Estudo publicado na revista Pharmaceuticals
A administração de células mesenquimais do cordão umbilical mostrou ser eficaz em crianças com Doença do Enxerto contra o...

Aos 52 doentes, crianças e adultos, incluídos neste estudo, foram administradas, por via intravenosa, em média, quatro infusões de células mesenquimais do tecido do cordão umbilical, previamente multiplicadas em laboratório. A resposta dos doentes foi avaliada nos dias 28, 100 e 180 e no primeiro e segundo ano após o tratamento.

Até ao 28º dia, a maioria dos doentes (63.5%) apresentou uma resposta favorável ao tratamento. Foram avaliadas a sobrevivência global e a sobrevivência sem recaída tendo-se verificado que ambas tiveram resultados muito mais favoráveis em crianças. Com efeito, aos 100 dias a sobrevivência global em crianças foi de 62.9% enquanto nos adultos foi de 29.5%. Embora tenham sido reportados efeitos adversos agudos em 32.7% dos doentes, apenas dois casos foram considerados moderados ou severos.

“Devido à capacidade de regulação da resposta imunitária, atividade anti-inflamatória e potencial para a regeneração de tecidos e órgãos, a administração de células mesenquimais tem surgido como uma terapia alternativa para doentes com Doença do Enxerto contra o Hospedeiro que não respondem a corticosteroides”, afirma Carla Cardoso, Diretora do Departamento de I&D da Crioestaminal. “Considerando os resultados encorajadores recentemente obtidos, a administração destas células foi já recomendada pela European Society for Blood and Marrow Transplantation (EBMT) como terapêutica de segunda linha para esta doença”, acrescenta a investigadora.

Os investigadores acreditam que o tratamento com células mesenquimais do cordão umbilical é uma alternativa terapêutica eficaz e com um bom perfil de segurança para crianças com idade inferior a 12 anos, faixa etária para a qual menos opções terapêuticas se encontram aprovadas.

A Doença do Enxerto contra o Hospedeiro é uma complicação potencialmente fatal que se desenvolve após um transplante alogénico (isto é, que envolve um dador) de células estaminais hematopoiéticas, resultando da reação das células do dador ao organismo da pessoa transplantada.

A principal causa de morte em doentes submetidos a transplante hematopoiético alogénico é a forma aguda da Doença do Enxerto contra o Hospedeiro resistente a corticosteroides, sendo caracterizada por inflamação aguda e disfunção de vários órgãos, como a pele, o trato gastrointestinal e o fígado. Aos seis meses, a taxa de sobrevivência é de 40%, reduzindo a longo prazo para 17% em doentes que não respondem à terapia utilizada.

A terapia mais utilizada é o tratamento com corticosteroides, no entanto 40 a 50% dos doentes não responde a esta terapêutica, sendo por isso necessários tratamentos alternativos. Recentemente, o medicamento ruxolitinib, um inibidor seletivo de proteínas importantes para a função imunitária e hematopoiese (processo através do qual se formam as células do sangue), foi aprovado para o tratamento da Doença do Enxerto contra o Hospedeiro em doentes com idade superior a 12 anos. Para além deste, outros medicamentos têm sido utilizados, no entanto, nenhum tem permitido alcançar uma resposta clínica inteiramente satisfatória.

As células mesenquimais, que podem ser obtidas a partir de vários tecidos, como a medula óssea, o tecido adiposo, a placenta e o tecido do cordão umbilical, têm mostrado potencial para tratar doentes que não respondem a outros tratamentos.

Fórum AOP Health reúne especialistas de Espanha e Portugal
A primeira edição do “AOPH Meeting”, um dos principais fóruns de debate multidisciplinar dedicados à hipertensão pulmonar (HP),...

O encontro contou com especialistas dos principais centros de referência para a doença em Portugal, localizados no Porto, Coimbra e Lisboa, colocou em debate os tratamentos atuais, o papel importante da enfermagem e os desafios na abordagem desta patologia em Espanha e Portugal, países com sistemas de saúde muito semelhantes. Diagnóstico, terapêuticas e acompanhamento do doente com hipertensão arterial pulmonar (HAP) e tromboembolismo pulmonar crónico, doenças crónicas que causam sobrecarga progressiva e consequente disfunção do ventrículo direito e insuficiência cardíaca, foram alguns dos temas que colocaram em evidência os avanços no desenvolvimento de novas alternativas terapêuticas como as que nos últimos anos permitiram aumentar a sobrevida média dos doentes. No que diz respeito à HAP é mais comum em mulheres jovens e antes do aparecimento de terapias específicas a sobrevida média era de 2 a 3 anos.

Graça Castro, cardiologista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, moderou um dos debates e considera que “este encontro constitui um importante fórum de discussão em torno da hipertensão arterial pulmonar (HAP) e tromboembolismo pulmonar crónico, doenças crónicas que afetam várias centenas de portugueses, estimando-se que a incidência possa chegar a 35 novos casos por ano e cujo manejo tem tanto de desafiante como gratificante”.

Apesar de todos os avanços nesta área, Nuno Lousada, médico cardiologista Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte – Hospital Pulido Valente acredita que “o principal desafio continua a ser melhorar os resultados para uma melhor sobrevida e qualidade de vida do doente.  A verdade é que a mortalidade e a morbilidade dos doentes com hipertensão pulmonar continuam elevadas”.

Diagnóstico precoce e abordagem multidisciplinar, principais desafios

A deteção precoce de hipertensão pulmonar e referenciação precoce de doentes de alto risco ou complexos constam nas recomendações da European Society of Cardiology (ESC) e da European Respiratory Society (ERS) para o diagnóstico e tratamento de hipertensão pulmonar e encontram-se publicadas no European Heart Journal e no European Respiratory Journal.

Apesar dos esforços que têm sido feitos para divulgar a patologia, o diagnóstico continua a ser tardio e os pacientes geralmente recebem o diagnóstico em estágios avançados da doença, em classe funcional III ou IV Como os sintomas podem ser inespecíficos e semelhantes a outras doenças, muitas vezes são necessários testes especializados. Por isso, os médicos consideram fundamental garantir o acesso aos exames e que sejam utilizados de forma adequada para conseguir um diagnóstico precoce.

“Diagnosticar e tratar precocemente é um desafio que exige pensarmos neste diagnóstico no contexto clínico apropriado e referenciarmos estes doentes aos Centros de Tratamento de Hipertensão Arterial Pulmonar, que possuem equipas multidisciplinares com especialistas e recursos técnicos para o diagnóstico diferencial e o tratamento desta patologia complexa. É da responsabilidade de todos transformarmos essas possibilidades em ganhos de saúde reais para os doentes com hipertensão pulmonar”, acrescenta Mário Santos, cardiologista do Centro Hospitalar Universitário de Santo António no Porto.

Neste encontro marcado pela valorização do diagnóstico precoce e de uma abordagem multidisciplinar, Alzira Melo, enfermeira do Centro Hospitalar Universitário de Santo António, no Porto, acredita que “60% dos doentes podem melhorar a sua qualidade de vida e sobrevida quando diagnosticados atempadamente”. Quando abordada sobre a questão da sensibilização para a doença, não tem dúvidas que, apesar de se tratar de uma doença subdiagnosticada “os médicos estão cada vez mais atentos e referenciam cada vez mais doentes para as consultas de seguimento de HP, ainda que muitas vezes os próprios doentes não percebam o porquê da referenciação”.

Para Andreia Bernardo, uma das responsáveis pela Consulta de Enfermagem de Hipertensão Pulmonar do Centro de Tratamento de Hipertensão Arterial Pulmonar do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte - Hospital Pulido Valente, “esta área constitui um grande desafio para as enfermeiras pelas suas especificidades, o que exige uma constante atualização de conhecimentos. A HAP, sendo uma doença crónica, provoca grandes limitações na vida do doente, com forte impacto familiar, social e profissional, exigindo da equipa de enfermagem uma grande disponibilidade e um acompanhamento regular. A relação terapêutica, a parceria de cuidados com o doente e a família, assim como a articulação entre os vários elementos da equipa multidisciplinar desempenham um papel crucial na melhoria da qualidade de vida destes doentes”.

100 milhões de doses potencialmente perdidas
Os novos dados partilhados pela GSK, em colaboração com o IQVIA Institute for Human Data Science e a Global Coalition on Aging ...

Este facto é evidenciado num relatório efetuado recentemente, com o apoio da GSK, que destaca as tendências da imunização no adulto a nível mundial e o impacto que a pandemia da COVID-19 teve na adesão às vacinas na população adulta. De acordo com a análise, apesar do sucesso dos programas de vacinação de adultos contra a COVID-19 – com 132 doses de vacinas administradas por cada 100 adultos em 2022 – apenas 16,2 doses por 100 adultos foram administradas a nível mundial no que diz respeito a outras vacinas para adultos.

A análise mostra também que a pandemia da COVID-19 teve um impacto particularmente negativo na vacinação de adultos em países de categoria média ou baixa do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), um índice que tem em conta a esperança média de vida, a educação e o rendimento per capita2. Países como a Índia, Marrocos e Filipinas (categoria média) e o Paquistão, Senegal, Togo e outros (categoria baixa) registaram declínios substanciais nas taxas de vacinação de adultos durante a pandemia, permanecendo abaixo das linhas de tendência. Os países com um IDH "muito elevado", incluindo os EUA, a maior parte da Europa, o Japão, entre outros, apresentavam os maiores progressos na vacinação de adultos antes da pandemia. Estes países também registaram um declínio na adesão, após terem atingido um pico em 2020-2021, do qual ainda estão a recuperar.

