Estudo
Quase metade da população portuguesa está a tentar controlar o peso, sobretudo através do consumo regular de hortícolas, tendo...

De acordo com o estudo sobre as “Tentativas de Controlo do Peso na População Adulta Portuguesa: Prevalência, Motivos e Comportamentos”, publicado na Acta Médica Portuguesa, cerca de 44% dos adultos portugueses (53% de mulheres e 35% dos homens) estão activamente a tentar controlar o peso.

A investigação, a cargo de Inês Santos, Ana Andrade e Pedro Teixeira, do Centro Interdisciplinar de Estudo da Performance Humana da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade de Lisboa, contou com uma amostra de 1.098 indivíduos que responderam a um questionário.

Aprovado pela Comissão de Ética para a Saúde do Hospital de Santa Maria, o estudo revelou que 24,3% dos adultos portugueses reportaram estar a tentar perder peso, 19,4% evitam aumentar de peso e 6,5% evitam perder peso. Quase metade dos inquiridos (49,8%) não está a fazer nada relativamente ao seu peso.

Outro dado indica que mais de metade dos adultos portugueses que reportaram ter pré-obesidade ou obesidade disseram estar a tentar controlar o peso.

Ainda assim, cerca de 44% indicou não ter qualquer intenção de controlar o peso.

No que respeita aos indivíduos que reportaram ter um peso dentro dos parâmetros da normalidade, apesar de a maioria afirmar não estar a tentar controlar o peso, cerca de 39% tem essa intenção.

Nas mulheres, observaram-se diferenças significativas relativamente à região de residência: uma maior proporção de mulheres residentes na zona de Lisboa e Vale do Tejo e na Madeira estava a tentar perder peso, ao passo que na região do Alentejo mais mulheres estavam a tentar manter o peso.

Nas outras regiões, registaram-se mais mulheres a afirmar que não estão a tentar controlar o peso.

Em relação aos homens, as diferenças são mais significativas ao nível educacional, com mais homens com o ensino básico e secundário a tentarem perder peso e os com ensino superior a fazerem por mantê-lo.

De acordo com a investigação, uma maior proporção de mulheres com pré-obesidade e obesidade disse estar a tentar perder peso (44,4% e 56,3%, respectivamente).

No grupo de homens com obesidade, 46,3% disse estar a tentar perder peso e igual percentagem assumiu não ter qualquer intenção de controlo do peso. Mais homens com peso normal e com pré-obesidade reportaram não estar a tentar controlar o peso.

Os investigadores apuraram que “a estratégia comportamental mais frequentemente adoptada pela população adulta portuguesa, tanto com vista à perda de peso, como à sua manutenção, foi o consumo regular de produtos hortícolas nas refeições principais”.

“O consumo regular de sopa nas refeições principais, a ingestão de água em detrimento de outras bebidas, o consumo regular de pequeno-almoço, a inclusão de pequenas merendas a meio da manhã e da tarde, a opção por pequenas porções, e a prática regular de actividade física” são algumas das medidas tomadas.

Pediatra Gomes Pedro
O médico especialista em desenvolvimento infantil João Gomes Pedro alertou que a hiperactividade está mal diagnosticada em...

Quando completa 50 anos de carreira, o pediatra fala das suas preocupações actuais e aponta como um dos grandes desafios da pediatria moderna os problemas comportamentais e relacionais das crianças e dos adolescentes.

“Hoje talvez estejamos na linha de fronteira de passar do modelo patológico para o modelo relacional e isto faz a diferença na pediatria, na educação, na psicologia, em toda e qualquer actividade formativa”, afirma.

Para Gomes Pedro, que aprendeu e começou a prática clínica centrada no diagnóstico das doenças, hoje é fundamental estabelecer precocemente uma relação entre o pediatra, os pais e o bebé, preparando-os para as várias fases do desenvolvimento expectáveis e acompanhando-os nos problemas que daí possam advir.

É o que se passa com a Hiperactividade e o Défice de Atenção (PHDA): “Estas doenças e expressões aparecem porque o pessoal de saúde está mais sensível, mais atento às perturbações de comportamento do que há uns anos atrás”.

Gomes Pedro adverte, no entanto, que esse olhar, o começar a olhar para o comportamento, leva, como risco na intervenção dos profissionais, a considerarem quase matematicamente: “o menino está muito activo, está hiperactivo”.

“A professora queixa-se de que está ativo, ‘é uma síndroma de Attention deficit hyperactivity disease’, a professora diz ‘leve ao seu médico’, e os médicos que não estejam ainda bem formados, bem alicerçados no que é o comportamento normal do que é um sinal de risco no comportamento, receitam o metilfenidato” (fármaco para tratamento da PHDA), acrescenta.

Isto comporta o “risco de se usar sistematicamente substâncias farmacológicas quando não há hiperactividade nenhuma”, pois “a actividade que vemos, por exemplo, num gabinete, é própria de uma criança com três, quatro ou cinco anos, que gosta de explorar e que, mais do que normal, é desejável”, sublinha.

Segundo o pediatra, “é muito frequente os pais chegarem com uma criança com três anos e a dizer “ela deve ter hiperactividade e precisa de ser tratada”.

O que acontece é que as pessoas estão mais despertas, o que comporta outros riscos: a hiperactividade e o défice de atenção hoje está, por um lado, sobrediagnosticado, e por outro, mal diagnosticado, o que significa que há crianças que tomam o metilfenidato sem precisarem e outras que precisariam e não o tomam.

“Há crianças hiperdiagnosticadas e outras crianças hipodiagnosticadas”, sublinhou, acrescentando que “a moral da história” é que é preciso garantir que não se deixa de diagnosticar uma hiperactividade e défice de atenção, que é facilmente corrigida farmacologicamente, mas que também não se começa a usar drogas quando não é necessário.

Não é que a medicação tenha muitos riscos, salienta, mas “um princípio fundamental na medicina é tratar quando é preciso e hoje a implicação de tratar não é só medicamentosa, mas é o acompanhar”.

A grande questão é que não existem ainda meios para garantir um diagnóstico exato da PHDA.

“Não há propriamente um meio tão concreto como fazer uma análise para ver se há uma infecção, uma apendicite. A gente vê que há uma alteração dos glóbulos brancos, que mesmo que não se palpe conveniente uma barriga para fazer o diagnóstico, há uma análise concreta que nos diz ‘há infecção nesta criança’”.

No domínio do comportamento, no chamado modelo relacional, isso não é tão fácil, pois embora haja testes, como o Connors e outros, que dão pistas para que se possa estar perante uma PHDA, é preciso que o pediatra – “deve ser ele a tomar conta destas crianças - tenha experiencia e tenha competência para distinguir entre essa perturbação e uma actividade normal”.

“É que é ‘hiperactiva’ toda a criança pequena, nomeadamente a criança que entra para o jardim-de-infância”, e é preciso ter isso bem presente e “não hiperdiagnosticar síndromas de défice de atenção que obrigam imediatamente a medicar”.

Pediatra Gomes Pedro
O pediatra Gomes Pedro depara-se cada vez mais com pais que não têm dinheiro para comprar as vacinas, o que o levou a definir...

Após 50 anos a tratar da saúde das crianças, com milhares de bebés a passarem-lhe pelas mãos - no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e no seu consultório – Gomes Pedro vê-se actualmente forçado a definir estratégias para que os pais consigam o seu objectivo: proteger os filhos.

“Já temos casais com pai e mãe desempregados, a quem nós queremos receitar as novas vacinas indispensáveis à sobrevivência [dos filhos], como a nova vacina para a estirpe B do meningococo”, disse.

