Em Coimbra
Foi realizada em Coimbra, no Spine Center, pela primeira vez em Portugal, a primeira cirurgia de fixação da articulação sacro...

O responsável pelo procedimento foi o cirurgião Ortopedista Luís Teixeira. A atuação teve uma duração de cerca de 45 minutos e representa um elemento totalmente inovador no campo da medicina ortopédica, uma vez que, de acordo com o especialista, consiste numa “técnica pouco agressiva para as estruturas musculares, praticamente sem perdas sanguíneas e a sua realização através da navegação permite uma segurança enorme para o médico e para o doente, com resultados muito satisfatórios.”

“Neste caso, já tinham sido executadas outras formas de tratamento, como infiltrações farmacológicas e técnicas de radiofrequência, mas o alivio das queixas da doente era apenas temporário." assegura o médico ortopedista.

Este procedimento apresenta maior segurança e menor agressividade para o doente além de ser um grande avanço para a medicina ortopédica em Portugal, como explica Luís Teixeira: “Muitas das dores articulares acabam por não ter uma solução imediata e persistem ao longo do tempo. Apesar de existirem outras técnicas de tratamento e alívio da dor como infiltrações, radiofrequência, entre outras, quando a dor é resistente tendia a fazer-se uma incisão aberta controlada através de raio-x e, agora com este procedimento minimamente invasivo através de navegação, existe um menor dano muscular, sendo que possibilita uma recuperação funcional, rápida e um maior índice de segurança.” 

O procedimento foi aplicado com sucesso numa doente com 80 anos cujas alterações degenerativas da articulação sacroilíaca direita condicionavam a sua qualidade de vida, gerando muitas dores e incapacidade funcional. "Tendo em conta o desgaste na articulação sacroilíaca com alguma instabilidade, optámos por esta solução terapêutica. Esta técnica, realizada de forma mini-invasiva por uma pequena incisão de cerca de 2 cm, permitiu à doente ter alta no dia seguinte à cirurgia. Foi feita uma fixação com recurso à introdução de novas implantes de forma piramidal, que substituem os antigos parafusos, possibilitando uma maior capacidade de fixação e uma maior integração óssea.” remata.

Recorde-se que esta não é a primeira vez que o cirurgião ortopédico inova na área da coluna, em Portugal. Luís Teixeira foi também responsável pela primeira cirurgia da coluna vertebral feita em território nacional com recurso ao O-ARM (sistema de navegação eletrónica corporal sob controlo de imagiologia 3D intraoperatória) que fornece imagens intraoperatórias multidimensionais completas.

Simpósio sobre Impacto Social da Dor
Especialistas médicos em dor, doentes, cidadãos e políticos definiram recomendações detalhadas para que os governos dos países...

As principais medidas envolvem estabelecer uma plataforma europeia sobre o impacto social da dor; integrar a dor crónica no âmbito das políticas da União Europeia sobre doenças crónicas; implementar ajustes no local de trabalho das pessoas com dor crónica; aumentar o investimento na investigação em dor, e dar prioridade à educação no campo da dor junto de profissionais de saúde, doentes e público em geral.

Estas recomendações são o resultado do Simpósio sobre Impacto Social da Dor, que teve lugar no Parlamento Europeu, em Bruxelas, e contou com a participação de mais de 300 pessoas, escreve o Sapo.

Esta iniciativa teve como objetivos aumentar a consciencialização dos governos e dos cidadãos para a dor crónica, promover a partilha das melhores práticas entre os profissionais, e apelar à implementação de estratégias políticas e atividades para melhorar a gestão da dor, na Europa.

Em Portugal, os custos diretos e indiretos anuais relacionados com a dor crónica ascendem aos 4.611 milhões de euros.

Estima-se que a dor crónica afeta mais de 30% dos adultos portugueses. É uma situação de dor persistente que se não for seguida e tratada de modo adequado, poderá afetar gravemente a qualidade de vida das pessoas e pode levar à incapacidade total ou parcial para o trabalho.

Estudo
Cientistas descobriram que é possível combater tumores cancerígenos utilizando células do sistema imunológico de uma pessoa...

Os investigadores observaram que ao inserir em laboratório componentes de células do sistema imunológico de um doador saudável nas células de um paciente com cancro é possível fazer com que o seu organismo reconheça os tumores e passe a atacá-los. A pesquisa foi feita com três pacientes com melanoma, um tipo de cancro de pele.

É função dos linfócitos T diferenciar células do organismo de corpos estranhos, escreve o Diário Digital. Quando esses corpos são reconhecidos, são desencadeados estímulos imunológicos que destroem ou eliminam o invasor. O problema é que nem sempre as células imunológicas reconhecem o cancro como um invasor. Isso permite a sua proliferação pelo corpo.

“A célula tumoral é traiçoeira. Ela tem algumas técnicas para desligar e escapar do sistema imunológico”, afirma Denyei Nakazato, oncologista do Hospital Sírio-Libanês e do Icesp (Instituto do Cancro do Estado de São Paulo).

Para avaliar essa capacidade de reconhecimento pelos linfócitos T, os cientistas mapearam todos os antígenos que poderiam estimular uma resposta às células de cancro de pele de três pacientes. Antígeno é toda a substância que, ao entrar no organismo, é capaz de iniciar uma resposta imune, ativando os linfócitos.

Os linfócitos T dos pacientes com a doença deixavam passar despercebido fragmentos estranhos de células tumorais. Já linfócitos derivados de voluntários saudáveis conseguiram detetar um número significativo de antígenos.

Para Alex Meller, urologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o estudo é promissor, apesar de envolver apenas três pacientes. Ele afirma que uma técnica parecida já havia sido testada com tumor de rim no Hospital Sírio-Libanês, mas teve uma resposta pouco eficaz. A novidade com o novo estudo seria a sugestão de transferir as células entre pacientes imunologicamente parecidos através do sangue.

XXII Congresso Nacional de Medicina Interna
Carlos Vasconcelos, Chefe de Serviço de Medicina Interna do Hospital Santo António, Centro Hospitalar do Porto e Professor...

Este galardão que será a partir de agora atribuído anualmente pela Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), visa distinguir um(a) Internista que tenha contribuído relevantemente para a divulgação, avanço científico e/ou implementação da especialidade em Portugal.

