Portal do Serviço Nacional de Saúde

Doentes obesos esperam mais de dois anos por uma operação

Esta cirurgia é a que mais ultrapassa o que está na lei. Évora tem o pior tempo: 833 dias. Em urologia espera-se 300 dias.

Um doente com obesidade e que está na lista de espera para uma cirurgia pode ter de esperar mais de dois anos para receber tratamento. Segundo os dados disponíveis no Portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS), relativos a abril, o Hospital de Évora é o que apresenta o pior tempo de espera para os doentes de prioridade normal: 833 dias, quando o tempo máximo de resposta garantido (TMRG) é de 270 dias. Também na urologia há quem espere mais de 300 dias por uma operação, escreve o Diário de Notícias.

Os TMRG definem que os doentes considerados muito prioritários têm de ser operados em 15 dias, os prioritários em 60 dias e os restantes em 270 dias. São, porém, mais apertados para os doentes oncológicos. No caso dos muito prioritários são igualmente 15 dias, mas nos prioritários a resposta tem de ser dada em 45 dias e nos outros em 60 dias.

No caso da obesidade, outros hospitais do SNS apresentam tempos acima do aceitável, muito superiores a um ano de espera, o que torna esta especialidade uma das que tem pior resposta. Exemplos negativos são o Centro Hospitalar (CH) de Vila Nova de Gaia/Espinho com 566 dias, Faro com 412 dias, CH Douro e Vouga com 353 dias. Já o CH do Porto tem 312 dias na prioridade normal e 167 dias para os doentes prioritários.

É Évora que sobressai pela longa espera. "A origem do problema está no facto de haver apenas uma equipa multidisciplinar - a única em todo o Alentejo - que não consegue dar resposta a todas as situações. São casos complexos, operações que demoram muito tempo. Estamos a tentar que o cirurgião comece a formar alguns colegas para criar mais equipas, mas formar demora tempo. Tentamos responder às situações mais complexas", explicou ao DN José Robalo, presidente da Administração Regional de Saúde do Alentejo.

Carlos Oliveira, presidente da Associação dos doentes obesos ADEXO, lembra o fim do programa de combate à lista de espera que operou 6 mil doentes em dois anos. "Já se percebeu que operações dentro do programa normal dos hospitais não funciona. Compete ao ministério [da Saúde] alterar a situação para que as cirurgias tenham alguma prioridade. Estes doentes estão a gastar mais dinheiro ao SNS, não sendo operados, a tratar problemas cardíacos e respiratórios. Estimamos que este ano se gastem mais de 600 milhões euros no tratamento de doenças associadas à obesidade."

Também na urologia há hospitais que excedem em muito o TMRG na prioridade normal, como o CH Algarve com 552 dias, CH Baixo Vouga com 331 dias e hospital de Évora com 319 dias de espera. Os doentes oncológicos com prioridade normal também estão a esperar muito nos CH de Tondela-Viseu (163 dias) e de Setúbal (235 dias). No CH Lisboa Central os doentes prioritários esperam 30 dias.

"Genericamente temos urologistas e serviços mais que suficientes, dentro dos padrões da média europeia. Às vezes há má organização dos serviços e dos hospitais e temos de perguntar se os tempos operatórios são suficientes. O problema de lista de espera é, em boa parte, um problema de gestão interna e da rede hospitalar. Os doentes têm a opção da escolha e há doentes que não querem usar o vale cirurgia porque têm confiança no seu médico", aponta Avelino Fraga, presidente do colégio de urologia da Ordem dos Médicos, referindo que o caso dos doentes oncológicos é diferente.

Fonte: 
Diário de Notícias Online
Nota: 
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