3 de dezembro | Dia Internacional da Pessoa com Deficiência
A diferença ainda espera por nós: porque Portugal precisa de juntar educação, terapias, dados e Inte

Em Portugal, cerca de 1 milhão de pessoas vivem com uma doença rara, e muitas delas permanecem anos sem diagnóstico. Em Portugal, milhares de crianças e adultos acordam todos os dias com um desafio adicional: viver com uma doença tão rara que nem nome tem, ou permanecer anos sem diagnóstico.

No Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado a 3 de dezembro, vale a pena lembrar que estas pessoas continuam invisíveis para o sistema de saúde, para a educação e, muitas vezes, para a própria sociedade.

Na SERaro, representamos pessoas que vivem na fronteira do desconhecido: crianças e adultos que enfrentam não apenas condições médicas complexas, mas também a falta de respostas, de recursos e, sobretudo, de compreensão. Nestes casos, a deficiência não é apenas física ou genética; é estrutural. Resulta de sistemas que ainda não sabem incluir quem, aos olhos da sociedade, se desvia “da norma”.

Fala-se muito de inovação, tecnologia e Inteligência Artificial, mas raramente discutimos para quem essa inovação está a ser criada. Permite identificar doenças raras mais cedo, apoiar diagnósticos complexos e adaptar percursos educativos. Pode aproximar professores, terapeutas e cuidadores. Pode dar voz a quem não a tem. Na SERaro, já participámos em projetos educativos e iniciativas de digitalização para garantir que essas ferramentas funcionem na prática.

Mas para isso, precisamos do que continua a ser o maior bloqueio nacional: uma estratégia integrada e dados fiáveis e interoperáveis. Sem estes elementos, as doenças raras tornam-se estatisticamente invisíveis, alunos “diferentes” continuam a ser tratados como exceções, e políticas públicas permanecem insuficientes.

É urgente criar plataformas seguras e éticas para recolher, estudar e partilhar informação, ao invés de catalogar pessoas, para que cada história possa acelerar um diagnóstico, melhorar acompanhamento e devolver autonomia.

A escola é talvez o espaço onde esta mudança pode ser mais transformadora. Todos conhecemos crianças que “não encaixam”: específicas demais para currículos rígidos, complexas demais para metodologias que não se adaptam. Mas hoje existem ferramentas que permitem a crianças não verbais comunicarem com IA, plataformas que adaptam conteúdos automaticamente e tecnologias que reduzem desigualdades reais.

A inclusão não nasce de decretos. Nasce de escolhas. Portugal tem agora uma oportunidade única de unir educação, ciência, inovação e literacia digital para criar um país onde ninguém fica para trás por ser excecionalmente raro.

O que está em causa não é tecnologia. É humanidade. Na SERaro acreditamos que “juntos somos menos raros” e, por isso, chamamos todos a agir: escolas, universidades, investigadores, empresas e sociedade civil. Partilhem dados, experiências e soluções; invistam em inovação educativa e ferramentas digitais que funcionem para todos. Cada ação conta. Cada colaboração é decisiva.

É tempo de transformar potencial em ação. É esse o compromisso da SERaro. E queremos fazê-lo juntos.

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
APDP apresenta
Proposta de colaboração visa reduzir internamentos evitáveis e otimizar a resposta do SNS24 numa altura de elevada pressão...

Com a aproximação do inverno e a previsível pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS), a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) apresentou ao Ministério da Saúde uma proposta de colaboração que visa, simultaneamente, reforçar a proteção das pessoas com diabetes, um grupo especialmente vulnerável nesta estação do ano, e reduzir a sobrecarga dos hospitais. A proposta prevê acompanhamento clínico especializado, presencial e telefónico, prestado pela equipa da APDP, permitindo prevenir urgências e internamentos evitáveis.

A diabetes é um dos principais fatores de agravamento de doenças infecciosas, tornando estas pessoas mais vulneráveis a descompensações que, frequentemente, resultam em idas repetidas ao serviço de urgência e, por vezes, em internamentos. A APDP quer ajudar a quebrar este ciclo através de apoio clínico especializado, antes de a situação exigir recurso hospitalar.

O plano de colaboração consiste em duas frentes: chamadas relacionadas com diabetes para a linha SNS24 seriam encaminhadas para enfermeiros e médicos da APDP, garantindo uma orientação clínica imediata e especializada; e a criação de um projeto-piloto na região da Grande Lisboa que permitiria o acesso direto das pessoas com diabetes às instalações da APDP para resolver situações complexas que não exijam internamento.

"Sabemos que a gestão precoce e o acompanhamento por equipas especializadas podem evitar que muitos casos evoluam para situações de urgência. A nossa proposta cria uma resposta mais dirigida e segura para as pessoas com diabetes e, simultaneamente, alivia a pressão sobre o SNS nos meses mais críticos", afirma José Manuel Boavida, Presidente da APDP.

Com quase 100 anos de experiência e integrada na resposta nacional à diabetes, a APDP reforça a sua total disponibilidade para colaborar com o Ministério da Saúde na resposta aos desafios de saúde que o inverno impõe. 

Opinião
A intolerância alimentar pode provocar diversos sintomas que afetam a nossa qualidade de vida.

A eliminação dos alimentos aos quais o indivíduo apresenta hipersensibilidade proporciona uma melhoria significativa na sua sintomatologia, podendo os mesmos voltar a ser inseridos na dieta, de forma gradual, após 6 meses.

Na última década, já muito se tem falado em dietas e estilos de vidas saudáveis, como forma de prevenção de uma série de doenças. No entanto, é de salientar que estamos a viver uma transformação epidemiológica, que nos coloca novos desafios, sendo imperativo falar não apenas em alimentação adequada, mas também sustentável. Tudo isto, sem colocar de parte a importância das intolerâncias alimentares e, consequentemente, da saúde, do bem-estar e da qualidade de vida das pessoas, assim como da sua filosofia de vida.

Dados publicados pelo Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas projetam que, em 2030, a população mundial aumente para 8,5 biliões e que, em 2050, seja atingido o valor de 9,7 biliões de pessoas no mundo.

Esta realidade impõe novos desafios e oportunidades, que vão no sentido de dar resposta alimentar a uma sociedade demograficamente alterada. É necessário repensar o padrão alimentar dos portugueses e da sociedade moderna, que não se reduz à ingestão de alimentos para satisfazer as necessidades fisiológicas. Pelo contrário, a alimentação tem impacto social e é influenciada pelos hábitos, que foram passados de geração em geração e, ainda, pelas novas realidades sociais, na qual o tema da sustentabilidade é realmente importante.

 

Dieta mediterrânea versus vegetarianismo:

De acordo com dados da Balança Alimentar Portuguesa (BAP), é percetível que a dieta mediterrânica ainda se mantém como pilar de uma alimentação saudável. Todavia, é também notória a integração de uma alimentação vegetariana no dia-a-dia dos portugueses.

Os dados da BAP mostram que, em Portugal, os produtos cárneos, o pescado e os ovos apresentam um desvio face às recomendações de consumo apresentadas na Roda dos Alimentos. Em comparação, em 2016, o consumo deste tipo de alimentos foi 11,5 por cento superior ao que é preconizado. Entre 2012 e 2016, os portugueses tinham disponível para consumo aproximadamente 77,8kg de carne per capita/ano.

O tema da sustentabilidade e a preocupação no impacto que os alimentos que ingerimos têm no planeta Terra levou a que o número de adeptos de uma alimentação vegetariana tenha quadruplicado, nos últimos 10 anos.

São cada vez mais os portugueses que incluem uma ou mais refeições vegetarianas na sua dieta, seja ao fim-de-semana, como forma de compensar alguns excessos, ou como alternativa durante a semana, para levar na marmita para o emprego.

A realidade é que, de facto, é essencial diminuir a fração que os produtos cárneos representam na alimentação diária. Uma grande percentagem da emissão, para a atmosfera, de gases relacionados com o efeito de estufa, envolvidos no aquecimento global a que hoje se assiste, está relacionada direta ou indiretamente com a atividade humana, nomeadamente com a pecuária.

A transição de dietas ricas em proteína animal, para dietas com um maior conteúdo de proteína vegetal é essencial, tanto em termos de sustentabilidade, como nutricionais e de saúde.

Acredito que a diminuição do consumo de carne levará a um aumento da disponibilidade de alimentos, que eram utilizados para os animais e que vão passar a ser diretamente consumidos pelo ser humano. Além disso, o consumo de produtos de origem animal, particularmente de carne vermelha ou processada, parece estar associado ao aumento do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cancro e obesidade.

Antes de mais é preciso perceber a definição de alimento sustentável, que significa ser produzido com recurso a métodos que respeitam o ambiente e os animais. Do ponto de vista nutricional, considero que as leguminosas, conjugadas com os grãos, serão parte da solução. As leguminosas têm proteínas, hidratos de carbono (amido), fibras, vitaminas e minerais. No entanto, não contêm aminoácidos essenciais, o que as torna um alimento de baixo valor biológico, uma vez que são pobres em metionina e triptofano.

Os cereais complementam esta situação, pois são pobres apenas em lisina, daí a sua complementaridade com as leguminosas ser uma excelente opção. Destaco os micronutrientes presentes nas leguminosas: vitaminas do complexo B, minerais como o cálcio, o ferro, o potássio, o magnésio e o zinco.

Segundo os dados da BAP, a disponibilidade alimentar de leguminosas é deficitária face às recomendações preconizadas pela Roda dos Alimentos, representando menos 3,4 por cento do que é aconselhado. Porém, já existem diversos estudos realizados com o objetivo de avaliar o impacto ambiental da produção de alimentos e, em simultâneo, definir as melhores estratégias para a criação de uma alimentação sustentável.

