Estudo da ESTeSC-IPC
Um estudo realizado pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra (ESTeSC-IPC) revelou que 29% das...

O estudo “Preschool Hearing Screening: Nineteen Years of the Coração Delta Project in Campo Maior, Portugal”, publicado na revista Audiology Research, analisa os resultados de dezanove anos de rastreios audiológicos realizados por docentes e estudantes da ESTeSC-IPC em Campo Maior, ao abrigo de um protocolo com a associação Coração Delta. Durante este período, foram realizados rastreios a 1068 crianças, com idades entre os cinco e os seis anos. Dessas, 310 (29 por cento) apresentaram algum tipo de problema audiológico. As ocorrências mais frequentemente registadas foram alterações no timpanograma, manifestadas unilateralmente em 104 crianças (9,7%) e bilateralmente em 81 crianças (7,6%).

“Embora os rastreios auditivos neonatais estejam largamente implementados em Portugal, a prevalência de alterações auditivas quase duplica em idade pré-escolar”, explica Margarida Serrano, docente da ESTeSC-IPC e coordenadora do estudo (que conta também com a participação da docente da ESTeSC-IPC, Cláudia Reis, e dos estudantes de licenciatura em Audiologia, Joana Pereira, Joana Teixeira, João Mendes e Mariana Pereira). A investigadora explica que estas alterações podem manifestar-se através de perda de audição (que se revela tardiamente) ou de uma sensação de “som abafado” e longínquo, provocada pela presença de secreções no ouvido médio.

Estas disfunções dificilmente são detetadas por pais e professores, mas podem ter um impacto negativo na aprendizagem escolar. “No processo de aprendizagem da leitura, é essencial ter uma audição clara”, frisa Margarida Serrano, acrescentando que “a deteção precoce destes problemas é essencial para um desempenho académico de sucesso”.

Cerca de 91% das crianças observadas pelo otorrinolaringologista no local do rastreio foram encaminhadas para uma avaliação hospitalar formal, uma vez que foram confirmadas patologias ou necessidades de saúde que exigiam intervenção médica.

“Estes dados demonstram, uma vez mais, a importância da realização de rastreios audiológicos em cuidados de proximidade”, frisa Margarida Serrano, lembrando o impacto que as dificuldades audiológicas não detetadas podem representar a longo prazo. “Um estudo recentemente publicado na revista Lancet mostra que a baixa literacia é o principal fator de risco de declínio cognitivo em idade jovem”, aponta. “O papel do audiologista é fundamental para despistar eventuais problemas audiológicos, que comprometem a aprendizagem à entrada no ensino básico e, consequentemente, a capacidade cognitiva no futuro”, defende.

Desde 2007 que, anualmente, a ESTeSC-IPC colabora com a associação Coração Delta, realizando rastreios audiológicos a todas as crianças que ingressam no 1º ano de escolaridade no concelho de Campo Maior. O protocolo prevê a realização de três avaliações: otoscopia (para analisar a presença de cerúmen), timpanograma (para avaliar a membrana timpânica e o ouvido médio) e rastreio de audição. Todas as crianças que apresentam algum tipo de desvio são, imediatamente, observadas por um otorrinolaringologista, presente no local.

 

Fique a saber
Durante este mês, tem-se verificado um aumento de vírus como rinovírus, adenovírus ou vírus sincicia

“Antecipar a vacinação é uma estratégia fundamental. O sistema imunitário demora entre duas a quatro semanas a desenvolver uma resposta protetora após a administração da vacina. Esta antecipação permite que a população de risco chegue ao pico epidémico da gripe com as defesas consolidadas, o que diminui a incidência de complicações respiratórias, reduz os internamentos hospitalares e contribui para evitar a sobrecarga dos serviços de urgência”, explica Pablo Turrión, diretor médico do Hospital Universitário Sanitas La Moraleja.

O impacto destas infeções vai muito além da dimensão clínica. Em pessoas idosas, sintomas como a febre, a fadiga e a dificuldade respiratória tendem a provocar a perda de autonomia, diminuição da atividade física e limitação da vida social.

“Em muitos casos, estas infeções atuam como elementos desencadeadores de outros problemas de saúde já presentes, como a descompensação de doenças cardiovasculares ou respiratórias crónicas. Além disso, a hospitalização por uma infeção respiratória aumenta o risco de deterioração cognitiva e perda de massa muscular”, afirma Miriam Piqueras, diretora médica da Sanitas Mayores, empresa ibérica pertencente à seguradora BUPA.

Perante esta situação, os especialistas recomendam:

  • Manter hábitos que reforcem o sistema imunitário. Uma alimentação equilibrada, rica em frutas, legumes, cereais integrais e proteínas de qualidade, fornece os micronutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo. A isto soma-se a importância de um sono reparador, essencial a regeneração celular, e da prática regular de exercício físico moderado, que ajuda a manter o corpo ativo e resistente às infeções;
  • Ventilar e humidificar os espaços fechados (mantendo os dispositivos limpos para evitar fungos ou bactérias). No outono, aumenta o tempo que se passa em ambientes fechados, o que aumenta a exposição a agentes patogénicos em ambientes pouco ventilados. Abrir as janelas pelo menos dez minutos por dia, usar humidificadores e evitar a acumulação de pó melhora a qualidade do ar e dificulta a propagação de vírus respiratórios;
  • Reforçar a higiene das mãos e o uso de máscara em espaços com muita afluência. Lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou recorrer a soluções à base de álcool, continua a ser um dos métodos mais eficazes para travar a transmissão de infeções. Em contextos de elevada concentração de pessoas – como transportes públicos, centros de saúde ou eventos sociais –, o uso de máscara acrescenta uma camada adicional de proteção, especialmente relevante para pessoas imunodeprimidas ou com doenças respiratórias crónicas;
  • Consultar um especialista no caso de sintomas persistentes. Febre persistente, tosse intensa ou dificuldade respiratória não devem ser desvalorizados. A avaliação médica permite também detetar coinfecções ou complicações, como pneumonia ou exacerbações de DPOC e asma, que podem alterar a resposta do sistema imunitário.

 

As infeções precoces são também relevantes porque podem influenciar a forma como o sistema imunitário responde à gripe e a outros vírus sazonais. Em alguns casos, a exposição prévia a determinados vírus respiratórios pode intensificar a inflamação ou agravar a severidade dos sintomas posteriores, tornando o acompanhamento clínico e o atendimento individualizado fundamentais”, conclui Pablo Turrión.

 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Opinião
O cancro do pâncreas surge quando as células desta glândula abdominal crescem de forma descontrolada

Números que Exigem Ação Urgente

As estatísticas são alarmantes. Ao contrário de outros tumores, a sua incidência e mortalidade têm vindo a aumentar, sendo já a quarta causa de morte por cancro. Em Portugal, em 2021, foram diagnosticados 1378 novos casos, com um número de mortes praticamente sobreponível. As projeções indicam que, até 2035, se tornará a segunda principal causa de morte por cancro no nosso país e no resto do mundo, traduzindo um aumento de 51%.

A elevada mortalidade está ligada ao diagnóstico tardio: cerca de 80% dos doentes são diagnosticados em fases avançadas, quando a cirurgia — o único tratamento com intenção curativa — já não é viável. Consequentemente, a taxa de sobrevivência global a 5 anos é cerca de 13%, mas varia significativamente com o estadio da doença no momento do diagnóstico; pode chegar a 44% na doença localizada, mas cai drasticamente para 3% na doença metastizada.

 

Fatores de Risco e Sinais de Alerta

Embora a idade e a genética sejam fatores de risco que não podemos alterar, muitos outros estão ligados ao estilo de vida e podem ser modificados por cada um de nós:

  • Tabagismo: É o principal fator, duplicando a probabilidade de desenvolver a doença.
  • Obesidade e Excesso de Peso: Aumentam o risco em cerca de 20%.
  • Diabetes: Duplica o risco deste tumor, especialmente se surgir de forma súbita após os 50 anos, e pode ser um sinal precoce da doença.
  • Dieta rica em açúcares refinados, gorduras, carnes vermelhas e produtos processados.
  • Pancreatite crónica: muitas vezes associada ao consumo excessivo de álcool e tabaco.

 

A história familiar de vários casos de cancro do pâncreas e certas doenças genéticas podem constituir um grupo de alto risco com indicação para rastreio em centros de referência, com o objetivo de diagnosticar a doença mais precocemente.

Infelizmente, os sintomas são muitas vezes tardios e vagos, incluindo dor abdominal que pode irradiar para as costas, perda de peso inexplicável, alterações digestivas – indigestão, vómitos e diarreia, aparecimento súbito ou descompensação de diabetes e icterícia (pele e olhos amarelados).

