Opinião
Ouvir é um acto simultaneamente físico, emocional e social.

Quando não identificada e tratada precocemente, a hipoacusia pode ter consequências graves. Nas crianças, interfere directamente no desenvolvimento da linguagem, no rendimento escolar e nas competências cognitivas. Nos adultos, pode comprometer a comunicação interpessoal, o desempenho profissional e aumentar o risco de isolamento social. Nos idosos, a perda auditiva não tratada é hoje reconhecida como um factor de risco independente e modificável que contribuiu para o desenvolvimento de demência . (in Ying G, Zhao G, Xu X, Su S, Xie X. Association of age-related hearing loss with cognitive impairment and dementia: an umbrella review. Front Aging Neurosci. 2023 Sep 18;15:1241224. doi: 10.3389/fnagi.2023.1241224. PMID: 37790283; PMCID: PMC10543744.)

Em Portugal, estima‑se que mais de um milhão de pessoas viva com algum grau de perda auditiva, mas apenas uma fracção recorre a apoio especializado. Neste contexto, multiplicaram‑se no mercado dispositivos de amplificação sonora de venda livre, à primeira vista mais baratos e práticos do que as próteses auditivas clínicas clássicas. Contudo, nem sempre o mais rápido ou económico é o mais adequado. As próteses auditivas modernas, adaptadas com base em exames audiológicos e calibradas digitalmente para a perda auditiva de cada indivíduo, não se limitam a aumentar o volume: seleccionam frequências, reduzem ruído e integram‑se, de forma quase invisível, no estilo de vida do utilizador. Ao longo deste artigo iremos comparar, ponto por ponto, as vantagens e limitações de próteses auditivas versus amplificadores, analisando factores como qualidade sonora, personalização, saúde auditiva a longo prazo e custos efectivos. O objectivo é fornecer informação clara e fundamentada para que cada leitor possa tomar uma decisão consciente, assente em evidência e não apenas no apelo de se ouvir «mais alto».

 

A importância da avaliação médica da surdez

A hipoacusia pode surgir em qualquer fase da vida — desde o período neonatal até à idade geriátrica — e as suas causas são múltiplas: factores genéticos, infeções congénitas, otite crónica, traumatismos, exposição acumulada a ruído, ototoxicidade, doenças sistémicas com afetação do ouvido (como algumas doenças auto-imunes), entre outras.

Clinicamente, a perda auditiva pode ser classificada em três grandes tipos: condução, quando a alteração se localiza no ouvido externo ou médio e impede a transmissão adequada do som; neurossensorial, quando o problema se situa no ouvido interno (cóclea) ou no nervo auditivo; e mista, quando coexistem ambos os componentes. Cada uma destas formas tem implicações diagnósticas, terapêuticas e prognósticas distintas.
Adicionalmente, existe a possibilidade de uma dificuldade na percepção auditiva, apesar de limiares auditivos periféricos aparentemente normais — como é o caso da neuropatia auditiva. Nestes quadros, a perturbação ocorre na transmissão sináptica ou na via auditiva central, exigindo avaliação detalhada e orientação por equipas especializadas em Otorrinolaringologia e Audiologia

Importa também destacar que a hipoacusia assimétrica — quando há diferença significativa de audição entre os dois ouvidos — deve ser cuidadosamente investigada por Otorrinolaringologia, especialmente se estiver associada a acufeno unilateral (zumbido num só ouvido).

Por outro lado, certas situações, como otites médias crónicas, otosclerose ou malformações congénitas, requerem vigilância clínica e, por vezes, tratamento cirúrgico, e não devem ser negligenciadas com soluções meramente amplificadoras.

Assim, antes de se iniciar qualquer forma de reabilitação auditiva — seja com aparelhos auditivos, amplificadores ou outro tipo de dispositivo — é imprescindível realizar uma avaliação médica otorrinolaringológica e uma bateria de exames audiológicos completos.

 

Reabilitação auditiva

A perda auditiva pode impactar negativamente o desenvolvimento infantil e o bem-estar do adulto, afetando a vida escolar, profissional, social e familiar. Quando não há tratamento médico ou cirúrgico, a reabilitação auditiva, por meio de próteses, é essencial.

Historicamente, os aparelhos auditivos evoluíram desde as cornetas acústicas até dispositivos modernos. As próteses passaram de modelos de bolso para tipos mais discretos e confortáveis, como os de uso intra-auricular. Além disso, houve avanços importantes na qualidade sonora com o uso de tecnologias digitais, que adaptam a amplificação às necessidades do utilizador, filtrando ruídos e prevenindo sons excessivamente altos.

Os aparelhos ou próteses auditivas são dispositivos médicos personalizados compostos por um microfone e um amplificador. Captam o som externo, convertem-no em sinal elétrico, amplificam-no e transformam-no novamente em som, adaptado à perda auditiva do utilizador. Esses aparelhos são ajustados por audiologistas, que realizam uma avaliação audiológica completa e programam o dispositivo para amplificar apenas as frequências afetadas, com controle da intensidade para proteger a audição residual e evitar danos.

Recursos como múltiplos microfones que permitem melhorar a captação do som e a relação sinal/ruído, gestão de feedback, comunicação wireless entre os aparelhos, conectividade Bluetooth e proteção contra humidade melhoraram significativamente a sua utilização.

Também houve avanços em sistemas implantáveis, como implantes cocleares, de ouvido médio e osteointegrados, que proporcionam audição mais natural, conforto e redução de riscos de infeções.

Com esses avanços, a qualidade de vida de pessoas com deficiência auditiva tem melhorado, e o papel do audiologista é fundamental na reabilitação auditiva e na inclusão social destes.

Em contraste, os amplificadores auditivos amplificam todos os sons igualmente, sem considerar o perfil auditivo da pessoa. Não possuem regulação por frequência, podendo causar sobre amplificação e prejudicar a audição, não sendo indicados para pessoas com perda auditiva.

Os aparelhos auditivos são considerados Dispositivos Médicos conforme o Regulamento (UE) 2017/745, sendo sua comercialização sujeita a registo no Infarmed.

A adaptação técnica desses aparelhos é regulamentada a nível europeu e nacional (Decretos-Lei n.º 261/93 e 320/99, Norma ISO 21388:2020), estando restrita a profissionais de saúde qualificados, como os Audiologistas.

A seleção e adaptação dos aparelhos insere-se no contexto da reabilitação auditiva e deve ocorrer em estabelecimentos de saúde regulados pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS), conforme o Decreto-Lei n.º 126/2014.

 

Conclusão

Concluir que as próteses auditivas são, na maioria dos casos, a opção mais vantajosa não é uma questão de marketing, mas de qualidade de vida. Enquanto os amplificadores auditivos podem oferecer um alívio imediato em situações pontuais, fá-lo-ão de forma indiscriminada, ampliando ruídos de fundo, distorcendo frequências e, por vezes, agravando a perda auditiva preexistente. As próteses, pelo contrário, resultam de um processo clínico: começam com uma avaliação médica e audiológica, seguem para uma prescrição individualizada e culminam numa adaptação progressiva, acompanhada por profissionais que ajustam parâmetros conforme a evolução do utilizador.