Estes pais começam por dizer que querem “o seu menino de ouro saudável”, mas não têm dinheiro para comprar vacinas.

“É terrível os pais não terem dinheiro para comprar uma vacina”, disse, contando que ultimamente recorre a uma estratégia que envolve os avós, sempre que estes vêm à consulta, e que passa por sugerir que estes ofereçam uma vacina ao neto, em vez de um brinquedo, proposta que tem sido “muito bem recebida”.

Gomes Pedro, que recentemente foi homenageado numa cerimónia em Coimbra, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, lembra que, actualmente, as crianças portuguesas têm ao dispor oito ou nove vacinas.

“Temos que as aproveitar todas. Simplesmente, algumas delas não são comparticipadas pelo Estado. Isto é um atentado à fantasia, à necessidade, ao direito”, declarou.

“Celebrámos há pouco tempo os 25 anos da convenção dos direitos da criança, em Novembro de 2014, e não pode ser. A celebração de um dia destes tem que garantir que cada criança tenha o direito a sobreviver, nomeadamente com as vacinas adequadas”.

O pedagogo, que preside ao Centro Brazelton, lamentou que, em Portugal, “ainda não haja uma cultura de criança. Não há uma cultura de bebé”.

Segundo Gomes Pedro, os políticos portugueses “candidatos aos mais elevados cargos falam de tudo, nomeadamente os comentadores políticos, mas não falam da criança”.

“Não falam na indispensabilidade de garantir à criança e ao bebé - além de um olhar comportamental, relacional e de afecto para a criança - as vacinas a que têm direito”, acrescentou.

O pediatra, que tem 73 anos e dirigiu durante 12 anos o departamento de Educação Médica na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, sublinha que, “com a baixa natalidade, cada bebé é um bebé de ouro para os pais”.

O especialista identifica com cada vez mais frequência, e fruto das fantasias dos pais antes e durante a gravidez, progenitores com pedidos: “Torne o meu filho, o meu bebé de ouro, num bebé muito especial e inteligente (…) faça do meu filho alguém que seja um herói supercompetente, que tenha boas notas na escola, que faça algum desporto”.

“Isto é o peso da influência do que se lê, que por um lado é desejável, todos querem ter o seu menino de ouro”, adiantou.

Para Gomes Pedro, os pais estão hoje stressados com coisas para as quais não se está a olhar com a devida atenção, como a mãe deprimida ou a ameaça do desemprego que torna os pais ansiosos.

Em relação ao movimento anti vacinas, que está a preocupar as autoridades de saúde, o pedagogo afirma que este “tem muitas bases de sentimento por parte dos pais”.

“Há pais que, assim como têm uma alimentação especial, biológica, não querem que a criança seja injectada com antigénios que vão fazer despertar os anticorpos que combatem uma eventual doença adquirida pela criança”, frisou, acrescentando que “outros pais associam o perigo das vacinas com a potencial indução de autismo. Não há qualquer evidência científica que suporte isto, mas há uma fantasia muito grande”.

Sobre a atitude que adopta, Gomes Pedro avança: “Não podemos ir contra a vontade nem ser intrusivos em relação a isto, mas temos a obrigação de explicar o que é potencialmente o valor de uma vacina que pode salvar a vida de uma criança, se porventura ela for hoje para alguns países do mundo onde o sarampo ainda é endémico”.

“Eu costumo dizer aos pais que gostava de estar ainda no activo como clínico e saber que as crianças podiam ter acesso a 30, 40, 50 vacinas”.

Médicos Sem Fronteiras
Os Médicos Sem Fronteiras criticaram a lenta resposta da comunidade internacional no combate ao ébola, num relatório que...

Um ano depois do início da epidemia de ébola, mais de 10.000 pessoas morreram e cerca de 25.000 foram infectadas pelo vírus, que foi identificado pela primeira vez na zona ocidental de África, principalmente na Guiné, na Libéria e na Serra Leoa.

Para os Médicos Sem Fronteiras (MSF), “meses e vidas perderam-se” porque a Organização Mundial de Saúde (OMS), que “é responsável por liderar emergências de saúde globais e que detém o conhecimento para controlar o surto”, falhou em responder de forma rápida e adequada.

O relatório acusa a Rede Global de Alerta e Resposta da OMS (GOARN, na sigla em inglês) de ignorar os pedidos de ajuda desesperados dos técnicos em Junho.

“Lembro-me de enfatizar que tínhamos a hipótese de parar a epidemia na Libéria se a ajuda fosse enviada naquela altura”, afirmou Marie-Christine Ferir, coordenadora de emergência dos MSF.

“Foi no início do surto e ainda havia tempo. O pedido de ajuda foi ouvido mas não foram tomadas medidas”, lembrou.

A OMS não definiu um centro regional para coordenação da resposta médica até Julho, altura em que já tinha surgido uma segunda onda da epidemia.

“Todos os elementos que levaram ao reaparecimento do surto em Junho também estavam presentes em Março, mas a análise, o reconhecimento e a vontade de assumir responsabilidades para responder de forma robusta não estavam lá”, refere o relatório.

Por outro lado, os MSF recordam que dispunham de apenas 40 pessoas com experiência com ébola quando o surto começou: “Não conseguíamos estar em todo o lado ao mesmo tempo, nem devia ser o nosso papel assumir uma resposta sozinhos”, afirmou Brice de le Vingne, director de operações da MSF.

Foi apenas quando um médico norte-americano e uma enfermeira espanhola foram diagnosticados com ébola que o mundo acordou para a ameaça do vírus, considera a agência humanitária no relatório divulgado.

Contactada pela agência noticiosa France Press (AFP), a OMS não quis comentar o relatório.

Os MSF também culpam os governos da Guiné e da Serra Leoa por recusarem admitir a escala da epidemia, afirmando que colocaram “obstáculos desnecessários” no caminho das equipas dos MSF.

A crise levou ao maior programa de formação na história da agência, com 1.300 técnicos internacionais e 4.000 locais mobilizados.

O programa estava inicialmente focado na Guiné e na Serra Leoa, mas quando a associação humanitária Samaritan’s Purse deixou a Libéria, no seguimento da infecção de um dos seus médicos, os MSF tiveram de decidir se abandonavam o país ou se levavam a sua equipa extremamente sobrecarregada a assumir mais riscos.

“Não podíamos deixar a Libéria afundar-se ainda mais”, disse Brice de le Vingne, recordando que acabaram por enviar coordenadores sem experiência com o ébola, e apenas com dois dias de treino, para o país.

Descoberta
A investigadora Ana Cohen descobriu uma nova mutação genética que causa uma doença rara de crescimento anormal do corpo, que...

Em causa, explicou a cientista, está a alteração no gene EED que codifica a proteína com o mesmo nome.

O gene "controla a expressão de outros genes responsáveis pelo desenvolvimento" de células, tecidos e órgãos, ainda durante a formação do feto.

Contudo, nas pessoas com crescimento anormal, a proteína do EED "é defeituosa" e o gene não consegue exercer a sua função correctamente.

A equipa de Ana Cohen, a fazer o doutoramento em genética, na área de doenças raras, na Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, constatou a mutação genética depois de ter feito testes de ADN a doentes com idades entre 1 e 32 anos.

Para a investigadora, a descoberta pode auxiliar, no futuro, os médicos a efectuarem testes clínicos com maior regularidade e a detectarem mais cedo cancros do sangue, como linfomas e leucemias, em pessoas, sobretudo crianças, que estão mais propensas a tê-los, uma vez que possuem uma alteração genética que potencia o crescimento desmesurado de células (tumores).

