Em Portugal
Um estudo do Instituto de Saúde Pública do Porto revela que os católicos são os que doam mais embriões para a investigação...

Esta investigação realizada num hospital universitário português, reforça a ideia de que o consentimento informado para a doação de embriões para investigação científica só deve ser assinado no final dos tratamentos de fertilidade.

Este trabalho científico, publicado na revista Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica, analisa a vontade de casais sujeitos a tratamentos de Procriação Medicamente Assistida de doarem embriões crio-preservados para investigação científica desde 15 dias após a transferência do embrião (momento em que já existe uma confirmação, ou não, da gravidez) até 12 meses depois, tendo em conta fatores psicossociais, demográficos e reprodutivos. Os participantes foram avaliados em dois momentos distintos.

A escolaridade, a prática religiosa e a importância dada à investigação influenciam a tomada de decisão para a doação de embriões crio-preservados por casais sujeitos a tratamentos de fertilidade.

Participaram neste estudo 72 casais heterossexuais sujeitos a tratamentos de Procriação Medicamente Assistida (fertilização in vitro ou microinjeção intracitoplasmática de espermatozoide) num hospital universitário português, entre 2011 e 2012.

Se, no início, uma grande parte (86,5%) dizia estar disposta a doar os embriões, no segundo momento verificou-se um decréscimo significativo dessa vontade (76,3%).

Susana Silva, uma das investigadoras responsáveis pelo trabalho, ressalvou que “Portugal apresenta, em termos europeus, uma das proporções mais elevadas de casais dispostos a doar embriões para investigação científica”.

Enquanto os participantes com menor escolaridade (≤12 anos de educação) não tiveram uma evolução significativa na vontade de doar ao longo do tempo, mais participantes educados (>12 anos de estudo) mostraram-se menos dispostos a doar embriões para pesquisas.

Sobre este aspeto, a investigadora Susana Silva disse que “um dos argumentos que as pessoas usam para doar prende-se com as expectativas sobre os benefícios”, além de que o facto de “em Portugal não estar a ser desenvolvido nenhum projeto com embriões humanos leva a que não vislumbrem uma concretização efetiva”.

A intenção da doação não se alterou naqueles com uma prática religiosa mais frequente (pelo menos uma vez por mês), ao contrário daqueles cuja prática religiosa acontece menos de uma vez por mês.

Também não houve variações nos casais que consideraram a pesquisa com embriões humanos “muito importante”. Aqueles para quem aquela é apenas “importante” registaram um decréscimo na sua intenção de doá-los para investigação.

“O facto de haver mudança ao longo do tempo realça a importância de ponderar sobre o momento adequado de aplicação do consentimento informado, apontando para que este deva ser assinado no final do tratamento”, reforçou Catarina Samorinha, a primeira autora do artigo.

Acrescentou que “conhecer as experiências e perspetivas dos pacientes quanto aos fatores humanos e do sistema de saúde que estão envolvidos no processo de decisão em relação à doação de embriões para investigação científica, é fundamental para melhorar a prestação de cuidados centrados no paciente no contexto da Procriação Medicamente Assistida”.

A investigadora Susana Silva considerou que estas conclusões levam “a pensar nas orientações do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida” para a assinatura do consentimento informado, que, como reforçam os dados resultantes desta investigação, “deverá ser feita no fim do tratamento, em consonância com as recomendações do Comité de Ética da Sociedade Americana para a Medicina Reprodutiva”.

Como nos afetam
As úlceras podem ser traumáticas ou aftosas. Saiba o que pode fazer para as controlar.

Úlceras Traumáticas

Há agressões de diverso tipo que podem ocasionar úlceras na mucosa oral. Podem ser ocasionadas por ação mecânica pelas próteses dentárias, por agentes químicos como o ácido acetilsalicílico ou de origem térmica, quando causadas por líquidos muito quentes.

Após remoção do agente agressor, o alívio da dor consegue-se com aplicação de gel oral de um anestésico local, como lidocaína 2%.

Úlceras Aftosas

A presença de úlceras aftosas é uma situação que afeta grande parte da população com prevalência de recorrência entre 5 e 20% da população. De um modo geral surgem pela primeira vez, entre os 10 e 40 anos, reduzindo a frequência de à medida que a idade avança. Cerca de 75% dos casos são ligeiros e autolimitados.

As úlceras podem ser pequenas e redondas surgindo nas zonas moles da boca e base das gengivas, na língua e debaixo desta, com predisposição para infetar e de cura difícil.

As úlceras de maiores dimensões podem unir-se e formar uma grande úlcera que cura em 30 dias. Não surgem nos lábios e não são contagiosas.

Etiologia

A etiologia não está completamente estabelecida e pode relacionar-se com a dieta, alterações hormonais, doenças hematológicas e outras. Estão ainda descritas como associadas, situações como o stresse, traumatismo da mucosa, ansiedade, medicamentos (nicorandil, anti-inflamatórios não esteroides e nicotina oral), deficiência em ferro, infeção, determinadas doenças (intolerância ao glúten, doença de Crohn, doença celíaca, infeção por HIV e doença de Behçet) e hereditariedade.

Sintomatologia

As úlceras surgem abruptamente, embora haja casos em que o doente que apresenta sensação de queimadura e latejar na boca antes do seu aparecimento. Podem surgir em adultos e crianças. As úlceras aftosas são dolorosas e recorrentes curando-se sem tratamento em 10-14 dias, embora os bochechos e pastilhas aliviem a dor e ajudem a curar mais rapidamente.

As lesões podem surgir isoladas ou em grupos e o seu diâmetro pode atingir 5 mm, são geralmente de centro branco ou amarelado com bordos avermelhados.

As úlceras podem aparecer cobertas de uma película amarela e a dor pode aumentar com determinados alimentos, particularmente os condimentados e geralmente, curam em 7-10 dias.

Há 3 tipos de úlceras aftosas:

Minor: surgem em 8 de 10 casos. São pequenas, redondas ou ovais com menos de 10 mm de diâmetro. São amarela pálido com a área em torno vermelha e edemaciada, podendo surgir de 1-5 úlceras e permanecer 7-10 dias, não são muito dolorosas e desaparecem sem deixar cicatriz.

Major: surgem um em 10 casos. Possuem diâmetro superior a 10 mm e aparecem 1-2 de cada vez, cada úlcera dura de 2 semanas a vários meses para curar e deixam cicatriz. Podem ser muito dolorosas dificultando a ingestão de alimentos.

Úlceras herpetiformes: surgem um em 10 casos. São úlceras com dimensão da cabeça de alfinete, com cerca de 1-2 mm de diâmetro, ocorrendo múltiplas úlceras ao mesmo tempo que podem juntar-se e adquirir formas irregulares. Cada úlcera perdura de 1 semana a 2 meses. Não estão relacionadas com infeção herpética.

Situações que podem mascarar as úlceras aftosas

Há situações que podem ocasionar lesões que se assemelham e que podem confundir-se com úlceras aftosas, destacando-se:

  • Lesões por escovagem exagerada, morder o interior da bochecha, ingerir alimentos acídicos ou muito condimentados;
  • Utilização de pasta de dentes com laurilsulfato de sódio;
  • Ingestão de alimentos sensibilizantes: chocolate, café, citrinos, morangos, ovos, nozes, queijo e ananás;
  • Alergia a alguma bactéria da boca;
  • Infeção por Helicobacter pylori;
  • Deficiência em ferro, vitamina B12 ou folatos;
  • Alterações hormonais como a menstruação;
  • Estados emocionais.

Tratamento das úlceras aftosas

Não há medidas preventivas das úlceras aftosas e o tratamento destina-se a aliviar a dor e acelerar a cura, não havendo necessidade de tratamento sistémico se a dor for ligeira, sobretudo nas úlceras minor.