O prémio, entregue na sessão inaugural do XXII Congresso Nacional de Medicina Interna, tem um carácter não pecuniário, contemplando a oferta de uma peça artística original da autoria do artista Pedro Calapez, e a oportunidade de o laureado apresentar uma lição magistral no decorrer da comemoração do aniversário da SPMI, assinalado em dezembro.

Luís Campos, presidente da SPMI, explica que “este prémio foi criado com o objetivo de distinguir Internistas portugueses que se tenham destacado pelo seu contributo para a evolução desta especialidade, quer a nível nacional, quer internacional. É o caso do Prof. Carlos Vasconcelos, cuja carreira dedicada à Medicina Interna, em particular nas áreas das doenças auto-imunes e do VIH/Sida, caracterizada pela dedicação, competência e capacidade de agregação de saberes diversos, contribuiu sem dúvida para o prestígio desta especialidade.  O Prof. Carlos Vasconcelos desenvolveu um notável trabalho a nível clínico, científico e académico que catapultaram a unidade de Imunologia Clínica do Hospital de Santo António, que dirigiu durante muitos anos, para um reconhecimento nacional e internacional como centro de excelência no tratamento das doenças autoimunes e da infeção pelo VIH”.

31 de maio - Dia Mundial Sem Tabaco
A nicotina e outros químicos consumidos pelos fumadores são das maiores ameaças à saúde oral, agravando patologias, como as...

O consumo regular de tabaco deixa marcas que facilmente são identificadas pelos médicos dentistas numa consulta de rotina.

Os fumadores têm entre 5 a 20 vezes mais probabilidade de vir a desenvolver cancros orais e da faringe do que um não-fumador, e deixar de fumar reduz, ao fim de cinco anos, em 50% as hipóteses de contrair cancro oral.

O médico dentista pode ter um papel fundamental aos doentes que querem deixar de fumar. Estudos realizados nos EUA mostram que quando os médicos dentistas intervêm as taxas de sucesso na cessação tabágica aumentam.

Em Portugal, onde segundo dados do Eurobarómetro, 25% da população é fumadora, pelo que o papel dos profissionais de saúde no combate a este vicio é muito importante, nomeadamente, o papel dos médicos dentistas no combate ao tabagismo pode ser essencial para diminuir o número de fumadores.

A realização de check-ups aos doentes fumadores permite traçar um histórico da evolução da saúde oral e os dados de vários estudos reunidos no abstract “Effectiveness of dentist’s intervention in smoking cessation: A review” dos investigadores Carlos Omaña-Cepeda, Enric Jané-Salas, Alberto Estrugo-Devesa, Eduardo Chimenos-Küstner e José López-López mostra a importância da participação dos médicos dentistas em técnicas de cessação tabágica.

A par dos substitutos de nicotina e de tratamento com antidepressivos ou hipnose, a intervenção dos profissionais de saúde oral junto dos doentes mostra ser uma das formas de maior sucesso para ajudar quem quer deixar de fumar.

Os autores sublinham que quanto maior é o conhecimento do doente sobre a evolução da sua saúde oral, vendo por exemplo o crescimento de manchas amarelas devido ao consumo de tabaco, maior é a consciência das consequências deste hábito na cavidade oral.

Existem várias técnicas de intervenção que devem ser utilizadas em função do grau de dependência do fumador e vários países já incorporam estas técnicas nas consultas de medicina dentária.

Para Marta Resende, docente da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto e representante da OMD no Grupo Técnico Consultivo do Tabaco da DGS “o primeiro passo é a criação de check-ups regulares com despiste do tabagismo de forma a permitir desenvolver um histórico do doente. Este questionário será depois utilizado para definir os próximos passos, que vão sempre depender quer da vontade do doente quer do seu grau de adição. É um processo que requer tempo e disponibilidade tanto do médico dentista como do fumador. Mas se tivermos em conta que o tabaco é o principal fator de risco do cancro oral e que reduzir os riscos de cancro oral é a forma mais eficaz de diminuir a morbilidade e a mortalidade desta doença, percebemos que é um investimento que todos devemos fazer”.

Neuropediatria
Vera nasceu com spina bífida e, aos 16 anos, é talvez o pilar mais simbólico de uma ponte que há cinco anos liga semestralmente...

Vera é uma típica adolescente. Está em Cabo Verde, mas podia estar em Portugal, país onde nasceu. Gosta da escola, adora "pôr-se bonita" e passear com as amigas. A saúde é a última das suas preocupações.

Talvez por isso há 12 anos que tem uma ferida num pé, fruto das complicações associadas à patologia de que sofre, e segundo a enfermeira Luísa Monteiro, da ligeireza com que encara as recomendações médicas.

Sentada na marquesa de uma das salas de tratamentos do Hospital Agostinho Neto, na Praia, Vera sorri aos ralhetes da enfermeira que a tratou em pequena no Hospital D. Estefânia, em Lisboa, e que, 14 anos depois, a veio reencontrar em Cabo Verde quando se juntou à equipa de médicos portugueses que desde 2011 fazem missões nos hospitais cabo-verdianos.

Luísa Monteiro, que trabalha desde 1998 no Núcleo de Spina Bífida do Hospital D. Estefânia (HDE), é das "aquisições" mais recentes da equipa de especialistas coordenada pela neuropediatra do HDE Ana Isabel Dias, que acabou de completar a sua nona missão.

A missão, que decorreu entre 21 e 28 de maio e integrou pela primeira vez especialistas nas áreas de nefrologia e urologia pediátricas, incluiu consultas e triagem de doentes e ações de formação destinadas a médicos cabo-verdianos e à população.

O projeto, que nas suas primeiras três edições decorreu em regime de voluntariado com o apoio de um laboratório farmacêutico, acontece agora no âmbito da cooperação entre os ministérios da Saúde português e cabo-verdiano.

Ana Isabel Dias assinala a grande evolução e orgulha-se do percurso feito, sobretudo pelo Hospital Agostinho Neto, que tem já uma consulta de neuropediatria estruturada.

"A neuropediatria já existe, já faz parte, já é tida em conta e já está criada essa necessidade", disse em entrevista, assinalando que as doenças neurológicas representam 25 por cento das doenças pediátricas.