Ana Cohen precisou que a proteína expressa pelo gene EED "trabalha juntamente" com uma outra, a do gene para a Síndrome de Weaver, cuja mutação, verificada anteriormente, está também associada a alterações no crescimento.

A sua equipa pretende, num próximo passo, ver como se expressa a alteração no gene EED que causa a doença rara, ainda sem nome, mas que é detectada à nascença ou ao fim dos primeiros meses de vida.

Crianças, por exemplo, com 4 anos aparentam ter 9 anos. "Crescem mais e mais depressa", assinalou Ana Cohen.

Os resultados do novo estudo foram publicados esta semana na revista Journal of Human Genetics.

Organização Mundial de Saúde
Cinco pesticidas foram hoje classificados como "possível ou provavelmente" cancerígenos para o homem pela Agência...

O herbicida glifosato, um dos mais utilizados no mundo, bem como o malatião e o diazinão, foram classificados como "provavelmente cancerígenos para seres humanos", mesmo que "as provas sejam limitadas", segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (IARC), com sede em Lyon, França.

O glifosato, herbicida cuja produção é a mais significativa em volume, é a substância activa do ‘Roundup’, um dos produtos com maiores vendas no mundo, pois, além da agricultura, onde a sua aplicação tem aumentado bastante, também é usado nas florestas e em jardins privados.

De acordo com a IARC, o glifosato foi encontrado no ar, na água e nos alimentos, e a população está particularmente exposta, por viver perto de áreas intervencionadas com o herbicida, ainda que os níveis de exposição observados sejam "geralmente baixos".

Também os insecticidas tetrachlorvinphos e paratião, já objecto de interdições ou restrições em numerosos países, foram classificados como "possivelmente" cancerígenos.

Em termos de riscos cancerígenos, relativamente ao glifosato e aos inseticidas malatião e diazinão, a IARC observa que há "provas limitadas" em seres humanos, que os associam a linfomas não-Hodgkin.

Ao malatião, a organização associa o cancro da próstata e, ao diazinão, o cancro do pulmão.

Os riscos foram avaliados com base em estudos de exposição agrícola nos Estados Unidos, Canadá e Suécia, bem como em testes em animais de laboratório.

Bastonário dos Enfermeiros
O Bastonário da Ordem dos Enfermeiros afirma que não estão criadas as condições para a delegação de competências em Saúde nos...

Para o Enfº Germano Couto, a proposta contida no diploma (DL 30/2015) é tão ambígua que permite fazer muita coisa ou absolutamente nada.

Questiona se o que se pretende é ter no país 308 “mini planos de saúde”, ou seja, um diferente para cada município.

Ao participar sexta-feira em Coimbra numa tertúlia da Secção Regional do Centro (SRC) da Ordem dos Enfermeiros (OE), com o presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Dr. Manuel Machado, o Bastonário disse que a delegação proposta pelo Governo “é parcial, repartida e sem qualquer lógica”.

“Não me oponho à regionalização da Saúde, mais concretamente dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), mas terá de ser feita como um todo e numa lógica de total integração nas estruturas locais. Este é um tema que necessita de mais estudos aprofundados”, afirmou, na qualidade de Bastonário, em virtude de a OE ainda não ter assumido uma posição formal sobre o tema.

De acordo com o Enfº Germano Couto, pretende-se transferir para os municípios a gestão de equipamentos e a contratação e gestão parcial de recursos humanos, sem se saber como se concilia uma gestão administrativa parcial com a gestão clínica.

Interroga qual será o papel do director executivo neste processo, o do conselho clínico, das administrações regionais de saúde, e quem tutela os profissionais, se é a administração local, ou a central.

“Já existem demasiados desperdícios de recursos humanos, instalações e equipamentos por ‘teimosia’ política. Muitas extensões de saúde mantém-se abertas, mesmo sem condições de funcionamento, com recursos partilhados e mal rentabilizados, dando à população uma falsa sensação de segurança e acessibilidade”, acrescenta.

Na sua perspectiva, o diploma irá agravar a actual situação dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), e representa “o primeiro passo” para o seu desmantelamento.

“Significa repartir o pouco que existe, fragilizar o sistema e tornar mais assimétrico o acesso à ‘porta de entrada’ do serviço de saúde. A estrutura dos CSP deve ser única e integrada, independentemente de necessitar de ajustamentos regionais” para melhor responder às necessidades prioritárias das populações.

O Bastonário da Ordem dos Enfermeiros sublinha que a parceria com os municípios e entidades intermunicipais é importante para a prossecução dos fins sociais da Saúde, frisando que a “a lógica deve ser de parceria e não de delegação”.

“A delegação de competências na área da Saúde apenas faz sentido se for uniforme, estruturada e abrangendo todas as unidades funcionais, integrados no serviço de apoio à família, crianças e idosos existentes nas comunidades. A forma como os CSP estão constituídos neste momento, num funcionamento que teoricamente é em rede, não permitem a delegação de competências nos termos propostos”, considera.

Afirma que “o resultado será o aumento das assimetrias no acesso aos cuidados de saúde de proximidade”, e realça que a “municipalização da saúde” tem “um impacto profundo na organização do sistema de saúde e não pode ser tomada de ânimo leve e sem evidências concretas de benefícios”.

Também os municípios são diferentes nas suas estruturas e necessidades concretas em saúde, “pelo que se torna ainda mais complexo e aconselha a alguma cautela na decisão política”, refere, manifestando-se favorável a uma descentralização, e não à delegação de competências.

Na sua óptica, o país deve caminhar de forma coerente, estruturada e planeada para aspectos de descentralização onde haja mais ganhos e eficiência do Serviço Nacional de Saúde.

“Se temos peças legislativas como a presente, em que parece que é para ocupar agenda, ou para legislar apenas por legislar, as coisas não vão correr bem. A saúde é um dos bens mais preciosos que nós temos. Não podemos fazer experiências piloto desta forma. As experiências piloto têm de ser sérias, e não me parece que isto seja uma experiência séria”, conclui o Bastonário.

Para o presidente da ANMP, Dr. Manuel Machado, este projecto deve ser repensado, sujeito a uma análise idónea, com sensatez e sabedoria, para se encontrarem soluções adequadas, e sem os pânicos que estão a ser criados com esta medida do Governo.

A tertúlia inseriu-se na rubrica Conversas na Ordem, organizada pela SRC da Ordem dos Enfermeiros. Na de sexta-feira compareceu o deputado do CDS/PP Paulo Almeida, que é membro da Comissão Parlamentar da Saúde.

Trata-se de um evento que tem como orador permanente o Bastonário da OE, e que já teve como convidados o Bastonário da Ordem dos Advogados Marinho e Pinto, o presidente da Entidade Reguladora da Saúde, Jorge Simões, e o fundador do SNS, António Arnaut.

Instrumento de medição
Enfermeira do Centro Hospitalar Cova da Beira valida importante instrumento de medição do clima de segurança do doente para a...

Dora Maria Ricardo Fonseca Saraiva, enfermeira do Centro Hospitalar Cova da Beira, terminou recentemente o estudo de investigação que teve como objectivo a tradução, adaptação cultural e validação do Safety Attitudes Questionnaire (SAQ) - Short Form 2006 para Portugal.