Medidas gerais

Destacam-se as seguintes:

  • Na lavagem da boca pode usar água salgada ou bicarbonato de sódio (1 colher de chá de bicarbonato de sódio em meia chávena de água morna);
  • Pode aplicar na úlcera uma mistura de 1 colher de chá de difenidramina com 1 colher de chá de um antiácido de alumínio ou outro análogo;
  • Pode aplicar na úlcera leite de magnésia, várias vezes ao dia;
  • Cobrir a úlcera com uma pasta de bicarbonato de sódio com água;
  • Aplicar pedaços de gelo sobre a úlcera, até fundir;
  • Utilizar escovas de dentes macias e lavar os dentes suavemente não usando pastas que formem espuma;
  • Consultar o dentista se a prótese não se fixa bem;
  • Na suspeita de medicamentos causadores das úlceras, consultar o médico para avaliação e eventual substituição;
  • Evitar alimentos picantes, muito condimentados e salgados, frutos e sumos de frutos ácidos;
  • Para evitar que os líquidos toquem nas úlceras pode bebe-los utilizando uma palhinha, evitando bebidas muito quentes que podem queimar a garganta;
  • Cuidado ao comer:

o  Não comer e falar ao mesmo tempo;
o  Evitar alimentos sensibilizantes: chocolate, café, citrinos, morangos, ovos, nozes, queijo e ananás;
o  Ingerir alimentos saudáveis;

  • Se utilizar pastilhas de substituição de nicotina optar por outra via de administração da nicotina como os sistemas transdérmicos.

Situações de referência ao médico
Os indivíduos com úlceras aftosas recorrentes, de grandes dimensões e muito dolorosas devem ser dirigidas ao médico e submetidos a análise ao sangue para identificar alguma deficiência em ferro, vitamina B12 ou folatos e, submetidos a terapêutica de correção. Também quando surgem em crianças com menos de 10 anos, quando não curam em 14 dias, úlceras sem dor, com febre ou sinais de doença sistémica, úlceras com mais de 1 cm de diâmetro ou em grupos com mais de 5 úlceras devem ser dirigidos ao médico.

O médico deve ser consultado, quando:

  • As úlceras estão infetadas com dor grave, vermelhas, com mal-estar e febre, que requerem terapêutica antibiótica sistémica;
  • Surgem novas úlceras antes das anteriores estarem curadas;
  • Duram 3 ou mais semanas;
  • Se estendem ao interior de todo o lábio;
  • Ocasionam dor incontrolada;
  • Febre elevada com herpes labial.

Outros tipos de úlcera podem significar uma doença de base grave e requerem referência do doente ao médico. 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Causas e sintomas
A obstipação é uma situação frequente considerando-se que afeta cerca de ¼ da população mundial, é m

Afeta pessoas de qualquer idade e género, sendo mais frequente na mulher, idosos, não caucasianos e pessoas com nível socioeconómico reduzido. É um problema comum durante a gravidez, após o parto ou cirurgia, podendo ser ocasionada por medicamentos analgésicos opioides e anticolinérgicos, entre outros.

A frequência normal dos movimentos intestinais varia de 2 movimentos diários até um de 3 em 3 dias, pelo que a obstipação difere de indivíduo para indivíduo, daí que seja necessário perguntar a quem se queixa de obstipação, como eram os seus hábitos de defecação anteriores. Para se considerar as queixas como obstipação há 2 critérios:

  • Haver uma mudança na frequência de movimentos intestinais;
  • Existência de fezes duras com dificuldade de eliminação.

Pode haver outros sintomas como a sensação de esvaziamento incompleto dos intestinos, dor ou desconforto abdominal e flatulência.

Uma obstipação duradora pode ocasionar doença hemorroidária, impacto fecal no colon ou reto, obstrução intestinal ou complicações do trato urinário, pelo que deve ser corrigida atempadamente.

A obstipação pode surgir abruptamente e ser de curta duração ou ser crónica permanecendo durante muito tempo, até anos. A maioria dos casos de obstipação aguda não é grave e a compreensão das causas da obstipação ajuda a corrigi-la.

Causas de Obstipação
Embora possam existir diversas causas para a ocorrência de obstipação, podem ser subdivididas em 2 tipos. Na obstipação simples ou funcional não existe patologia indutora, contrariamente à secundária que requer referência do doente ao médico. A obstipação simples ou funcional pode ser induzida pela ingestão insuficiente de líquidos ou fibras que reduzem o volume fecal e/ou a motilidade intestinal, uso ou abuso de laxantes e de medicamentos indutores da obstipação. As dietas de emagrecimento causam habitualmente obstipação.

Avaliação Sintomática
Para uma indicação farmacêutica adequada o doente deve ser avaliado em diversos parâmetros para caracterizar a obstipação e decidir se deve ser dirigido ao médico para avaliação ou se a obstipação pode ser corrigida com indicação farmacêutica com MNSRM. Para caracterização da obstipação deve ser conhecida a sua duração e como se iniciou.

Duração: uma obstipação até 4 dias resolve-se espontaneamente a menos que haja sintomas. Contrariamente, se for mais prolongada pode corrigir-se com Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) e, caso não se resolva o doente deve ser referenciado ao médico.

As crianças e os idosos podem apresentar obstipação por preguiça em defecar, o que pode ocasionar uma obstipação crónica. Quando não tratada, esta obstipação pode conduzir a perda ou redução do tónus intestinal e progredir para megacólon (dilatação permanente) dificultando o peristaltismo e a atividade de laxantes, conduzindo a movimentos intestinais com uma frequência que pode ser inferior a um por semana.

Início: devem analisar-se alterações de estilos de vida que possam ter ocorrido e sejam responsáveis pela obstipação, como mudanças da dieta com redução da ingestão de fibras, ou de líquidos. A toma de diuréticos também pode contribuir para obstipação pela perda de fluídos. Outras alterações nos estilos de vida como o stresse, a mudança de emprego, viagens, mudança do local de toma de refeições, alterações de exercício, entre outras. Algumas doenças podem ocasionar obstipação assim como alterações de estados fisiológicos como a gravidez e a geriatria. A tabela 1 resume os medicamentos que mais frequentemente podem ocasionar obstipação bem como as restantes causas possíveis.

Tabela 1 – Principais causas indutoras de obstipação

Sintomas Associados
É conveniente identificar sintomas que se associam à obstipação e caracterizá-los para melhor poder intervir. Deve ser analisado se existem sintomas como os referidos abaixo:

Indisposição: quando a indigestão impede as atividades diárias durante as crises de obstipação, o doente deve ser dirigido ao médico para identificar eventual causa orgânica da obstipação. Pode ainda surgir febre ou suores noturnos.

Sangue nas fezes: não é raro observar-se a presença de sangue fresco na superfície fecal na crise de obstipação, habitualmente ocasionado por doença hemorroidária ou fissura no canal anal porque as fezes de difícil eliminação podem afetar os tecidos do reto e ânus. Quando o sangue está misturado com as fezes é escuro e descrito como “borras de café” pode significar uma situação grave, como as resultantes de diverticulose, cancro, úlcera péptica e requer que o doente seja dirigido ao médico. Doentes submetidos a terapêutica com sais de ferro também apresentam obstipação e fezes coradas de negro, o que não apresenta problemas.

Dor: quando surge dor contínua ou grave, durante 2 ou mais dias juntamente com a obstipação, o doente deve ser dirigido ao médico para avaliação das causas possíveis, havendo possibilidade de uma obstrução intestinal por eventual tumor.

Náuseas e vómitos: dado que não é comum a ocorrência de náuseas ou vómitos associados à obstipação e, podendo relacionar-se com obstrução intestinal, os doentes devem ser dirigidos ao médico.

Perda de peso: quando a perda de peso é marcada e, por poder relacionar-se com doença grave, o doente deve ser referenciado ao médico.

Diarreia: períodos de alternância entre diarreia e obstipação podem refletir síndroma de intestino irritável nos jovens. No idoso, a obstipação pode relacionar-se diarreia por abuso de laxantes, que esvaziou os intestinos e se reflete em obstipação posterior. Casos de resolução difícil devem ser referenciados ao médico.

Doenças concomitantes: o hipotiroidismo associa-se a obstipação, letargia e sonolência. Doentes com depressão, pela medicação que tomam, bem como doentes com angina de peito ou enfarto do miocárdio recente podem apresentar obstipação por evitar a força de defecar. Também é comum a obstipação em doentes de Parkinson. 

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Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
Os progressos da tecnologia e a relação médico/utente precisam da mediação da Bioética.