Esta abordagem holística traduz-se numa audição mais natural, numa melhor compreensão da fala e numa integração social efectiva, reduzindo o risco de isolamento, depressão e deterioração cognitiva associada à perda auditiva não tratada ou reabilitada. Além disso, quando analisamos o custo total de posse—que inclui manutenção, durabilidade, ganho funcional e, sobretudo, bem-estar — verificamos que o investimento inicial numa prótese auditiva se dilui ao longo dos anos, compensando amplamente a despesa. Em suma, ouvir não é apenas medir decibéis; é preservar a capacidade de sentir, comunicar e participar.

Optar por uma solução auditiva clínica é optar por viver plenamente, com a certeza de que cada som nos chega com a fidelidade que a nossa história merece.

 

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Canal S+
Há mais a uni-los do que a separá-los. São fiéis representantes de uma geração nascida entre 1997 e 2012, escolheram profissões...
O painel do novo programa do Canal S+, Geração Z, junta médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, dentistas e veterinários, num espaço onde se discute o presente e o futuro da saúde em Portugal.
Vasco Domingos, diretor de informação do Canal S+, afirma que “este era um conteúdo que urgia. É frequente ouvirmos que existe um conflito de gerações na área da saúde e que as prioridades dos profissionais, atualmente, são outras. É preciso ouvi-los”.
A coordenadora editorial, Mónica Baltazar, afirma, por outro lado, que “vai ser interessante perceber o que move estes jovens profissionais, num país onde a saúde é uma área de tantas carências”.
O encontro da Geração Z está marcado para as segundas-feiras, pelas 22:00 com moderação de Lígia Pinto, que assinala, desta forma, o regresso ao ecrã do Canal S+.
Esclerose Lateral Amiotrófica
O Dia Mundial da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), assinalado anualmente a 21 de junho, tem como objetivo consciencializar...

Em Portugal, a inexistência de um registo nacional atualizado de doentes e a escassez de estudos epidemiológicos dificultam o conhecimento real da prevalência e incidência da ELA. No entanto, na Europa, dados existentes apontavam para uma incidência de cerca de 2,1 casos por 100.000 pessoas/ano, em 2009. Estimativas com base em dados farmaco-epidemiológicos sugeriam uma prevalência de 10,32 casos por 100.000 habitantes, em Portugal, em 2016. Atualmente, estima-se que no nosso país vivam cerca de 1200 pessoas com esta doença. Em 2021, a Comissão de Trabalho de Ventilação Domiciliária da SPP criou o registo nacional de doentes com ELA sob ventilação domiciliária com o intuito de ajudar a conhecer melhor a realidade nacional.

A ELA pode surgir em qualquer idade, mas ocorre mais frequentemente após os 40 anos, com a incidência a aumentar com o avançar da idade, atingindo um pico entre os 70 e os 74 anos nos homens e entre os 65 e os 69 anos nas mulheres. Na forma mais comum da doença – a medular – o atingimento predominante dos músculos dos membros inferiores e superiores ,compromete  a marcha e mobilidade geral, de forma progressiva. Outros sintomas comuns  incluem a fraqueza, atrofia muscular, espasmos, cãibras, cansaço, rigidez, falta de ar e aumento da salivação. A inespecificidade e a evolução insidiosa dos sintomas podem tornar difícil o diagnóstico da ELA.

Não existindo, atualmente, cura para a ELA – a medicação disponível pode apenas retardar a progressão da doença - Bárbara Seabra e Carla Nogueira salientam o papel essencial que a Pneumologia desempenha na abordagem destes doentes: “a progressão da ELA para insuficiência respiratória é um fator prognóstico determinante, sendo os cuidados respiratórios, como a ventilação não invasiva, essenciais para melhorar a qualidade de vida e aumentar a sobrevida”.

As médicas pneumologistas destacam ainda a importância “da suspeição clínica e do diagnóstico precoces de forma a assegurar o tratamento e gestão adequados destes casos”. Para ambas, além dos profissionais de saúde – quer dos Cuidados de Saúde Primários, quer hospitalares – as associações como a APELA - Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica “desempenham um papel fundamental, no apoio, informação e oferta de recursos essenciais para pacientes com ELA e suas famílias”. Por fim, reforçam a importância da sensibilização pública: “é fundamental a sensibilização da sociedade para a ELA, visando o alargamento do suporte e compreensão necessários aos que vivem com esta condição”.

 

Universidade de Coimbra
Um grupo de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração com a...

Atualmente, as macroalgas e halófitas são reconhecidas como alimentos funcionais, representando uma fonte de nutrientes essenciais e compostos bioativos. O aumento do consumo destes produtos e o facto de serem ainda pouco estudados justificaram esta avaliação a nível nacional.

Os resultados mostram que o arsénio e o iodo são os dois elementos químicos que limitam o consumo, em segurança, de macroalgas, principalmente de macroalgas castanhas, que são as que as pessoas mais consomem. Por outro lado, as halófitas parecem ser uma boa alternativa se cultivadas em locais não contaminados.

Importa destacar que a Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC), da Organização Mundial da Saúde, classifica o arsénio como cancerígeno para o ser humano (Grupo I). A mesma organização reconhece, ainda, que a ingestão excessiva de iodo pode causar disfunção da glândula tiroide. O nível dos elementos químicos estudados está em curso em vários países europeus, em cumprimento de uma recomendação da Agência Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA), de 2018, que visa garantir a segurança alimentar e promover o desenvolvimento sustentável e responsável do setor.

«Este trabalho teve como principais objetivos determinar em que medida a ingestão de cádmio, chumbo, mercúrio, arsénio e iodo presentes em macroalgas e halófitas excede os limites de segurança conhecidos. Para além disso, foi avaliado o potencial das várias espécies e dos locais de amostragem estudados como possíveis promotores da economia azul e da agricultura marinha em Portugal, considerando que a acumulação dos elementos químicos está relacionada com a localização geográfica em que as várias espécies crescem», elucida Elsa Teresa Rodrigues, investigadora do Centro de Ecologia Funcional (CFE) e do Departamento de Ciências da Vida da FCTUC.

Nesta investigação concluiu-se, ainda, que as zonas estuarinas não são apropriadas para desenvolver agricultura marinha, enquanto a costa rochosa portuguesa apresenta condições seguras para esse fim.

De acordo com a equipa de investigadores, a implementação da agricultura marinha, em Portugal, deve ser feita apenas em zonas restritas da costa, com qualidade ambiental comprovada. Os produtos alimentares comercializados devem apresentar elevada qualidade, ser vendidos a preços justos e garantir benefícios económicos e ambientais, nomeadamente pelo aproveitamento dos subprodutos para o desenvolvimento de outro tipo de indústrias.

«É fundamental a Comissão Europeia estabelecer limites máximos para arsénio e iodo em macroalgas destinadas ao consumo humano e a sua monitorização rigorosa deve ser assegurada pelas autoridades nacionais competentes», consideram os especialistas.

«Faz-se, ainda, o apelo à população para limitar o consumo de macroalgas castanhas, devido ao seu elevado teor de arsénio e iodo, dada a possibilidade de haver efeitos adversos para a saúde», concluem.

O artigo científico “Risks of exceeding health-based guidance values for toxic metals and metalloids through seaweed and halophyte consumption” está disponível aqui.

