico das hepatites estão acessíveis através de todos os serviços de saúde, incluindo centros de saúde, hospitais, laboratórios de análises e farmácias.

O diagnóstico precoce traz grandes benefícios para as pessoas infetadas, pois permite o tratamento antes que se instalem lesões hepáticas, e para a saúde de toda a comunidade, já que ao eliminar o foco de infeção se evita a propagação do vírus.

Atualmente, todas as formas de hepatite são tratáveis. O tratamento da hepatite C é um dos maiores casos de sucesso da Medicina moderna, existindo medicamentos que, tomados durante 8 a 12 semanas, curam a infeção em quase 100% dos casos; a hepatite B exige em muitos casos medicação crónica, mas que impede a progressão da doença hepática.

Para consciencializar para a importância do diagnóstico precoce das hepatites, a Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) está a promover uma ação de consciencialização sob o mote “A Hepatite não pode esperar”. Não fique à espera. Atue. Faça o diagnóstico precoce desta doença. Aconselhe-se jun­to do seu médico ou outro profissional de saúde.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Num total de 100 mil dólares
Está a decorrer o processo de submissão de propostas a um Programa Competitivo de Bolsas, promovido pela Pfizer, para apoiar...

Está prevista a atribuição de 2 bolsas no valor de 50 mil dólares cada e as submissões consideradas para financiamento deverão ser focadas em projetos de educação médica nas áreas específicas abaixo definidas. Apenas serão aceites as propostas que sejam submetidas até dia 1 de agosto de 2023.

Posteriormente, os projetos serão analisados por um painel de revisores independente, que irá selecionar os projetos para financiamento. A Pfizer não tem influência sobre qualquer aspeto dos projetos e apenas solicita relatórios sobre os resultados e o seu impacto, para partilha pública.

Estas bolsas estão inseridas no programa Pfizer Global Medical Grants (GMG), criado para apoiar iniciativas independentes, com o objetivo de melhorar os resultados em saúde e responder a necessidades médicas não satisfeitas, alinhadas com a estratégia científica da Pfizer.

 

A doença afeta cerca de 20% da população portuguesa com mais de 40 anos
A partir de junho, e até maio 2024, as Farmácias Holon, em parceria com a Menarini Consumer Healthcare, vão desenvolver uma...

A incontinência urinária tem uma incidência elevada na população mundial, cerca de 200 milhões de pessoas, e a população portuguesa não é exceção. A doença afeta cerca de 20% da população portuguesa com mais de 40 anos, o que significa que 1 em cada 5 portugueses sofrem da doença, numa proporção de 3 mulheres para cada homem.

A incontinência urinária define-se como a perda involuntária de urina, associada a um enfraquecimento dos músculos do pavimento pélvico e/ou hiperatividade não controlada da bexiga. Os sintomas de urgência e aumento de frequência miccional são, normalmente, os primeiros sinais de aparecimento de síndrome de bexiga hiperativa, precedendo-se ao aparecimento de perda urinária.

“A incontinência urinária tem grande impacto na qualidade de vida dos nossos doentes. São doentes que têm, por norma, fobia social. Evitam sair para locais onde não tenham uma casa de banho próxima e, muitas vezes, acabam por ver os seus empregos afetados, esclarece Dr. Paulo Pé Leve, Assistente Hospitalar no Serviço de Urologia do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa, EPE.

Os principais objetivos da campanha “Controle a agenda da sua bexiga” são: combater o estigma associado à incontinência urinária e mostrar que o controlo dos sintomas é a chave para uma melhor qualidade de vida.

“Os portugueses têm cada vez mais acesso a informações acerca desta patologia e procuram cada vez mais ajuda junto de profissionais qualificados. O farmacêutico, enquanto profissional de proximidade, promove a sensibilização acerca deste tema, contribuindo para a destruição do estigma, e tem ainda competências técnicas para ajudar a identificar os sintomas que podem levar ao diagnóstico precoce, bem como apoiar os utentes durante o seu tratamento”, conclui Ana Sofia Ramos, Gestora de Projetos & Serviços Holon.

Para prevenir a incontinência urinária é necessário:

  • Beber quantidades adequadas de líquidos. A desidratação aumenta a irritação da bexiga e facilita a incontinência;
  • Seguir uma dieta saudável;
  • Controlar o peso;
  • Mudar os hábitos de utilização da casa de banho. Ir sempre que necessita. Evitar a retenção frequente e prolongada pois pode lesar os músculos da bexiga e facilitar a infeção urinária. Esvazie completamente a bexiga;
  • Evitar a obstipação. A prisão de ventre pode agravar a incontinência urinária;
  • Exercitar os músculos do pavimento pélvico (exercícios Kegel).

 

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