 

Diagnóstico, Tratamento e Esperança

O diagnóstico é feito por exames de imagem, como a Tomografia Computorizada (TC) ou a Ressonância Magnética (RM), e confirmado por biópsia. O tratamento é multidisciplinar e depende da fase da doença. A cirurgia curativa é possível em apenas 15-20% dos casos, quando a doença está confinada ao pâncreas. Para a maioria, a quimioterapia é o tratamento principal, complementada com radioterapia em alguns casos, visando controlar a doença e melhorar a qualidade de vida dos doentes.

A esperança reside na prevenção, através do controlo dos fatores de risco, e nos contínuos avanços da investigação, com o desenvolvimento de regimes de quimioterapia mais eficazes e técnicas cirúrgicas cada vez mais seguras.

Conhecer o inimigo é o primeiro passo para o vencer. O tempo para agir é agora.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
22 de novembro | 08h30 – 18h | Formato híbrido
A Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) realiza a 6ª. edição das Jornadas APCL no próximo dia 22 de novembro de 2025,...

O evento, que decorrerá em formato híbrido, reúne doentes, cuidadores, profissionais de saúde, investigadores e representantes institucionais para um dia de diálogo e reflexão sobre os desafios e o futuro da hemato-oncologia no país. As participações (presenciais e online) requerem uma inscrição obrigatória através do link e podem ser feitas até dia 15 de novembro, às 18h00.  

A primeira sessão, realizada durante o período da manhã, foca-se no lançamento da APP APCL “O meu sangue”. Segue-se o painel dedicado à transformação digital do Serviço Nacional da Saúde (SNS) e uma conversa sobre o papel dos doentes e das associações na evolução das políticas oncológicas, seguindo-se um exercício de relaxamento. O programa da manhã termina com um painel focado no tratamento com células CAR-T, assim como na realidade atual e perspetivas de inovação da Medicina de Precisão em Portugal.  

A sessão da tarde arranca com o painel interativo “Hematologia em Rede: Colaboração, Referenciação e Equidade no Acesso”, seguida de um momento dedicado ao testemunho e à troca de experiências entre doentes de hemato-oncologia e cuidadores. Há ainda lugar para um painel protagonizado por profissionais de saúde que acompanham doentes e sobreviventes, para abordar as respostas integradas aos desafios de enfrenta esta doença. As jornadas terminam com partilha de uma visão esperançosa e positiva de uma sobrevivente oncológica, exemplo de uma força transformadora na jornada hemato-oncológica.  

A participação presencial tem um valor simbólico de 10€, que reverte na totalidade como donativo para a APCL. Esta modalidade inclui almoço, coffee breaks e a participação num sorteio de prémios no final do dia. Para os participantes online, será disponibilizado um link para assistirem a todos os painéis em direto.  

As Jornadas APCL foram desenhadas com o objetivo de construir, em conjunto, respostas mais eficazes e integradas para os desafios que a comunidade da hemato-oncologia enfrenta, ao mesmo tempo que contribuem para uma causa vital na saúde em Portugal. Consolidaram-se assim como um espaço crucial de encontro, focado na partilha de experiências, na apresentação de inovações e no reforço do compromisso coletivo com os doentes. 

A sexta edição das Jornadas Nacionais da APCL conta com o apoio da SPH, Fundação Champalimaud, Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa (AEOP), Grupo de Estudos de Hematologia, Gilead Sciences, Kite, Jonhson& Jonhson, Lilly, Sanofi, Abbvie, Astrazeneca, BeOne Medicines, Takeda, AOP Health, Bristol Myers Squibb (BMS), Daiichi Sankyo, Glaxo Smith Kline (GSK), Kyowa Kirin, Pfizer, Sebia, Servier e Roche.

Para mais informações sobre o evento e para rever os melhores momentos da edição anterior, a APCL convida os interessados a visitarem o seu canal de Youtube.  

 

Riscos e oportunidades para Portugal
A indústria farmacêutica europeia e portuguesa enfrenta um possível aumento de custos - com a consequente pressão sobre o preço...

Apesar dos riscos, o estudo identifica também oportunidades-chave que podem redefinir a posição de Portugal se existir uma atuação coordenada. O novo contexto pode servir de catalisador para a reindustrialização do setor em toda a Europa e reforço da autonomia estratégica na produção de medicamentos. Além disso, pode favorecer a atração de I&D e ensaios clínicos, bem como o avanço para uma política comum de preços e acesso a nível continental.

O setor farmacêutico em Portugal encontra-se em expansão e com forte orientação internacional. As exportações para os Estados Unidos atingiram 1.390 milhões de dólares em 2023. As tarifas podem afetar a viabilidade de unidades especializadas em biotecnologia e medicamentos de elevado valor acrescentado.

“Nestes momentos de grande tensão geopolítica e transformação regulatória, se queremos que a indústria farmacêutica continue a inovar, e que essa inovação chegue efetivamente aos doentes, precisamos de quadros legislativos que ofereçam incentivos reais. Só desta forma garantimos que o setor continue a gerar investimento, emprego e crescimento económico, e que mantenha a aposta nos nossos países como plataformas de desenvolvimento”, afirma Carlos Parry, líder de Healthcare da LLYC na Europa.

Em suma, a indústria farmacêutica europeia enfrenta uma fase de incerteza estrutural. Embora as tarifas norte-americanas representem um desafio importante para o setor, também podem funcionar como um catalisador para impulsionar a competitividade, a inovação e a colaboração dentro da indústria, reforçando a sua posição face a futuras mudanças no mercado global. Apenas uma resposta unificada permitirá manter a competitividade da indústria farmacêutica europeia, conclui o estudo.

 

Dia Mundial da Osteoporose
Após a celebração do Dia Mundial da Osteoporose, a OralMED volta a recordar a importância de cuidar da saúde óssea e destaca a...

A osteoporose é uma doença com impactos da cavidade oral por afetar diretamente os maxilares, necessitando de uma anamnese (consulta inicial com o profissional de saúde para recolher informação sobre o paciente) aprofundada antes de qualquer procedimento clínico, acrescido pelo tratamento medicamentoso que pode estar intrinsecamente ligado

Osteoporose: quando os ossos perdem força

Os nossos ossos são estruturas vivas que se renovam constantemente. No entanto, com o avançar da idade, e conjugado com outros fatores, este processo pode ser comprometido. A Osteoporose é uma doença sistémica que enfraquece os ossos em todo o corpo, tornando-os mais frágeis e suscetíveis a fraturas, mesmo com pequenos impactos.

No contexto da saúde oral, a Osteoporose pode ter um impacto significativo. A perda óssea e a falta de osso nos maxilares podem condicionar a vida de vários pacientes com dentes em falta, impedindo-os, até há pouco tempo, de colocar dentes fixos com tratamentos de Implantologia.

Os efeitos da osteoporose na cavidade oral são representados pela redução do rebordo alveolar, diminuição densidade óssea maxilar e mandibular, decréscimo da espessura óssea cortical, diminuição da vascularização e redução da capacidade de cicatrização. Os exames complementares imagiológicos são fundamentais para o planeamento cirúrgico, particularmente em casos de atrofia óssea.

Com a evolução da Medicina Dentária têm surgido soluções que possibilitam criar novas realidades para a maioria das pessoas, nomeadamente através da tecnologia All-on-4®. Esta técnica cirúrgica e protética consiste na colocação de quatro implantes na zona mais anterior dos maxilares, o que permite fugir a zonas onde já não existe osso, como é o caso do seio maxilar. Esta tecnologia reabilita casos mais difíceis de resolver por métodos convencionais e atuar em pacientes com muita perda óssea.

Investir na prevenção da Osteoporose é essencial para garantir não só a saúde física, mas também o bem-estar emocional e a liberdade de escolha.

Dicas práticas para cuidar dos seus ossos a partir de hoje

A juventude é o momento ideal para adotar hábitos positivos que terão impacto ao longo da vida, mas nunca é tarde para começar. Aqui ficam algumas sugestões para proteger os seus ossos:

  • Estabelecer prioridades: Identificar fatores de risco (histórico familiar, menopausa, uso de certos medicamentos) e conversar com o médico sobre a necessidade de exames de densidade óssea.
  • Controlar a alimentação: Assegurar uma ingestão adequada de cálcio (leite e derivados, vegetais de folha verde escura) e vitamina D (exposição solar controlada e alimentos fortificados).
  • Priorizar a mobilidade: Praticar exercício físico regularmente (caminhada, corrida, musculação), uma vez que estimula a formação óssea.
  • Evitar hábitos prejudiciais: Reduzir ou eliminar o consumo de tabaco e álcool, que são fatores de risco conhecidos para a perda óssea.
  • Procurar apoio profissional: Consultar o médico de família para um plano de prevenção e, no caso de preocupações com a saúde oral e a densidade óssea dos maxilares, procurar o apoio de especialistas em clínicas como a OralMED, que podem oferecer soluções para a perda óssea e a colocação de implantes.