O Núcleo de Estudos em Bioética da Sociedade Portuguesa de Medina Interna (NEBioMI) acaba de ser reativado por iniciativa do Presidente da Direção, Manuel Teixeira Veríssimo.

A coordenação do NEBioMI, nesta fase de refundação, foi atribuída a António H. Carneiro Internista e Intensivista, Diretor do Departamento de Medicina, Urgência e Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital da Luz Arrábida em Vila Nova de Gaia.

Segundo os promotores deste núcleo de estudos a globalização, a evolução da tecnologia, a capacidade de se intervir no curso da vida (tal como ela nos foi dada), bem como a acelerada inversão da estrutura etária dos países mais desenvolvidos, colocam novos desafios ao exercício da medicina que exigem a intermediação bioética.

Neste contexto, o NEBioMI propõe-se ser um fórum de reflexão capaz de contribuir para a melhoria da prática clínica num mundo em mudança no qual os valores tradicionais são questionados e desafiados.

No último século a tecnologia revolucionou dramaticamente a relação da medicina com as pessoas porque permitiu intervir no início da vida (criando e selecionado artificialmente embriões humanos e clonando animais superiores), tratar doenças previamente fatais, substituir órgãos por órgãos de cadáver e/ou prótese biomecânicas, criar Cyborgs (organismo cibernéticos – em parte humanos em parte máquinas ou peças artificias) e suportar artificialmente funções vitais (que contribuem para salvar vidas mas que podem limitar-se a prolongar o fim de vida).

Neste contexto, o médico tem a responsabilidade de intermediar o poder que é capaz de manipular (na dimensão que lhe é acessível) e a vulnerabilidade de quem o procura na condição de doente. “Ao médico impende a responsabilidade profissional de responder às solicitações da pessoa que o procura em condição vulnerável, ajuizando no contexto de cada situação o que deve fazer ao mesmo tempo que pondera, caso a caso, do que se pode fazer o que é que se deve fazer”, explica António H. Carneiro.

A primeira sessão do NEBioMI, realizada no dia 18 de março, incluiu duas conferências: “Da Ética à Bioética”, por Walter Osswald, professor jubilado da FMUP e um dos fundadores da Bioética em Portugal, do Centro de Estudos Bioéticos da UP, e “Vulnerabilidade e responsabilidade na relação médico/doente”, proferida por Maria do Céu Patrão Neves, professora catedrática de Filosofia, eurodeputada e assessora da Presidência da República, formada em bioética no Kennedy Institute of Ethics (EUA).

Ordem dos Psicólogos
Uma maior intervenção dos psicólogos na diabetes pouparia 63 milhões de euros por ano ao Serviço Nacional de Saúde, disse o...

À margem da sua intervenção no 7.º Encontro do Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria, Diamantino Santos alertou para a falta de psicólogos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), considerando que a sua existência em maior número contribuiria para uma poupança de milhões de euros.

"A população procura psicólogos, mas não encontra resposta, porque muito poucos estão a trabalhar no SNS. Há programas, como por exemplo, na diabetes, em que uma intervenção permitiria poupar 63 milhões de euros por ano. Imagine-se isso dedicado à saúde mental propriamente dita ou a certas patologias, como a obesidade ou as hipertensões", sublinhou o psicólogo.

Diamantino Santos explicou que o valor referido tem por base vários estudos internacionais, que comparam grupos experimentais e grupos de controlos em determinada intervenção psicológica, tendo em conta o número de consultas, o valor de cada uma, a adesão à medicação, uma diminuição do uso de medicamentos, menos patologias associadas, entre outros fatores.

"Havendo uma diminuição, há uma poupança clara", sublinhou.

O psicólogo afirmou que não se trata de "propor um milagre" em que "o psicólogo resolve tudo". "Agora, integrado numa equipa multidisciplinar, é um coadjuvante para que todos estes processos possam decorrer, sobretudo com uma melhoria na qualidade de vida das pessoas e com menor custos".

O psicólogo revelou ainda que Portugal está muito longe dos rácios recomendados. "Todas as regiões têm um rácio substancialmente inferior àquele que é a recomendação internacional, que é de um psicólogo para cinco mil pessoas".

Diamantino Santos exemplificou com a região de Lisboa, que "tem apenas 49% dos psicólogos que seriam necessários".

"Estamos a falar de uma região densamente povoada e os pedidos de consultas são inúmeros. Posso dizer que há pouco tempo num hospital central em Lisboa havia um psicólogo para 30 mil utentes", acrescentou, lamentando que o Governo se centre na "velha questão dos custos".

"O que se poupa é substancialmente muito maior do que os custos com os psicólogos. Não é uma despesa, é um investimento para o futuro, porque tem benefícios na qualidade de vida das pessoas", referiu ainda o vogal da Ordem dos Psicólogos.

A falta de especialistas impede um trabalho ao nível da prevenção, tendo impactos na saúde mental "mais à frente", com "custos superiores para o erário público", frisou.

"Devíamos ter psicólogos a trabalhar não só a nível preventivo - dos cuidados de saúde primários -, mas também ao nível dos cuidados de saúde secundários e até terciários, para permitir uma resposta adequada em termos de cuidados de saúde à população", considerou.

Diamantino Santos criticou ainda os responsáveis por alguns hospitais que sugerem a redução do tempo de consultas para dez ou 15 minutos. "Menos de 30 minutos não é uma consulta, é uma conversa".

Segundo dados apresentados pelo vogal da Ordem no encontro, existem 2.897 psicólogos na Região Centro, que cobre sete distritos: Castelo Branco (171), Coimbra (885), Guarda (170), Leiria (556), Portalegre (134), Santarém (450) e Viseu (531). Destes, 50% são psicólogos clínicos, 30% educacionais e os restantes ligados às diversas vertentes da psicologia.

Em Portugal
Conselho de peritos que emite pareceres técnicos em casos graves recebe quatro processos por semana e está a demorar a responder.

A perna de uma mulher foi amputada porque os médicos cortaram uma artéria em vez de uma veia durante uma cirurgia às varizes. Um homem operado por causa de uma sinusite acabou por ficar cego. Um médico esqueceu-se de uma pinça no abdómen do doente durante uma cirurgia. São exemplos de casos que chegaram a tribunal, mas há muitas queixas de alegada má prática médica que não deram origem a acusação, muitas por não terem fundamento, outras porque obter e fazer prova neste tipo de situações é muito difícil.

Em Portugal, é impossível aceder a números rigorosos sobre denúncias daquilo que comummente se designa como negligência médica. Mas há alguns dados que permitem ter uma ideia aproximada da evolução deste fenómeno. O mais expressivo é o número de queixas em casos que resultaram em morte ou incapacidades graves que chegam ao Conselho Médico-Legal do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), órgão ao qual os magistrados podem recorrer desde 2001 para pedir pareceres técnico-científicos em processos complexos.

Em 2014 (últimos dados disponíveis) atingiu-se o valor mais elevado de sempre. Entraram nesse ano no conselho 213 processos, a esmagadora maioria dos quais relativos a situações de eventual negligência médica. Os números não diferem muito dos de anos anteriores, sobretudo desde 2008, quando se observou um pico (ver infografia), mas em 2014 há uma diferença: nesse ano, pela primeira vez, o total de pareceres emitidos pelo conselho foi muito inferior ao de processos entrados (125).

Mas há inúmeros casos que escapam a este crivo. Há pessoas que enviam denúncias não só para as autoridades judiciais, mas também para as ordens que representam os profissionais e ainda para organismos como a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS). As queixas podem resultar em sanções penais, civis, disciplinares.

Nos processos-crime, o que se consegue saber, com rigor, é o número de inquéritos da que será ainda a única secção do Ministério Público especializada na investigação deste tipo de crimes. Com 103 inquéritos pendentes, a 6.ª Secção do DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) de Lisboa recebeu, ao longo do ano passado, 65 novos casos, mais uma dezena do que em 2014, adiantou ao jornal Público a procuradora Emília Serrão.

