Opinião
O sono tem sido cada vez mais estudado pela ciência devido à sua importância para a saúde em geral,

O sistema endócrino, responsável pela produção das hormonas sexuais, é fortemente influenciado pelo ritmo circadiano e pelos padrões de sono. Hormonas como o LH e o FSH desempenham um papel crucial na regulação do ciclo menstrual feminino, assim como na espermatogénese masculina. Qualquer desregulação no padrão de sono pode levar a alterações hormonais que impactam negativamente a fertilidade.

No caso das mulheres, a qualidade do sono está diretamente relacionada à regularidade dos ciclos menstruais, à função ovárica e à reserva folicular. Um sono inadequado pode ainda elevar os níveis de cortisol, a hormona do stress, que interfere no equilíbrio hormonal e pode comprometer a ovulação. Além disso, a exposição crónica a níveis aumentados de cortisol está associada a stress oxidativo, inflamação e aumento do apetite, especialmente por alimentos ricos em açúcar. Nos homens, alterações no sono podem impactar a qualidade do sémen. Esses efeitos são frequentemente atribuídos a desequilíbrios hormonais, como a redução dos níveis de testosterona, essencial para a produção adequada de espermatozoides.

A relação entre ritmo circadiano e saúde reprodutiva é tão evidente que trabalhadores noturnos ou pessoas com horários rotativos, que comprometem a regularidade do sono, apresentam maior propensão a disfunções menstruais e redução da fertilidade.

No mundo moderno, dominado pela tecnologia, desligar-se dos dispositivos eletrónicos é um desafio, mas sabe-se que esses comportamentos interferem na produção de melatonina, essencial para o sono. No entanto, a melatonina não serve apenas para o sono, ela funciona como um antioxidante poderoso que protege o sistema reprodutor. Por isso, uma boa produção de melatonina deve ser garantida. A população deve ser consciencializada para a importância de uma boa higiene do sono, o que inclui manter horários regulares para dormir e acordar, criar um ambiente adequado para o descanso e reduzir a exposição a telas antes de dormir.

No campo da nutrição, há vários aspetos que podem contribuir para a melhoria do sono e, consequentemente, da fertilidade:

  • Evitar substâncias estimulantes: Reduzir o consumo de cafeína no final da tarde e noite, incluindo café, chá verde e preto, chocolate, refrigerantes com cafeína e bebidas energéticas.
  • Optar por refeições leves no jantar: Privilegiar alimentos de fácil digestão, evitando refeições pesadas, especialmente ricas em gorduras. Essa refeição deve ainda incluir proteínas e hidratos de carbono pouco refinados.
  • Apoiar a produção de melatonina: Para um sono reparador, é essencial garantir a produção adequada de melatonina. Nutrientes como magnésio, vitamina B6 e triptofano desempenham um papel fundamental nesse processo. Assim, deve-se incluir na dieta alimentos como banana, frutos oleaginosos, laticínios, ovos, sementes e aveia.

Garantir um sono de qualidade através de bons hábitos e de uma alimentação equilibrada pode ser um passo essencial para a saúde reprodutiva. Pequenas mudanças no estilo de vida podem fazer uma grande diferença na fertilidade e bem-estar geral.

 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
“Gestão do Doente Agudo” é o tema da 15.ª Conferência de Valor APAH
A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) vai realizar a 15.ª edição da Conferência de Valor APAH, que...

A 15.ª edição da Conferência de Valor APAH contará com a participação de especialistas de diversas áreas, que abordarão temas como  “Organização e gestão de operações num serviço de Urgência”; “Modelos de gestão inovadores na Europa”, “Tendências de procura dos serviços de Urgência: o que esperar para os próximos 10 anos?”, “Reduzir sobrelotação e espera nos serviços de saúde: Exemplos de excelência global”; “Otimização da resposta na Urgência: O Papel da tecnologia”, e “Concentração ou proximidade: Que rede de urgências para os próximos 30 anos?”.

De acordo com Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), “com esta iniciativa, procuramos fortalecer a colaboração entre os diferentes parceiros do setor, promovendo uma melhoria contínua na qualidade e excelência dos resultados da Saúde em Portugal. Esta 15.ª edição destaca-se por oferecer aos participantes uma oportunidade única de aprofundar conhecimentos e explorar abordagens inovadoras na gestão do doente agudo, através de um programa dinâmico e diferenciador, com painéis compostos por convidados de renome nacional e internacional. Acreditamos que este será um encontro único e essencial para os profissionais de saúde que tenham interesse pela excelência e transformação do setor”.

As Conferências de VALOR APAH surgem como uma aposta na organização de iniciativas que promovam a criação de valor para os gestores em saúde, através da análise dos tópicos atuais e determinantes para o futuro dos hospitais e dos sistemas de saúde. Direcionada a todos os profissionais ligados à gestão em saúde, esta iniciativa visa fomentar a partilha de boas práticas e a procura de novas abordagens que permitam enfrentar os desafios presentes e futuros.

Para mais informações sobre a 15.ª edição da Conferência de Valor APAH, consulte o site: https://www.admedic.pt/eventos/15-conferencia-de-valor-apah.html

14 de março | Dia Mundial do Sono
“Uma Viagem Ilustrada ao Mundo do Sono – desenhos e quadras de jovens artistas sobre a importância do sono” é uma obra criada...

Para assinalar o Dia Mundial do Sono, a Associação Portuguesa do Sono (APS), em conjunto com o Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC), lançam o livro “Uma Viagem Ilustrada ao Mundo do Sono – desenhos e quadras de jovens artistas sobre a importância do sono”, uma obra coletiva criada por 89 crianças e adolescentes, do 1.º Ciclo ao Ensino Secundário. O livro, que conta com o apoio da VitalAire, pretende sensibilizar para a importância de um sono adequado através da expressão artística dos mais jovens. 

O lançamento oficial do livro irá decorrer no dia 14 de março, em:

●      Lisboa: 15h00, Auditório do CIUL (Centro de Informação Urbana de Lisboa)

●      Porto: 14h30, Casa do Infante

De acordo com a Prof.ª Paula Pinto e a Doutora Laetitia Gaspar, membros da Direção e da Assembleia Geral da APS, respetivamente, que estarão presentes no lançamento em Lisboa, destacam que “este livro é um reflexo do talento e da criatividade dos jovens, que, por meio da arte, conseguem transmitir uma mensagem impactante sobre a importância do sono.”

Com esta iniciativa, a APS reforça a sua missão de educar e sensibilizar a população sobre a importância do sono para a saúde e o bem-estar. O livro resulta de um projeto colaborativo que envolveu crianças e adolescentes, incentivando-os a expressar, por meio de ilustrações e quadras, a importância de um sono reparador na vida quotidiana. A Dr.ª Daniela Sá Ferreira, Presidente da Direção da APS, que estará presente no lançamento do Porto, expressa que “a missão da APS é educar e sensibilizar a sociedade sobre os benefícios de uma boa noite de sono”. “Este livro não só transmite essa mensagem de forma divertida e educativa, mas também faz com que todos, especialmente as crianças e os jovens, se envolvam ativamente neste importante tema”, acrescenta a Dr.ª Marta Rios, também membro da Direção da APS e que, igualmente, marcará presença no lançamento que decorre na Casa do Infante. Por fim, a Dr.ª Bárbara Santos e a aluna de mestrado Bárbara Ramalho, do CNC-UC, salientam “a dedicação do CNC-UC à comunicação de ciência, um dos pilares do centro, e a importância deste tipo de iniciativas, inovadoras e fora da caixa, para reforçar a importância do sono”.

A APS convida todos os interessados a, após o lançamento, descobrirem esta obra que pretende inspirar crianças, pais e educadores a priorizarem o sono.

 

22 a 25 de maio
Entre os dias 22 e 25 de maio, Coimbra será palco do 31.º Congresso Nacional de Medicina Interna (CNMI), que decorrerá no...

"Contamos com a presença de todos os Internistas em Coimbra para fazer do 31.º CNMI mais um marco na história dos congressos da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), promovendo a partilha de conhecimento científico que visa essencialmente a melhor prestação de cuidados aos nossos doentes e a valorização do papel cada vez mais fundamental dos Internistas no Serviço Nacional de Saúde (SNS)", afirma Lèlita Santos, presidente do congresso.