Estima-se que, em Cabo Verde, só crianças com spina bífida sejam perto de 5 mil (1 por cento da população), a que se juntam patologias como epilepsia, paralisia cerebral, doenças neuromusculares, atrasos cognitivos, problemas de comportamento, autismo, problemas de hiperatividade e outras.

Fruto das missões e com a ajuda de bolsas de algumas instituições, como a Fundação Gulbenkian, conseguiu-se também tornar possível a realização de formações e estágios de uma médica, uma enfermeira e uma fisioterapeuta em Portugal.

O hospital conta agora com uma equipa integrada de neuropediatria, que inclui as duas únicas neuropediatras existentes em Cabo Verde, uma terapeuta ocupacional, uma psicóloga e uma fisioterapeuta. É esta equipa que acompanha os doentes entre missões.

Foi ainda criado o Núcleo de Spina Bífida do HAN, que está em contacto permanente com o Núcleo de Spina Bífida do Hospital D. Estefânia.

Num contexto de doenças que são em larga escala degenerativas, a vinda dos médicos portugueses representa para muitas crianças e, sobretudo para os pais, a expectativa de conseguir sair do país para encontrar fora uma solução que muitas vezes não existe.

César, 12 anos, é um desses casos, foi diagnosticado aos seis anos com uma miopatia (perda de massa muscular).

Aluno do 5.º ano, César adora jogar à bola, é adepto do FC Porto e torce pelos Tubarões Azuis, mas vive com dores, para desespero da mãe, que tem dificuldades em entender porque é que só lhe receitam fisioterapia.

"É uma doença para a qual não há xaropes, nem injeções nem em Cabo Verde, nem em lado algum e vai piorar", explica Ana Isabel Dias, que tem que se socorrer da ajuda da neuropediatra do HAN, Albertina Lima, para convencer a mãe de que tudo o que é possível fazer está a ser feito.

"As pessoas têm esperança que possa haver noutra parte do mundo outra solução e se damos a ideia que não há solução, desaba o mundo, desaba a esperança", adianta.

Apesar do muito que foi feito, há sempre mais a fazer e uma das batalhas de Ana Isabel Dias é conseguir um aparelho para conseguir fazer eletroencefalogramas na consulta de neuropediatria.

Num país onde, entre as doenças neurológicas existe uma grande prevalência de epilepsia, a médica lamenta também que em muitos casos os doentes não consigam fazer rigorosamente os tratamentos por causa do preço dos medicamentos, que não são comparticipados.

Entre novembro de 2011 e dezembro de 2015, a equipa portuguesa realizou cerca de 750 consultas de neuropediatria nos hospitais da Praia e do Mindelo. Na missão que decorreu na semana passada foram consultados uma média de nove doentes por dia apenas na Praia e não houve necessidade de enviar ninguém para Portugal.

No outono, a equipa de médicos portugueses volta para mais uma missão.

Resistência aos antibióticos
Os Estados Unidos detetaram o primeiro caso de “superbactéria” resistente aos antibióticos de “último recurso”, uma temida...

“Basicamente, mostra-nos que o final do caminho para os antibióticos não está muito longe, que teremos uma situação em que teremos pessoas em unidades de emergência ou com infeções urinárias para as quais não teremos medicamentos”, disse o diretor do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças, Tom Frieden, em entrevista publicada no Washington Post.

Os investigadores detetaram a bactéria, em abril, na urina de uma mulher de 49 anis na Pensilvânia e que não se ausentou do país durante os últimos cinco meses, explicaram as autoridades de saúde norte-americanas em várias entrevistas.

A estirpe daquela bactéria tem um gene móvel com resistência à colistina, o antibiótico que as autoridades de saúde utilizam como último recurso nos casos das bactérias mais difíceis de combater.

Aquela descoberta mostra o “surgimento de uma bactéria verdadeiramente resistente a todos os medicamentos”, escrevem investigadores num estudo publicado na revista especializada “Antimicrobial Agents and Chemotherapy”.

A “gen mcr-1” foi detetada pela primeira vez em novembro na China, num estudo realizado por cientistas britânicos e chineses.

“Como as bactérias podem propagar genes entre elas, cria-se uma situação em que se pode vir a ter bactérias resistentes a todos os antibióticos conhecidos. E isso é uma perspetiva aterradora”, explicou a investigadora Beth Bell.

Pedido da Ordem dos Farmacêuticos rejeitado
O Tribunal de Leiria decidiu que a publicidade da empresa Viva Melhor ao Calcitrin está em conformidade com a lei e rejeitou a...

“O tribunal decidiu que a publicidade ao Calcitrin está em plena conformidade com os diplomas legais aplicáveis aos suplementos alimentares e rejeitou o pedido da Ordem dos Farmacêuticos para que fosse decretada uma providência cautelar de suspensão da sua emissão nos meios de comunicação social”, disse, em comunicado, a empresa.

Segundo o documento, o Tribunal de Leiria julgou o “pedido de providência totalmente improcedente”.

“Desmentindo totalmente as pretensões do ex-bastonário Maurício Barbosa, que argumentava ser o Calcitrin uma ameaça aos consumidores, entendeu o Tribunal que o direito à saúde dos cidadãos, não é violado com a publicitação em apreço do suplemento alimentar Calcitrin visto a mesma estar em conformidade com os referidos diplomas legais”, salientou.

Para a empresa, a decisão do tribunal “rejeita totalmente o procedimento judicial, não deixando margem de dúvida de que a publicidade do Calcitrin está em conformidade com a lei”.

Em dezembro, a Ordem dos Farmacêuticos entregou uma providência cautelar para travar os anúncios publicitários daquele suplemento alimentar em todos os órgãos de comunicação social, alegando que lesam o direito dos cidadãos à saúde.

Em França
A relatora do Conselho de Estado, a mais alta instância administrativa francesa, declarou-se favorável ao pedido de uma cidadã...

“Defendemos a exportação” do esperma, declarou, numa audiência pública, Aurélie Bretonneau, relatora pública, afirmando tratar-se de uma situação “excecional”.

A França proíbe a inseminação post-mortem, ao contrário de Espanha, que autoriza a procriação assistida post-mortem, mas apenas num prazo de um ano após a morte, neste caso, até 10 de julho.