 

Opinião
Os enfartes ou hemorragias cerebrais (Doenças Cerebrovasculares (DCV)), são acontecimentos súbitos q

A Organização Mundial de Saúde entende a Saúde Cerebral como a manutenção da capacidade do cérebro para funcionar eficazmente em áreas cognitivas, motoras, emocionais e sociais.1 A Saúde Cerebral é, por isso, considerada um pilar fundamental para manter o desempenho cognitivo e funcional, promovendo o bem-estar social, produtividade e a criatividade em todas as fases da vida.2

O Défice Cognitivo Vascular (DCV) resulta de lesões vasculares, podendo surgir subitamente após um AVC ou desenvolver-se gradualmente no contexto de doença vascular de pequenos vasos cerebrais. O DCV engloba um amplo espectro de problemas cognitivos, que vão desde simples queixas de memória até à demência, constituindo assim uma séria ameaça à Saúde Cerebral. 3,4

A Comissão Permanente da Lancet sobre a demência, em 2024, revelou que até 45% dos casos de demência podem ser prevenidos/adiados através do controlo de 14 fatores de risco modificáveis. Entre estes, incluem-se alguns com impacto direto na DVC — como a hipertensão, diabetes, dislipidemia, obesidade, tabagismo, sedentarismo e o consumo excessivo de álcool.5 No âmbito do Dia Mundial da Produtividade torna-se crucial, por estas razões, lembrar que investir na prevenção da DVC não só previne o DCV como salvaguarda a Saúde Cerebral, contribuindo para uma vida mais ativa, autónoma e, consequentemente, para o aumento da produtividade individual e coletiva.

 

Referências

1-Página em linha da OMS, consultada em 07/06/2025:  https://www.who.int/health-topics/brain-health#tab=tab_1

2- Avan A, Hachinski V; Brain Health Learn and Act Group. Brain health: Key to health, productivity, and well-being. Alzheimers Dement. 2022 Jul;18(7):1396-1407. doi: 10.1002/alz.12478.

3- Verdelho A, Wardlaw J, Pavlovic A et al. Cognitive impairment in patients with cerebrovascular disease: A white paper from the links between stroke ESO Dementia Committee. Eur Stroke J. 2021 Mar;6(1):5-17. doi: 10.1177/23969873211000258.

4- Mok VCT, Cai Y, Markus HS. Vascular cognitive impairment and dementia: Mechanisms, treatment, and future directions. Int J Stroke. 2024 Oct;19(8):838-856. doi: 10.1177/17474930241279888.

5- Livingston G, Huntley J, Liu KY  et al. Dementia prevention, intervention, and care: 2024 report of the Lancet standing Commission. Lancet. 2024 Aug 10;404(10452):572-628. doi: 10.1016/S0140-6736(24)01296-0. Epub 2024 Jul 31. PMID: 39096926.

 

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Semana Mundial da Continência | 16 a 22 de junho
No âmbito da Semana Mundial da Continência, que se assinala de 16 a 22 de junho, um conjunto de associações portuguesas – a...

A incontinência urinária é uma condição caracterizada pela perda involuntária de urina, que pode ocorrer de forma ocasional ou persistente e afetar tanto mulheres como homens, embora seja mais prevalente no sexo feminino e em idades mais avançadas. Em Portugal, estima-se que cerca de 600 mil pessoas vivam com esta disfunção e que entre 5% a 15% da população sofra de incontinência fecal.

O peso da doença vai muito além do desconforto físico: a perda de controlo sobre funções básicas do corpo tem repercussões profundas na autoestima, na autonomia e na qualidade de vida dos doentes. Muitos evitam sair de casa, reduzem a sua vida social, seguindo rotinas restritas e sentem vergonha, ansiedade ou mesmo depressão.

Neste sentido e de forma a dar algum suporte aos doentes, três associações portuguesas juntaram-se para lançar em Portugal um guia elaborado por Associações estrangeiras com o apoio da European Association of Urology. O documento “Respostas para BHA” pretende ajudar os doentes a compreender melhor a sua patologia e a tomar decisões informadas sobre o seu tratamento. O documento aborda de forma simples os sintomas da síndrome da bexiga hiperativa, as opções terapêuticas disponíveis e inclui, também, ferramentas para facilitar a comunicação com os profissionais de saúde e promover decisões partilhadas.

Para Joana Oliveira, Presidente da APDPI “Na APDPI trabalhamos todos os dias para dar visibilidade a condições que continuam envoltas em silêncio, vergonha e desinformação. A síndrome da bexiga hiperativa é ainda marcada por estigma e tabu, o que leva muitas pessoas a sofrerem em silêncio. Com este guia, queremos ajudar a quebrar essas barreiras, promovendo o acesso à informação, reforçando o direito de cada doente a ser ouvido e envolvido nas decisões sobre o seu tratamento, e incentivando uma relação mais aberta, empática e colaborativa com os profissionais de saúde. Falar abertamente sobre incontinência é um ato de coragem — e também de cuidado.”

Ricardo Pereira e Silva, Vice-presidente da APNUG acrescenta ainda que “em 2025, os doentes querem – e devem – estar bem informados. Um doente que compreende a sua condição participa ativamente nas decisões sobre o seu tratamento, o que permite uma melhor adequação das opções terapêuticas e, muitas vezes, melhores resultados.”

A partilha deste documento simboliza um grande passo na promoção da literacia em saúde e no reforço do papel ativo do doente na gestão da sua condição. Com este recurso, pretende-se contribuir para uma maior consciencialização sobre a síndrome da bexiga hiperativa, combater o estigma associado à incontinência e apoiar uma abordagem mais informada, humanizada e colaborativa entre doente e profissional de saúde.

Miguel Ramos, Presidente da APU reitera que “O impacto da incontinência na vida dos indivíduos e das suas famílias pode ser devastador. A Semana Mundial da Continência pretende reduzir o estigma em torno da incontinência e incentivar as pessoas afetadas a procurar ajuda e tratamento.”

A propósito da Semana Mundial da Continência, Ana Sofia Oliveira, especialista em Cirurgia Geral, no Hospital Dr. Nélio Mendonça, destaca ainda o peso da incontinência fecal que “afeta entre 5% e 15% das pessoas em todo o mundo; no entanto, sendo o seu diagnóstico difícil pelo componente íntimo e pessoal, a prevalência está consideravelmente subestimada. Na maioria dos casos, a pessoa com incontinência fecal sofre em silêncio, muitas vezes ocultando os sintomas da própria família e amigos próximos. Esta patologia está associada a um impacto significativo em termos sociais, psicológicos e económicos. Estando muitas vezes presente na população ativa, é causa não só de absentismo e diminuição da produtividade, mas também de elevados custos de saúde a curto e longo prazo. É essencial a sensibilização de todos para melhor compreender, aceitar e acompanhar estes doentes, permitindo que estes sintam segurança em procurar ajuda.”

 

Opinião
A obesidade é uma doença crónica complexa em crescimento, que afeta cerca de 29% da população adulta

A obesidade e o excesso de peso constituem um importante fator de risco para a DRGE, tendo estudos epidemiológicos demonstrado uma prevalência, nesta população, de 40 a 60%. Este grupo de doentes tem também risco aumentado de complicações associadas ao refluxo, como a esofagite erosiva, o esófago de Barrett e o cancro do esófago.

A relação entre obesidade e DRGE é complexa e multifatorial. Fatores como a dieta, o sedentarismo, o microbioma e a predisposição genética podem desempenhar papéis importantes no desenvolvimento de ambas as condições. Além disso, a presença de DRGE pode agravar o quadro de obesidade, uma vez que os sintomas podem levar a alterações no comportamento alimentar e estilo de vida.