Durante os quatro dias do evento os participantes poderão assistir a conferências, debates e mesas-redondas sobre temas como: consentimento informado e limites da autonomia do idoso; transversalidade das doenças respiratórias; abordagem das citopenias; novos desafios da obesidade; síndromes de dor crónica; desafios na doença hepática; neuropatia periférica em doenças sistémicas, farmocogenética e medicina personalizada; manifestações cutâneas das doenças imunomediadas; hospitalização domiciliária; sarcopenia; multidisciplinariedade da doença renal; a grávida na urgência; desafios na gestão das comorbilidades no idoso com artrite reumatoide; atualidade da edição médica em Portugal; wearable tecnology na prática clínica; insuficiência cardíaca e turismo de saúde em Portugal.

O evento contará ainda com uma mesa-redonda dedicada aos jovens internistas, uma conferência sobre o ensino da medicina na Universidade de Coimbra, o papel da inteligência artificial na medicina e um debate sobre a atratividade da especialidade de Medicina Interna, com diferentes perspetivas dentro da área.

Para mais informações e inscrições, visite: https://cnmi.spmi.pt/inscricoes-2025/

Além-Fronteiras: Saúde Mental e Acesso a Cuidados de Saúde dos Imigrantes em Portugal
Apesar do bom estado de saúde geral apresentado pelos imigrantes em Portugal no momento da chegada, o chamado efeito imigrante...

A conclusão é revelada na mais recente Nota Informativa – Análises do Setor da Saúde – Além-Fronteiras: Saúde Mental e Acesso a Cuidados de Saúde dos Imigrantes em Portugal, da autoria dos investigadores Pedro Pita Barros, detentor da Cátedra BPI | Fundação ‘la Caixa’ em Economia da Saúde, e Carolina Santos, no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, uma parceria entre a Fundação ‘la Caixa’, o BPI e a Nova SBE.

Em 2023 a migração para países da OCDE atingiu níveis recorde (aumento de 10% na migração permanente). Portugal, desde 1990, tornou-se um país de destino para imigrantes, e em 2023, registou um saldo migratório positivo pelo sétimo ano consecutivo (dados Instituto Nacional de Estatística, 2024), impulsionando o crescimento da população residente com brasileiros a representar a maior comunidade estrangeira no país (36,9), seguidos por angolanos (5,8%) e cabo-verdianos (5,0%) – dados Censos de 2021. Baseando-se nos dados do Inquérito Nacional de Saúde de 2014 e 2019, a presente Nota Informativa analisa o impacto da origem e dos motivos de migração na saúde e no acesso a cuidados médicos dos imigrantes em Portugal.

A análise – que se debruça sobre os indivíduos com 20 ou mais anos (amostra de 29.573 indivíduos nascidos em Portugal, 509 nascidos noutros países da UE e 1.484 nascidos fora da EU) – revela que, em média, os imigrantes são mais jovens do que os nativos (46,1% dos nativos têm 60 anos ou mais enquanto 27,1% são imigrantes provenientes da UE e 16,6% são imigrantes de fora da EU). Esta diferença etária reflete-se também no nível médio de escolaridade e rendimento, com os nativos mais velhos a apresentarem menores índices de educação avançada (apenas 6,5% dos nativos com 60 anos ou mais têm educação superior, enquanto entre os imigrantes da UE a percentagem é de 29,0% e de 24,4% para os imigrantes de fora da EU). No que se refere ao rendimento as disparidades são pouco relevantes na população com idades entre os 20 e os 59 anos (21,1% no quintil de rendimento mais elevado na população nativa, 26,2% na população de imigrantes de outros países da UE e 24,4% na população de imigrantes de fora da EU) mas no grupo das pessoas com 60 ou mais anos as diferenças tornam-se mais evidentes (a percentagem de indivíduos no quintil de rendimento mais elevado é de 14,6% na população nativa, 44,2% na população de imigrantes de outros países da UE e 37,0% na população de imigrantes nascidos fora da EU).

No que toca aos motivos da imigração, a análise considerou um modelo de classes latentes, para distinguir imigrantes económicos (que vêm para Portugal com o intuito específico de melhorar as suas condições de vida, em busca de um rendimento superior ao que auferiam no país de origem) e não económicos (que se deslocam por motivos familiares ou de carreira internacional, bem como migrações despoletadas por instabilidade política e social nos seus países de origem). O modelo de classes latentes inclui fatores como o crescimento económico de Portugal nos anos anteriores à chegada dos migrantes, sexo, grupo etário e região de nascimento (UE ou fora da UE). Os imigrantes que chegam durante períodos de crescimento económico são mais propensos a ser movidos por fatores económicos (81,9%) sendo de destacar neste grupo os nascidos fora da UE (que representam 62,2%). Adicionalmente, são os imigrantes jovens que têm maior preponderância por motivos económicos.

Analisando a origem e o seu impacto na saúde mental, verifica-se que a prevalência de sintomas depressivos entre nativos é maior (14,8%), com os imigrantes nascidos fora da EU a atingir níveis de 9,1% e os imigrantes provenientes da UE de 7,1%. As características socioeconómicas (rendimento, sexo biológico e escolaridade) também influenciam a prevalência de sintomas depressivos, verificando-se que as mulheres têm uma probabilidade 11,3 pontos percentuais superior à dos homens.

O rendimento revela-se um indicador com pouca relevância e com efeito protetor fraco nos elementos de saúde mental, já que indivíduos do escalão mais abastado (quinto quintil) têm uma probabilidade de sintomas depressivos apenas 2,7 pontos percentuais inferior aos do primeiro quintil, contrariando a ideia de que a depressão afeta principalmente os mais afluentes. O fator com maior efeito protetor é o número de contactos próximos a quem recorrer em caso de problema grave (com os indivíduos com um ou dois contactos a apresentar uma probabilidade 8,8 pontos percentuais menor de sofrer sintomas depressivos). ‘Mesmo controlando por características socioeconómicas, os imigrantes têm uma menor probabilidade de reportar sintomas depressivos, o que suporta a hipótese do imigrante saudável’ referem os investigadores.

Quanto aos motivos para imigração, apenas se observa evidência em linha com a hipótese do imigrante saudável para imigrantes que se deslocam para Portugal por motivos não económicos.  ‘Com efeito, os indivíduos que imigram para Portugal por motivos não económicos têm uma probabilidade de reportar sintomas depressivos 2,6 pontos percentuais inferior à dos nativos.’ Porém, é de destacar que o efeito do imigrante saudável diminui com o tempo de permanência em Portugal, verificando-se que após 40 anos de residência, os homens imigrantes apresentam uma prevalência de sintomas depressivos semelhante à dos homens nativos. No entanto, as mulheres imigrantes continuam a relatar sintomas depressivos menos graves do que as mulheres nativas.

No que toca ao acesso aos cuidados de saúde – e apesar de o SNS português ser universal e em grande parte gratuito garantindo o acesso dos imigrantes a cuidados de saúde – existem várias formas de financiamento das despesas diretas em saúde (subsistemas ou seguros privados) que podem condicionar o acesso a cuidados de saúde necessários. Os dados analisados permitem aferir que os imigrantes nascidos fora da UE têm, em média, 4,3 pontos percentuais menos probabilidade de estar cobertos por subsistemas ou seguros privados em comparação com os nativos, não existindo, contudo, diferenças significativas entre imigrantes da UE e nativos. A disparidade na cobertura de saúde é mais acentuada entre os imigrantes económicos (que têm 6,1 pontos percentuais menos oportunidade de ter cobertura de saúde privada do que os nativos) não existindo diferenças significativas para imigrantes não económicos.

Para aferir a utilização de cuidados de saúde pelos imigrantes e nativos, foram analisados cinco tipos de serviços (internamento hospitalar, cuidados hospitalares ambulatórios, Medicina Geral e Familiar, outras especialidades médicas e cuidados de saúde mental) verificando-se que não existem diferenças significativas na probabilidade de recorrer a serviços de internamento, revelando apenas os imigrantes nascidos fora da UE uma maior probabilidade de utilizar serviços hospitalares ambulatórios (incluindo urgências). Já no que se refere à probabilidade de recorrer a consultas de Medicina Geral e Familiar, verifica-se que existe uma diferença negativa de 3,2 e 2,4 pontos percentuais (Imigrantes da UE e de fora da UE, respetivamente), em relação aos nativos o que indicia uma menor utilização de cuidados primários e preventivos pelos imigrantes.

