Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
O coordenador do Núcleo da Doença VIH (NEDVIH) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), Telo Faria, defendeu hoje o...

Em declarações à agência Lusa em Viseu, onde estão a decorrer as XVII Jornadas sobre Infeção VIH da SPMI, Telo Faria lembrou que, “ao longo da história sempre houve migrantes e refugiados” e, “junto com as migrações, doenças que começaram a aparecer em certos contextos geográficos mundiais”.

“A questão que se coloca é: quais as repercussões destas migrações na saúde das populações?”, questionou.

Segundo o médico, “os dados epidemiológicos da infeção por VIH nos países de origem dos migrantes são escassos, refletindo a debilidade dos sistemas de saúde”, por exemplo, no caso do Norte de África.

“Em relação ao Leste Europeu, embora tivessem sistemas de saúde sustentáveis e até com alguns modelos para o resto da Europa, eram muito escassas as informações sobre o VIH. Portanto, há um certo desconhecimento sobre infeções nestes países também”, acrescentou.

Na sua opinião, importa perceber “se poderá haver repercussões significativas na Europa, diretamente pela própria imigração dos seropositivos ou, de um modo indireto, pelo aumento de comportamentos de risco das novas populações”.

“E tem que se ver também se as atuais estruturas dos sistemas de saúde europeus terão capacidade de dar respostas adequadas e eficientes”, frisou.

Com o objetivo de ter um conhecimento “o mais rigoroso possível da epidemiologia da população imigrante”, Telo Faria entende que “faria algum sentido um programa de testes rápidos a este tipo de população”.

“Dinamizar ações de informação, esclarecimento e formação e também a implementação de um programa preventivo” são outras medidas que defende, conjugadas com “um acesso rápido aos serviços de saúde”.

“Tudo isto tem que ser feito com a inteligência e com a sensibilidade necessárias por parte de nós todos e dos sistemas de saúde no sentido de respeitar os hábitos e a cultura desses povos”, sublinhou.

As XVII Jornadas sobre Infeção VIH da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna terminam no sábado.

Especialista alerta:
A coordenadora do serviço de Patologia Dual do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) alertou hoje para o facto de...

"Há uma grande discrepância entre aquilo que sabemos cientificamente e aquilo que continuamos a fazer na prática", disse à agência Lusa a coordenadora de Patologia Dual, Célia Franco, criticando a falta de vontade política para se alterar o paradigma de tratamento de adições.

A metodologia que hoje ainda é usada é "dos anos 50, 60 e 70" do século XX, levando a mais recaídas, desvalorização de possíveis doenças psiquiátricas de base e a um tratamento focado no fim do consumo, sublinhou.

Para Célia Franco, o trabalho do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) foi "brilhante durante o século passado, mas atualmente está desatualizado". Defende, por isso, a remodelação da abordagem e a integração das adições nos serviços de psiquiatria.

Se se mantiver o atual modelo, alerta, vai-se continuar a "tratar doentes para sistematicamente recaírem, serem reinternados e voltarem ao ponto zero".

"No século passado, acreditava-se que as pessoas consumiam substâncias por alteração de comportamento. Com todos os trabalhos científicos realizados, começou-se a perceber que o nosso cérebro tem recetores para a canábis, cocaína ou heroína, e existem porque há substâncias no cérebro semelhantes a essas usadas para abuso e que são fundamentais para o equilíbrio do ser humano", explanou.

Partindo desse pressuposto, "percebeu-se que as pessoas que ficam dependentes de substâncias são pessoas em que esses circuitos neurobiológicos não funcionam adequadamente", referiu Célia Franco, uma das coordenadoras do livro "Doença Psiquiátrica e Adição", que reúne testemunhos de vários profissionais e especialistas nacionais e estrangeiros sobre esta problemática.

Antes, "pensava-se que o indivíduo era saudável antes de consumir", mas hoje sabe-se que, face a fatores biológicos, familiares ou de personalidade, as pessoas podem ter "maior ou menor vulnerabilidade" para ficarem dependente de uma substância.

O problema, sublinha, é que atualmente o tratamento está focado apenas na interrupção do consumo, sem atender ao porquê de "o indivíduo ter adoecido" e às possíveis situações "em que há fragilidade".

"Temos que perceber o que aconteceu para não conseguirem largar a substância. Isto não está dependente da vontade do indivíduo. Se estivesse, todos os doentes que tenho já tinham parado de consumir", frisou Célia Franco.

Com o atual paradigma, o que acaba por interessar "é se o indivíduo bebe ou não. Se não bebe, está bem, mas não interessa se não dorme, se chora a toda a hora, se se irrita com as pessoas", constata a especialista.

A médica psiquiatra dá o exemplo de um utente, viciado em heroína, que assim que retiraram a metadona teve "um episódio psicótico gravíssimo. Se o indivíduo tem uma dependência em opioides, é porque precisa de opioides e, uma vez estabilizado, este é um medicamento que ele tem de fazer toda a vida, como um diabético faz com a insulina", afirmou.

O livro foi apresentado hoje no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, tendo contado com a presença de Álvaro de Carvalho, diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental, que apoiou a edição da obra.

O tema do livro e as preocupações nele espelhadas voltam a ser alvo de debate no 6.º Congresso Internacional de Patologia Dual e Aditiva, que decorre em Lisboa, entre 01 e 03 de junho.

Sociedade Portuguesa de Oftalmologia associa-se a iniciativa do Ministério da Saúde
Mais de mais de 5 mil crianças nascidas em 2014 vão integrar um projeto piloto do Ministério da Saúde que visa alargar cuidados...