Mariana González-Gomez, espanhola, viúva de Nicola Turri, italiano, falecido em Paris em julho de 2015, vítima de cancro, está a lutar pelo respeito do projeto de ambos de conceção de uma criança e pelo seu direito a decidir ela mesma a sua vida.

Antes da morte do marido, o casal já tinha feito uma tentativa de inseminação infrutífera. Depois do falecimento, a mulher abriu um processo judicial para a transferência do seu esperma com vista a uma inseminação em Espanha.

A decisão final do Conselho de Estado “deverá ser conhecida nos próximos dias”, indicou Jean-Pierre Chevallier, advogado de Mariana González-Gomez junto do Conselho de Estado, citado pela agência de notícias francesa AFP.

A cidadã espanhola, que agora reside em Espanha, esteve presente na audiência, mas escusou-se a fazer declarações.

Universidade do Porto
Investigadores da Universidade do Porto estão a colaborar num projeto para verificar o impacto dos hábitos alimentares no...

De acordo com Pedro Oliveira, investigador do Instituto e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), o que se tem verificado é que "as hormonas gastrointestinais funcionam como sensores energéticos no funcionamento das células que produzem espermatozóides".

"Havendo alteração nessas hormonas, facto que se constata nos indivíduos obesos, altera-se também a produção", indicou o investigador, que faz ainda parte da Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB) e leciona no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).

A obesidade é uma doença metabólica que promove "sérias disfunções hormonais", esclareceu Marco Alves, investigador do Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS) da Universidade da Beira Interior, que colabora neste projeto.

"Muitas doenças acabam por se desenvolver como consequência do excesso de peso, algumas mais visíveis que outras", acrescentou o investigador, indicando que a infertilidade ou a baixa fertilidade são dois "potenciais" problemas de saúde que decorrem dessa patologia, com a "agravante de não serem detetados no imediato".

Os resultados desta investigação, segundo aponta Marco Alves, podem ter "importantes implicações clínicas" e, em simultâneo, revelar "mecanismos e possíveis abordagens terapêuticas para o tratamento" desses problemas.

Este projeto, intitulado Obesitility, surge no seguimento de um estudo desenvolvido pela equipa, no qual foram obtidos resultados com base em estudos efetuados em animais.

Com um financiamento de 200 mil euros, atribuído pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) para a realização deste projeto, a equipa começou agora a utilizar material humano, de forma a explorar os mecanismos moleculares que estão subjacentes às alterações verificadas nos modelos animais.

As amostras estudadas, provenientes de indivíduos em idade fértil (não superior a 60 anos) com diferentes composições corporais, são coletadas em hospitais públicos e clínicas privadas da zona do Porto, colaboração que a equipa pretende expandir para outros centros médicos do país.

Para a obtenção dos dados, os investigadores estão a estudar as hormonas grelina, leptina e peptídeo, responsáveis pela regulação da glucose no sangue, cujos níveis alteram-se na ocorrência de uma mudança significativa na composição corporal.

A previsão é que o projeto Obesitility, iniciado em abril de 2016, finalize em 2019.

O primeiro Simpósio Diabesidade e Fertilidade, organizado no âmbito do projeto, vai ser realizado a 22 e 23 de setembro, na Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica do ICBAS.

No evento vão estar presentes a Sociedade Portuguesa de Diabetologia, a Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo, a Associação Portuguesa dos Nutricionistas e Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal.

Publicado em Diário da República
O Governo vai avançar com experiências-piloto de unidades de internamento e de ambulatório de cuidados continuados pediátricos,...

“A implementação das unidades de internamento de cuidados continuados e de ambulatório pediátricas é progressiva e concretiza-se, numa primeira fase, através de experiências-piloto”, adianta a portaria dos ministérios do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social e da Saúde.

Segundo a portaria, estes projetos terão a duração de um ano, sendo os cuidados e serviços da responsabilidade do Ministério da Saúde.

No seu programa para a saúde, o Governo estabelece “como prioridades expandir a resposta em cuidados continuados a todos os grupos etários e melhorar a integração” da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).

“Nos países desenvolvidos o panorama da pediatria está em mudança, devido ao aumento e prolongamento da sobrevivência de crianças com doenças crónicas, muitas vezes requerendo uma abordagem complexa, multiprofissional e interinstitucional”, refere a portaria.

No entanto, salienta, “a realidade da prestação de cuidados a estas crianças e suas famílias caracteriza-se frequentemente por uma inadequação às suas necessidades clínicas, psicossociais e educativas, sendo o impacto desta situação incomensurável para as famílias, a sociedade e os sistemas de saúde”.

Como forma de dar resposta a essas necessidades, e incidindo nos cuidados clínicos de reabilitação, o Governo afirma que “urge implementar as experiências-piloto” a que devem obedecer as unidades de internamento e de ambulatório pediátricas da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).

A identificação e caracterização destas unidades são definidas por despacho dos ministros que tutelam as áreas da segurança social e da saúde.

Sistema Digestivo
Com a ajuda do especialista em gastrenterologia, Vítor Viriato, fique a conhecer algumas das doenças
Doenças digestitvas

Azia

Azia é uma sensação de queimadura com origem na parte de trás do peito e que, por vezes, sobe podendo irradiar até ao pescoço e garganta.

O ardor é quase sempre provocado pelo refluxo do suco gástrico para o esófago.

O esfíncter esofágico inferior, uma espécie de válvula que está entre o esófago e o estômago, só deveria abrir para a passagem dos alimentos durante as refeições, mas por funcionamento deficiente permite o fluxo do ácido do estômago em sentido inverso.

Prevenir e controlar

Evitar alimentos que favorecem a azia: bebidas alcoólicas, café, chá, chocolate, bebidas gaseificadas, refeições pesadas e ricas em gorduras (por exemplo, com muitos molhos), sumo de laranja, sumo de tomate.

Corrigir alguns hábitos: deve evitar ir para a cama antes do esvaziamento gástrico estar completo – o que demora cerca de três horas.