 

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Presidente e CEO do Allen Institute
O neurocientista Rui Costa, presidente e CEO do Allen Institute, sedeado em Seattle, EUA, foi nomeado administrador não...

O cientista mantém uma ligação forte e duradoura com a Fundação Champalimaud, tendo sido Investigador Principal e, depois, diretor do Champalimaud Research, antes de iniciar um percurso notável nos Estados Unidos. 

Com uma carreira dedicada à investigação em neurociências e uma sólida experiência em liderança científica, Rui Costa reforçará a missão da Fundação de promover investigação de excelência, inovação clínica e impacto social nas áreas do cancro e das neurociências.

“A visão estratégica e o percurso notável do Professor Rui Costa são contributos muito valiosos para o desenvolvimento do projeto da Fundação Champalimaud, reforçando a nossa capacidade de gerar conhecimento científico e transformá-lo em benefícios concretos para os doentes e para a sociedade. É também uma aposta no futuro e na perenidade da nossa visão e ambição”, refere Leonor Beleza, presidente do Conselho de Administração da Fundação Champalimaud.

“É com enorme honra e sentido de responsabilidade que abraço esta missão. A Fundação Champalimaud é um exemplo de ambição científica e compromisso com a inovação. Quero contribuir para potenciar a descoberta científica, a translação clínica e a formação das próximas gerações de cientistas e clínicos”, afirma Rui Costa.

Sobre Rui Costa Rui Costa, PhD, DVM, é neurocientista e presidente e diretor executivo do Allen Institute. O seu foco tem sido a compreensão dos mecanismos cerebrais subjacentes ao movimento e à aprendizagem. Após estudos de doutoramento na UCLA/Universidade do Porto e trabalho de pós-doutoramento na Universidade de Duke, tornou-se chefe de secção nos National Institutes of Health. Em 2009, tornou se investigador do Programa de Neurociência Champalimaud, atuando como vice diretor e, posteriormente, como co-diretor da Champalimaud Research, de 2014 a 2017. De 2017 a 2022 foi diretor executivo do Mortimer B. Zuckerman Mind Brain Behavior Institute na Columbia University, em Nova Iorque. Rui Costa recebeu várias distinções, tais como Comandante da Ordem de Sant'Iago da Espada, a Medalha  Ariëns Kappers da Academia Real Holandesa de Artes e Ciências, e é membro eleito da Organização Europeia de Biologia Molecular e da Academia Nacional de Medicina.

 

Opinião
Feriado em Portugal, comemorando a restauração da Independência em 1640, 1 de dezembro é também, a n

Podemos questionar a existência de mais um “dia mundial” dedicado a uma doença. Corremos sobretudo o risco da vulgarização destas efemérides, algumas delas com o seu toque caricatural, voluntário ou não.

Pensemos, no entanto, no conceito de doença crónica. Pensemos no facto absurdo de alguns doentes poderem ser discriminados por terem essa doença. Pensemos ainda no impacto que a infecção por um vírus pode ter no desenvolvimento da sexualidade de adolescentes e jovens adultos. Pensemos em medicações “para toda a vida”.

A doença VIH/SIDA é uma doença, hoje em dia, transmitida essencialmente por via sexual.

É uma doença prevenível, evitável. Continua, no entanto, presente no dia a dia de milhares de portugueses e milhões de outras pessoas a nível mundial.

Falamos pouco de SIDA em Portugal, em 2025. No entanto, as nossas consultas recebem novos doentes diariamente. Doentes que, em muitos casos, revelam um desconhecimento completo em relação a esta patologia.

Conversemos então de novo sobre VIH/SIDA.

Como diz Sérgio Godinho, espalhem a notícia.

Vamos ao fundo do mundo espalhar que a SIDA se pode prevenir.

Vamos dizer que, além do uso do preservativo, existem meios farmacológicos de Profilaxia Pré Exposição.

Vamos espalhar que existem novas formas de tratamento, sem comprimidos, que consistem em duas injeções de 2-2 meses.

Vamos dizer, com muita força, que um doente em tratamento, com carga viral indetectável, não transmite o vírus!

Vamos espalhar, de forma muito enérgica, que qualquer forma de discriminação contra um doente é um acto de uma enorme estupidez!

Mas não há apenas boas notícias.

A infeção pelo vírus da SIDA continua a ser uma doença sem cura. O facto de já ser uma doença crónica, com bom prognóstico, não invalida que a pessoa portadora do vírus tenha de cumprir uma terapêutica para toda a vida.

Os novos casos diagnosticados continuam a ser muitos e, pior que isso, diagnosticados tardiamente, o que faz com que muitos doentes já apresentem complicações à data do diagnóstico.

A forma de evitar os diagnósticos tardios é um alargamento do rastreio a toda a população, independentemente de idade, género, profissão ou nível socioeconómico. Infelizmente, verificamos que se fala cada vez menos desta patologia e os rastreios são insuficientes.

Neste Dia Mundial de Luta Contra a SIDA, renovamos a nossa convicção que é possível quebrar a cadeia de transmissão, que hoje é essencialmente por via sexual.

Todos devem fazer o “teste VIH” pelo menos uma vez e sempre que acharem que há risco de terem contraído o vírus. Só assim conseguiremos tratar e controlar a totalidade da população infectada, levando assim ao controle virológico e bem-estar de cada um, assim como à tranquilidade e ausência de transmissão na Comunidade.

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Saúde em Diálogo
Conferência anual da Plataforma Saúde em Diálogo decorre no dia 3 de dezembro, 14h00, na PLMJ, em Lisboa, com a presença de...

A Plataforma Saúde em Diálogo promove, no próximo dia 3 de dezembro, no Auditório PLMJ, em Lisboa, a sua Conferência Anual, dedicada ao tema “Acesso ao Medicamento: mais equidade, mais sustentabilidade e melhor saúde”. O evento contará com a participação de Álvaro Almeida, Diretor Executivo do SNS, e com uma apresentação de Pedro Simões Coelho, da Universidade Nova de Lisboa e Presidente do Conselho Científico da NOVA IMS, dedicada a analisar o impacto do acesso à inovação terapêutica no cidadão e na sustentabilidade do SNS.

A dispensa em proximidade de medicamentos hospitalares será um outro dos temas centrais em discussão. A medida entrou em vigor no final de 2024 e devia ter sido alargada a todo o país em janeiro, algo que ainda não aconteceu.

Antecipa-se que cerca de 150 mil doentes poderão beneficiar da vantagem de levantarem a sua medicação nas farmácias da sua área de residência, evitando deslocações desnecessárias aos hospitais e melhorando a adesão à terapêutica.

“Este é um tema essencial para os doentes, dado que contribui não só para a melhoria da qualidade de vida de quem enfrenta a doença, mas ainda para um sistema mais eficiente e sustentável. Mais do que uma comodidade, é uma questão de justiça para milhares de doentes crónicos, garantindo-lhes o direito ao tratamento de que necessitam sem o fardo da distância e dos custos associados. No entanto, continuamos muito aquém na forma como a dispensa de medicação hospitalar está a ser gerida. Poucas são as pessoas que estão ainda a beneficiar deste novo regime, o que constitui um verdadeiro retrocesso e um grande obstáculo para as pessoas que vivem com doença crónica. Falta liderança política e vontade das ULS para implementar esta medida de uma vez por todas”, sublinha Jaime Melancia, presidente da Plataforma Saúde em Diálogo.

Para refletir sobre o tema, haverá uma mesa-redonda com a participação de Ana Sampaio, Presidente da Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino, Ema Paulino, Presidente da Associação Nacional das Farmácias, Érica Viegas, Vogal do Conselho Diretivo do INFARMED, Helder Mota Filipe, Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Nuno Flora, Presidente Executivo da ADIFA, e Sandra Cavaca, Presidente do Conselho de Administração dos SPMS, com moderação da jornalista Paula Rebelo.

Outro dos temas em destaque será o acesso a medicamentos biológicos. Estes medicamentos são, atualmente, uma das maiores fontes de inovação e desenvolvimento da indústria farmacêutica, tendo permitido o tratamento de doenças incuráveis ou doenças cujos tratamentos convencionais já não permitem uma resposta adequada, melhorando a qualidade de vida das pessoas com doenças autoimunes, doença oncológica, diabetes, entre outras.

Apesar dos avanços alcançados, atualmente há doentes crónicos que continuam a ter dúvidas e dificuldades no acesso a medicamentos biológicos. As disparidades na aprovação entre hospitais, a desatualização das normas clínicas que preconizam estes tratamentos, a falta de conhecimento sobre estas terapêuticas por parte de doentes e as dificuldades de acesso, principalmente para quem vive longe dos centros urbanos, são alguns dos obstáculos enfrentados, gerando iniquidades nas condições de acesso a estes medicamentos.

A Portaria n.º n.º 261/2024/1, que estabelece um regime excecional de comparticipação para determinadas patologias (espondiloartrite, artrite psoriática, artrite idiopática juvenil poliarticular e psoríase em placas, doença de Crohn ou colite ulcerosa), representou um grande avanço, ao permitir a prescrição de medicamentos biológicos em consultas especializadas dentro e fora dos hospitais públicos. Contudo, vários doentes vêem-se excluídos deste regime excecional, nomeadamente doentes com Asma Grave, Lúpus ou Dermatite Atópica, que permanecem dependentes exclusivamente do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para o acesso a estas terapêuticas, enfrentando listas de espera muito superiores às previstas nos Tempos Máximos de Resposta Garantidos.