Sublinhando que a quantidade de inquéritos tem variado de ano para ano, a magistrada explica que, desde 2011, os números se cifram anualmente “entre 67 e 65”, incluindo as participações enviadas pela IGAS. Certo é que a maior parte acaba por ser arquivada. A percentagem de acusações “ronda os 4%”, estima a magistrada. Razões? Este tipo de crime é “muito difícil de investigar” por causa da dificuldade de “obtenção de prova”, além de que “não é fácil que o médico deponha contra outro médico e há sempre uma opinião divergente”, explica.

Mas não só: o facto de se verificar, nos últimos dois a três anos, “grandes atrasos” na resposta aos pedidos de parecer do Conselho Médico-Legal do INMLCF também terá alguma influência. “Embora se reconheça que [os peritos] vêm fazendo um grande esforço e que trabalham para todo o país, aguarda-se mais de um ano”, frisa a magistrada.

Acentuando que os “pareceres são normalmente emitidos em menos de um ano”, apesar de por vezes haver “pareceres que demoram mais tempo”, a assessoria do INMLCF justifica a diminuição abrupta verificada em 2014 na elaboração destas perícias com o facto de se ter procedido “à recomposição” do Conselho Médico-Legal e ter sido mudado o Conselho Diretivo do instituto. “Há processos com três ou mais volumes de informação clínica, ultrapassando por vezes as mil páginas, a qual é minuciosamente analisada”, acrescenta.

De resto, há uma explicação suplementar: por vezes, depois de chegarem a acordo nas negociações quanto a pedidos de indemnização, “os acusadores perdem o interesse na apresentação da queixa”, indica Emília Serrão.

Sendo poucas, as acusações deduzidas têm, contudo, vingado e, excetuando o caso do Avastin (em que seis doentes ficaram total ou parcialmente cegos no Hospital de Santa Maria, em 2009), os tribunais da Relação têm confirmado as decisões, destaca a procuradora.

Dois mundos à parte
Juristas especializados neste tipo de casos têm vindo a defender que o sistema instituído em Portugal não beneficia nem os doentes nem os médicos, que ficam a aguardar pela conclusão de processos que se arrastam anos a fio nos tribunais. Habitualmente, nos hospitais públicos, cabe ao paciente provar que houve culpa com dolo, o que é complexo. “É muito difícil provar que houve culpa”, sustenta André Dias Pereira, professor auxiliar da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, que destaca o exemplo de França, onde existem sistemas de conciliação que integram juízes e peritos médicos e os doentes são rapidamente ressarcidos.

A vice-presidente da Associação Portuguesa do Direito à Saúde, Filomena Girão, realça que é fundamental harmonizar as regras que regulam o sector público e privado e caminhar para “uma objetivação da culpa”, notando que o que a maior parte dos queixosos pretende não são “indemnizações milionárias”.

Defendendo também uma harmonização da legislação, André Dias Pereira continua sem entender as discrepâncias entre o sistema público e privado em Portugal. Nos hospitais públicos, cabe ao lesado provar a culpa, ao contrário do que sucede no privado. Também o prazo de prescrição do direito de indemnização, se houver responsabilidade contratual, é de 20 anos no privado e de apenas três no público. De igual forma, as regras de acesso ao processo clínico por parte do doente ou dos familiares após a morte variam. No público, em teoria o acesso é direto, enquanto no privado deve ser intermediado por outro profissional de saúde. São dois mundos à parte no mesmo país.

Oito anos até à sentença
Também o tempo que os processos demoram nos tribunais se tem revelado um problema. Um estudo recente revelou que a justiça demora cerca de oito anos, em média, até chegar a uma sentença. Mas há quem espere muito mais: em Dezembro, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou o Estado português ao pagamento de uma indemnização de 39 mil euros, por danos morais, à viúva de um homem que morreu com uma septicemia (infeção generalizada), após uma operação para extração de pólipos nasais, há quase duas décadas.

Depois de ter recorrido a todas as instâncias possíveis em Portugal por acreditar que a morte do marido, em 1998, se devera a sucessivos atos de negligência médica, sem que os tribunais e a Ordem dos Médicos lhe dessem razão, Isabel Fernandes invocou o artigo 2.º (direito à vida) da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e pôs em causa a demora dos processos judiciais que interpôs. O tribunal europeu deu-lhe razão.

À Ordem dos Médicos (OM) chegam todos os anos muitas queixas. Só em 2015, a OM abriu 649 processos, decidiu 592 e arquivou 561. Menos do que em 2014, ano em que mudaram os conselhos disciplinares e “houve um esforço para dar sequência a processos que vinham do passado”, explica o bastonário José Manuel Silva. No ano passado, a OM condenou 31 médicos, metade com penas de advertência, 14 de censura e dois médicos foram suspensos por um ano. Mas a OM não faz triagem nem especifica os motivos que deram origem aos processos.

Estudos revelam
Tratar a depressão e evitar a deficiência de vitamina D pode reduzir o risco de complicações cardiovasculares, segundo dois...

"A nossa investigação mostra que um tratamento eficaz e rápido da depressão parece reduzir o risco de complicações cardiovasculares que, de outra forma, aumentariam significativamente", disse Heidi May, médico epidemiologista do Medical Center Institute Intermountain Heart em Salt Lake City, no Utah.

O estudo foi apresentado na conferência do American College of Cardiology, celebrada em Chicago, escreve o Sapo. Os investigadores analisaram os dados de pacientes com depressão que fazem parte do sistema de saúde "Intermountain Healthcare", que abrange mais de cem mil pessoas.

Depois, compilaram informações de 7.550 pacientes que responderam a pelo menos dois questionários durante um mínimo de um a dois anos. Em seguida, foi feito um acompanhamento destes pacientes para comprovar se tinham sofrido algum problema cardiovascular relevante, como enfarte, acidente vascular cerebral ou insuficiência cardíaca.

No final do estudo, os que já não estavam deprimidos apresentaram uma taxa similar de complicações cardiovasculares graves semelhante à daqueles que nunca tinham sofrido de depressão.

No entanto, os investigadores consideram que é necessário fazer estudos clínicos para corroborar estes resultados. Para eles, os sintomas da depressão podem causar mudanças fisiológicas que podem levar rapidamente a problemas cardiovasculares.

Um grupo de cientistas descobriu também que níveis baixos de vitamina D pareciam estar vinculados a ataques de coração, acidentes vasculares cerebrais ou acidentes por insuficiência cardíaca. Para o estudo foram examinados 4.200 participantes com idades entre 52 e 76 anos, um quarto dos quais eram diabéticos e 70% tinham doenças coronárias.

Gilead Génese 2015
A 'reciclagem' de medicamentos para a cura da sida ou fisioterapia em casa para doentes com fibrose quística são dois...

As bolsas serão entregues aos responsáveis pelos projetos distinguidos, na terça-feira, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, numa cerimónia com a presença do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

Na edição de 2015, que contou com o patrocínio do Presidente da República e à qual se apresentaram cerca de 60 candidaturas, foram selecionados, por comissões externas, 13 projetos - oito científicos e cinco comunitários.

Para o total de bolsas a conceder, o programa disponibilizou, no ano passado, 280 mil euros, indicou, numa nota à imprensa, a farmacêutica, que atribui os apoios financeiros desde 2013.

O programa Gilead Génese destina-se a financiar a investigação e as boas práticas de acompanhamento de doentes, no cancro e linfomas, no VIH/sida, nas hepatites B/C e na fibrose quística (doença genética que afeta diversos órgãos, incluindo pulmões, pâncreas e intestinos).

Um dos projetos selecionados está a cargo do Instituto de Investigação do Medicamento, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, e pretende provar que medicamentos usados no tratamento de certas doenças podem ser utilizados para curar pacientes com sida.

O investigador e docente João Gonçalves disse que a sua equipa identificou sete fármacos, associados ao tratamento de doenças neurológicas, que podem ser úteis para a cura da infeção do VIH/sida, lembrando que existem medicamentos para o cancro que já são usados no tratamento da diabetes.

A farmacêutica Gilead Sciences decidiu ainda subsidiar projetos, na área científica, que visam, entre outros, o estudo da eficácia de novos medicamentos em doentes com fibrose quística, o diagnóstico precoce da disfunção renal em seropositivos e a produção em coelhos de anticorpos que neutralizem o VIH.