Trata-se de um instrumento de medição do clima de segurança do doente, originalmente concebido por investigadores da Universidade do Texas (EUA), capaz de diagnosticar os domínios que precisam ser optimizados dentro da instituição de saúde (gestão, condições de trabalho e clima de segurança) e entre os profissionais (stress, satisfação no trabalho e o clima de trabalho em equipa), podendo ser usado na instituição como um todo, bem como, na análise específica por sectores ou unidades, em diferentes tipos de áreas clínicas e diferentes tipos de prestadores de cuidados de saúde. Tem sido utilizado numa variedade de configurações hospitalares e ambulatórias, em diversos países, estando actualmente disponível em mais de dez idiomas.

No âmbito deste estudo, o SAQ - Short Form 2006 foi submetido a um rigoroso processo de tradução, adaptação cultural e a procedimentos de avaliação da fidelidade e validade, tendo demonstrado boas propriedades psicométricas, através de resultados altamente satisfatórios e auspiciosos.

O presente estudo determina a consolidação de um instrumento de medição do clima de segurança para a população portuguesa, contribuindo para a legitimidade e desenvolvimento deste campo de pesquisa no nosso país. Trata-se de um marco importante para o progresso da ciência em Portugal, que tem implicações tanto no domínio da prática, como do ensino, investigação e gestão dos cuidados. Através da utilização deste questionário é possível contribuir para a  construção de ambientes de trabalho positivos e éticos, aprimorar o processo de cuidar e seus interfaces, minimizar os riscos e promover uma actuação ainda mais segura e confiável rumo à excelência.

Dia Mundial assinala-se a 21 de Março
Um em cada 700 bebés nascidos pode ter Trissomia 21, doença também conhecida por Síndrome de Down.

A Trissomia 21 (T21), também conhecida como Síndrome de Down, é a causa genética mais comum para a Perturbação do Desenvolvimento Intelectual. “Trata-se de uma doença genética e surge de uma alteração da organização cromossómica do par 21”, explica Inês Munhá, especialista em Psicologia Educacional e membro da Associação Diferenças.

O Dia Mundial desta doença assinala-se a 21 de Março e pretende “promover a junção de pessoas num mesmo espaço, dedicado à elaboração de planos de acção com vista a desenvolver iniciativas dedicadas a esta população, à reflexão sobre o que já tem sido feito e sobre o que ainda se necessita de melhorar, e à partilha de experiências, anseios e expectativas entre famílias que lidam com as mesmas situações”, refere a especialista.

Durante esse dia serão desenvolvidas diferentes actividades para assinalar a efeméride das quais se destaca o 5º Encontro de Família T21, em Barcelos e o lançamento do livro ‘Bebés com Trissomia 21”– novo guia para pais’. “Este foi um trabalho desenvolvido pelo grupo Pais 21 que conta com a colaboração de pais, médicos e técnicos” diz Inês Munhá, sublinhando que também nesse dia tem lugar o Dia Aberto. “Trata-se de uma acção desenvolvida pela APPT21, cujo programa conta com um painel de Especialistas que irá responder a questões de pais ou outros intervenientes, uma mostra do Vídeo Mundial 2015 e divulgação dos projectos e investigações que se encontram a decorrer”.

A doença

Estima-se que, em Portugal, a prevalência de Trissomia 21 seja de 1 em cada 700 nascimentos, sendo que é possível avaliar o grau de risco do bebé ser portador da doença através de rastreios combinados no período neo-natal. Inês Munhá explica que, “é possível através do rastreio combinado, que inclui o exame ecográfico, bioquímico e a amniocentese, detectar alterações compatíveis com Trissomia 21, como por exemplo traslucência da nuca”.

A idade materna avançada (>35 anos) tem-se manifestado como um importante factor de risco, mas pode acontecer a qualquer casal, seja qual for a idade.

“A criança com T21 tem uma evolução desenvolvimental e comportamental característica, embora se observe uma grande variabilidade desenvolvimental entre indivíduos com esta doença. Os grandes marcos de desenvolvimento surgem mais tarde em comparação com crianças com desenvolvimento típico ou normativo”, refere Inês Munhá.

Numa breve abordagem, e no que se refere ao desenvolvimento motor, a especialista explica que, “as crianças com T21 apresentam uma hipotonia generalizada (tónus muscular reduzido) e hiperflexibilidade dos ligamentos. Este perfil motor irá reflectir-se numa aquisição tardia dos marcos motores, como por exemplo, a sustentação da cabeça, o sentar, o gatinhar, a marcha independente, entre outros; O perfil cognitivo caracteriza-se por uma discrepância entre a cognição não verbal e verbal, sendo que a primeira é comparativamente superior: superior processamento e memória visual comparativamente ao processamento e memória auditiva; dificuldade na memória de trabalho; facilidade de aquisição do gesto e boa intencionalidade educativa. Este perfil cognitivo suscita a necessidade de desenvolver um tipo de intervenção que valorize a utilização de estratégias primordialmente visuais”. Já o desenvolvimento da linguagem e da fala é geralmente aquele que apresenta uma perturbação mais acentuada, verificando-se novamente uma discrepância entre a linguagem compreensiva e expressiva.

“A maioria das crianças compreende mais do que fala, o que significa que o gesto funcional poderá ser ponte importante para a fala. A inteligibilidade do discurso apresenta geralmente dificuldades. Uma alta incidência de dificuldades auditivas, assim como as dificuldades de motricidade oro-facial (hipotonia generalizada) contribuem significativamente para o atraso da linguagem e da fala e sua reduzida inteligibilidade. No entanto, são crianças que com boas competências nos aspectos não-verbais da pragmática e boa intencionalidade comunicativa”, comenta Inês Munhá.

Já no que se refere ao comportamento adaptativo, a especialista considera que são crianças com dificuldade de aquisição das competências de autonomia. No entanto, ao nível social, diz verificar-se uma boa intencionalidade comunicativa, o que apesar de se considerar uma vantagem, necessita de ser regulado e trabalhado em contexto de intervenção.

Combater os preconceitos

Como em todas as diferenças, surgem sempre preconceitos relativamente a portadores com T21. No entanto, diz a especialista “cada vez mais é possível ultrapassá-los e fomentar a ideia de que são pessoas com direitos e deveres iguais aos de toda a gente. São ou devem ser pessoas com um papel activo e significativo na sociedade”. E isso passa também pela integração no mercado de trabalho. Na opinião de Inês Munhá esta integração “deve iniciar-se precocemente, com o treino de competências académicas, sociais, vocacionais, de autonomia e profissionais”, acrescentando ainda que, “no que se refere ao percurso escolar, o Plano Individual de Transição inicia-se três anos antes do fim da escolaridade obrigatória, permitindo uma transição entre a vida escolar e profissional”.

A especialista chama ainda a atenção para o facto de a integração no mercado de trabalho implicar um esforço conjunto entre todos os técnicos envolvidos para que seja possível identificar um local de trabalho, definir funções e garantir a capacidade de execução das mesmas.

Viver com qualidade de vida

O plano de intervenção destas crianças/jovens tem de ser precoce e multidisciplinar. “Inclui uma dimensão médica (consulta de pediatria, pediatria de desenvolvimento e muitas outras especialidades que permitam responder às situações médicas que vão surgindo), uma dimensão educativa (delineamento e execução de um plano de intervenção que abranja todas as áreas do neurodesenvolvimento) e social (esforços continuados de integração da criança e jovem na sociedade)”.

Numa fase adulta o objectivo é que, como qualquer pessoa, tenham uma boa qualidade de vida, o que significa que têm acesso a todas as condições básicas de vida, estão integrados socialmente e desempenham um papel activo na sociedade (emprego ou algo semelhante que cumpra esta função).