"Embora tenham sido realizados progressos significativos no desenvolvimento de vacinas para ajudar a prolongar a saúde dos adultos3, os dados demonstram que não estamos a conseguir proteger os adultos de todo o mundo contra as doenças que podem ser prevenidas através da vacinação. Melhorar o acesso à imunização dos adultos faz parte da solução para apoiar o envelhecimento saudável, criar forças de trabalho robustas, melhorar a capacidade dos cuidados de saúde e aumentar a resiliência socioeconómica e dos sistemas de saúde. Estamos empenhados em colaborar com o GCOA, a IQVIA e outros especialistas, advocates e comunidades para garantir que mais adultos tenham acesso imediato aos programas de vacinação", afirmou Piyali Mukherjee, VP Global Vaccines Medical Affairs da GSK.

A imunização dos adultos pode ser associada a uma melhoria da saúde e da qualidade de vida, reduzindo, em alguns casos, o risco de hospitalização para metade e de morte para um terço3. Apesar disso, as taxas de vacinação dos adultos são quase sempre inferiores às da população em idade pediátrica3. Atualmente, mais de 80% das vacinas em desenvolvimento pelos membros da Vaccines Europe, um grupo que representa empresas de vacinas de todas as dimensões que operam na Europa, destinam-se a adultos4, inaugurando uma nova era para a ciência. No entanto, com o investimento em vacinas para adultos a representar menos de 2% do total das despesas farmacêuticas em todas as regiões, existe uma ampla oportunidade para aumentar o investimento proactivo na prevenção. Adicionalmente, estima-se que cada euro que um governo investe na vacinação de adultos com mais de 50 anos poderia gerar um retorno de 4 euros devido ao impacto das doenças no crescimento, na produtividade e na participação da força de trabalho, bem como nos sistemas fiscais e de pensões5.

Com o objetivo de melhorar as taxas de vacinação, a imunização de adultos deve tornar-se um padrão nos cuidados de saúde. A existência de programas nacionais de vacinação sólidos que integrem as recomendações de vacinação de adultos, poderá ajudar a melhorar a implementação dos mesmos. Os programas de vacinação para adultos que simplificam o timing para administração das várias vacinas, juntamente com o número de profissionais de saúde aptos para o fazer e o aumento dos locais de vacinação, contribuirão para um acesso mais generalizado. O acompanhamento da adesão à vacinação e a definição de objetivos, permitiriam a avaliação contínua das intervenções políticas e apoiariam a introdução de novas medidas ao longo do tempo.

Michael W. Hodin, Diretor Executivo do GCOA, refere: "À semelhança da política de vacinação contra a COVID-19, é fundamental que todas as vacinas para adultos sejam consideradas valiosas não só para a saúde dos adultos, mas também da sociedade em geral. A saúde da nossa população adulta é um fator crítico para a saúde geral da nossa economia global e, por conseguinte, a prevenção é um instrumento de impacto positivo para os sistemas de saúde em geral. O acesso generalizado às vacinas para adultos contribuirá também para a realização de progressos significativos no que respeita aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e à Década do Envelhecimento Saudável. Todos os que investem numa longevidade saudável, desde os empregadores centrados na sua força de trabalho até aos profissionais de saúde, beneficiam de uma abordagem de imunização ao longo da vida." 7

A GSK tem como objetivo impactar positivamente a saúde de mais de 2,5 mil milhões de pessoas até ao final de 2030, sendo que o desenvolvimento de vacinas inovadoras para adultos pode contribuir para a concretização deste objetivo.

Para mais informações sobre a análise global das tendências de vacinação dos adultos e a metodologia completa, consultar https://www.iqvia.com/insights/the-iqvia-institute/reports/trends-in-global-adult-vaccination.

Referências

  1. Trends in Global Adult Vaccination: Impact of COVID-19 - RESEARCH BRIEF - IQVIA
  2. UNDP. Human Development Index. https://hdr.undp.org/data-center/human-development-index#/indicies/HDI (Last accessed June 2023)
  3. McElhaney, J. E., et al. European Geriatric Med. 2016; 7(2): 171-175.
  4. Doherty TM, Del Giudice G, Maggi S. Ann Med. 2019 Mar;51(2):128-140
  5. Vaccines Europe. Vaccines Europe pipeline review, 2022. https://www.vaccineseurope.eu/wp-content/uploads/2023/01/00663248_EFP-Vaccine- Innovation-Report-RGB.pdf (Last accessed 28 February 2023)
  6. Vaccines Europe. Priotising adult immunisation policy in Europe https://www.vaccineseurope.eu/news/position-papers/prioritising-adult-immunisation- policy-in-europe (last accessed June 2023)
  7. New analysis shows lost ground on adult immunisation during the pandemic with 100 million doses potentially missed | GSK (last accessed July 2023)

 

Estudo
Estudo da Associação Direito Mental indica que a maioria dos juristas e advogados reconhece que as exigências da profissão...

Mais de um terço (35%) dos advogados em Portugal não voltaria a escolher a profissão, revela um estudo da Associação Direito Mental, uma iniciativa de juristas empenhada no apoio, sensibilização e divulgação da saúde mental na comunidade jurídica portuguesa, divulgado esta terça-feira. O estudo indica ainda que a maioria reconhece que as exigências e obrigações da advocacia interferem na sua participação em atividades familiares, além de que 34% foi diagnosticada no passado por um profissional de saúde com alguma perturbação de saúde mental.

O estudo sobre a saúde mental e o impacto da profissão no bem-estar e na vida de juristas, estagiários, advogados e advogados in-house, desenvolvido em colaboração com o ProChild CoLAB e o Centro de Investigação em Psicologia da Universidade do Minho, contou com a participação de 823 profissionais de todo o país. Os resultados revelam os desafios enfrentados por esta comunidade, incluindo as suas condições psicológicas e de saúde crónicas e eventos negativos recentes, colocando o holofote sobre a urgência de apoio à sua saúde mental.

"Este estudo expõe claramente o panorama organizacional jurídico e é um marco importante no caminho para a promoção da saúde mental dos profissionais de Direito”, declarou a diretora-executiva da Direito Mental, Raquel Sampaio. “Ao reconhecermos estes desafios, podemos criar um ambiente mais saudável para todos. Queremos sinalizar aos nossos colegas que os ouvimos e demonstrar o nosso compromisso em tomar medidas eficazes para auxiliar quem precisa.”

Os 35% dos participantes que se mostraram mais insatisfeitos com a sua vida profissional evidenciaram níveis mais elevados de sintomas de depressão, ansiedade e burnout, em consonância com estudos anteriores sobre a relação entre satisfação profissional e saúde mental. Em oposição, aqueles que expressaram maior satisfação com a sua carreira, apresentaram níveis mais baixos de sintomas, reforçando a relevância de priorizar o bem-estar dos profissionais quando se delineia o futuro da cultura organizacional no campo jurídico. 

Mais de metade dos inquiridos (55%) reconheceu que as exigências e obrigações da sua profissão os privam de participar em atividades familiares. Este dilema persistente entre as responsabilidades profissionais e a vida pessoal tem um notório impacto no seu bem-estar.

Nesta linha, cerca de um terço (34%) referiu já ter recebido um diagnóstico de uma perturbação psicológica, com a depressão, a ansiedade e o síndrome de burnout a figurar como as mais mencionadas. Adicionalmente, 36% dos profissionais da área do Direito relataram ter vivido pelo menos um evento negativo com impacto significativo na sua vida nos últimos dois anos, incluindo situações como doenças familiares, desemprego e o impacto da pandemia COVID-19. 

Marlene Sousa, psicóloga e investigadora no Laboratório ProChild, expressa a sua preocupação, afirmando: "Estes resultados são um alerta claro para a necessidade de sensibilização e apoio à saúde mental nesta comunidade. O estudo revela um quadro preocupante e evidencia a importância crucial de implementar estratégias de apoio eficazes, baseadas na evidência empírica, para promover a saúde mental e o bem-estar dos profissionais do Direito.”

Além das questões do foro psicológico, 18% dos participantes revelaram ter um diagnóstico prévio de alguma doenças crónica ou condição médica de longa duração, reportando problemas como hipertensão, hipertiroidismo e doenças autoimunes. Este panorama reforça a importância de cuidados de saúde preventivos e de gestão de doenças crónicas, especialmente em ambientes de elevada exigência, como o campo jurídico. 

A Direito Mental, fundada em 2022, procura contribuir ativamente para combater estes estigmas e criar uma cultura positiva de saúde mental na comunidade jurídica, especialmente no local de trabalho e nas instituições de ensino. Por isso, foca-se na promoção de literacia e ações de sensibilização, capacitando e divulgando as melhores práticas, informação sobre as causas, efeitos e tratamentos desta temática.

Associação de Investigação de Cuidados de Suporte em Oncologia
Profissionais de saúde e especialistas em exercício físico em doentes com cancro promovem aula no Hospital de Santa Maria, em...

A Associação de Investigação de Cuidados de Suporte em Oncologia (AICSO) defende que o exercício físico devidamente supervisionado e individualizado deve ser incluído no plano de tratamentos para as pessoas com diagnóstico de cancro de mama, como um “medicamento”, a par de outras terapêuticas, como analgésicos, antieméticos e outros medicamentos de suporte, assim como dos tratamentos dirigidos ao cancro, como a cirurgia, a radioterapia, a quimioterapia, a hormonoterapia e outras  terapêuticas-alvo ou a imunoterapia. 