Ao avaliar a utilização agregada de cuidados hospitalares e consultas de Medicina Geral e Familiar, verifica-se que não há diferenças significativas entre nativos e imigrantes nascidos fora da UE. Contudo, verifica-se que os imigrantes da UE recorrem, em média, menos do que os nativos, estando esta menor utilização provavelmente relacionada com a uma menor necessidade de cuidados, uma vez que as necessidades médicas não satisfeitas relatadas pelos imigrantes da UE não diferem das dos nativos. De salientar que, apesar de não terem sido encontradas diferenças significativas na utilização de outras especialidades médicas entre imigrantes e nativos, verifica-se que a probabilidade dos imigrantes recorrerem a consultas de Medicina Geral e Familiar e outras especialidades médicas aumenta com o tempo de residência em Portugal.

No que se refere à probabilidade de utilização de cuidados de saúde mental e necessidades de cuidados de saúde mental não satisfeitas a análise revela que não existem diferenças significativas entre imigrantes e nativos, o que ‘não significa que não existem barreiras de acesso’ uma vez que há uma proporção substancial de indivíduos com sintomas depressivos moderados a severos que não se encontra diagnosticada ou permanece sem tratamento (seja devido à escassez de profissionais especializados, à resistência à descentralização dos serviços ou à fraca coordenação entre os diferentes níveis de cuidados de saúde). De acordo com os dados analisados, 59,3% das pessoas em Portugal com sintomas depressivos clinicamente significativos não percebem que precisam de ajuda: o fenómeno afeta 69,3% dos nativos, 66,7% dos imigrantes da UE e 57,1% dos imigrantes de fora da UE.

Quando a análise recai sobre o perfil verifica-se que os imigrantes não económicos apresentam uma probabilidade de internamento 3 pontos percentuais superior à dos nativos e os imigrantes económicos recorrem 3,4 pontos percentuais menos a cuidados de Medicina Geral e Familiar. No que toca às necessidades de cuidados de saúde mental não satisfeitas não se verificam diferenças estatisticamente significativas entre nativos e imigrantes e na capacidade de reconhecer necessidades de apoio psicológico, identifica-se que é menos comum entre pessoas com sintomas depressivos moderados, que tendem a encarar a condição como temporária.

Além-Fronteiras: Saúde Mental e Acesso a Cuidados de Saúde dos Imigrantes em Portugal releva ainda que a deterioração do estado de saúde dos imigrantes ao longo do tempo pode estar associada não só a barreiras no acesso aos cuidados de saúde, mas também ao processo de aculturação e à adoção de comportamentos de risco, como o consumo de álcool, tabaco e a falta de exercício físico. Em Portugal, os imigrantes nascidos na UE praticam mais exercício físico, mas apresentam uma probabilidade 6,1 pontos percentuais superior de fumar diariamente ou consumir álcool com frequência em comparação com os nativos. Com o tempo de residência, o consumo de álcool entre os imigrantes diminui, mas a taxa de tabagismo diário aumenta, contrariando a ideia de que os imigrantes ajustam os seus hábitos aos dos nativos.

Em suma, os dados analisados na presente Nota Informativa permitem aferir que os imigrantes que optam por residir em Portugal por questões económicas enfrentam barreiras no acesso a cuidados de saúde superiores às registadas pelos indivíduos nascidos em Portugal; os imigrantes que vêm para Portugal por motivos não económicos têm uma menor probabilidade de reportar sintomas depressivos do que os nativos e têm uma cobertura para despesas em saúde equiparada à das pessoas nascidas em Portugal. ‘O desenho de políticas públicas capazes de mitigar as desigualdades no acesso a cuidados de saúde entre imigrantes (económicos) e nativos exige que se aprofunde o conhecimento sobre as origens e causas destas desigualdades’ concluem os investigadores.

 

Dia Mundial do Sono assinala-se a 14 de março
Este ano, o mote do Dia Mundial do Sono é a importância de tornar a saúde do sono uma prioridade, o que implica colocar o sono...

Os médicos pneumologistas destacam o papel essencial que o sono tem “na saúde física e mental, desempenhando funções importantes para a recuperação motora e crescimento, imunidade, controlo hormonal e metabólica, regulação do apetite, para a memória e função cognitiva, mas também para a regulação do humor”.

Em 2022, a SPP realizou um questionário online onde procurou avaliar o sono dos portugueses e, entre as mais de duas mil respostas, pode ser concluído que 52% dos inquiridos raramente dormia bem, 75% dormia menos de sete horas, 17% das pessoas assumiam ressonar e 51% referia sonolência diurna excessiva. “Apesar de haver uma tendência crescente na atenção prestada ao sono, estes resultados mostram que ainda é manifestamente insuficiente o cuidado que temos com o nosso sono”, salientam Vânia Caldeira e Pedro Americano. Ambos reforçam a ideia de que “o sono tem de ser um dos pilares de um estilo de vida saudável, a par com a dieta e o exercício físico. Pouco sono, ou um sono de má qualidade, acarretam risco cardiovascular (doença cardíaca), maior descontrolo da tensão arterial e da diabetes, risco de AVC e maior risco de depressão e ansiedade, tal como de problemas de memória”.

Para Pedro Americano, é também importante considerar que existem obstáculos a um bom sono: “principalmente sociais. Não havendo uma boa sensibilização para a relevância do sono e mesmo admitindo sentirem falta dele, a maior parte das pessoas prejudica o tempo total de sono para outras rotinas sejam laborais, familiares ou de lazer. Em adição acabam por condicionar a sua qualidade, ao não respeitar a tal boa higiene do sono na sua totalidade. Hoje é muito frequente a utilização de ecrãs na cama, em virtude do desenvolvimento de redes sociais e aplicações que estimulam o seu consumo desmedido. Dou particular destaque a estas situações por serem facilmente corrigíveis e assim impactar de forma relevante na saúde das pessoas. Mas existem outros cenários, nomeadamente trabalhadores por turnos, mais difícil de gerir, ou patologias do sono, das quais destacaria a apneia obstrutiva do sono, cujo conhecimento e tratamento precoce devem ser estimulados”. 

Vânia Caldeira destaca a existência deste outro lado - um sono não saudável, cujos sintomas podem ser disruptivos para o próprio e para o parceiro: “ressonar, parar de respirar durante o sono, sensação de asfixia noturna, múltiplos despertares noturnos para urinar e incapacidade de manter o sono são sinais importantes de que o sono não é saudável e de que se deve procurar ajuda médica em consulta de sono. Alguns sintomas acompanham o doente para o dia e são a consequência de um sono de má qualidade – a sonolência durante o dia, as dificuldades de atenção, concentração ou memória, a irritabilidade ou o choro fácil podem ser sinais de um mau sono e também devem motivar investigação”.

É com o intuito de aumentar a sensibilização da população portuguesa para a importância do sono enquanto um pilar fundamental para uma vida saudável que a SPP, no âmbito do Dia Mundial do Sono, vai realizar uma campanha com a colocação de anúncios por todo o país alertando as pessoas para que FAÇAM DO SONO UMA PRIORIDADE.

A par disso, será ainda disponibilizado um “Guia do Sono” que inclui uma série de recomendações para uma boa higiene do sono.

Recomendações para uma boa higiene do sono

Tal como lavamos os doentes diariamente, devemos cuidar da higiene do nosso sono assegurando as melhores condições para o mesmo:

- O ambiente do quarto é nuclear para um sono de qualidade – a ausência de luz e de ruído, uma temperatura e um ambiente seguro e confortável;

- A regularidade e a oportunidade para dormir devem estar asseguradas;

- As rotinas pré-sono são essenciais para uma melhor qualidade do sono: o jantar deve ser uma refeição ligeira, sem consumo de álcool, cafeína ou elevada quantidade de líquidos. Após o jantar deve privilegiar-se um ambiente calmo que facilite o relaxamento mais propício ao sono, evitando a utilização de dispositivos eletrónicos;

- O vestir do pijama e o escovar dos dentes são pistas importantes para o nosso sono, mas, na verdade, um sono de qualidade começa no nosso dia – a exposição matinal à luz, a prática regular de exercício físico e as refeições regulares contribuem para um sono de qualidade.