Este rastreio de saúde visual infantil, de base populacional, deve observar todas as crianças no semestre em que completam dois anos de idade. Um segundo rastreio, a complementar o efetuado aos dois anos, deverá ser feito a todas as crianças entre os quatro e os cinco anos de idade. Este segundo rastreio tem como objetivo detetar novos casos de crianças com ambliopia ou em risco de a desenvolver. As crianças com rastreio positivo são rapidamente referenciadas para uma consulta de oftalmologia no Serviço Nacional de Saúde.

A Direção da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) explica que “este é um projeto que resulta da vontade do Ministério da Saúde em fortalecer a saúde visual em articulação com os cuidados primários do SNS”, projeto que a SPO acompanhou e para o qual contribuiu defendendo designadamente um rastreio nacional de fatores de risco implicados na ambliopia.

Pedro Menéres, Médico Oftalmologista da Direção da Sociedade tem a expectativa, que “após a validação do estudo piloto que envolve mais de 5000 crianças do grande Porto, o programa de rastreio nas crianças possa ser alargado a todo Portugal já em 2017 com o objetivo de eliminar a ambliopia no nosso país. “A ambliopia é vulgarmente conhecida como olho preguiçoso e apenas tem tratamento nos primeiros anos de vida”.

Vão ainda avançar, também de modo inicial na região Norte, os primeiros rastreios da degenerescência macular da idade (DMI), que deve abranger todos os utentes do SNS selecionados para o rastreio primário da retinopatia diabética.

Estudo
Pelo menos uma em cada dez pessoas que sofrem uma fratura no fémur morre no ano seguinte ao acidente, segundo uma investigação...

A apresentar no XVIII Congresso de Reumatologia, que decorre em Vilamoura, este estudo analisou os doentes admitidos ao longo do ano de 2015 no Hospital Garcia de Orta, recorrendo aos registos clínicos para fazer uma avaliação.

De acordo com dados parciais, são entre 10% a 20% os doentes que sofrem uma fatura no fémur, que é considerada a principal consequência de quem sofre de osteoporose, a morrer no ano seguinte ao episódio.

Os fatores que surgem associados àquela taxa de mortalidade são a idade avançada, a falta de diagnóstico da doença antes da fratura e a ausência de tratamento para a osteoporose.

Especialistas envolvidos no estudo salientam que as fraturas recorrentes aumentam o risco de vida dos doentes e reforçam que o diagnóstico e tratamento devem ser eficazes e iniciados o mais cedo possível.

Perto de 70% do total de doentes - dos 348 estudados - sofriam de uma ou duas patologias, sendo a hipertensão o problema mais reportado. As fraturas mais frequentes, em 60% das situações, envolveram a região do colo do fémur.

Apenas cerca de cinco por cento dos doentes com fraturas não necessitaram de cirurgia, cerca de um terço precisou de uma cirurgia de substituição articular e em 60% dos casos houve submissão a uma osteossíntese (junção dos fragmentos ósseos com ajuda de parafusos ou placas).

Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica
Os pólenes vão estar em níveis muito elevados nas regiões do Alentejo e do Algarve a partir de sexta-feira e durante uma semana...

Segundo a SPAIC, a previsão para a semana de 6 a 12 de maio indica que em Évora (região do Alentejo) os pólenes encontram-se em níveis muito elevados, em particular devido aos pólenes das árvores sobreiro e oliveira e das ervas urtigas, azeda, tanchagem e gramíneas.

Também em Portimão (região do Algarve), os pólenes vão estar em níveis elevados, predominando no ar os pólenes de oliveira, sobreiro, e carvalhos e das ervas gramíneas, tanchagem, urtiga e quenopódio.

No resto do país os níveis de pólenes vão estar em níveis moderados, sendo que na região de Lisboa e Setúbal predominam os pólenes das árvores oliveira, sobreiro e outros carvalhos e das ervas gramíneas, urtiga e parietária.

Para o Norte, a região de Trás-Os-Montes e Alto Douro vão ter níveis moderados de pólenes, sobretudo de pinheiro, carvalhos, bétula e oliveira e das ervas gramíneas, azeda, parietária e tanchagem.

No Porto (região de Entre Douro e Minho), os pólenes predominantes são os das árvores carvalho, pinheiro e bétula e da erva urtiga.

Em Castelo Branco (região da Beira Interior) e Coimbra (Beira Litoral) predominam os pólenes do carvalho, oliveira e bétula e das ervas urtiga, azeda, gramíneas, tanchagem e parietária.

No arquipélago dos Açores, os pólenes estão igualmente em níveis moderados, com destaque para os dos pinheiros, carvalhos e bétula e os das ervas urtiga e parietária.

Já na Madeira, os pólenes atingem níveis baixos, predominando os das árvores pinheiro, cipreste e bétula e das ervas urtiga e parietária.

Dia Mundial da Higiene das Mãos
Hoje celebra-se o dia Mundial da Higiene das Mãos, um dia instituído em 2005 e que conta já com a pa

Pode parecer um gesto banal, que vamos repetindo ao longo do dia, mas lavar as mãos é a forma mais básica, barata e eficiente de controlar infeções.

Na realidade, o simples ato de lavarmos as mãos reduz em 40 por cento a incidência de infeções responsáveis por diarreias, gripe, doenças de pele e erupções, dores de garganta, entre outras afeções.

Por isso, e pela importância que este ato representa também no meio hospitalar, foi instituído, pela Organização Mundial de Saúde, este dia.

