Ordem defende
O presidente do Conselho Nacional de Enfermagem da Ordem dos Enfermeiros defendeu a necessidade de promover a saúde escolar e...

“Vamos apresentar uma proposta clara para uma aposta efetiva do desenvolvimento da saúde escolar (…) e da criação da figura do enfermeiro de escola porque neste momento, com os mega-agrupamentos de escola que temos no país, é perfeitamente justificável a presença de um profissional a tempo integral nas escolas”, afirmou José Carlos Gomes.

O também membro do Conselho Executivo da Ordem dos Enfermeiros, que falava à margem de uma visita ao Centro Hospitalar de Gaia, referiu estar a pedir o apoio do colégio de especialidade comunitária e de saúde infantil e pediátrica para o processo que “gostaria que não demorasse demasiado tempo” a chegar ao governo.

“Seria uma despesa facilmente ressarcida através de custos que deixariam de existir no futuro para o sistema de saúde”, realçou.

O responsável lembrou que, “até há pouco tempo” a saúde escolar foi “uma realidade um pouco por todo o território nacional”, mas que, “infelizmente”, tem assistido a um “imenso desinvestimento e desvalorização”.

“Aquilo que se tem notado é uma não utilização daquilo que são as possibilidades do sistema em termos de cuidados de saúde primários”, criticou, acrescentando: “estamos efetivamente a fazer tudo ao contrário [e] em vez de apostarmos na prevenção, estamos a ter cada vez mais instrumentos de reação à doença e a esquecer a questão da promoção da saúde, nomeadamente na saúde escolar”.

Para o presidente do Conselho Nacional de Enfermagem, é necessário voltar “a apostar na área da promoção da saúde” e utilizar as “competências dos enfermeiros e especialistas nas estruturas que estão desenhadas para o efeito e que pura e simplesmente não têm sido financiadas”.

José Carlos Gomes disse considerar “preocupante” a forma como o sistema de saúde é atualmente financiado, privilegiando os resultados, ou seja, “uma instituição de saúde para poder sobreviver tem que apresentar um grande número de atos, independentemente dos resultados em saúde que consegue [e] Isto é uma forma perniciosa de fazer o financiamento do sistema e pode por em causa a curto prazo a própria sustentabilidade”.

No Porto
A Plataforma Multissectorial Europeia sobre Cancro do Pâncreas, criada para chamar a atenção sobre aquele tumor maligno, é...

Criada há cerca de um ano, a plataforma é composta por um grupo de fundações, universidades, centros nacionais de registos, investigadores, cirurgiões, epidemiologistas, oncologistas, médicos de família, representantes dos doentes, membros do Parlamento Europeu do Movimento Contra o Cancro e membros da direção-geral da saúde da União Europeia, de gastrenterologistas e da indústria farmacêutica, explicou Vítor Neves, da Europacolon, uma das associações que pertence a este movimento mundial.

A Plataforma Multissectorial Europeia sobre Cancro do Pâncreas é apresentada no auditório do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular (Ipatimup), no Porto, durante a conferência denominada “Perspetivas futuras, a atualidade e áreas de incerteza no cancro do pâncreas”, uma iniciativa do Ipatimup e da Europacolon para assinalar o Dia Mundial do Cancro do Pâncreas em Portugal e onde estarão presentes doentes com aquele tumor maligno que sobrevivem à doença há vários anos.

A plataforma visa “aumentar os níveis de prevenção, elaborar um registo oncológico relativamente ao cancro do pâncreas, identificar entidades onde existam ensaios clínicos e identificar os centros de tratamento, explicou Vítor Neves, sublinhando que, se houver um maior controlo através dos médicos de família no sentido de reduzirem o tempo entre os exames de rotina, aumenta-se a prevenção, que é o meio ideal para controlar a doença, explicou Vítor Neves.

O registo de cancro do pâncreas em Portugal está a aumentar, com 1.400 novos casos por ano, e a taxa de sobrevivência global aos cinco anos deste tumor maligno é de apenas 5%, indica a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.

A predisposição familiar para o cancro do pâncreas é um fator de risco, assim como o tabagismo crónico, que aumenta duas a três vezes a probabilidade de haver cancro do pâncreas, a ingestão de gorduras, obesidade e o sedentarismo.

Dor ou desconforto abdominal, falta de apetite, emagrecimento e cansaço são também indicadores a ter em atenção, segundo a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.

O cancro do pâncreas é, de todos os cancros, o que tem a taxa de sobrevivência mais baixa e, sem melhorias no diagnóstico, prevê-se que venha a tornar-se a segunda principal causa de morte por cancro em 2030.

Infarmed
Os portugueses estão a comprar, através da internet, medicamentos falsos contra doenças graves como as cardiovasculares, a...

O alerta é do presidente da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), Hélder Filipe, que recentemente foi o anfitrião de uma reunião que juntou em Lisboa alguns dos principais especialistas europeus, no combate ao tráfico de medicamentos falsificados.

Em entrevista, Hélder Filipe revelou que, em 2014, foram intercetadas pelas autoridades cerca de 24 mil embalagens postais com produtos, no total de perto de meio milhão de unidades potencialmente medicamentosas.

Os supostos medicamentos para a disfunção erétil continuam a ser dos mais adquiridos por este meio, tal como para o emagrecimento, mas o que está a preocupar as autoridades é o perfil dos alegados fármacos que estão a ser adquiridos por esta via, e que “está alterar-se”.

“Assistimos a um crescimento significativo de outro tipo de medicamentos, nomeadamente usados em doenças cardiovasculares, hormonas, para doenças oncológicas, entre outros”, disse, concluindo que “o fenómeno está a mudar, em termos de oferta, para produtos diferentes das classes clássicas”, o que traz mais riscos para a saúde pública.

Também os tuberculostáticos (medicamentos para a tuberculose) estão a ser identificados nestes percursos que, normalmente, são promovidos por “redes altamente complexas de crime organizado”.

“Mais uma vez, para uma doença infecciosa, que tem de ser tratada e deve ser tratada de maneira adequada e com medicamentos de confiança. Isto é um problema”, afirmou.

O presidente do Infarmed recorda que, em média, metade dos medicamentos encomendados por internet é falsa.

Segundo Hélder Filipe, quem adquire os medicamentos por esta via fá-lo para “evitar as barreiras de acesso que o próprio sistema regulado impõe: receita médica e a exposição do potencial utilizador relativamente a um profissional de saúde”.