Ação de sensibilização
Centros recebem iniciativa de sensibilização, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, que pretende alertar para...

É no âmbito da Semana Mundial do Glaucoma que o Colombo, o CoimbraShopping e o NorteShopping vão receber uma ação de sensibilização nos dias 11, 12 e 13 de março, respetivamente. A iniciativa, realizada em parceria com a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, pretende alertar os visitantes para o Glaucoma, uma doença silenciosa e progressiva que se estima que impacte cerca de 250 mil pessoas em Portugal.

Nestes dias, os visitantes poderão obter informações sobre a doença e a importância do diagnóstico precoce. Os especialistas estarão disponíveis para explicar o que é o Glaucoma, os seus fatores de risco e alertar para a necessidade de consultas regulares com oftalmologistas.

No dia 11 de março, o Colombo terá esta iniciativa a decorrer no Piso 0, das 10h00 às 24h00. No dia seguinte, dia 12, é a vez do CoimbraShopping receber a ação de sensibilização que estará a decorrer no Piso 1, entre as 10h e as 21h. Já no dia 13, os visitantes do NorteShopping podem ter acesso a esta iniciativa no Piso 0, das 10h00 às 23h00.

Sendo a principal causa de cegueira irreversível a nível mundial, o Glaucoma é uma doença que não tem cura, mas cujo diagnóstico atempado pode evitar a progressão para a cegueira. Sob o lema “Olhe com atenção, o Glaucoma não avisa”, esta campanha da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia pretende reforçar a necessidade do rastreio a partir dos 40 anos, especialmente em indivíduos com fatores de risco adicionais, como hipertensão ocular, alta miopia ou uso prolongado de corticoides.

Ao receber esta ação de sensibilização, os centros geridos pela Sonae Sierra reforçam o seu compromisso com a saúde e o bem-estar dos visitantes, promovendo iniciativas que possibilitem o acesso a informação essencial e incentivem à adoção hábitos preventivos.

Opinião
A OUVIR – Associação Portuguesa de Portadores de Próteses e Implantes Auditivos comemora 14 anos de

Como Presidente e Sócio Fundador da OUVIR, olho para este percurso com orgulho, mas também com a consciência de que ainda há muito por fazer. Porque, apesar dos avanços tecnológicos e das conquistas na acessibilidade, demasiadas pessoas com deficiência auditiva continuam a enfrentar barreiras invisíveis, preconceitos e exclusões silenciosas.

É por elas que escrevo este artigo. Para aqueles que vivem num mundo onde os sons chegam com dificuldade, distorcidos ou simplesmente não chegam. Para aqueles que utilizam próteses auditivas ou implantes cocleares e sabem que ouvir vai além da tecnologia – é uma luta diária por acessibilidade e inclusão.

Hoje, a OUVIR não é apenas uma associação. É um espaço de pertença. Um ponto de encontro onde se partilham desafios e vitórias. Um movimento que dá voz a quem tantas vezes não é ouvido.

E neste aniversário, a mensagem mais bonita que posso deixar a todas as pessoas com deficiência auditiva é esta: vocês não estão sozinhos.

 

TECNOLOGIA: UMA PONTE PARA OUVIR O MUNDO

A tecnologia tem sido uma aliada preciosa na reabilitação auditiva. As próteses auditivas e os implantes cocleares permitem que muitas pessoas recuperem a perceção sonora, oferecendo-lhes novas possibilidades de comunicação.

Mas será que a sociedade compreende realmente o que significa viver com estas tecnologias?

Usar um aparelho auditivo ou um implante coclear não é apenas "voltar a ouvir". É um processo de adaptação que exige esforço, paciência e, muitas vezes, um acompanhamento especializado que nem sempre está acessível. O som pode parecer metálico, distante, sobreposto. A discriminação das palavras no meio do ruído pode ser desafiante. A fadiga auditiva torna-se uma realidade constante.

Além disso, nem todos beneficiam da tecnologia da mesma forma. Há aqueles para quem as soluções auditivas disponíveis ainda não são suficientes. E há quem continue a lutar para que estes dispositivos sejam mais acessíveis a todas as pessoas que deles precisam.

A tecnologia é uma ponte, mas não chega por si só. Para que a reabilitação auditiva seja efetiva, é essencial que venha acompanhada de um compromisso social com a acessibilidade e a inclusão.

 

ACESSIBILIDADE: MAIS DO QUE UMA OPÇÃO, UM DIREITO

Viver com deficiência auditiva num mundo projetado para ouvintes significa encontrar obstáculos diários que a maioria das pessoas nem imagina.

Significa tentar acompanhar uma conversa num ambiente barulhento e perceber que, apesar da prótese ou do implante, algumas palavras se perdem no meio da confusão sonora.

Significa assistir a um programa de televisão e não haver legendas.

Significa ir a uma conferência e não encontrar um sistema de indução magnética ou legendagem em tempo real.

Significa telefonar para um serviço público e perceber que não há opções acessíveis para quem tem dificuldade em ouvir.

A acessibilidade auditiva não pode ser vista como um favor ou uma medida opcional. Deve ser encarada como um direito inegociável. A sociedade precisa de compreender que tornar os espaços e a comunicação acessíveis não beneficia apenas as pessoas com deficiência auditiva – beneficia todos nós.

Legendação, intérpretes de língua gestual, amplificação sonora em espaços públicos, sistemas FM e de indução magnética, aplicativos de transcrição em tempo real – estas são algumas das soluções que podem fazer a diferença na vida de milhares de pessoas. Mas para que sejam efetivas, precisam de ser implementadas de forma consistente e sem exceções.

A acessibilidade é a chave para a inclusão. E a inclusão começa no reconhecimento de que todas as pessoas, independentemente da sua capacidade auditiva, têm o direito de comunicar sem barreiras.

 

INCLUSÃO: O PODER DE FAZER PARTE

Ser incluído não é apenas estar presente. É ser ouvido, compreendido, valorizado.

As pessoas com deficiência auditiva não querem apenas que se lhes "dê espaço" – querem pertencer verdadeiramente à sociedade, ao mercado de trabalho, à cultura, à educação.

E, para isso, é preciso mudar mentalidades.

É preciso que as empresas percebam que um colaborador com deficiência auditiva pode ser tão produtivo e competente como qualquer outro, desde que lhe sejam dadas as ferramentas certas.

É preciso que as escolas garantam que nenhum aluno é deixado para trás por falta de intérprete ou de tecnologias assistivas.

É preciso que os profissionais de saúde sejam sensibilizados para a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento contínuo da deficiência auditiva.

É preciso que cada um de nós, na nossa vida diária, se lembre de que a comunicação é um direito universal e que todos temos um papel a desempenhar na construção de uma sociedade mais acessível.

A inclusão não acontece por acaso. Exige ação, compromisso e vontade de mudar.

 

O QUE AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA QUEREM OUVIR?

Neste aniversário da OUVIR, pergunto-me: qual será a mensagem que todas as pessoas com deficiência auditiva gostariam de ouvir?

Talvez fosse esta:

"O teu valor não está na tua audição, mas sim em quem és." A deficiência auditiva não define ninguém. O que define uma pessoa são as suas capacidades, os seus sonhos, a sua determinação.

"Tens direito a ser ouvido." A sociedade precisa de escutar as experiências, as dificuldades e as necessidades de quem vive com deficiência auditiva. Só assim poderemos construir um mundo verdadeiramente acessível.

"A tecnologia é uma aliada, mas a empatia é essencial." Não basta fornecer aparelhos auditivos e implantes. É preciso garantir que as pessoas com deficiência auditiva sejam compreendidas e respeitadas no seu dia a dia.

"Não estás sozinho." Há uma comunidade que te apoia, uma associação que luta pelos teus direitos, pessoas que compreendem os teus desafios e celebram as tuas conquistas.

 

14 ANOS DE COMPROMISSO, MUITOS MAIS PARA LUTAR

Ao longo destes 14 anos, a OUVIR tem sido uma voz ativa na defesa da acessibilidade auditiva e da inclusão. Mas o nosso trabalho está longe de terminar.