Inês Munhá faz questão de sublinhar que, “actualmente o prognóstico de uma criança com Trissomia 21 é muito positivo. A título de exemplo, em 1980 apenas 5% das crianças com Trissomia 21 aprendiam a ler. Actualmente, 80% aprende a ler antes dos 8 anos”, diz salientando que todo o percurso escolar e académico deve valorizar uma integração no ensino regular. “O objectivo primordial é o de garantir para que no futuro estes jovens desempenham um papel activo e relevante na sociedade, tal como qualquer indivíduo sem Trissomia 21. Esta crescente participação é uma mais-valia para os próprios mas essencialmente para a sociedade”, conclui a especialista.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Também conhecida por Trissomia 21
Oficializada pela ONU em 2012, 21 de Março marca o 10.º aniversário das comemorações do Dia Mundial da Síndrome de Down.

Amanhã, dia 21 de Março assinala-se o 10.º aniversário do Dia Mundial da Síndrome de Down, também conhecida como Trissomia 21. As comemorações, em 2015, estão centradas no tema "As minhas oportunidades, as minhas escolhas – desfrutar de iguais e plenos direitos e o papel das famílias”, que visa relembrar, que as pessoas com Síndrome de Down, como outras pessoas, devem ser capazes de desfrutar de plenos e iguais direitos, em crianças e adultos com 'oportunidades' e 'escolhas”.

As pessoas com síndrome de Down enfrentam muitos desafios em criança e adultos como:

  • Serem abandonados, sujeitos ao abuso e afastamento das suas comunidades
  • Serem discriminados e tratados de forma diferente no sistema de ensino
  • Serem discriminados na saúde com diagnósticos errados pelos sistemas de saúde
  • Terem oportunidades limitadas de viver independentes, terem trabalho e serem plenamente incluídos na comunidade
  • Falta de controlo no direito ao casamento, a terem relacionamentos e famílias
  • Terem oportunidades limitadas de votar, participar activamente na vida pública e serem eleitos para cargos públicos.

Oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2012, a data de 21 de Março foi a eleita pela Associação Internacional da Síndrome de Down (Down Syndrome International) pelo facto de se escrever como 21/3 (ou 3-21), fazendo alusão à Trissomia 21. A primeira comemoração desta data ocorreu em 2006.

A 19 de Dezembro de 2011 a ONU aprovou uma resolução que designa o dia 21 de Março como Dia Mundial da Síndrome de Down. A data passou a ser comemorada, oficialmente, a partir de 2012. A ONU propõe que os Estados-membros comemorem com a adopção de medidas para promover maior conhecimento sobre a Síndrome de Down.

De acordo com a APATRIS 21 - Associação de Portadores de Trissomia 21 do Algarve, a Trissomia 21, também conhecida por mongolismo e Síndrome de Down, é uma doença genética que resulta da presença de um cromossoma supranumerário no par 21 (três cromossomas em vez de dois).

Os portadores de Trissomia 21 partilham certas características físicas (embora não presentes em 100% dos casos), tais como:

  • Face redonda de perfil achatado;
  • Braquicefalia;
  • Fendas palpebrais oblíquas;
  • Nariz pequeno e achatado;
  • Boca aberta e protusão da língua;
  • Prega palmar única;
  • Baixa estatura;
  • Défice cognitivo;
  • Malformações internas.

A APATRIS 21 foi criada por um grupo de pais e profissionais de educação, com o objectivo de dar resposta à ausência de informação e apoio às famílias com indivíduos portadores de Trissomia 21 na região do Algarve.

Os objectivos da associação baseiam-se na integração global dos portadores de Trissomia 21, perspectivando a sua educação e formação profissional, tendo como finalidade última a sua realização pessoal e integração na sociedade.

Necessária atenção redobrada
Existem vários tipos de bullying, e o cyberbulling ou bullying virtual é um dos que tem vindo a aume

Bullying versus Ciberbullying

Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato. Aqui o provocador é conhecido e a vítima recebe humilhações consecutivas. O bullying, ao contrário do que pensam, não ocorre só no contexto escolar, no entanto é frequente na sala de aula e no recreio. Os estudos revelam que é mais comum em rapazes do que em raparigas. Em casa, os pais também sofrem com este tipo de violência. As vítimas muitas vezes permanecem em silêncio com medo de ser gozadas ou das represálias, não revelando aos pais este sofrimento.

Existem vários tipos de bullying e o cyberbulling ou bullying virtual é um dos que tem vindo a aumentar. Este está relacionado com as redes sociais, telemóveis e internet., onde circulam mensagens difamatórias ou ameaçadoras. É quase uma extensão do que os alunos dizem e fazem na escola, mas com a agravante de que as pessoas envolvidas não estão cara a cara. Estes meios têm sido utilizados como forma de humilhação, colocando em causa a reputação da vítima. Aqui existe um anonimato e o provocador tem características diferentes em relação ao do bullying. O agressor quer que o máximo de pessoas tenha conhecimento de algumas informações para humilhar, mas atua às escondidas ou de forma mais reservada. Dessa forma, o anonimato pode aumentar a crueldade dos comentários e das ameaças e os efeitos podem ser tão graves ou piores. O cyberbulling precisa receber o mesmo cuidado preventivo do bullying e a dimensão dos seus efeitos deve sempre ser abordada para evitar a agressão na internet.

Em alguns casos extremos, o bullying chega a afetar o estado emocional do adolescente de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio.

Como perceber que o seu filho está a ser vítima de bullying? Como atuar?

Muitos dos sintomas podem ser confundidos com comportamentos característicos da adolescência, sendo por isso necessária uma atenção redobrada.

Os pais deverão estar atentos. Sempre que verificarem alterações acentuadas no humor do filho/a, cansaço físico e psicológico mais que o habitual, impaciência ou pouca tolerância, mais isolamento, mais introspetivo, baixo rendimento escolar, queixas físicas permanentes e sistemáticas para não ir para a escola, irritabilidade extrema e inércia: desconfie.

Quando as crianças são tímidas e não revelam os maus-tratos dos quais são vítimas torna-se problemático, podendo estas práticas prolongarem-se de forma silenciosa, provocando danos irreparáveis. Por isso, é de extrema importância acompanhar os filhos e principalmente perceber como estes se sentem na escola e como se relacionam com os colegas. Se ele for tímido, procure falar com os pais dos colegas da escola ou até mesmo com os colegas em festas de aniversário ou convidá-los para ir brincar/conviver em sua casa com os seus filhos. São estratégias que podem resultar na obtenção de alguma informação.

Assim, e de uma forma sucinta podemos apontar como sinais de alerta da violência: ataques de fúria; irritabilidade extrema e frustração frequente; impulsividade; auto-agressão; existência de poucos amigos; dificuldade para prestar atenção e uma certa inquietude física.

Sinalizar, encaminhar e intervir precocemente, quer nas crianças que estejam em risco, como naquelas que já são vítimas, é importante, tal como alertar e sensibilizar os professores, pais e profissionais de saúde, para a identificação precoce dos sinais de alerta e a referenciação para serviços especializados que possam intervir/apoiar nesta área. Denunciar este tipo de violência é essencial, para se poder intervir. A intervenção é um desafio que se coloca a todos os profissionais que possam atuar nesta área: professores, médicos, enfermeiros, psicólogos e governantes.

A família tem um papel primordial, assim como a escola. Ambos devem conhecer os sinais de alerta, não fechar os olhos a estas situações e deverão em conjunto promover medidas de proteção e vigilância a estes alunos e de penalização/encaminhamento especializado para aqueles que constituem os agressores. Nestes casos, o apoio psicológico é muito importante. Também é necessário apoiar e preparar os pais para lidar com estas situações.