Através de hábitos simples, decisões ponderadas e apoio de profissionais de saúde, a prevenção da Osteoporose pode tornar-se a chave para uma vida longa, ativa e com autonomia.

 

Estudo Internacional alerta
Quase metade das mulheres com menos de 40 anos que vivem com cancro da mama avançado (ABC, do inglês Advanced Breast Cancer)...

Os resultados deste estudo estão a ser apresentados na Oitava Conferência Internacional de Consenso sobre Cancro da Mama Avançado (ABC8), que está a decorrer em Lisboa até ao próximo dia 8 de Novembro. [1]

Jennifer Merschdorf, CEO da Young Survival Coalition, que conduziu o inquérito Projeto 528, salienta: “Lançámos o Projeto 528 para dar voz às mulheres jovens que vivem com cancro da mama avançado, que estão frequentemente sub-representadas nas discussões clínicas e diálogos políticos. Temos agora dados globais que evidenciam que é importante compreender os seus desafios e garantir que a investigação, os serviços e as políticas são moldados pelas suas experiências e não por suposições.”

Das 3.881 mulheres, espalhadas por 67 países de todo o mundo, que responderam ao inquérito, 385 tinham menos de 40 anos e viviam com cancro da mama avançado. Os resultados apresentados hoje na conferência focam-se nestas mulheres mais jovens.

Os resultados mostram que, além dos 48% das mulheres terem filhos pequenos, 64% disseram que o seu emprego foi interrompido após o diagnóstico, 40% contraíram dívidas médicas e a sua segurança financeira caiu de 51% antes do diagnóstico para apenas 3% após o tratamento.

Apesar de 84% se terem sentido capazes de fazer perguntas no momento do diagnóstico, 40% atrasaram a procura de cuidados, muitas vezes porque os seus médicos de cuidados primários desvalorizaram as suas preocupações, por falta de consciencialização ou por medo. Apenas 14% foram diagnosticadas através de rastreio clínico ou exames de rotina, enquanto 85% foram diagnosticadas após autodetecção de sintomas, algo que “realça lacunas na detecção precoce para adultas mais jovens”, refere Jennifer Merschdorf.

O peso do diagnóstico de cancro da mama avançado  estende-se a todas as áreas da vida das mulheres. 80% indicou sofrimento psicológico; preocupações com a imagem corporal, fertilidade e saúde sexual são generalizadas, mas raramente abordadas; desafios práticos, incluindo cuidados infantis, tarefas domésticas e transporte, são comuns, com muitas pacientes a relatar necessidades não satisfeitas.

O acesso a diagnósticos de precisão varia: 90% fizeram testes genéticos para despistar mutações herdadas, mas apenas 59% efectuaram testes genómicos ao tumor para detecção de mutações genéticas no cancro em si, quão ativo se encontra e qual a probabilidade de recorrência. Estes testes fornecem aos médicos informações extra para orientar os tratamentos, tais como quimioterapia, radioterapia ou terapia endócrina.

Enquanto que 77% compreendem as razões do tratamento, 25% sentem falta de clareza e a apenas 46% das mulheres jovens foi proposto mais do que uma opção de tratamento. As terapias biológicas ou dirigidas  estão associadas aos níveis mais baixos de compreensão por parte das pacientes. As comunidades online de mulheres com cancro da mama avançado foram uma fonte vital de informação e capacitação, mas apenas 43% das pacientes foram encaminhadas para estas pelas suas equipas de cuidados.

“A nossa análise de mulheres jovens com ABC sublinha que o atual padrão de cuidados, embora medicamente avançado, permanece profundamente fragmentado no que toca às realidades vividas pelas pacientes jovens. Desde atrasos no diagnóstico a necessidades psicológicas não atendidas, as mulheres jovens enfrentam um sistema que lhes exige auto-defesa face à fadiga, ao medo e à pressão financeira., disse a Jennifer Merschdorf

A Young Survival Coalition está a planear desenvolver estudos futuros para investigar as necessidades únicas das pacientes com ABC.

Jennifer Merschdorf conclui: “O cancro da mama avançado coloca um conjunto de desafios às mulheres jovens com esta doença incurável que se cruzam com fases críticas da carreira, parentalidade e desenvolvimento da identidade. O Projeto 528 dá um roteiro para os investigadores explorarem os problemas identificados como os mais urgentes pelas mulheres inquiridas e, ao mesmo tempo, dá orientações aos serviços de apoio e às organizações de doente  para alinharem os seus programas com essas necessidades.”

“Para além da investigação e dos serviços, estes resultados podem informar o desenvolvimento de políticas que apoiem melhor as experiências das jovens que enfrentam o cancro da mama. O objetivo é que estes dados impulsionem melhorias significativas que realmente sirvam esta comunidade.”

A Professora Fátima Cardoso, Oncologista e Presidente da ABC Global Alliance, sublinha: “Este é um estudo importante que mostra, pela primeira vez, as experiências de pacientes jovens a viver com cancro da mama avançado e os desafios que enfrentam diariamente. É preocupante que nem todas as mulheres neste estudo tiveram acesso a testes para analisar mutações herdadas, e compreender a biologia do tumor em si mesmo. Numa era da medicina de precisão, todas as pacientes com cancro da mama devem ter acesso a estes testes, porque têm um papel crucial na tomada de decisões de tratamento e ,portanto, impactam a sobrevivência e a qualidade de vida.” Acrescentou que “Espero que os decisores políticos tomem nota dos resultados deste estudo e abordem as muitas lacunas que ele destaca em termos de diagnóstico, tratamento e cuidados de apoio, mas também de apoio psicológico, social e financeiro.”

O cancro da mama avançado é o cancro que se espalhou do local do primeiro tumor para outras partes do corpo. Atualmente, é incurável, embora os tratamentos possam abrandar a sua progressão, muitas vezes durante anos. A prevalência de pessoas a viver com cancro da mama avançado é desconhecida (ver nota abaixo) e nunca foi quantificada em jovens.

 

A história de Christina Thammasen

Christina, 45, vive na Califórnia com o marido e três filhos. Foi diagnosticada com cancro da mama aos 38 anos. Vive com cancro da mama metastático há mais de sete anos e está bem com o seu tratamento atual. Lê, faz exercício, passa tempo com a família e é voluntária na sua comunidade local. É também Assistente Social Clínica Licenciada e co-facilita o YSC Virtual Hangout. Christina é especialmente apaixonada pela consciencialização e apoio à saúde mental para pacientes com cancro e refere: “Existe uma linha distinta entre a minha vida antes e depois de ser diagnosticada com cancro da mama avançado. Trabalhei muito para reclamar a minha identidade como uma sobrevivente, de alguém que não está só a manter “a cabeça acima da água”, mas que tenta saborear cada momento da vida. Quero ensinar aos meus filhos que, mesmo quando a vida é injusta, porque o é, não se deve desistir; é preciso continuar a lutar, é preciso continuar a avançar, é preciso continuar a viver!”

 

[1] Abstract no: OR36, ‘Living with Advanced/Metastatic Breast Cancer under 40: global insights into diagnostic delays, treatment gaps, psychosocial burdens, and policy solutions from the project 528 patient experience survey’, por Jennifer Merschdorf and Mary Ajango, apresentado na sesssão ‘Best abstracts’, 15.10-15.55 hrs GMT, Auditorium 1, Quinta-feira 6 Novembro.

 

Investigadores portugueses
Uma equipa de investigadores do Centro de Investigação Biomédica (CBR) da Faculdade de Medicina da Universidade Católica...

A equipa liderada pela investigadora Maria João Amorim descobriu que o vírus que causa a gripe A – influenza A (VIA ou IAV) – utiliza compartimentos celulares específicos, designados inclusões virais, para montar o seu genoma composto por oito segmentos de ácido ribonucleico (ARN) por um processo seletivo, envolvendo interações inter-segmento RNA-RNA, e de elevadíssima complexidade que, até à data, não é inteiramente claro.

O grupo deu um passo em frente a desvendar este processo ao descobrir que estes compartimentos têm propriedades semelhantes às dos líquidos. Tais propriedades permitem que as moléculas se movam livremente e, desta forma, cada parte do genoma pode encontrar os seus outros 7 interatores - um processo essencial para que o vírus se torne infecioso. A partir desta descoberta, os investigadores identificaram que dissolver ou endurecer estes condensados pode impedir a replicação viral.

Os antivirais que venham a ser desenvolvidos poderão proteger pessoas não vacinadas, reduzir a gravidade da doença em infetados e controlar a propagação de vírus respiratórios e emergentes, reforçando a resposta da saúde pública perante futuros surtos,” explica a também docente da Faculdade de Medicina da Universidade Católica.