Continuaremos a lutar por uma sociedade onde todas as pessoas possam comunicar sem barreiras. Continuaremos a sensibilizar, a exigir mudanças, a apoiar quem precisa.

A cada pessoa com deficiência auditiva, a cada utilizador de próteses ou implantes, a cada família, a cada profissional que se dedica a tornar o mundo mais acessível, o meu profundo respeito e gratidão.

Juntos, podemos fazer a diferença. Juntos, podemos garantir que ninguém vive no silêncio contra a sua vontade.

 

Parabéns, OUVIR. Parabéns a todos nós!

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estima-se que em Portugal existam 40 mil casos de afasia
A afasia afeta cerca de 40% das pessoas que sofrem um Acidente Vascular Cerebral (AVC), impactando a sua capacidade de falar,...

Este alerta visa chamar a atenção para os desafios enfrentados pelas pessoas com afasia e destacar a importância do diagnóstico precoce e do acesso a terapias especializadas. Com o apoio de especialistas na área da saúde e do impacto social da afasia, a iniciativa pretende ainda desmistificar conceitos errados e promover uma maior inclusão das pessoas com afasia na sociedade. 

"Na IPAFASIA temos vindo a desenvolver diversas iniciativas para apoiar as pessoas com afasia e os seus familiares, procurando criar um ambiente de maior compreensão e suporte para quem vive com afasia" explica Paula Valente, Diretora Executiva da IPAFASIA. Reforçando, “a divulgação deste alerta é essencial para dar voz a estas pessoas. Precisamos de um olhar mais atento para esta condição e de políticas públicas eficazes que garantam um melhor acompanhamento e reabilitação dos doentes." 

Nesse sentido, a IPAFASIA, em parceria com a Unidade Local de Saúde de Matosinhos, vai desenvolver um estudo pioneiro para analisar a incidência e impacto da condição nos sobreviventes de AVC. O estudo, que conta com a colaboração da Unidade de AVC do Hospital Pedro Hispano, pretende caracterizar o impacto psicossocial da afasia em sobreviventes de primeiro AVC residentes nos concelhos de Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim, internados naquela Unidade em 2023. Após a recolha de todas as informações, será realizada uma análise estatística detalhada, cujos resultados serão divulgados em 2026, em formato de relatório e infografias. "Este estudo permitirá obter dados concretos sobre a realidade da afasia em Portugal e contribuir para o desenvolvimento de melhores estratégias de acompanhamento e reabilitação", conclui Paula Valente. 

Portugal tem uma das taxas de AVC mais elevadas da União Europeia 

Em Portugal, por hora, três portugueses sofrem um AVC, dos quais sobrevivem dois terços. Perto de metade dos sobreviventes de um AVC poderá ficar com afasia para toda a vida. Neste contexto, o IPAFASIA estima que surjam todos os anos cerca de 8.000 novos casos de afasia no país. 

Portugal tem uma das taxas de AVC mais elevadas da União Europeia, refletindo a gravidade do problema e a necessidade de medidas urgentes para prevenção e reabilitação. Através de extrapolações estatísticas, a IPAFASIA calcula que a prevalência de pessoas com afasia em Portugal ronde os 40.000 casos. Portugal é o sexto país da Europa que mais gasta com a doença vascular cerebral. Os custos, diretos e indiretos, atingem cerca de 2,5 milhões de euros anuais.

Estudo
A Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) divulgou os resultados do estudo “Fadiga, Sonolência e Distúrbios do sono - Que impacto...

O estudo analisou os hábitos de condução e revelou que 58% dos condutores conduziram pelo menos uma vez no ano anterior quando estavam demasiado cansados e que 33% conduziram tão sonolentos que tinham dificuldades em manter os olhos abertos. O estudo destaca ainda que 9,4% dos condutores adormeceram ao volante enquanto conduziam.

Os condutores profissionais, trabalhadores por turnos e jovens estão particularmente vulneráveis à fadiga na condução, devido a horários irregulares e a estilos de vida que aumentam o risco de sonolência ao volante. Embora 86,9% dos condutores reconheçam que não se deve conduzir com sono e 91,4% admitam que essa condição aumenta o risco de acidente, 9,6% afirmam que continuariam a conduzir mesmo cansados e 18,4% acreditam que conseguem fazê-lo em segurança.

Os condutores demonstram reconhecer o elevado risco da condução sob fadiga: 80,5% consideram arriscado conduzir quando se está cansado e 90,6% quando se está sonolento. No entanto, 5,2% ainda consideram aceitável conduzir quando têm dificuldade em manter os olhos abertos.

O estudo destaca ainda que 8,4% dos condutores estiveram envolvidos em, pelo menos, um acidente rodoviário no último ano, sendo que destes, 29,7% apontam o cansaço ou a sonolência como a principal causa do último acidente. Quanto aos quase-acidentes, 44,9% dos condutores afirmam ter tido, pelo menos, um nos últimos 12 meses, com 20,9% desses casos associados à fadiga ou sonolência.

Os resultados revelam que 26% dos condutores apresentam níveis de sonolência excessiva. Já 1 em cada 5 condutores apresentam alto risco de sofrer de apneia do sono, sendo que 10,7% relataram já ter sido diagnosticados com algum distúrbio do sono. Destes, destacam-se a insónia (53%) e a apneia do sono (41%).

É essencial investir em campanhas de sensibilização e de prevenção relativamente aos perigos da fadiga e da sonolência na condução, com destaque para o impacto dos distúrbios do sono principalmente a Insónia e a Apneia Obstrutiva do Sono, assim como  a importância do seu tratamento adequado”, afirma Jorge Correia, Diretor-geral da VitalAire Portugal.

A fadiga é um fator de risco significativo, comparável à condução sob influência de álcool, excesso de velocidade e distração, contribuindo para uma percentagem considerável de acidentes rodoviários. Embora com menos notoriedade, o investimento no tratamento dos distúrbios do sono é fundamental para contribuir para a prevenção da sonolência diurna e, consequentemente, reduzir o risco de acidentes ao volante”, acrescenta.

Entre as estratégias mais comuns para combater a fadiga ao volante, destaca-se abrir as janelas ou ligar o ar condicionado (40,8%), parar para comer, fazer exercício ou relaxar sem dormir (34,6%), aumentar o volume do rádio (34,3%), beber cafeína ou tomar comprimidos de cafeína (28,9%) e conversar com os passageiros (25,2%). No entanto, as medidas, como parar para dormir uma sesta (11,2%) ou pedir a um passageiro para assumir a condução (13,0%), são das menos adotadas, apesar de serem consideradas altamente eficazes por 82,5% e 86,5% dos condutores, respetivamente.

Alain Areal, Diretor-geral da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) destaca, “este estudo revela que a fadiga na condução é um problema preocupante a nível nacional. Um em cada três condutores declararam ter conduzido com sonolência extrema. Muitos condutores subestimam os riscos e sobrestimam as suas capacidades para lidar com a fadiga, utilizando estratégias ineficazes que aumentam o risco de acidente. É essencial sensibilizar os condutores sobre as causas, efeitos e sintomas da fadiga, por meio de campanhas e programas de educação e formação. Além disso, são necessárias medidas complementares, como melhorias na infraestrutura (áreas de repouso, guias sonoras), fiscalização, incentivo ao uso de veículos com sistemas avançados de assistência ao condutor (ADAS) e deteção de fadiga, e maior enfoque das empresas na gestão do risco associado à fadiga na condução. Uma abordagem integrada é crucial para reduzir os acidentes relacionados à fadiga.”.

Dia Mundial do Rim assinala-se a 13 de março
No âmbito das comemorações do Dia Mundial do Rim, a Associação Nacional de Centros de Diálise (ANADIAL) vai realizar diversas...

Da iniciativa faz parte o jogo educativo “À descoberta dos nossos rins”, criado pela Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR) com o apoio da ANADIAL. Este recurso educativo, oferecido gratuitamente a diversas escolas do país, já chegou a cerca de 3.000 alunos e tem como objetivo complementar os conteúdos curriculares sobre as funções vitais do corpo humano, com foco no sistema urinário.

Nas sessões, profissionais de saúde irão explicar como o jogo funciona e alertar os alunos sobre a importância da prevenção da doença renal crónica. O intuito é aumentar o conhecimento e a compreensão sobre a doença, incentivando a sua prevenção desde a infância.