Deixar de fumar é fundamental — o tabaco favorece a azia. E prevenir a obesidade é também importante. Os obesos, devido ao aumento da pressão intra-abdominal, associada a hábitos alimentares prejudiciais, são um conhecido grupo de risco. E está provado que o simples facto de reduzir o peso em alguns quilos leva a um melhor controlo e/ou desaparecimento da azia.

Conhecer os factores de risco: durante a gravidez,  o aparecimento de azia é quase inevitável. Isto deve-se não só ao aumento da pressão intra-abdominal devido ao crescimento progressivo do útero, mas também a alterações hormonais (aumento de progesterona e estrogénios que baixam a pressão do esfíncter inferior do esófago). Alguns fármacos também podem ser prejudiciais: anti-inflamatórios, aspirina, alguns medicamentos para doenças do coração e hipertensão (nitratos, inibidores do Cálcio) e asma. Consulte o seu médico.

Dispepsia

Dispepsia é o termo médico que designa a dificuldade de digestão. Consiste na existência de dor ou mal estar no abdómen superior de forma crónica ou recorrente, sensação de enfartamento e saciedade precoce.

Pode acompanhar-se de distensão abdominal, náuseas, eructações (“arrotos”) e azia.  Trata-se de uma queixa muito comum que ocorre em cerca de 25% da nossa população e é  a causa de de 40% das consultas de Gastrenterologia.

Pode ser provocada por um problema orgânico, por exemplo úlcera duodenal, úlcera gástrica, refluxo gastro-esofágico, doenças biliares ou pancreáticas ou até Cancro do estomago. No entanto na maioria dos casos não existe nenhuma alteração orgânica responsável pelas queixas tratando-se então da chamada dispepsia funcional.

É  portanto de uma situação cujas causas são variadas indo desde a dispepsia funcional em que não existe nenhuma alteração estrutural por detrás das queixas até situações de maior gravidade sendo por esse motivo essencial o recurso a consulta médica de forma a haver conveniente orientação. A orientação poderá passar apenas por medidas simples como alteração de hábitos alimentares ou de vida, até terapêutica farmacológica ou então poderá ser necessária a realização de exames (endoscopia, ecografia)  e análises para estabelecer o diagnóstico. Por tudo isto é fundamental que converse com o seu médico o qual avaliará a melhor forma de proceder.

Sindrome do intestino irritável

O sindrome do intestino irritável é popularmente conhecido como “colite nervosa”, “colite espástica (seca ou húmida)”, “cólon irritável” ou “doença funcional do intestino”.

A designação de intestino irritável deve-se ao facto de, nestes doentes, o tecido muscular do intestino ser mais sensível e reagir mais intensamente a estímulos habituais, como alimentação e stresse. A disfunção muscular pode ocasionar atraso ou aceleração no movimento intestinal e, consequentemente, alteração na frequência, forma ou consistência das fezes.

Nos países desenvolvidos, estima-se que, aproximadamente, 20% da população sofre desta doença funcional que é responsável por cerca de 12% das consultas de clínica geral e 25% das consultas de gastrenterologia.

Esta doença benigna não apresenta complicações orgânicas a longo prazo, nomeadamente, risco elevado de cancro. Todavia, devido à intensidade e cronicidade dos sintomas, pode provocar desconforto com alteração da actividade diária, em alguns doentes.

Quais os sintomas mais frequentes?

  • Dor abdominal, frequentemente desencadeada pela ingestão de alimentos e aliviada pela defecação ou emissão de gases. A dor localiza-se, geralmente, na parte inferior do abdómen.
  • Alteração na frequência, forma ou consistência das fezes (obstipação e/ou diarreia).
  • Distensão e sensação de gás abdominal.
  • Sensação de evacuação incompleta.
  • Presença de mucosidade nas fezes.

Os doentes apresentam, geralmente, vários destes sintomas durante longos períodos de tempo. Podem associar-se outros sintomas do aparelho digestivo, por exemplo, digestão difícil, bem como sintomas de outros aparelhos (urinário, genital, músculo-esquelético).
A sintomatologia é habitualmente agravada pelo stresse e ansiedade.

Geralmente não se verifica presença de sangue nas fezes, emagrecimento ou febre. A ocorrência destes sintomas deve ser referida ao seu médico.

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Digestão passo a passo

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Instituto Nacional de Estatística
A esperança de vida à nascença nas mulheres em Portugal é, em média, superior em quase seis anos à dos homens, mas a expetativa...

O valor da esperança de vida à nascença em Portugal situou-se nos 80,41 no triénio 2013-2015, com as mulheres a viverem em média cinco anos a mais do que os homens.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou a “Tábua Completa de Mortalidade para Portugal 2013-2015”, onde mostra que os homens registaram uma esperança média de vida de 77,36 anos, enquanto nas mulheres esta atingiu os 83,23.

No conjunto dos dois sexos e no período de 2013, 2014 e 2015, a esperança média de vida era de 80,41 anos.

Segundo dados divulgados na semana passada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015 Portugal registou uma esperança média de vida de 81,1 anos, em décimo terceiro lugar na tabela europeia, ao mesmo nível da Finlândia e da Bélgica e à frente de países como a Alemanha, a Dinamarca ou a Grécia.

Os dados divulgados pelo INE mostram que a esperança de vida à nascença aumentou 2,69 anos na última década, mais três anos para os homens e 2,37 anos para as mulheres.

“As mulheres continuam a viver mais anos do que os homens, contudo a expetativa de vida de homens e de mulheres tem vindo a aproximar-se, com os maiores ganhos a registarem-se na população masculina”, refere o INE.

Entre o triénio 2003-2005 e o triénio 2013-2015, a diferença na esperança de vida à nascença de homens e mulheres diminuiu de 6,51 para 5,87.

Tem aumentado na última década a esperança de vida aos 65 anos, estando atualmente estimada em 19,19 anos (de 84,19 anos), sendo de 17,32 (82,32 anos) nos homens e de 20,67 (85,67 anos) nas mulheres.

Cuidar em casa
O aumento da esperança média de vida, a par do decréscimo da população jovem, a que se tem assistido

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, a população portuguesa está a envelhecer. Os dados mostram que, por exemplo, o grupo de portugueses com mais de 65 anos constitui 16,4 por cento da população do continente, atingindo 20 por cento nos grandes centros urbanos, com um elevado índice de dependência face à população em idade produtiva.