Numa altura  em que decorre a vacinação contra a gripe - Portugal foi o terceiro país da União Europeia com a maior cobertura de vacinação contra a gripe no último inverno, atingindo uma taxa de 71%, segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) - os antivirais podem representar uma segunda linha de defesa indispensável: protegem quem não está vacinado, reduzem a gravidade da infeção em pessoas que desenvolvem doença grave e ajudam a controlar a propagação de vírus que evoluem rapidamente ou que escapam à imunidade conferida pela vacinação.

Universidade de Coimbra
Um projeto de investigação, liderado pela Universidade de Coimbra (UC), está a estudar o papel de uma proteína, chamada TDP-43,...

A TDP-43 é uma proteína de ligação ao RNA que afeta muitos alvos sinápticos (os destinatários da comunicação neuronal), e os defeitos sinápticos são uma via central da doença de Alzheimer. Nesta doença, esses alvos podem ser afetados, perdendo a capacidade de responder de forma correta, o que contribui para o declínio cognitivo”, explica a investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC-UC) e do Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia (CiBB), Ana Rita Quadros.

Ana Rita Quadros, que coordena a investigação na UC, elucida que “a doença de Alzheimer é uma perturbação caracterizada por perda neuronal progressiva e disfunção sináptica, conduzindo a um declínio cognitivo severo”. “A proteína TDP-43 tem sido identificada em 20 a 50% dos pacientes com Alzheimer, estando associada a maior probabilidade de declínio cognitivo e a uma atrofia cerebral mais rápida”, revela. 

Para estudar o papel desta proteína na doença, o projeto de SynTDP: Decoding the contribution of TDP-43 for synaptic failure in Alzheimer's Disease (Descodificando a contribuição da TDP-43 para a falha sináptica na doença de Alzheimer, em português) vai estar em curso até agosto de 2027. É financiado com mais de 207 mil euros (207 183,12 euros, mais precisamente) no âmbito das Ações Marie Skłodowska-Curie Post-doctoral European Fellowships, promovidas pela Comissão Europeia. Tem como supervisora a docente do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC e investigadora do CNC-UC e do CiBB, Ana Luísa Carvalho, especialista em biologia sináptica das doenças.

Perante a hipótese de a perda de função da TDP-43 na doença de Alzheimer conduzir a defeitos nos alvos sinápticos de RNA, que por sua vez contribuem para disfunção sináptica e défices cognitivos, Ana Rita Quadros vai estudar “tecidos post-mortem de pessoas com Alzheimer, células estaminais pluripotentes induzidas (células que podem dar origem a qualquer célula do corpo humano) e modelos animais para caracterizar o impacto da perda de TDP-43 na função e composição sinápticas, cruzando estes resultados com as alterações de RNA decorrentes dessa perda de função”, partilha a investigadora.

“Estudar a possibilidade de a perda de função da proteína TDP-43 em pessoas diagnosticadas com Alzheimer conduzir a defeitos nos seus alvos sinápticos de RNA – que, por sua vez contribuem para a disfunção sináptica e, consequentemente, para os défices cognitivos será fundamental para melhor conhecer a progressão da doença e identificar alvos terapêuticos para a restauração funcional de neurónios”, sublinha Ana Rita Quadros.

Para o desenvolvimento do projeto, Ana Rita Quadros vai contar também com o apoio do Hospital Geral de Massachusetts (Massachusetts General Hospital) e da Escola de Medicina de Harvard (Harvard Medical School).

 

Congresso mundial de apicultura
Sandra Barbosa, do doutoramento Agrichains das universidades do Minho e de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), conquistou...

O seu trabalho mostrou como Portugal passou de uma produção quase inexistente de própolis à criação de uma rede nacional com mais de 200 produtores e que exporta duas toneladas por ano para a Alemanha, Coreia do Sul, Croácia, Espanha e França, entre outros países.

“Esta distinção deve-se a muitos anos de trabalho com os apicultores, para mostrar que é possível produzir própolis de qualidade e criar valor no território, este reconhecimento também é deles”, diz Sandra Barbosa, que é orientada no doutoramento pela professora Cristina Aguiar, da Escola de Ciências da UMinho.

“Temos trabalhado com um consórcio que junta as universidades do Minho, Aveiro e UTAD, centros de investigação e empresas do setor, o que permite por exemplo produzir produtos cosméticos à base de própolis do Parque Natural de Montesinho, em Bragança”, acrescenta aquela investigadora vimaranense e também fundadora da empresa apícola “Montesino”.

O própolis ou “cola das abelhas” é uma resina natural criada pelas abelhas para proteger as suas colmeias, sendo cada vez mais aplicada na farmacêutica, cosmética, higiene, saúde oral e em suplementos alimentares, devido ao seu perfil antimicrobiano, antioxidante e anti-inflamatório. A composição química do própolis varia consoante a sua origem botânica e geográfica, o que lhe confere diferentes cores, aromas e potenciais terapêuticos.

Apesar do interesse crescente por produtos naturais, as propriedades de produtos secundários da colmeia eram desconsideradas pelos apicultores, sendo o própolis descartado e sem valor comercial. Ações recentes de sensibilização e valorização pelo país têm atraído cada vez mais interessados em recolher e vender aquele produto com qualidade, contribuindo também para a sustentabilidade do mundo rural, a biodiversidade e a redução de pesticidas e do desperdício.

 

EUnetCCC
Com os pacientes no centro da sua visão, a EUnetCCC visa reduzir as desigualdades no diagnóstico, tratamento e investigação em...

A luta da Europa contra o cancro está a dar um passo decisivo com a criação da Rede Europeia de Centros Compreensivos de Cancro (EUnetCCC). A Europa representa cerca de 25% dos casos globais de cancro, apesar da população do continente corresponder a menos de 10% da população mundial. Todos os anos, 2,7 milhões de europeus são diagnosticados e 1,3 milhões morrem devido à doença.

Reunindo 163 parceiros em 31 países, esta iniciativa foi criada para certificar centros de excelência em oncologia até 2028 e garantir que, até 2030, 90% dos doentes oncológicos tenham acesso a cuidados integrados de alta qualidade, independentemente do local onde vivam na Europa.

Em muitas regiões do continente, os atrasos e desigualdades continuam a resultar em diferenças evitáveis na sobrevivência. Enquanto alguns Estados-Membros alcançam alguns dos melhores resultados de sobrevivência do mundo, outros ainda enfrentam atrasos no diagnóstico e acesso limitado a terapias avançadas.

 

A EUnetCCC aborda esta realidade através de um sistema de certificação europeu que irá:

  • Harmonizar os padrões de qualidade nos cuidados e investigação;
  • Ligar centros além-fronteiras, impulsionando a colaboração e a partilha de conhecimentos;
  • Elevar os padrões em todos os países, para que a excelência não se concentre apenas nas regiões mais desenvolvidas.

 

Para os pacientes, isto significa melhorias tangíveis:

  • Diagnóstico mais rápido e preciso;
  • Acesso equitativo a terapias inovadoras e ensaios clínicos;
  • Caminhos de cuidados integrados e centrados no paciente;
  • Apoio multidisciplinar físico, mental e social ao longo de toda a jornada da doença.

 

“A Europa não carece de excelência, mas a excelência ainda não é acessível a todos.

Ao ajudar os países a organizar e interligar os seus Centros Compreensivos de Cancro, estamos a construir uma verdadeira infraestrutura europeia para o tratamento do cancro. Uma infraestrutura que torna a inovação acessível aos doentes, independentemente do local onde vivem.

A europa tem excelência. A EUnetCCC trabalha para torná-la acessível. Ao conectar centros de tratamento, investigação e inovação além-fronteiras, reduzimos atrados, melhoramos os resultados e garantimos que o local onde o paciente vive já não define os cuidados que recebe”, afirma Nicolas Scotté, Diretor Geral do Instituto Nacional do Cancro Francês (INCa), coordenado da EUnetCCC.

 

Lançamento do White Paper e Reunião Anunal

Na Reunião Anual da EUnetCCC, que terá lugar nos dias 6 e 7 de novembro de 2025 em Paris La Défense (CNIT FOREST), será lançado oficialmente o White Paper da EUnetCCC.

Este documento apresenta recomendações estratégicas para estabelecer a rede como uma infraestrutura europeia permanente, incluindo:

  • Governação conjunta entre a EU e os Estados-Membros;
  • Financiamento estrutural a longo prazo;
  • Apoio específico para reduzir as desigualdades;
  • Envolvimento contínuo dos doentes na definição de prioridades.

 

Coimbra recebe
A 17 de novembro, Coimbra vai acolher a ATMP Summit, cimeira organizada pela Infraestrutura Europeia de Investigação Médica...