“Fala-se muito da necessidade de humanizar e personalizar cada vez mais a Medicina, o que engloba não só a relação médico-doente, mas também a individualização terapêutica, tendo em conta as necessidades que cada pessoa apresenta num determinado momento da sua jornada oncológica. Os planos terapêuticos têm de ser desenhados numa perspetiva mais holística, incluindo o tratamento dirigido ao cancro, claro, mas também o tratamento de suporte, pois as pessoas têm uma vida para viver para além da doença e precisam de a viver com a máxima qualidade e bem-estar possível”, afirma Telma Costa, médica oncologista e membro da direção da AICSO. 

A médica acrescenta que há evidência científica de que o exercício físico é eficaz na melhoria de alguns sintomas e performance física, e seguro nas várias fases da doença.  “Queremos que esta mensagem chegue a todas as pessoas, em particular aos doentes, para que possam falar e aconselhar-se com as suas equipas de saúde, e a quem tem o poder de decidir, para que o exercício físico seja reconhecido, não apenas como uma atividade de lazer, mas sim como uma opção terapêutica de suporte, acessível e com o acompanhamento adequado por profissionais especializados neste grupo de doentes. O que queremos é uma Medicina mais humanizada e personalizada, que trará certamente vantagens para todos”, afirma.  

Telma Costa reforça que existem atualmente opções terapêuticas inovadoras que conferem mais anos de vida com qualidade, além de avanços ao nível dos meios de diagnóstico, o que ajuda a explicar a diminuição progressiva da mortalidade e uma maior sobrevivência, mesmo daqueles com doença metastizada. “Mas nós podemos ainda oferecer mais e melhor a estas mulheres, ou seja, podemos associar a esta inovação melhorias na aptidão física, qualidade de vida e bem-estar, atenuando efeitos adversos relacionados com a doença e tratamentos, e prevenindo outras patologias e complicações futuras”, diz. 

Para chamar a atenção para a importância do exercício em mulheres com cancro de mama a AICSO, através do programa ONCOMOVE, lançou a campanha “Mais vida e em equilíbrio com o cancro da mama” que conta com o apoio de diversos parceiros* na área da Saúde, entre os quais os serviços de Oncologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e o IPO de Coimbra. “Vamos estar no maior hospital do país no dia 21, às 10h30, para dar uma aula para mulheres que têm ou tiveram cancro de mama e, em Coimbra, a 30 de outubro, às 15h30, a coincidir com o Dia Nacional da Prevenção contra o Cancro da Mama”, revela Anabela Amarelo, membro da AICSO e enfermeira de Oncologia, especialista em Enfermagem de Reabilitação no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho. 

Anabela Amarelo sublinha que a evidência científica sobre os benefícios do exercício, se torna ainda mais importante quando a pessoa apresenta cancro da mama avançado com metastização a nível esquelético (ou do osso), dado o risco de fratura e de outras complicações. Não esconde que nestas situações, a prática de exercício é subutilizada, não sendo recomendado pela maioria dos médicos assistentes e enfermeiros de oncologia, porque têm dúvidas quanto à segurança e ao risco de complicações. Reconhece que a pessoa com metastização óssea compreende um perfil clínico único e multifacetado, o que torna a estratégia da reabilitação pelo exercício um verdadeiro desafio.  

No entanto, revela que, recentemente, um painel de especialistas em Exercício Físico e Cancro formulou consensos dedicados exclusivamente a indivíduos com metástases esqueléticas, o que veio ajudar os profissionais de saúde e da área da reabilitação física a estabelecer as estratégias adequadas para esta população específica. Essas recomendações atestam a segurança e eficácia do treino em pessoas com cancro metastático a nível esquelético.  

Acrescenta que, nestes casos, o foco deve estar numa avaliação cuidadosa que permita estabelecer um plano cujos objetivos sejam: a preservação da função física, o auxílio do controlo de sintomas, a prevenção das complicações e, se possível, fazer com que a pessoa que vive com metástases ósseas do cancro da mama se torne o mais funcional possível. Neste sentido, acredita que a prática de exercício físico pode ser uma boa resposta, mas a especificidade desta abordagem deve levar a que a equipa de saúde que acompanha a pessoa com metástases ósseas esteja disponível a discutir o caso e comunicar rotineiramente com o profissional de exercício que realiza o plano de treino (seja o fisiologista do exercício, fisioterapeuta ou enfermeiro de reabilitação). 

“É fundamental que os profissionais de saúde desta área e as pessoas que cuidam, tenham esse conhecimento sobre a segurança e benefício das intervenções com base no exercício físico. Como em qualquer outra área, sabemos que uma abordagem personalizada e uma boa comunicação entre especialistas será o garante para uma prestação de cuidados global e que vá realmente ao encontro das necessidades de quem cuidamos”, diz. 

Lembra ainda que os benefícios do exercício não se limitam apenas ao cancro da mama. “Nós temos já muito caminho percorrido no programa ONCOMOVE, na reabilitação do doente oncológico. Desenvolvemos, por exemplo, os projetos MAMA_MOVE e PROSTATA_MOVE para otimizar o tratamento da pessoa que vive com e para além do cancro. É um programa multidisciplinar com resultados comprovados”, remata. 

Inês Tralha
O surf, além de ser um desporto, é, para muitos, um estilo de vida. Estima-se que existam 23 milhões de praticantes de surf em...

Estimular o sistema imunitário e equilibrar os níveis de serotonina, já que podem ser encontradas, abundantemente, micro-partículas de iões negativos na rebentação das ondas do mar e em cascatas e florestas. Níveis mais elevados de serotonina traduzem-se numa sensação de bem-estar e boa disposição.

Desencadear efeitos terapêuticos em situações de Transtorno de Stress Pós-Traumático ou em projetos de reabilitação, com pessoas com doenças variadas, como quadros de ansiedade e depressão ou situações relacionadas com o suporte para a exclusão social, entre outras. O surf manifesta resultados positivos que se traduzem numa melhoria do estado de saúde físico e mental geral, redução de estados de ansiedade e de depressão, aumento da autoconfiança, aumento da felicidade e do sentimento de liberdade, ampliação da resiliência e, ainda, melhoria de laços sociais dos praticantes.

Contribuir para um maior bem-estar: O surf é uma atividade física desportiva praticada em contacto com a natureza e debaixo de sol, com uma exigência variada, desde a capacidade cardiovascular, a resistência, força, equilíbrio, controlo motor. É um poderoso regulador dos nossos neurotransmissores e hormonas, que têm a capacidade de transformar o nosso corpo numa poderosa máquina de produção de adrenalina, dopamina e serotonina, associado a sensações de felicidade, pura alegria, satisfação e motivação. 

Reduzir o stress: O nosso cérebro gera determinados padrões de atividade elétrica, que dependem do que estamos a fazer e dos nossos sentimentos. Há cinco tipos de frequências de ondas cerebrais: Gamma, Beta, Alpha, Theta e Delta (por ordem das mais rápidas para as mais lentas). Quando surfamos, conseguimos uma mistura ideal entre a frequência mais baixa (Delta), que nos proporciona um sentimento de calma, relaxamento, e foco e, ao mesmo tempo, as ondas cerebrais podem derivar para as altas frequências (Beta). Estas transições entre diferentes frequências ajudam a reduzir os níveis de stress e aumentam a sensação de bem-estar. 

Fundação José Neves
No mês dedicado à Saúde Mental, a Fundação José Neves (FJN) divulga três Guias para que cada um de nós, os pais, os professores...

Cumprindo a sua missão de despertar a consciência individual, fortalecer o lado humano e promover o bem-estar e a saúde mental dos portugueses, no mês em que se assinala o Dia Mundial da Saúde Mental, a Fundação José Neves divulga três guias para ajudar os portugueses a cuidarem da saúde mental, assim como a aplicação de desenvolvimento pessoal 29k FJN, que já conta perto de 70 mil utilizadores registados e os testemunhos de personalidades como Catarina Furtado e Pedro Ribeiro

Catarina Furtado participa no curso ‘Nutrir relações em tempos difíceis’, através do qual ajuda a dar os primeiros passos em direção a ligações mais profundas. “A vida é uma permanente aprendizagem. É fundamental termos as ferramentas essenciais que nos ajudem a lidar com os imprevistos, com as mudanças, com os momentos mais desafiantes que nos provocam um carrossel de emoções. Mas é nas alturas difíceis, no meio da agitação, da turbulência, que nos esquecemos facilmente de nutrir e de alimentar as nossas relações. É nossa responsabilidade exercitarmos a humildade que nos permite perceber que precisamos uns dos outros. É uma escolha. A mais certa.”

Por sua vez, Pedro Ribeiro dá também o seu testemunho às ferramentas que a Fundação José Neves disponibiliza. “A Saúde Mental é um problema estruturante, atravessa toda a sociedade, idades, géneros, credos. A app 29k FJN aponta caminhos, dá orientação, permite respirar sobre o assunto, respirar fundo para conseguir seguir em frente. No Dia Mundial da Saúde Mental, conheça os três guias disponíveis (país e professores, empresas, desenvolvimento pessoal). Gratuito, universal, urgente.”.

A aplicação 29k FJN é gratuita e em português. Está disponível para iOS e Android e pode ser descarregada no link https://joseneves.org/29-k-fjn.