Estima-se ainda que, em 2050, esta franja populacional atinja os 32 por cento da população total, numa relação de três idosos para cada jovem.

Este envelhecimento, associado ao aumento das doenças crónicas e incapacitantes, têm vindo a conduzir a um maior número de situações de dependência funcional da população idosa.

“Temos mais idosos e cada vez mais dependentes, o que conduz, inevitavelmente, a um aumento dos custos na saúde”, começa por explicar João Rombo, enfermeiro.

“Os internamentos são caros e, muitas vezes, a vida profissional dos familiares não lhes permite acompanhar os doentes idosos como seria desejável”, acrescenta.

“Para além de contribuir para a redução das despesas nos hospitais, o acompanhamento domiciliário traz múltiplos benefícios ao doente. Na verdade, os idosos sentem-se melhor em casa e a sua recuperação é francamente melhor”, afirma o diretor-geral da IberSaúde.

João Rombo explica que este apoio se pode traduzir num conjunto de cuidados fornecidos por profissionais de saúde em casa, de modo a dar resposta a necessidades individuais.

“Estas necessidades podem ser desde reabilitação, apoio de Enfermagem em procedimentos técnicos ou acompanhamento, apoio nos serviços domésticos e necessidades básicas, como os cuidados oferecidos pelos cuidadores informais”, refere.

De acordo com o enfermeiro, estes cuidados “têm por finalidade promover, manter ou recuperar a saúde, maximizando o nível de independência ou minimizando os efeitos da deficiência ou doença, bem como fornecer apoio social ao indivíduo e sua família”.

E foi por perceber que existiam algumas carências na assistência à população idosa, “habitualmente mais dependente”, que nasceu a IberCare.

 “Não queríamos ser mais uma empresa para idosos. Queríamos marcar pela diferença e por isso atuamos em diversas áreas”, comenta João Rombo.

Apesar de, maioritariamente, dedicar-se aos cuidados a idosos, preocupa-se ainda com a formação dos cuidadores. “O facto dos cuidadores, sejam eles familiares ou não, terem formação é extremamente importante”, afirma.

Dados da Entidade Reguladora da Saúde demonstram, aliás, que Portugal tem a maior taxa de cuidados continuados e paliativos, prestados por pessoas sem preparação ou qualificação, bem com uma das mais baixas taxas de cobertura de cuidados prestados por profissionais, em toda a Europa.

O acompanhamento domiciliário pode ser feito 24 horas por dia em casa do paciente, contando para isso com algumas parcerias.

Segundo João Rombo, é possivel recorrer a consultas de nutrição, cardiologia ou pediatria sem sair de casa.

“Para além dos cuidados a idosos, existem também os cursos pré e pós parto, por exemplo. E se um bebé estiver constipado, a precisar de tratamento com aspiração, nós vamos a casa”, explica mostrando que a rede de cuidados prestados pode, e deve, ser muito vasta.

Helena Ferreira, de 81 anos, não esquece o carinho com quem foi tratada e guarda no coração a equipa de enfermeiros que, durante meses, se deslocou a sua casa.

“Quando falo neles até fico emocionada... eram de um cuidado excepcional”, recorda. “Se tinha dores bastava ligar-lhes que eles vinham logo a casa cuidar de mim”, afirma lamentando a quantidade de idosos que são “abandonados” pelas próprias famílias. “Eu sabia que podia contar com eles...”, acrescenta.

Helena conta que teve “um problema numa perna”. “Foi uma coisa muito estranha. Eu tinha ido ao cemitério e a passar entre campas, desequilibrei-me. Para não cair fiz tanta força na perna que rebentei uma veia. Senti uma dor tão forte que pensei que ia morrer”, tenta explicar.

Helena foi acompanhada ao domicílio por uma equipa de enfermeiros que cuidou de si durante três meses.

“A dona Helena foi a uma consulta com um cirurgião plástico que reencaminhou para nós o tratamento necessário para viabilidade da cirurgia”, explica João Rombo.

“Tinha um hematoma no gémeo e uma ferida com tecido desvitalizado. Era uma ferida muito exsudativa e era necessário proceder à sua limpeza para favorecer a cicatrização”, acrescenta.

“Nós recorremos à vacuoterapia para remover o exsudado e ao fim de um mês e meio foi feito um enxerto”, explica.

Helena recorda que sentiu, de imediato, que estava em boas mãos. “Os enfermeiros são de um cuidado excepcional. Conversam e preocupam-se muito connosco e isso também faz parte do tratamento. Pelo menos, eu acho que sim...”, diz admitindo que gosta desta proximidade. “Eu acho que é importante, sobretudo, para os mais idosos que muitas vezes são abandonados...”, explica mostrando que este é um dos aspetos mais importantes dos cuidados domiciliários. 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Instituto Gulbenkian de Ciência
Uma equipa de investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência descobriu o mecanismo numa estrutura das células que está na...

A estrutura chama-se centríolo e tem de ser eliminada no óvulo (célula feminina) durante a sua formação, para, quando este for fecundado, gerar um embrião.

Quando o óvulo não perde os seus próprios centríolos, ficando, no momento da fertilização, ao mesmo tempo, com os centríolos transportados pelos espermatozoides (células masculinas), a divisão celular faz-se anormalmente, o embrião não se desenvolve, a fêmea é infértil.

A perda de centríolos na formação do óvulo deve-se à perda do revestimento destas estruturas, que as protegem, porque falta uma proteína reguladora chamada polo. Quando é reposta essa proteína, o revestimento dos centríolos não desaparece e estas estruturas não são eliminadas, escreve a TSF.

O mecanismo foi identificado na mosca da fruta, mas é visível em todos os animais, incluindo os seres humanos. As conclusões do estudo, liderado por Mónica Bettencourt-Dias, do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), são publicadas na revista Science.

Os cientistas sabiam, desde a década de 30, que os centríolos são estruturas fundamentais para a multiplicação das células e que, para darem origem a um embrião, só podem ser herdadas dos machos.

"A divisão celular tem de ter um número muito certinho de centríolos", vincou a investigadora Mónica Bettencourt-Dias, coordenadora do Laboratório de Regulação do Ciclo Celular.