Sob o tema A importância de terapias avançadas no contexto atual, o encontro vai receber 16 oradores nacionais e internacionais do meio académico e regulamentar das áreas da saúde e indústria, como o vice-presidente do INFARMED, Carlos Lima Alves, ou os investigadores Sheila Mikhail e Jude Samulski, ligados à terapia génica.

As sessões incidem sobre os últimos avanços científicos em Portugal na investigação translacional, inovação, fabrico, regulamentação e orientações futuras para medicamentos de terapias avançadas. A par com o debate sobre os principais desafios e oportunidades na área, uma mostra de empresas vai dar destaque à indústria portuguesa ativa neste campo, com a presença de várias empresas.

A ATMP Summit vai reunir investigadores, empresas de biotecnologia, reguladores, médicos, representantes de pacientes e público. O evento pretende promover a troca de conhecimentos, a colaboração e o impacto no mundo real, reforçando o papel de Portugal no ecossistema europeu das terapias inovadoras. A participação é gratuita, mas sujeita a inscrição prévia até 10 de novembro em https://ls.uc.pt/index.php/575513.

O presidente do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC-UC) e do GeneT: Centro de Excelência em Terapia Génica, Luís Pereira de Almeida; o diretor de Inovação do IPN, Jorge Pimenta; o investigador do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (iBET), Ricardo Silva; a Diretora Científica da AccelBio, Sílvia Almeida; e a coordenadora do Centro de Ensaios Clínicos da Unidade Local de Saúde de Coimbra, Patrícia Dias, são outros oradores presentes no evento, em representação de organizações que integram o consórcio europeu EATRIS.

A ATMP Summit é realizada no contexto do EATRIS Spotlight, programa de um ano dedicado a mostrar o que de melhor é feito em medicina translacional em Portugal, após a adesão do país à entidade europeia EATRIS, em julho de 2019.  O evento em Coimbra é coorganizado pelo CNC-UC e pelas entidades nacionais do consórcio.

O programa está disponível em https://eatris.eu/events/eatris-portugal-spotlight-atmp-summit-the-importance-of-advanced-therapies-in-todays-context/.

 

XXVII Congresso Português de Reumatologia
A Sociedade Portuguesa de Reumatologia vai organizar, de 5 a 8 de novembro, o XXVII Congresso Português de Reumatologia, que...

A sessão de abertura marcará o tom inspirador deste encontro, com três intervenções que vão refletir sobre o passado, presente e futuro da saúde e da especialidade. António Correia de Campos abordará “50 anos de Estado Social na Saúde”, Pedro Pita Barros trará “A perspetiva do Economista em Saúde” e Sofia Ramiro partilhará uma visão abrangente sobre “A Reumatologia em Portugal e na Europa”. De forma complementar, o encerramento do Congresso projetará o futuro da especialidade com reflexões sobre “O Colégio de Reumatologia e a Especialidade: Alinhamento, Cooperação e Futuro” por Luís Cunha Miranda, e “Investigação e Inovação em Portugal: Desafios e Perspetivas para a Reumatologia”, pela Secretária de Estado da Ciência e Inovação, Helena Canhão

Ao longo dos dias, o programa científico vai permitir uma viagem abrangente pelos temas mais atuais da Reumatologia: desde a ecografia para além das articulações, explorando o papel das glândulas salivares, pele e músculo, até à osteoartrose da mão, debatendo a importância de uma abordagem interdisciplinar com o envolvimento de Reumatologistas, Fisiatras e Ortopedistas. Outros momentos de grande interesse incluirão as sessões dedicadas às doenças difusas do tecido conjuntivo, às espondilartrites e às novas perspetivas terapêuticas nas doenças reumáticas sistémicas, onde se destacará a palestra sobre a aplicabilidade das células CAR-T, proferida por Hans Ulrich Scherer.

A Comissão Científica destaca ainda duas mesas luso-brasileiras: “uma sobre Doença de Behçet, com o colega Alexandre Wagner, e outra sobre saúde óssea e osteoimunologia, com Marcelo Pinheiro”.

O Congresso vai ainda contar com um programa específico dirigido à Medicina Geral e Familiar, sublinhando o papel central desta especialidade na referenciação e monitorização dos doentes reumáticos. Esta formação é promovida pelos Grupos de Trabalho da SPR e reforça o compromisso da Reumatologia com a prática integrada e multidisciplinar.

No último dia, que apela ao envolvimento das Associações de Doentes e seus Sócios, a inteligência artificial nas doenças reumáticas será debatida numa mesa redonda centrada na sua efetividade, viabilidade e ética, refletindo o compromisso da especialidade com a inovação e a prática clínica do futuro.

Contando já com mais de 500 inscritos, entre os quais especialistas brasileiros, angolanos e cabo-verdianos, as expetativas para este Congresso “são elevadas. Esperamos que o CPR 2025 promova a criação de um espaço científico e cultural comum que una a Reumatologia dos países de língua portuguesa”.

A investigação nacional ocupará um lugar de destaque, com mais de 200 trabalhos submetidos, 20 comunicações orais e 98 posteres. “Os quatro melhores casos clínicos serão apresentados no auditório principal e muitos posteres terão discussão oral com júri, uma forma justa de envolver os internos da especialidade”, acrescenta a Comissão Científica.”Esta aposta reforça o papel crescente de Portugal na produção científica em Reumatologia, com contributos cada vez mais relevantes em projetos colaborativos europeus e na utilização de ferramentas, como o Reuma.pt, instrumento essencial para investigação clínica e observacional”.

Olhando para o futuro da especialidade, a Comissão Científica considera que a Reumatologia enfrenta simultaneamente desafios e oportunidades, definindo o futuro como promissor, mas sendo necessária uma adaptação contínua. “O envelhecimento populacional aumentará a prevalência das doenças reumáticas, exigindo mais reumatologistas e serviços especializados. As terapias avançadas, como os biotecnológicos e a medicina de precisão, estão a transformar o controlo das patologias. A digitalização é outro pilar essencial, a telemedicina, a inteligência artificial e sistemas de apoio à decisão clínica, podem melhorar o diagnóstico e o seguimento dos doentes”. No entanto, para alcançar esse futuro, é fundamental fomentar a investigação, garantir um acesso equitativo às inovações terapêuticas e investir na formação, motivo pelo qual a Comissão Científica do XXVII Congresso Português de Reumatologia apela à participação neste evento.

“A Reumatologia portuguesa está dinâmica, coesa e em expansão. Tem apostado na multidisciplinaridade e no diálogo com outras especialidades e sociedades científicas, nacionais e internacionais. O programa deste ano reflete esse espírito, uma especialidade que continua a surfar na crista da onda da inovação e do conhecimento”, concluem. “Este XXVII Congresso Português de Reumatologia será, assim, mais do que um encontro científico: será uma celebração do que nos une enquanto comunidade, e uma afirmação de compromisso com a ciência, com os doentes e com o futuro da Reumatologia”.

 

Aceda AQUI ao programa completo do evento. 

Investigações em saúde
Os investigadores da Universidade de Coimbra (UC), Diogo Reis Carneiro e Neuza Domingues, vão receber o Prémio Maria de Sousa,...

O Prémio Maria de Sousa, uma homenagem à médica e investigadora Maria de Sousa, é promovido pela Ordem dos Médicos e pela Fundação Bial e visa galardoar jovens investigadores portugueses, até aos 35 anos de idade, através do apoio a projetos de investigação na área das ciências da saúde, que inclui um estágio num centro internacional de excelência.

Diogo Reis Carneiro, médico neurologista e investigador do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS), do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC-UC) e do Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia (CiBB) e estudante de doutoramento e assistente convidado da Faculdade de Medicina da UC (FMUC), vai desenvolver o projeto CaInPark - Interocepção cardiovascular: dos fundamentos neuroanatómicos à disrupção na doença de Parkinson. Esta investigação centra-se no estudo da interocepção (a representação fisiológica e psicológica dos estados internos do corpo, incluindo a perceção do funcionamento dos seus órgãos, como o bater do coração ou o enchimento da bexiga) na doença de Parkinson.

“A interocepção cardiovascular poderá ser um marcador fisiológico e neural promissor da interação corpo-cérebro, por isso, neste projeto pretendemos aprofundar a compreensão da interocepção cardiovascular, caracterizando a sua base neurofuncional em indivíduos saudáveis e investigando as suas alterações em indivíduos com doença de Parkinson, aspetos que continuam a ser pouco conhecidos”, explica Diogo Reis Carneiro.

Sobre os impactos desta investigação, o investigador explica que “por um lado, pretendemos alargar o conhecimento sobre a disfunção interoceptiva na doença de Parkinson e relacioná-la à disfunção autonómica, mas também antevemos a possibilidade de lançar bases de conhecimento para que, no futuro, tratamentos de modulação interoceptiva (que ajudam a perceber melhor as sensações do corpo) possam ser utilizados, com substrato científico, numa população para a qual existem ainda muitas lacunas terapêuticas”.