Alexandre Guedes da Silva, Presidente da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, Filipa Branco, da Associação de Doentes com Lúpus, Ricardo Lima, da Direção do Colégio da Especialidade de Pneumologia da Ordem dos Médicos, Sofia Alexandra Pinheiro, da Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica, Irene Costa, deputada e membro da Comissão Parlamentar da Saúde, e Xavier Barreto, Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, irão debater o acesso a estas terapêuticas biológicas numa mesa redonda, também  com moderação de Paula Rebelo.

A entrada é gratuita, mediante inscrição obrigatória.

Programa: https://plataformasaudeemdialogo.org/wp-content/uploads/2019/05/Programa-Conferencia-Anual-Plataforma-Saude-em-Dialogo-2025.pdf   

Inscrições: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf0MaSXrMcKrpWiiLeL4IvHPpcTb5qT3jAjg7tyWjgZ3iuzoA/viewform?eg_sub=e657f47844&eg_cam=d721c5f678492a0ced6971131da70a01&eg_list=1

 

Iniciativa da Ordem dos Farmacêuticos
A ULS da Cova da Beira (ULSCBEIRA) congratula-se com os resultados alcançados na 2.ª edição do Top Farmácia Hospitalar 2025,...

No universo das 37 unidades participantes do Serviço Nacional de Saúde, representando 77% das instituições elegíveis, incluindo Açores e Madeira, a Farmácia da ULS da Cova da Beira destacou-se ao conquistar o PRIMEIRO LUGAR - “MELHOR DESEMPENHO GLOBAL”, no cluster C, categoria que agrupa hospitais com características e níveis de complexidade semelhantes, tal como definidos pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).

Este reconhecimento reforça a qualidade, consistência e excelência dos serviços farmacêuticos prestados pela instituição.

Para além desta vitória no seu cluster, a ULS da Cova da Beira foi ainda distinguida com uma MENÇÃO HONROSA na dimensão “FORMAÇÃO E INVESTIGAÇÃO”, uma das três áreas avaliadas pelo concurso, que também inclui “Consumo e Preparação de Medicamentos” e “Atividades Clínicas”.

Esta distinção evidencia o compromisso da instituição com a inovação, o desenvolvimento científico e a qualificação contínua das suas equipas, elementos essenciais para a prestação de cuidados de saúde diferenciados e sustentáveis.

O Top Farmácia Hospitalar avalia 16 indicadores específicos distribuídos pelas três dimensões mencionadas, permitindo uma análise rigorosa, transparente e comparativa entre farmácias hospitalares de diferentes perfis. O desempenho da Farmácia da ULS da Cova da Beira confirma a dedicação das suas equipas técnicas e clínicas, refletindo um trabalho sistemático focado na segurança do doente, na otimização terapêutica e na promoção da formação e investigação em saúde.

A ULS da Cova da Beira felicita todas as equipas envolvidas e reafirma o seu compromisso com a melhoria contínua, a excelência dos cuidados farmacêuticos e a valorização dos profissionais que, diariamente, contribuem para a qualidade e eficácia do Serviço Nacional de Saúde.

 

Mês de sensibilização para a prevenção da diabetes
Ao longo dos anos, muito se tem falado do impacto negativo da diabetes na nossa vida e na saúde em geral. Mas sabia que a...

A diabetes não afeta apenas órgãos como os rins e os olhos, tem também um impacto significativo na sua saúde oral. É fundamental uma vigilância redobrada e uma anamnese aprofundada por parte do profissional de saúde antes de qualquer procedimento clínico.

No mês em que sensibiliza para a prevenção da diabetes, a OralMED partilha algumas informações sobre a doença e o seu impacto na saúde oral.

Diabetes em Portugal

A Direção Geral da Saúde estima que cerca de 3 milhões de pessoas são já afetadas pela diabetes ou estão em estado pré-diabético em Portugal. Prevenir e gerir a diabetes não se traduz apenas em evitar complicações mais graves, mas em salvaguardar um sorriso saudável - um passaporte para uma vida com mais confiança e bem-estar.

Por muito boa que seja a sua higiene oral, a diabetes, ao comprometer a regulação do açúcar no sangue, pode ter consequências significativas. O nosso corpo é um sistema interligado, e níveis elevados de glicose no sangue afetam a capacidade do organismo de combater infeções e de cicatrizar, tornando as pessoas com diabetes mais suscetíveis a várias patologias orais. A boca é uma das primeiras áreas onde estes efeitos se podem manifestar. Nesse sentido, um diabético deve fazer check-ups dentários regulares para monitorizar a sua saúde oral.

Quais os efeitos da diabetes na saúde oral?

  • Doença periodontal (Gengivite e Periodontite): Esta é a complicação oral mais comum e grave associada à diabetes. A gengivite é a inflamação das gengivas, que, se não tratada, pode evoluir para periodontite – uma infeção mais severa que afeta os tecidos e o osso que suportam os dentes. Nas pessoas com diabetes, a periodontite tende a ser mais agressiva e de progressão mais rápida, podendo levar à perda dentária. A relação é bidirecional: a periodontite descontrolada pode, por sua vez, dificultar o controlo dos níveis de açúcar no sangue.
  • Mau hálito e boca seca: A diabetes, especialmente quando descontrolada, pode levar ao mau hálito e boca seca (xerostomia). A boca seca aumenta o risco de cáries, infeções fúngicas (como candidíase oral), dificuldades na fala e deglutição, e contribui para a proliferação bacteriana que, consequentemente, pode levar ao mau hálito.
  • Atraso na cicatrização: As pessoas com diabetes têm uma capacidade de cicatrização reduzida, o que é um fator a considerar em qualquer intervenção dentária, como extrações ou cirurgias.
  • Maior risco de cáries: A diminuição da saliva e, por vezes, um maior teor de glicose na saliva, criam um ambiente propício ao desenvolvimento de cáries, uma vez que os dentes ficam mais vulneráveis à ação de bactérias.

Como evitar estes efeitos nocivos?

Manter um controlo glicémico rigoroso é a solução mais eficaz para reduzir os riscos associados à diabetes, evitando complicações graves. No entanto, é importante adotar outras medidas para proteger a sua saúde oral e geral:

  • Higiene oral impecável: Escove os dentes pelo menos duas vezes ao dia com uma pasta fluoretada e utilize o fio dentário diariamente. Esta rotina é crucial para remover a placa bacteriana e prevenir a gengivite e a periodontite.
  • Dieta equilibrada: Reduza o consumo de açúcares e alimentos processados. Uma alimentação saudável contribui para o controlo da diabetes e para a saúde dos seus dentes.
  • Hidratação constante: Beba muita água ao longo do dia para combater a boca seca e ajudar a limpar a boca.
  • Evitar hábitos prejudiciais: O tabaco e o consumo excessivo de álcool agravam a doença periodontal e aumentam o risco de outras complicações orais em diabéticos.
  • Consultas de medicina dentária regulares: pessoas com diabetes devem visitar o dentista a cada 6 meses para check-ups e limpezas. 

Mais importante ainda é frequentar consultas de medicina dentária regulares. O dentista desempenha um papel crucial, detetando precocemente sinais de doença periodontal ou outras complicações, e adaptando o plano de tratamento à sua condição. Pode também auxiliar no rastreio da diabetes, identificando sintomas que possam sugerir a presença da doença em pessoas ainda não diagnosticadas.

Não deixe a diabetes tirar o brilho do seu sorriso. Cuide da sua saúde oral!

 

Opinião
Durante décadas, a associação entre frio e dor articular foi vista como crença popular.

PORQUE AS ARTICULAÇÕES “RECLAMAM” MAIS NO FRIO

A resposta do corpo às baixas temperaturas combina vários mecanismos clínicos:

  • Menor irrigação muscular e articular → mais rigidez, menos flexibilidade.
  • Alteração da viscosidade sinovial → movimentos menos fluidos e maior atrito.
  • Contração muscular involuntária → mecanismo de defesa térmica que aumenta a tensão e a dor.
  • Maior sensibilidade dos recetores da dor, sobretudo em zonas já inflamadas.

Em conjunto, estes fatores tornam o inverno um período crítico para quem tem histórico de dor lombar, tendinites, artrose ou instabilidade articular.

 

QUEM ESTÁ MAIS VULNERÁVEL

  • Pessoas com artroses: o desgaste da cartilagem torna as articulações mais sensíveis às oscilações térmicas.
  • Atletas e praticantes ocasionais: treinar sem aquecimento adequado potencia ruturas e entorses.
  • Idosos e sedentários: menor massa muscular e termorregulação deficiente agravam a rigidez.
  • Doentes com lesões antigas: áreas cicatrizadas reagem mais intensamente ao frio e à humidade.

 

O MOVIMENTO COMO TERAPIA

O erro mais comum nesta estação é reduzir a atividade física.
A imobilidade agrava a rigidez, compromete a circulação e acelera o desgaste articular.
Pelo contrário, o exercício regular, adaptado à temperatura, mantém a lubrificação articular, estimula a circulação e reforça a musculatura de suporte.

Para treinar com segurança no inverno:

  • Realize aquecimento prolongado (10–15 minutos), com exercícios dinâmicos de mobilidade.
  • Utilize roupa técnica em camadas, que retenha calor e evite transpiração excessiva.
  • Evite pisos gelados ou com fraca tração e use calçado adequado.
  • Hidrate-se regularmente, mesmo sem sede — a desidratação aumenta o risco de lesão.
  • Termine com alongamentos suaves, prevenindo contraturas e rigidez pós-esforço.

