Em Portugal
O cirurgião plástico Celso Cruzeiro, presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética, alertou...

Em declarações, o especialista salientou que a cirurgia estética sofreu um desenvolvimento muito grande nos últimos tempos, que levou "uma série de oportunistas e clubes de saúde e de massagens, SPA e cabeleireiros" a praticarem atos para os quais não têm competência.

"Cada vez mais assistimos a processos em tribunal e na Ordem dos Médicos por problemas causados aos doentes que se submetem a intervenções por pessoas não habilitadas", disse Celso Cruzeiro, que é também diretor do serviço de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e de Queimados do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

Segundo o cirurgião, este é um tema que vai merecer especial atenção no III Congresso Ibérico de Cirurgia Plástica, que vai decorrer entre os dias 02 e 04 de junho, no Estoril, de forma a colocar na agenda "um dos problemas de saúde mais graves e menos conhecidos do nosso país".

"É um problema extremamente grave, que se tem vindo a agravar, prejudicando verdadeiramente a saúde dos doentes", disse Celso Cruzeiro, salientando que a maioria das cirurgias praticadas respeita a atos aparentemente simples, como preenchimento faciais, lipoaspirações, mamoplastias e aplicação de injetáveis como 'botox', mas que "exigem conhecimentos básicos para serem aplicados".

O diretor do serviço de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e de Queimados do CHUC sublinha ainda que as intervenções são feitas fora de blocos operatórios e sem os meios técnicos e humanos adequados, potenciando ainda mais os riscos dos pacientes.

Para Celso Cruzeiro, que se baseou num inquérito da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica, é o baixo preço que condiciona as pessoas que se submetem a este tipo de cirurgias, "que só cirurgiões plásticos estão preparados para fazer".

O especialista critica a má fiscalização e a não aplicação da legislação, criticando que entre os regulamentos e a sua aplicação vai "uma distância enorme".

O cirurgião Nuno Fradinho, também da direção Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética, considera que os atos praticados por médicos sem esta especialidade têm produzido, em Portugal, "problemas alarmantes".

"Metade das complicações mais graves que chegam aos hospitais - desde deformidades permanentes até problemas como perfurações viscerais ou tromboembolismos - são praticados por médicos que não estavam habilitados à prática de cirurgia plástica", disse.

Considerando que se trata de um "problema de saúde pública", Nuno Fradinho alerta que as pessoas que recorrem àquelas cirurgias têm "muita dificuldade em se queixar e a admitir que a intervenção correu mal", o que dificulta o apuramento de responsabilidades.

De acordo com o cirurgião, médico no Centro Hospitalar de Lisboa Central, as pessoas que se submetem a cirurgias plásticas ou estéticas deviam, antecipadamente, identificar o interveniente e averiguar a sua credenciação.

"Ao quererem fazer poupanças nos materiais, as pessoas colocam, muitas vezes, a sua saúde em grave perigo pelo recurso a substâncias e a próteses de baixa qualidade, além de que do ponto de vista estético acabam por ficar muito pior do que estavam", adverte Nuno Fradinho.

Países da Organização para a Cooperação Económica e o Desenvolvimento
A crise económica global de 2008-2010 está associada a 260 mil mortes por cancro a mais nos países da Organização para a...

Na União Europeia, a crise está relacionada com 160 mil mortes a mais, sugere o mesmo estudo, que constitui a primeira análise global sobre os efeitos do desemprego e da redução da despesa pública em saúde na mortalidade por cancro.

Segundo os cientistas, o desemprego e a redução da despesa pública em saúde estão associados a um aumento do número de mortes por cancro, mas essa diferença desaparece quando existe cobertura universal de saúde.

"Nos países que não têm cobertura universal de saúde, o acesso aos cuidados e saúde são muitas vezes garantidos por um pacote do emprego. Sem emprego, os pacientes são diagnosticados mais tarde e o tratamento é mais fraco e tardio", explicou o coautor Rifat Atun, da Universidade de Harvard, citado num comunicado da revista.

Os investigadores, das universidades de Harvard, nos EUA, e Oxford, Imperial College London e King’s College London, no Reino Unido, usaram informação do Banco Mundial e da Organização Mundial de Saúde para analisar a relação entre o desemprego, a despesa pública em saúde e a mortalidade por cancro em mais de 70 países, que representam mais de dois mil milhões de pessoas.

A análise cobriu as tendências ao longo de 20 anos, entre 1990 e 2010 e abrangeu os cancros da próstata nos homens, da mama nas mulheres, e o cancro colorretal e do pulmão em ambos os géneros.

Os cancros foram classificados como tratáveis (com taxas de sobrevivência superiores a 50%) ou não tratáveis (com taxas de sobrevivência inferiores a 10%).

"Concluímos que o aumento do desemprego está associado a um aumento da mortalidade por cancro, mas que a cobertura universal de saúde protege contra estes efeitos. Isto é especialmente verdade no caso dos cancros tratáveis, incluindo o cancro da mama, da próstata e colorretal", disse o autor principal do estudo, Mahiben Maruthappu do Imperial College de Londres, citado no comunicado.

O investigador acrescentou que também os gastos públicos em saúde "estão muito associados à mortalidade por cancro, o que sugere que os cortes na saúde podem custar vidas".

"Se os sistemas de saúde sofrerem restrições de financiamento, isso deve ser combinado com melhorias ao nível da eficiência para garantir que os pacientes recebem o mesmo nível de cuidados de saúde, independentemente do ambiente económico ou do seu estatuto laboral", defendeu.

O cancro provocou 8,2 milhões de mortes em 2012, e estima-se que o número de casos suba de 14 milhões em 2012 para 22 milhões em 2030.

"O cancro é uma importante causa de morte em todo o mundo, por isso é crucial entender como as mudanças económicas afetam a sobrevivência", disse Mahiben Maruthappu.

A crise económica internacional que começou em 2008 resultou num aumento substancial nas taxas de desemprego e levou muitos países a reduzirem a despesa pública na saúde.

Muitos estudos já demonstraram o impacto destas mudanças na saúde física e mental, nomeadamente no aumento do suicídio ou das doenças cardiovasculares.

Os autores ressalvam que o estudo publicado apenas mostra uma associação entre a mortalidade, o desemprego e a despesa pública em saúde, e não permite provar uma relação de causa e efeito.

No entanto, dizem ter detetado uma correlação cronológica: as mudanças no desemprego foram seguidas de mudanças na mortalidade por cancro, o que dizem apontar para uma relação causal.

Dizem ainda que, como a informação de qualidade só está disponível até 2010, não foi possível analisar os efeitos de longo prazo das flutuações económicas na mortalidade por cancro.

Viver com Esclerose Múltipla
Luís Loureiro foi diagnosticado com Esclerose Múltipla há quase 30 anos.

Em todo o mundo existem cerca de 2,5 milhões de pessoas com Esclerose Múltipla, uma doença crónica, inflamatória e degenerativa que afeta o Sistema Nervoso Central. Apesar da sua causa ser ainda desconhecida, existem um conjunto de fatores que podem estar na sua origem.

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, “é provável que as pessoas com EM, por razões hereditárias, sejam, até certo ponto, propensas a desenvolver a doença. Então, um factor ambiental desconhecido poderá activar o sistema imunológico, conduzindo a uma doença auto-imune, que ataca posteriormente a substância branca do sistema nervoso central”.

Dependendo da localização da inflamação e da desmielinização no sistema nervoso central, os sintomas podem variar entre perda de força muscular dos membros, alterações de sensibilidade, fadiga ou entorpecimento. Alterações urinárias e intestinais ou cognitivas são outros sintomas que podem também ocorrer.