O projeto CaInPark vai ser financiado com 25 mil euros e uma parte da investigação vai ser desenvolvida na Universidade Médica de Innsbruck (Medical University of Innsbruck), na Áustria.

Neuza Domingues, investigadora do Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento (MIA Portugal) e do CiBB, vai conduzir o projeto Lisossomas nucleares: desvendar a comunicação entre lisossomas e o núcleo. Este projeto vai investigar o sistema de comunicação entre os lisossomas e o núcleo (compartimento celular de armazenamento de informação genética) procurando identificar as proteínas envolvidas neste contacto e compreender como influenciam a função destes dois organelos em condições de stress ou doença.

“Um dos organelos mais afetados durante o processo de envelhecimento celular é o lisossoma, que é essencial para a digestão de outros organelos e moléculas danificadas. Além desta capacidade de libertar as células de elementos tóxicos, o lisossoma modula vias de sinalização celulares, assim como a função e dinâmica de outros organelos”, explica Neuza Domingues. “No entanto, apesar da comunicação de lisossomas com organelos como mitocôndrias e retículo endoplasmático estar bem estudada, pouco se sabe sobre a sua comunicação com o núcleo. Neste contexto, este projeto tem como objetivo investigar os mecanismos moleculares que regulam os contactos entre a membrana do lisossoma e a membrana do núcleo, a nível molecular e funcional”, esclarece.

Com esta investigação, Neuza Domingues espera “demonstrar que a disfunção concomitante de lisossomas e núcleo está associada à perda de comunicação entre estes dois organelos, resultando em alterações moleculares de membrana e maior instabilidade genómica. No futuro, a caracterização destas interações abrirá oportunidades terapêuticas para doenças do envelhecimento, desde a modulação da homeostasia até a entrega nuclear de agentes terapêuticos”.

O projeto de Neuza Domingues vai ser financiado com 30 mil euros e parte da investigação vai decorrer na Universidade de Oxford, no Reino Unido.

A cerimónia de apresentação dos vencedores da 5.ª edição do Prémio Maria de Sousa vai decorrer esta tarde, a partir das 15h30, em Lisboa, e pode ser acompanhada em direto nas redes sociais da Fundação Bial.

Mais informações sobre o Prémio Maria de Sousa estão disponíveis em www.fundacaobial.com/premios/premio-maria-de-sousa.

Abóbora, uvas ou cogumelos
O teor de triptofano, magnésio e antioxidantes presentes nestes alimentos contribui para processos bioquímicos essenciais à...

O estado de espírito está estritamente ligado à alimentação e fatores como o stress, a falta de sono ou as mudanças sazonais, que podem alterar o equilíbrio emocional. No entanto, uma dieta equilibrada, que inclua determinados nutrientes pode tornar-se uma grande aliada para recuperar a energia e a vitalidade.

Neste sentido, os alimentos ricos em triptofano, magnésio e antioxidantes ajudam o organismo a produzir serotonina e dopamina, que são neurotransmissores essenciais para promover a sensação de calma, motivação e bem-estar.

“A alimentação tem um papel muito mais importante no estado de espírito do que muitas vezes se pensa. O triptofano atua como matéria-prima para a produção de serotonina, um neurotransmissor essencial na regulação do bem-estar emocional. Por sua vez, o magnésio contribui para reduzir a tensão física e mental, enquanto os antioxidantes ajudam a proteger as nossas células dos danos causados pelo stress oxidativo. Incluir estes nutrientes regularmente na dieta dá ao organismo o apoio necessário para se sentir melhor e manter um equilíbrio emocional”, afirma Ingrid Daniele, nutricionista da Blua de Sanitas, empresa ibérica pertencente à seguradora BUPA.

 

Assim, com a chegada do outono, alguns alimentos sazonais destacam-se pela sua capacidade de promover a saúde física e mental. Neste contexto, Ingrid Daniele elaborou uma lista com alguns dos mais relevantes:

  • Abóbora e batata-doce: ambas são ricas em betacarotenos (precursores da vitamina A), antioxidantes e hidratos de carbono complexos, que fornecem energia de forma sustentada e ajudam a evitar flutuações nos níveis de glicose e a fadiga associada. Incluí-las em cremes, assados ou como acompanhamentos é uma opção recomendável para combater o cansaço típico das mudanças de estação.
  • Uvas e romãs: o seu elevado teor em polifenóis, resveratrol e vitamina C confere-lhes propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. Estes compostos contribuem para melhorar a circulação sanguínea e proteger as células contra o dano oxidativo, favorecendo uma maior vitalidade e ajudando prevenir o cansaço físico e mental frequente no outono.
  • Cogumelos: destacam-se pelo seu teor em vitamina D, uma vitamina essencial para o funcionamento do sistema imunitário e a síntese de serotonina, um neurotransmissor associado ao estado de espírito. Assim, incorporá-los em guisados ou salteados é uma forma simples e saborosa de cuidar do bem-estar emocional nos meses de menor exposição solar.
  • Frutos secos: as nozes, amêndoas ou avelãs são uma fonte natural de magnésio, ácidos gordos, ómega-3 e antioxidantes (como a vitamina E). Estes nutrientes contribuem para o bom funcionamento do sistema nervoso e têm sido associados a melhorias na memória, concentração e regulação emocional. Para beneficiar das suas propriedades, recomenda-se consumir uma mão cheia por dia (cerca de 20-30 g), seja como lanche ou incorporadas em saladas e pratos.
  • Legumes: lentilhas, grão-de-bico e feijões destacam-se pelo seu teor em triptofano, proteínas vegetais de boa qualidade e fibra solúvel e insolúvel. Estes componentes favorecem a produção de serotonina e promovem um trânsito intestinal adequado, o que é fundamental para o equilíbrio emocional através do eixo intestino-cérebro. A sua versatilidade torna-os uma base ideal para pratos de colher, salteados e até saladas completas.
  • Chocolate negro: com um elevado teor de cacau (70% ou mais), fornece flavonoides, magnésio e pequenas doses de cafeína. Tudo isso estimula a produção de endorfinas, associadas à sensação de prazer e bem-estar. Consumir uma pequena porção diária (cerca de 10 g) ou adicionar cacau puro sem açúcar ao pequeno-almoço ou a receitas saudáveis é uma forma simples de usufruir dos seus benefícios de forma equilibrada.

 

“Seguir uma dieta variada e rica em produtos frescos e sazonais, além de ajudar o organismo a funcionar melhor, influencia diretamente como nos sentimos. Na verdade, uma alimentação equilibrada é, em muitos casos, a primeira medida para prevenir problemas emocionais, como cansaço crónico ou alterações de humor”, acrescenta Ingrid Daniele.

Por fim, Miriam Piqueras, diretora médica da Sanitas Mayores, sublinha que “estes alimentos são ainda mais importantes para os idosos, uma vez que são mais sensíveis à falta de nutrientes e às alterações emocionais decorrentes do stress oxidativo. Perante esta situação, é recomendável optar por uma dieta rica em triptofano, magnésio e antioxidantes, juntamente com a prática regular de exercício físico e um bom descanso para garantir um envelhecimento mais saudável, ativo e equilibrado”.

 

7º Congresso Nacional da APDP
Evento foca-se nos recentes avanços na prevenção, no diagnóstico e no tratamento da diabetes em Portugal.

A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) realiza entre os dias 6 e 7 de novembro, no Centro Ismaili de Lisboa, o seu 7º Congresso Nacional, que reúne especialistas, profissionais de saúde e pessoas com diabetes para dois dias de debate, formação e partilha de conhecimento. No dia 7 de novembro, pelas 9 horas, serão apresentados os resultados do projeto “O seu filho tem um dedo que adivinha”, inserido no projeto europeu EDENTIF1, um estudo de rastreio da diabetes tipo 1 na população pediátrica.

O programa científico do congresso abrange uma ampla variedade de temas, desde insulinoterapia e monitorização contínua da glicose, cuidados com o pé diabético, uso de bombas de insulina e novas tecnologias aplicadas à gestão da diabetes, até questões mais abrangentes como a abordagem social da doença, motivação e autogestão, e os desafios da transformação digital na saúde.

“Este ano, o Congresso Nacional chega com novas temáticas, novos ângulos, para encontrar respostas com o fim de sempre. Os números relacionados com a diabetes em Portugal continuam a ser preocupantes e é nosso dever explorar todas as frentes, da clínica à social, para melhorar a vida de mais de um milhão de pessoas em Portugal.”, explica José Manuel Boavida, presidente da APDP.

O evento será marcado pela sessão “Além-Fronteiras”, com a participação da especialista Asma Ahmed, que vai abordar a importância da prevenção da diabetes em contexto comunitário, com a sessão “Diabetes prevention in community setting”. A abordagem social da diabetes também será discutida na mesa-redonda “Abordagem social da Diabetes: que rumo?”.