A doença renal crónica é uma doença provocada pela deterioração lenta e irreversível da função renal. Como consequência da perda da função renal, existe retenção no sangue de substâncias que normalmente seriam excretadas pelo rim, levando à acumulação de produtos metabólicos tóxicos no sangue (azotemia ou uremia). Doenças como a hipertensão arterial, diabetes e doenças hereditárias podem provocar lesões nos rins e causar insuficiência renal crónica. Nos estádios mais avançados, os portadores desta doença precisam de efetuar regularmente tratamentos de substituição da função renal , como a hemodiálise e a diálise peritoneal, ou o transplante renal.

O jogo “À descoberta dos nossos rins” inclui um dossiê completo com instruções, cartas de jogo, um póster educativo e fichas de atividades. Os materiais encontram-se disponíveis online, através do seguinte link: https://www.apir.org.pt/publicacoes/jogo-a-descoberta-dos-nossos-rins/

 

Reduzir risco de transmissão de infeções hospitalares
A Universidade de Coimbra (UC) está a desenvolver novas abordagens, focadas no ser humano, com o objetivo de melhorar o clima...

O projeto “Human - Centric Indoor Climate for Healthcare Facilities (HumanIC)”, liderado pela Universidade Técnica de Varsóvia, em que participam as faculdades de Ciências e Tecnologia (FCTUC) e de Medicina (FMUC), é uma rede doutoral financiada no âmbito do Programa Marie Curie e visa a redução do risco de transmissão de infeções hospitalares em unidades de saúde.

Esta investigação engloba e financia os trabalhos de onze teses de doutoramento a ser realizadas em oito universidades europeias de referência. A abordagem proposta ultrapassa os métodos tradicionais, que se concentram exclusivamente nos edifícios e nos seus sistemas de ventilação e climatização, propondo soluções que integram as interações complexas entre fontes de contaminação, fluxos de ar e as necessidades clínicas e energéticas dos hospitais.

«Há evidências claras de que os escoamentos de ar controlam a dispersão e a exposição a agentes patogénicos transportados pelo próprio ar e depositados nas superfícies nos microambientes que rodeiam e estão nas proximidades do corpo humano. Desta forma, pretendemos desenvolver métodos inovadores que analisam as interações humanas com os microambientes de risco, como salas de cirurgia e enfermarias», explica Manuel Gameiro da Silva, docente do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da FCTUC e coordenador do projeto na UC.

«O objetivo é minimizar a propagação de agentes patogénicos transportados pelo ar, garantindo ao mesmo tempo conforto térmico e segurança. Ao gerar novos conhecimentos sobre a transmissão de contaminantes e a dinâmica dos fluxos de ar, pretendemos otimizar o design de soluções técnicas e implementar métodos eficazes de controlo do clima interior em hospitais», afirma o também investigador da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI).

Com um programa de investigação ambicioso e uma formação especializada, o consórcio HumanIC visa criar uma nova geração de cientistas e engenheiros que compreendam as implicações destas interfaces no futuro design hospitalar. «Este esforço é o resultado de uma colaboração entre equipas académicas europeias de topo e parceiros da indústria de AVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado) e saúde», realça o especialista.  

De acordo com Manuel Gameiro da Silva, o conceito de clima interior centrado no ser humano refere-se ao microambiente que rodeia o corpo humano, privilegiando a segurança e o bem-estar dos doentes. «Este tipo de clima interno desempenha um papel crucial em locais como salas de operações, unidades de isolamento e laboratórios, onde a segurança depende de condições ambientais altamente controladas.

As infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS) continuam a ser um desafio sério. Estima-se que, anualmente, mais de 4 milhões de doentes contraiam infeções nos hospitais da União Europeia, com cerca de 80 mil doentes afetados diariamente. Estas infeções, agravadas pela resistência antimicrobiana, representam não só um risco elevado de mortalidade, mas também custos significativos. Estudos recentes mostram que a melhoria do ambiente interior hospitalar pode reduzir os custos associados a doenças transmitidas pelo ar em 9% a 20%.

A pandemia de Covid-19 demonstrou a importância de um design hospitalar eficaz, à medida que muitos hospitais foram obrigados a operar além da sua capacidade normal. Este desafio é agravado pelas alterações climáticas, que aumentam a procura por cuidados de saúde devido a novas doenças e infeções relacionadas com o calor, bem como à necessidade de manter condições térmicas confortáveis nos hospitais, sem comprometer a eficiência energética.

O projeto HumanIC é financiado pela Comissão Europeia, através do programa Horizonte Europa, com o valor global de 2,7 milhões de euros, decorrerá até 2027 e conta com a participação de parceiros académicos e tecnológicos de uma dezena de países.    

Mais informações no site oficial do projeto.

Estudo
A propósito do Dia Internacional da Mulher, a TEAM LEWIS, agência global de marketing, lança uma nova investigação que concluiu...

O estudo, que apoia a iniciativa HeForShe – o movimento das Nações Unidas pela igualdade de género –, revela que a sensibilização do público para a desigualdade entre homens e mulheres aumentou, mas as questões geopolíticas têm ofuscado esta questão. Mais de 75% dos inquiridos acredita que as empresas ainda precisam de implementar políticas para as mulheres no local de trabalho.

Noutras conclusões relevantes:

  • Um terço das mulheres (32%) já reconsiderou o seu emprego devido à política interna da empresa. Entre elas, 45% diz que a razão para tal é a inflexibilidade no trabalho.
  • Apenas 17% das mulheres recebeu um aumento salarial no último ano, em comparação com 24% dos homens.
  • As mulheres continuam a estar sub-representadas em cargos de liderança. A percentagem de mulheres em cargos de gestão de topo diminuiu para 53% este ano, contra 56% em 2023 e 2024.

A investigação revela ainda que existe uma ansiedade crescente em relação aos preconceitos de género na IA. Para começar, apenas 28% dos inquiridos tinha conhecimento dos preconceitos de género que podem estar programados na IA. Depois de o saber, mais de metade (51%) manifestou preocupação. Para além disso, 66% acredita que os governos devem introduzir regulamentações para garantir que a IA não apresenta preconceitos de género.

A preocupação com a retórica sexista nas redes sociais também é elevada, sobretudo entre a Geração Z (80%) e os Millennials (76%). Mais de um terço acredita que a moderação de conteúdos deve ser reforçada no TikTok (38%), no Facebook (36%) e no Instagram (35%). Também quase um terço dos inquiridos (30%) acredita que os homens são mais bem tratados no espaço online – um sentimento que aumenta (40%) entre a Geração Z. A maior parte das mulheres diz bloquear ou silenciar (‘mute’) os utilizadores que partilham conteúdo retórico sexista (39%) ou mesmo reportá-los (38%); e o mesmo acontece com a maior parte dos homens (37%). Contudo, uma percentagem preocupante da população (35%) indica simplesmente ignorar esse tipo de partilhas e não fazer nada.

O estudo descreve ainda ações que podem ser tomadas para apoiar a igualdade de género. Relativamente ao local de trabalho, as mulheres querem que os homens defendam a igualdade de oportunidades de liderança (39%) e desafiem a discriminação baseada no género (39%). Felizmente, a investigação revelou também que os homens estão preparados para dar um passo em frente. Quando questionados, afirmaram sentir-se mais à vontade do que antes para defender a igualdade de remuneração (41%), denunciar a discriminação (37%) e partilhar as responsabilidades domésticas ou de cuidar dos filhos (35%).

“Os direitos, a igualdade e a capacitação das mulheres continuam a ser vitais para a prosperidade global. Não nos podemos dar ao luxo de ficar à margem. A igualdade é uma responsabilidade de todos, e 2025 é o ano em que os homens e os rapazes devem estar ao lado das mulheres e das raparigas para ajudar a concretizar a mudança,” afirmou Vesna Jaric, Global Head of HeForShe, UN Women.

O relatório completo pode ser consultado aqui.

 

Quando as Mulheres Dormem
Conjunto de 12 fotografias da autoria de Sandra Ventura e Tiago Batista em parceria com o projeto Um Sono de Mulher será...

Com o objetivo de sensibilizar a população sobre os distúrbios do sono nas mulheres e desmistificar alguns conceitos culturais relacionados com os mesmos, o projeto Um Sono de Mulher nasceu há quatro anos sob a liderança de Susana Sousa, médica pneumologista com competência em Medicina do Sono.