De acordo com Didier Pittet, diretor do Programa de Controlo de Infeções, do Hospital Universitário de Genebra, “todos os anos estas infeções afetam centenas de milhões de doentes em todo o mundo”.

“Através da higienização das mãos, os prestadores de cuidados de saúde podem ajudar na prevenção destas doenças e contribuir para a redução do seu impacto a nível global”, acrescenta.

O contato é a via de transmissão mais comum de germes através das mãos, e embora a maioria dos germes seja inofensiva, outros há que não o são. É, por isso, importante que se proteja e que proteja quem o rodeia.

E porque as boas práticas se devem incutir cedo, é de igual importância que as crianças também conheçam os benefícios e importância da lavagem correta das mãos.

Ensiná-los, desde sempre, que este gesto deve fazer parte da nossa rotina é meio caminho andado para as manter longe de alguns riscos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a correta higienização das mãos deve demorar entre 40 e 60 segundos. O mesmo que demora a cantar “parabéns a você” duas vezes seguidas.

Um procedimento que, tal como explica a Associação Nacional de Controlo da Infeção, deve realizar sempre:

  • Antes de comer ou manusear alimentos
  • Após ter utilizado a casa de banho
  • Após tossir, espirrar ou assoar o nariz
  • Após tocar em animais ou seus dejetos
  • Após manusear resíduos
  • Após mudar fraldas
  • Antes e após tocar em doentes ou feridas
  • Antes e após ir de visita a uma enfermaria

Como lavar corretamente as mãos

  1. Molhe as mãos
  2. Aplique na palma da mão a quantidade suficiente de sabonete líquido para cobrir todas as superfícies das mãos
  3. Ensaboe as palmas das mãos, friccionando entre si
  4. Esfregue a palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda, entrelaçando os dedos. Repita o procedimento no lado oposto
  5. Entrelace os dedos e friccione os espaços interdigitais
  6. Esfregue o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta, segurando os dedos, com movimento “vai-vem”
  7. Esfregue o polegar esquerdo com a ajuda da palma da mão direita utilizando um movimento circular. Repita no lado oposto
  8. Friccione as polpas digitais e unhas contra a palma da mão fazendo um movimento circular
  9. Enxague bem as mãos com água
  10. Seque as mãos com uma toalha (de preferência papel descartável)
Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo
Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) constatou que a bactéria usada para tentar reduzir a propagação da febre de...

Luciano Moreira, líder do projeto “Eliminar a Dengue: Desafio Brasil”, citado pela Agência Brasil, referiu que a nova experiência de laboratório mostrou que os mosquitos infetados com a bactéria 'Wolbachia' não têm capacidade para transmitir o Zika.

"Mostramos isso fazendo a seguinte experiência: tínhamos mosquitos que estavam infetados [com Zika], divididos em dois grupos: com 'Wolbachia' e sem 'Wolbachia'. Depois de duas semanas, coletámos a saliva dos mosquitos dos dois grupos e a injetámos em mosquitos sadios, que nunca haviam visto o vírus [Zika]", explicou.

O investigador acrescentou que "quando a saliva tem origem nos mosquitos com 'Wolbachia', não se consegue fazer uma infeção nos mosquitos [sadios]", o que mostra "que a 'Wolbachia' bloqueou a transmissão do vírus".

Desde 2014 que a Fiocruz estuda os chamados "mosquitos do bem" como um meio natural de controlo da febre de dengue.

Os pesquisadores defendem que essa é uma alternativa natural, segura e autossustentável para o combate da dengue, Zika e chikungunya, diversos tipos de febres hemorrágicas.

O Brasil registou 91.387 casos prováveis de Zika em 2016, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados no passado dia 26 de abril.

Desde 2007 que a infeção com o vírus Zika já foi registada em 39 países do mundo.

Cientistas mantêm vivos embriões humanos 'in vitro' durante tempo recorde
Cientistas conseguiram manter vivos embriões humanos, cultivados em laboratório, durante 13 dias, tempo para lá do período...

Investigadores das universidades de Cambridge, no Reino Unido, e Rockefeller, nos Estados Unidos, interromperam deliberadamente o crescimento dos embriões antes dos 14 dias permitidos pela legislação britânica para os estudar.

Os laboratórios costumam manter o desenvolvimento dos embriões, fecundados 'in vitro', durante sete dias antes de os transferir para o útero da mulher, para que possam sobreviver. Até agora, não tinham sido cultivados para lá dos nove dias.

Segundo o estudo, publicado na revista Nature Cell Biology, a técnica usada pode melhorar os tratamentos de fertilidade, aprofundar as causas dos abortos involuntários e revolucionar o conhecimento sobre as primeiras etapas da vida humana.

Graças à técnica, os cientistas puderam estudar, pela primeira vez, a formação do epiblasto, a diminuta acumulação de células obtida aos dez dias de fecundação e que dará origem ao feto.

Para conseguir que os embriões continuassem a formar-se fora do útero materno, os investigadores conceberam um método químico que permitiu reproduzir o estado em que se encontrariam em condições naturais.

De acordo com o estudo, o método requer um meio rico em nutrientes e uma estrutura que possibilita ao embrião "implantar-se".

"O desenvolvimento embrionário é um processo extremamente complexo e, ainda que o nosso sistema, talvez, não possa reproduzir, por completo, todos os aspetos desse processo, permitiu revelar já uma capacidade importante de auto-organização dos blastocistos [embriões com cinco ou seis dias de vida], que, até agora, desconhecíamos", assinalou uma das autoras da investigação, Marta Shahbazi.