Quando tal não acontece, e existem no óvulo centríolos da fêmea e do macho, e, portanto, um número incorreto de centríolos, o embrião não se desenvolve.

Em situações normais, os centríolos desaparecem na formação do óvulo porque perdem o seu revestimento, devido à falta da proteína polo.

O grupo de Mónica Bettencourt-Dias descobriu que este revestimento (formado por proteínas) protege os centríolos, impede o desaparecimento destas estruturas.

Ao repor o revestimento dos centríolos no óvulo, no momento errado, durante a sua formação, restituindo a proteína reguladora, os centríolos não desapareciam e as células não se multiplicavam.

Para a investigadora, o revestimento dos centríolos pode ser também importante para o estudo da regeneração celular e do cancro, uma vez que, "quando perdem os centríolos, as células estão bloqueadas, não podem proliferar".

Ordem dos Nutricionistas
A Ordem dos Nutricionistas desenvolveu um catálogo inédito contendo as nomenclaturas usadas na área da nutrição e dirigido aos...

O primeiro Catálogo Português de Nutrição (CPN) foi desenvolvido pela Ordem dos Nutricionistas e pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), com o apoio da Direção-Geral da Saúde (DGS), e será apresentado no Porto.

Segundo a Ordem, o catálogo contém uma tabela de nomenclaturas na área de nutrição, relacionados com diagnósticos e intervenções, estabelecendo e padronizando a terminologia clínica.

Este trabalho, inédito em Portugal, surgiu do reconhecimento da necessidade de uma terminologia padronizada na prática clínica das ciências da nutrição, para melhorar a segurança e a qualidade dos cuidados para os utentes e as condições da prática clínica entre os nutricionistas.

“A existência de padrões normalizados” na prática clínica são indispensáveis para a “otimização contínua dos cuidados de saúde”, consideram os nutricionistas.

Este instrumento de trabalho surge numa altura em que a nutrição ganha relevância no combate e na prevenção da maioria das doenças consideradas flagelos nos dias de hoje, tais como a doença cardiovascular, a doença oncológica, a obesidade e a desnutrição em grupos populacionais mais vulneráveis.

Por isso, torna-se “fulcral o desenvolvimento de medidas que aumentem a eficácia da comunicação entre profissionais e para com os próprios cidadãos”, explica a Ordem dos Nutricionistas.

“Graças à existência destes padrões para a representação da prática clínica das Ciências da Nutrição, existirá mais rigor, por exemplo, ao nível da normalização do registo clínico e da comunicação em equipas multidisciplinares”, acrescenta a Ordem.

O objetivo é que este catálogo seja adotado por todos os profissionais que exerçam a sua atividade na área clínica da nutrição e que seja também incluído nos softwares com que trabalham.

Sendo um padrão nacional, o catálogo poderá ainda facilitar a recolha de dados na área da nutrição entre populações, serviços de cuidados de saúde e regiões geográficas.

Com esses dados, será mais fácil os responsáveis políticos tomarem decisões relacionadas com a área, como a contratação de nutricionistas no âmbito dos cuidados de saúde primários, cuidados hospitalares e cuidados continuados.

Em Portugal
Portugal deve suprimir “restrições injustificadas à exportação de medicamentos” na União Europeia, segundo um parecer...

Segundo o texto, o executivo comunitário solícita a Portugal e à Eslováquia que “suprimam a imposição de requisitos de notificação injustificados e desproporcionados à exportação de medicamentos para uso humano para outros Estados-membros” porque criam “obstáculos à livre circulação de mercadorias dentro do mercado único da União Europeia (UE)”.

Bruxelas lembrou que as importações e exportações paralelas de medicamentos são legítimas, ou seja os fármacos são comprados num determinado Estado-membro e, em seguida, vendidos noutros países da UE. Mas, podem haver restrições nas exportações por proteção da saúde pública, lê-se.

“Em Portugal, os distribuidores grossistas de medicamentos para uso humano têm de notificar a sua intenção de exportar medicamentos considerados pelas autoridades 'em risco de escassez' e fornecer informações sobre as operações de exportação que tenham sido efetuadas”, considerou a Comissão Europeia.

Bruxelas insta Portugal e a Eslováquia a alterarem a sua legislação e a considerarem a aplicação de medidas menos restritivas ao comércio intra-UE, mediante dois pareceres fundamentados.

Se os países não atuarem no prazo de dois meses, a Comissão poderá instaurar uma ação no Tribunal de Justiça da UE.

Investigadores de centro basco
Investigadores do centro basco bioGUNE identificaram uma proteína das células imunes dos organismos vivos que permite regular a...

A investigação, realizada em colaboração com a Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, e que foi publicada na revista internacional Immunity, descreve o papel da proteína mitocondrial MCJ no metabolismo das células imunes CD8, encarregadas de matar vírus.

Os investigadores descrevem como a proteína mitocondrial MCJ regula o metabolismo das células CD8 durante as diferentes fases de resposta perante uma infeção: tanto a fase de ativação como a de geração de memória depois de o agente infeccioso ter desaparecido.

O trabalho demonstra que surgem mais células de memória quando não existe esta proteína.

As células de memória que sobrevivem quando o agente infeccioso desaparece são capazes de responder de forma mais rápida quando há um ressurgimento da infeção uma vez que “recordam” o vírus e têm uma disponibilidade imediata para responder à agressão.

A investigação abre ainda a porta à possibilidade de regular o desenvolvimento deste tipo de células durante o trabalho de vacinação.

Controlando a quantidade de proteína MCJ nas células poder-se-ia, por exemplo, melhorar a eficácia da memória das células e a eficiência das vacinas que ativam essas células.

A investigação foi liderada pelo departamento de Medicina do Centro de Investigação em Biociências (biuGUNE) e pela Universidade de Vermont.

Em Portugal
O cirurgião plástico Celso Cruzeiro, presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética, alertou...

Em declarações, o especialista salientou que a cirurgia estética sofreu um desenvolvimento muito grande nos últimos tempos, que levou "uma série de oportunistas e clubes de saúde e de massagens, SPA e cabeleireiros" a praticarem atos para os quais não têm competência.