 

CONSULTA MÉDICA: UM INVESTIMENTO PREVENTIVO

Durante o inverno, é frequente o agravamento de dores articulares crónicas e o aumento de lesões por sobrecarga.
Uma avaliação médica diferenciada permite detetar desequilíbrios musculares, encurtamentos e falhas de proprioceção antes que evoluam para lesões agudas.

Atualmente, a medicina desportiva dispõe de ferramentas precisas — ecografia musculoesquelética, ressonância magnética e plataformas de análise biomecânica — que permitem diagnosticar alterações precoces e orientar planos de treino personalizados.

 

CONCLUSÃO: O MITO TEM FUNDAMENTO

A dor articular no inverno não é um mito — é uma resposta biológica previsível e clinicamente comprovada.
O frio e a humidade alteram a fisiologia muscular e articular, mas não têm de significar dor nem paragem.
Com prevenção, aquecimento adequado e acompanhamento médico, é possível manter mobilidade, conforto e qualidade de vida ao longo de toda a estação.

 

O frio aperta, mas o corpo adapta-se — desde que o mantenhamos em movimento.

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Cientistas concluem
Por que é que uma determinada espécie de mosca-da-fruta prefere nutrientes doces, enquanto outra come com satisfação alimentos...

Para um animal sobreviver num novo ambiente, precisa de adaptar os seus hábitos alimentares, o seu comportamento, aos alimentos disponíveis nesse ambiente. Se não o fizer, não será capaz de subsistir. A regra aplica-se também às moscas-da-fruta.

Por exemplo, Drosophila melanogaster e Drosophila simulans são duas espécies “generalistas”, que se alimentam de uma dieta diversificada. Pelo contrário, Drosophila sechellia, nativa das ilhas tropicais das Seicheles, alimenta-se apenas de uma fruta chamada noni (Morinda citrifolia), que é particularmente ácida e amarga — uma fruta que as duas outras espécies evitam.

Como é que a preferência alimentar peculiar de D. sechellia evoluiu? As moscas-da-fruta sentem o sabor dos alimentos com todo o corpo, da boca às pernas e às asas. Portanto, as alterações genéticas nos receptores gustativos na superfície do corpo da mosca, em termos do seu número e sensibilidade, têm sido consideradas suficientes para explicar as mudanças nas escolhas alimentares destes insectos. No entanto, um novo estudo, publicado hoje (26/11/2025) na revista Nature por investigadores na Suíça, Portugal e Alemanha, questiona essa visão.

Os cientistas partiram da hipótese — como explicou o coautor sénior Thomas Auer, da Universidade de Friburgo — de que, se Sechellia não gosta tanto do sabor doce quanto Melanogaster ou Simulans, talvez seja porque a sensibilidade dos seus neurónios se alterou – ou, simplesmente, porque tem menos neurónios que respondem a substâncias doces. Uma outra possibilidade é que já não detecta as substâncias amargas da noni, o que lhe permite alimentar-se dessa fruta.

Utilizando sumo de uva e de noni como estimulantes, Auer e os seus colegas na Suíça testaram a primeira possibilidade (relativa aos receptores do sabor doce). Os resultados foram surpreendentes: “Os receptores do doce na Sechellia não respondiam mais à noni do que os das as outras espécies”, diz Auer. Os neurónios sensoriais do sabor doce, que geralmente são importantes para a atracção, apresentavam a mesma actividade nas três espécies e o número de neurónios era o mesmo.

“Isso foi surpreendente”, acrescenta Auer, “porque pensávamos que poderia haver uma sintonização específica em relação à noni, de modo que Sechellia gostasse mais dele – e constatámos que esse não era o caso.”

Em seguida, a equipa analisou os neurónios sensíveis ao sabor amargo. “Neste caso”, explica Auer, “a nossa hipótese inicial era que, enquanto mosca ‘especialista' da noni, Sechellia poderia ter perdido a aversão à noni porque não a percebia como sendo amarga”. De facto, o genoma de Sechellia perdeu alguns receptores do sabor amargo, o que fez os cientistas pensarem que tal poderia ter levado à perda da aversão à noni. Mas isso também não se confirmou. Pelo contrário, o que eles descobriram foi que Sechellia respondia mais fortemente à noni do que as outras espécies de mosca-da-fruta em causa. “Na verdade, aconteceu o oposto do que esperávamos”, salienta Auer.

Estes resultados sugerem que as respostas dos neurónios gustativos periféricos não chegam para explicar a mudança de comportamento alimentar observada em Sechellia. A equipa suíça ficou então interessada em analisar mais em pormenor o processamento das informações gustativas no sistema nervoso central das moscas.

Foi aí que Daniel Münch e Carlos Ribeiro, respetivamente segundo coautor e coautor sénior do estudo, entraram em cena. Münch, actualmente na Universidade Justus-Liebig em Giessen (Alemanha), era na altura investigador no laboratório de Comportamento e Metabolismo de Ribeiro, na Fundação Champalimaud, em Lisboa. “No laboratório, desenvolvemos uma técnica para visualizar a actividade de todos os neurónios localizados no centro de processamento do sabor no cérebro da mosca”, explicou Münch.

A equipa da Fundação Champalimaud visualizou as respostas associadas ao sabor – ou seja, os padrões de actividade neuronal –, através de imagiologia do cálcio no cérebro de espécimes geneticamente modificados de Melanogaster, Simulans e Sechellia fornecidos pelo laboratório de Auer. Mais especificamente, analisaram uma parte do sistema nervoso central da mosca, chamada zona subesofágica, um conjunto de células nervosas localizado abaixo do esófago que é crucial para a alimentação.

“Criámos um conjunto de dados de imagens das três espécies de moscas e, a seguir, comparámos os seus padrões de actividade neuronal”, explica Münch.

O que descobriram foi que as diferenças de comportamento alimentar entre as espécies não se deviam a alterações na informação sensorial, mas sim ao processamento dessa informação e à forma como era tratada no cérebro.

“Basicamente, algumas regiões da zona subesofágica da Sechellia responderam de forma mais intensa à noni do que ao sumo de uva, enquanto que nas moscas Melanogaster aconteceu o contrário”, diz ainda Münch.

Além disso, nas regiões associadas aos neurónios motores (responsáveis pelo comportamento de ingestão dos alimentos pelas moscas), os cientistas não encontraram quase nenhuma resposta ao sabor doce nas moscas Sechellia. Por outras palavras, os resultados corroboraram a hipótese de que as escolhas alimentares eram reguladas pelo processamento de informações ao nível do cérebro.

“Quando desenvolvemos o nosso método de imagem com Daniel, uma das ideias era que ele pudesse ser usado para observar a actividade cerebral em diferentes insectos e espécies, porque não é necessário usar muitas das técnicas genéticas normalmente exigidas pela imagiologia clássica”, diz Ribeiro. “É extremamente gratificante ver como essa abordagem produz aqui imagens tão reveladoras de como a evolução altera o paladar e os hábitos alimentares por meio de mudanças na função cerebral.”

Os resultados abrem caminho para futuras pesquisas, diz Auer.

“Creio que também é importante para a área reconhecer que tem prevalecido uma visão algo simplista: de que tudo o que activa neurónios sensoriais do amargo é aversivo e tudo o que activa neurónios sensoriais do doce é atrativo. Mas temos aqui um caso que evidencia que as coisas são mais complicadas, mais complexas, do que isso.”

Uma das potenciais aplicações destes novos resultados poderia ser em estratégias de controlo de insectos. “É normal pensar-se que é possível manipular o comportamento alimentar dos insectos bloqueando as respostas periféricas”, observa Auer. Mas talvez essa não seja realmente a única maneira de o fazer.

Opinião
A síndrome da classe económica é uma patologia vascular causada por longos períodos de baixa mobilid

O sangue circula mais lentamente nos membros inferiores e pode levar ao desenvolvimento de trombos nas veias, ocorrendo com maior frequência após 4-6 horas de viagem. Este processo é ainda mais frequente nos casos em que se lhe associa a desidratação, que poderá agravar-se com consumo de álcool, chá ou café (pelo seu efeito diurético) e pelo uso de comprimidos para dormir (por aumentaram a imobilidade do passageiro).

O trombo venoso pode, eventualmente, progredir para veias de maior calibre e até migrar da perna para o pulmão, causando uma embolia pulmonar aguda, ou seja, o trombo formado nos membros inferiores migra até à circulação dos pulmões, obstruindo as artérias pulmonares ou ramos destas (que poderá em situações extremas ser fatal).

Outra preocupação é o AVC, pois sabe-se que cerca de 6% dos indivíduos, que sofrem uma embolia pulmonar, também sofrerão um AVC pois, o trombo pode migrar das cavidades cardíacas direitas para as esquerdas através de um foramen oval persistente (orifício entre as aurículas ou ventrículos) e assim alcançar a circulação cerebral. Normalmente, o forâmen oval fica encerrado ao nascimento, no entanto, em cerca de 20% das pessoas isto não acontece.

Viajar aumenta o risco de formação de trombos nas veias dos membros inferiores em 3 vezes, e cada 2 horas de tempo de viagem prolongado aumenta o risco em 18%. Estas condições são duas vezes mais prevalentes em mulheres do que em homens e são mais comuns em indivíduos com mais de 50 anos. O tempo médio de voo para que essas doenças ocorram é de 10 horas.

 

Quais sintomas que podem indicar trombose venosa?

Alguns sinais de insuficiência venosa podem tornar-se mais evidentes durante a viagem como;

Edema, sensação de formigueiro, peso e dor. Quando se forma um trombo/ trombose, os sinais e sintomas são mais exacerbados e pode mesmo coexistir alguma dificuldade em andar. É importante notar que esses sintomas são mais intensos no destino algumas horas após a viagem.