Oferece cursos de desenvolvimento pessoal orientados por embaixadores e validados cientificamente, em formato de vídeos, meditações, áudios e exercícios. Atualmente são 14 os cursos disponíveis na aplicação dos quais 3 são direcionados a jovens entre os 15 e os 20 anos. Disponibiliza ainda 22 meditações, 25 exercícios, 3 testes, 6 check-in e 3 desafios.

A app tem como embaixadores Catarina Furtado, Fátima Lopes, Paula Amorim (Galp e Grupo Amorim), Luís Portela (Fundação Bial), António Horta-Osório, José Neves e Carlos Oliveira, e os jovens António Casalinho, Nenny, Rita Rocha e Zicky Té. As temáticas dos conteúdos disponibilizados são muito diversificadas, entre as quais stress, ansiedade, liderança, resiliência, amor-próprio, relações, valores e sono.

Accenture, Bial, Galp, Farfetch, REN e EDP são as empresas parceiras do programa e promovem junto dos seus colaboradores a participação nos cursos da app 29k FJN.

Durante o mês de outubro, a Fundação José Neves promove três Guias FJN, criados em parceria com a Escola de Medicina da Universidade do Minho e com o patrocínio científico da Coordenação Nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde.

Documentos para ajudar na tomada de decisões conscientes

O ‘Guia para o desenvolvimento pessoal: como investires no teu bem-estar?’, disponível no link https://www.joseneves.org/guia/guia-para-o-desenvolvimento-pessoal-como-investires-no-teu-bem-estar, é dirigido tanto para os portugueses que já cuidam do seu bem-estar e saúde mental como para os que nunca pensaram no assunto. Este guia apoia os portugueses na promoção da sua saúde mental através de um conjunto de exercícios e estratégias que visam ajudar as pessoas a lidar com as suas emoções de uma forma saudável.

Um segundo guia é dirigido a pais, familiares e professores que querem saber como identificar e agir perante os sintomas e problemas de saúde mental dos jovens. Disponibiliza recomendações, estratégias e exemplos práticos para atuar de uma forma global ou, por exemplo, nos casos em que os jovens apresentem sintomas de ansiedade ou de depressão, ou mesmo perturbações de comportamento alimentar. O ‘Guia para pais e professores: como apoiar a saúde mental e bem-estar dos jovens?’ está disponível no link https://www.joseneves.org/guia/guia-saude-mental-dos-jovens.

Ainda o ‘Guia para empresas: como promover o bem-estar e saúde mental dos trabalhadores?’, dirigido a todas as empresas e gestores que queiram melhorar a sua atividade e garantir o bem-estar e a saúde mental dos seus trabalhadores. Dá exemplos de empresas que podem motivar e inspirar o processo de mudança (Accenture, Bial, EDP, Farfetch, Galp e REN), mostra que investir na saúde mental dos trabalhadores compensa e ajuda, com recomendações e práticas, as empresas e os gestores a promover a saúde mental dos seus trabalhadores. Está disponível em https://www.joseneves.org/guia/guia-empresas-saude-mental.

10 de outubro | Dia Mundial da Saúde Mental
CVP assinala a data com formações em Primeiros Socorros Psicológicos para consolidar rede nacional que dá apoio psicossocial.

No Dia Mundial da Saúde Mental, que se assinala a 10 de outubro, a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) continua a realizar formações em Primeiros Socorros Psicológicos. Estas ações de capacitação têm permitido à CVP consolidar e robustecer a sua rede nacional dedicada à saúde mental e apoio psicossocial e capacitar os parceiros que trabalham na primeira linha no apoio aos mais vulneráveis.

As sessões decorrem na sede nacional da organização, em Lisboa.

Estas ações de formação têm também contribuído para combater o estigma que está associado à saúde mental. Esta é uma realidade em que a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC, na sigla em inglês) pretende potenciar a mudança. Por isso, a IFRC juntou-se ao apelo da Federação Mundial para a Saúde Mental neste 10 de outubro: que a Saúde Mental seja reconhecida como um Direito Humano Universal.

A IFRC recorda que, apesar de uma em cada oito pessoas viverem com uma doença mental, esta é uma das áreas mais negligenciadas da saúde pública em todo o mundo, representando em média menos de 2% dos orçamentos de saúde dos países. Além das dificuldades sentidas nos cuidados de saúde, estas pessoas são frequentemente marginalizadas pela sociedade e privadas dos seus direitos fundamentais no acesso ao emprego, educação, habitação.

As doenças relacionadas com a saúde mental são comuns e podem afetar qualquer pessoa, independentemente da idade, género, origem étnica ou situação socioeconómica. É, por isso, necessário ajudar a combater o estigma que a sociedade e os próprios doentes impõem, promovendo a quebra do ciclo de silêncio e de culpa associada à saúde mental e encorajando a procura de ajuda especializada. A criação de comunidades de apoio, a partilha de histórias de resiliência contribuem para a mudança desta realidade.

“Persiste o estigma e a falta de compreensão em relação às doenças mentais, dificultando o acesso ao apoio e tratamento adequados. É também missão e responsabilidade da Cruz Vermelha Portuguesa contribuir para mudar esta realidade”, reconhece o Presidente Nacional da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), António Saraiva, que definiu, esta, como uma das suas prioridades para o mandato iniciado este ano.

Primeiro português a liderar a estrutura
O presidente da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra, Graciano Paulo, foi eleito Presidente da...

Constituída por cinco associações europeias (representativas dos médicos radiologistas, médicos nuclearistas, médicos radioncologistas, técnicos de radiologia, radioterapia e medicina nuclear e físicos médicos), a EURAMED tem como objetivo promover a investigação e o ensino na área da utilização de radiação ionizante para fins médicos, desenvolvendo uma agenda de investigação estratégica em cooperação com a Comissão Europeia e com outros stakeholders internacionais e nacionais. Graciano Paulo vai liderar a estrutura no biénio 2025-27, ocupando, entre 2023 e 2025, o lugar de presidente-eleito.

A eleição aconteceu ontem à tarde, durante a European Radiation Protection Week, que está a decorrer em Dublin. “Esta eleição é o reconhecimento do trabalho e da investigação feita no âmbito da proteção contra as radiações”, reconhece Graciano Paulo, que é coautor das primeiras normas de referência para limites de radiação pediátrica na Europa e cocoordenador do Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para a Proteção contra as Radiações da ESTeSC-IPC.

Enquanto presidente da EURAMED, Graciano Paulo espera conseguir “desenvolver uma estratégia europeia de investigação no uso médico das radiações ionizantes e, sobretudo, articular com os estados-membros e com as organizações representativas dos profissionais a implementação de medidas nacionais para reduzir a exposição da população e dos profissionais à radiação ionizante”, explica.

Refugiados
1 em cada 5 pessoas refugiadas enfrentam problemas de saúde mental como angústia, ansiedade, depressão, psicose e perturbação...

Para assinalar o Dia Internacional da Saúde Mental, a Portugal com ACNUR, parceiro nacional da Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR), acaba de lançar uma nova campanha de sensibilização e angariação de fundos onde procura alertar para a importância da promoção da saúde mental entre pessoas deslocadas. “É urgente o investimento em programas de saúde mental e apoio psicossocial para as pessoas deslocadas e para as suas comunidades de acolhimento, para preservar a esperança e o potencial de gerações inteiras. Ignorar essa necessidade é comprometer o futuro de sociedades resilientes e mentalmente saudáveis”, reforça Joana Feliciano, Responsável de Marketing e Comunicação da Portugal com ACNUR.

As pessoas deslocadas, quer seja devido a conflitos, a perseguições, vítimas de violações de direitos humanos e/ou desastres naturais, encontram-se numa posição muito vulnerável e estão expostas ao trauma e a um grande nível de stress psicológico. Na origem destas perturbações estão a separação das famílias, a xenofobia, a falta de oportunidades de subsistência, as viagens perigosas e a exposição a cenários extremos, como os de guerra. "Ninguém está preparado para estas experiências", afirma Inna Chapko, uma psicóloga ucraniana que vive agora como refugiada na Polónia, "mas a maioria dos refugiados que passam por situações stressantes não pensa em pedir ajuda. Continuam a viver com a 'mentalidade de sobrevivência' que desenvolveram durante os tempos de crise, e as suas feridas só se aprofundam".

Tratam-se de situações extremas que afetam significativamente o bem-estar e a saúde mental destas pessoas. No caso dos conflitos, por exemplo, o ACNUR revela que cerca de 22% dos adultos que experienciam estes contextos acabam por sofrer de perturbações de saúde mental. A Organização aponta também para que 1 em cada 5 pessoas refugiadas sofram de problemas de saúde mental como angústia, ansiedade, depressão, psicose e perturbação bipolar. Existem ainda casos mais complexos em que as pessoas deslocadas acabam por apresentar sintomas de stress pós-traumático ou risco de suicídio.

No caso do suicídio, as populações deslocadas apresentam à partida um maior risco, devido a todas as experiências que viveram antes da fuga, durante a mesma ou até mesmo depois, quando tentam reintegrar-se nas comunidades de acolhimento e refazer as suas vidas. As crianças e os adolescentes que nalgum momento foram expostos à violência ou que vivem em circunstâncias extremamente difíceis são quem gera maior preocupação, sendo que a violência, a negligência ou o abuso infantil aumentam o risco de suicídio numa fase posterior da vida. Por outro lado, situações de violência de género associadas à deslocação forçada constituem um dos principais fatores de risco para o suicídio em raparigas e mulheres. Também as longas estadias em exílio, muitas vezes, em condições adversas aumentam consideravelmente os riscos de problemas de saúde mental, incluindo a automutilação e o suicídio.