“Nas sociedades atuais e ao ritmo a que vivemos, é diário o malabarismo das mulheres para não deixar cair por terra nenhuma das suas responsabilidades: a profissão, a família, a casa e o cuidado com os outros. Numa gestão apertada onde não sobra tempo para nada, o sono é relegado para último plano”, explica. “Aliás, não são raras as famílias onde a mulher é a primeira a acordar, de manhã, e a última a deitar-se, à noite”, acrescenta a especialista. O resultado da normalização desta má rotina do sono é um cansaço acumulado, um estado de exaustão permanente e, em última instância, uma fragilização do estado geral de saúde física, cognitivo e emocional.

Apesar dos distúrbios do sono na mulher não estarem devidamente estudados, uma vez que a investigação incide, sobretudo, na população masculina, sabe-se que “fenómenos biológicos e variações hormonais de que a mulher é alvo ao longo da sua vida favorecem também a má qualidade do sono: a adolescência e as cólicas das primeiras menstruações, a gravidez, o pós-parto, a amamentação e a menopausa. Em cada uma destas fases, as alterações do sono cursam com sintomas de irritabilidade, ansiedade e, muitas vezes, depressão”.

No caso da apneia obstrutiva do sono, doença que se estima que possa afetar 1 bilião de pessoas, entre os 30 e 69 anos, com uma prevalência de cerca de 27,3% nos homens e 22,5% nas mulheres, sabe-se também que a apresentação clínica nas mulheres é diferente da dos homens, com menor sonolência e roncopatia, mas índices aumentados de insónia, fadiga e sintomas depressivos, o que justifica o subdiagnóstico. Além disso, as mulheres apresentam complicações como o desenvolvimento de doenças cardiovasculares superiores às observadas nos homens.

De acordo com Susana Sousa, “a doença é ainda encarada como tipicamente masculina, com questionários clínicos desenhados para a população masculina e com evidência científica proveniente, em sua maioria, de estudos compostos por homens. A reduzida suspeição diagnóstica por parte dos profissionais de saúde e a não perceção e normalização dos sintomas dificultam um diagnóstico precoce que permita o início do tratamento atempado de forma a prevenir complicações”.

Porque uma população bem informada estará sempre mais apta a proteger a sua saúde, o projeto Um Sono de Mulher tem vindo a recorrer à arte e à cultura como instrumentos de literacia em saúde.

“Desde 2021 que assinalamos o Dia Internacional da Mulher com iniciativas que promovem o debate sobre o tema. Acreditamos que, ao longo destes anos, temos conseguido transmitir uma mensagem importante para os profissionais da área clínica. Em 2024, decidimos alcançar a população de uma forma diferente para promover a literacia em saúde: um livro. O Sono Delas foi lançado no dia 8 de março e é uma coletânea de contos, cada um baseado em um caso clínico real, escrito por cinco reconhecidas autoras nacionais, que souberam dar voz às mulheres.

Mantendo o mesmo objetivo de chegar à população abordando a importância do sono na mulher, em 2025 decidimos usar outra manifestação de arte: a fotografia. 

Quando as Mulheres Dormem é o nome desta coleção de 12 fotografias que contrariam as imagens que, culturalmente, nos são incutidas desde a infância: a de mulheres bonitas e serenas, mergulhadas num sono profundo como Belas Adormecidas. Mas, sabemos que, longe da ficção, as mulheres dormem quando, onde e como podem. No autocarro, na biblioteca, num intervalo do trabalho. Este é lado não romantizado do sono das mulheres. Este é o retrato em que cada mulher se revê.

Com experiência prévia em projetos sobre o envelhecimento em Portugal, Sandra Ventura e Tiago Batista, fotógrafos especializados em retrato, aceitaram esta parceria ao primeiro convite: “Desta vez, aceitámos um novo desafio, explorando a importância do sono na vida da mulher. Este projeto expande o nosso olhar fotográfico, mantendo a profundidade e o respeito que sempre guiaram o nosso trabalho”, referem.

Segundo Sandra e Tiago, “a fotografia tem o poder de contar histórias sem palavras, capturando momentos que revelam mais do que o olhar alcança”.  Neste novo projeto, “mergulhamos num tema essencial: a importância do sono na vida da mulher”.

Com a mesma sensibilidade e respeito que sempre orientaram o seu trabalho, aceitaram este desafio para explorar o descanso como um reflexo da condição humana. “Cada imagem convida à reflexão sobre um gesto tão simples e ao mesmo tempo, tão essencial: dormir”.

A exposição, que se pretende itinerante, será apresentada, em primeira mão, no dia 7 de março, a um grupo restrito de profissionais de saúde que trabalham na área da Medicina do Sono, e seguirá depois viagem por todo o país, de forma a estar acessível ao maior número de pessoas. Hospitais, Câmaras Municipais, Casas de Cultura, Galerias e outros espaços públicos são alguns dos sítios onde a exposição poderá ser visitada.

 

Portugal dorme mal
No âmbito do Dia Mundial do Sono, que se assinala no próximo dia 14 de março, a Associação Portuguesa de Sono (APS) divulga os...

A análise decorreu ao longo de três meses e envolveu um questionário dirigido aos pais de crianças dos 0 aos 12 anos. Os dados revelaram que 24,2% das crianças partilham o quarto com os pais (room sharing), enquanto 18,5% dormem na mesma cama (bed sharing). Entre os principais motivos apontados pelos pais para essa prática, destacam-se: 24,5% referem que os filhos acordam frequentemente durante a noite; 26,2% afirmam sentir-se mais seguros ao tê-los por perto; e 23,2% mencionam dificuldades das crianças em adormecer. “Estes dados mostram que uma percentagem significativa de crianças dorme no quarto ou na cama dos pais, muitas vezes devido a dificuldades em adormecer ou despertares noturnos frequentes. Estes hábitos, embora compreensíveis, podem impactar a qualidade do sono infantil e até mesmo a dinâmica familiar”, refere a pediatra do Centro Materno-Infantil do Norte, da ULS Santo António. 

A qualidade do sono na infância é determinante para o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças, mas os desafios observados nos hábitos infantis refletem uma tendência mais ampla na população portuguesa. Os padrões inadequados de sono na infância podem perpetuar-se ao longo da vida, contribuindo para um cenário preocupante a nível nacional. Mais de 50% da população tem um sono de má qualidade, uma realidade preocupante com impacto direto na saúde e qualidade de vida. Os números tornam-se ainda mais alarmantes quando analisamos grupos específicos: pelo menos 30% das crianças têm algum problema de sono, enquanto mais de 50% dos adultos dormem menos de seis horas por dia.

Adicionalmente, metade da população já experienciou episódios de insónia aguda em alguma fase da vida. “A má qualidade de sono afeta negativamente o dia das pessoas, com sensação de sono não reparador, dificuldade de concentração, falta de energia, distúrbios de humor (irritabilidade, agressividade), diminuição do rendimento escolar e laboral, com impacto no absentismo”, explica a Dr.ª Daniela Sá Ferreira, Presidente da Direção da APS.

O impacto reflete-se no quotidiano, afetando o desempenho profissional, a concentração e a saúde mental. A evidência científica demonstrou que a sonolência é uma das principais causas de acidentes de tráfego automóvel, que a falta de sono triplica as probabilidades de ter um acidente vascular cerebral (AVC) e que a obesidade e as doenças cardiovasculares estão diretamente relacionadas com a privação de sono. 

Para celebrar o Dia Mundial do Sono, a APS une esforços com o Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC) para apoiar a campanha mundial do World Sleep Day, este ano sob o mote “Faça do sono uma prioridade”, reforçando a importância do sono para a saúde e o bem-estar.

Entre as iniciativas programadas para este dia está o lançamento do livro “Uma Viagem Ilustrada ao Mundo do Sono – desenhos e quadras de jovens artistas sobre a importância do sono”, uma obra coletiva criada por 89 crianças e adolescentes, do 1.º Ciclo ao Ensino Secundário. Em Lisboa, o lançamento acontecerá no Auditório do CIUL (Centro de Informação Urbana de Lisboa), enquanto no Porto terá lugar na Casa do Infante. No dia 14 de março, será também apresentado um hino dedicado à importância de priorizar o sono, interpretado pelo músico João Leiria. A canção será divulgada nas redes sociais da APS, reforçando a mensagem sobre os benefícios de um sono de qualidade. Além disso, as redes sociais da APS irão também disponibilizar conteúdos informativos, incluindo dicas, infográficos e outras informações relevantes, com o objetivo de sensibilizar a população e promover uma maior literacia sobre a importância do sono.