A principal causa dos abortos involuntários, nas primeiras fases da gravidez, por exemplo, é a incapacidade de alguns embriões implantarem-se no útero.

Em Portugal, é proibida a investigação científica com embriões humanos.

Eutanásia
A comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais criou um grupo de trabalho para coordenar "a agenda preparatória"...

O deputado do BE José Manuel Pureza manifestou disponibilidade para redigir o relatório sobre a admissibilidade da petição "pelo direito a morrer com dignidade", que começou por ser o texto de um manifesto cívico, e alcançou mais de oito mil assinaturas, mais do dobro das quatro mil necessárias para levar a discussão a plenário.

José Manuel Pureza afirmou, contudo, sentir-se "mais confortável com um conjunto de iniciativas que pudessem tornar o relatório uma coisa mais exigente" do que um "conjunto de automatismos formais" e propôs um grupo de trabalho.

Esse grupo de trabalho deverá "coordenar a agenda preparatória do relatório", com audições e outras iniciativas, disse.

Nenhum partido manifestou oposição, tendo o deputado Telmo Correia questionado se podem integrar o grupo de trabalho deputados que não estejam na comissão de Assuntos Constitucionais, o que obteve resposta positiva.

A petição com mais de oito mil assinaturas pela despenalização da morte assistida foi entregue na Assembleia da República no dia 26 de abril, e na altura o BE, através de José Manuel Pureza, disse que iria apresentar uma iniciativa legislativa sobre a matéria até ao final da legislatura.

O texto da petição, que esteve disponível para assinatura na internet, é o mesmo do manifesto assinado por mais de 100 personalidades da sociedade portuguesa que defendem a despenalização da morte assistida.

O movimento assume-se como um conjunto de cidadãos "unidos na valorização privilegiada do direito à liberdade" e tem como proponentes da petição o médico e antigo coordenador do Bloco de Esquerda, João Semedo, o cineasta António Pedro Vasconcelos, a pediatra Isabel Ruivo, entre outros.

Terra dos Sonhos
A Unidade de Cuidados Intensivos da Felicidade abriu portas há um ano e já ajudou 1.400 pessoas, entre as quais crianças...

Localizada em frente ao Hospital Egas Moniz, na Rua da Junqueira, em Lisboa, a Unidade de Cuidados Intensivos da Felicidade (UCIF) foi criada pela associação Terra dos Sonhos para apoiar crianças com doenças crónicas e em estado grave e jovens institucionalizados, mas também está aberta ao público em geral.

Um ano depois da entrada em funcionamento da primeira unidade de saúde emocional em Portugal, Andreia Martins, ‘hapinesse maker’ e responsável pela UCIF faz um “balanço muito positivo” deste novo modelo de intervenção.

“Apesar de ter sido pensado inicialmente num outro contexto, o balanço foi muito positivo, porque o facto de ter arrancado numa sede própria possibilitou chegar a um maior número de pessoas dentro e fora no nosso público-alvo inicial, o que nos pareceu uma mais-valia muito interessante”, disse à agência Lusa Andreia Martins.

A Casa dos Sonhos pretende ter impacto na qualidade de vida das pessoas que por lá passam, capacitando-as para viverem vidas mais felizes, independentemente das suas circunstâncias e limitações físicas, emocionais e psicológicas.

Nos programas de intervenção, que têm um mínimo de seis sessões, trabalha-se, sobretudo, "a autoestima, a gestão das emoções, a forma como os miúdos comunicam e como recebem esta comunicação e a aceitação das mudanças que a vida lhes vai impondo”, contou Andreia Martins.

O objetivo é que “os miúdos consigam de uma forma mais continuada e mais consistente gerir as circunstâncias que a vida lhes vai impondo”, “aceitando o que têm e aceitando como são”.

“Aquilo que acreditamos é que trabalhando estas competências (…) as crianças conseguirão ser agentes da sua própria felicidade”, sublinhou a ‘hapiness maker’.

A participação na UCIF é gratuita para as crianças com doenças crónicas e jovens em risco institucionalizados, que são sinalizados pelos hospitais e instituições sociais.

“Agora começamos já a receber pedidos de pais que querem vir fazer dinâmicas connosco, perceber melhor o que é a UCIF e o que são as suas atividades”, contou.

Ao longo do último ano, a Casa dos Sonhos recebeu visitas de escolas em que os alunos foram desafiados a fazer uma viagem “pelas emoções e pelos pensamentos” e entenderam a missão da Terra dos Sonhos, que já concretizou 603 sonhos de meninos muito doentes.

“Estes meninos que vêm fazer estas visitas estão a contribuir para que a Terra dos Sonhos possa continuar a sua missão”, diz Andreia Martins, contando que aconteceu “um fenómeno curioso”.

As crianças mobilizaram-se nas suas escolas para angariar dinheiro e realizar sonhos de crianças, o que acabou por acontecer, contou.

Os desafios da associação passam agora por aplicar o projeto em diferentes contextos, como hospitais e nas escolas, e “pôr na rua” este ano um rastreio de saúde emocional.

Insuficiência Cardíaca
Um Grupo de doentes pretende criar a Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca. O projeto, desenvolvido por um...