Os primeiros sintomas do Luís foram “uma sensação esquisita do pescoço para baixo e um enturpecimento dos membros”. Tinha 24 anos e a vida toda pela frente. “Tentei vender a doença mas não consegui”, diz a rir.

“Este primeiro surto foi gradual”, recorda garantindo que não demorou muito tempo a procurar ajuda médica.

“Ao fim de uns dias fui à urgência do hospital mas disseram-me que o que estava a sentir se calhar se devia a cansaço”, conta.

Mas o “cansaço” não passou “e dias depois estava pior”. “Aí falei com um médico meu amigo, um neurocirurgião, e contei-lhe o que estava a sentir. Ele aconselhou-me a ir ter com o chefe de serviço do hospital onde trabalhava”, explica Luís Loureiro.

O diagnóstico chegou, de imediato, depois de realizada uma ressonância magnética, muito embora Luís admita ter sido “enganado”, a respeito da doença, por mais algum tempo.

“Talvez por a minha família estar muito próxima desta área, quiseram poupar-me à notícia. O médico não me quis contar logo o que se passava...”, revela.

“Eu tinha uma espécie de virose que era acompanhada. Foi o que me «venderam». Na realidade, andei enganado durante quase um ano”, acrescenta.

Sem apresentar melhoras, Luís decidiu pedir uma segunda opinião. “Decidi ir a Inglaterra, e foi assim que fiquei a saber que sofria de Esclerose Múltipla. Pedi os exames e o meu médico teve de me contar o que se passava, não fosse eu pensar depois que ele não sabia o que estava a fazer”, explica o engenheiro civil.

Admite ter ficado “muito aborrecido” com o médico por não lhe ter contado a verdade, mas afirma que, sendo uma pessoa optimista, não reagiu como se o mundo fosse acabar depois deste diagnóstico.

“Cada um lida com a doença à sua maneira. Sou uma pessoa positiva e foi dessa forma que encarei o que se estava a passar comigo”, afiança.

“Não é o fim do mundo! Existem limitações mas continuamos a ser animais racionais”, justifica.

De acordo com Luís Loureiro, e apesar da doença, sempre teve uma vida “quase” normal. “Tirando os surtos com internamentos de quatro ou cinco dias a levar cortisona”, manteve-se a trabalhar, casou e teve três filhos.

Apesar de conviver com a doença há quase 30 anos, explica que “os sintomas evoluiram mais nos últimos 10 anos”. Sendo que, por esta altura, a sua motricidade passou a estar afetada.

“Houve uma coincidência temporal entre a progressão da doença e um conjunto de fatores externos que marcaram a minha vida, que me leva a pensar que a doença possa ter um cariz emocional. Foi o divórcio e a insolvência da minha empresa”, tenta justificar.

Hoje em dia tem dificuldades na parte escrita, “na redação e até a pôr a assinatura no cheque” e na locomoção. “Afeta-me a perna direita também. Aliás, eu até costumo dizer que tenho muita queda para a queda e uma relação muito íntima com o chão”, diz com o sentido de humor que o caracteriza.

“O sentido de humor tem-me ajudado bastante a superar as dificuldades”, admite Luís.

Atualmente, vive com uma pensão de invalidez e de alguns biscates que faz. “Faço algumas fiscalizações de obras, pequenas coisas... Como não conseguia arranjar um emprego, a dada altura desisti. Além de que, a minha semana nunca é constante...”, refere.

Há cerca de cinco anos começou a fazer o tratamento injetável e decidiu recorrer a outras terapias para minimizar os efeitos da doença.

“Faço meditação, ozonoterapia e medicina quântica uma vez por semana”, conta.

“A doença surge por um ataque do nosso sistema imunitário e, a verdade é que,  desde que recorro a estas terapias que nunca mais fiquei constipado, por exemplo. Nunca mais tive essas pequenas doenças, portanto calculo que alguma coisa elas devam fazer”, explica.

Ao contar a sua história Luís Loureiro pretende, sobretudo, mostrar que é possivel viver com a doença com alguma qualidade de vida e que é tudo uma questão de adaptabilidade. “Honestamente, não me lamento pelas coisas que não consigo fazer. E ao longo destes anos, tenho andado a convencer quem está a minha volta de que isto não é o fim do mundo”, conclui.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Direção-Geral da Saúde
A Direção-Geral da Saúde tem dois novos programas prioritários, um dedicado à atividade física e outro às hepatites virais, e...

A Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgou o despacho que determinou a criação de programas prioritários em 11 áreas, mantendo os nove programas já existentes e acrescentando-lhes um novo na área da “Promoção da Atividade Física” e outro na área das “Hepatites Virais”.

O novo programa dedicado à atividade física visa promover a adoção generalizada de estilos de vida ativos e pouco sedentários, estudar e monitorizar a atividade física, o sedentarismo, seus determinantes e impacto, bem como fomentar o conhecimento da população sobre os benefícios do exercício e formar profissionais para aconselharem e mudarem os comportamentos dos utentes.

Este programa será dirigido por Pedro Teixeira, professor catedrático da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa.

Quanto à área das hepatites virais, a DGS pretende com este programa prioritário desenvolver estratégias de prevenção e controlo destas doenças, impulsionar as boas práticas na abordagem da hepatite C, nomeadamente em doentes internados em estabelecimentos prisionais, dinamizar a monitorização destas hepatites no âmbito do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica e coordenar a elaboração das orientações clínicas e terapêuticas.

O Programa Nacional para as Hepatites Virais ficará a cargo de Kamal Mansinho, diretor do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital de Egas Moniz.

Kamal Mansinho acumula esta função com a de também diretor do Programa para a área da Infeção VIH/Sida e Tuberculose, substituindo assim no cargo o anterior diretor, António Diniz.

O programa da Diabetes também muda de diretor, passando a ser dirigido por Cristina Valadas, responsável do serviço de endocrinologia do Hospital Beatriz Ângelo, que substitui no cargo José Manuel Boavida, do Observatório da Diabetes.

Mantêm-se inalterados os restantes programas prioritários: alimentação saudável, doenças cérebro-cardiovasculares, doenças oncológicas, doenças respiratórias, controlo do tabagismo, saúde mental e resistência aos antimicrobianos.

Relatório alerta
A extração de recursos naturais poderá aumentar de 85 para 186 mil milhões de toneladas até 2050, devido ao aumento e...

O documento, publicado pelo Painel Internacional sobre os Recursos (PIR), que reúne 34 cientistas internacionais e mais de 30 governos nacionais e outros grupos, alerta que se isso acontecer a capacidade da terra para fornecer os recursos necessários para a sobrevivência e desenvolvimento humanos pode estar em causa.

O consórcio, sediado no Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), apela a uma mudança para um sistema alimentar "inteligente" que transforme a forma como os alimentos são produzidos, colhidos, processados, comercializados, transportados, armazenados, vendidos e consumidos.

Em comunicado, a organização explica que os sistemas alimentares atuais, que os cientistas consideram "ineficientes e insustentáveis", são responsáveis por 60% da perda de biodiversidade terrestre e por 24% das emissões de gases com efeito de estufa.

São também responsáveis pela sobre pesca de 29% das populações de peixes comercializáveis e pela sobre-exploração de 20% dos aquíferos do mundo.

Apesar de a produção alimentar ter aumentado em todo o mundo, mais de 800 milhões de pessoas continuam com fome, mais de dois mil milhões têm deficiências de micronutrientes e mais de dois mil milhões têm excesso de peso.