Em certas ocasiões, adiantou, o consumidor tenta ter acesso a medicamentos que, “por boas razões”, não consegue adquirir no mercado legal, por tal não ser possível.

O presidente do Infarmed avança que os preços nem sequer são a principal razão para a compra destes medicamentos pela internet, pois em certos casos estes acabam por ser mais caros do que no mercado legal.

“As barreiras são de outro tipo”, disse.

As autoridades confrontam-se ainda com dificuldades em “perceber verdadeiramente as consequências da utilização destes medicamentos”, sabendo-se, contudo, que há um risco de o produto falsificado ter metade da dose, não ter qualquer substância ativa ou ter, mas com impurezas.

“Quando analisamos um produto falsificado, não sabemos verdadeiramente o que vamos encontrar. O que vai na composição do rótulo, se o produto está falsificado, é seguramente diferente das características do produto falsificado”.

Hélder Filipe apontou um outro fenómeno relacionado com os suplementos alimentares: “Teoricamente são suplementos alimentares, mas quando fazemos a análise encontramos na sua composição medicamentos, embora não declarados no rótulo”.

O presidente do Infarmed garante que não foi até ao momento identificada qualquer produção em Portugal de medicamentos falsificados.

Estes chegam de várias partes do globo, na esmagadora maioria dos quais por encomenda postal, como Extremo Oriente, Índia, Brasil ou Estados Unidos.

Nos casos de identificação do produtor de medicamentos falsos, a lei em vigor, e que está em vias de ser alterada, apenas punirá as situações de saúde que forem atribuídas ao consumo do produto.

“Estamos a tentar que haja alterações à própria legislação, na sequência de termos assinado a convenção Medicrime, que nos dá uma obrigação de traduzirmos os princípios assinados para a legislação nacional”.

Para Hélder Filipe, “a mudança da legislação nacional fará com que seja mais fácil punir quem intervém neste crime de falsificação dos medicamentos”.

Região Centro
Os utentes de mais de 250 farmácias da região centro vão poder fazer a sua avaliação de risco de diabetes e, de acordo com os...

Num país onde mais de um milhão de pessoas tem diabetes, cerca de metade desconhece ter a doença e outros tantos têm hiperglicemia intermédia, com risco elevado de se tornarem diabéticos, o primeiro desafio chama-se “prevenção”.

Hélder Ferreira, Coordenador Regional da Diabetes da ARS-Centro, destaca a relevância do projeto. “É uma iniciativa de grande importância em termos de saúde pública. O que vamos fazer é tentar identificar as pessoas com diabetes que ainda não sabem que o são. Quanto mais cedo conseguirmos fazer este trabalho, mais fácil será inverter a tendência de escalada silenciosa da doença. É na prevenção que temos de apostar. Diabetes controlada significa ter níveis de açúcar no sangue dentre de certos limites, o mais próximo possível da normalidade.”

No âmbito das comemorações de “Novembro mês de diabetes” - 14 Novembro dia mundial da diabetes, as farmácias da região centro, em parceria com as Unidades Coordenadoras Funcionais da Diabetes dos Agrupamentos de Centros de Saúde, da Administração Regional de Saúde do Centro, a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e a Associação Nacional das Farmácias, decidiram avançar com o programa de avaliação do risco de diabetes tipo 2 à população não diabética.

Mais de 250 farmácias estarão disponíveis para promover a avaliação de risco em todos os seus utentes, disponibilizando a intervenção farmacêutica em relação a aconselhamento e cuidados a ter para a prevenção diabetes.

Em 2014, 10% do orçamento do SNS foi gasto com esta doença, sendo crucial inverter a tendência de crescimento da “epidemia” que ameaça 13,1% da população portuguesa.

Em Portugal
O registo de cancro do pâncreas em Portugal está a aumentar, com 1.400 novos casos por ano, e a taxa de sobrevivência global...

“A sobrevivência global aos cinco anos [do cancro do pâncreas] é de apenas 5%” e “existem em Portugal 1.400 novos casos por ano”, alertou hoje o presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, José Cotter, recordando que o cancro do pâncreas é o “terceiro mais frequente do sistema digestivo, a seguir ao cancro do cólon e ao cancro do estômago”.

Em entrevista telefónica à Lusa, a propósito do Dia Mundial do Cancro do Pâncreas, que se assinala esta sexta-feira, dia 13, José Cotter avisa que a predisposição familiar para o cancro do pâncreas é um fator de risco, assim como o “tabagismo crónico” (aumenta duas a três vezes a probabilidade de haver cancro do pâncreas), a “ingestão de gorduras”, “obesidade” e o “sedentarismo”.

Dor ou desconforto abdominal, falta de apetite, emagrecimento e cansaço são “queixas inespecíficas” que muitas vezes são desvalorizadas, mas às quais de deve ter atenção, sublinhou o médico especialista José Cotter, sugerindo às pessoas para consultarem o médico, “porque não devem estar a protelar algo que se passa no organismo e que não é de todo normal”.

Para se fazer o diagnóstico, o primeiro exame é a ecografia abdominal, um exame não invasivo e inofensivo e, caso haja suspeitas, são feitos outros exames mais sofisticados, como por exemplo a tomografia computadorizada (TAC), ressonância magnética (RM) ou a ecoendoscopia, técnica mais recente em que é utilizada uma sonda de ecografia de alta resolução.

O cancro do pâncreas é, de todos os cancros, o que tem a taxa de sobrevivência mais baixa e, sem melhorias no diagnóstico, prevê-se que venha a tornar-se a segunda principal causa de morte por cancro em 2030.

Associação diz
O presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiares considerou que um aumento, ainda que voluntário, da lista...

Em declarações a propósito do 4º Encontro de Outono das USF que se realiza sexta-feira, no Porto, o presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiares (USF-AN), João Rodrigues, disse que “não chega aumentar listas, tem de haver condições de trabalho, tem de haver rácios profissionais/utentes que sejam minimamente adequados à produção de uma acessibilidade diária e qualificada”.

“Tudo o que passe de uma média de 1.700 utentes, do nosso ponto de vista é tecnicamente inadequado porque cria, obviamente, iniquidades, porque não cria acesso e não há resultados de qualidade, que é o que se pretende”, sublinhou.

O dirigente da associação referiu também que no encontro serão apresentadas duas novas funcionalidades do projeto BI USF, destinado a dotar as USF de um instrumento que as apoie e sustente no seu desenvolvimento.