“A Insuficiência Cardíaca tem uma elevada morbilidade e mortalidade e é um problema de saúde incapacitante quando não controlado. Uma vez que existe ainda um grande desconhecimento da população e, acima de tudo, uma clara desvalorização deste problema de saúde, achámos que através de uma associação de doentes conseguiremos promover o conhecimento da doença, assim como partilhar experiências e informação relevante”, explica Joaquim Henriques Pereira, doente com Insuficiência Cardíaca, fundador e futuro presidente da Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca (AADIC).

“A Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca terá essa finalidade. Queremos ajudar os doentes e as suas famílias a lidar da melhor forma com a doença, proporcionando informação pertinente que lhes ajude a obter uma melhor qualidade de vida”, acrescenta ainda o futuro presidente da AADIC.

Em Portugal, a insuficiência cardíaca afeta mais de 4% da população, ou seja, cerca de 400 mil pessoas, sendo uma síndrome com elevada morbilidade e mortalidade. Prevê-se que a sua prevalência possa aumentar entre 50% a 70% até 2030, sendo, dessa forma, crucial prestar atenção a esta doença que, na Europa, é já a principal causa de internamento hospitalar após os 65 anos de idade.

5 de Maio
“Mulheres e recém-nascidos: no coração da obstetrícia” é o tema do encontro, a 5 de maio, no Polo B da instituição. Fórum...

A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) acolhe, a 5 de maio, o 2º Fórum do Dia do Enfermeiro de Saúde Materna, subordinado ao tema: “Mulheres e Recém-nascidos: no coração da obstetrícia” e que é organizado pela Rede ESMOG - Enfermagem de Saúde Materna, Obstétrica e Ginecológica.

Este fórum, a decorrer no Polo B da ESEnfC, em S. Martinho do Bispo, pretende responder ao apelo lançado pela International Confederation of Midwives (Confederação Internacional de Parteiras), de divulgar a importância do enfermeiro de Saúde Materna e Obstétrica (ESMO) e o seu contributo para o desenvolvimento da saúde sexual e reprodutiva e dos objetivos do milénio.

Numa sessão evocativa do Dia do Enfermeiro de Saúde Materna, pelas 11h00, estarão a Presidente da ESEnfC, Maria da Conceição Bento, a deputada à Assembleia da República e membro da Comissão Parlamentar de Saúde, Fátima Ramos, o presidente do Colégio de Especialidade de Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica da Ordem dos Enfermeiros, Vítor Varela, a representante da Associação Portuguesa dos Enfermeiros Obstetras, Dolores Sardo, o enfermeiro diretor do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), António Manuel Marques, e a presidente da Direção de Enfermagem do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Baixo Mondego, Maria Zita Gomes.

No 2º Fórum do Dia do Enfermeiro de Saúde Materna serão tratados os temas “O acesso das mulheres aos cuidados de saúde especializados”, “Investigação e cuidar em Enfermagem de Saúde Materna e Obstetrícia: que necessidades? Que desafios?”, “A ingestão hídrica durante o trabalho de parto”, “Intervenção não farmacológica na dor no pós-parto” e “Empowerment dos pais na amamentação”.

O programa do fórum encerra com um evento surpresa, pelas 17h00, no Largo da Portagem.

O encontro organizado pela Rede ESMOG conta, ainda, com uma mostra de cuidados, que apresentará experiências de melhoria da qualidade de cuidados, projetos de formação, investigação e extensão à comunidade.

A Rede ESMOG é uma cooperação técnica, científica e humanística de enfermeiros ligados à prática clínica, à gestão, ensino, formação e investigação, visando potenciar sinergias no âmbito da saúde sexual, reprodutiva e neonatal. Resulta da colaboração interinstitucional entre ACES do Baixo Mondego, CHUC e ESEnfC.

Mais informações estão disponíveis no sítio do evento na Internet, em www.esenfc.pt/event/eventoesmog2016.

A ESEnfC assinala, em 2016, os 135 anos de ensino de Enfermagem em Coimbra e em Portugal, além dos dez anos de fusão das duas instituições de ensino superior que lhe deram origem: as anteriores escolas Dr. Ângelo da Fonseca e de Bissaya Barreto.

EMAC promove
Aliar à dieta ao exercício físico. O PaleoTraining é um novo método de treino baseado nos movimentos dos nossos antepassados,...

A EMAC – Escola de Saúde Integral, localizada no Porto, vai promover um workshop em PaleoVida, um novo conceito que estende os princípios da dieta paleolítica à prática de exercício físico. O curso acontece no dia 8 de maio.

A PaleoVida propõe o regresso a um estilo de vida primitivo, baseado na dieta paleolítica, que privilegia a ingestão de carne, peixe, ovos, legumes e frutas, e exclui todo e qualquer alimento processado, e no PaleoTraining. Este é um método de treino baseado nos movimentos que os nossos antepassados faziam para manter a sobrevivência, como correr descalço, rastejar, saltar obstáculos e pendurar-se em troncos. As sessões são curtas, mas intensas e variadas e devem ser praticadas ao ar livre.

A ideia nasceu em Espanha, em 2007, pelas mãos de fisioterapeutas, professores de educação física, médicos e biólogos. Entre os fundadores está o Dr. Carlos Perez, fisioterapeuta formado em Medicina Natural e Nutrição, que estará na EMAC para orientar o curso e divulgar a PaleoVida em Portugal, onde o conceito ainda desperta muita curiosidade.

O curso de PaleoVida destina-se a profissionais de saúde, profissionais ligados ao desporto, e todas as pessoas interessadas em melhorar a sua qualidade de vida. As inscrições ainda se encontram a decorrer, mas as vagas são limitadas. O valor por inscrição é de 90€, sendo que alunos da escola têm uma redução especial.

