Espécies Reativas de Oxigénio

A Importância das Espécies Reativas de Oxigénio (ROS) nos Espermatozoides

Atualizado: 
27/11/2015 - 11:22
As espécies reativas de oxigénio (Reactive Oxygen Species -ROS) são compostos químicos altamente instáveis e reativos, derivados do oxigénio.

A produção das ROS nos espermatozoides tem um papel fisiológico. No entanto, quando se verifica uma produção excessiva destas espécies ou quando não funcionam adequadamente os mecanismos antioxidantes aparece uma situação de stress oxidativo que tem repercussões na fertilidade masculina. Aliás, há vários estudos que descrevem o stress oxidativo em espermatozoides como possível causa de infertilidade. Podemos agrupar as ROS em dois grupos:

Radicalares – moléculas que apresentam um electrão desemparelhado sendo extremamente instáveis e reativas. Exemplos: Anião superóxido ( O2.-) ; radicais peroxilo ( ROO.); radical hidroxilo (OH.)

Não radicalares – moléculas de grande reatividade entre as quais se destaca o peróxido de hidrogénio (H2O2)

A produção controlada de espécies reativas de oxigénio pelos espermatozoides tem um papel fisiológico: intervém na capacitação, hiperativação, reação acrossómica, união do espermatozoide à zona pelúcida e fusão com o ovócito. As ROS presentes no sémen são produzidas fundamentalmente por dois tipos de células: os espermatozoides e os leucócitos mas são os leucócitos que constituem a maior fonte de ROS no sémen. Quando ativados em resposta a uma infeção ou inflamação produzem uma grande quantidade de ROS como

mecanismo de destruição de microorganismos. As ROS assumem extrema

importância se a concentração de leucócitos é anormalmente elevada (leucócitoespermia) ou quando se elimina o plasma seminal durante o processamento de sémen em técnicas de reprodução assistida já que se eliminam os antioxidantes. Os espermatozoides humanos podem ser afetados pelo stress oxidativo em vários níveis:

Membrana plasmática -O aumento das ROS conduz a uma perda de fluidez da membrana o que leva a baixas taxas de fecundação;

DNA -As ROS atacam o DNA provocando a sua fragmentação;

Apoptose – a apoptose ocorre de forma normal como mecanismo regulador da espermatogénese. Altos níveis de ROS intensificam a apoptose que se vai manifestar num decréscimo do número de espermatozoides do ejaculado e/ou uma redução da motilidade;

Proteínas -as ROS provocam uma redução na fosforilação de proteínas do axonema conduzindo deste modo a uma diminuição da motilidade, diminuição de enzimas glicolíticas e do ATP intracelular, aumento dos defeitos morfológicos da peça intermédia do espermatozoides e por fim uma perda de viabilidade.

Refira-se ainda que podemos encontrar fontes produtoras de ROS do tipo exógeno. De entre as fontes exógenas podem-se referir as drogas, tabaco e outros contaminantes ambientais. Como forma de neutralizar as ROS produzidas pelos espermatozoides, o plasma seminal contém uma variedade de substâncias antioxidantes que podemos agrupar em dois tipos, enzimáticos e não enzimáticos. As Vitaminas C, E e o ácido úrico assumem um papel preponderante dentro do grupo dos antioxidantes não enzimáticos. Dentro dos enzimáticos, a enzima superóxido dismutase (SOD) é responsável pela catálise da reação do superóxido em oxigénio e peróxido de hidrogénio (menos tóxico que o anião superóxido) constituindo assim uma importante defesa antioxidante.

 

Eng.º João Gonçalves – Laboratório de Andrologia IVI Lisboa 

Fonte: 
IVI Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
ShutterStock