O objetivo é contribuir para “a apropriação do BI USF pelas USF”, através de um Módulo de Investigação, uma ferramenta para tornar mais fácil a investigação feita nas e pelas Unidades de Saúde familiares e do E-Qualidade, um instrumento para “a melhoria contínua da qualidade organizacional e partilha de boas práticas”.

Em declarações, o presidente da Comissão Organizadora e Científica do evento, José Luís Biscaia, explicou que o módulo de investigação vai estar disponível para todas as USF com profissionais a fazer investigação.

A primeira linha de investigação vai ser lançada sexta-feira e será a caracterização do risco cardiovascular na população portuguesa, que “além de ter todas as características epidemiológicas (hipertensão, diabetes ou outras), também vai caracterizar o perfil terapêutico, ou seja, o que é que as pessoas estão a fazer, o que é que os médicos prescrevem”, referiu José Luís Biscaia.

“É um estudo que vai ter com uma dimensão que hoje não há”, sublinhou, referindo que os resultados de 2015 deverão ser conhecidos no primeiro trimestre de 2016.

“Amanhã [na sexta-feira] será feito o lançamento e depois a recolha de dados será feita com os dados de 2015. Além do estudo, a ideia essencial é ter uma ferramenta que de uma forma muito simples e acessível a todos permite desenvolver ou promover a investigação nos cuidados de saúde primários”, acrescentou.

Esta ferramenta “não gera a investigação, propriamente dita, mas é um instrumento de muito fácil utilização por todas as USF”, salientou.

“Permite trabalhar os dados com mais facilidade, vai criar um repositório dos protocolos e resultados de investigação, que também não existe. As pessoas vão fazendo as suas coisas, boas ou más, mas nunca há partilha do que acontece. Com esta ferramenta é criada uma espécie de rede de investigação”, frisou.

De acordo com José Luís Biscaia, “será, com certeza, o registo de melhor qualidade que existe em Portugal ao nível dos cuidados de saúde primários, é mais abrangente porque temos o registo de todos os problemas de saúde das pessoas e ao mesmo tempo permite-nos traçar o perfil terapêutico”.

No encontro serão também debatidas as “ameaças e oportunidades” e “as medidas a tomar” referentes aos seguintes temas: Aplicação de incentivos institucionais, evolução para USF de modelo B, horários e registo biométrico de assiduidade e aumento de listas de utentes.

Santo António e Curry Cabral
A Unidade Hepatobiliopancreática do Serviço de Cirurgia Geral e o Serviço de Oncologia do Hospital de Santo António - Centro...

Esta reunião científica, a primeira em conjunto dos dois centros de referência em Portugal no tratamento do cancro do pâncreas, será realizada em simultâneo nas duas unidades de saúde de Lisboa e Porto, através de videoconferência. Com o objetivo de promover um espaço de partilha de conhecimento científico e debate em torno dos desafios do diagnóstico e tratamento do cancro do pâncreas, o evento junta profissionais de saúde nacionais nas duas unidades de saúde e também especialistas europeus.

"Procuramos assinalar o Dia Mundial do Cancro Pancreático com a criação de um espaço de partilha de experiências e conhecimento científico entre especialistas nacionais e europeus neste campo da medicina. O cancro do pâncreas é, sem dúvida, um tema de inquestionável e atual relevância para a comunidade médica, uma vez que a incidência deste tumor tem aumentado na população nos últimos anos. É geralmente muito agressivo e de difícil diagnóstico, pois é assintomático até uma fase avançada da doença. Este tipo de cancro é atualmente um dos tumores malignos mais letais, representando a quinta causa de morte por cancro no mundo e a quarta na Europa”, conclui Ana Castro, médica oncologista do Hospital de Santo António e membro do comité organizador da reunião. 

Programa
09h30 Receção
09h45 Quimioterapia para o tratamento do cancro pancreático | Thomas Seufferlein (Ulm, Alemanha)
10h30 Tratamento médico de tumores neuroendócrinos do pâncreas | Barbro Eriksson (Uppsala, Suécia)
11h15 Debate | moderadores: António Araújo e José Davide
11h45 Pausa
12h00 Resseções pancreáticas para adenocarcinoma: quais os limites? | Philippe Bachellier (Strasbourg, França)
Sessão virtual a partir do Hospital Curry Cabral
13h00 Encerramento

Sobre o Cancro do Pâncreas:
O cancro do pâncreas é atualmente o sétimo tipo de cancro mais comum na Europa, representando já a quinta causa de morte oncológica no mundo, sendo responsável por cerca de 70 mil mortes por ano. A taxa de mortalidade do cancro pancreático na Europa ronda os 35 mil casos por ano, ou seja, a quarta causa de morte oncológica na Europa.

A incidência do cancro do pâncreas tende a aumentar com a idade e a grande maioria dos casos são diagnosticados após os 65 anos. A elevada taxa de mortalidade é justificada não só pela agressividade do cancro, mas também pelo diagnóstico tardio, uma vez que os sintomas surgem numa fase avançada da doença e nem sempre são sugestivos.

Ordem dos Médicos
José Manuel Silva admite que os médicos "não estão bem preparados" para lidar com as questões de fim-de-vida.

Quando é que os médicos devem parar de tratar um doente? Antes de ser bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva chegou a propor, no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, onde trabalha, a criação de “comissões de avaliação de distanásia”, mas a proposta "não foi aceite", escreve o jornal Público. A distanásia é o encarniçamento terapêutico, o uso de tratamentos desproporcionados que apenas prolongam a vida do doente, tornando o processo da morte lento e com sofrimento.

Os médicos, admite, “não estão bem preparados” para lidar com as questões de fim-de-vida. “São problemas demasiado complexos para que possam tomar decisões sozinhos. O ideal seria que o fizessem em conjunto com outros médicos e com a família do doente”, defende o bastonário, que lembra que, se o Código Deontológico proíbe a eutanásia, também veda a distanásia.

Foi, aliás, o receio do encarniçamento terapêutico que esteve na base da criação daquilo que se convencionou chamar testamento vital, as diretivas antecipadas de vontade que estão previstas na legislação portuguesa e permitem às pessoas deixar por escrito os cuidados de saúde a que não querem  ser sujeitas, no caso de ficarem incapazes de manifestar a sua vontade.