Já existe uma plataforma interativa em Portugal, Fear Not (disponível na versão inglesa), que recria situações de violência e ensina o utilizador a defender-se.

Em síntese, para prevenir o bullying e o ciberbullying é necessário investir em sessões de sensibilização dirigidas a pais, professores e alunos; criar serviços de apoio à vítima e investir em formas eficazes de sinalização e de intervenção especializada.

 

Referências Bibliográficas

  1. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (1996).DSM IV: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. Climepsi Editores.
  2. Sites: Portal Bullying centro de ajuda online - http://www.portalbullying.com.pt/; http://www.bullying.org;
  3. APAV - http://www.apavparajovens.pt/

Andreia Eunice Pinto Magina, Enfermeira Especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica. Licenciada em Ciências da Educação. Instrutora de Massagem Infantil certificada pela IAIM - Unidade de Cuidados na Comunidade do ACES EDV II – Aveiro Norte

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Nas escolas
Um grupo de pais de crianças e jovens com Trissomia 21 lançou uma campanha para sensibilizar professores e a comunidade para a...

“Obrigada professora por puxar por mim” é o tema da campanha promovida pelo Grupo Pais21 para assinalar o Dia Mundial da Trissomia 21 (T21), 21 de Março, que inclui o livro “Bebés com Trissomia 21 – Novo Guia para pais”, que é lançado hoje.

Em declarações, Carmo Teixeira, do Pais21, explicou que esta campanha surgiu porque “a maior parte das pessoas não têm claro que estas crianças estão todas integradas no sistema regular de ensino”.

“Tentamos chamar a atenção para a importância que tem a atitude dos professores em relação a eles na sala de aula porque é uma mais-valia” não só para estas crianças como para os seus colegas, disse Carmo Teixeira, mãe de um jovem de 25 anos com T21.

Os professores também têm de ter apoio para esta missão, porque há “muitas escolas que ainda não conseguiram acreditar verdadeiramente nas crianças com T21 e seus potenciais”.

O estudante com Síndrome de Down “continua a ser um aluno invisível, está na sala de aula, porta-se bem, o que facilita ser ignorado”, mas “queremos jovens capazes e, para isso, têm que aprender e o melhor lugar para aprender é a escola”, defende.

Para Carmo Teixeira, “tudo isto é possível desde que as pessoas se consciencializem que eles têm o seu lugar, têm coisas para dar e têm a sua opinião”.

Por outro lado, adiantou, “os miúdos funcionam como cópia de comportamentos e se estiverem integrados em escolas normais têm um padrão de comportamento normal” e “mais tarde serão pessoas muito mais iguais do que diferentes.

Os colegas também aprendem com eles coisas que não estão nos livros, como a tolerância, e este convívio “enriquece-os como pessoas”.

“O meu filho sempre esteve no ensino regular, desde a primeira classe até acabar o 9.º ano. Ele é igual aos meus outros filhos, nem me lembro que tem trissomia e isso foi possível porque houve abertura por parte dos professores”, contou Carmo Teixeira.

Hoje é lançado “o único livro em Português sobre este tema”, que está incluído num ‘kit’ que o grupo está a distribuir por todos os hospitais do país aos pais dos bebés que nascem com T21, a anomalia genética mais comum, que afecta uma em cada 800 gravidezes.

“É preciso que os novos pais saibam do potencial do seu filho logo aquando do seu nascimento e tenham consciência que não estão sozinhos”, refere o grupo.

O Pais21 nasceu da necessidade de partilha entre os pais de crianças e jovens com Síndrome de Down e tem como principal missão capacitar os pais e fazer com que acreditem que os seus filhos podem “ultrapassar obstáculos e superar expectativas inimagináveis”.

UNICEF
Perto de 750 milhões de pessoas continuam sem acesso a água potável, “sobretudo os pobres e marginalizados”, apesar dos...

“A água é a própria essência da vida e, contudo, três quartos de mil milhões de pessoas – sobretudo os pobres e os marginalizados – continuam a ser privados deste direito humano básico”, afirmou Sanjay Wijesekera, responsável pelos programas globais da UNICEF para a Água, Saneamento e Higiene, citado num comunicado do Fundo das Nações Unidas para a Infância.

Segundo o texto, desde 1990, “cerca de 2,3 mil milhões de pessoas passaram a ter acesso a fontes melhoradas de água para beber” e “a meta dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio de reduzir para metade a percentagem da população global que não tinha acesso até então foi alcançada cinco anos antes do prazo de 2015”.

“Actualmente, são apenas três os países onde mais de metade da população não tem acesso a água potável melhorada – A República Democrática do Congo, Moçambique e Papua Nova Guiné”, adianta o comunicado.

Dos 748 milhões sem acesso a água potável, 90% vivem em zonas rurais e 325 milhões (dois em cada cinco) vivem na África Subsaariana, 112 milhões na China e 92 milhões na Índia.

“Para as crianças, a falta de acesso a água segura pode ter consequências trágicas”, assinala a UNICEF, adiantando que “em média, perto de mil crianças morrem por dia devido a doenças diarreicas relacionadas com água imprópria para beber, saneamento precário ou pouca higiene”.

O Dia Mundial da Água, que se celebra desde 1994, é assinalado no dia 22 de Março, chamando a atenção para a necessidade de preservar este importante recurso natural.

Ordem dos Médicos Dentistas saúda
O III Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais 6, 12 e 18 anos mostra que a incidência de cáries dentárias tem vindo a...

Os resultados do estudo, que foi apresentado esta sexta-feira numa cerimónia que assinalou o Dia Mundial da Saúde Oral e foi elaborado pela Direcção-Geral da Saúde em parceria com a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), mostram uma evolução favorável nas várias faixas etárias até aos 18 anos.

O secretário-geral da OMD e um dos autores do estudo, Paulo Melo, salienta que “os ganhos conseguidos são assinaláveis e resultam de um trabalho de colaboração entre a OMD e os Ministérios da Saúde e da Educação. A rede de escolas tem tido um papel decisivo nos resultados alcançados e é também por isso que temos de nos congratular com a abertura do Ministério da Saúde para alargar o programa cheque-dentista até aos 18 anos”.

As conclusões do estudo revelam que entre os anos 2000 e 2013, o número de cáries dentárias diminuiu 21% nas crianças de 6 anos. No ano 2000, apenas 33% das crianças com 6 anos estavam livres de cáries, valor que subiu para 54% em 2013. Uma evolução semelhante à que se regista nas crianças de 12 anos, em que 53% não tem cárie dentária. Aos 18 anos, apenas 32,4% dos jovens não tem cáries.

A melhoria da situação de saúde na dentição permanente em crianças e jovens com menos de 18 anos resulta não só da redução dos níveis de doença, mas também do aumento da resposta às suas necessidades curativas. Aos 12 anos a média de dentes cariados por pessoa baixou 50% passando de 0,75 para 0,37 e a média de dentes tratados aumentou cerca de 15%, de 0,65 para 0,74 o que significa que baixou a quantidade de doença e que 2 em cada 3 dentes cariados estão tratados. Estes níveis de doença são medidos através de um índice (CPO) médio por pessoa que contabiliza o número de dentes cariados, obturados e extraídos (perdidos). Os resultados deste índice aos 12 anos (1,18) já ultrapassam as metas preconizadas pela OMS para 2020, que eram de 1,50.

Paulo Melo considera que “os ganhos são assinaláveis e justificam-se pela implementação do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral, conhecido por cheque-dentista, que permite às crianças, mesmo as mais carenciadas, aceder a consultas de medicina dentária. Esta evolução justifica plenamente a manutenção do programa e até do seu alargamento”.