A obesidade abdominal, em particular, parece contribuir diretamente para a DRGE por mecanismos anatómicos e hormonais que resultam no aumento da pressão intra-abdominal, maior relaxamento do esfíncter esofágico inferior, atraso no esvaziamento gástrico e alterações na produção de ácido pelo estômago.

O tratamento da DRGE nos doentes com obesidade é desafiante e deve incluir, para além da medicação (inibidores da produção de ácido), estratégias de controlo do peso e da composição corporal e alterações comportamentais específicas.

A perda de peso tem mostrado benefícios consistentes na redução dos sintomas da DRGE. Alterações na dieta, aumento da atividade física, medicação e, em casos selecionados, abordagem endoscópica e/ou cirúrgica, podem contribuir para a melhoria do quadro clínico, tanto do refluxo como da própria obesidade.

O Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), da Direção Geral de Saúde, promove a adoção de uma dieta equilibrada e a prática regular de atividade física, visando a prevenção e controlo da obesidade e das suas complicações, incluindo a DRGE. Estas medidas são fundamentais e os profissionais de saúde têm um papel crucial na sua implementação, devendo agir numa relação de proximidade com a população. 

Em conclusão, a obesidade é um importante problema de saúde pública e um fator de risco significativo para o desenvolvimento e complicações da DRGE. A abordagem terapêutica eficaz deve incluir promoção de hábitos de vida saudáveis, estratégias de perda de peso (incluindo medicação, intervenções endoscópicas e cirúrgicas) e controlo de sintomas de refluxo. A divulgação dos riscos associados à obesidade e a implementação de políticas públicas junto da população são essenciais no combate a esta patologia em Portugal.

O Mês da Saúde Digestiva é uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.

Saiba mais em www.saudedigestiva.pt.

 

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Opinião
Em algum momento da vida, todos nós já tivemos de tomar um medicamento para aliviar ou tratar algum

Esse efeito indesejável, é também conhecido como reação adversa ou efeito secundário. Estas reações podem variar de não graves — como uma ligeira indisposição — até graves ou mesmo fatais. Na verdade, qualquer medicamento pode causar reações adversas. As já conhecidas estão descritas no Resumo das Caraterísticas do Medicamento / Folheto Informativo de cada medicamento.

No entanto, podem surgir outras reações que não foram detetadas durante os ensaios clínicos, efetuados antes do medicamento estar disponível para a população em geral, ou começarem a surgir com uma frequência maior à que ocorreu durante essa fase.

A Farmacovigilância é a ciência responsável por detetar esses casos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a Farmacovigilância, é a ciência e as atividades relacionadas com a identificação, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou qualquer outro problema relacionado com medicamentos.

Por outras palavras: é o “sistema de vigilância” que garante que os medicamentos, uma vez colocados no mercado, continuam a ser seguros e eficazes. Isto porque, ao analisar as reações que estão a ocorrer, podem ser tomadas medidas para minimizar essas reações noutros doentes que venham a tomar o mesmo medicamento. Inclusive, pode chegar-se à conclusão de que o risco para a saúde dos doentes é maior que o benefício, e o medicamento ser retirado do mercado.

A entidade na União Europeia responsável por monitorizar e avaliar a segurança dos medicamentos de uso humano, com o objetivo de identificar e mitigar potenciais riscos associados aos medicamentos, é a Agência Europeia do Medicamento (EMA), mais concretamente o PRAC (Comité de avaliação do risco em Farmacovigilância). Tomadas as decisões sobre o medicamento, o INFARMED (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P.), entidade responsável pela regulamentação dos medicamentos em Portugal, comunica e implementa essas decisões em Portugal. Para que essas decisões possam ser tomadas, é importante que a autoridade reguladora nacional e a europeia tenham conhecimento das reações adversas que os doentes têm quando tomam um medicamento.

Uma das ferramentas que a Farmacovigilância usa para monitorizar os medicamentos, e detetar esses efeitos indesejáveis, é a notificação de reações adversas aos medicamentos (RAM). E é aí que entra cada um de nós.

Seja quem toma o medicamento (utente), cuidador, enfermeiro, farmacêutico ou médico, qualquer pessoa pode (e deve) notificar suspeitas de reações adversas, mesmo que já sejam conhecidas, porque ao fazer isso está a fornecer informação de segurança sobre a utilização de determinado medicamento em contexto de vida real.

Muitas vezes, por desconhecimento ou por pensar que “não vale a pena”, estas notificações não são feitas. Mas a verdade é que cada notificação conta e pode fazer a diferença. Por exemplo, pode acontecer um medicamento que foi aprovado ter um efeito indesejável considerado raro, que só aparece em 1 em cada 10 mil pessoas tratadas com o mesmo. Se ninguém reportar esse efeito, ele pode continuar a acontecer sem ser detetado, colocando outras pessoas em risco.

Mas se várias notificações começarem a reportar o mesmo problema, as autoridades podem agir, desde logo, alertando para essa situação e possíveis formas de a minimizar, ou restringindo o uso ou, em casos mais graves, retirando o medicamento do mercado.

O papel do cidadão neste processo é muito importante, sendo mesmo fundamental. De facto, a Farmacovigilância não é apenas da responsabilidade dos profissionais de saúde: a participação do público é também fundamental!

Assim, notificar as reações adversas a medicamentos é contribuir para um sistema de saúde mais seguro e eficaz. É proteger-se a si mesmo e aos outros. E, felizmente, hoje é cada vez mais fácil notificar: muitos países têm plataformas online simples, acessíveis e anónimas para o fazer. Em Portugal, por exemplo, qualquer pessoa pode usar o portal RAM do INFARMED, I.P (https://www.infarmed.pt/web/infarmed/submissaoram).

Como é possível verificar, o Portal RAM permite a inserção da reação adversa suspeita de forma fácil, acessível e rápida, sem intermediação de terceiros. Além disso, a confidencialidade dos dados do doente e de quem reporta a situação, que pode ou não ser o próprio, está garantida.

O INFARMED, I.P., conhecido por todos, é a entidade nacional responsável pelo Sistema Nacional de Farmacovigilância (SNF). O SNF tem como principal objetivo monitorizar a segurança dos medicamentos após a sua autorização de introdução no mercado, identificando e prevenindo reações adversas, tomando medidas de segurança quando necessário e colaborando com a Agência Europeia do Medicamento nesse sentido. Além do INFARMED, I.P., o SNF inclui Unidades Regionais de Farmacovigilância, localizados em várias zonas do país, incluindo as ilhas. Estas Unidades recebem as notificações de reações adversas enviadas por profissionais de saúde e cidadãos, fazem o seguimento dos casos e enviam os dados ao INFARMED.

Com base nestas notificações, como referido, podem ser tomadas decisões que permitam um uso mais seguro dos medicamentos.

Num mundo em que os medicamentos fazem parte da vida diária de milhões de pessoas, garantir a sua segurança é uma missão contínua. A Farmacovigilância é uma peça essencial desse processo — e precisa de todos nós.

Notificar uma reação adversa pode parecer um ato pequeno, mas o seu impacto pode ser muito grande!

Por isso, da próxima vez que notar algo estranho após tomar um medicamento, Notifique.

 

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24 de junho
A ANADIAL – Associação Nacional de Centros de Diálise assinala o seu 40.º aniversário com a realização de um evento, a 24 de...