Para combater estes problemas, o PIR defende a adoção de um sistema alimentar inteligente, que assente em três princípios: baixo impacto ambiental, uso sustentável de recursos renováveis e uso eficiente de todos os recursos.

"Temos o conhecimento e os instrumentos à nossa disposição para alimentar todas as pessoas no mundo, enquanto minimizamos os danos no ambiente. Um sistema alimentar melhor e mais sustentável permite-nos produzir e consumir alimentos sem os efeitos negativos nos nossos recursos naturais", disse Achim Steiner, diretor executivo do PNUA.

Steiner sublinha que o ambiente não é o único beneficiário deste sistema, já que um consumo e produção alimentar mais sustentáveis serão benéficos para a saúde humana e para o objetivo de acabar com a fome no mundo.

O PIR apresenta por isso 12 recomendações para os governos, empresas sociedade civil e cidadãos, entre as quais: reduzir o desperdício alimentar; evitar produtos que consomem muitos recursos, como a carne, as calorias vazias e os produtos processados; ligar os centros rurais e urbanos, especialmente nos países em desenvolvimento; informar os consumidores urbanos sobre a forma como os alimentos são produzidos, como lhes chegam aos pratos e quais os efeitos do seu consumo na saúde e no ambiente.

Meia estação provoca insónias
Com a chegada dos dias mais quentes, e a aproximação do verão, aumentam também os episódios de insónia junto dos portugueses. O...

De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa, a Primavera, especialmente no período de transição da estação que atravessamos, é, por excelência, a altura de maior desequilíbrio do fígado, órgão responsável pelas alterações de humor do Homem. Para Hélder Flor, especialista na área, "É muito frequente as pessoas andarem mais irritadas nesta altura do ano graças a esta energia mais 'descontrolada' que o fígado recebe, sendo depois muito difícil dormirem bem, quer devido a insónias, quer a interrupções várias do sono ao longo da noite".

O distúrbio energético, próprio da altura do ano, é caraterizado por um aumento de Yang essencialmente no fígado, mas também no coração, manifestando-se através de sintomas como taquicardia, palpitações, tensão alta, tonturas e enxaquecas. As consequências, quando não existem por si só, são ainda frequentes na associação às "noites mal dormidas" e estudos recentes revelam terem ligação direta com o aumento do risco de insuficiência cardíaca, devido ao aumento de stress provocado.

Hélder Flor aconselha, contudo, a procura de tratamentos adequados para colmatar o problema, recorrendo a atividades como yoga ou pilates, que poderão complementar sessões de acupuntura – muito eficaz nestes casos. "Infelizmente, ainda se recorre bastante a ansiolíticos que, mesmo em quantidades reduzidas, trazem consequências graves, e muitas vezes irreversíveis, para o organismo. É muito mais importante – e fundamental- procurar reequilibrar o corpo e moderar hábitos simples de alimentação, como o consumo de comidas muito condimentadas ou picantes e a sua substituição por vegetais amargos".

Para que cada pessoa possa seguir os conselhos do especialista de Medicina Tradicional Chinesa, Hélder Flor deixa mais algumas recomendações:

- A infusão de hortelã-pimenta é bastante recomendada nesta altura, pois ajuda a refrescar o fígado;

- Os vegetais de folha verde escura também são a melhor opção de consumo, sobretudo quando são feitos num wok, pois ajudam a desintoxicar o fígado e o organismo em geral;

- Além dos produtos acima referidos, devemos procurar ainda consumir alimentos amargos para aumentar a produção de bílis e ajudar o fígado a funcionar de forma mais eficiente, como as endívias, os grelos, o dente-de-leão, a rúcula, as nabiças, a alface e a abóbora.

Especialistas afirmam
Médicos especialistas na área da Oncologia apontaram o elevado preço dos medicamentos e a demora na sua comparticipação como...

Na V Reunião Anual da Revista Portuguesa de Farmacoterapia "Controvérsias com medicamentos", que decorre em Oeiras, alguns especialistas na área da Oncologia debateram o "Acesso e financiamento da Inovação em Oncologia: para dados diferentes, critérios de avaliação iguais? Que alternativas?".

António Melo Gouveia, do IPO Lisboa e membro da Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica, dedicou a sua intervenção a falar sobre o preço dos novos medicamentos oncológicos e aponta a necessidade de ultrapassar barreiras para mudar a situação.

"O preço dos medicamentos oncológicos é crescente de forma não sustentável e pode por em causa os cuidados essenciais e até a própria eficácia dos medicamentos", afirmou.

O especialista sublinhou que "quem se preocupa de facto com os doentes oncológicos tem obrigação de pugnar pela racionalidade do uso de recursos", acreditando que a gestão dos medicamentos há-se ser resolvida "quando a nível internacional houver revisão dos preços".

Para António Melo Gouveia é necessário "remover barreiras artificiais e demoras por indecisão, pensar em categorias, separar novidades de inovação e, depois, se a ‘porta grande' funcionar, fechar as ‘portas dos cavalos': dispensas em ambulatório não reguladas, autorizações excecionais de rotina".

O responsável defende que "as autoridades têm de procurar o melhor preço possível, que não vai ser milagroso, e articular com a União Europeia".

António Melo Gouveia frisou ainda que genéricos e biossimilares são "meios para libertar verba para a verdadeira inovação".

Decisões rápidas e objetivas, negociação de preços assertiva, eficaz e flexível, implementação rápida de genéricos e biosssimilares e gestão participada dos medicamentos nos hospitais, são as soluções apontadas pelo especialista.

Também a presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, Gabriela de Sousa, apontou o tempo de demora na comparticipação dos medicamentos como um "problema insustentável".

"Portugal é o segundo país da Europa que mais tempo demora na comparticipação dos medicamentos, um tempo médio de 533 dias, quase dois anos, o que é insustentável. Esta situação gera iniquidade no acesso e essa é a preocupação dos profissionais. Temos rapidamente de reverter isto", defendeu.

A responsável adiantou ainda que, num inquérito realizado pela Sociedade Portuguesa de Oncologia, apurou-se que 90% dos profissionais discorda de que em Portugal é dado aos doentes com cancro o melhor tratamento médico oncológico, seja qual for o hospital.

"Temos que investir na saúde através daquilo que consideramos ser o valor, sabendo separar a inovação da novidade", concluiu.

A V Reunião Anual da Revista Portuguesa de Farmacoterapia decorre ao longo do dia, no Lagoas Park, em Oeiras, estando em debate temas que têm sido objeto de controvérsia na área do medicamento, como a segurança dos doentes, a diversificação das formas de acesso e os modelos de aquisição centralizada.

No Chile
Um pequeno aparelho desenvolvido no Chile, parecido com os utilizados para medir o nível de coagulação do sangue, poderá salvar...

O engenheiro chileno Alejandro Tocigl está a desenvolver um instrumento capaz de detetar casos de cancro através de uma amostra de sangue.

Tocigl estuda sobretudo o cancro do estômago, um dos que mais mortes causa no Chile. "Cada tipo de cancro tem uma impressão digital única de microRNA", que são biomarcadores encontrados no sangue, afirma. "O dispositivo deteta estas moléculas alteradas e, através de um software, associa o resultado a uma determinada doença", diz Tocigl.

O engenheiro de 31 anos foi incluído este ano na lista de 35 personalidade inovadoras com menos de 35 anos elaborada pela publicação MIT Technology Review em espanhol, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, escreve o Sapo.

O engenheiro lembra o caso da atriz Angelina Jolie, que tem a mutação de um gene que favorece o aparecimento do cancro, tendo-se submetido a uma dupla mastectomia e também à extração dos ovários e trompas para diminuir o risco de doença.