Para além da redução de cáries dentárias, o estudo mostra uma evolução igualmente favorável no caso de dentes tratados e com menos dentes perdidos, sendo que esta melhoria da situação de saúde oral verificada nas crianças e jovens é transversal a todas as Regiões de Saúde de Portugal.

É ainda possível confirmar que a prevalência e a gravidade da cárie dentária é maior em crianças de estratos socioeconomicamente mais desfavorecidos e que habitam fora dos grandes centros urbanos.

O estudo mostra ainda que os hábitos básicos de higiene oral nas crianças e jovens estão a aumentar. Aos seis anos, 79% das crianças diz escovar os dentes todos os dias, aos 12 anos são quase 90% e aos 18 anos 96%.

Para Paulo Melo esta “aposta na prevenção e no tratamento precoce vai traduzir-se em enormes ganhos no futuro, ainda temos um caminho a percorrer, mas seguramente que não vamos ter daqui a 30 ou 40 anos um número de idosos desdentados tão elevado como temos agora. Menos doenças orais também significa mais saúde, porque a saúde oral não pode ser dissociada da saúde em geral”.

As crianças e jovens são os principais utilizadores do programa cheque- dentista, que abrange também idosos com o complemento solidário, grávidas e portadores do VIH.

No ano passado, a taxa de utilização do cheque-dentista subiu para 74%, tendo sido utilizados 406.689 cheques-dentista. Desde o início do programa já foram utilizados 2.378.363 de cheques para um total de 7.298.305 de tratamentos de medicina dentária.

De salientar que 60% dos cheques-dentista foram usados em procedimentos preventivos, ou seja, na aplicação de selantes de fissuras. No total, foram tratadas 4.334.877 de cáries contra apenas 207.239 extracções de dentes, o que representa somente 3% dos tratamentos efectuados.

Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde pediu rapidez na averiguação do caso em que terá havido intervenção do presidente do INEM no transporte...

Em declarações aos jornalistas, o secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Leal da Costa, disse que é necessário, “o mais rapidamente possível”, chegar a uma conclusão sobre o que aconteceu, tendo pedido rapidez à Inspecção-geral das Actividades em Saúde (IGAS).

“A notícia fala de uma eventual má prática médica e eventual mau uso dos sistemas de socorro e é isso que tenho de averiguar. Depois da avaliação técnica tirarei as conclusões políticas necessárias”, afirmou Leal da Costa, à margem de uma cerimónia que assinalou em Lisboa o Dia da Saúde Oral.

A IGAS abriu já um processo de averiguações à intervenção do presidente do INEM no caso da uma doente transportada de helicóptero do hospital de Cascais para o de Abrantes.

O caso, divulgado na quinta-feira no Jornal da Noite da SIC e que hoje é manchete no Jornal de Notícias (JN), refere-se a uma doente oncológica que deu entrada na urgência do Hospital de Cascais a 24 de janeiro.

O secretário de Estado admitiu que a notícia levanta uma suspeita, mas que não é conclusiva: “Tive conhecimento de um episódio por uma notícia de jornal que obviamente vai ser investigado. A notícia é muito pouco clara sobre o que está em cima da mesa e preciso de saber objectivamente o que aconteceu. Isso será feito pela IGAS para tentar chegar a uma conclusão o mais rapidamente possível”.

Leal da Costa frisou que a averiguação serve para perceber se “existiu eventualmente algum erro por parte do presidente do INEM” e que a rapidez pedida se deve ao facto de o INEM ser um serviço da “maior importância” e ainda por este não ser o primeiro episódio a levantar dúvidas em relação ao responsável do organismo.

A IGAS também se encontra a investigar o desvio de uma ambulância com uma doente prioritária que, segundo um sindicato do INEM, terá ocorrido para que a mulher do presidente do instituto entrasse a horas no hospital onde trabalha.

Na queixa enviada à Inspecção-geral da Saúde, o Sindicato dos Técnicos de Ambulância refere que, "sendo a doente considerada prioritária, nunca poderia existir qualquer desvio do percurso, dado que se corria o risco de a doente sofrer consequências mais graves".

O caso ocorreu este mês e envolveu a viatura médica de emergência e reanimação (VMER) de Gaia, que acompanhava uma ambulância com a doente para o hospital de Santo António (Porto).

Segundo o Sindicato, quando a ambulância teve de parar numa passagem de nível fechada, a condutora da VMER (enfermeira e mulher do presidente do INEM) decidiu alterar a rota para que a equipa fosse rendida.

Terá sido o próprio presidente do INEM que transportou a equipa que ia substituir a da sua mulher, tendo-a depois levado ao hospital de Gaia, onde iria entrar ao serviço.

A queixa refere também que o presidente do INEM, Paulo Campos, entrou na ambulância para cumprimentar toda a equipa e a doente.

Neurocirurgião
O neurocirurgião João Lobo Antunes é o novo presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, de acordo com a...

Até 2020, o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) será composto por André Dias Pereira, António Sousa Pereira, Daniel Torres Gonçalves, Lucília Nunes, Luís Duarte Madeira e José Tolentino de Mendonça, designados pela Assembleia da República.

Pelo Governo foram designados cinco elementos: Filipe Almeida, Pedro Pita Barros, João Lobo Antunes, Rita Lobo Xavier e Maria Regina Tavares da Silva.

Para este novo Conselho, foram ainda designadas mais nove entidades “de reconhecido mérito que assegurem especial qualificação no domínio das questões da bioética”.

Estas nove entidades são José Manuel Silva, da Ordem dos Médicos, Sérgio Deodato Fernandes, da Ordem dos Enfermeiros, Francisca Avillez, da Ordem dos Biólogos, Carlos Maurício Barbosa, da Ordem dos Farmacêuticos, Sandra Horta e Silva, da Ordem dos Advogados, Ana Sofia Carvalho, do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, José Esperança Pina, da Academia das Ciências de Lisboa, Jorge Manuel Costa Santos, do Instituto Nacional de Medicina Legal, e Jorge Soares, da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Uma nota de imprensa do CNECV refere que os membros do V Mandato do Conselho tomaram posse quinta-feira, numa sessão pública e solene em que participou a presidente da Assembleia da República.

Ainda quinta-feira realizou-se a 209ª reunião plenária do CNECV, a primeira deste mandato, durante a qual João Lobo Antunes foi eleito presidente.

João Lobo Antunes substitui na presidência do CNECV o médico Miguel Oliveira da Silva.

IGAS investiga
A Inspecção Geral das Actividades em Saúde abriu um processo de averiguações à intervenção do presidente do INEM no caso de uma...

O caso, divulgado na quinta-feira no Jornal da Noite da SIC e hoje manchete do Jornal de Notícias (JN), refere-se a uma doente oncológica que deu entrada na urgência do Hospital de Cascais a 24 de Janeiro.

A doente ficou no Serviço de Observações da Urgência e acabou por ser transferida no dia seguinte para o hospital de Abrantes.

Segundo a SIC, “terá sido o presidente do INEM que nesse dia se apresentou no hospital como médico assistente a dar conta da assistência da vaga em Abrantes” e terá sido igualmente Paulo Campos a accionar o helicóptero de emergência médica.

O JN cita o presidente do conselho de administração do Hospital de Cascais a garantir que esta instituição “não contactou o INEM nem solicitou qualquer transporte”.

Fonte do gabinete do ministro da Saúde que a Inspecção Geral das Actividades em Saúde (IGAS) já tem em curso um processo de averiguações a esta situação e que Paulo Macedo tirará das conclusões desta investigação as devidas ilações.