Serão ainda discutidos o “Percurso do pé diabético”, que analisará o trajeto da pessoa com pé diabético desde o diagnóstico, processo de referenciação e tratamento, e o “Futuro da Saúde Digital”, que explorará o papel da inteligência artificial e da transformação tecnológica na melhoria do acompanhamento clínico. As novidades sobre obesidade, diabetes e risco cardiovascular, bem como a relação entre “Diabetes e Fígado” estarão também em destaque.

Com uma programação que alia rigor científico, inovação tecnológica e humanização dos cuidados, o 7º Congresso Nacional da APDP reforça o compromisso da Associação em promover a literacia em saúde e a qualidade de vida das pessoas com diabetes. Para mais informações sobre o evento consulte o site oficial, aqui.

 

I Congresso de Psicologia e Ciências da Saúde da Universidade Europeia
A inteligência artificial (IA) tem potencial para elevar o padrão de qualidade dos cuidados de saúde, desde que usada de forma...

Os especialistas defenderam que a IA deve servir para otimizar tarefas, aumentar a capacidade de resposta e apoiar a decisão clínica, sem comprometer a transparência, a supervisão humana ou a dimensão ética. Enquadrada desta forma, a tecnologia é vista como um instrumento capaz de melhorar a eficiência e a qualidade dos cuidados, preservando o carácter humano que define a relação terapêutica.

A mesa-redonda “Novas Tecnologias e Inteligência Artificial: Impacto na Saúde e Mudança Comportamental”, moderada por André Silva, da Universidade Europeia, contou com a participação de Rita Veloso e Marta Marques, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, Alberto Alves, diretor-adjunto do Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física da Universidade da Maia, e Belén Rando, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas – Centro de Administração e Políticas Públicas.

Ética, automação e eficiência: o equilíbrio possível na era digital da saúde

O debate explorou o papel crescente da inteligência artificial na transformação do setor e nas mudanças comportamentais que daí resultam. Os oradores sublinharam que a automação só cria valor quando liberta tempo para o acompanhamento próximo e para a decisão clínica, sem afastar o contacto humano que caracteriza a prática da saúde.

Foram apresentados exemplos que ilustram uma integração bem-sucedida da tecnologia sem perda de empatia. No IPO do Porto, a introdução de quiosques de check-in reorganizou equipas e permitiu dedicar mais tempo ao apoio direto aos doentes. Já no Hospital de Santo António, no Porto, um sistema automatizado de chamadas para o circuito de cirurgia de ambulatório aumentou a eficiência e melhorou a experiência do utente, mantendo a personalização do atendimento.

Os especialistas alertaram, contudo, para os dilemas éticos associados à utilização da IA em contextos clínicos. A delegação de decisões a algoritmos baseados em probabilidades levanta questões sobre responsabilidade, justiça e valores. Defenderam, por isso, o desenvolvimento de modelos de IA transparentes, auditáveis e orientados por princípios éticos sólidos.

O painel incluiu ainda uma reflexão histórica sobre a evolução da IA: desde as primeiras experiências de simulação cognitiva, nos anos 50, até à atual era das redes neurais e dos sistemas generativos, o que demonstrou que a IA não é apenas uma inovação tecnológica, mas também um desafio social e filosófico que redefine o papel dos profissionais e das instituições.

Por fim, foi destacada a importância de investir em formação, literacia digital e ética aplicada, preparando as equipas para uma integração plena e responsável das novas tecnologias. A reorganização dos serviços e a criação de competências transversais surgem como passos decisivos para que a IA se afirme como um verdadeiro instrumento de apoio, capaz de ampliar a qualidade e a capacidade dos cuidados de saúde, sem perder o essencial: o olhar humano.

O I Congresso de Psicologia e Ciências da Saúde, promovido pela Universidade Europeia, decorreu nos dias 31 de outubro e 1 de novembro sob o mote “Novas Tecnologias e Inteligência Artificial: Desafios e Oportunidades na Saúde e Desenvolvimento Humano”. Organizado pela Faculdade de Ciências da Saúde e pelo Pólo de Investigação CIDESD-UEuropeia, o congresso reuniu investigadores, docentes, estudantes e profissionais das áreas da Psicologia e da Saúde para debater o papel das novas tecnologias e da IA na promoção do bem-estar e do desenvolvimento humano.

 

Apoiar a saúde mental infantil em Portugal
A CAPITI - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Infantil angariou mais de 68 mil euros na 9.ª edição do leilão...

Todas as obras integrantes do leilão solidário foram doadas pelos seus autores e o valor obtido reverterá, na totalidade, para garantir o acompanhamento médico e terapêutico de crianças e jovens de famílias carenciadas, com perturbações do desenvolvimento e do comportamento. O montante angariado permitirá assegurar o acompanhamento, durante um ano, de 68 crianças e jovens, através da rede de 13 clínicas parceiras da associação.

Este ano, a iniciativa contou com a participação de 40 artistas contemporâneos, consagrados e emergentes, que, pela primeira vez, foram desafiados a criaram obras inspiradas no mundo e na missão da CAPITI, aproximando a criação artística da realidade das crianças acompanhadas. Entre as peças que atingiram valores mais elevados no leilão, destacam-se os trabalhos da autoria de Maísa Champalimaud, Rui Sanches e Pedro Barateiro, com valores desde os 3.400 euros, até aos 8.000 euros.

A edição deste ano destacou-se pela cocriação de duas obras, entre os artistas Diogo Muñoz e Mariana Horgan e duas crianças acompanhadas pela CAPITI, um gesto simbólico que transformou cada obra num encontro de expressão artística em prol da saúde mental.

À semelhança das duas últimas edições, a CAPITI desafiou artistas emergentes a doarem uma obra, através de uma campanha lançada no Instagram, avaliada posteriormente por um júri, que resultou na seleção de onze obras que integraram a 9.ª edição da exposição e leilão solidário “CAPITI Art Mind”, garantindo espaço para novos talentos.

No balanço desta edição, Mariana Saraiva, presidente da CAPITI, sublinha que “a CAPITI Art Mind tem vindo a crescer a cada edição, reforçando o crescente compromisso com a solidariedade, por parte de artistas, parceiros, empresas e particulares, em torno da saúde mental infantil. Este ano, quisemos desafiar alguns artistas a irem mais longe, quer na inspiração das suas obras, quer na integração das próprias crianças no processo criativo, permitindo que a sua voz e imaginação se refletissem nos seus trabalhos, trazendo um significado ainda mais profundo ao evento. O valor angariado nesta edição será fundamental para garantirmos que cada vez mais crianças tenham acesso ao acompanhamento médico e terapêutico de que necessitam, mas representa também um sinal de esperança e confiança para todas as famílias que encontram apoio na CAPITI. É graças a esta rede de solidariedade que conseguimos continuar a crescer e a transformar vidas.”

Imagens das obras leiloadas identificadas pelos seus autores disponíveis aqui

 

Abordagem Sistémica à Família
A família é central para a saúde e bem-estar dos seus membros, sendo um sistema dinâmico cujo entend

Conceitos Fundamentais da Abordagem Sistémica em Enfermagem

A visão sistémica compreende a família como um sistema complexo e interrelacionado, onde as mudanças ou crises em um membro repercutem-se em todo o grupo. A avaliação da família abrange dinâmicas, padrões de comunicação e funcionamento adaptativo, entrando além do quadro clínico individual para considerar fatores externos, ciclo evolutivo familiar e redes de apoio. Essa abordagem permite ao enfermeiro identificar pontos-chave para intervenção que promovam a autonomia, o autocuidado e a resiliência da família, reconhecendo sua singularidade e potencialidades.

 

Padrões de Qualidade dos Cuidados em Enfermagem de Saúde Familiar

Os Padrões de Qualidade da Ordem dos Enfermeiros são baseados em seis dimensões que envolvem a satisfação do cliente, a prevenção e promoção da saúde, o bem-estar, a readaptação funcional e a organização dos cuidados. Eles garantem uma prática clínica estruturada, orientada por evidências e centrada nas reais necessidades familiares, promovendo cuidados especializados, contínuos e adaptados às fases do ciclo de vida da família. A formação especializada e a utilização de modelos como o de avaliação familiar de Calgary são fundamentais para aplicar estes padrões com rigor e eficácia.

 

Impacto da Abordagem Sistémica na Prática Clínica em Saúde Familiar

A incorporação da visão sistémica transforma profundamente a atuação do enfermeiro. Em primeiro lugar, permite uma avaliação mais abrangente e apurada das necessidades, indo para além dos sinais e sintomas individuais para considerar as influências inter-relacionais e contextuais. O reconhecimento da família como agente ativo no processo de cuidado fortalece a parceria entre profissionais e familiares, aumentando a adesão aos planos terapêuticos e gerando melhores resultados em saúde.