Para mais informações ou inscrições: [email protected] ou 225 105 910 / 917 458 292.

Infarmed
A revisão efetuada concluiu que não existem diferenças no risco de desenvolvimento de pneumonia, em doentes com doença pulmonar...

Como tal, considera-se que os benefícios destes medicamentos continuam a ser superiores aos riscos, não existindo alterações ao modo como devem ser utilizados.

Os corticosteroides para inalação são muito utilizados para tratar a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), sendo a pneumonia um efeito secundário comum deste tratamento (pode afetar entre 1 a 10 doentes em cada 100). Em Portugal, os corticosteroides para inalação disponíveis com indicação para o tratamento da DPOC por via inalatória são a budesonida e a fluticasona.

Embora exista alguma evidência do aumento do risco de pneumonia com o aumento da dose de esteroides, esta não foi conclusiva em todos os estudos. Por essa razão, os benefícios destes medicamentos continuam a superar os seus riscos.

Os médicos e os doentes com DPOC devem estar atentos aos sinais e sintomas de pneumonia (que incluem febre, arrepios, aumento da expetoração ou alteração da sua cor, agravamento da tosse ou dificuldades respiratórias), uma vez que estes se podem confundir com os da exacerbação da doença subjacente. A deteção precoce dos sinais e sintomas permite um melhor tratamento.

A informação aprovada para estes medicamentos será atualizada para refletir a evidência atual sobre o risco de pneumonia, após decisão favorável da Comissão Europeia.

ISPA alerta
Um responsável do ISPA - Instituto Universitário alertou hoje para a dificuldade em contratar bioinformáticos, uma...

José Cruz, responsável pela licenciatura em Bionformática do ISPA – Instituto Universitário, disse à agência Lusa que "há falta de profissionais nesta área", que é nova e exige uma formação multidisciplinar, já que "o profissional desta área tem de ser um informático, mas também ter conhecimentos de biologia e conhecimentos bastante avançados de estatística e de matemática".

Trata-se de aplicar as técnicas informáticas mais recentes, como inteligência artificial ou aprendizagem automática, à recolha, tratamento e análise de informação científica, obtida pela medicina e pela biologia, nomeadamente para conhecimento do genoma e funcionamento das células.

"Deve ajudar os investigadores no desenho das experiências, no planeamento da melhor forma para recolher essa informação" e é uma área que "vai ter um desenvolvimento muito grande no futuro, já tem hoje e o crescimento não vai reduzir", defendeu José Cruz.

O professor do ISPA deu o exemplo da importância do papel do bioinformático na realização de uma sequenciação do genoma numa família, para detetar a presença de uma doença.

A experiência vai abranger várias pessoas e é necessário organizar um conjunto de programas informáticos para trabalhar a informação recolhida, que "abrange uma quantidade enorme de dados, impossível de ser trabalhada manualmente", explicou.

A bioinformática tem de ir adaptando as suas ferramentas ao tipo de informação que vai sendo disponibilizada pelos laboratórios científicos, por isso, apesar de ser uma área nova, está em constante mutação.

Esta área profissional regista grande procura em todo o mundo e José Cruz exemplificou com os EUA, onde existe diversidade de formação técnica e "grande número de ofertas de trabalho", ou com a China.

Em Portugal, referiu, "o número de posições de bioinformático é muitíssimo menor do que em outros países, mas, mesmo assim, as poucas que vão abrindo não têm colocação".

Várias universidades portuguesas disponibilizam diferentes níveis de formação em Bioinformática e alguns grupos tentam organizar a profissão, havendo ainda poucos dados acerca da situação, mas "diria que estamos abaixo das duas centenas de técnicos em Portugal", apontou o professor.

O curso de Bioinformática tem uma cariz multidisciplinar e os alunos ficam com preparação para desempenhar funções de informático, em geral, mas também para participar na análise de dados de biologia, podendo depois especializar-se em informática, biologia ou outra vertente científica.

"É uma área que vai precisar de recursos e o seu desenvolvimento no mundo, em Portugal em particular, vai depender da capacidade que tivermos de formar esses recursos e de os [tornar] aptos ao trabalho", concluiu José Cruz.

Nos EUA
Os erros médicos são a terceira causa de morte nos EUA, após as doenças cardiovasculares e o cancro, com cerca de 250 mil...

Não existem estatísticas oficiais sobre as mortes resultantes de erros médicos. Mas estimativas recentes situam-nas entre as 210 mil e as 400 mil entre os doentes hospitalizados nos EUA.

Com base em estudos que remontam a 1999, e extrapolando para o conjunto das hospitalizações reportadas em 2013, Martin Makary e Michael Daniel, da Johns Hopkins University School of Medecine de Baltimore, calcularam uma taxa média de 251.454 morte por ano ligadas a erros médicos, um número que consideram “subestimado”, porque só consideraram as mortes ocorridas no hospital.

“É a terceira causa de morte nos EUA”, afirmou Makary, que em declarações à AFP, sublinhou que o problema não é específico dos EUA, mas generalizado em todo o mundo.

“As pessoas morrem por erro de diagnóstico, sobredoses de medicamentos, tratamentos fragmentados, problemas de comunicação ou complicações evitáveis”, acrescentou. Disse também que a má qualidade dos cuidados de saúde em África mata provavelmente “mais pessoas que a sida ou o paludismo juntos”.

Os autores do estudo recomendaram a aplicação de medidas que permitam reduzir “a frequência” e “as consequências” dos erros médicos.