A Agência da ONU para os Refugiados identifica também uma relação bidirecional entre a saúde mental, a pobreza e a perda de meios de subsistência: por um lado, as pessoas que vivem numa situação de pobreza, que perderam os seus meios de subsistência e se veem num contexto de exclusão social têm mais propensão para vir a enfrentar problemas de saúde mental; por outro, estados generalizados de depressão, de desespero e de falta de esperança e a predominância de pensamentos negativos impedem as pessoas de utilizar o seu potencial para encontrar soluções. “Num mundo repleto de desafios e perigos, a verdadeira humanidade reside na nossa capacidade de estender a mão e cuidar uns dos outros. Através da campanha de sensibilização e angariação de fundos da Portugal com ACNUR, estamos a afirmar o nosso compromisso em apoiar as pessoas forçadas a fugir que enfrentam adversidades, protegendo não apenas a sua saúde mental, mas também a dignidade e esperança que todos merecem”,  afirma a responsável de Comunicação e Marketing Joana Feliciano.  

Programa de apoio psicossocial do ACNUR já auxiliou mais de 472 mil pessoas deslocadas

A saúde mental tornou-se, assim, uma prioridade para o ACNUR, com a Organização a apostar cada vez mais no desenvolvimento de um programa de saúde mental e apoio psicossocial que ajude estas populações a enfrentar os desafios da deslocação, a cuidar das suas famílias, garantir meios de subsistência e contribuir para as comunidades que as acolhem. Tratam-se de intervenções individuais, familiares e em grupo adaptadas às diversas necessidades de homens, mulheres, raparigas e rapazes de qualquer idade, etnia, origem e religião, bem como a pessoas com deficiência e a outros grupos marginalizados e vulneráveis da comunidade de refugiados. Só no primeiro semestre de 2022, este programa permitiu ao ACNUR prestar serviços de saúde mental e apoio psicossocial a mais de 472 mil refugiados, requerentes de asilo, respetivas famílias e cuidadores.

No Uganda, Paul, um refugiado congolês de 66 anos que vive no campo de refugiados Nakivale, partilha o seu testemunho: “Há nove anos, tornei-me refugiado. Onde vivo, as pessoas dizem que sou um pai inútil, porque não consigo tomar conta de mim e da minha família. Sempre senti que não me encaixava. Isso deixou-me sem esperança e isolado. Sentia-me inútil e não via que tinha futuro”. Mas foi graças ao apoio do ACNUR que voltou a reencontrar a esperança e a força para reerguer a sua vida. “Nos grupos de socioterapia aprendi muito e fiquei sensibilizado com as diferentes experiências partilhadas e com a forma como as pessoas lutavam. Isso abriu-me os olhos e mudei. Sinto que agora sou uma pessoa melhor na minha comunidade", conta.

Contudo, em muitos dos locais onde decorre o acolhimento destas pessoas deslocadas, a presença de profissionais especializados em saúde mental, sobretudo para crianças e jovens, é quase inexistente. E mesmo quando estão presentes são insuficientes para dar resposta às necessidades das populações. Por isso, a Agência da ONU para os Refugiados tem recorrido cada vez mais às próprias comunidades para enfrentar estes obstáculos e apoiar os refugiados com os seus problemas de saúde mental e psicossociais. Sempre que possível, o ACNUR dá formação aos voluntários que apoiam as suas intervenções para orientarem os refugiados no acesso a estes serviços, promovendo simultaneamente a coesão social e o apoio mútuo.

Uma intervenção particularmente importante no âmbito das respostas de emergência, onde os trabalhadores humanitários podem utilizar os primeiros socorros psicológicos para apoiar as pessoas no rescaldo imediato de acontecimentos extremamente stressantes. Para o ACNUR é crucial incluir a saúde mental e o apoio psicossocial no planeamento das respostas humanitárias e incentivar os Estados a integrarem os refugiados e as pessoas deslocadas nos serviços nacionais e nos sistemas de cuidados de saúde existentes.

10 de outubro | Dia Mundial da Saúde Mental
O ator participa na Campanha Viva! Para lá da Depressão e dá o seu testemunho sobre a depressão que viveu e as estratégias que...

No âmbito do Dia Mundial da Saúde Mental, que se assinala hoje, dia 10 de outubro a campanha “Viva! Para lá da Depressão apresenta o testemunho na primeira pessoa do ator e humorista Tiago Castro, que sentiu na pele o impacto desta doença. Esta é uma iniciativa que pretende promover a saúde mental e quebrar o estigma associado à doença mental em Portugal, em especial a depressão.

Conhecido pela sua interpretação de Crómio na série juvenil “Morangos com Açúcar”, Tiago Castro recorda neste seu testemunho a depressão profunda que viveu durante os anos que se seguiram ao término das gravações da série e durante a época em que viveu em Nova Iorque e a respetiva superação do problema.

Após o seu regresso a Portugal, teve a ajuda e acompanhamento de um psicoterapeuta e psiquiatra. A seu tempo fez mudanças no seu estilo de vida e implementou novos hábitos que contribuíram para o seu bem estar e que o levaram a dar novamente um rumo à sua vida.

É com orgulho que participo na campanha, até porque me identifico bastante com o seu propósito. Acredito que é preciso sensibilizar e desmitificar o tema da saúde mental. Sinto que ainda existe algum tabu e, portanto, falar da depressão com leveza e sem vergonha pode ajudar outras pessoas que estejam a passar pelo mesmo”, afirma Tiago Castro. “O conselho que posso dar é que procurem ajuda, alimentem a chama de viver com atividades que vos façam felizes e acima de tudo façam delas uma prioridade”, acrescenta o ator.

A entrevista do ator, está disponível no website da campanha,  onde fala sobre o seu percurso profissional, a implicações que o sucesso teve na sua saúde mental e a importância de ter iniciativa, procurar ajuda e redefinir as prioridades que contribuam para uma vida mais feliz.

Lançada em 2022, a campanha conta com o contributo de vários especialistas de renome do panorama nacional, partilhando conselhos dirigidos à população. “Viva! Para lá da Depressão” possui ainda um website, onde estão disponíveis diversos conteúdos sobre saúde mental e conselhos que poderão ajudar na superação da depressão. Entre podcasts, vídeos e artigos, os conteúdos envolvem os vários especialistas, nas suas diversas áreas de especialidade, como psiquiatria, cuidados de saúde primários, psicologia, nutrição e exercício físico, entre outras, enquanto áreas complementares essenciais para o sucesso do tratamento da depressão.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) dedica este ano o Dia Mundial da Saúde Mental ao tema “As nossas mentes, os nossos direitos” e lembra que a saúde mental é um direito humano básico para todos. Todas as pessoas, quem quer que sejam e onde quer que estejam, têm direito ao mais alto padrão possível de saúde mental. Isto inclui o direito de ser protegido contra riscos de saúde mental, o direito a cuidados disponíveis, acessíveis, aceitáveis ​​e de boa qualidade, e o direito à liberdade, independência e inclusão na comunidade. A OMS defende também que ter um problema de saúde mental nunca deve ser motivo para privar uma pessoa dos seus direitos humanos ou para excluí-la das decisões sobre a sua própria saúde.

Opinião
A morte é um fenómeno natural e inevitável do ciclo da vida.

Por processo de luto, aquando da perda de um ser humano, entende-se a adaptação a um mundo sem a pessoa perdida e, inevitavelmente, sem tudo aquilo que ela nos proporcionava.

E, sim, “uma perda nunca vem só”. Existe uma perda primária, que diz respeito à perda da pessoa amada, e, por sua vez, existem inúmeras perdas secundárias, como a perda das rotinas partilhadas, das conversas, do abraço e do toque físico, do colo emocional que apenas essa pessoa nos proporcionava.

Desta forma, ao longo dos anos, a ciência psicológica, tem vindo a destacar os riscos da vivência de uma perda para a saúde mental, nomeadamente um risco elevado de depressão, ansiedade, perturbação do stress pós-traumático ou perturbação do luto prolongado.

Naturalmente que cada processo de luto é único e os riscos mencionados encontram-se associados a elementos como o nível de proximidade e intimidade emocional com a pessoa perdida (quanto maior a proximidade, maior o vazio da perda e o sofrimento carregado pela pessoa em luto), a fase do ciclo da vida em que a perda acontece e as circunstâncias da morte.

Quanto às circunstâncias da morte, destacam-se quatro tipos de processos de luto, designadamente: luto inesperado, luto antecipatório, luto desautorizado e luto ambíguo.

Um processo de luto inesperado remete para quando a pessoa é surpreendida por uma perda inesperada, por exemplo aquando de um acidente automóvel, desastre natural ou um assalto. O risco de não existir um momento de despedida é elevado, o que aumenta o risco de patologia.

Por oposição, um luto antecipatório é aquele que ocorre antes da perda real de uma pessoa, a qual se encontra em ameaça progressiva de morte (por exemplo, no contexto de doenças crónicas, cuidados paliativos) Este integra um sofrimento prolongado e uma ansiedade intensa que controlam o quotidiano. Ainda que estas circunstâncias possibilitem um período de preparação para a perda e procura de apoio, tendem a estar associadas a processos de negação.

Por luto desautorizado entende-se o processo de luto por perdas estigmatizadas, como uma perda gestacional ou de um animal de companhia perda. Encontra-se associado a um baixo suporte social, em que a pessoa é silenciada e o sofrimento desvalorizado pelo que os rodeiam.