Mas esta nova possibilidade não está a ter grande adesão em Portugal. Desde que foi criado um registo informático para facilitar a formalização destas diretivas, em 2014, nem 1500 pessoas aderiram, num ano, quando se estimava que esse número pudesse chegar a cerca de 20 mil. “É uma minoria de pessoas particularmente esclarecidas”, resume José Manuel Silva, para quem as diretivas antecipadas não trouxeram nada de novo. “Todos os conceitos já estavam previstos e aprovados na Ordem dos Médicos”.

Figuras públicas aderem
António-Pedro Vasconcelos, Júlio Machado Vaz, João Semedo, Alexandre Quintanilha, Francisco Louçã e José Júdice apoiam...

“Acha que tenho o direito legal de me matar? Queria terminar com a minha vida, sabe onde posso obter o produto?” Ao e-mail de Laura Ferreira dos Santos, autora de vários livros sobre morte assistida, têm chegado múltiplas perguntas deste género. Consciente de que há muitas questões que ficam sem resposta e de que há muitas pessoas a precisar de informação e de apoio, a professora aposentada da Universidade do Minho aceitou o desafio de lançar a base para a criação de um movimento cívico para a despenalização e regulamentação da morte assistida em Portugal, escreve o jornal Público.

Ao convite para aderir à reunião para definir o embrião deste movimento que se prevê polémico já disseram que sim António-Pedro Vasconcelos, Júlio Machado Vaz, João Semedo, Alexandre Quintanilha, Francisco Louçã e José Júdice, entre outras personalidades conhecidas, num grupo de inscritos que ultrapassa a meia centena. É um caminho que faltava fazer em Portugal, quando na Europa, lembra Laura Ferreira dos Santos, desde há vários anos existem associações “right to die” (direito a morrer), mesmo em países onde a morte assistida (que inclui a eutanásia e o suicídio medicamente assistido) não está legalizada, como Espanha e França. “Em Itália até há duas”, diz.

Ainda sem nome – "Ajuda-me a morrer" ou "Última liberdade" são duas das hipóteses –, o movimento, prevê-se, vai criar um portal web, lançar uma petição pública, pedir audiências a grupos parlamentares e a outras entidades. Além de Laura, que acaba de publicar A Morte Assistida e Outras Questões de Fim-de-Vida (Almedina), é promotor da reunião o médico nefrologista João Ribeiro dos Santos que há quatro anos lançou uma petição para que a Ordem dos Médicos (OM) debatesse o tema.

Eventualmente, o movimento poderá evoluir para associação, se para isso houver vontade e meios. “Pensamos ser tempo de passar de peças avulsas, onde se defende a despenalização e a regulamentação da morte assistida, para uma atuação mais consistente e organizada”, explica-se na convocatória do encontro, que está marcado para sábado às 14h30 na sede da Ordem dos Médicos, no Porto (a sala é cedida sem qualquer tipo de envolvimento da instituição).

“Que fazer quando o doente, de forma informada, esclarecida e reiterada, solicita ao médico que o ajude a morrer porque padece de sofrimento insuportável, físico ou psicológico, e que não é suscetível de ser aliviado ou suavizado?”, permuta-se na convocatória. Laura Ferreira dos Santos defende mesmo que “não dar essa escolha final à pessoa é uma tirania do Estado”.

Alterar o Código Penal
Do ponto de vista jurídico, para que a morte assistida seja despenalizada é necessário alterar o Código Penal, mas não a Constituição da República, explicam os promotores. “Temos o direito de viver e não o dever de viver”, justificam, defendendo que cabe a cada um “deliberar (…) sobre o tempo e a forma de viver” e que não podem ser sempre os médicos a ter a última palavra.

Mas falar de morte assistida ainda é uma espécie de tabu em Portugal. “Esta é uma reunião histórica”, assume a professora aposentada, enquanto recorda o encontro que há alguns anos reuniu várias personalidades na Ordem dos Médicos (OM), em Lisboa, justamente para debater as questões de fim-de-vida. “A sala estava cheia, mas não houve quase perguntas nenhumas, quando esta é uma questão de direitos fundamentais”.

“Este silêncio onera as pessoas que se veem a braços com situações graves. Um exemplo: um doente tem um cancro que estava em remissão, o cancro volta mas ele não quer tratar-se, a família pressiona-o imenso e ele suicida-se. Se houvesse abertura para falar disto, ele poderia ter discutido o assunto com os médicos”, lamenta.

“Na nossa tradição judaico-cristão, a vida é vista como um bem inalienável”, observa João Ribeiro dos Santos, para quem, "em termos éticos, esta discussão até é mais simples de fazer” do que a da despenalização da interrupção voluntária de gravidez, que foi aprovada no último referendo e agora é permitida, desde que feita até às dez semanas de gestação.

Sem querer expressar a sua posição pessoal sobre “um problema tão complexo”, o bastonário da OM, José Manuel Silva, lembra que o Código Deontológico dos médicos não permite a eutanásia, mas entende que “é saudável” promover este debate. “Nós não temos tabus quanto à discussão de determinado assunto. Este tem sido pouco discutido porque colide com as convicções religiosas de muitas pessoas”, acredita.

Aos detratores da despenalização da morte assistida, que costumam argumentar que os cuidados paliativos oferecem uma panóplia de meios e de medicação eficazes no alívio da dor física e do sofrimento psicológico, os promotores do movimento para a despenalização da morte assistida respondem esta é uma “falsa questão”. A eutanásia e o suicídio medicamente assistido não são uma alternativa aos cuidados paliativos nem os antagonizam, alegam.

Na Europa, a morte assistida está legalizada na Holanda e na Bélgica, há mais de uma década, e o Luxemburgo também a legalizou, entretanto. Nos Estados Unidos, o suicídio medicamente assistido é permitido nos estados norte-americanos de Oregon, Washington e Vermont e, na Europa, não é punido na Suiça. O Canadá “avança no próximo mês”, diz Laura Ferreira dos Santos.

Há também países e estados onde, “pontual e casuisticamente”, os tribunais não têm condenado os autores ou os assistentes de alguma forma de morte assistida. É o caso da Colômbia, do Uruguai e do estado norte-americano de Montana.

Estudo conclui
Os irmãos mais velhos são em média mais inteligentes do que os mais novos, de acordo com uma pesquisa recente. Os mais novos...

Uma investigação conduzida pela Universidade de Leipzig, na Alemanha, e que analisou dados de 20.000 pessoas do Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos, concluiu que a personalidade não é afetada pela ordem de nascimento, escreve o Sapo. Não se pode, por isso, dizer que os mais velhos são os mais honestos e simpáticos ou que os mais novos são os mais mimados ou infantis.