Ministro da Saúde alemão
A Alemanha quer legalizar a 'cannabis' para fins medicinais no início do próximo ano, afirmou o ministro da Saúde...

“O nosso objetivo é que os doentes graves sejam tratados da melhor maneira possível”, disse Hermann Groehe, que vai apresentar ao executivo alemão, na quarta-feira, um projeto-lei nesta matéria.

O projeto-lei alemão irá ao encontro de leis já aplicadas em outras partes do mundo que preveem o uso medicinal da 'cannabis' para aliviar o sofrimento de doenças como cancro, glaucoma, síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA), hepatite C, Parkinson e outras doenças graves.

No entanto, a questão do consumo recreativo e medicinal da 'cannabis' gera controvérsia em muitos países.

Muitas pessoas temem a vertente criminal regularmente associada ao consumo de drogas e à toxicodependência, enquanto outras vozes argumentam que o uso da 'cannabis' pode levar à dependência de drogas mais pesadas.

O ministro da Saúde alemão reconheceu que a 'cannabis' “não é uma substância inofensiva”, precisando que estará disponível em farmácias e que só poderá ser adquirida com receita médica.

Até à criação de plantações devidamente supervisionadas, a Alemanha vai importar “marijuana medicinal”, acrescentou Hermann Groehe.

“Sem querer antecipar o trabalho do Bundestag [câmara baixa do Parlamento], é provável que a lei entre em vigor na primavera de 2017”, referiu ainda o ministro, em declarações ao diário alemão Die Welt.

Hospital de Guimarães
O Tribunal de Guimarães condenou a multa de 2.400 euros uma médica do hospital público daquela cidade, por alegada negligência...

A médica, condenada por homicídio por negligência, terá ainda de pagar, em conjunto com o hospital, uma indemnização de perto de 295 mil euros ao marido e aos dois filhos da vítima.

A outra médica que também era arguida no processo, e que foi responsável pelo primeiro atendimento da vítima na Urgência, acabou por ser absolvida.

A morte registou-se a 6 de setembro de 2010.

Antes disso, a vítima, de 37 anos, tinha recorrido à Urgência do Hospital de Guimarães na noite de 29 de agosto, com queixas de cansaço, tosse e expetoração com sangue.

Foi submetida a exames e foi-lhe dada alta, sem diagnóstico concreto.

Cerca de 12 horas depois voltou ao hospital, acrescentando "desconforto torácico" às queixas anteriores, mas teve novamente alta, igualmente sem diagnóstico.

A 31 de agosto, a paciente entrou novamente no Hospital de Guimarães, mas já em paragem cardiorrespiratória, vindo a morrer a 6 de Setembro, por falência multiorgânica, resultante de um tromboembolismo pulmonar.

Para o tribunal, a médica responsável pelo segundo atendimento na Urgência violou a "legis artis", não tendo observado os cuidados, cautelas e diligências que lhe eram exigidas.

"Uma segunda ida às Urgências em menos de 24 horas deve ser sempre um sinal de alerta e de alarme", referiu a juíza, acusando a médica de ter desvalorizado os sintomas e os resultados dos exames realizados.

Considerou que a médica deveria, nomeadamente, ter diligenciado a realização de exames complementares e pedido a intervenção de um especialista de Medicina Interna.

Para o tribunal, se a arguida tivesse atuado dessa forma, a possibilidade de a paciente sobreviver seria de 50 por cento.

No julgamento, as duas médicas garantiram ter agido "segundo as regras", perante o quadro clínico que lhes foi apresentado.

A médica responsável pelo segundo atendimento alegou que a paciente "dizia que não sentia nada" e que "aparentava estar completamente normal".

"A mim não se queixou de nada, aliás quase nem falou, esteve o tempo todo sentada, ao telemóvel. Pedi alguns exames que não foram conclusivos, disse-lhe que alguma coisa ela tinha mas eu não conseguia saber o que era e que por isso devia procurar o médico de família", explicou a médica.

Disse ainda que, naquele dia, as Urgências estavam "uma confusão" e que se, perante o quadro clínico apresentado pela doente, tivesse chamado um especialista de Medicina Interna ainda estava sujeita a apanhar "um raspanete".

Estudo confirma
Quanto mais açoitadas forem as crianças, maior é a probabilidade de desafiarem os pais e mais desenvolvem comportamentos anti...

A investigação, publicada na última edição do Journal of Family Psychology, olha para os dados recolhidos em 75 estudos nos últimos 50 anos, envolvendo um universo de 160.927 crianças.

Os seus autores reclamam ser esta a análise mais completa até agora realizada sobre o açoite – definido como uma palmada de mão aberta nas nádegas ou nas extremidades, braços ou pernas - e os seus efeitos específicos, por comparação com outros estudos que incluem outros castigos físicos das crianças nas respetivas análises.

“Concluímos que o açoite está associado a resultados prejudiciais não esperados e não está associado à obediência imediata ou a longo prazo, que são os objetivos dos pais quando disciplinam os seus filhos”, afirma a autora principal do estudo, Elisabeth Gershoff, professora de Desenvolvimento Humano e Ciências da Família na universidade norte-americana do Texas em Austin, num comunicado divulgado pela instituição.

Gershoff e Andrew Grogan-Kaylor, co-autor do estudo, professor na Universidade de Michigan, concluíram que o açoite está associado de forma significativa a 13 entre 17 resultados examinados, todos prejudiciais.