Espera-se que o aparelho esteja disponível em 2018 e seja mais barato, simples e acessível do que os instrumentos já disponíveis no mercado.

O sistema conta com uma placa onde a amostra de microRNA do paciente reage com compostos químicos criados pela equipa que está a trabalhar no aparelho.

O projeto conta com a participação de engenheiros, bioquímicos e biólogos moleculares, e é desenvolvido no Instituto Nacional do México, no Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, na Universidade Católica do Chile e em dois hospitais da Letónia e Lituânia. Numa próxima fase será estendido à Guatemala e à Colômbia, entre outros países, escreve a agência de notícias France Presse.

Agência Europeia do Ambiente
As zonas balneares europeias com qualidade excelente atingem 83,8% do total das 21.500 controladas, estando Portugal pouco...

O relatório da entidade europeia (EEA na sigla em inglês), baseia-se em amostras recolhidas em 21.582 zonas balneares, da costa e do interior, em 2015, por cada um dos Estados membros da União Europeia (UE), Suíça e Albânia, mas pretende ser indicativo para a situação deste ano.

Os banhistas europeus e os visitantes destas zonas de lazer podem encontrar mais de 90% de águas com excelente qualidade em oito países - Luxemburgo (na totalidade), Chipre, Malta, Grécia, Croácia, Itália, Alemanha e Áustria.

Ao contrário, escreve o Sapo, foram encontradas 385 zonas balneares com má qualidade, embora o seu peso no total tenha caído para 1,6%, quando em 2014 era de 1,9%, um conjunto liderado pela Itália e França, com 95 casos (1,7% e 2,8% do total, respetivamente) e Espanha, com 58 situações (2,6%).

A qualidade melhorou de má para, pelo menos, suficiente em 125 casos - França (32 locais), Itália (24) e Espanha (20), enquanto movimento contrário, de deterioração, sucedeu em 76 situações - França, Espanha, Itália e Holanda.

Itália é o país com o maior número de zonas balneares, atingindo 5.518, e o Luxemburgo com menos, ficando nas 11.

Em Portugal foram controladas 569 zonas balneares, mais que 11 que no ano anterior, e 481 delas apresentavam uma qualidade "excelente", a que se juntam 55 com "boa" e 12 com "suficiente", totalizando 96,3% com nota positiva.

Com "má qualidade" são indicados três locais portugueses (0,5% do total), metade daqueles registados no relatório de 2015, dois deles na Madeira (praia do Gorgulho e Poças do Gomes, no Funchal) e uma no centro do país (Jardim de Oudinot, em Ílhavo).

Para estas praias, a diretiva europeia diz que devem ser avançadas medidas como a proibição de banhos, identificação das causas para a poluição e ações para prevenir, reduzir ou eliminar as causas da contaminação.

O documento da EEA acrescenta ainda que para 18 zonas não foi possível ter a classificação das suas águas.

Em 2015, mais de dois terços das zonas balneares europeias monitorizadas eram praias costeiras, sendo as restantes 31% rios ou lagos.

Em Portugal, as praias de mar são 460, e destas 90% são excelentes e três más, e as zonas internas são 109, das quais 63,3% tiveram a nota máxima.

A EEA recorda que 2015 foi o primeiro ano em que todos os países da UE monitorizaram as zonas balneares, seguindo a diretiva para esta área, com a classificação a depender dos níveis de concentração de enterococos intestinais e a Escherichia coli (E.coli), bactérias que podem indicar a existência de poluição e causar problemas de saúde.

Para o comissário europeu para o Ambiente, Karmenu Vella, a situação atual deve-se a "40 anos de investimentos em infraestruturas para tratar a água e as águas residuais, é um sinal de que a legislação europeia está a resultar e um testemunho de que uma economia altamente desenvolvida pode ter igualmente altos níveis ambientais".

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde afirmou que uma redução de 15 a 20 por cento da despesa com os convencionados, orçada em mil milhões de...

Adalberto Campos Fernandes, que está a ser ouvido na Comissão Parlamentar de Saúde, sobre a política do setor, não se mostrou contra o recurso ao setor convencionado, que “é bom e gera emprego”, mas criticou a relação de dependência deste em relação ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Sem especificar se vai avançar com cortes neste setor, o ministro disse ver com bons olhos uma redução de 15 a 20 por cento anuais desta despesa (o que representaria uma poupança de 150 milhões de euros a 200 milhões de euros por ano), a qual “não comprometia em nada o crescimento do setor”.

Ainda sobre o recurso aos privados, Adalberto Campos Fernandes criticou a dependência destes em relação ao Estado e apontou o exemplo de Coimbra, onde existe um centro hospitalar universitário, que é a unidade do SNS que emite mais cheques de cirurgia (para operações no privado, por alegada falta de resposta no público).

“Isto é mau uso do dinheiro público e uma afronta aos contribuintes”, declarou.

Sobre a reposição das 35 horas, sobre a qual foi questionado por vários deputados, o ministro garantiu que esta entrará em vigor a 01 de julho e que em relação a esta matéria “não há nenhum drama nem novidade”.

“O que disse está dito. O que está dependente da iniciativa legislativa é um detalhe de afinamento da forma como a medida vai ser implementada”, disse Adalberto Campos Fernandes durante uma audição que decorre na Comissão Parlamentar da Saúde sobre a política geral do ministério e outros assuntos de atualidade.

Segundo o ministro, estes ajustamentos estão a ser feitos com a ajuda dos sindicatos.

Adalberto Campos Fernandes disse ainda que, nesta matéria, falar de 35 ou 40 horas na saúde não é a mesma coisa do que falar de um outro trabalho administrativo.

“No caso dos enfermeiros, é da mais elementar justiça” a reposição das 35 horas, disse.

Biénio 2016-2018
Luís Campos, diretor do serviço de Medicina Interna do Hospital de S. Francisco Xavier - Centro Hospitalar Lisboa Ocidental,...

A nova direção é, de resto, composta pelos internistas António Oliveira e Silva, Lelita Santos e Rui Victorino (vice-presidentes), João Sá (presidente da Assembleia Geral), Armando Carvalho e Fernando Salvador (vogais da Assembleia Geral), João Araújo Correia (secretário-geral), Vasco Barreto, Luis Costa Matos e Ana Sofia Duque (secretários adjuntos), Jorge Crespo (tesoureiro), Olga Gonçalves (presidente do Conselho Fiscal), Vitor Branco e Nuno Bernardino Vieira (vogais do Conselho Fiscal).

O novo presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), Luís Campos, explica que “a nova direção quer afirmar a Medicina Interna em Portugal como uma especialidade nuclear para dar resposta aos doentes do futuro, rasgando novos horizontes para os internistas, particularmente os mais jovens. Isto vai depender, obviamente, da nossa capacidade, da nossa qualidade e da nossa ação, mas é esta a nossa visão para o mandato desta direção”. Manifesta também “total abertura para colaborar com os decisores de saúde para encontrar novas soluções que melhorem a qualidade e a eficiência dos cuidados hospitalares e para uma melhor articulação com os cuidados primários numa resposta integrada aos doentes crónicos”.

Entre as prioridades eleitas pela nova direção da SPMI para o seu mandato destacam-se:

·         Conhecer a realidade da Medicina Interna em Portugal;

·         Melhorar a atividade editorial e a divulgação das atividades da Medicina Interna;

·         Promover a visibilidade da Medicina Interna;

·         Aumentar a capacidade formativa no âmbito da SPMI;

·         Promover a afirmação científica da Medicina Interna e as atividades de investigação;

·         Contribuir para a manutenção da Medicina Interna como disciplina nuclear do ensino pré-graduado e dos serviços de Medicina como locais preferenciais de formação;

·         Fomentar a cooperação com as sociedades congéneres e organizações internacionais;

·         Contribuir para que a especialidade de Medicina Interna se torne mais atrativa para os internos.