As únicas diferenças aparentes estão na inteligência, ligeiramente superior nos irmãos mais velhos, na saúde dos mais novos, que é melhor, e na maior probabilidade que estes últimos têm para ser homossexuais.

Em relação à inteligência, os investigadores descobriram, segundo a BBC, que a diferença está na forma como as pessoas reconhecem a inteligência, talvez resultado do estatuto que os primogénitos têm na família, não sendo por isso uma questão biológica.

Mais novos com sistema imune reforçado
Mas os caçulas ganham na saúde. Os segundos e terceiros filhos parecem ter menos propensão para doenças como a diabetes tipo 1. Alterações durante a gravidez ou experiências após o nascimento, como o atraso na exposição às infeções, podem justificar a pior saúde dos mais velhos, dizem os cientistas.

Os mais novos, por serem expostos - graças aos irmãos que trazem as doenças da escola - a uma grande variedade de bactérias e vírus desde cedo, parecem ganhar anticorpos essenciais para os manter saudáveis.

A outra conclusão desde macro-estudo baseia-se na orientação sexual. A pesquisa sugere que a ordem no nascimento pode ter alguma influência no caso dos homens. Homens com irmãos mais velhos têm uma probabilidade maior de serem homossexuais. De acordo com o estudo, por cada irmão mais velho que um homem tem, aumenta a probabilidade de se sentir atraído por outro homem.

No Reino Unido
Um centro de investigação britânico está a pagar o equivalente a 5 mil e poucos euros (5,5 mil dólares americanos ) a quem não...

Os voluntários do centro de investigação hVIVO, em Londres, Reino Unido, estão a ser bem pagos para servir de cobaia para uma experiência segura para a saúde humana, escreve o Sapo.

"Queremos saber exatamente quando e como se dá uma infeção viral e quanto tempo demora a recuperação", explica Cyrus Ghobado, investigador de virologia do hVIVO, fundado em 2001. "O início da infeção é importante para nós", acrescenta em declarações à BBC.

Ghobado explica que a intenção é determinar e perceber os efeitos do vírus da gripe no corpo humano.

Dependendo do tipo de investigação, os voluntários podem ser isolados até duas semanas e meia num quarto com casa de banho.

O único contacto com o exterior é através da Internet. O contacto humano dá-se apenas com funcionários do centro, que usam roupas especiais para evitarem a infeção.

"Temos uma equipa de cientistas altamente experiente que testa o vírus de uma forma muito controlada", garante Ghobado.

Os voluntários recebem a dose do vírus da gripe em pequenas quantidades através do nariz e 48 horas depois os primeiros sintomas começam a aparecer.

Dia Mundial da Pneumonia
A pneumonia é a doença pulmonar que mais mata em Portugal, ao contrário dos restantes Estados-membros da União Europeia onde é...

Em Portugal, segundo o gabinete oficial de estatísticas da União Europeia(UE), que divulga dados de 2012, morreram 17.583 pessoas de doença pulmonar, o que representa 16,3% dos óbitos nesse ano.

A pneumonia (38,6%) foi a principal causa de morte por doença pulmonar, seguindo-se o cancro do pulmão (20,9%) e bronquite e outras afeções crónicas (15,9%).

Na UE as doenças do aparelho respiratório provocaram 671.900 mortes, o que representa 13% do total de óbitos.

O cancro do pulmão foi a doença que mais mortes causou na UE (40%) e em todos os Estados-membros à exceção de Portugal, seguindo-se a bronquite e outras afeções (24%) e a pneumonia (19%).

Em Portugal morrem mais homens (56,1%) do que mulheres (43,9%) devido a doenças pulmonares, tendência que também se verifica na média da UE, com, respetivamente, 59,3% e 40,7%.

Estudo
No essencial, o que diz a revisão de estudos publicada na revista Clinical Anatomy é que a ejaculação precoce não deve ser...

Aliás, os autores da revisão não deixam margem para dúvidas sobre qual é o seu entendimento: a ejaculação precoce tem sido descrita como "uma doença construída por especialistas em medicina sexual sob a influência de empresas farmacêuticas".

Para os autores da nova revisão, escreve a TSF, os casais não se devem envergonhar quando há situações de ejaculação precoce, até porque é uma situação normal, sobretudo entre os mais jovens, e podem procurar formas naturais de contornar o problema - sem recurso a tratamentos ou medicamentos.

"É importante que os homens percebam que a fisiologia da ejaculação e o orgasmo não são prejudicados pela ejaculação precoce e que ela é normal nos adolescentes do sexo masculino", disse um dos coautores da revisão, Vincenzo Puppo.

Instituto Nacional de Estatística
Consumo excessivo de medicamentos sem prescrição médica preocupa especialistas.

Os jovens estão a consumir medicamentos e suplementos em excesso, muitas vezes correndo riscos e ignorando efeitos secundários. De acordo com o Inquérito Nacional da Saúde, divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), 26,6% dos jovens entre os 15 e os 24 anos tinham consumido medicamentos não prescritos por um médico nas duas semanas anteriores. "É um número excessivo para esta faixa etária, que não devia tomar nada ou só em casos muito excecionais", conta ao Diário de Notícias Carlos Maurício Barbosa, o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos. Além dos efeitos secundários em medicamentos de uso regular - como o paracetamol ou o ibuprofeno - alerta para suplementos para a memória, para a ansiedade ou até para melhorar o desempenho sexual. "Muitas vezes nem sequer sabemos o que contêm".

A pergunta feita pelo INE aos portugueses reflete os consumos não só de medicamentos de venda livre - seja em farmácias, parafarmácias ou nos supermercados - mas também de suplementos e vitaminas ou medicamentos homeopáticos, e o que se conclui analisando os dados é que os mais jovens os compram mais. Além dos 15 aos 24 anos, o consumo entre os 25 e os 34 anos foi confirmado por 29,8%. A partir destas idades vai baixando, até perto dos 15% a partir dos 65 anos.

Mas afinal o que consomem os jovens? Analgésicos, anti-inflamatórios, suplementos para dormir, para a ansiedade e concentração. "Desde logo, há um consumo em excesso de paracetamol e as pessoas não sabem os riscos que tem, mesmo em termos hepáticos.". No ibuprofeno, "pode haver sangramentos das paredes digestivas. Muitas vezes são vendidos em doses limitadas, mas depois as pessoas tomam mais do que um comprimido e há riscos. Sempre disse que nunca deviam ser vendidos fora das farmácias, porque depois não há aconselhamento. Isso acontece com a pílula do dia seguinte".