 

Fatores de risco:

- Idade avançada;

- Obesidade;

- Indivíduos submetidos recentemente a uma grande cirurgia (últimas duas semanas);

- História pessoal ou familiar de trombose venosa e de trombofilias (doenças que aumentam a suscetibilidade à formação de trombos);

- Varizes dos membros inferiores;

- Tumor nos últimos 2 anos;

- Uso de contracetivos orais e gravidez;

- Condições que prejudicam o movimento.

 

Como prevenir?

Pode reduzir consideravelmente as hipóteses de trombose venosa tendo em conta as seguintes medidas:

Faça caminhadas ocasionais. Force-se a caminhar tanto no corredor do avião quanto no aeroporto se fizer escalas. Conseguirá que o seu sangue flua melhor, isto é, melhora o retorno venoso, e evitará que se acumule nos seus membros inferiores.

Quando estiver sentado, não dobre ou cruze as pernas por muito tempo de cada vez. É melhor relaxá-los e fazer alguns exercícios de contração e flexão dos pés e das pernas com regularidade.

Não coloque bagagem debaixo do banco da frente. Se o fizer, perderá espaço onde poderia descansar as pernas e fazer alguns exercícios de flexão dos pés.

Mantenha-se hidratado. Beba água constantemente, antes e durante a viagem. Evite alimentos ou bebidas que possam desidratá-lo, como café, chá ou álcool.

Use roupas e sapatos confortáveis e evite comprimidos para dormir (aumentam a imobilização).

Use meias de compressão (“meias de descanso”). Se tiver varizes, é importante usar meias de compressão graduada (meias elásticas). As meias ajudam a reduzir o risco de formação de trombos, reduzindo a estase do sangue nas pernas, isto é, aumenta o retorno venoso ao coração.

Para indivíduos com elevado risco de trombose, pode ser considerado a prescrição de medicamentos anticoagulantes para prevenção antes da sua viagem.

Tem perguntas mais específicas? Não hesite em contactar o seu médico para viajar sem preocupações!

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo revela
Um estudo recente identificou, pela primeira vez em Portugal, quais os alimentos que são simultaneamente sustentáveis e “bem...

A análise – coordenada pela investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), Mariana Rei e desenvolvida por uma equipa do ISPUP e da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação (FCNAUP) – baseou-se na informação recolhida junto de 521 crianças e 633 adolescentes no âmbito do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF 2015/2016), que permitiu identificar os alimentos mais consumidos e avaliar a sua sustentabilidade com base em indicadores nutricionais, ambientais e económicos.

Os resultados mostraram que apenas um conjunto limitado de alimentos — sobretudo vegetais frescos e processados, fruta fresca e fruta em frasco, leguminosas, massa, arroz, tubérculos, sumos naturais e néctares — reúne simultaneamente os critérios considerados essenciais para uma alimentação sustentável. Estes alimentos destacam-se pela elevada densidade nutricional, pelo reduzido impacto ambiental e por serem, em média, mais económicos. No entanto, representam apenas uma pequena parte das escolhas alimentares habituais das crianças e adolescentes portugueses.

A equipa de investigação explica que, de forma consistente, os alimentos com maior qualidade nutricional tendem a ser também os que apresentam maiores emissões de gases com efeito de estufa e custos mais elevados. Os produtos de origem animal, como carne, peixe e ovos, são um exemplo disso: apesar de fornecerem nutrientes importantes para o crescimento, são igualmente responsáveis por maior uso de solo e maior pegada carbónica. Em contraste, os alimentos ultra-processados apresentam pior qualidade nutricional, embora alguns possam ser mais acessíveis do ponto de vista económico.

Para os autores do estudo, estes resultados reforçam a necessidade de repensar políticas alimentares e estratégias de promoção da saúde dirigidas aos mais jovens. Defendem que a criação de orientações alimentares sustentáveis deve considerar o equilíbrio entre saúde, ambiente, custo e preferências culturais, sob pena de se lançarem recomendações difíceis de aplicar na prática. “Políticas de incentivo à produção agrícola mais sustentável e medidas que facilitem o acesso económico a frutas, legumes e leguminosas podem desempenhar um papel decisivo numa mudança de comportamentos”, explica Mariana Rei, primeira autora do estudo.

Este trabalho de investigação – o primeiro em Portugal a integrar simultaneamente as dimensões nutricionais, ambientais, económicas e socioculturais na análise das escolhas alimentares de crianças e adolescentes, abre caminho para a revisão futura das orientações alimentares nacionais, incorporando sugestões mais precisas sobre as opções mais sustentáveis dentro de cada grupo alimentar.

 

Dias 28 e 29 de novembro
"Um Rumo para a Saúde" será o tema central do 28º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos que decorrerá nos dias 28 e...

Dois dias de debate da comunidade médica nacional com sessões dedicadas à sustentabilidade do sistema de saúde, à valorização da profissão médica, à inovação científica e tecnológica e à defesa da qualidade e da equidade no acesso aos cuidados.

O congresso "traduz a ambição de encontrar caminhos claros e sustentáveis para um sistema de saúde que responda às necessidades dos cidadãos, valorize os profissionais e incorpore a inovação científica e tecnológica sem perder de vista a centralidade da pessoa", afirma o Bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes.

Trata-se, de acordo com o Presidente do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Manuel Teixeira Veríssimo, e anfitrião do congresso de "uma oportunidade para reafirmarmos o papel da Medicina como pilar da sociedade, para fortalecer os laços profissionais e para construirmos juntos soluções que coloquem o doente no centro dos cuidados".

Mais informações: https://www.congressonacionalom.pt/

 

Nova era na formação médica
Pela primeira vez, capacetes cirúrgicos com câmaras integradas, óculos de realidade aumentada e 5G da NOS foram utilizados para...

Graças à utilização da rede móvel 5G da NOS, a ligação entre os dois hospitais, separados por cerca de 170 quilómetros, foi assegurada com total estabilidade. Isso permitiu que as imagens de elevada qualidade, captadas a partir do ponto de vista do cirurgião, fossem transmitidas em tempo real, no âmbito de uma sessão de formação que permitiu capacitar estes profissionais numa nova técnica cirúrgica. Além de poderem visionar imagens de elevadíssima qualidade e detalhe, filmadas do ponto de vista do cirurgião, graças à câmara embutida no capacete cirúrgico, os profissionais da ULS Nordeste puderam também fazer perguntas e observações.

A tecnologia de realidade aumentada, integrada no visor do capacete, permitiu ao cirurgião referenciar e visualizar os pontos anatómicos com maior precisão, funcionando como um sistema de navegação intraoperatória. Esta solução aumenta a segurança e a eficácia do procedimento cirúrgico, com elevados ganhos para o utente.

Segundo Francisco Serdoura, Diretor do Serviço de Ortopedia da ULS São João e CEO do 4LifeLAB, “Esta cirurgia robótica da coluna, realizada com um sistema único em Portugal, marca um momento histórico para a medicina nacional. Através da integração entre robótica, realidade aumentada e conectividade 5G, conseguimos partilhar, e interagir em tempo real, uma intervenção cirúrgica complexa, sem comprometer a qualidade ou a precisão do ato cirúrgico. Este avanço demonstra como a inovação tecnológica pode transformar a prática clínica. No 4LifeLAB e no Serviço de Ortopedia da ULS São João acreditamos que esta é apenas a primeira de muitas cirurgias que irão redefinir a forma como podemos formar e tratar os doentes em rede no Serviço Nacional de Saúde.”

Desenvolvidos pelo 4LifeLAB, os capacetes cirúrgicos foram, assim, usados pela primeira vez para transmitir uma cirurgia, em tempo real, entre dois hospitais. O objetivo final do projeto é que estes capacetes possam ser usados para encurtar distâncias entre as unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), permitindo aproximar equipas e reduzindo as assimetrias no acesso à inovação entre as unidades do SNS.

Carla Botelho, Diretora de Transformação Tecnológica e Projetos de Inovação na NOS, sublinhou: “Na NOS, trabalhamos todos os dias para colocar a inovação ao serviço das pessoas. Este projeto é um exemplo de como a tecnologia pode transformar a saúde, aproximando profissionais e potenciando a partilha de conhecimento em tempo real. É assim que reforçamos o nosso compromisso com a sociedade e com um futuro mais ligado e humano.”

Para Afonso Ruano, Diretor do Serviço de Ortopedia da ULS do Nordeste, este projeto “vem reforçar a utilidade das novas tecnologias em Saúde, por permitir o acompanhamento de cirurgias complexas à distância e com a integração de adjuvantes, como a cirurgia robótica, no tratamento dos doentes. Isto melhora a segurança dos procedimentos e permite também o treino mais seguro e preciso dos profissionais de Saúde. Esta parceria será ainda mais valorizada porque a ULS Nordeste irá dispor, em breve, de uma Unidade de cirurgia robótica da coluna reforçada com imagiologia 3D, que podendo ser integrada com este dispositivo e a tecnologia 5G, permitirá melhorar e aumentar os cuidados de saúde na região. Devemos continuar a tentar melhorar os cuidados de saúde no Nordeste, utilizando tecnologias que compensem o afastamento dos grandes centros”.

A iniciativa decorreu no âmbito do projeto Health from Portugal (HfP), um consórcio que reúne mais de 80 entidades nacionais e visa posicionar Portugal como um hub de referência mundial no desenvolvimento de produtos e serviços de Saúde inovadores e tecnológicos.

 

Universidade de Coimbra
O projeto UpReGain, liderado por um grupo de investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Faculdade de Ciências...