A ocasião servirá para conhecer os resultados finais do estudo “A doença renal e a diálise em Portugal - A visão dos portugueses” e para uma reflexão sobre o conhecimento dos portugueses acerca da doença renal crónica, o seu tratamento e o papel das diversas autoridades na evolução do setor.

“Os 40 anos da associação são motivo de orgulho e celebração uma vez que os nossos associados prestam serviços de topo mundial a todos os que precisam de diálise para viver. No entanto, este é também tempo de desafios e de um pedido de maior atenção às entidades competentes, no sentido de valorizar o nosso impacto em mais de 13 mil doentes”, afirma Paulo Dinis, presidente da ANADIAL.

O evento realiza-se na AHED – Advanced Health Education, situada no Campus de Carcavelos na NOVA Medical School.

Programa:

14h30 - Receção dos convidados

15h00 - Sessão de Abertura – Paulo Dinis, Presidente da Direção da ANADIAL

15h15 - Apresentação de keynote speaker, Dr. José Diogo Barata

15h50 - Apresentação dos resultados do estudo: “A doença Renal e a diálise em Portugal – A visão dos portugueses”, Rui Costa, Diretor Técnico, Spirituc – Investigação Aplicada

16h00 - Mesa-Redonda “Conhecimento, qualidade e futuro: O desafio da Doença Renal Crónica em Portugal”

17h00 - Sessão de Encerramento

Até 30 de junho
O prazo para a submissão das candidaturas à 2.ª edição do Prémio “Inovação em Saúde: Todos pela Sustentabilidade” aproxima-se...

As candidaturas, abertas desde 7 de abril, encerram no dia 30 de junho (inclusive). É uma oportunidade para o reconhecimento de trabalhos que contribuam para um futuro mais sustentável na saúde. O Prémio tem como objetivo fomentar a inovação em saúde sustentável, promover a introdução de tecnologias e processos inovadores na investigação e prática clínicas, reforçar a aproximação à academia e divulgar boas práticas.

A grande novidade desta edição é o convite dirigido aos estudantes do ensino superior para participarem em qualquer uma das quatro categorias do prémio. Para isso, será criado um painel de avaliação exclusivo para as candidaturas desta nova geração de inovadores, com o objetivo de incentivar os jovens a desenvolverem soluções inovadoras e sustentáveis que contribuam de forma sustentável para o futuro da saúde.

Esta é já a 2.ª edição desta iniciativa, promovida pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), pela Sanofi e pela NTT DATA, e destina-se a entidades e pessoas singulares que desenvolvam projetos ou iniciativas que contribuam para a sustentabilidade na área da saúde, nas suas várias dimensões; mantendo-se as quatro categorias a concurso: Sustentabilidade Social, Sustentabilidade Económica, Sustentabilidade Ambiental e Sustentabilidade na Transformação Digital.

A edição deste ano é dedicada à “Inteligência Artificial aplicada à Saúde”, um tema que está a revolucionar o setor da saúde, possibilitando diagnósticos mais rápidos e precisos, medicina personalizada e ganhos significativos na eficiência da prestação nos cuidados de saúde. A Inteligência Artificial na saúde tem desempenhando um papel crucial na gestão de doenças crónicas, na telemedicina e no desenvolvimento de soluções inovadoras para desafios complexos da saúde pública.

Em 2024, na primeira edição, foram distinguidos quatro vencedores e três menções honrosas.

Para aceder ao regulamento, conhecer os vencedores da primeira edição e efetuar a sua candidatura aceda ao website do Prémio em https://premioinovacaosaude.pt/ .

 

Coimbra
A Associação Portuguesa do Cancro no Cérebro (APCCEREBRO), em parceria com o RunAway Club de Coimbra, promove, no próximo dia...

O evento principal decorrerá no Parque Verde de Coimbra, com um percurso de 5km. No entanto, a participação está aberta a todos, de forma individual ou em grupo, em qualquer ponto do país. Basta correr ou caminhar 5km, publicar uma fotografia nas redes sociais com a hashtag #5kmPeloTeuCerebro e identificar as páginas da APCCEREBRO e do RunAway Club, marcando assim presença neste movimento coletivo.

Além disso, estão também a ser mobilizados vários Run Clubs de norte a sul do país, que se estão a organizar para promover grupos de participantes e pontos de encontro locais, criando assim um verdadeiro movimento nacional, todos a correr à mesma hora, no mesmo dia: 22 de junho, às 10h00.

Até ao momento, já se associaram à iniciativa os seguintes clubes:

●     Run Club Penafiel – Parque Radical, Penafiel

●     Runshine Run Club Faro – (local a anunciar)

●     233 Run Club Figueira da Foz – Torre do Relógio

●     Algarve Run Club – Praia de Faro

 

De acordo com Renato Daniel, presidente da APCCEREBRO, “esta corrida é simbólica, mas com um impacto muito real. Queremos dar visibilidade a uma doença ainda pouco falada, mas profundamente marcante para quem a vive. Cada quilómetro percorrido representa um passo na direção certa: mais consciencialização, mais solidariedade e mais apoio aos doentes e famílias”.

Esta é uma das várias ações que a APCCEREBRO tem vindo a desenvolver para dar palco a uma doença com grande impacto físico, psicológico e social. O objetivo é não só sensibilizar para os tumores cerebrais, como também reforçar a importância de estilos de vida saudáveis e do exercício físico como aliado na prevenção e na melhoria da qualidade de vida das pessoas com doença oncológica.

As publicações com a hashtag oficial serão partilhadas nas redes da APCCEREBRO e do RunAway Club, reforçando o sentimento de comunidade, empatia e mobilização nacional em torno de uma causa que continua invisível para muitos.

 

Universidade de Aveiro
No próximo dia 18 de junho de 2025, às 17h30, será inaugurado o BIOMEDIC Lab, um novo laboratório de ensino, experimentação e...

Localizado no Departamento de Física (DFis), este laboratório representa um marco no reforço da formação em engenharia biomédica na UA, tendo sido patrocinado pela Sword Health, empresa líder em terapias digitais na área da saúde. Este novo espaço representa também um passo decisivo na consolidação da UA como referência internacional na área da Engenharia Biomédica, onde está atualmente no top 100 mundial em produtividade e qualidade de investigação (ShanghaiRanking's Global Ranking of Academic Subjects (Shanghai GRAS) na sua edição de 2024, que envolveu 1900 universidades de 96 países). É igualmente relevante a posição de liderança da UA a nível nacional, onde está em 1ª posição isolada na área disciplinar de Engenharia Biomédica.

O evento de inauguração contará com a presença do Reitor da UA, Paulo Jorge Ferreira, do diretor do Departamento de Física, João Miguel Dias, e do Fundador e Chief Scientific Officer da Sword Health, Márcio Colunas, empresa que patrocinou a criação deste laboratório.

O BIOMEDIC Lab surge como uma plataforma transversal aos três ciclos de formação em Engenharia Biomédica — licenciatura, mestrado e doutoramento — promovendo uma ligação dinâmica entre ensino, investigação e aplicação tecnológica. O espaço permitirá um ensino inovador capaz de responder aos atuais desafios pedagógicos, bem como o desenvolvimento de projetos e protótipos que respondam a desafios reais dos cuidados de saúde, colocando o conhecimento científico ao serviço da sociedade.