O luto ambíguo acontece com perdas em que não existe contacto/reconhecimento do corpo da pessoa perdida, como histórias de pessoas desaparecidas (“será que está viva?”, “e se não fosse ele a ir naquele caixão?”).

Contudo, a pessoa em luto apresenta um papel ativo para a gestão do sofrimento e tornar o processo de luto menos penoso (dentro daquilo que é possível).

Uma das principais estratégias remete para os rituais do luto. Estes permitem a transformação de uma relação que era anteriormente física numa relação interna, simbólica e emocional. Ou seja, permitem manter a presença simbólica da pessoa perdida na nossa vida, aquilo que denominados por “laços contínuos”, manter a pessoa “viva” na nossa vida, homenageando tudo o que foi para nós.

Em poucas palavras, a relação perde a sua natureza física (o toque, os abraços), mas os rituais do luto permitem sentir que a pessoa continua “próxima”, presente na nossa vida, que a relação (ainda) existe. Tomem-se como exemplos de rituais do luto:

  1. Construir um Livro de Memórias (fotografias, poemas, letras de músicas) ou uma Caixa de Memórias (roupa, bilhetes de concerto, pertences da pessoa perdida).
  2. Reservar um espaço da casa com fotografias, flores e/ou velas (ou inclusive, com as cinzas – caso faça sentido).
  3. Plantar uma árvore num sítio que recorde o outro (quintal da casa, jardim associado a passeios, campo/casa de férias).
  4. Dialogar sobre a pessoa perdida com os demais, particularmente episódios engraçados ou felizes.
  5. Escrita terapêutica que representa uma possibilidade de comunicar com a pessoa perdida, pedir perdão, exigir um pedido de desculpas, expressar emoções.
  6. Visitar a última morada (no caso do cemitério, se a pessoa se sentir confortável, colocar flores, deixar uma carta).

Por acréscimo, existem outras ferramentas, para além dos rituais do luto (individuais e familiares, pois ambos são importantes - desde ir ao cemitério sozinho e colocar flores a construir um livro de memórias em conjunto com outros membros da família).

Um exemplo é manter uma rotina de autocuidado, a qual permita cuidar da saúde mental e da saúde física e, por sua vez, garantir a existência de “energia emocional” para gerir o vazio da perda – como por exemplo, manter uma alimentação saudável, praticar exercício físico, manter uma boa rotina do sono, ter um discurso interno positivo (isto é, mudar a forma como fala consigo mesmo, substituir o “eu não vou ser capaz” por “vai ser difícil, mas vou esforçar-me para dar o meu melhor”), propiciar momentos de relaxamento, entre outros.

Outro exemplo é recorrer a técnicas distrativas. É importante o contacto com a dor (até porque não podemos fugir do sofrimento da perda), mas é igualmente importante os momentos em que desligamos do sofrimento, por exemplo, com recurso à distração (ler um livro, ver uma série, correr/caminhar, falar com uma pessoa, tricotar). Veja o exemplo do choro: só é produtivo se produzir alívio. Chorar, por um determinado tempo, e sentir-se aliviado é saudável. Passar o dia a chorar é perigoso – não sente alívio e só aumenta o sofrimento emocional e a dimensão do luto na sua vida.

Por fim, mas não menos importante, é fundamental recorrer ao colo emocional dos outros, enquanto aprender a dar colo a si próprio (“de quem gostaria receber um abraço?”, “o que eu preciso, hoje?”, “o que me faria sentir melhor?”).

Não está sozinho, procure ajuda psicológica especializada. Na MIND | Instituto de Psicologia Clínica e Forense, existe a consulta de apoio no luto, em modalidade online ou presencial, na qual encontra um espaço seguro para expressar as suas emoções, identificar estratégias para gerir a dor, encontrar rituais do luto para manter a pessoa perdida presente na sua vida, aprender a gerir as diferenças familiares na expressão da dor – tudo o que fizer sentido, inclusive, voltar a encontrar-se a si próprio, após esta experiência traumática.

*As explicações são de Sofia Gabriel e Mauro Paulino, psicólogos na MIND | Instituto de Psicologia Clínica e Forense, Revisores Técnicos da Edição Portuguesa do livro “A Mensagem das Lágrimas - Guia para Lidar com o Luto”. 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
De 26 a 28 de outubro, a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC) recebe o X Congresso Iberoamericano de...

A FFUC foi a instituição escolhida pela Comissão Permanente da COIFFA para a realização deste importante evento, que regressa este ano ao formato presencial, depois de ter sido adotado o modelo virtual desde 2019.

O Congresso, subordinado ao tema “Abrindo Fronteiras”, tem como objetivo principal destacar que as fronteiras que conhecemos têm de estar cada vez mais abertas, porquanto se a doença as ultrapassa sem necessidade de qualquer tipo de permissão, também a saúde tem de ser possuidora da mesma capacidade.

Os recentes desenvolvimentos na área da formação, da investigação e da profissão farmacêutica constituirão os principais tópicos a apresentar e a discutir no Congresso, contando com a presença do Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Hélder Mota Filipe, da Presidente da Associação Nacional das Farmácias, Ema Paulino, e de inúmeros especialistas das principais áreas (Educação Farmacêutica, Ética e Deontologia, Farmácia de Oficina e Farmácia Hospitalar, Tecnologia e Biotecnologia Farmacêutica, Farmacologia, Farmacodinamia, Farmacocinética e Biofarmácia, Bromatologia, Farmacognosia e Nutracêuticos, Química Farmacêutica, Assuntos Regulamentares, Bioquímica, Análises Clínicas, Forenses e Toxicológicas), sempre numa perspetiva de “abrir fronteiras”, onde a inteligência artificial, entre outras áreas, não deixará, também, de marcar presença.

Após a sessão de abertura (dia 26, pelas 14h00, no Grande Anfiteatro da Unidade Central do Pólo das Ciências da Saúde da Universidade de Coimbra), a Lição Inaugural do Congresso será proferida pelo Reitor da UC, Amílcar Falcão.

O Programa contará com congressistas oriundos de Portugal, Espanha, Brasil, México, Argentina, Peru, Costa Rica, Colômbia, Guatemala, Bolívia, Equador, Chile, Panamá, Porto Rico, entre outros, estando já confirmadas, para além das conferências, 191 comunicações livres, 36 das quais a apresentar oralmente e as restantes sob a forma de poster.

Mais informações estão disponíveis no endereço https://xciacf.organideia.com/.

Assinala-se amanhã o Dia Internacional da Saúde Mental
20% dos inquiridos afirma estar "mal ou muito mal".

O aumento do custo de vida em Portugal está a ter um impacto muito negativo na saúde mental dos portugueses, com a grande maioria (83%) a admitir um impacto negativo no seu bem-estar psicológico, revela um inquérito da plataforma de contratação de serviços Fixando, realizado entre 19 de setembro e 2 de outubro a cerca de 1100 utilizadores. 

Apenas 12% responderam que o agravamento do custo de vida e a situação económica do país não estão a ter impacto na sua saúde mental e, naturalmente, nenhum dos inquiridos relatou um impacto positivo.

No que diz respeito à avaliação que fazem da sua saúde mental, apesar de 31% afirmar estar “bem ou muito bem”, quase metade (49%) dos inquiridos estimou a sua situação de saúde mental como “média” e 20% dos inquiridos indicaram que estão a sentir-se mal ou muito mal neste momento.

“Estes resultados reforçam a importância de oferecer recursos e apoio adequados àqueles que estão a enfrentar dificuldades em relação à sua saúde mental. É um reflexo da crescente preocupação entre os portugueses quanto à capacidade de lidar com as despesas diárias, o que, por sua vez, afeta o seu bem-estar psicológico”, reforça Alice Nunes, diretora de Novos Negócios da Fixando.

Além da situação económica, a guerra na Ucrânia também tem preocupado os portugueses, com 67% dos participantes neste estudo a sentir que a sua saúde mental está a ser afetada negativamente pela situação de guerra e pelo estado atual da política europeia, um resultado que reflete a sensação de incerteza perante o clima geopolítico que se vive na Europa. Cerca de 31% afirmou não sentir qualquer impacto no seu bem-estar.

Profissionais alertam para o acesso a cuidados de saúde mental

Questionados sobre o estado atual da saúde mental dos portugueses, alguns dos psicólogos ouvidos pela Fixando reconhecem muitas barreiras no acesso a cuidados de saúde mental, nomeadamente a falta de rendimentos das famílias para pagar consultas, a falta de profissionais no Serviço Nacional de Saúde e o estigma que ainda existe referente à saúde mental e ao recurso a psicólogos e outros profissionais da área.

Segundo dados da plataforma de contratação de serviços, a procura por serviços relacionados com saúde mental, como psicólogos ou psicoterapeutas, registou uma quebra de 6% nos primeiros 9 meses do ano, face ao mesmo período do ano passado.

“É necessário acabar com os estigmas das doenças mentais e garantir que a população conhece e tem acesso a estes cuidados de saúde. A verdade é que muitas famílias não estão sensibilizadas para a importância de prevenir e tratar situações de ansiedade e depressão. O aumento do custo de vida agrava estes casos de duas formas: ao prejudicar a saúde mental dos portugueses e ao tornar mais difícil que recorram a profissionais que os possam ajudar”, explica Alice Nunes.

A Fixando revelou ainda que o preço médio praticado por psicólogos se situa nos 37€ por consulta, idêntico ao valor médio em 2022, e que, apesar do aumento em 24% do número de psicólogos inscritos na plataforma em 2023, apenas 8% tem disponibilidade para aceitar novos pacientes.