Infarmed
No seguimento da publicação de um parecer do Instituto Nacional do Cancro francês sobre “Linfomas anaplásicos de grandes...

- Considerando que o linfoma anaplásico de grandes células, patologia muito rara, foi apenas observado em mulheres portadoras de implantes mamários, o estudo sublinha uma associação causal entre o desenvolvimento desta patologia e a utilização de próteses mamárias. No entanto, o risco estimado de desenvolvimento deste tipo de linfoma nos indivíduos portadores de implantes é muito reduzido, nomeadamente uma a duas mulheres em 10.000 portadoras de implantes poderão desenvolver a doença, considerando um período de 10 anos de implantação.

- Devido ao reduzido número de casos diagnosticados em França entre 2011 e 2015 (18 casos) e considerando uma população de cerca de 400.000 mulheres portadoras de próteses mamárias, não foi possível identificar formalmente os factores de risco desencadeantes do linfoma anaplásico de grandes células. Os casos identificados não sugerem uma imputabilidade directa a uma prótese específica, marca ou tipo de envelope em particular.

- O estudo não recomenda quer a restrição do mercado de um determinado tipo ou marca de implante mamário, quer a explantação preventiva como forma de evitar o desenvolvimento deste tipo de linfoma;

- O estudo sublinha a necessidade da manutenção das medidas de monitorização habituais para as portadoras de próteses mamárias.

O Infarmed relembra a obrigatoriedade de notificação dos incidentes relacionados com a utilização dos implantes mamários e que continuará a acompanhar este assunto conjuntamente com a Comissão Europeia e outras Autoridades Competentes congéneres, através dos mecanismos de cooperação instituídos.

Em 2014
Dois em cada dez pacientes que se dirigiram a um hospital com sintomas de enfarte no ano passado viram-lhes atribuída pulseira...

Esta é uma das conclusões do balanço de três anos de actividade do Stent For Life, a serem hoje apresentadas, num encontro onde serão também debatidos os desafios da Saúde em geral, e nesta área do Enfarte Agudo do Miocárdio, em particular.

Segundo Hélder Pereira, presidente da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), que apoia em Portugal a iniciativa Stent For Life, a dificuldade em detetar os sintomas de enfarte é uma das principais causas de atraso no atendimento e intervenção nestes doentes.

Por um lado, verifica-se um atraso do próprio doente – em particular mulheres e idosos – que tende a dirigir-se pelo seu pé para uma unidade de saúde que não pratique angioplastia primária, ou que, quando os sintomas surgem de noite, espera pela manhã seguinte.

Por outro lado, há atrasos relacionados com o sistema, “em que melhorámos mas ainda estamos longe dos objectivos, pois continuamos a ter um tempo muito prolongado de espera na transferência entre unidades de saúde [mediana de duas horas], quando o doente se dirige para um hospital geral e tem de ser transportado para um hospital com cardiologia de intervenção”.

Outra consequência é o risco de uma análise errada na triagem.

“O sistema de Manchester comporta sempre um erro. Se um doente entra num hospital geral com dor abdominal superior (estômago) e vómitos, o algoritmo pode não apontar para enfarte e fica com pulseira amarela. Isto aconteceu em mais de 20% [21,6%] dos casos em 2014”, disse Hélder Pereira.

Neste aspecto, o responsável acredita que a norma da Direcção-Geral da Saúde publicada no dia 6 de Março “vai ajudar”, pois prevê que perante uma dor torácica seja sempre realizado um eletrocardiograma.

O desejável, explica Hélder Pereira, é que o paciente, perante uma dor torácica, ligue imediatamente para o 112, para ser transportado pelo INEM para um hospital com angioplastia primária, onde lhe será imediatamente efectuado um eletrocardiograma e detectada a presença, ou não, de um enfarte e realizada a angioplastia primária, se for o caso.

Nesta matéria “tem havido uma evolução positiva do número de angioplastias primárias, já ultrapassámos as 300, que é um número razoável para os países do sul da Europa”, explicou.

Este número traduz perto de uma centena de angioplastias primárias a mais realizadas, quando comparadas com as de 2011 [201], ano em que arrancou o projecto Stent For Life.

No ano passado, 37% dos doentes com sintomas de enfarte chamaram o INEM, valor que se mantém semelhante ao de há três anos atrás, mas o número de pacientes que foram para hospitais sem cardiologia de intervenção desceu consideravelmente, de 62% para 46%.

Neste balanço é ainda apontada uma fragilidade ao nível das redes hospitalares da zona Centro do país, onde se verificam os maiores atrasos no tratamento destes doentes, por culpa do sistema.

“Toda a zona da Guarda, Covilhã e Castelo Branco têm este problema e é um tempo importante que se perde, porque os doentes têm que ser transportados para Coimbra ou Viseu”, as únicas localidades na zona com cardiologia de intervenção, explicou.

Em relação a esta realidade, Hélder Pereira é da opinião de que “provavelmente faria sentido um centro de cardiologia de intervenção na Covilhã. Ainda por cima, temos lá uma faculdade de medicina. Faz sentido, do ponto de vista académico e do atendimento das pessoas”.

Estudo
O número de cáries dentárias nas crianças portuguesas de seis e 12 anos tem diminuído desde 2000 e, em 2013, mais de metade das...

Um estudo que é hoje apresentado em Lisboa mostra que o número de crianças com seis anos que estavam livres de cáries subiu de 33% para 54% entre 2000 e 2013, ou seja, uma redução de 21 pontos percentuais no número de cáries.

Evolução semelhante foi registada nas crianças de 12 anos, em que 53% não têm qualquer cárie. Quando analisados os jovens com 18 anos, essa percentagem baixa para 32,4%.

O estudo da Direcção-geral da Saúde, realizado em parceria com a Ordem dos Médicos Dentistas, contou com uma amostra de 1.326 crianças aos 6 anos, 1.309 aos 12 anos e 1.075 aos 18 anos, com representatividade nacional e regional, do continente e das regiões autónomas.

De acordo com os responsáveis do estudo, a situação da dentição em crianças com menos de 18 anos melhorou devido à redução dos níveis de doença mas também ao aumento da resposta curativa, nomeadamente através do programa que atribui cheques-dentista.

“Um dos factores que certamente contribuiu para a melhoria do estado geral da saúde oral dos jovens é a existência de um programa como o cheque-dentista”, comentou o secretário-geral da Ordem dos Médicos Dentistas, Paulo Melo.

Aliás, as crianças e jovens são os principais utilizadores do programa cheque-dentista, que serve também idosos com complemento solidário, grávidas e portadores de VIH/sida.

Do estudo destaca-se outro indicador, também considerado positivo, que é a diminuição para metade da média de dentes cariados por pessoa aos 12 anos de idade, que passou de 0,75 para 0,37.

Acresce que a média de dentes tratados aumentou cerca de 15%, com dois em cada três dentes cariados a encontrarem-se tratados.

Os resultados atingidos no índice que mede o número de dentes cariados por pessoa fazem com que, nos jovens com 12 anos, Portugal já tenha ultrapassado as metas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde para 2020.

De acordo com Paulo Melo, o estudo confirmou ainda que a prevalência e a gravidade da cárie dentária são maiores em crianças de estratos socioeconómicos mais desfavorecidos e que moram fora dos grandes centros urbanos.

Fica ainda demonstrado que os hábitos de higiene oral nas crianças e jovens estão a aumentar de acordo com a idade: aos seis anos, 79% das crianças dizem escovar todos os dias, aos 12 anos são cerca de 90% e aos 18 anos 96%.

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