Durante a inauguração, terá lugar uma Mostra Tecnológica, onde serão apresentados protótipos desenvolvidos por estudantes dos vários ciclos de formação, demonstrando o caráter prático, criativo e interdisciplinar desta área na UA.

 

Um espaço moderno e multifuncional para o futuro da saúde

O BIOMEDIC Lab nasce com o propósito de unir conhecimento teórico à aplicação prática, proporcionando um ambiente onde a inovação tecnológica se traduz em soluções concretas para os cuidados de saúde. O espaço está equipado com uma vasta gama de recursos avançados.

Com estes equipamentos, os estudantes terão a oportunidade de explorar áreas como instrumentação médica, realidade aumentada aplicada à saúde, reabilitação tecnológica e bioengenharia, fomentando competências práticas, interdisciplinares e orientadas para desafios reais.

 

Um percurso de excelência em Engenharia Biomédica na UA

A formação em Engenharia Biomédica na Universidade de Aveiro teve início em 2016, com a criação do Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica, coordenado pelo DFis em articulação com o Departamento de Ciências Médicas (DCM) e o Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI). Desde a criação do Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica que a UA se tem vindo a afirmar como um polo de excelência na área. Este percurso levou à estruturação do atual modelo de licenciatura e mestrado separados (desde 2021/22), em resposta à evolução das exigências académicas e profissionais neste setor. Mais recentemente, no ano letivo de 2023/24, foi lançado o Programa Doutoral em Engenharia Biomédica, numa parceria alargada entre o DFis, DETI, DCM, bem como os departamentos de Engenharia Mecânica (DEM), Engenharia de Materiais e Cerâmica (DEMaC) e Química (DQ).

Segundo João Miguel Dias, diretor do Departamento de Física “a Engenharia Biomédica é hoje uma das áreas científicas mais promissoras para responder aos desafios da saúde globa”. Assim, “o BIOMEDIC Lab representa um salto qualitativo no ensino da Engenharia Biomédica na UA, uma vez que ao proporcionar acesso a tecnologias de ponta e simulação realista, este laboratório permite que os nossos estudantes desenvolvam competências fundamentais para o futuro da saúde”.

Com o BIOMEDIC Lab, acrescenta João Miguel Dias, “damos aos nossos estudantes um espaço onde o conhecimento e a prática se unem para criar soluções tecnológicas de impacto. Este laboratório será um catalisador para o desenvolvimento de competências, inovação e colaboração multidisciplinar, reforçando o nosso compromisso com um ensino de excelência e com a missão de transformar conhecimento em bem-estar. Este é um espaço onde sonhamos, criamos e partilhamos conhecimento, fiel ao lema do nosso departamento e ao espírito inovador da UA”.

ANADIAL
A Associação Nacional de Centros de Diálise (ANADIAL) está a divulgar um novo episódio do podcast “À conversa sobre Diálise”,...

Com um percurso profissional marcado pelo compromisso com a nefrologia, Jaime Tavares partilha a sua experiência e reflexão sobre a evolução da hemodiálise em Portugal e os principais desafios enfrentados ao longo dos anos.

Ligado à ANADIAL desde 1998, o convidado destaca com orgulho a forma como Portugal garante o acesso à terapêutica de substituição renal, fundamental para doentes renais. “Desde os anos 80, Portugal tem assegurado o acesso a esta terapêutica aos doentes que dela necessitam, através de uma rede extensa de clínicas privadas que cobrem todo o país”, refere.

Outro tema abordado é a limitação atual das clínicas privadas, que só podem realizar tratamentos de hemodiálise, Jaime Tavares defende que esta restrição deveria ser revista, pois a rede privada tem uma ótima cobertura geográfica e poderia desempenhar um papel mais amplo, em particular numa relação mais próxima com os cuidados primários.

O novo episódio aborda necessidade a revisão do preço compreensivo, a transplantação renal, que em Portugal apresenta indicadores muito positivos e a necessidade de aprofundar estudos para entender melhor as elevadas taxas de incidência e prevalência de doença renal no país.

O podcast “À conversa sobre Diálise” comemora o 40.º aniversário da ANADIAL e tem como objetivo abordar a evolução do tratamento da doença renal crónica ao longo das últimas quatro décadas. Convida mensalmente um especialista para debater temas relevantes para doentes renais, profissionais de saúde e o público em geral.

O novo episódio já está disponível no YouTube e Spotify.

 

Opinião
O coração pode, por vezes, apresentar alterações na sua atividade elétrica, originando o que chamamo

Nesta condição, o coração bate de forma irregular e descoordenada, especialmente nas aurículas (as cavidades superiores do coração), que deixam de contrair de forma eficaz. Isso favorece a formação de coágulos no interior do coração, que podem ser libertados para a circulação e causar a obstrução de uma artéria. A consequência mais grave é o acidente vascular cerebral (AVC) isquémico, causado pela interrupção do fluxo sanguíneo a uma parte do cérebro.

A FA é uma doença frequente: afeta cerca de 2,5% da população portuguesa com mais de 40 anos e mais de 6% acima dos 60 anos. Esta arritmia aumenta em cinco vezes o risco de AVC isquémico e é responsável por cerca de um terço dos AVCs em Portugal. Além disso, os AVCs associados à FA são habitualmente mais graves, com maior risco de incapacidade permanente ou morte.

A FA também está associada a outras complicações graves, como a insuficiência cardíaca e a demência.

Entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de FA encontram-se: envelhecimentohipertensão arterialdiabetesobesidadeapneia do sonodoenças cardíacastabagismo e consumo excessivo de álcool, entre outros.

Em muitos casos, a FA é assintomática. Quando se manifesta, pode provocar palpitações (sensação de batimento acelerado ou irregular), tonturascansaço ou até desmaios. O diagnóstico requer a realização de um electrocardiograma (ECG) ou Holter-ECG (registo contínuo durante 24 horas).

Após o diagnóstico, na maioria dos casos é recomendada a toma de anticoagulantes para reduzir o risco de AVC. Existem também medicamentos e procedimentos minimamente invasivos que ajudam a controlar os sintomas e a prevenir complicações.

adoção de um estilo de vida saudável e o controlo dos fatores de risco vascular são fundamentais para prevenir o aparecimento da FA. Em caso de sintomas, procure avaliação médica. Se lhe for prescrito um anticoagulante, não interrompa a terapêutica sem indicação médica.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
21 de junho
A Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) promove, no próximo dia 21 de junho, um seminário dedicado às Leucemias,...

A Fundação Cidade de Lisboa acolherá este seminário, que tem como objetivo dotar doentes, cuidadores e profissionais de saúde de um conhecimento mais completo sobre as leucemias, abordando as suas variadas tipologias, os tratamentos mais avançados e os desafios que se colocam no dia a dia de quem vive com estas doenças.

Ao longo do dia, os participantes terão a oportunidade de aprofundar os seus conhecimentos sobre diversos aspetos das Leucemias, Síndromes Mielodisplásicos e Neoplasias Mieloproliferativas.

O seminário terá início às 9h30 com a apresentação de Filipa Monteiro, do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (IPOL), que abordará os cuidados a ter ao longo do dia, em doença ativa, numa perspetiva da enfermagem.