Dia Mundial da Saúde Mental
A infertilidade é, para muitos casais, um acontecimento que marca de forma significativa o seu ciclo

A vivência emocional da infertilidade é muitas vezes comparada a uma montanha-russa, que não sabemos quanto tempo vai durar, nem exatamente como vai terminar. Ou seja, pode ser um caminho de tentativas mais ou menos longo, no qual sabemos onde queremos chegar, mas em que nem sempre conseguimos ter esse controlo. É um caminho com múltiplas etapas, com desafios e perdas que podem ir surgindo à medida que é percorrido.

Segundo a psicóloga da clínica de fertilidade IVI Lisboa, “cerca de 25 a 40% dos casais com dificuldades reprodutivas relatam sinais de ansiedade e depressão mais elevados em comparação com os casais férteis”. Explica que a vivência da infertilidade surge muitas vezes associada a sentimentos de vergonha, zanga, tristeza e culpa. “Quando há um desgaste grande ou uma sensação de sobrecarga emocional, é fundamental a pessoa procurar ajuda, no sentido de desenvolver estratégias mais ajustadas de autorregulação emocional”, explica. 

Acrescenta que, por vezes, o suporte conjugal, familiar ou social é sentido como inexistente ou incompetente o que torna esta vivência ainda mais dura e solitária. Procurar ajuda psicológica pode ser importante para desenvolver ferramentas para uma comunicação mais saudável e eficaz, seja com os outros de uma forma geral, seja no contexto do casal. Na sua opinião, o autocuidado é importante para todas as pessoas. “A nossa capacidade de cuidarmos de nós de uma forma consciente, atenta e respondendo às nossas necessidades é uma ferramenta importante para o nosso bem-estar psicológico. Por vezes é necessário recorrer à ajuda de um profissional para esta tomada de consciência e para trabalhar algumas mudanças de comportamento”, sublinha.

De acordo com a psicóloga, num caminho que pode ser pautado por insucessos ou perdas, o processo de luto pode tornar-se demasiado pesado. “Nessa altura, é importante procurar um profissional que possa ajudar a pessoa a compreender o seu luto e a desenvolver estratégias para lidar com o mesmo. Muitas pessoas vão desistir dos tratamentos pela sobrecarga emocional que atribuem aos mesmos e acabam por não conseguir ter um filho”, afirma.

Experienciar emoções mais intensas ou negativas faz parte do processo. O acesso a um profissional de saúde mental pode ser fundamental para a pessoa desenvolver novas ferramentas de regulação emocional e para promover a resiliência para que consiga continuar o seu caminho. Ao longo da jornada da infertilidade pode ser necessário ajustar expetativas e tomar decisões diferentes das iniciais. Podem existir momentos em que é necessário o aconselhamento psicológico no sentido de apoiar e promover a tomada de decisão consciente e informada, assim como para apoiar a gestão das expectativas associadas às opções existentes e aos processos inerentes.

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Opinião
No domínio dinâmico dos Serviços Médicos de Emergência, a importância da educação contínua para as e

O seu papel não se limita apenas ao transporte de pacientes para hospitais; muitas vezes são a primeira linha de cuidados intensivos para pacientes em situações de emergência. Um lapso nas suas habilidades ou conhecimentos pode potencialmente levar a uma diferença entre a vida e a morte. Portanto, a educação contínua torna-se uma parte vital do seu desenvolvimento profissional, permitindo-lhes prestar um atendimento eficaz e eficiente ao paciente.

A área da medicina pré-hospitalar está em constante evolução, com novas descobertas de pesquisas, técnicas e tecnologias sendo introduzidas regularmente. Tomemos como exemplo a recente pandemia da COVID-19, que viu a introdução de novos protocolos e procedimentos para o tratamento de pacientes.

Sem educação contínua, as equipas de resposta podem não se manter atualizadas com essas mudanças, levando potencialmente a um atendimento ineficaz ao paciente.

O treino/educação contínua garante que estes fiquem atualizados sobre essas alterações e possam implementá-las de maneira eficaz na resposta que providenciam.

Este treino contínuo desempenha um papel significativo na retenção e refinamento das habilidades. A natureza do trabalho das equipas de resposta envolve habilidades que salvam vidas, como, por exemplo, o RCP pediátrico, que normalmente não é executado diariamente.

Sessões regulares de treino ajudam a manter estas habilidades em mente, garantindo que estas equipas de resposta possam responder com rapidez e precisão quando necessário. Por exemplo, um estudo publicado no Prehospital Emergency Care descobriu que os paramédicos que passaram por treino regular com base em simulação eram mais competentes na atuação em situações de paragem cardíaca.

Também é verdade que a educação contínua também se centra no desenvolvimento de competências não médicas que são cruciais para as equipas de resposta. Isso inclui habilidades de comunicação, gestão de stress e capacidade de tomar decisões sob pressão.

Lidar com familiares em dificuldades, por exemplo, requer tacto e empatia, competências que podem ser aperfeiçoadas através de educação com base em cenários.

Da mesma forma, aprender técnicas de relaxamento pode ajudar as equipas de resposta a gerir a natureza altamente stressante do seu trabalho, reduzindo o risco de esgotamento e melhorando o desempenho geral do trabalho.

Em conclusão, a educação contínua para equipas de resposta SME não é apenas uma necessidade, mas uma componente crítica das suas funções, pois garante que se mantenham dotados com os conhecimentos e técnicas médicas mais recentes, ajuda-os a reter e aperfeiçoar as suas competências que salvam vidas e auxilia no desenvolvimento de competências não médicas essenciais.

Através da educação contínua, podemos garantir que as nossas equipas de resposta estão sempre preparadas para oferecer o melhor atendimento de excelência aos pacientes necessitados, reforçando assim a importância do seu papel do sistema de saúde.

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A arte ao serviço da Saúde Mental
A CAPITI – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Infantil – vai organizar, em Lisboa, no próximo dia 19 de outubro – e...

A iniciativa que coloca a arte ao serviço da Saúde Mental conta com a participação de 30 artistas contemporâneos, consagrados e emergentes, que doaram as suas obras para integrar a exposição e o leilão solidário CAPITI “Art Mind”. Entre os principais artistas que aderiram à causa solidária, contam-se nomes bem conhecidos no mundo artístico como Alexandre Farto (Vhils), Ana Perez Quiroga, Diogo Pimentão, Duarte Amaral Neto, Fátima Mendonça, Fernão Cruz, Jorge Molder, Martim Brion, Noé Sendas, Pedro Valdez Cardoso, Sandra Rocha e Teresa Segurado Pavão.

Este ano, e no âmbito da iniciativa, a CAPITI desafiou artistas a doarem uma obra, via Instagram, que foi avaliada posteriormente por júri – João Pinharanda, Diretor Artístico do MAAT, João Pinto Ribeiro, CEO do Palácio do Correio Velho, e Mariana Saraiva, Presidente da CAPITI – que selecionou 10 obras que irão integrar a 7ª Edição da exposição e do leilão solidário CAPITI “Art Mind”.

O evento solidário, que já faz parte da agenda cultural da cidade de Lisboa, vai ter lugar no Museu da Eletricidade (Sala dos Geradores), entre as 12h00 e as 20h00, no dia 19 de outubro, no qual será possível ver todas as obras expostas e participar no leilão live online. A partir de 10 de outubro, será possível licitar as obras no site do Palácio do Correio Velho em www.pcv.pt. O encerramento do leilão será dia 19 de outubro, pelas 21h30, e a licitação deve ser feita, também, em www.pcv.pt. Em 2022, a iniciativa permitiu a angariação de 51.250 euros e 27 peças de arte vendidas.

379 crianças e jovens apoiados e quase 14 mil atos clínicos realizados

Fundada em 2017, a CAPITI vive de doações, tendo apoiado até ao momento um total de 379 crianças e jovens, através das 8 clínicas parceiras, a nível nacional, tornando possível a realização de 13.990 atos clínicos, que englobam consultas com médicos, psicólogos e outros técnicos, e avaliações para diagnóstico.

Graças às parcerias estabelecidas com 8 clínicas, em 10 cidades do país, a CAPITI conseguiu, no final de 2022, que 165 crianças e jovens fossem acompanhados de forma regular, sendo que mais de metade destas crianças e jovens residem fora do distrito de Lisboa. Outro dado importante é que quase 70% dos casos em acompanhamento de crianças e jovens pertencem aos escalões 0 e 1, ou seja, são provenientes de famílias com maiores dificuldades financeiras, onde a CAPITI apoia 90% ou 70% das suas consultas.

Face ao contexto da pandemia e da guerra na Europa, a CAPITI teve de se adaptar e reinventar para assegurar, por um lado, a continuidade do acompanhamento das crianças e jovens, por outro a possibilidade de acolher as novas famílias que precisam do seu apoio. A propósito desta realidade, Mariana Saraiva, presidente da CAPITI, faz um alerta para a insegurança e para a ansiedade que se vive nos dias de hoje: “são realidades muito preocupantes, não só em relação às crianças e jovens, como aos seus pais, que vivem uma condição muito frágil e desgastante há alguns anos. Esta realidade traz, naturalmente, sérias oscilações ao nível da saúde mental”.