O desenvolvimento de competências específicas através de programas de formação voltados para a abordagem sistémica melhora a capacidade técnica e relacional dos enfermeiros, aumentando sua confiança e eficácia nas intervenções. Essa capacitação é essencial para implementar estratégias que promovem o empowerment familiar, a comunicação assertiva, e o suporte emocional durante processos complexos, como hospitalizações, gestão de doenças crónicas e transições ao longo do ciclo vital.

Além disso, a visão sistémica facilita a antecipação e a prevenção de problemas, ao considerar fatores de risco sistêmicos e mobilizar recursos internos e externos da família e da comunidade. Isso prolonga o impacto dos cuidados, reduz recorrentemente a hospitalização e favorece a sustentabilidade dos sistemas de saúde, promovendo uma melhor qualidade de vida para as famílias.

 

Como a Visão Sistémica Muda a Prática da Saúde Familiar

A mudança fundamental consiste em deslocar o foco do cuidado do indivíduo para o sistema familiar integral, reconhecendo as relações e o contexto como parte inseparável da saúde. Isto conduz o enfermeiro a desenvolver uma prática mais reflexiva, adaptativa e centrada na promoção da autonomia e equilíbrio familiar.

Esta mudança implica a adoção da família como parceira na tomada de decisões, valorizando seu conhecimento e experiências, o que cria um ambiente de confiança e corresponsabilidade. A prática passa a ser menos prescritiva e mais negociada, integrando as necessidades e recursos reais da família, promovendo uma atenção contextualizada, humanizada e eficaz.

Adotar esta visão sistémica promove ainda um paradigma de cuidados contínuos, integrados e preventivos, reforçando a gestão dos recursos e o suporte às famílias na sua comunidade, num modelo que alia ciência, ética e empatia para a promoção da saúde familiar.

 

Conclusão

A abordagem sistémica à família, guiada e estruturada pelos Padrões de Qualidade da Ordem dos Enfermeiros, é um vetor crucial para a inovação e excelência em enfermagem de saúde familiar. A prática baseada nessa perspetiva amplia o campo de intervenção do enfermeiro, promove cuidados integrados e sustentáveis e mobiliza a família no centro do cuidado, resultando em ganhos significativos para a saúde pública e o bem-estar social. Investir em formação e processos reflexivos sobre esta abordagem é essencial para consolidar a qualidade e a humanização dos cuidados em saúde familiar.

 

Referências

Bastos, F. (2022). Representação do conhecimento em enfermagem – a família. RIIS – Revista de Investigação e Inovação em Saúde, 6(29). https://riis.essnortecvp.pt/index.php/RIIS/article/view/213

Frade, J. M. da G. (2021). A integração da família nos cuidados de enfermagem. Revista Referência, 5(2). https://revistas.rcaap.pt/referencia/article/view/26377

Figueiredo, M. (2009). Enfermagem de Família: Um Contexto do Cuidar [Tese de Doutoramento]. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto.

Henriques, C. M. G., & Santos, S. M. (2019). Avaliação familiar e processo de enfermagem: programa de desenvolvimento de competências. Revista de Enfermagem Referência, 4(23), 31–40. https://doi.org/10.12707/RIV19077

Instituto CRIAP. (2022). Intervenção Familiar Sistémica: uma resposta integradora. https://www.institutocriap.com/blog/psicologia/intervencao-familiar-sistemica

Ordem dos Enfermeiros. (2011). Regulamento dos Padrões de Qualidade dos Cuidados Especializados em Enfermagem de Saúde Familiar. https://www.ordemenfermeiros.pt/arquivo/colegios/Documents/PQCEESaudeFamiliar.pdf

Ordem dos Enfermeiros. (2012). Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem. https://www.ordemenfermeiros.pt/media/8903/divulgar-padroes-de-qualidade-dos-cuidados.pdf

A Família Parceira no Cuidar: Intervenção do Enfermeiro. (2013). https://web.esenfc.pt/pav02/include/download.php?id_ficheiro=27078&codigo=743

A sistémica familiar no cuidado de enfermagem centrado na família: impacto de um programa de formação. (2019). BVS Enfermagem. https://bvsenfermeria.bvsalud.org/biblio/resource/?id=biblioref.referencesource.1379641

Organização Mundial da Saúde. (1998). Glosário de Promoção da Saúde. https://www.who.int/healthpromotion/about/HPR Glossary 1998.pdf

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
"Parque do Peso da Mudança"
Iniciativa imersiva chega ao Amoreiras Shopping Center, em Lisboa, entre 7 e 9 de novembro, para educar o público sobre a...

E se uma viagem de poucos minutos pudesse mudar a sua perceção sobre uma doença que afeta 68% da população adulta em Portugal? De 7 a 9 de novembro, o Amoreiras Shopping Center, em Lisboa, será o anfitrião do “Parque do Peso da Mudança”, uma inovadora experiência de realidade virtual, que promete transformar a compreensão sobre a obesidade, oferecendo uma visão profunda e desmistificando o estigma associado.

A iniciativa, promovida pela Lilly em parceria com a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM), a Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO), a Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Obesidade e Doenças Metabólica (SPCO) e a Associação Portuguesa de Pessoas que Vivem com Obesidade (ADEXO), convida os lisboetas a sentarem-se num banco de jardim virtual para uma viagem imersiva e emocional pela realidade de quem vive com obesidade, desde as dificuldades do dia a dia até ao peso do estigma social.

Além de Lisboa, esta experiência chega também a outros pontos do país, com o objetivo de transportar os portugueses para a realidade de quem vive com obesidade. Ao longo da experiência, os participantes são guiados por um percurso que explora três dimensões fundamentais da doença: o impacto nas tarefas simples do dia a dia, a base biológica e genética que a define como uma condição médica complexa, e o doloroso estigma social, representado por uma "gruta escura" onde ecoam os preconceitos e julgamentos que estas pessoas enfrentam diariamente.

"Na Lilly, o nosso compromisso em ajudar as pessoas com obesidade é inabalável. Com o “Parque do Peso da Mudança”, damos um passo em frente, utilizando a tecnologia de realidade virtual para criar uma experiência profundamente humana e educativa", afirma Alicia de Castro, Diretora Geral da Lilly Portugal. "Em parceria com a SPEDM, a SPEO, a SPCO e a ADEXO, queremos transportar as pessoas para a realidade de quem vive com a doença, abordando não só as dificuldades físicas, mas também o peso do estigma social. Acreditamos que, ao promover esta experiência, podemos acelerar a mudança de mentalidades, levando a sociedade a compreender a obesidade como uma doença e sua complexidade.”

A experiência visa desmistificar a ideia de que a obesidade é resultado de falta de força de vontade, sublinhando a sua natureza de doença crónica. "A obesidade é uma doença crónica com uma forte componente biológica, algo que a experiência “Parque do Peso da Mudança” ilustra de uma forma realista", explica Paula Freitas, presidente da SPEDM. "Ver esta realidade traduzida numa experiência acessível ao grande público é um passo vital para que os doentes se sintam confortáveis para procurar ajuda médica”.

Para José Silva Nunes, presidente da SPEO, a iniciativa é uma ferramenta pedagógica de excelência. "Ao levar as pessoas numa viagem que passa pelas dificuldades do dia a dia, pela ciência por trás da doença e pelo doloroso estigma social, esta iniciativa consegue, em poucos minutos, transformar a perceção sobre o que significa viver com obesidade. É uma forma poderosa de substituir o julgamento pelo conhecimento."

Segundo John Preto, presidente da SPCO, “a ‘viagem’ ao “Parque do Peso da Mudança” é uma metáfora impactante e uma chamada de atenção para o estigma e o isolamento que muitos doentes sentem. Esta iniciativa reforça a mensagem de que a obesidade é uma condição médica séria que exige empatia, respeito e acesso ao tratamento.”

O impacto do preconceito é um dos focos centrais da experiência, um aspeto validado por quem lida diretamente com a doença. "Quem vive com obesidade conhece bem as vozes que ecoam nesta experiência. São os julgamentos que ouvimos todos os dias", partilha Carlos Oliveira, presidente da ADEXO. "Esta iniciativa ajuda a construir a mensagem de que 'a culpa não é sua', mostrando a nossa luta diária não como uma falha, mas como uma prova de resiliência."

Informações “Parque do Peso da Mudança”:

  • Local: Amoreiras Shopping Center
  • Datas: 7 a 9 de novembro
  • Custo: Gratuito

 

A iniciativa termina com um apelo à ação, incentivando quem se preocupa com a obesidade, por si ou por alguém próximo, a procurar aconselhamento junto de um profissional de saúde e a encontrar mais informação em obesidadeumadoenca.pt.

 

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