Na vertente comunitária, foram contemplados com bolsas projetos destinados, nomeadamente, a promover o rastreio e o diagnóstico de VIH/sida, sífilis e hepatites em imigrantes, em Coimbra, o acompanhamento domiciliário de idosos com VIH/sida, no Porto, e o exercício físico e a fisioterapia em casa de doentes com fibrose quística, na região Norte.

Inquérito revela
Cerca de 10% dos licenciados da Escola Superior de Tecnologia de Saúde de Lisboa em 2013/14 emigraram, principalmente para o...

Em declarações, o docente David Tavares explicou que o tratamento dos resultados do inquérito ainda se encontra em fase preliminar, mas já permitiu detetar grandes tendências deste novo tipo de emigrante, para além do peso, recente, da emigração nas saídas profissionais.

Aliás, David Tavares lembrou que o primeiro estudo sobre a inserção profissional dos recém-diplomados da Escola é de 2008/09 e que “a questão da emigração não se colocava na altura”.

O trabalho de campo do inquérito foi realizado no último trimestre de 2015 e cobriu 374 diplomados, tendo registado uma percentagem de respostas de 80%, destacou Tavares, que é professor coordenador na Escola Superior de Tecnologia de Saúde de Lisboa (ESTeSL), onde leciona Sociologia da Saúde.

O estudo identificou que a maior parte destes emigrantes nas ilhas britânicas está colocada no serviço nacional de saúde e que a saída para o estrangeiro lhe apareceu como solução de recurso.

Outro traço relevante apurado foi o de as colocações no Reino Unido terem resultado, de forma predominante, de resposta a concursos, e não do recurso a redes de contactos pessoais.

Aliás, a qualidade destes cursos portugueses motiva deslocações de recrutadores potenciais aos politécnicos para promover destinos, como o Reino Unido, salientou David Tavares, que já foi presidente do Conselho Científico da ESTeSL e consultor da ONU.

O inquérito permitiu ainda identificar uma estabilização superior nos vínculos profissionais destes emigrantes em relação aos que ficaram em Portugal, uma vez que 60% daqueles têm contrato por tempo indeterminado, o que compara com 25% do universo total de licenciados.

Da mesma forma, 50% dos emigrantes estão ‘muito satisfeitos’ com a sua situação profissional, contra 24% do conjunto, o que lhes permite começarem a apontar para projetos profissionais de médio prazo, como ‘aumentar a formação’ (47% entre os emigrados; 25% entre os que ficaram) e ‘progredir na carreira’, com valores respetivos de 37% e 25%.

Esta satisfação é também baseada no entendimento de que a função desempenhada é a mais adequada à formação escolar, com 87% dos emigrados a considerarem as suas funções totalmente adequadas ao curso tirado, bem acima da média global de 48%.

Em termos remuneratórios, mesmo relativizando com o nível de vida, 80% dos colocados no Reino Unido ganham mais do equivalente a 1.500 euros líquidos, uma realidade distante da portuguesa, concluiu David Tavares, que acaba de publicar o livro “Introdução à Sociologia da Saúde” e coordena esta área temática na Associação Portuguesa de Sociologia.

A Lusa e o Observatório da Emigração vão organizar o seminário de formação “Indicadores da Emigração”, destinado a jornalistas. A iniciativa vai decorrer hoje, dia 04 de Abril, entre as 09:00 e as 13:00, nas instalações da Agência em Lisboa.

Em 2015
As situações de doentes carenciados que chegam à Liga Portuguesa Contra o Cancro têm vindo a aumentar, tendo a instituição...

Em declarações, a propósito dos 75 anos da instituição, o presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), Vítor Veloso, adiantou que a instituição acode a estas situações, que "são cada vez mais prementes e cada vez mais numerosas”.

“Queremos auxiliar o doente oncológico não só no que diz respeito ao apoio psicoemocional, mas também economicamente”, dando-lhes “dinheiro para transportes, medicamentos, alimentação, renda de casa, eletricidade e para muitas coisas, porque efetivamente o país não está bem e há pessoas muito carentes”, disse Vítor Veloso.

Fundada a 04 de abril de 1941 pelo médico Francisco Gentil para suprir as carências do Estado em matéria de financiamento do tratamento do cancro, a LPCC tem vindo a expandir o seu trabalho, mobilizando os seus recursos financeiros para a prevenção e apoio à investigação da doença, nunca descuidando o apoio ao doente.

Vítor Veloso estima que, ao longo dos 75 anos, a Liga Portuguesa Contra o Cancro tenha apoiado, “no mínimo, meio milhão de habitantes”.

“O trajeto da Liga foi sempre crescendo e, neste momento, (…) somos a maior organização não-governamental do país a nível dos cuidados de oncologia”, disse Vítor Veloso, lembrando que a instituição vive exclusivamente de donativos da população, de heranças e dos contributos do IRS.

Uma das mais importantes iniciativas da LPCC é o programa nacional de rastreio de cancro da mama. No ano passado, foram realizadas 295.122 mamografias em 27 unidades móveis e seis fixas.

Segundo Vítor Veloso, a instituição foi pioneira nos cuidados continuados e paliativos: “Há 20 anos já tínhamos o maior centro no Porto e que ainda é o maior do país”.

Dados da Liga referem que, em 2015, foram acompanhados 7.332 doentes nos seus centros de dia e 97 doentes nos seus lares.

Este ano, o núcleo regional do Norte vai avançar com a construção de um lar com várias valências (cuidados continuados, paliativos e centro de dia), revelou o responsável.

“Temos que pensar nos lares de cuidados continuados e de cuidados paliativos na medida em que há um défice muito grande de camas e os nossos hospitais que deviam estar a tratar doentes estão a acolher esses doentes que não estão bem nos hospitais e estão a gastar muito dinheiro ao Estado”, sublinhou.

O apoio à investigação também faz parte da missão da Liga, que atribuiu, no ano passado, 533.984 euros em 24 bolsas de investigação.

“Ajudamos a criar bolsas para jovens investigadores, porque não queremos que vão para fora”, disse Vítor Veloso, adiantando que a instituição também apoia a formação de médicos e outros profissionais de saúde.

Em 2015, a Liga ministrou 109 ações de formação para 4.204 profissionais de saúde. Também realizou 634 ações de sensibilização nas escolas, que envolveram 86.854 alunos do ensino básico e secundário, e 30 campanhas de prevenção dirigidas à população.

Nos últimos dez anos a Liga “cresceu muito” e soube adaptar-se: “Hoje somos uma organização não-governamental modernizada, apta e adaptada a tudo o que o doente oncológico e a sua família necessitam”, sublinhou.

Também cada vez mais defende “os direitos dos doentes oncológicos que, infelizmente, são muitas vezes atropelados ou ignorados”.

A cerimónia das comemorações dos 70 anos da Liga decorre na segunda-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Esta semana
O movimento “Direito a morrer com dignidade” vai entregar na Assembleia da República, esta semana, a petição pela...

O Movimento Cívico para a Despenalização da Morte assistida efetuou a sua primeira reunião pública, na Escola Secundária Pedro Nunes, em Lisboa, à qual se seguirão outras em diferentes capitais de distrito, como informou a atriz Fernanda Lapa, uma das participantes.

Na reunião, à qual assistiram cerca de 20 pessoas, o pediatra Jaime Teixeira Mendes recordou que os médicos fazem o Juramento de Hipócrates (460-370 antes de Cristo), mas recordou que no seu tempo havia eutanásia, nomeadamente através da ingestão de cicuta.

O clínico afirmou que nas faculdades de medicina os futuros médicos não foram preparados para enfrentar a questão da morte assistida, e disse que, atualmente, “são treinados para a obsessão terapêutica”.

Fernanda Lapa, a abrir os trabalhos, realçou que este é “um movimento apartidário” e ao qual “pertence quem tem fé e os que não têm fé”.

A atriz apelou ainda para o apoio financeiro para as atividades do movimento, que “não tem fundos próprios, nem apoios públicos ou privados”.

Quanto ao documento a entregar ao parlamento, é afirmado que “a morte assistida é um direito do doente que sofre e a quem não resta outra alternativa por ele tida como aceitável ou digna, para pôr termo ao seu sofrimento”, e recorda que a “Constituição da República Portuguesa define a vida como direito inviolável, mas não como dever irrenunciável”.