As marcas distintivas da Medicina Interna são a competência na avaliação, no diagnóstico e no tratamento de doentes adultos, das doenças agudas e das doenças crónicas, dos diagnósticos difíceis e das doenças sistémicas, garantido a continuidade do processo assistencial. Os valores que regem a especialidade são o profissionalismo, o rigor intelectual, a formação contínua, a gestão da informação, a capacidade de adaptação a novas realidades e a resposta a novos desafios, a capacidade de liderança, a procura da qualidade e da melhoria contínua e, principalmente, o compromisso com o doente e com o bem público.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde anunciou que vão ser banidas das instituições do Serviço Nacional de Saúde as máquinas de dispensa de...

Adalberto Campos Fernandes falava na Comissão Parlamentar da Saúde, onde está a decorrer uma audição sobre política geral do ministério e outros assuntos de atualidade.

De acordo com o ministro, a publicação desta orientação “está por dias” e visa dar o exemplo de “boas práticas alimentares”, pelo menos nas instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Dia Mundial da Tiroide
Cerca de 200 milhões de pessoas, em todo o mundo, apresentam alguma forma de doença da tiroide.

“O melhor cancro que se pode ter”.  Esta é uma citação que é comum ouvir aos cirurgiões que tratam cancros e que, em suma, quer dizer que a termos um cancro que seja um bem diferenciado da tiroide.

A GLÂNDULA TIROIDE

A tiroide é uma glândula endócrina em forma de borboleta localizada na parte anterior e inferior do pescoço, sobre a traqueia. Tem dois lobos e o istmo que os une.

A sua função é, a partir do iodo que é absorvido no tubo digestivo, formar hormonas tiroideias, tiroxina (T4) e Triiodotironina (T3), que são depois libertadas na corrente sanguínea para todos os órgãos e tecidos do corpo. Esta função está dependente de  um mecanismo de autoregulação, que envolve a produção de TRH (Thyrotropin Releasing Factor) no hipotálamo, e de TSH (Thyrotropin Stimulating Hormone) na hipófise, que se localizam no cérebro.

As principais doenças da tiroide relacionam-se com a alteração da sua função, decorrente da alteração da sua produção hormonal, ou com a alteração da sua forma ou estrutura, decorrente do seu aumento de dimensão e/ou formação de nódulos.

As alterações funcionais denominam-se hipertiroidismo e hipotiroidismo, conforme há aumento ou diminuição da produção das hormonas circulantes (T3 e T4). Estas doenças são pouco frequentes e são habitualmente tratadas por Endocrinologia. Em alguns casos, o tratamento pode ser cirúrgico.

O aumento da dimensão da tiróide denomina-se bócio e é a alteração mais frequente da tiroide. Há vários tipos de bócio. O tratamento a realizar vai depender do tipo de bócio. O tratamento é frequentemente cirúrgico. Há, no entanto, muitos casos em que não é necessário qualquer tratamento, apenas vigilância clinica.

Os nódulos da tiroide são muito frequentes. A maioria (80%) são benignos e não têm qualquer importância clinica, ou seja, não originam qualquer tipo de sintomas e não precisam de qualquer tipo de tratamento.

Os nódulos da tiroide podem ser malignos (cancro da tiróide), e neste caso o seu tratamento é obrigatório.

Por este facto, vamos debruçar-nos mais sobre esta doença.

CANCRO DA TIROIDE

É raro e muito tratável.

Na maior parte dos casos é curado com cirurgia ou cirurgia seguida de iodo radioactivo.

Mesmo nos casos mais avançados é possível fazer-se um tratamento eficaz e bem tolerado.

Em geral o prognóstico do cancro da tiroide é excelente. Nos cancros pequenos, em doentes com menos de 45 anos e com  histologia de carcinoma papilar a cura aos 10 anos é cerca de 100% . Geralmente não dão sintomas.

As análises não ajudam no diagnóstico de cancro da tiróide.

O melhor método de despistar a existência de cancro da tiroide é ficarmos seguros que não existe nenhum nódulo na glândula, pelo exame físico realizado por um médico.

Muitos são detectados por acaso, por Ecografia ou TAC realizados por outros motivos. Não há, no entanto, indicação para fazer “ecografia de rastreio”.

Ocasionalmente é o próprio doente que  detecta um nódulo no pescoço.

O cancro da tiroide é mais comum nas pessoas que receberam radiação em altas doses na região da cabeça ou pescoço para tratamento de outras doenças, pessoas expostas a radiação nos desastres nucleares como Chernobyl e Fukushima, pessoas que têm história familiar de cancro da tiróide e que têm mais de 40 anos.

O diagnóstico definitivo é feito apenas após a cirurgia, pelo exame histológico da peça operatória. No entanto, a Ecografia e principalmente a Citologia Aspirativa realizadas antes da cirurgia para estudar o nódulo, dão-nos informações muito importantes, fundamentais para tomar a decisão de operar.

Existem 4 tipos de cancro da tiroide:

Carcinoma papilar. É o mais comum – 70 a 80%. Tem crescimento lento e pode disseminar para os gânglios linfáticos do pescoço. É o que tem melhor prognóstico.

Carcinoma folicular – 10 a 15% e geralmente aparece em doentes mais velhos que o carcinoma papilar. Pode disseminar para os gânglios linfáticos mas também pelos vasos sanguíneos para os pulmões e ossos

Carcinoma medular: 5 a 10% dos cancros da tiroide. Tem incidência familiar e pode estar associado a outos problemas endócrinos.

Carcinoma anaplástico: Felizmente raro, menos de 2%. O tipo mais agressivo e com poucas respostas ao tratamento.

O tratamento do cancro da tiroide  é cirúrgico: Tiroidectomia total com ou sem exérese dos gânglios linfáticos adjacentes. Em casos seleccionados a exérese de um só lobo da tiroide é suficiente.

Geralmente só a cirurgia é suficiente para curar o cancro.

Em casos seleccionados deve associar-se terapêutica com iodo radioactivo para destruição de tecido tiroideu restante após a cirurgia.

As principais complicações da cirurgia da tiroide relacionam-se com a  lesão de estruturas próximas da glândula, como as glândulas paratiróides, os nervos laríngeos recorrentes e laringeos superiores. A lesão destes nervos pode condicionar uma alteração da voz e a lesão das glândulas paratiróides pode condicionar uma falta de cálcio no sangue.

Após tratamento os doentes devem ser avaliados regularmente pelo Cirurgião e ou Endocrinologista.

Os doentes sujeitos a tiroidectomia total necessitam de fazer terapêutica com Levotiroxina  (Letter; Thyrax; Eutirox;) para toda a vida em doses que irão sendo ajustados face ao valor do TSH. Poderão também ter que tomar comprimidos de cálcio, se houver lesão das paratiróides.

O seguimento dos doentes é feito realizando exame físico regular, análises, com doseamento de T4, TSH, Tireoglobulina e anticorpos anti-tireoglobulina, e ecografia cervical. A frequência destes exames é definida pelo seu médico.