De seguida, Luís Monteiro, da ULS de São José e do Grupo Português de Leucemias Agudas (GPLA), explorará as diferenças entre as Leucemias Agudas no diagnóstico e tratamento. Joana Desterro, do IPO Lisboa e do Grupo Português Neoplasias Mieloides Crónicas (GPNMC), dará continuidade ao tema, focando-se nas Leucemias Mieloide Crónica (LMC) e Linfocítica Crónica (LLC).

Guilherme Sapinho, da ULS Santa Maria e do GPNMC, apresentará a diversidade das Síndromes Mielodisplásicos (SMD) e a sua implicação no prognóstico e tratamento. Christopher J. Saunders, do Hospital CUF Descobertas e do GPNMC, dará continuidade a este tema e Ximo Duarte, do IPO de Lisboa falará sobre a imunoterapia como 2º linha de tratamento: o que esperar de tratamentos inovadores para leucemias agudas pediátricas.

Depois do almoço, Carolina Garcez, sobrevivente de leucemia mieloide aguda, entrevistará Pedro de Vasconcelos da ULS Santa Maria sobre o Transplante de Medula Óssea: o que esperar no procedimento e na recuperação. Teresinha Simões, Assistente Graduada de Ginecologia e Obstetrícia na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, abordará, de seguida, temas sensíveis como intimidade e tratamento, desafios e soluções em oncosexologia e criopreservação, e a esperança no futuro da oncologia.

Haverá ainda tempo para as intervenções de Diana Alexandre da Fundação Champalimaud que falará sobre nutrição e suplementação no tratamento da leucemia, com foco na saúde intestinal, e de Joana Lemos do Centro de Reabilitação Profissional, que abordará o tema do regresso ao trabalho ou escola, explorando a possibilidade de planear o regresso com segurança, os direitos legais do trabalhador ou estudante com doença crónica e como negociar adaptações no horário e funções.

A APCL convida todos os interessados a participar nesta iniciativa, contribuindo para o progresso do conhecimento e melhoria contínua dos cuidados prestados na área das leucemias. A inscrição no evento pode ser feita através do preenchimento do formulário online.

 

Opinião
A esteatose hepática, antes designada como “fígado gordo”, corresponde à acumulação de gordura em ma

A Doença Hepática Esteatósica, é uma doença silenciosa, que habitualmente não causa qualquer sinal ou sintoma. Pode ter várias origens e fatores de risco, sendo as mais comuns, o consumo de álcool, a obesidade e a Diabetes. 

De acordo com o Global Liver Institute, trata-se de uma epidemia global, estimando-se que, até 2030, mais de 357 milhões de pessoas sejam afetadas por esta doença. Em Portugal, os dados publicados em 2020, apontavam para uma prevalência estimada de esteatose hepática em quase 38% dos adultos, com 17% deles, com “fígado gordo não alcoólico”.

A prevalência da esteatose hepática em pessoas sem consumo habitual de álcool, ou apenas com pequenos consumos, relacionados sobretudo com fatores de risco como por exemplo, obesidade, diabetes, aumento das gorduras no sangue, tem vindo a aumentar globalmente. Estimando-se que afete atualmente cerca de um terço da população mundial global, embora variando consoante as populações, registou um aumento significativo nos últimos anos e deverá afetar uma parte ainda maior da população, no futuro. Este aumento está intimamente ligado ao crescimento marcado da prevalência dos fatores de risco, como a obesidade, a diabetes tipo 2 e a chamada síndrome metabólica, relacionada com a perda de eficácia da insulina (insulino resistência) e associada ela própria a riscos cardíacos e metabólicos marcados.

A esteatose hepática surge, na maioria dos casos, devido a hábitos de vida não saudáveis, diretamente relacionados com estilos de vida menos saudáveis, nomeadamente a alimentação com excesso de calorias e uma vida sedentária, que concorrem para o surgimento da esteatose hepática, havendo ainda a evidência de riscos genéticos em muitos doentes, como no caso de pessoas sem excesso de peso, onde a doença pode surgir também.

O consumo de açucares em excesso (doces e por exemplo refrigerantes ricos em açúcar), e de alimentos ricos em gorduras, é tão prejudicial para a saúde do fígado como o consumo exagerado de bebidas alcoólicas. Assim, a prevenção passa essencialmente pela adoção de uma alimentação saudável, com menor consumo de gorduras, hidratos de carbono, alimentos processados e ultraprocessados, muito ricos em energia, sendo recomendado reforçar a ingestão de alimentos naturais menos processados, de vegetais e de fibras. De igual modo, deve-se reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, ou mesmo manter a abstinência alcoólica e manter uma prática regular de exercício físico.

É importante consultar o seu médico assistente regularmente, para prevenir os fatores de risco da doença, fazer exames periódicos de rotina e detetar precocemente a doença. A saúde é um todo e ao adotar um estilo de vida saudável, protege o fígado e simultaneamente favorece o bom funcionamento de todo o organismo.

A Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) tem desenvolvido campanhas de sensibilização no âmbito do Dia Internacional da Doença Hepática Esteatósica, alertando para a relevância de prevenir, detetar e tratar precocemente esta doença silenciosa que afeta uma parcela significativa da população portuguesa.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Opinião
A obesidade é um dos grandes desafios de saúde pública dos nossos dias.

Recentemente, a microbiota intestinal tem sido considerada como um desses fatores, dada a sua influência no metabolismo energético, nos mecanismos que regulam a ingestão alimentar, no sistema imunitário, na inflamação e muitos outros.

Os estudos são já hoje claros a demonstrar diferenças importantes entre a microbiota (conjunto de microrganismos presentes no intestino) de indivíduos obesos e indivíduos com peso ajustado, mostrando que desequilíbrios microbianos (disbiose) podem estar associados a desregulações metabólicas, muitas delas centrais na fisiopatologia da obesidade.

Estudos em animais mostraram que ratinhos criados sem microbiota intestinal, quando alimentados com muita energia, apresentavam pouca tendência para ganho de massa gorda, mas, quando os seus intestinos eram colonizados com microbiota de outros ratinhos obesos, então o ganho de peso era evidente, mesmo sem consumo mais elevado de energia.

Parece então ficar claro que a microbiota por si só é capaz de, em parte, modificar o metabolismo energético. Sabe-se também que as bactérias intestinais têm um papel fundamental na fermentação das fibras que consumimos e da qual resultam metabolitos muito benéficos, como os ácidos gordos de cadeia curta (ex: butirato ou propionato) que têm um papel importante na regulação da saciedade e no controlo do açúcar no sangue, além de contribuírem para menores níveis de inflamação no organismo. Além disso, a microbiota pode influenciar a produção de hormonas intestinais que controlam a fome e a saciedade, como o GLP-1 e o PYY, que também podem contribuir para redução/aumento da ingestão alimentar, bem como melhorar o metabolismo da glicose, dois fatores essenciais para o controlo do peso. Parece, assim, mais uma vez ficar clara a associação entre a microbiota e o excesso de peso.

Persiste, no entanto, a dúvida acerca de qual o real papel das bactérias intestinais no ganho de peso e também, qual o papel que podem ter no tratamento da obesidade. Será que alterando a nossa microbiota, conseguimos controlar o peso? As respostas ainda são poucas.

É certo que a microbiota intestinal é altamente sensível ao que comemos. Uma alimentação rica em fibras (baseada em frutas, legumes, leguminosas, cereais integrais) e gorduras saudáveis, como o azeite, favorece o crescimento de bactérias benéficas. A Dieta Mediterrânica assenta nestes princípios e é hoje considerada a intervenção nutricional com mais evidência científica para melhorar a saúde metabólica. Importa referir que dietas muito restritivas, por se tornarem desequilibradas nutricionalmente, não mostraram benefícios claros e duradouros em humanos no que diz respeito à saúde da microbiota.