No caso dos suplementos, alerta para o desconhecimento. "Há pouco controlo sobre os efeitos, não são sujeitos a ensaios e não estão na tutela da saúde, o que devia acontecer. Ainda por cima são vendidos como milagrosos". O inquérito do INE refere ainda dados dos consumos com receita. E os valores não são muito diferentes. Nestas faixas etárias, 28% tinham tomado medicamentos prescritos nas duas últimas semanas.

O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva também admite que o consumo suscita alguma preocupação. "Também me parece excessivo, mas teria de ser feita uma análise a partir daqui", refere. Admitindo que "todos os medicamentos acarretam algum risco", refere que, no caso dos suplementos, "muitas vezes não há bases científicas. Não há suplementos para a memória e para a concentração que resultem".

Melanie Tavares, coordenadora da Mediação Escolar do Instituto de Apoio à Criança não tem dúvidas de que os jovens e as próprias famílias recorrem em excesso à medicação, "quando é possível recorrer e aprender estratégias, seja para os casos em que um aluno não dorme, é ansioso ou tem dificuldade em se concentrar. Exemplos são os medicamentos para a hiperatividade e défice de atenção. "Há situações em que é necessário medicar, mas por vezes é excessivo." O uso de suplementos, como os à base de valeriana, de medicamentos homeopáticos e até anti-histamínicos, nuns casos com noutros sem receita, são estratégias comuns.

Banco público
Esteve em risco de fechar, mas hoje banco público tem protocolo com quatro maternidades públicas para colheita.

O banco público de células do cordão umbilical (Lusocord) já tem 404 amostras disponíveis para responder as pedidos para doentes portugueses e estrangeiros que precisem de um transplante de medula. Há três anos o serviço esteve em risco de fechar, por não cumprir os critérios de qualidade e segurança. Desde então, o banco passou por auditorias e inspeções e em maio deste ano completou o processo que permite a recolha, preservação e transporte de amostras para transplante. Nesta semana o hospital Amadora-Sintra inicia a colheita de sangue do cordão umbilical, juntando-se a outras três maternidades que já o fazem.

As recolhas regulares de células do cordão umbilical com as novas regras começaram em março de 2013. Em maio desse ano, o banco foi inspecionado pela Direção-Geral da Saúde, que deu autorização para a atividade de colheita e armazenamento. "A validação para transporte foi dada em maio de 2015. Temos o processo todo completo. Todas as amostras criopreservadas com estas regras estão aptas a serem usadas para transplante", explica ao Diário de Notícias Salomé Maia, diretora do Lusocord. São 404 de um total de 2194 colhidas desde março de 2013 até outubro deste ano.

"A taxa de aproveitamento é de 11%. Não temos de ter muitas, temos de ter sim amostras com muita qualidade para que as células tenham viabilidade e capacidade de se multiplicarem em células de medula. Não podemos correr o risco de ter uma amostra com menos qualidade. É assim com todos os bancos públicos de todo o mundo", refere. Entre 2009 e outubro deste ano Portugal realizou 28 transplantes - quatro dos quais neste ano - com recurso a sangue do cordão umbilical de bancos públicos de outros países.

Até ao momento ainda não chegou nenhum pedido ao Lusocord, que funciona como complemento ao registo de dadores de medula óssea. As células do cordão umbilical têm a vantagem de ser mais bem toleradas, pois são mais imaturas, exigindo menor compatibilidade. "O banco do cordão tem como missão aumentar as possibilidades de transplante e diversificar o registo de dadores", afirma Salomé Maia.

Nesta semana iniciaram a colheita de sangue do cordão umbilical no hospital Amadora-Sintra. Junta-se às maternidades dos centros hospitalares de São João (onde funciona o Lusocord), do Porto e Unidade Local de Saúde de Matosinhos, de forma a ter o máximo de representação da população que vive em Portugal. Por cada colheita criopreservada (colheitas boas), os hospitais recebem cem euros.

O Lusocord vai também aceitar dádivas direcionadas de sangue do cordão umbilical para irmãos. "Pode ser feito caso haja uma situação clínica que o justifique. Se há, por exemplo, um doente de leucemia que precisa de um transplante e vai nascer um bebé, o médico pode pedir que o sangue do cordão seja criopreservado só para usar naquela pessoa. Se não houver compatibilidade passa a ser do domínio público e fica disponível para qualquer pedido", diz.

O processo de recolha de sangue do cordão é complexo e implica muito treino. Neste ano Salomé Maia deu formação a 41 equipas de médicos e enfermeiros das maternidades com que têm protocolo. Os kits de recolha são todos preparados no Lusocord - funciona no pavilhão do registo de dadores de medula -, com indicação dos prazos de validade de todos os componentes, e enviados para os hospitais, fazendo depois o caminho de volta.

Além da sala de receção das amostras, onde são feitas verificações de qualidade, o banco é apoiado por dois laboratórios. É aqui que uma das células da amostra é colocada em cultura durante 14 dias para haver certeza de que é viável e de que se multiplica. A contagem é feita ao microscópio. O material é criopreservado num tanque robotizado que não precisa de ser aberto a cada entrada ou saída de amostras, a 196 graus negativos, onde fica em quarentena durante três meses. Cada amostra tem um código e a localização fica registada no computador. Para a retirar basta introduzir as coordenadas. "Todas as amostras e processo, os questionários sobre a mãe e o parto são fotografados. Toda a informação segue para a unidade de transplante", diz Salomé Maia.

ONU
O número de mortes de mulheres relacionadas com a gravidez caiu para quase metade no mundo em 25 anos, mas apenas nove países,...

“Este relatório mostra que no final de 2015 a mortalidade materna terá caído 44% relativamente aos níveis de 1990”, afirmou Lale Say, coordenadora do departamento de saúde reprodutiva e investigação da Organização Mundial de Saúde (OMS).

“Trata-se de um enorme progresso, mas o avanço é desigual entre os países, em diferentes regiões do mundo”, com 99% de mortes a envolverem países em desenvolvimento, disse a especialista, numa conferência de imprensa realizada em Genebra.