Considera o documento que “a criminalização da morte assistida no Código Penal fere os direitos fundamentais relativos à liberdade” e sublinha que “a despenalização da morte assistida não a torna obrigatória para ninguém” e “apenas a disponibiliza como uma escolha legítima”.

Defende a petição que “um Estado laico deve libertar a lei de normas alicerçadas em fundamentos confessionais”.

Por lado, lê-se no texto que, “em Portugal, os direitos individuais no domínio da autodeterminação da pessoa doente têm vindo a ser progressivamente reconhecidos e salvaguardados: o consentimento informado, o direito de aceitação ou recusa de tratamento, a condenação da obstinação terapêutica e as Diretivas Antecipadas de Vontade (Testamento Vital)”.

“É, no entanto, necessário, à semelhança de vários países, avançar mais um passo, desta vez em direção à despenalização e regulamentação da morte assistida”, sublinham os subscritores.

No debate, um dos participantes, João Ribeiro Santos, da comissão coordenadora, referiu as legislações já existentes neste sentido de despenalização da morte assistida, na Bélgica, Holanda e Luxemburgo, monarquias que fazem parte da União Europeia e estiveram na sua fundação.

João Semedo, ex-líder do Bloco de Esquerda, usando da palavra, anunciou a realização de um seminário, a agendar, que reúna, médicos, enfermeiros, filósofos, e outras personalidades ligadas a esta temática, para “um debate sério, aberto e o mais amplo possível”.

“A morte assistida consiste no ato de, em resposta a um pedido do próprio – informado, consciente e reiterado – antecipar ou abreviar a morte de doentes em grande sofrimento sem esperança de cura”, assim define o documento que será levado à Assembleia da República.

Secretário-geral da ONU
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou, no Dia Mundial da Consciencialização sobre o Autismo, para que se reforce a...

“Insto a que se promovam os direitos das pessoas com autismo e que se assegure a sua plena participação e inclusão como membros valiosos da sociedade para que possam contribuir para criar um futuro de dignidade e oportunidade para todos”, disse Ban Ki-moon numa mensagem.

O secretário-geral das Nações Unidas alertou também para o facto de os direitos, as perspetivas e o bem-estar das pessoas com autismo e de todas as pessoas com incapacidade, dever fazer parte da nova agenda para o desenvolvimento acordada no ano passado pelos líderes mundiais.

“A participação em pé de igualdade e a ativa intervenção das pessoas com autismo será essencial para o desenvolvimento das sociedades inclusivas contempladas nos objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, salientou.

Ban Ki-moon recordou que o autismo afeta milhões de pessoas em todo o mundo, que não é bem compreendido em muitos países, embora em muitas sociedades sejam incluídas pessoas que são autistas.

O secretário-geral da ONU advertiu que as atitudes de rejeição não só violam os Direitos Humanos das pessoas com autismo, mas desperdiçam um enorme potencial humano.

A assembleia-geral da ONU declarou em 2007, por unanimidade, o dia 02 de abril como sendo o Dia Mundial da Consciencialização sobre o Autismo.

Primeira reunião do Conselho Social do Creating Health
Entre associações de doentes, sociedades científicas e instituições de I&DT, dezenas de entidades estiveram representadas...

O Creating Health é um gabinete de apoio à captação de fundos para investigação e inovação em Saúde, criado há um ano no seio do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa. O Conselho Social deste gabinete, presidido por Jorge Sampaio, contou, em apenas um ano de existência, com a adesão por parte de mais de 30 entidades que atuam na área da saúde, entre associações de doentes (11), sociedades médicas (8), instituições do ensino superior (2) e de I&D (3), Hospitais (1) e Fundações/ONG (6), e continua aberto a novas adesões.

Como explica Ricardo Baptista Leite, fundador do Creating Health, o Conselho Social foi concebido para ser um espaço onde organizações com fins públicos da melhoria da saúde coletiva possam ter um espaço para partilhar e aprender com as melhores práticas, e criar redes e massa crítica para a construção de consórcios dirigidos para projetos futuros.

Na primeira reunião do Conselho Social, Jorge Sampaio louvou a criação de iniciativas como esta que junta atores do sector na partilha de boas práticas e no estabelecimento de parcerias que têm como objetivo a melhoria da saúde coletiva.

Para o presidente do Conselho Social, “a questão da captação de fundos, sobretudo fundos europeus e fundos internacionais verticais é complexa e cheia de um saber-fazer próprio”. Sublinhou ainda que “importa envolver a nossa diplomacia em Bruxelas e um conjunto de organismos multilaterais (...), desenvolver esforços junto das grandes fundações e iniciativas filantrópicas e do setor privado na área da saúde (...) e não descurar a participação em grandes eventos internacionais que realmente contem, de forma a marcar presença e estabelecer contactos, explorar oportunidades, potenciar plataformas de diálogo e de cooperação...”.

Foi consensual para as instituições representadas que a consolidação de sinergias a nível local e o alargamento da cooperação à esfera europeia é o caminho a seguir para conseguir aumentar o financiamento comunitário e a criação de inovação na saúde em Portugal.

O Conselho Social identificou áreas prioritárias para a inovação em saúde como a medicina e cuidados personalizados ou o apoio à literacia em saúde, através de inovação que esteja adequada às verdadeiras necessidades da sociedade. Para o Conselho, a comunidade de países de língua portuguesa é uma oportunidade a ter em atenção na estratégia de ação das várias instituições.

O envelhecimento populacional, o elevado peso das doenças crónicas, a crescente utilização da telemedicina ou mesmo a renovação geracional dos profissionais de saúde, foram desafios e preocupações partilhadas pelas instituições.

Aumentar a presença portuguesa nos painéis de avaliação internacionais dos programas de financiamento europeus, foi também um dos objetivos consensuais desta primeira reunião.

Para Joana Camilo, Diretora Executiva do Creating Health, “Contamos com o Conselho Social para uma interação biunívoca, para nos ajudar e aconselhar sobre de que forma é que o Gabinete pode maximizar o seu impacto através das ações direta e indiretamente promovidas”.

Durante a reunião foi ainda anunciado que, em 2016, o Creating Health disponibilizará várias ações para apoiar a capacitação de instituições na captação de investimento e ainda a aposta na colaboração estratégica com países como Espanha, França ou Bélgica.

O Creating Health diferencia-se pela sua base universitária e por ser especializado na área da saúde. Trata-se de uma iniciativa sem fins lucrativos, criada através do apoio de várias instituições. Este projeto conta ainda com o Alto Patrocínio do Presidente da República e com Alto Patrocínio do Governo de Portugal.

O gabinete dirige-se a todas as entidades nacionais que se integrem na academia, organizações científicas, instituições de saúde, organizações não-governamentais, como associações de doentes, e entidades empresariais públicas e privadas, no recurso a fundos públicos e privados dirigidos para a investigação e inovação em Saúde. Para mais informação visite www.creatinghealth.pt.

Universidade do Porto
Investigadores da Universidade do Porto estão a realizar um estudo nacional sobre o estado nutricional dos idosos para aumentar...

Com o projeto "Nutrition UP 65 - nutritional strategies facing an older demography" pretende-se gerar conhecimento para que se criem intervenções baseadas na evidência científica que "levem a pequenas mudanças, práticas e económicas, que se tornem em hábitos", disse a coordenadora Teresa Amaral.

Durante a investigação, promovida pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP), vão ser inquiridas 1.500 pessoas, com 65 anos ou mais, numa amostragem representativa dos idosos portugueses, de acordo com a idade, o género, o nível de ensino e a área regional do país.

As entrevistas vão permitir a recolha de material sobre dados sociodemográficos, o estilo de vida, o estado de saúde, a perceção do estado de saúde, a medicação, o estado nutricional, incluindo a antropometria, os indicadores funcionais, a fragilidade e a sarcopenia.

Os níveis de vitamina D e o estado de hidratação também vão ser avaliados (através de análises clínicas).

Segundo informação disponibilizada na página oficial do Nutrition UP 65, alguns estudos revelam que a desnutrição em pessoas idosas na Europa é elevada e para "piorar este cenário, as tendências atuais indicam que nesta faixa etária a prevalência de obesidade e de obesidade sarcopénica também vai aumentar".