 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dia Mundial da Esclerose Múltipla
A esclerose múltipla é uma doença crónica inflamatória desmielinizante e degenerativa do sistema ner

A distribuição da doença no mundo parece ser mais complexa do que se supunha no passado, mas em termos gerais, parece seguir o chamado “gradiente de latitude” baseado no facto da prevalência da esclerose múltipla em regra aumentar conforme nos afastamos do equador. Em Portugal, estima-se uma prevalência de cerca de 50 por 100.000 habitantes.

Existe uma larga evidência científica sugerindo que a esclerose múltipla seja uma doença autoimune, embora a sua causa primária, tal como doutras doenças autoimunes, permaneça desconhecida.

Os dados biológicos e epidemiológicos existentes confirmam a existência de susceptibilidade genética para a esclerose múltipla, parecendo igualmente inequívoco o papel de fatores ambientais entre os quais se salientam a exposição solar / vitamina D, o fumo do tabaco e os agentes infecciosos, nomeadamente o vírus Epstein-Barr.

Classicamente, são consideradas duas formas de apresentação: a forma surto-remissão e a primária progressiva. O chamado síndrome clínico isolado corresponde a um primeiro episódio de doença desmielinizante afetando o sistema nervoso, sugestivo de esclerose múltipla, mas sem critérios para o seu diagnóstico definitivo.

Os surtos são eventos agudos em que se instalam novos défices neurológicos ou existe um agravamento significativo dum défice já existente, seguindo-se habitualmente recuperação frequentemente completa.

As queixas / défices apresentados pelo doente irão depender de quais as estruturas do sistema nervoso afetadas durante cada surto.

Passado um número variável de anos, uma percentagem significativa dos doentes com a forma surto-remissão assume um curso progressivo, com ou sem sobreposição de surtos, a chamada forma secundária progressiva.

Na ausência dum teste específico da esclerose múltipla, o diagnóstico continua a ser efetuado por meio de critérios clínicos, suportados por exames complementares, nomeadamente a ressonância magnética, se bem que o exame do líquido cefalorraquidiano continue a ter o seu papel.

Uma caraterística da doença é a sua grande variabilidade de doente para doente, desde casos ditos benignos com uma longa evolução praticamente assintomáticos, ao outro extremo de casos evoluindo rapidamente para um grau elevado de incapacidade.

O grau de incapacidade determinado pelos défices acumulados é habitualmente quantificado pelos neurologistas de acordo com uma escala designada EDSS (“Expanded Disability Status Scale”), em que 0 significa um exame normal e 10 morte por esclerose múltipla.

As pontuações de 4 e de 6 são usadas como etapas importantes da doença, podendo o tempo de duração para se atingir essas pontuações ser considerado como um indicador de progressão.

O indicador dum EDSS 4 é tanto mais importante porque hoje se considera que o tempo desde o início da doença até se atingir um EDDS 4 corresponde ao período de grande variabilidade individual da progressão da doença. Uma vez atingido um grau de incapacidade correspondente a um EDSS 4, a evolução da doença e respetiva progressão de incapacidade passa a ser bastante uniforme entre os doentes. Na prática, esse período corresponde também à chamada janela terapêutica, isto é o período durante o qual as terapêuticas poderão influenciar a evolução da doença, se bem que quanto mais cedo se iniciar a terapêutica, melhor.

A terapêutica na esclerose múltipla incide fundamentalmente em dois aspetos: tratamento sintomático e tratamento modificador da evolução da doença. São exemplos da primeira categoria os fármacos para a espasticidade, fadiga e incontinência urinária, entre outros.

Quanto à segunda categoria, para além dos benefícios duma dieta saudável, prática regular de exercício físico e abstinência tabágica, existe já uma experiência substancial com alguns fármacos injetáveis, os interferons (interferão ß-1a intramuscular e subcutâneo, interferon ß-1b) e o acetato de glatirâmero, a que se juntaram recentemente os chamados fármacos orais (fumarato de dimetilo e teriflunomida) com indicação de primeira linha para o tratamento da forma surto-remissão, e para os casos mais graves o natalizumab, fingolimod e alemtuzumab.

Vários outros fármacos estão em desenvolvimento e/ou já em fase de aprovação.

O benefício de todos estes fármacos reflete-se sobretudo na diminuição no número de surtos e de novas lesões na ressonância magnética e numa diminuição de progressão da incapacidade, especialmente quando iniciados precocemente na evolução da doença.

Torna-se, portanto, essencial reconhecer precocemente perfis evolutivos menos favoráveis e/ou de previsível insucesso com as terapêuticas ditas de primeira linha, para adequar as medidas terapêuticas da forma mais eficiente possível à situação clínica do doente individual.

Os estudos epidemiológicos e da história natural da doença identificaram um conjunto de variáveis clínicas que permitem precocemente, no início da doença, elaborar uma previsão, em termos populacionais, da progressão da doença a longo termo, salientando-se: o género, idade no início da doença, sintomas iniciais e perfil evolutivo (surto-remissão versus progressivo), grau de recuperação do surto inicial e número de surtos nos 5 primeiros anos de doença.

Presentemente, a ressonância magnética não só é o melhor marcador em termos de previsão prognóstica a longo termo (o número de lesões na ressonância magnética inicial, volume lesional e atrofia cerebral, são bons exemplos), como ainda, em associação com o número de surtos no primeiro ano, permite prever o insucesso de tratamento com os fármacos de primeira linha.

Em conclusão, a esclerose múltipla é uma doença do sistema nervoso central crónica e incapacitante, afetando principalmente adultos jovens, de causa desconhecida de provável natureza autoimune, com apresentação tipicamente por surtos e remissões, e para a qual existe já um arsenal terapêutico (e em franco crescimento) que, se devidamente utilizado, poderá minimizar os malefícios da doença e melhorar a qualidade de vida do doente com esclerose múltipla.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Escola Superior de Enfermagem de Coimbra organiza
A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra organiza, nos dias 27 e 28 de maio, o seminário “Enfermagem de Reabilitação e Lesão...

Neste seminário, a ter lugar nas instalações da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (Polo B, em S. Martinho do Bispo), serão abordados diversos conteúdos que suportam os cuidados de Enfermagem às pessoas com lesão medular, alguns de natureza generalista e outros específicos para o enfermeiro de Reabilitação.

O encontro insere-se nas atividades pedagógicas da unidade curricular de “Enfermagem de Reabilitação em Neurotraumatologia” afeta aos cursos pós-graduados em Enfermagem de Reabilitação da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC).

No seminário participarão, na qualidade de oradores, profissionais da ESEnfC, do Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro Rovisco Pais, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e do Centro Hospitalar do Porto.

Para mais informações podem os interessados aceder ao sítio do “Enfermagem de Reabilitação e Lesão Medular” na Internet, em www.esenfc.pt/event/erlm, o mesmo espaço reservado às inscrições no evento.

A ESEnfC assinala, em 2016, os 135 anos de ensino de Enfermagem em Coimbra e em Portugal, além dos dez anos de fusão das duas instituições de ensino superior que lhe deram origem: as anteriores escolas Dr. Ângelo da Fonseca e de Bissaya Barreto.

Projeto pioneiro
Seis países europeus estão envolvidos num projeto à escala mundial de estudo da doença de Parkinson para desenvolverem um teste...

O trabalho, apoiado com fundos da União Europeia, tem a Faculdade de Motricidade Humana como um dos parceiros e pretende criar o primeiro teste de deteção precoce da doença de Parkinson, já que tal permitirá mais qualidade de vida aos doentes, como o coordenador do projeto em Portugal, José Alves Diniz.

Além de Portugal participam no projeto instituições ligadas à saúde e à tecnologia da Grécia, Bélgica, Alemanha, Suécia e Reino Unido, todos presentes nas reuniões de Lisboa (uma delas hoje), as primeiras depois de uma reunião na Grécia quando da constituição do consórcio, em fevereiro passado.