Os primeiros ensaios estão a ser realizados com pessoas saudáveis, mas dentro de pouco tempo o projeto avançará para testes com pacientes de AVC. Os resultados preliminares são promissores.

«Neste projeto combinamos uma interface cérebro-computador (BCI) – que estabelece uma ligação direta entre o cérebro e dispositivos externos, sem recorrer a músculos ou nervos –, um exoesqueleto de mão robótica, que oferece feedback físico e somatossensorial, e ambientes de realidade virtual com elementos de gamificação. Esta combinação permite aos pacientes visualizar os movimentos num avatar e executar tarefas em contexto de jogo», explica Aniana Cruz, investigadora do ISR e coordenadora do projeto UpReGain.

De acordo com a especialista, o objetivo principal é o uso da imaginação motora: ao imaginar abrir ou fechar a mão, o cérebro ativa as mesmas áreas motoras como se o movimento fosse realmente executado. Esse sinal cerebral, captado por electroencefalografia (EEG), é interpretado pelo sistema e transformado em feedback visual (mão virtual), físico (mão robótica) ou em atividades gamificadas (por exemplo: agarrar objetos, espremer frutas, encher um copo).

«O nosso objetivo é comparar abordagens distintas – imaginação motora com feedback robótico, com avatar virtual ou com jogos gamificados – e avaliar o impacto de cada uma em relação à terapia convencional. Pretendemos, também, uma reabilitação de acordo com o perfil de cada paciente e a sua evolução clínica, combinando EEG com Eletromiografia (EMG), uma técnica que regista a atividade elétrica dos músculos, em casos de movimento residual. Queremos, ainda, avaliar a viabilidade prática, nomeadamente no que diz respeito à preparação, calibração, tempo de utilização e aceitação, tanto pelos pacientes como pelos profissionais de saúde», destaca Aniana Cruz. 

O projeto UpReGain é liderado por uma equipa multidisciplinar do ISR, com investigadores especializados em BCI, realidade virtual, reabilitação e visão por computador, em colaboração com a Unidade Local de Saúde de Coimbra / Polo Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais.

«O objetivo final é transferir a tecnologia BCI do laboratório para a prática clínica, contribuindo para aumentar significativamente a taxa e a qualidade da recuperação motora após um AVC», conclui.

 

Barómetro de Inovação Clínica 2025
O Barómetro de Inovação Clínica 2025, apresentado pela NTT DATA, consultora global de negócio e tecnologia, identifica dois...

Os resultados mostram que esta dupla limitação se manifesta de forma clara no terreno e revela a distância entre intenções e capacidade real de execução. Nas faculdades de medicina, todas as Direções classificaram esta área como uma prioridade muito elevada, mas mais de metade das Associações de Estudantes considera que a preparação digital dos futuros médicos é insuficiente. Já nos hospitais, os CIC continuam limitados por modelos de gestão que não permitem contratar equipas ou definir incentivos de forma autónoma, uma fragilidade que compromete a agilidade necessária para competir internacionalmente.

A segunda edição do Barómetro amplia o horizonte de análise iniciado em 2024, ao integrar pela primeira vez as faculdades de medicina – com Direções e Associações de Estudantes – permitindo uma leitura mais abrangente da inovação clínica em Portugal. No total, o estudo envolveu 48 instituições clínicas e 10 faculdades de medicina, o que reforça a capacidade de diagnóstico do ecossistema.

Faculdades de Medicina: vontade de inovar travada por planos curriculares sobrecarregados

A auscultação às faculdades revela uma valorização institucional clara da inovação digital, com todas as direções a reconhecerem a preparação dos alunos para a era digital como uma prioridade muito elevada. No entanto, 56% das associações de estudantes consideram essa prioridade apenas baixa ou moderada, o que revela um desfasamento entre o discurso estratégico e a prática pedagógica.

Há convergência na inclusão de conteúdos como Inteligência Artificial, simuladores digitais e sistemas de apoio à decisão clínica, mas apenas metade das faculdades avançou para áreas mais complexas como Big Data e análise de dados clínicos.

A preparação dos alunos para a área digital é vista de forma mais positiva pelas Direções, com 87% a classificarem-na como moderada/boa; já 67% das Associações de Estudantes consideram que os alunos estão pouco ou apenas moderadamente preparados. A capacitação docente também é percebida como insuficiente por uma parte significativa dos estudantes (44%).

As infraestruturas tecnológicas são reconhecidas com centros de simulação clínica digital em todas as faculdades, mas persistem limitações em áreas emergentes como telemedicina, cibersegurança e ética digital. A perceção da qualidade dos recursos varia: 37% das direções consideram-nos adequados ou totalmente adequados, enquanto 56% das associações de estudantes os classificam como pouco ou apenas moderadamente adequados.

Apesar de todas as faculdades incentivarem projetos de investigação e inovação, nenhuma associação de estudantes reconhece que a formação atual contribui para o desenvolvimento de competências empreendedoras.

O principal obstáculo à integração de novas temáticas digitais é consensual: a falta de tempo nos planos curriculares, apontada por 75% das direções e 78% das associações de estudantes. Curiosamente, o financiamento para projetos de inovação pedagógica não é considerado um fator limitante, o que reforça a urgência de uma reorganização curricular.

Centros de Investigação Clínica: estruturas reconhecidas, mas ainda pouco autónomas

Os CIC continuam a ser muito valorizados pelas administrações hospitalares (67%) e mantêm uma colaboração ativa com a indústria farmacêutica (75%). No entanto, a articulação com associações de doentes e com a sociedade em geral permanece muito limitada, o que compromete a sua visibilidade e impacto social.

A desmaterialização de processos é a estratégia mais priorizada (80%), seguida pela capacitação das equipas, confirmando a importância das competências humanas como fator de sucesso. Por outro lado, a descentralização dos ensaios clínicos e o aumento da literacia da população continuam a ser áreas pouco valorizadas e com baixo investimento.

A autonomia estratégica dos CIC é considerada elevada em áreas como a definição de indicadores de desempenho (57%) e de estratégia (60%). Contudo, a falta de autonomia na contratação de recursos humanos e na definição de políticas de incentivos permanece como uma limitação estrutural importante, que compromete a agilidade e a capacidade de atração de talento.

O Despacho n.º 1739/2024, que prevê medidas para reforçar a autonomia dos CIC, não revelou ainda o seu potencial transformador: 45% dos centros não pretendem fazer uso das medidas previstas, e apenas dois centros se constituíram até à data como associações de direito privado sem fins lucrativos.

No plano digital, a maturidade dos CIC ainda é reduzida, com destaque para a automação de processos operacionais (37%) e a gestão e integração de dados (32%). A prioridade vai para a implementação de plataformas de gestão de ensaios clínicos (65%), enquanto as plataformas de recrutamento de doentes (55%) ganham relevância crescente.

“A inovação clínica não depende apenas de tecnologia, depende de pessoas capacitadas e estruturas ágeis. O Barómetro 2025 mostra que, sem autonomia nos Centros de Investigação Clínica e tempo nos planos curriculares dos cursos de medicina, Portugal arrisca perder o ritmo da transformação digital na saúde, o que será muito penalizador para a qualidade da prestação de cuidados, mas também para a capacidade que o país terá de captar grandes investimentos em investigação e inovação clínica”, afirma Patrícia Calado, Head of Clinical Innovation da NTT DATA Portugal.

Um sistema de saúde mais inovador, mais digital e mais próximo dos cidadãos

O Barómetro de Inovação Clínica 2025 reforça a necessidade de uma dupla transformação: CIC mais autónomos, digitalizados e eficientes, e profissionais de saúde preparados para trabalhar com tecnologias digitais, ciência de dados e novas abordagens clínicas.

A NTT DATA acredita que só com esta visão integrada será possível construir um ecossistema de inovação clínica sustentável, capaz de gerar valor para os doentes, para as instituições e para o país.

O Barómetro foi apresentado durante a atribuição dos Prémios Inovação em Saúde – Todos pela Sustentabilidade, uma iniciativa conjunta da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, da Sanofi e da NTT DATA, que teve lugar na aula magna da FMUL.

O relatório completo do Barómetro de Inovação Clínica 2025 pode ser consultado em pt.nttdata.com

 

Opinião
O inverno é a época ideal para cuidar da pele.

Para o tratamento de rugas são usados habitualmente toxina botulínica nos casos de rugas de expressão (rugas dinâmicas) e o ácido hialurónico para rugas estáticas (por exemplo os sulcos entre o nariz e a boca). São procedimentos simples, realizados através de agulhas muito finas e que permitem uma recuperação imediata. Os efeitos mantêm-se durante alguns meses e permitem, além de tratar as rugas existentes, prevenir o aparecimento de novas rugas.

 

O tratamento da flacidez encontra no endolaser (uma técnica), ou laser intersticial, o seu principal aliado. Trata-se de uma tecnologia inovadora que usa um laser de fibra ótica da espessura de um fio de cabelo que permite o tratamento da flacidez sem cortes ou cirurgias. O tratamento é realizado em consultório com anestesia local e permite tratar a flacidez da face, pescoço (papada) e olheiras. Também pode ser usado no corpo na flacidez do abdómen, braços, coxas e joelhos. Este laser veio revolucionar o tratamento da flacidez permitindo um grau de eficácia unico para um procedimento minimamente invasivo. É apenas necessária uma única sessão, os resultados são visíveis a partir dos 3 meses, durando cerca de 2 a 3 anos.

Igualmente um aliado no tratamento da flacidez temos a radiofrequência fracionada que combina duas tecnologias amplamente usadas (microagulhamento e radiofrequência) para uma estimulação da produção do colagénio.  Permite trabalhar além da flacidez, a superfície da pele (rugas finas, cicatrizes de acne e manchas).