As alterações no estado nutricional têm implicações na fragilidade - associada à uma maior morbilidade e mortalidade nos idosos. Os baixos níveis de vitamina D, a desidratação e o elevado consumo de sódio também associam-se a complicações clínicas, lê-se ainda na página.

Os dados recolhidos durante a fase de inquérito vão ser utilizados para melhorar a literacia e já estão a ser postos em prática programas educativos orientados para os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, nutricionistas, dietistas, entre outros) que têm contacto com a população idosa.

Estes são acreditados e creditados pela Universidade do Porto e vão ter enfoque na avaliação e na monitorização do estado nutricional e na implementação de suporte nutricional.

Relativamente às pessoas idosas, aos seus cuidadores - formais e informais - e aos preparadores de alimentos, foi criada uma rede de voluntários a nível nacional, que integra estudantes e ex-estudantes da FCNAUP, com o objetivo de ministrar formação básica em alimentação saudável e em planeamento e preparação de refeições, referiu Rui Valdiviesso, investigador da FCNAUP.

"Queremos que os voluntários atuem no seio das suas comunidades, com as quais têm uma ligação afetiva e cultural, onde conhecem os hábitos de vida das pessoas e o seu padrão alimentar", acrescentou.

Este projeto conta com a participação dos investigadores Cláudia Afonso, Patrícia Padrão, Pedro Moreira, Nuno Borges e Alejandro Santos, e com os assistentes de investigação Rita Guerra, Ana Sousa, Rui Valdiviesso e Luísa Álvares, da FCNAUP.

No Nutrition UP 65 colaboram ainda as investigadoras Cátia Martins, do Departamento para a Pesquisa do Cancro e Medicina Molecular da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, e Graça Ferro, da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, EPE.

O estudo, iniciado em abril de 2015, vai ser finalizado em abril de 2017, e foi financiado pelo EEAGrants - Programa Iniciativas de Saúde Pública - em 519 mil euros, tendo sido 15% desse montante assegurado pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto.

Escola de Medicinas Alternativas e Complementares do Porto
É uma das terapias mais populares da Medicina Tradicional Chinesa e já foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde. Saiba...

A EMAC – Escola de Medicinas Alternativas e Complementares do Porto, está a promover um curso de Auriculopuntura, uma técnica complementar da Medicina Tradicional Chinesa utilizada no diagnóstico e tratamento de problemas de saúde. Também conhecida por Auriculoterapia, é frequentemente utilizada como complemento da Acupuntura tradicional.

Esta terapia é citada há mais de 2500 anos, tendo sido objeto de estudo por especialistas em todo o mundo. Na base estão as orelhas, que possuem mais de 110 pontos estratégicos que beneficiam da proximidade com o cérebro, estando diretamente ligados com vários órgãos e funções do organismo. Quando estimulados, enviam ao cérebro impulsos que o obrigam a “ouvir” rapidamente a área ativada. Para a estimulação dos pontos auriculares podem ser usadas agulhas de Acupuntura, sementes de mostarda ou microesferas, que se mantêm em contacto com a orelha cerca de 20 a 30 minutos.

A técnica da Acupuntura Auricular é aplicada no tratamento de diversas doenças como distúrbios do sono, alterações menstruais, ansiedade, depressão, alergias, dores articulares, dores na coluna, cefaleias, hipertensão arterial e distúrbios digestivos. Também auxilia nos tratamentos de perda de peso e abandono de vícios como o álcool ou tabagismo.

O curso de Auriculopuntura vai ser orientado por Carlos Nogueira, médico espanhol especialista em Acupunctura pelo Comité Internacional de Avaliação da República Popular da China, e fundador do Centro de Enseñanza de la Medicina Tradicional China, em Espanha. Com uma longa trajetória clínica e de ensino, Carlos Nogueira é atualmente docente em Medicina Natural na Faculdade de Medicina da Universidade de Santiago de Compostela e Faculdade de Ciências de Orense da Universidade de Vigo.

O curso arranca no próximo dia 10 de abril (domingo), nas instalações da EMAC, no Porto, e terá a duração de 8 horas. É destinado a estudantes e especialistas em Acupuntura e profissionais de saúde que pretendam usar a acupuntura auricular como uma ferramenta terapêutica complementar. Para mais informações ou inscrições: [email protected] ou 225 105 910 / 917 458 292. 

No Japão
Um grupo de cientistas japoneses anunciou ter desenvolvido um método para cultivar células capazes de regenerar o tecido...

A equipa de investigadores da Universidade de Keio (Tóquio) conseguiu produzir em laboratório células similares às do miocárdio, com uma taxa de sucesso de 90%, empregando uma forma de cultivo que reduz o risco de se reproduzirem de modo cancerígeno.

Estas células de pluripotência induzida (iPS, sigla em inglês) – de “elevada pureza” –, até agora apenas testadas em animais, vão começar a ser utilizadas em testes clínicos no próximo ano para garantir que podem ser implantadas de forma segura em pacientes humanos, informou o centro universitário em comunicado.

O diretor da investigação, Keiichi Fukuda, assinalou que esta tecnologia representa “um grande passo em frente” que torna possível a criação artificial de células do miocárdio que poderiam utilizar-se em pacientes que tenham sofrido paragens cardíacas.

Espera-se que a aplicação clínica das células iPS possa ampliar as possibilidades dos tratamentos regenerativos e constitua um importante progresso para a medicina personalizada.

O pioneiro na geração de iPS, o japonês Shinya Yamanaka, foi galardoado em 2012 com o Prémio Nobel da Medicina pelo método que concebeu para criar este tipo de células.

As células iPS são células humanas maduras que são “reprogramadas” para ficarem num estado primitivo e versátil, a partir do qual podem ser conduzidas a desenvolverem-se em qualquer tipo de célula do corpo.

Estudo
Um estudo sobre a mediatização da saúde na imprensa portuguesa concluiu que os jornais promovem “uma cobertura responsável” do...

A investigação, que faz parte da tese de doutoramento de Rita Araújo, investigadora no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, analisou a cobertura dada pelos jornais portugueses aos casos de suicídio.

“Ficámos surpreendidos positivamente com os resultados, percebemos que a cobertura que se pratica em Portugal não apresenta os traços sensacionalistas que foram identificados noutros países pela Organização Mundial de Saúde”, disse Rita Araújo.

Segundo Rita Araújo, nos jornais generalistas portugueses raramente são apresentados detalhes de suicídios.

“Os títulos geralmente são factuais (não apelam ao sensacionalismo) e quando há retratos de casos específicos de situações de suicídios são sempre enquadrados numa perspetiva da saúde mental”, sublinhou a investigadora, que participa, em Guimarães, no Simpósio da Sociedade Portuguesa de Suicidologia, com o tema “Crise Suicidária: Prevenção, intervenção e pósvenção”.

Para realizar o estudo, a equipa de investigadoras, formada por Rita Araújo, Felisbela Lopes e Zara Pinto-Coelho, baseou-se na literatura que existe noutros países (Austrália, Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha).

“O que nos dizem os estudos desses países é que, de facto, os media nem sempre têm os comportamentos mais responsáveis no que toca à cobertura dos suicídios”, disse Rita Araújo.

Contudo, “verificámos que em Portugal as coisas não são assim, a situação não é tão alarmista como se verifica noutros países”, disse, comentando que a análise permitiu concluir que os jornalistas portugueses estão a fazer "um bom trabalho”.

Rita Araújo adiantou que há uma série de normas nacionais e internacionais sobre como os profissionais dos Media devem noticiar os suicídios.

Entre essas normas estão evitar fazer uma cobertura sensacionalista, evitar dar pormenores sobre o caso, o método utilizado para cometer o suicídio e “evitar as generalizações”.

“Dizer que determinada pessoa cometeu o suicídio porque estava com depressão não quer dizer que todas as pessoas com depressão o vão fazer”, explicou.

Há vários estudos que comprovam que as notícias sobre o suicídio têm o poder de criar novos suicídios, um fenómeno denominado “efeito de imitação”.

