Especialistas alertam

Surto de febre-amarela pode provocar crise de segurança sanitária

Dois académicos norte-americanos alertam hoje que a epidemia de febre-amarela, a par de um fornecimento limitado de vacinas, poderá provocar uma crise de segurança sanitária e apelaram à ação da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Num artigo publicado hoje na página eletrónica do Jornal da Associação Médica Norte-americana (JAMA, na sigla em inglês), o especialista em doenças infecciosas e saúde pública Daniel Lucey e o professor de saúde pública Lawrence O. Gostin, ambos da Universidade de Georgetown, apelam à OMS que "reúna urgentemente uma comissão de emergência para mobilizar fundos, coordenar a resposta internacional e promover um aumento da produção de vacinas".

Lucey e Gostin acreditam que há evidências crescentes de que o surto de febre-amarela está a tornar-se a mais recente emergência global de saúde.

Angola enfrenta, desde dezembro de 2015, uma epidemia de febre-amarela que até 04 de maio registou um total de 2.149 casos suspeitos com 277 mortos e 661 casos confirmados em laboratório, 70% dos quais na província de Luanda, segundo dados transmitidos pelo Governo de Luanda à OMS.

A 22 de abril, a Organização de Saúde Pan-Americana declarou um alerta epidemiológico por febre-amarela na América Latina, onde o mosquito 'Aedes aegypti', que transmite a doença, está atualmente a transmitir ativamente os vírus do Zika e do dengue.

A escassez de vacinas disponíveis "pode provocar uma crise de segurança sanitária", escrevem os autores, lembrando que a disseminação da febre-amarela já atingiu o Quénia e a República Democrática do Congo, onde está planeada uma campanha para vacinar dois milhões de pessoas.

"É imperativo agir proactivamente para abordar a epidemia de febre-amarela", dizem os autores, segundo um comunicado da Universidade de Georgetown.

Gostin e Lucey escrevem que um comité de emergência permitiria aconselhar a diretora-geral da OMS sobre a epidemia e promover discussões sobre um aumento da produção de vacinas, mesmo antes de ser declarada uma emergência de saúde pública de preocupação internacional (PHEIC, na sigla em inglês).

Os especialistas dizem ainda que é preciso considerar uma forma mais eficiente de gerir potenciais emergências de saúde pública, propondo a criação de uma "comissão permanente de emergência" que se reunisse regularmente para aconselhar a diretora-geral da OMS.

A OMS considerou na sexta-feira que o surto de febre-amarela em Angola "continua de elevada preocupação", depois de na quarta-feira as autoridades angolanas terem dado a epidemia como controlada.

"O surto em Angola continua de elevada preocupação devido à transmissão local persistente em Luanda apesar de quase seis milhões de pessoas terem sido vacinadas; há registo de transmissão local em seis províncias (zonas urbanas e portos principais) e há um alto risco de propagação aos países vizinhos", escreve a OMS num relatório sobre a situação da febre-amarela.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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