“O principal remate do estudo é que o açoite aumenta a probabilidade de uma variedade alargada de resultados prejudiciais nas crianças. O açoite provoca portanto o oposto do que os pais pretendem normalmente com ele”, sublinha Grogan-Kaylor.

Gershoff e Grogan-Kaylor testaram alguns dos efeitos a longo prazo entre adultos açoitados enquanto crianças e perceberam que quanto mais agredidos tinham sido maiores eram os comportamentos antissociais e os problemas mentais experienciados. Estes adultos eram também os maiores defensores da punição física dos próprios filhos, o que ilustra uma das principais formas como esta forma de educação passa de pais para filhos.

Os investigadores norte-americanos sublinham no comunicado que cerca de 80 por cento dos pais em todo o mundo açoitam os filhos, de acordo com um estudo da Unicef de 2014, não obstante não existirem provas de quaisquer efeitos positivos decorrentes desta forma de educação e, pelo contrário, como nota Gershoff, de haver evidência ampla de que o açoite constitui um risco negativo para o comportamento e desenvolvimento da criança.

Tanto o açoite como os abusos físicos estão associados aos mesmos resultados prejudiciais nas crianças, na mesma direção e quase com a mesma intensidade, reforçam os investigadores.

“Nós, enquanto sociedade, olhamos para o açoite e para os abusos físicos como comportamentos distintos”, afirma Gershoff. “No entanto, a nossa investigação mostra que o açoite está ligado aos mesmos resultados prejudiciais que o abuso, apenas num grau ligeiramente mais baixo”, remata.

Estes resultados, de acordo com a investigadora, são consistentes com as conclusões de um relatório recente do Centers for Disease Control and Prevention, que apelou ao “compromisso público, campanhas de educação e abordagens legislativas para reduzir a punição física” das crianças, incluindo o açoite.

A legislação norte-americana não proíbe a punição física das crianças, vê mesmo esta conduta como aceitável, apesar da sua taxa de aceitação ter diminuído consideravelmente de 84% em 1986 para 70% em 2012. Na Europa, a França foi criticada em 2015 pelo Conselho da Europa por não proibir claramente todas as formas de castigo corporal das crianças, ao contrário da maioria dos países vizinhos.

Portugal, Itália, Bélgica, Irlanda e Grécia foram alvo em 2003 de uma queixa perante o Conselho da Europa por parte da Organização Mundial Contra a Tortura (OMCT), que considerava que a legislação portuguesa não protegia crianças dos açoites e outros tipos de punições físicas.

A instituição europeia respondeu à queixa dois anos depois, considerando que Portugal tem leis suficientes que permitem proteger as crianças dos castigos corporais; A OMCT argumentou, no entando, que não existe na legislação portuguesa nenhuma proibição explícita sobre castigos corporais por parte dos pais, e demonstrou ainda através de uma sondagem na altura que dois em cada cinco inquiridos acreditava que a lei permitia que dessem “uma bofetada/palmada aos seus filhos".

“Temos esperança de que o nosso estudo possa ajudar a educar os pais sobre os malefícios potenciais do açoite e levá-los a tentar formas positivas e não punitivas de disciplina”, conclui Elisabeth Gershoff no comunicado da universidade norte-americana.

Ordem dos Médicos
Cerca de 600 médicos internos não vão ter vaga para a sua formação na especialidade no próximo ano, um número que nunca foi tão...

Em declarações à agência Lusa, o presidente do Conselho Nacional do Internato Médico da Ordem dos Médicos, Edson Oliveira, disse que para o próximo ano foram estipulados 1.600 locais idóneos para a formação dos médicos.

Contudo, existem cerca de 2.200 que estão neste momento no internato geral e que em junho vão escolher a especialidade que querem seguir.

“A Ordem dos Médicos nunca deu tanta capacidade formativa como este ano e atingiu o seu limite. Teria de chegar um dia ao limite”, disse Edson Oliveira.

Sem vaga para a sua formação na especialidade ficarão 600 médicos que, após os seis anos de formação universitária, realizaram já o internato comum.

A falta de vagas não encontra solução no setor privado, no qual apenas poucas dezenas de profissionais fazem a especialidade.

Tal deve-se, segundo Edson Oliveira, às dificuldades próprias de um setor que tem sobretudo o fator económico associado.

Isto quer dizer que certos procedimentos que os formandos realizam durante a sua especialização não são realizados nas instituições privadas, pois tal poderia resultar em problemas com as seguradoras e os próprios clientes.

“Os internos têm uma velocidade própria do início da sua formação, mais vagar com os doentes e pedem mais exames, o que pode explicar o menor interesse por parte das instituições privadas” em proporcionar-lhes vagas para a especialização.

No ano passado, ficaram sem vaga 117 médicos, os quais receberam uma proposta do Ministério da Saúde para continuarem no Serviço Nacional da Saúde (SNS), a qual só foi aceite por metade dos médicos.

Para Edson Oliveira, esta é uma “solução falaciosa” e que apenas varre o problema “para debaixo do tapete”.

O clínico está preocupado com o previsível excesso de médicos formados que se deverá acentuar nos próximos tempos, quando algumas especialidades que agora têm falta de profissionais vir esse problema resolvido.

“Faltam 900 médicos de família, mas há 2.000 médicos que serão formados nesta especialidade no espaço de dois e três anos”, adiantou.

A solução passa, segundo a Ordem dos Médicos, por diminuir os números clausus, mas mesmo esta medida só terá efeitos práticos dentro de sete anos.

“Durante anos, e apesar dos alertas da Ordem dos Médicos, não houve planeamento e o resultado está à vista”, disse.

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