Ainda que com a pandemia e a guerra na Europa, a saúde mental tenha passado a estar na ordem do dia, a angariação de fundos para o apadrinhamento das crianças da CAPITI continuou a ser um desafio enorme, conforme explica a presente da Associação: “Continuamos a dar a conhecer a causa da CAPITI e a nossa realidade, no entanto, tantas outras associações estão no terreno com necessidades tão prementes como a nossa que é natural que os mecenas tenham de fazer escolhas. Ainda assim, apelamos a todos os portugueses para que, este ano, apoiem esta causa solidária e que se juntem a nós nesta importante missão”.

Mais informações sobre a CAPITI disponíveis em https://capiti.pt

Segundo a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e de Saúde Mental, as perturbações mentais e do comportamento representam 11,8% da carga global das doenças em Portugal, ou seja, mais do que as doenças oncológicas (10,4%) e apenas ultrapassadas pelas doenças cérebro cardiovasculares 13,7%.

Portugal é o segundo país da Europa com a mais elevada prevalência de doenças psiquiátricas, superior a 20%, sendo apenas ultrapassado pela Irlanda do Norte (23,1%). Entre as perturbações psiquiátricas, as perturbações de ansiedade são as que apresentam uma prevalência mais elevada (16,5%), seguidas pelas perturbações do humor com de 7,9%.

Aula Magna
No Dia Mundial da Saúde Mental, na próxima terça-feira (10 de outubro), realiza-se o Concerto Solidário de Artur Pizarro em...

Com um recital de piano solidário, Artur Pizarro reúne a comunidade em torno desta causa, recorrendo à música como linguagem universal para a desconstrução de estigmas e promoção do conhecimento sobre a saúde mental. Além dos inúmeros benefícios associados à música, esta é considerada uma ferramenta terapêutica capaz de promover o bem-estar emocional, e tal como a música é para todos, também o apoio e acesso à saúde devem ser. 

A AEIPS tem como missão promover a integração social de pessoas que enfrentam desafios relacionados com a saúde mental. Junte-se a nós neste Concerto Solidário e ajude a assegurar o direito à habitação independente, à educação inclusiva e à integração no mercado de trabalho das pessoas com doença mental.

Os bilhetes para este Concerto Solidário já se encontram disponíveis para venda nas lojas físicas FNAC (Colombo, Chiado, Vasco da Gama, Cascais, Almada, Alfragide), assim como na bilheteira online. O seu custo é de 30 euros e todas as receitas revertem para o benefício das pessoas apoiadas pela AEIPS. 

A AEIPS conta com o apoio da JCDecaux, da Mop Solidária, da FNAC, da Universidade de Lisboa e do Atelier do Caractere para a divulgação do Concerto Solidário. 

Detalhes do evento:

Data: 10 de outubro de 2023 (terça-feira)

Horário: 21 horas

Local: Aula Magna (Edifício da Reitoria, Alameda da Universidade 1649-004 Lisboa)

Custo do Bilhete: 30 euros

10 de outubro | Dia Internacional da Saúde Mental
No Dia Internacional da Saúde Mental, assinalado anualmente a 10 de outubro, o El Corte Inglés apresenta a Conferência “A Saúde...

As médicas pedopsiquiatras Andreia Araújo, Rita Rapazote e Margarida Crujo são as protagonistas deste momento e, em jeito de diálogo aberto, irão falar sobre o estado atual da saúde mental dos bebés, crianças e adolescentes portugueses. A conferência é aberta ao público.  

Andreia Araújo 

Concluiu o internato de pedopsiquiatria em 2016, no Hospital D. Estefânia. Inicialmente apaixonada pela primeira infância, a necessidade de trabalhar num Hospital Distrital fez com que se tivesse de apaixonar por todas as faixas etárias. 

Desde 2019 a tentar equilibrar a vida pessoal e o ser mãe com a dedicação à profissão, teve em 2022 o convite para se juntar à Equipa de Pedopsiquiatria do Hospital CUF Descobertas, onde atende preferencialmente crianças com mais de 6 anos. Colabora ainda com o Hospital CUF Torres Vedras. 

Rita Rapazote

Médica especialista desde 2015, tem dedicado a prática à Saúde Mental da Primeira Infância. Integrou, até 2022, a Unidade da Primeira Infância e o Centro de Estudos do Bebé e da Criança do Hospital Dona Estefânia, um projeto conjunto com a Unidade de Desenvolvimento. Neste contexto, teve também a oportunidade de se dedicar à investigação clínica e à formação na faixa etária dos 0 aos 5 anos. 

Em 2023, integrou a Equipa de Pedopsiquiatria do Hospital CUF Descobertas, onde tem a missão de apoiar as famílias de bebés e crianças pequenas na promoção de fatores de resiliência e na recuperação de trajetórias de desenvolvimento psicoafetivo saudáveis. 

Margarida Crujo 

Natural do Alentejo, adotou Lisboa também como casa na altura em que veio estudar Medicina. Especializou-se em Psiquiatria da Infância e Adolescência em 2012, dedicando-se à prática clínica desde então. Atualmente, é coordenadora da Equipa de Pedopsiquiatria do Hospital CUF Descobertas. Autora do livro “O Meu Filho Não Precisa de Rótulos”. 

 

Pode consultar toda a programação e os conteúdos disponibilizados pelo Âmbito Cultural de Lisboa e de Gaia Porto através dos seguintes canais: 

Estudo
O estudo colaborativo da Lunit defende a Inteligência Artificial como uma alternativa viável a um leitor humano no sistema de...

Um estudo prospetivo lançado recentemente defende o potencial da Inteligência Artificial (IA) para aliviar a pressão sobre os médicos radiologistas durante o rastreio do cancro da mama. Através da utilização de uma solução de IA aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) e com marca CE (Conformidade Europeia) para a análise de mamografias, é possível substituir um leitor humano sob a diretriz de leitura dupla da Europa.

A Lunit (KRX:328130.KQ), fornecedora líder de soluções baseadas em Inteligência Artificial (IA) para diagnóstico e terapia do cancro, lidera assim uma mudança transformadora no rastreio do cancro da mama. O estudo foi liderado por Fredrik Strand, do Instituto Karolinska, na Suécia, e envolveu mais de 50.000 mulheres.

“Embora as leituras duplas, realizadas por dois radiologistas, tenham sido estabelecidas como prática comum em toda a Europa e na Austrália, muitos países estão a enfrentar grandes dificuldades devido à escassez de radiologistas.”, explica o Fredrik Strand, radiologista mamário e professor associado no Instituto Karolinska. “Este estudo prospetivo estabelece as bases para a adoção generalizada da IA no rastreio do cancro da mama, preenchendo o papel de um radiologista, o que por sua vez pode reduzir os custos médicos e levar à maior comparticipação dos cuidados de saúde.”

Conduzido entre 1 de abril de 2021 e 9 de junho de 2022, este estudo analisou meticulosamente 55.581 casos de rastreio do cancro da mama em ambientes clínicos do mundo real. A análise introduziu três leitores independentes: Radiologista 1, Radiologista 2 e o sistema de IA, permitindo comparações meticulosas.

Os resultados foram transformadores: a IA, em colaboração com um único radiologista, exibiu uma Taxa de Deteção de Cancro de 4,7 por 1.000, superando a abordagem tradicional de dois radiologistas (4,5 por 1.000). O estudo também mostrou um declínio significativo das taxas de reconvocação (RR) com IA, tanto em colaboração com um radiologista (RR 2,8, redução de 4,44%) quanto durante a operação independente (RR 1,55, redução de 47,1%), em comparação com o sistema de leitura dupla (RR 2,93).

Com base nessas descobertas, no início deste ano, a Lunit estabeleceu uma parceria pioneira com o Hospital Capio St Göran, o maior hospital privado da Suécia e que faz parte do grupo Ramsay Santé. Com base no contrato, a Lunit integrou o sistema, marcando a primeira implementação real em que a IA substitui um dos dois leitores humanos no rastreio do cancro da mama. Neste momento, o hospital utiliza esta tecnologia para analisar mais de 65.000 mamografias anualmente, contribuindo significativamente para o programa nacional de rastreio do cancro da mama da Suécia.

“Este passo inovador para nos tornarmos no primeiro centro mamário do mundo que usa IA como leitor independente permite que os radiologistas fiquem menos sobrecarregados com a quantidade excessiva de leituras, permitindo-lhes concentrar-se em diagnósticos mais avançados e garantindo tempos de espera mais curtos para os doentes”, explica Karin Dembrower, médica sénior da Clínica de Mamografia do Hospital Capio St Göran. “A curto prazo, prevemos a deteção de mais cancros; a longo prazo, prevemos uma diminuição dos cancros de intervalo e a deteção de tumores mais pequenos. Estamos entusiasmados por realizarmos mais estudos para explorar essas possibilidades.”, remata.

Publicados recentemente na Lancet Digital Health, os resultados do estudo e a história de implementação foram apresentados na conferência da Sociedade Europeia de Imagem Mamária (EUSOBI 2023), realizada em Valência, Espanha, entre 28 e 30 de setembro.

"Este estudo representa um marco na área da saúde, inaugurando uma era em que a IA complementa e eleva perfeitamente os padrões de rastreio do cancro da mama. A IA está a redefinir os padrões de rastreio do cancro.", congratula-se Brandon Suh, CEO da Lunit. "A colaboração com o Hospital Capio St Göran é fundamental para resolver a escassez de radiologistas e revolucionar a análise mamográfica. Reforça a dedicação da Lunit para com a formação de alianças semelhantes com instituições médicas europeias para melhorar as experiências dos doentes e otimizar a eficiência operacional.", avança.

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