Existem já estudos que tentam compreender o real benefício de adicionarmos suplementos de probióticos à nossa dieta com vista ao melhor controlo de peso. Por exemplo, estudos sobre o impacto da bactéria Akkermansia muciniphila mostraram resultados interessantes na melhoria da resistência à insulina e na redução de marcadores de inflamação, mas ainda estamos longe de conseguir afirmar que a toma de certas estirpes bacterianas consegue contribuir de forma significativa para a perda de gordura corporal. Não impede isto que recomendamos o consumo de alimentos com propriedades probióticas (ex. kefir, iogurte…) e prebióticas (ex. alho, cogumelos frescos) para prevenir e tratar quadros de obesidade.

Podemos afirmar com algum grau de certeza que a microbiota intestinal é, sem dúvida, uma peça a considerar no complexo contexto da obesidade, mas assumi-la como agente determinante para controlo de peso é demasiado simplista num quadro que se sabe verdadeiramente multifatorial. Apostar numa alimentação equilibrada, rica em fibras e pobre em alimentos ultraprocessados, juntamente com a prática de exercício físico, será a melhor estratégia para prevenir e controlar a obesidade.

O Mês da Saúde Digestiva é uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia. Saiba mais em www.saudedigestiva.pt .

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado
A Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) está a consciencializar para a esteatose hepática, mais conhecida como...

De acordo com Paula Peixe, presidente da APEF, “a Doença Hepática Esteatósica é uma doença que resulta da acumulação de gordura no fígado. Em Portugal, estima-se que mais de 1 milhão e 200 mil pessoas apresentam esteatose hepática que poderá evoluir para cirrose”.

“Se antes esta doença era associada apenas ao consumo excessivo de álcool, hoje sabemos que, na maioria dos casos, resulta de hábitos de vida pouco saudáveis, estando diretamente relacionada com o tipo de alimentação e com o sedentarismo. Se 30% das nossas crianças têm excesso de peso, é fundamental agir desde cedo para garantir adultos mais saudáveis”, explica Paula Peixe.

E conclui: “Esta é uma doença prevenível e evitável. A melhor forma de combater esta realidade é através da prevenção, que deve começar nas idades mais jovens. Com esta iniciativa, pretendemos transmitir mensagens claras que reforcem a importância de prevenir e tratar precocemente o fígado gordo”.

A Doença Hepática Esteatósica, também conhecida por fígado gordo, é frequentemente assintomática e pode afetar pessoas de todas as idades, desde crianças até idosos. Esta condição é causada pelo excesso de gordura acumulada no fígado, que leva à inflamação e fibrose (cicatrizes) deste órgão. Num estado mais avançado, pode provocar Cirrose Hepática ou mesmo Cancro do Fígado.

De acordo com o Global Liver Institute, mais de 115 milhões de pessoas em todo o mundo já vivem com esta condição, e estima-se que até 2030 esse número ultrapasse os 357 milhões.

Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
A Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) está a promover um novo mestrado em Medicina e Ciência Regulamentar,...

Este curso tem, também, por objetivos promover a integração dos profissionais em equipas de pesquisa e inovação em ciência regulamentar e de facilitar a candidatura a projetos de investigação na área.

Ao longo de quatro semestres, a formação irá aprofundar temáticas como fundamentos do sistema regulamentar, normas de orientação científica, ensaios clínicos, produtos órfãos, pediátricos e doentes frágeis, farmacovigilância, reembolso e sustentabilidade.

Podem candidatar-se os titulares de licenciaturas/Mestrado Integrado ou equivalente legal em Medicina, e de outras áreas das Ciências da Saúde e áreas afins, biomatemática, engenharia biomédica, bem como profissionais da indústria farmacêutica ou autoridades regulamentares.

A Ciência Regulamentar é uma área fortemente multidisciplinar cuja finalidade é a construção de um sistema regulamentar que incentive a inovação e eficácia no processo de desenvolvimento clínico dos produtos em saúde como os medicamentos e os dispositivos médicos. Saiba mais em: https://www.medicina.ulisboa.pt/ciencia-regulamentar.

Opinião
Nos dias quentes de Verão, há um gesto que já faz parte da nossa rotina: aplicar protector solar ant

O que diz a ciência?

Um estudo publicado recentemente no ‘Journal of Investigative Dermatology’ trouxe novas luzes sobre o papel do nosso microbioma cutâneo — o conjunto de microrganismos que vive na pele. Investigadores descobriram que uma bactéria comum e inofensiva, Staphylococcus epidermidis, possui a capacidade de produzir uma enzima chamada urocanase. Esta enzima decompõe um composto chamado ácido cis-urocânico, que se forma na pele quando exposta aos raios ultravioleta B (UVB).

Porquê esta descoberta é importante? O ácido cis-urocânico, quando acumulado, pode enfraquecer as defesas da pele, diminuir a imunidade local e promover inflamações. Ao degradar esta substância, as bactérias actuam como uma espécie de escudo natural, reduzindo os efeitos nocivos da exposição solar. Para além disso, o estudo destaca que este mecanismo ajuda a regular a resposta imunitária da pele, tornando-a mais resistente e equilibrada.

 

O valor do nosso microbioma cutâneo

Durante muitos anos, associámos bactérias a doenças e sujidade. Hoje, a ciência tem vindo a mostrar que, no equilíbrio certo, estas pequenas criaturas são essenciais para a nossa saúde. No caso da pele, as bactérias “boas” ajudam a manter a barreira cutânea, combatem microrganismos patogénicos e, como agora sabemos, até participam na defesa contra os raios solares.

Esta nova descoberta pode abrir caminho a futuras terapias ou produtos que reforcem o papel protector do microbioma. Imagina-se, por exemplo, o desenvolvimento de cosméticos ou probióticos tópicos que aumentem a presença destas bactérias benéficas — uma abordagem complementar à protecção solar tradicional.

 

Protecção natural… mas não suficiente!

É importante, contudo, não criar uma falsa sensação de segurança. Apesar do potencial protector destas bactérias, este mecanismo natural não substitui o uso de protector solar com factor de protecção adequado. Os danos provocados pelos raios UV — incluindo o envelhecimento precoce da pele e o risco de cancro cutâneo — exigem medidas activas e comprovadas de protecção.

Portanto, mesmo com este fascinante escudo biológico, o conselho dos especialistas mantém-se: usar protector solar, evitar exposição prolongada nas horas de maior intensidade solar e cuidar da saúde da pele em geral, incluindo o respeito pelo seu microbioma.

 

Reflexão final:

Esta descoberta recorda-nos que o nosso corpo é uma verdadeira maravilha da natureza — um ecossistema complexo e inteligente. Saber que a nossa pele alberga bactérias que trabalham silenciosamente para nos proteger reforça a importância de cuidarmos dela de forma equilibrada, sem excessos de limpeza que possam perturbar este delicado equilíbrio.

Ao mesmo tempo, devemos manter uma atitude informada e responsável: celebrar as capacidades naturais do nosso corpo, sim — mas nunca esquecer que a protecção solar convencional continua a ser indispensável.

 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.

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