São ao todo 11 organizações, desde universidades a centros de pesquisa e de tecnologia, que vão trabalhar quatro anos no i-Prognosis, para criar um diagnóstico precoce da doença mas também desenvolver intervenções que melhorem a qualidade de vida do doente.

José Alves Diniz, também presidente da Faculdade de Motricidade Humana, explicou que os trabalhos estão em fase inicial mas que se pretende criar uma plataforma à qual as pessoas podem aderir através de uma aplicação de um telemóvel ou tablet, por exemplo.

A aplicação vai medir a forma como as pessoas usam o teclado e a voz (não o conteúdo das conversas mas o tom) e detetar alterações que possam indicar o início da doença. Em caso positivo (de possível deteção) as pessoas são aconselhadas a procurar um médico.

O alvo são pessoas com mais de 55 anos mas o número de adesões ou a origem não tem limite, explicou o professor, explicando que o processo é todo automático e nunca está em causa a privacidade dos participantes.

“O diagnóstico da doença só se faz com alguns testes, que só têm capacidade de a detetar numa fase já muito avançada, e por isso fica limitada a capacidade intervenção para retardar os sintomas”, disse o responsável, para quem o sucesso do trabalho, em termos de adesão, pode levar a que no futuro esses sintomas possam ser detetados precocemente. “É importante este contributo para o futuro”, afirmou.

A doença de Parkinson é progressiva e incapacitante e não tem cura. É causada pela perda de células cerebrais específicas e caracteriza-se por tremores e outros problemas motores, afetando 63 milhões de pessoas no mundo, sendo mais comum nos países ocidentais,

“Termos uma forma objetiva e mais fácil e capaz de detetar a doença mais precocemente será um avanço significativo relativamente a futuros doentes”, disse José Alves Diniz, para quem o projeto de investigação permite também o aconselhamento das pessoas, quer em termos de alimentação ou atividade física, quer em termos de interação com o médico.

“Uma vertente do projeto são também as recomendações que são criadas, no sentido por exemplo de retardar os sintomas mais graves”, explicou.

Das organizações que participam, incluindo especialistas em Parkinson ou em envelhecimento, Portugal está representado pela Faculdade e pela empresa Plux, da área da investigação e tecnologia aliada à saúde

A doença de Parkinson afeta pessoas que por norma têm mais de 55 anos e não tem cura nem forma de a reverter. Tem como alguns dos primeiros sintomas a prisão de ventre, perda de olfato, distúrbios do sono e depressão e dor.

A pedido do PAN
A inclusão de comida vegetariana nas cantinas públicas vai ser debatida no parlamento, a 16 de junho, a pedido do PAN - Pessoas...

O debate foi marcado depois de o PAN ter recorrido ao agendamento potestativo, direito regimental que permite a um partido "forçar" a discussão de um tema no plenário do parlamento.

Em março, o PAN entregou na Assembleia da República uma petição com cerca de 12.000 assinaturas validadas, a defender a inclusão de refeições vegetarianas nas escolas, nas universidades e nos hospitais.

O partido considera, numa nota de imprensa hoje divulgada, que a medida, a ser aplicada, impede a discriminação das pessoas que já seguem a dieta.

Segundo o PAN, as crianças e os jovens "sentem-se muitas vezes discriminados nas escolas, pelos colegas, professores e auxiliares, por comerem comida diferente, necessariamente trazida de casa".

O partido justifica-se, ainda, citando a Direção-Geral da Saúde, com "os benefícios de uma alimentação baseada em produtos de origem vegetal".

Em 2015
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa apresentou resultados positivos de 5,8 milhões de euros em 2015, uma subida de 17,6% em...

De acordo com o relatório & Contas 2015 da instituição, as receitas registaram em 2015 um aumento de 8,1 %, face a 2014, para um montante de 216,7 milhões de euros.

O documento assinala um aumento das receitas correntes em 8,1%, nomeadamente as provenientes da área da Ação Social e do Património, que subiram respetivamente 3,8% e 56%.

Pelo contrário, registou-se uma quebra nas receitas na área da Saúde (-7,4%) resultante principalmente da redução nas prestações de serviços e do impacto decorrente das quebras de resultados das aplicações financeiras.

“A exploração, designadamente das unidades hospitalares, continua a apresentar resultados negativos, por efeitos do tipo de cuidados prestados. Ainda assim, o resultado líquido negativo foi inferior ao registado no ano transacto, nomeadamente no CMRA [Centro de Medicina de reabilitação de Alcoitão], que obteve uma melhoria de 1 milhão de euros no resultado líquido”, é assinalado.

A instituição registou em 2015 uma redução global nas despesas para 198 milhões de euros, “dos quais 17,9 milhões de euros foram despesas correntes com estabelecimentos cedidos pelo Instituto da Segurança Social”, para resposta social pública na grande Lisboa.

Tratou-se de um corte nas despesas correntes de 1,5% em 2015 face ao ano anterior, “o que acontece pela primeira vez desde o início da Grande Crise Financeira de 2008”, é descrito no documento.

A despesa realizada verificou-se sobretudo na Ação Social (59%) e na Saúde (22%). Quase 20 milhões do total da despesa são referentes a despesas com estabelecimentos cedidos pelo Instituto de Segurança Social.

Apesar do crescimento económico de 1,5% registado em 2015, segundo o relatório, não se verificou nesse ano uma diminuição de procura de ajuda junto da Santa Casa.

A Santa Casa destaca ainda uma redução de 10% nas despesas com fornecimento e serviços externos em 2015, face a 2014.

Em relação a 2014, registou-se um decréscimo de 8,4 milhões de euros no investimento.

No entanto, verificou-se o aumento em 31,8%, relativamente a 2014, no investimento realizado na área do Património, que incluiu a aquisição do Hospital Militar da Estrela por 14,9 milhões de euros.

Bial
O Governo solidarizou-se com a Bial e manifestou confiança naquela farmacêutica, estimulando-a a prosseguir a investigação e...

“A Bial, sendo uma das mais relevantes empresas portuguesas no domínio da inovação, tem a confiança e a solidariedade do Governo Português, bem como o estímulo para prosseguir a investigação e desenvolvimento em projetos de relevante contributo para a economia portuguesa e para o bem-estar dos cidadãos e dos doentes”, afirma o Ministério da Economia em comunicado.

Não obstante, afirma estar a “acompanhar com especial atenção” o desenvolvimento do incidente ocorrido em janeiro, em Rennes, França, com uma molécula experimental do laboratório.

O Governo sublinha que o relatório publicado na segunda-feira pela Inspection Générale des Affaires Sociales (IGAS) reafirmou a regularidade do protocolo do ensaio e confirmou que não foram detetados quaisquer sinais prévios que pudessem ter previsto o sucedido na fase pré-clínica, realçando o caráter inesperado e imprevisível dos acontecimentos.

Até ao momento, ainda não foram determinadas as causas concretas do acidente.

“O Governo Português aguarda que a divulgação, que se deseja para breve, dos relatórios médicos de todos os voluntários, dos dados da autópsia do voluntário que lamentavelmente faleceu, bem como dos procedimentos levados a cabo pelo Centro Hospitalar de Rennes, possam ajudar a esclarecer as reais razões deste acontecimento”, acrescenta o Ministério da Economia.

O Governo francês afirmou na segunda-feira que o laboratório português Bial e a empresa especializada Biotrial “têm responsabilidade, de várias formas” no ensaio clínico em que morreu um voluntário e exigiu um plano de ação que impeça a repetição das “falhas graves”.