O relatório, publicado simultaneamente na revista médica britânica The Lancet, elaborado por agências das Nações Unidas e pelo Banco Mundial, refere que em 2015, cerca de 303 mil mulheres morreram na sequência de complicações duramente a gravidez ou até seis semanas depois do parto, contra 532 mil em 1990.

“Isto equivale a um rácio global estimado de 216 mortes maternas por 100 mil nados-vivos, menos 385 face a 1990”, lê-se no documento.

Como parte dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio – adotados em 2000 – os estados-membros da ONU comprometeram-se a reduzir a taxa de mortalidade materna em 75% em 2015, relativamente a 1990.

Contudo, apenas nove países em todo o mundo cumpriram essa meta (Butão, Cabo Verde, Camboja, Irão, Laos, Maldivas, Mongólia, Ruanda e Timor-Leste).

Outros 39 países registaram “progressos significativos”, realçou Lale Say.

A melhoria mais relevante no plano mundial foi sinalizada no leste da Ásia, onde o rácio da mortalidade materna caiu de aproximadamente 95 para 27 por cada 100 mil nados-vivos.

A África subsariana é responsável por duas em cada três mortes em todo o mundo.

“No entanto, isso representa uma grande melhoria: a África subsariana viu as mortes maternas caírem quase 45%” durante os últimos 25 anos, refere o relatório, citado pela agência AFP.

“Garantir o acesso a serviços de saúde de elevada qualidade durante a gravidez e no nascimento da criança está a ajudar a salvar vidas”, assinala.

A ONU definiu agora o objetivo de reduzir o rácio de mortes maternas para menos de 70 em cada 100 mil nados-vivos até 2030.

Mas atingir essa meta requer muito mais esforço, afirmou o diretor executivo do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), Babatunde Osotimehin.

“Se falharmos em fazer um grande impulso agora, em 2030, vamos deparar-nos, novamente, com uma meta falhada relativamente às mortes maternas”, afirmou.

Durante um ano
A palavra contágio está por norma associada a doenças, mas o contágio é muito mais do que isso e, sem ele, não havia evolução,...

A exposição, aberta até ao fim do próximo verão, promete “contagiar” muita gente e ensinar que o contágio é bom e que estar protegido dele “não é possível”.

Cláudia Velhas, coordenadora da iniciativa, explica que a exposição começa por explorar o lado biológico do contágio, o que é negativo, os vírus e as bactérias.

“O contágio não é só a transmissão de doenças, mas também pode ser a transmissão de emoções, de ideias, ou mesmo de comportamentos, que podem ser positivos”, diz Cláudia.

E dá exemplos, como o riso ou o bocejo, cujo contágio pode ser experimentado na exposição, como muitas outras experiências ao longo dos seus 16 módulos.

Diz a responsável que a exposição termina depois com uma ideia. “De que fazemos parte do contágio, que fazemos o contágio funcionar, para o bem e para o mal, para a transmissão de doenças mas também para a transmissão de boas ideias, de bons comportamentos. Podemos fazer o mundo avançar, evoluir, com a ideia de que temos poder de contagiar os outros”.

É que, depois de meses a trabalhar na iniciativa, Cláudia Velhas não tem dúvidas: podemos fazê-lo de forma positiva ou negativa mas o contágio vai fazer parte das nossas vidas, é o que faz de nós também seres humanos.

Chegar a essa conclusão parece ser mais fácil do que materializar uma exposição de módulos interativos tridimensionais sobre o que é contágio, sobre o que é viral, diz a presidente do Centro, Rosália Vargas.

A responsável explicou que a exposição surge no âmbito de um consórcio internacional que junta o Pavilhão de Lisboa com outros dois centros de ciência, o Cité des Sciences et de L´Industrie, de Paris, e o Heureka, de Helsínquia. A eles coube-lhes organizar exposições sobre a loucura e sobre o risco.

Da sua parte, Rosália afirma-se “contagiada”. Entusiasma-se quando diz que é um trabalho que alia criatividade com ciência e que liga pessoas e instituições, arte e cultura.

“Pensamos que este tema da exposição, Viral, é um tema muito presente na nossa vida, quer a nível económico, social, político e de saúde”, diz, explicando como Cláudia que ser viral é muito mais do que ser um vírus que deixa as pessoas doentes. E acrescenta: Os mais novos pensam em viral nunca de forma imediata associada a doenças, pensam é nas redes sociais, na comunicação entre pessoas.

E contagiante e viral pode ser tudo, desde um vídeo na internet à forma de vestir, ao que se compra ou que se come, diz Cláudia.

Para já é o Pavilhão do Conhecimento que vai ficar contagiado durante quase um ano, por causa de uma exposição "Viral", com módulos para se contagiar uma multidão, para controlar uma epidemia, rir ou bocejar.

E para os que, mesmo assim, se sentirem imunes, vão surpreender-se com uma balança. E com os poucos quilos que teriam se o seu corpo não fosse quase todo constituído por bactérias, fungos e vírus.

Doença respiratória
Dados referentes aos últimos anos mostram que Portugal é o terceiro país europeu onde mais se morre

De acordo com a Fundação Portuguesa do Pulmão, as pneumonias em Portugal têm vindo a tornar-se num problema francamente sério. Facto que tem vindo a ser salientado em todos os relatórios do Observatório Nacional da Doenças Respiratórias publicados desde 2005.

Ultrapassada apenas pelo Reino Unido e Eslováquia, a situação preocupa especialistas.

A gravidade da situação é ainda sublinhada pelos dados divulgados pela Comunidade Europeia: nos 28 países a mortalidade média por pneumonia é de 13 por 100 mil habitantes, em Portugal atinge o dobro (26.6 por cada 100 mil).

Anualmente, registam-se mais de 150 mil casos de pneumonia e cerca de 40 mil internamentos. Um em cada cinco doentes internados morre com a doença.

Sabe-se que durante os últimos dez anos o número de internamentos e óbitos aumentaram cerca de 16 por cento, avança a Fundação Portuguesa do Pulmão.

O envelhecimento da população poderá ajudar a justificar estes números. Por outro lado a crise que se instalou no país poderá ter a sua quota-parte de responsabilidade, uma vez que a franja da sociedade mais afetada é a população mais idosa.

A par disso, reconhece-se que as condições das habitações não são as melhores. Estudos da OCDE apontam para que 20% das casas apresentem problemas de humidade e parte do excesso de mortalidade registado no Inverno pode estar relacionado com as casas mal aquecidas.