Uma vez que parte dos resultados se deve à estimulação endógena de colagénio, o efeito é observado após 3 meses do tratamento.

Podem ser necessárias 1-3 sessões dependendo de cada caso.
Ao contrário de outros procedimentos, o fototipo não influencia a eficácia do tratamento. O procedimento é realizado sob anestesia tópica aplicada 1h antes da sessão, para maior conforto do paciente. Após o tratamento a pele fica rosada e mais áspera, com normalização em menos de uma semana. Durante esse período recomenda-se fotoproteção adequada.

 

A flacidez poderá ser melhorada recorrendo a bioestimuladores. Os Bioestimuladores são substâncias que quando injetadas na pele, estimulam a produção de colagénio do organismo, o que se traduz num efeito rejuvenescedor, melhorando a flacidez, textura e brilho com resultados naturais e progressivos.

Existem diversos bioestimuladores de colágeno disponíveis no mercado, cada um com suas próprias características e indicações específicas. Alguns dos bioestimuladores de colágeno mais conhecidos são Ácido Polilático, Hidroxiapatita de Cálcio e Policaprolactona.

 

Os peelings químicos são tratamentos através dos quais é induzida uma renovação cutânea pela aplicação seletiva de ácidos, cuja finalidade pode ser estética ou terapêutica. O objetivo do peeling é causar uma lesão muito seletiva da superfície, de forma a que ocorra uma renovação da pele.

Os peelings podem ser classificados de acordo com a sua profundidade. A profundidade do peeling é definida pelo agente de peeling usado, pela sua concentração e pelo pH da formulação. Os mais profundos têm resultados mais dramáticos, porém comportam riscos mais significativos e um tempo de recuperação mais longo. Os mais superficiais envolvem muito poucas ou nenhumas restrições na vida social.

As indicações dos peelings são suavização de rídulas, redução de poros, tratamento de manchas, aumento da luminosidade, melhoria da luminosidade e brilho.

 

O Laser CO2 Fracionado é um tratamento de rejuvenescimento não cirúrgico que estimula a produção de colágeno na derme, melhorando sua elasticidade, rugas, cicatrizes e manchas acastanhadas.

Através da aplicação de uma energia que penetra na superfície da pele, o Laser CO2 remove a parte superficial da pele, promovendo assim a sua regeneração, dando lugar a uma pele mais nova, sem marcas e mais luminosa.

O laser CO2 fracionado pode ser feito em diversas regiões da face, pescoço e corpo.

 

Em relação ao corpo, o Inverno é altura ideal para tratar a gordura, celulite e flacidez, uma vez que muitas vezes é necessário o uso de roupa elástica durante as primeiras semanas após o procedimento e durante o inverno, esta é usada facilmente como roupa interior.

Dentro dos tratamentos mais eficazes para a celulite, o lipolaser ocupa um lugar de destaque, uma vez que permite remover gordura, tratar a celulite e flacidez num único procedimento, podendo ser tratadas várias áreas do corpo em simultâneo.

Destacam-se como principais vantagens, a ausência de desconforto, inchaço e equimoses (nódoas negras) mínimas devido ao uso do laser. As fibras ticas do laser permitem trabalhar a celulite no interior da pele permitindo a remodelação dos tecidos mesmo em casos avançados de celulite. Por promover a retração da pele permite tratar áreas com flacidez como o abdómen, braços e coxas sem cortes ou cicatrizes.

Em fases mais iniciais da celulite e como complementar ao Lipolaser, usamos ultrassons de baixa frequência que permitem melhorar esta alteração de forma totalmente não invasiva, sendo necessários 4-6 tratamentos.

 

Por último, um procedimento minimamente invasivo revolucionário que utiliza energia sub-dérmica de plasma frio para fazer retração e rejuvenescimento da pele da face e corpo. Uma alternativa única às cirurgias convencionais tradicionais, abdominoplastia, lipoescultura e facelift. É uma tecnologia única porque a energia do plasma frio aplicada sob a pele cria uma contração instantânea da pele que melhora ao longos dos meses seguintes. É seguro e comprovada cientificamente a sua eficácia.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dia Nacional Anemia – 26 de novembro
Hoje assinala-se o Dia Nacional da Anemia, uma jornada dedicada a sensibilizar para a importância de diagnosticar e tratar esta...

A ferritina é uma proteína essencial responsável por armazenar o ferro no interior das células e libertá-lo quando o organismo necessita1. A sua função permite manter um equilíbrio adequado deste mineral, indispensável para a produção de glóbulos vermelhos e o transporte de oxigénio no sangue. Quando os níveis de ferritina diminuem, isso significa que as reservas de ferro do organismo estão a esgotar-se, o que pode conduzir a uma anemia por deficiência de ferro. Por isso, medir a ferritina é fundamental para o diagnóstico precoce da deficiência de ferro no organismo e para prevenir complicações associadas2.

O AWGP, a propósito da comemoração do Dia Nacional da Anemia no dia 26 de Novembro, promove iniciativas de divulgação e de formação sobre anemia e ferropénia, quer sejam as suas reuniões bienais (a próxima será o Anemia 2026), quer sejam outras ações como a publicação de artigos e divulgação nas redes sociais e órgãos de comunicação social. De facto, no Estudo Empire, publicado em 2016e representativo da população portuguesa, o AWGP identificou uma prevalência de anemia na população adulta portuguesa de 19,9% e de ferropénia (deficiência de ferro) na ordem dos 31,9%, sendo as mulheres as mais afetadas e particularmente as grávidas com valores de anemia na ordem dos 38 a 54% e de ferropénia na ordem dos 63 a 95%.

“O alerta para a determinação da ferritina é, pois, fundamental para a podermos corrigir os seus sintomas, para evitarmos as situações de anemia e para cumprir a estratégia clínica denominada Patient Blood Management (PBM) que permite reduzir significativamente a necessidade de transfusões sanguíneas, de tempos de internamento hospitalar (incluindo nas Unidades de Cuidados Intensivos), de infeções associadas aos cuidados de saúde, de mortalidade, etc. E tudo isto pode começar na determinação da ferritina”, explica o Dr. João Mairos, presidente do AWGP.

A campanha “A Minha Vizinha Ferritina” incentiva a população a prestar mais atenção à sua saúde, personificando a ferritina — a proteína que armazena o ferro no organismo — numa vizinha atenta que repara quando algo muda e avisa antes que seja tarde. Com esta abordagem humana e quotidiana, a iniciativa procura sensibilizar para o papel da ferritina como um sinal de alerta precoce perante um desequilíbrio de ferro, inspirando as pessoas a agir de forma preventiva através de exames regulares e de uma deteção precoce, para proteger a sua saúde e a sua qualidade de vida a longo prazo.

“A CSL está profundamente empenhada em melhorar a vida das pessoas afetadas pela deficiência de ferro, tanto através da educação como do desenvolvimento de soluções que contribuam para melhorar a sua qualidade de vida”, afirmou António Charrua, diretor-geral da CSL Vifor Ibéria. “Por isso, é fundamental apoiar campanhas como A Minha Vizinha Ferritina, que promovem a consciencialização e capacitam as pessoas para tomarem medidas proativas em prol da sua saúde.”.

Sobre a deficiência de ferro e a ferritina
O ferro desempenha um papel fundamental em diversos processos do organismo, nomeadamente na produção de glóbulos vermelhos, no correto funcionamento do coração e do cérebro, e na prevenção de infeções e doenças. Sem uma quantidade suficiente de ferro, o corpo não consegue funcionar adequadamente. Entre os sintomas mais comuns incluem-se o cansaço, a tontura e a falta de ar. Estima-se que a deficiência de ferro e a anemia por deficiência de ferro afetem uma em cada três pessoas em todo o mundo4, e, apesar das suas graves consequências e elevada prevalência5, continua a ser uma condição pouco reconhecida.

Os efeitos da deficiência de ferro variam de pessoa para pessoa, mas podem estar associados a um deterioramento geral da saúde e do bem-estar6. Mesmo sem anemia, a deficiência de ferro pode ser debilitante, agravar doenças crónicas pré-existentes e provocar um aumento da morbilidade e da mortalidade6. Entre os sintomas mais frequentes encontram-se a fadiga6,7 a palidez cutânea7, as unhas frágeis7,8, o desejo de consumir substâncias não alimentares, como terra, argila ou gelo9, e a dificuldade de concentração6,10. Nas crianças, a deficiência de ferro pode afetar de forma significativa o desenvolvimento cognitivo e motor11.

Em condições normais, os valores de ferritina no sangue situam-se entre 24 e 336 microgramas por litro nos homens e entre 11 e 307 microgramas por litro nas mulheres12. Manter estes níveis dentro do intervalo adequado é essencial para garantir um metabolismo saudável e evitar distúrbios relacionados com o ferro.

Realizar uma análise de ferritina no sangue é uma ferramenta essencial para avaliar o estado do ferro e detetar atempadamente qualquer desequilíbrio. Consultar o médico perante sintomas de fraqueza persistente, tonturas, dificuldade em respirar ou alterações no ritmo cardíaco pode ser decisivo para prevenir complicações e manter uma boa saúde geral13.

Se não for tratada, a deficiência de ferro pode evoluir até se tornar uma anemia por deficiência de ferro. Diversas organizações, entre as quais a Organização Mundial da Saúde (OMS), a UNICEF e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), apelaram à criação de um quadro abrangente de monitorização da anemia. Pode encontrar mais informações sobre a carga mundial da anemia no relatório publicado na revista The Lancet em julho de 2023: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37536353/

 

1Kotla, N. K., Dutta, P., Parimi, S., & Das, N. K. (2022). The Role of Ferritin in Health and Disease: Recent Advances and Understandings. Metabolites.