A 17 de janeiro, Guillaume Molinet, de 49 anos, morreu durante um ensaio clínico realizado em Rennes pela empresa especializada Biotrial, enquanto testava para o laboratório português Bial uma molécula que atuava sobre o sistema nervoso.

Outros cinco voluntários tiveram também de ser hospitalizados e alguns deles apresentam ainda sequelas neurológicas decorrentes dos testes com aquela substância que tinham sido validados pela Agência Nacional de Segurança do Medicamento (ANSM).

Morte súbita
A Sociedade Portuguesa de Cardiologia escolhe o mês de maio, mês do coração, para alertar para a realidade da morte súbita em...

Em Portugal, em média, cerca de 10 mil pessoas deverão sofrer morte súbita cardíaca, tendo em conta os números da mortalidade cardiovascular anual. A prevalência desta situação clínica é superior em faixas etárias mais avançadas, muito embora se possa registar em jovens com doença cardíaca hereditária. Cerca de 20% da mortalidade global da população ocorre como morte súbita e aproximadamente metade das mortes cardiovasculares devem-se a episódios de morte súbita.

A questão essencial para a Sociedade Portuguesa de Cardiologia é que, inúmeros casos de morte súbita poderiam ter sido evitados se manobras de reanimação imediatas tivessem sido aplicadas. Tal seria possível se a generalidade dos cidadãos, tivesse sido treinada para tal, independentemente da faixa etária ou grau de diferenciação. Em alguns países o treino de “suporte básico de vida” (SBV) é ensinado nas escolas, como parte do programa curricular , há mais de 20 anos. A par desta formação, recorrente e obrigatória nas escolas, a sensibilização de todos os cidadãos para a importância desta aprendizagem e treino, reveste-se de particular importância, devendo ser assumida coletiva e individualmente.

Finalmente a disponibilização de equipamento apropriado, denominado DAE (desfibrilhador automático externo) em locais públicos, de maior concentração de pessoas, como recintos desportivos, grandes superfícies comerciais, aeroportos ou até mesmo na via publica deve ser considerado requisito básico de segurança.

A verdade é que ainda não existem medidas ou legislação que suportem estes objetivos, sendo por isso importante sensibilizar os governos e a sociedade civil para esta realidade.

Garantir que o cidadão comum sabe reanimar e compreende os princípios práticos e básicos do suporte básico de vida, é garantir que, nos momentos seguintes a um episódio de morte súbita, a vítima possa ser reanimada e assim uma vida possa ser salva.

Salvar vidas é tarefa dos médicos, é certo!. Mas, muito mais vezes do que se possa pensar, a possibilidade de salvar uma vida em risco de morte súbita, pode estar nas mãos do cidadão comum.

O cardiologista Prof. Mário Oliveira, Cardiologista e Arritmologista, Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, esclarece algumas questões essenciais inerentes a este tema:

O que é a morte súbita?
A morte súbita é a morte que ocorre de forma inesperada no espaço de uma hora, ou até uma hora depois de se iniciarem os sintomas.

Qual a prevalência da morte súbita em Portugal?
20% da mortalidade global da população ocorre por morte súbita. Cerca de metade das mortes cardiovasculares devem-se a episódios de morte súbita.

Quais são os fatores de risco associados aos episódios de morte súbita?
Distinguem-se 3 grandes fatores de risco que determinam a grande maioria dos episódios de morte súbita, nomeadamente:

• Sobreviventes de enfarte – que ficam com uma cicatriz no coração e essa cicatriz pode originar arritmias malignas (culminando em morte);

• Pessoas com insuficiência cardíaca – que pode resultar quer de doença primária do músculo cardíaco, quer secundariamente a doença das válvulas ou das artérias coronárias. Independentemente da causa que motivou a insuficiência cardíaca, esta pode provocar o aparecimento de arritmias malignas e assim levar à morte súbita ;

• Doenças Cardíacas Hereditárias e/ou Elétricas – Doenças hereditárias do músculo cardíaco como a Miocardiopatia Hipertrófica ou doenças elétricas do coração como o Síndrome de Brugada, são alguns exemplos.

Em alguns tipos de doenças que podem provocar a morte súbita, o coração é estruturalmente normal, ou seja não há doença das válvulas nem do músculo cardíaco, como por exemplo no Sindrome de Brugada, tornando muito difícil o diagnóstico prévio ao episódio de morte súbita.

Que medidas de prevenção podemos destacar?
A medicina tenta identificar as pessoas com maior probabilidade de sofrer um ataque de Morte Súbita. Uma vez identificado um individuo com alto risco de morte súbita, deverá ser implantado um Cardioversor Desfibrilhador Interno (CDI). Este aparelho atua monitorizando o coração e, caso ocorra uma arritmia maligna, o aparelho estimula o coração, parando a arritmia.

Nos casos em que o doente não possui antecedentes cardiovasculares, mas tem critérios de risco para implantar um CDI, diz-se estar perante um caso de prevenção primária.

Quando o doente já sobreviveu a um evento cardiovascular arrítmico identificamos o caso como prevenção secundária.

O Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Dr. Miguel Mendes, comenta a realidade Portuguesa e esclarece a posição da Sociedade face a este tema.

O que podemos fazer para diminuir o número de mortes súbitas em Portugal?
A Sociedade Portuguesa de Cardiologia tem quatro eixos de atuação que garante que irão ser apresentados à tutela e que passam pela sensibilização para a alteração de algumas conjunturas que podem ser determinantes para a redução do número de mortes súbitas em Portugal:

- No sistema de ensino deveria ser ensinado Suporte Básico de Vida e noções básicas de saúde cardiovascular por forma a garantir a educação das crianças e jovens, desde cedo, nesta matéria;

- A sociedade civil deverá estar mais alerta para o que pode significar para o cidadão comum ter Formação em Suporte Básico de Vida , procurando formação em SBV, podendo assim contribuir para que cada individuo esteja apto a salvar uma vida;

- A legislação e segurança inerente às provas de desporto deverá ser revista: A SPC defende que em todas as provas desportivas os atletas amadores recorram aos serviços médicos para avaliação cardiovascular. Além disso, consideramos que as organizações desse tipo de provas deveriam ser obrigadas a possuir meios de ressuscitação com DAE (desfibrilhador automático externo) local;

- Deverá ser assegurada a existência de “ sistemas de reanimação de emergência organizada”, em locais onde se verifiquem aglomerados de pessoas, como é o caso dos centros comerciais, estádios desportivos, locais destinados a eventos públicos, e mesmo naqueles onde a prática do esforço físico é verificada (como é o exemplo dos ginásios.)

A Sociedade Portuguesa de Cardiologia relembra ainda que, no mês de maio, mês em que, juntamente com a Fundação Portuguesa de Cardiologia, se tem alertado para a problemática da Insuficiência Cardíaca, que atinge todos os anos cerca de 400 mil Portugueses, a Morte Súbita surge como mais uma das consequências desta doença que não pode ser esquecida!

Outras informações:

O que é o Suporte Básico de Vida?
É um conjunto de manobras, com compressões torácicas (massagem cardíaca) e ventilações, que permite a manutenção da vida no indivíduo em paragem cardíaca, até à chegada dos socorristas.

O que significa, no contexto da Morte Súbita, ter uma formação em Suporte Básico de Vida?
Uma pessoa com formação em Suporte Básico de Vida pode sempre intervir rapidamente e ganhar minutos que podem ser essenciais para a vida, até que meios de socorro mais avançados cheguem.

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