A maioria das pneumonias são causadas pelo pneumococo – bacteria contra a qual existe vacina eficaz mas que não faz parte do Plano Nacional de Vacinação.

De acordo com a Fundação, há estudos, realizados nos mais diversos países, que demonstram que a vacinação contra este agente não só impede a doença pneumocócica durante a infância como ajuda a diminuir a doença em idade adulta.

Especialistas acreditam ainda que a existência de resistências aos antibióticos também possa ser uma das responsáveis por esta situação. Daí alertarem para o uso correto dos fármacos.

Para a Fundação Portuguesa do Pulmão, a elevada taxa de mortalidade intra-hospitalar sugere ainda que muitos casos podem estar a chegar tardiamente às unidades hospitalares, o que prova que o rápido diagnóstico poderá evitar este número de mortes.

De acordo com Artur Teles de Araújo, presidente desta Fundação, “é urgente definir um conjunto de medidas e de estratégias que permitam minimizar o problema das pneumonias em Portugal”.

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Vacinação
A pneumonia é uma infeção que se instala nos pulmões e que, apesar de ser uma doença frequente, prov
Enfermeira a vacinar mulher

A maior parte das pneumonias desenvolve-se através da aspiração de bactérias que existem, habitualmente, na parte superior da nasofaringe e que se tornam agressivas em determinadas condições. Falamos de pneumonias bacterianas.

No entanto, elas podem também surgir em resultado da inalação de gotículas infetadas provenientes de outros doentes, como acontece nas chamadas pneumonias virais.

O agente mais frequente é o Streptococus Pneumoniae (pneumococo) e para o qual existe vacina que pode prevenir o desenvolvimento da doença. Deste modo, a vacina pneumococica polissacarídica polivalente, dirigida contra 23 serotipos (ou variedades) desta bactéria está recomendada na prevenção de pneumonias e infeções pneumocócitas sistémicas em indivíduos de alto risco, a partir dos dois anos de idade.

Outras bactérias como o Mycoblasma e a Legionella, ou determinados vírus podem igualmente causar um tipo de pneumonia frequentemente denominada de atípica, uma vez que nem sempre causa os sintomas clássicos de uma pneumonia, sendo até o seu tratamento diferente. Este tipo de pneumonia ocorre com maior frequência em pessoas com menos de 40 anos.

Os principais sintomas da pneumonia são a febre, tosse com expectoração, falta de ar e fadiga.

No entanto, se se tratar de uma pneumonia atípica e viral o sintoma mais comum é a tosse seca sem expectoração.

Habitualmente, o diagnóstico é feito através da auscultação e de uma radiografia ao tórax. Pode ainda ser necessária a realização de uma gasometria, caso apresente sinais de dificuldade respiratória ou de uma saturação de oxigénio baixa, e a análise ao sangue ou expectoração para que se possa identificar o micro organismo que está a causar a infeção.

O tratamento da pneumonia requer o uso de antibióticos, e poderá ter a uma duração entre os sete e os 14 dias.

Além dos antibióticos, o tratamento para a pneumonia inclui ainda repouso, ingestão de líquidos e, se necessário, aporte de oxigénio através de uma máscara ou sonda de modo a aumentar o nível de oxigénio no sangue.

O internamento hospitalar pode tornar-se necessário no caso de o doente ser uma pessoa idosa, com febre alta ou se apresentar alterações clínicas decorrentes da própria pneumonia - é o caso do comprometimento da função renal e da pressão arterial ou dificuldade respiratória grave.

Prevenção

A vacinação é a melhor forma de prevenção. Pode prevenir a pneumonia em crianças, idosos ou doentes crónicos.

De acordo o presidente da Associação Portuguesa de Pneumologia, Carlos Robalo Cordeiro “a imunização na idade adulta é uma das preocupações da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, que apela à vacinação antipneumocócica numa faixa etária em que a doença pneumocócica se manifesta, sobretudo, sob a forma de pneumonia, uma das principais causas de morte preveníveis através de vacinação. Em Portugal, só nos hospitais, mata uma média de 23 pessoas por dia. A maioria poderá ser evitada»

Para além da vacina pneumocócica polissacarídica polivalente, que já mencionamos, existe ainda outra vacina contra a pneumonia – a vacina pneumocócica conjugada que se encontra licenciada, em Portugal, para crianças com menos de dois anos de idade.

Também a vacina contra a gripe, que é administrada uma vez por ano, ajuda a prevenir a pneumonia, uma vez que, esta infeção decorre, muitas vezes, como complicação da gripe.

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A equipa de quatro cientistas liderados por Megan Carey "desenvolveu uma ferramenta nova para estudar como é que o cérebro gera movimento coordenado", refere uma informação do Centro Champalimaud.

Os resultados do trabalho com ratinhos, publicados na revista científica eLife, basearam-se em animais que têm uma degeneração de umas células específicas na zona de cerebelo o que leva a uma descoordenação motora.

"Descobrimos que o movimento individual das patinhas do ratinho era preservado, o que estava perturbado era a combinação do movimento todo e [o animal] não conseguia combinar o movimento quando caminhava", explicou hoje à agência Lusa Ana Machado, uma das investigadoras que participou no trabalho.

A combinação desses movimentos com as diferentes partes, por exemplo, "das patas é descoordenada, mas o movimento individual da pata estava intacto", ou seja, o problema centra-se na coordenação, especificou.

Caminhar é uma forma natural nos animais e é possível observar o movimento, que exige coordenação de braços e pernas, manter uma postura, fixar a cabeça.

Ana Machado explicou que, por exemplo, os animais que não têm qualquer degeneração conseguem manter ativamente a cauda controlada, enquanto os animais que têm este problema nas células neste circuito específico, "não tinham a capacidade de controlar o movimento da cauda, era como se fosse um pêndulo".

E foi a partir desta observação que os cientistas criaram um modelo, chamado de LocoMouse, para explicar o que estava a acontecer neste tipo de movimento.

O próximo passo é "tentar perceber muito bem onde, no circuito, isto está a acontecer e por isso temos formas de controlar especificamente células desse circuito para tentar compreender o que estas estão a provocar ou que estão a alterar o comportamento e depois corrigir mais tarde", realçou.

O projeto foi desenvolvido por três investigadores portugueses e dois norte-americanos e vai permitir que o sistema Locomouse possa ser usado por qualquer investigador e possa ajudar no seu trabalho, como frisou a cientista.

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