2MedlinePlus. (2025). Ferritin blood test.

3Fonseca C, Marques F, Robalo Nunes A, Belo A, Brilhante D, Cortez J. Prevalence of anaemia and iron deficiency in Portugal: The EMPIRE Study. Intern Med J. 2016;46:470-8.2.

4Peyrin-Biroulet L, et al. Guidelines on the diagnosis and treatment of iron deficiency across indications: a systematic review. Am J Clin Nutr. 2015;102(6):1585-94

5World Health Organization. Worldwide prevalence of anaemia 1993-2005. 2008. Available at URL: https://www.who.int/publications/i/item/9789241596657. Last accessed: October 2025.

6Fernando B, et al. A guide to diagnosis of iron deficiency and iron deficiency anemia in digestive diseases. World J Gastroenterol. 2009 Oct 7; 15(37): 4638-4643

7Auerbach M, Adamson JW. How we diagnose and treat iron deficiency anemia. Am J Hematol. 2016;91(1):31-38.

8Cashman MW, Sloan SB. Nutrition and nail disease. Clin Dermatol. 2010;28(4):420-5.

9Barton JC, et al. Pica associated with iron deficiency or depletion: clinical and laboratory correlates in 262 non-pregnant adult outpatients. BMC Blood Disord. 2010;10:9. doi:10.1186/1471-2326-10-9.

10Patterson A et al. Iron deficiency, general health and fatigue: Results from the Australian Longitudinal Study on Women's Health. Qual Life Res. 2000;9:491-497.

11World Health Organization. Nutritional anaemias: tools for effective prevention and control. 2017. Available at URL: http://www.who.int/nutrition/publications/micronutrients/anaemias-tools-.... Last accessed: October 2025.

12Mayo Clinic. (2023). Ferritin test.

 

Opinião
Quando uma tragédia ganha espaço nas manchetes dos jornais e abre os noticiários das televisões, há

Alguma vez te perguntaste quantas pessoas à tua volta vivem presas a pensamentos que não escolheram — e, ainda assim, sentem que não podem escapar?
Quantas vezes já ouvimos, com um sorriso banalizador, frases como “sou mesmo maníaco por organização” ou “sou tão obsessivo que nem durmo”?

Mas... será isso mesmo POC?

Vivemos numa época em que se fala muito de saúde mental — e, no entanto, continuamos a silenciar sofrimentos profundos com rótulos rápidos e julgamentos apressados. Recordemos o recente caso trágico envolvendo um jovem e a sua mãe que chocou o país. No meio das manchetes e das acusações, surgiu uma palavra: obsessivo-compulsivo.
Mas o que significa, de verdade, viver com esta perturbação?

O que é, então, a Perturbação Obsessiva-Compulsiva (POC)?

Antes de mais, um breve esclarecimento: o termo mais correto, é Perturbação Obsessiva-Compulsiva, e não “transtorno”. Pode parecer apenas semântica, mas a linguagem molda a forma como vemos o outro — e aqui, ver com clareza é amar com profundidade.

Ora, a POC caracteriza-se por pensamentos obsessivos, intrusivos, persistentes e indesejados, e por compulsões — comportamentos repetitivos que a pessoa sente que tem de realizar para aliviar a ansiedade causada por esses pensamentos.
Na maioria dos casos, estes pensamentos não refletem desejos reais. São fantasmas que assombram. E quanto mais se luta contra eles, mais força parecem ganhar.

Estudos indicam que a prevalência da POC pode atingir até 4,1 % da população mundial (University of Groningen, 2022), o que sugere que milhares de pessoas em Portugal possam estar a viver com este sofrimento, muitas vezes sem diagnóstico.

Mas como se manifesta na vida real?

Já chegaste tarde a um compromisso porque “tiveste de verificar se a porta estava mesmo trancada”? Agora imagina esse impulso transformado numa necessidade diária, repetitiva, exaustiva. Ou pensamentos indesejados que surgem do nada, como imagens violentas ou ideias absurdas, que causam um profundo mal-estar.

Será que são mesmo “manias”? Ou serão pedidos de ajuda do inconsciente? A verdade é que a POC interfere com a vida social, o trabalho, as relações familiares e a autoestima. A pessoa sente vergonha, culpa, medo de ser julgada — e por isso, muitas vezes, sofre em silêncio.

E quanto ao caso mediático do jovem que matou a mãe?

É aqui que precisamos de grande responsabilidade no discurso público. A POC, por si só, raramente conduz a comportamentos violentos. O risco só aumenta quando existem outros fatores associados: impulsividade, perturbações psicóticas, abuso de substâncias, trauma, negligência emocional ou acesso a armas.

Fazer uma associação direta entre a POC e a violência é não só cientificamente incorreto, como profundamente injusto para milhares de pessoas que vivem com esta perturbação e nunca fizeram mal a ninguém (Clinical Practice & Epidemiology in Mental Health, 2023).

Importa dizer que existe tratamento, ha esperança. A POC não é uma sentença perpétua. Uma abordagem muito eficaz é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), especialmente na sua forma mais profunda: a Terapia dos Esquemas de Young, que ajuda a identificar padrões emocionais que sustentam as obsessões e compulsões.

Mas há mais caminhos. A Hipnoterapia, por exemplo, tem mostrado resultados muito promissores: ao facilitar o acesso ao inconsciente – descobre a origens dos pensamentos ruminantes, e ajuda a reduzir rapidamente a ansiedade e a identificar as causas emocionais dos pensamentos intrusivos— que muitas vezes estão na base do ciclo obsessivo.

E sim, por vezes também a medicação é necessária, sobretudo os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) — mas deve ser sempre integrada num plano terapêutico mais amplo, onde o coração da pessoa seja escutado e não apenas “controlado”.

Gostaria de deixar algumas dicas, qual Plano de Ação, como os familiares podem ajudar.

Plano de Ação para quem ama alguém com POC:

  1. Escutar sem julgamento: não minimizes o sofrimento com frases como “isso é só uma mania”. Mostra que estás disponível para ouvir, mesmo que não compreendas tudo.
  2. Evitar reforçar os rituais: não participes ou alimentes as compulsões, mesmo que pareçam inofensivas.
  3. Incentivar a procura de ajuda profissional: oferecer ajuda para marcar consultas, acompanhar à terapia ou simplesmente perguntar “queres falar com alguém?” já faz toda a diferença.
  4. Informar-te: quanto mais souberes sobre a POC, mais empatia vais desenvolver.
  5. Cuidar de ti também: apoiar alguém com POC pode ser exigente. Não te esqueças de ti — só podemos cuidar do outro se estivermos minimamente inteiros.

 

Falar de Perturbação Obsessiva-Compulsiva (POC) exige mais do que julgamento: exige escuta, empatia e responsabilidade. Porque, muitas vezes, o que está em jogo não é apenas um diagnóstico — é a vida inteira de alguém a tentar sobreviver dentro de si. Nesse sentido, será que já pensaste quantas vidas se podem transformar, ou salvar, com um diagnóstico certo, uma escuta atenta, uma palavra de acolhimento?

Quando a dor é silenciada, o sofrimento cresce nas sombras. Mas quando falamos com verdade, empatia e conhecimento, abrimos espaço para a cura.
Não deixemos que o medo ou o estigma falem mais alto que o amor.
Porque compreender a POC é, acima de tudo, um ato de humanidade.

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Guilherme Macedo alerta
O Serviço de Gastrenterologia do ULS São João, dirigido pelo Professor Guilherme Macedo, assinala 50 anos de serviço público à...

Guilherme Macedo, diretor do Serviço de Gastrenterologia da ULS São João, Professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Diretor do Centro de Treino da Organização Mundial de Gastrenterologia (WGO), e Presidente do Colégio da Especialidade de Hepatologia da Ordem dos Médicos, é um dos especialistas que analisa o recente estudo nacional que prevê um aumento significativo do número de casos de carcinoma hepatocelular (CHC) em Portugal até 2027. O carcinoma hepatocelular, responsável por cerca de 90% dos casos de cancro primário do fígado em adultos, foi o foco de um estudo, recentemente publicado, que analisou a carga da doença e o seu impacto económico em Portugal entre 2023 e 2027. O cancro do fígado vai roubar cerca de 6.600 vidas em cinco anos, estima este estudo. 

PROMOVER A LITERACIA EM SAÚDE DIGESTIVA 

A cerimónia, apresentada por Sónia Araújo e Hugo Gilberto, contará com momentos de celebração musical protagonizados por artistas nacionais, como Pedro Abrunhosa e Inês Homem de Melo, entre muitas outras surpresas e momentos mágicos. num encontro entre a ciência, a arte e o reconhecimento público de uma história ímpar na medicina portuguesa. 

Esta é uma data única no país, que representa o corolário de cinco décadas de dedicação ao serviço público, marcadas por avanços técnicos, investigação médica de referência, promoção da literacia em Saúde Digestiva e, acima de tudo, milhares de vidas salvas. 

"Celebrar a Saúde Digestiva – 50 anos de Serviço de Gastrenterologia do Hospital de São João", será um momento para revisitar um percurso de excelência, reconhecer os protagonistas que o tornaram possível e projetar o futuro de uma especialidade que é hoje sinónimo de progresso, inovação e cuidado humano. 

Mais do que celebrar 50 anos de história, esta cerimónia será um tributo à visão, competência e compromisso de todos os que contribuíram para que o Serviço de Gastrenterologia do ULS São João se tornasse uma referência nacional e internacional na área da saúde digestiva.

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