“A cobertura mediática do suicídio tem alguns riscos e pode levar a ondas de suicídio”, advertiu, defendendo que deve haver “um debate mais alargado no seio da profissão sobre a forma como isso deve acontecer”.

Geralmente, os jornalistas sabem que não devem noticiar o suicídio, mas muitas vezes não sabem porquê, frisou.

Para a investigadora, “noticiar o suicídio por si só pode não fazer sentido”: “O que é preciso é alertar para as causas do suicídio, para os fatores de risco e dar mais notícias sobre a saúde mental em geral, falar sobre os fatores de riso e quem são aqueles que estão mais em perigo de cometer suicídio”.

“É muito importante perceber que a cobertura do suicídio em si mesma não promove comportamentos suicidas, mas a forma como a cobertura é feita pelos jornalistas pode promover”, vincou.

Estudo
A obesidade afeta cerca de 641 milhões de adultos ou 13% da população mundial adulta e pode chegar até 20% em 2025 se o ritmo...

“Em 40 anos, passamos de um mundo onde as pessoas obesas são mais do que aquelas que estão com baixo peso”, disse o professor Majid Ezzati, do Imperial College de Londres, que coordenou o estudo divulgado na revista médica britânica The Lancet.

Segundo o estudo, um em cada oito adultos é obeso, um rácio que mais do que duplicou desde 1975 e que vai aumentar para um em cada cinco até 2025.

O estudo, considerado um dos mais abrangentes feito até ao momento, teve como base dados de cerca de 19 milhões de pessoas com 18 anos ou mais, residentes em 186 países.

O coordenador do estudo alertou para a ameaça de uma crise de “obesidade severa” e de doenças provocadas pelo alto teor de gordura, de dietas ricas em açúcar, que provocam aumento da tensão arterial e do colesterol.

“Haverá consequências para a saúde de uma magnitude que não sabemos”, afirmou Majid Ezzati.

O estudo refere que nos homens a obesidade triplicou de 3,2% da população em 1975 para 10,8% em 2014 (cerca de 266 milhões de homens).

Nas mulheres, a obesidade cresceu de 6,4% em 1975 para 14,9% em 2014 (cerca de 375 milhões).

Em 2014, as pessoas mais gordas do mundo viviam nos países da Polinésia e Micronésia, onde 38% dos homens e mais de metade das mulheres são obesos, refere o estudo.

Cerca de 118 milhões dos obesos do mundo vivem nos Estados Unidos, Reino Unido, Irlanda, Austrália, Canadá e Nova Zelândia.

No outro extremo, segundo o estudo, Timor-Leste, Etiópia e a Eritreia são os países onde vivem as pessoas com menos peso do mundo.

Estudo
A percentagem da população mundial obesa ultrapassou em quatro décadas o número de pessoas mal nutridas, quando em 1975 não...

O número total de pessoas obesas em todo o mundo subiu de 105 milhões, em 1975, para 641 milhões, em 2014. A percentagem de homens obesos em todo o mundo mais do que triplicou (de 3,2% para 10,8%) e a das mulheres mais do que duplicou (6,4% para 14,9%), de acordo com o que é o mais exaustivo estudo mundial sobre o índice de massa corporal (IMC) até agora realizado, divulgado pela prestigiada revista médica britânica.

Em contrapartida, no mesmo período, a percentagem de pessoas subnutridas caiu mais modestamente, cerca de um terço, tanto no caso dos homens (de 13,8% para 8,8%) como no das mulheres (de 14,6% para 9,7%).

Por outro, a esperança média de vida aumentou de menos de 59 anos para mais de 71 anos, a um ritmo de 3,6 meses por ano ao longo das últimas quatro décadas, pelo que, demonstra o estudo, o mundo está não apenas mais gordo como mais saudável.

Mas também mais desigual, como decorre do facto de ser bastante mais acelerada a progressão da obesidade que o avanço população global - sobretudo nas regiões mais pobres do mundo - que consegue fugir à subnutrição.

No período em análise, a média mundial do IMC, corrigido dos fatores relacionados com a idade, subiu dos 21,7 para 24,2 nos homens, e de 22,1 para 24,4 nas mulheres, o que resulta na conclusão de que a humanidade engordou ao ritmo médio de 1,5 quilos por década.

Se a taxa de obesidade mantiver o atual ritmo de escalada, em 2025, cerca de um quinto dos homens (18%) e das mulheres (21%) em todo mundo serão obesos, e mais de 6% dos homens e 9% das mulheres sofrerão de obesidade severa (35,0 ou mais).

“Nos últimos 40 anos, passámos de um mundo em que a prevalência da subalimentação mais do que duplicava a da obesidade para um mundo em que há mais pessoas obesas do que subnutridas”, sintetiza Majid Ezzati, professor da Escola de Saúde Pública do Imperial College em Londres, citado pela The Lancet.

“Se a atual tendência se mantiver, não apenas o mundo irá falhar o objetivo de em 2025 atingir a prevalência da obesidade verificada em 2010, como a taxa de mulheres com obesidade severa será superior à das mulheres subnutridas”, acrescenta.

Com exceção de algumas sub-regiões da África Subsaariana e da Ásia, a tendência de alteração do peso nos pratos da balança da obesidade e da subnutrição verifica-se a nível global, assim como em todas as regiões do mundo – aconteceu em 2004 no caso das mulheres e em 2011 nos homens.

Com efeito, a subalimentação mantém-se como um problema muito sério de saúde pública nas regiões mais pobres do planeta, e os autores do estudo alertam mesmo para o perigo da tendência do aumento da obesidade vir a provocar um efeito de negligência das políticas públicas direcionadas ao flagelo da subnutrição.

Por exemplo, no sul da Ásia, cerca de um quarto da população é subalimentada e as percentagens de homens e mulheres subnutridos nas regiões da África Oriental e Central são respetivamente de 15% e 12%.

Timor-Leste, Etiópia e Eritreia são os países com os IMC mais baixos em todo o mundo. Timor-Leste tem o índice de massa corporal mais baixo nas mulheres (20,1) e a Etiópia o mais baixo no caso dos homens (20,1). Mais de um quinto dos homens na Índia, Bangladesh, Timor-Leste, Afeganistão, Eritreia e Etiópia e mais de um quarto das mulheres no Bangladesh e Índia são subnutridos.

O índice de massa corporal é um indicador adotado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), usado para o diagnóstico do baixo peso, sobrepeso e da obesidade. O IMC é calculado a partir dos dados do peso e altura.

O estudo divulgado pela The Lancet resulta do levantamento e análise dos dados relativos ao IMC de adultos (mais de 18 anos) entre 1975 e 2014 constantes em 1698 estudos da população de 186 países, cobrindo 99% da população mundial com aquela faixa etária.

Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge
A atividade gripal revelou-se, na semana passada, esporádica, com tendência para diminuir, indica o boletim de vigilância...

De acordo com o relatório semanal, publicado todas as quintas-feiras, a taxa de incidência da síndrome gripal foi, entre 21 e 27 de março, de 7,6 casos por cem mil habitantes.

Na semana precedente, de 14 a 20 de março, a atividade gripal foi considerada baixa, com tendência estável, tendo-se registado 21,7 casos por cem mil habitantes.

O boletim hoje divulgado volta a referir que os vírus da gripe circulantes "são, na sua maioria, semelhantes aos vírus contemplados na vacina antigripal da época 2015/2016".

De 21 a 27 de março, foram admitidos seis novos casos de gripe nas 21 unidades de cuidados intensivos dos hospitais que reportaram informação, tendo a taxa de admissão se situado nos 3,4 por cento.

Três dos pacientes tinham doença crónica associada.

Desde o início da época gripal, em outubro, foram indicados 167 casos de gripe admitidos nas unidades de cuidados intensivos hospitalares, dos quais 69,5 por cento acusavam doença crónica subjacente.

Dos 91 pacientes com estado vacinal conhecido, apenas sete estavam vacinados contra a gripe.

O boletim volta a mencionar que a mortalidade observada, "por todas as causas", apresenta números de acordo com o esperado.

Na semana passada, a temperatura mínima do ar foi, em média, 5,3ºC, abaixo do normal, salienta o documento.

A época gripal 2015/2016 começou em outubro e termina em maio.

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