"Cada vez mais assistimos a processos em tribunal e na Ordem dos Médicos por problemas causados aos doentes que se submetem a intervenções por pessoas não habilitadas", disse Celso Cruzeiro, que é também diretor do serviço de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e de Queimados do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

Segundo o cirurgião, este é um tema que vai merecer especial atenção no III Congresso Ibérico de Cirurgia Plástica, que vai decorrer entre os dias 02 e 04 de junho, no Estoril, de forma a colocar na agenda "um dos problemas de saúde mais graves e menos conhecidos do nosso país".

"É um problema extremamente grave, que se tem vindo a agravar, prejudicando verdadeiramente a saúde dos doentes", disse Celso Cruzeiro, salientando que a maioria das cirurgias praticadas respeita a atos aparentemente simples, como preenchimento faciais, lipoaspirações, mamoplastias e aplicação de injetáveis como 'botox', mas que "exigem conhecimentos básicos para serem aplicados".

O diretor do serviço de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e de Queimados do CHUC sublinha ainda que as intervenções são feitas fora de blocos operatórios e sem os meios técnicos e humanos adequados, potenciando ainda mais os riscos dos pacientes.

Para Celso Cruzeiro, que se baseou num inquérito da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica, é o baixo preço que condiciona as pessoas que se submetem a este tipo de cirurgias, "que só cirurgiões plásticos estão preparados para fazer".

O especialista critica a má fiscalização e a não aplicação da legislação, criticando que entre os regulamentos e a sua aplicação vai "uma distância enorme".

O cirurgião Nuno Fradinho, também da direção Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética, considera que os atos praticados por médicos sem esta especialidade têm produzido, em Portugal, "problemas alarmantes".

"Metade das complicações mais graves que chegam aos hospitais - desde deformidades permanentes até problemas como perfurações viscerais ou tromboembolismos - são praticados por médicos que não estavam habilitados à prática de cirurgia plástica", disse.

Considerando que se trata de um "problema de saúde pública", Nuno Fradinho alerta que as pessoas que recorrem àquelas cirurgias têm "muita dificuldade em se queixar e a admitir que a intervenção correu mal", o que dificulta o apuramento de responsabilidades.

De acordo com o cirurgião, médico no Centro Hospitalar de Lisboa Central, as pessoas que se submetem a cirurgias plásticas ou estéticas deviam, antecipadamente, identificar o interveniente e averiguar a sua credenciação.

"Ao quererem fazer poupanças nos materiais, as pessoas colocam, muitas vezes, a sua saúde em grave perigo pelo recurso a substâncias e a próteses de baixa qualidade, além de que do ponto de vista estético acabam por ficar muito pior do que estavam", adverte Nuno Fradinho.

Países da Organização para a Cooperação Económica e o Desenvolvimento
A crise económica global de 2008-2010 está associada a 260 mil mortes por cancro a mais nos países da Organização para a...

Na União Europeia, a crise está relacionada com 160 mil mortes a mais, sugere o mesmo estudo, que constitui a primeira análise global sobre os efeitos do desemprego e da redução da despesa pública em saúde na mortalidade por cancro.

Segundo os cientistas, o desemprego e a redução da despesa pública em saúde estão associados a um aumento do número de mortes por cancro, mas essa diferença desaparece quando existe cobertura universal de saúde.

"Nos países que não têm cobertura universal de saúde, o acesso aos cuidados e saúde são muitas vezes garantidos por um pacote do emprego. Sem emprego, os pacientes são diagnosticados mais tarde e o tratamento é mais fraco e tardio", explicou o coautor Rifat Atun, da Universidade de Harvard, citado num comunicado da revista.

Os investigadores, das universidades de Harvard, nos EUA, e Oxford, Imperial College London e King’s College London, no Reino Unido, usaram informação do Banco Mundial e da Organização Mundial de Saúde para analisar a relação entre o desemprego, a despesa pública em saúde e a mortalidade por cancro em mais de 70 países, que representam mais de dois mil milhões de pessoas.

A análise cobriu as tendências ao longo de 20 anos, entre 1990 e 2010 e abrangeu os cancros da próstata nos homens, da mama nas mulheres, e o cancro colorretal e do pulmão em ambos os géneros.

Os cancros foram classificados como tratáveis (com taxas de sobrevivência superiores a 50%) ou não tratáveis (com taxas de sobrevivência inferiores a 10%).

"Concluímos que o aumento do desemprego está associado a um aumento da mortalidade por cancro, mas que a cobertura universal de saúde protege contra estes efeitos. Isto é especialmente verdade no caso dos cancros tratáveis, incluindo o cancro da mama, da próstata e colorretal", disse o autor principal do estudo, Mahiben Maruthappu do Imperial College de Londres, citado no comunicado.

O investigador acrescentou que também os gastos públicos em saúde "estão muito associados à mortalidade por cancro, o que sugere que os cortes na saúde podem custar vidas".

"Se os sistemas de saúde sofrerem restrições de financiamento, isso deve ser combinado com melhorias ao nível da eficiência para garantir que os pacientes recebem o mesmo nível de cuidados de saúde, independentemente do ambiente económico ou do seu estatuto laboral", defendeu.

O cancro provocou 8,2 milhões de mortes em 2012, e estima-se que o número de casos suba de 14 milhões em 2012 para 22 milhões em 2030.

"O cancro é uma importante causa de morte em todo o mundo, por isso é crucial entender como as mudanças económicas afetam a sobrevivência", disse Mahiben Maruthappu.

A crise económica internacional que começou em 2008 resultou num aumento substancial nas taxas de desemprego e levou muitos países a reduzirem a despesa pública na saúde.

Muitos estudos já demonstraram o impacto destas mudanças na saúde física e mental, nomeadamente no aumento do suicídio ou das doenças cardiovasculares.

Os autores ressalvam que o estudo publicado apenas mostra uma associação entre a mortalidade, o desemprego e a despesa pública em saúde, e não permite provar uma relação de causa e efeito.

No entanto, dizem ter detetado uma correlação cronológica: as mudanças no desemprego foram seguidas de mudanças na mortalidade por cancro, o que dizem apontar para uma relação causal.

Dizem ainda que, como a informação de qualidade só está disponível até 2010, não foi possível analisar os efeitos de longo prazo das flutuações económicas na mortalidade por cancro.

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