Congresso Português de Hepatologia na Figueira da Foz
A Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) vai realizar o Congresso Português de Hepatologia, entre os dias 27 e 29...

“Esta reunião será uma excelente oportunidade para atualização científica e para apresentação de trabalhos de investigação, que divulgarão os resultados da investigação básica e clínica realizada em centros portugueses. Durante três dias, os participantes poderão contar, também, com um espaço de convívio e de partilha de experiências entre colegas que têm em comum o interesse pelas doenças do fígado”, explica Arsénio Santos, presidente da APEF.

E acrescenta: “Apostámos num programa científico completo e equilibrado, de maneira que possam ser abordados e revistos os temas mais importantes, com destaque para os avanços recentes, do ponto de vista do conhecimento científico e das inovações terapêuticas. Acreditamos que será um momento único de aprendizagem para os profissionais de saúde poderem adaptar as recomendações internacionais à nossa realidade nacional”.

O Congresso Português de Hepatologia assinala também a 28.ª Reunião Anual da APEF e contará com a participação de especialistas de renome, nacionais e internacionais, que  abordarão alguns dos assuntos mais importantes na área da Hepatologia.

Para mais informações e inscrições consulte: https://apef.com.pt/congresso-portugues-de-hepatologia-2025/

Portugal acolhe a 8.ª edição do ECBIP
O Centro Cultural de Belém, em Lisboa, vai receber, entre 8 e 10 de maio, a 8.ª edição do ECBIP – European Congress for...

Organizado pela EABIP (European Association of Bronchology and Interventional Pulmonology), este Congresso vai decorrer sob o mote “Inovação na Pneumologia de Intervenção: novas oportunidades e desafios futuros na era da medicina de precisão”.  De acordo com o Comité Organizador Local, a escolha deste tema deve-se ao facto de a Pneumologia de Intervenção estar a atravessar “uma transformação notável, impulsionada pelas novas tecnologias - que melhoram a precisão do diagnóstico e as opções terapêuticas - e que estão a mudar a prática clínica. O tema do ECBIP 2025 pretende, precisamente, refletir esta evolução proporcionando um espaço para discutir as inovações, para avaliar o seu impacto no mundo real e para explorar desenvolvimentos futuros com especialistas de todo o mundo”.

Dada a pertinência dos temas e do painel, a expetativa da organização é que este seja “um evento importante no calendário da especialidade para 2025”, sendo esperada “uma forte presença internacional, não só de pneumologistas de intervenção, mas também de cirurgiões torácicos, oncologistas, radiologistas e outros profissionais, como investigadores”.

A realização em Portugal do ECBIP, que tem uma periodicidade bienal, “representa um momento importante para a Pneumologia de Intervenção a nível nacional, uma vez que é a primeira vez que um congresso nesta área e desta dimensão acontece no nosso país. Além disto, o evento destaca também o papel de Portugal no panorama científico europeu, reforçando o seu compromisso com a inovação e com a excelência nos cuidados de saúde.”, refere Fernando Guedes, pneumologista e um dos elementos do Comité Organizador Local.

O especialista não tem dúvidas de que esta “é uma oportunidade para os especialistas nacionais se envolverem com os mais recentes desenvolvimentos na área, para apresentarem as suas próprias investigações e para estabelecerem contacto com colegas internacionais”. O ECBIP 2025 vai oferecer “um programa equilibrado que combina atualizações científicas, formação prática e oportunidades de networking”, pelo que a organização reforça a importância de os profissionais da área responderem ao desafio e participarem neste evento.

Para mais informações sobre inscrições/programa completo aceda aqui.

Hospital de Santo António
O livro infantil ‘O Segredo de Leo’, projeto inédito do Centro Materno Infantil do Norte – Unidade Local de Saúde de Santo...

“Os cuidados de saúde respiratórios representam, muitas vezes, uma fonte de ansiedade e medo para as crianças e para as suas famílias, o que dificulta a aceitação e adaptação. Importa, por isso, eliminar estigmas, desmitificar os cuidados respiratórios domiciliários e, acima de tudo, explicar às crianças com doenças respiratórias que a sua condição de saúde não é um limite. ‘O Segredo de Leo’ foi criado para inspirar as crianças a verem o mundo com outros olhos”, afirma a pediatra Vanessa Costa.

O livro conta a história de Leo, um menino que vive com uma doença respiratória, mas que não vê isso como uma condicionante. Leo é um personagem corajoso e sonhador, que aborda a temática da ventilação e de outros dispositivos de apoio respiratório de forma simples e clara, inspirando outros meninos com realidades semelhantes a deixarem o medo de lado e a adaptarem-se ao tratamento.

“Este livro transmite uma mensagem de esperança para aqueles que vão lê-lo, reforçando que, se forem capazes de sonhar e tiverem o apoio que mais precisam e de quem mais gostam, são capazes de fazer tudo o que quiserem. No caminho podem existir dias mais difíceis, mas isso não deve condicionar os nossos sonhos. E, em particular, o sonho destes meninos e meninas que só querem brincar e fazer as mesmas atividades que os seus amigos”, acrescenta a especialista. 

Destinada a crianças de todas as idades e às suas famílias, esta obra literária vai ser distribuída pela Unidade de Pneumologia do Centro Materno-Infantil do Norte e pela Linde Saúde, empresa líder em cuidados respiratórios domiciliários, que apoiou a concretização deste projeto. A versão digital do livro ‘O Segredo de Leo’ está também disponível para download em: www.lindesaude.pt .

 

Dia Mundial do Rim | 13 de março
Para assinalar o Dia Mundial do Rim, celebrado a 13 de março, a Associação Nacional de Centros de Diálise (ANADIAL) lança um...

No novo episódio, o especialista destaca a importância dos rins para o bom funcionamento do organismo e os desafios da doença renal crónica. “O rim é um órgão fascinante, um grande laboratório com várias secções que regulam funções vitais distintas”, afirma.

A conversa passa ainda pela transplantação renal e pela experiência do especialista tanto como médico como dador. Depois de uma carreira dedicada a acompanhar centenas de candidatos a dador, tornou-se a primeira pessoa em Portugal a doar um rim a um recetor anónimo (doação não dirigida).

Com 12 episódios, o podcast “À conversa sobre Diálise” comemora o 40.º aniversário da ANADIAL, tendo como objetivo abordar a evolução do tratamento da doença renal crónica ao longo das últimas quatro décadas. Apresentado pela jornalista Isabel Moiçó, convida mensalmente um especialista para debater temas relevantes para doentes renais, profissionais de saúde e o público em geral.

“Ao longo destes 40 anos, muitas transformações ocorreram na medicina, especialmente no tratamento da doença renal crónica. Este podcast oferece-nos a oportunidade de refletir sobre essas mudanças, com a colaboração de especialistas, figuras políticas e doentes renais, que celebram connosco este marco. O resultado é um produto informativo e acessível a todos os ouvintes”, afirma Sofia Correia de Barros, presidente da ANADIAL.

Em Portugal, cerca de 13 mil portugueses com doença renal crónica realizam hemodiálise. Este tratamento, com grande impacto na vida quotidiana dos doentes, é essencial à sua sobrevivência. Mais de 90% dos doentes em hemodiálise realizam os seus tratamentos numa extensa rede de prestadores privados ao abrigo das convenções com o Serviço Nacional de Saúde.

O novo episódio já está disponível no YouTube e Spotify.

 

Dados do Registo Nacional desta doença
Em 2023, oito em cada 10 novos doentes que atingiram o estádio V da doença renal crónica começaram a fazer hemodiálise (80,2%)...

Desde 1984 que se tem procurado traçar o cenário da doença em Portugal através do envio de inquéritos anuais para os centros de hemodiálise, unidades de diálise peritoneal e centros de transplante. Em 2023, à semelhança do que tem acontecido nos outros anos, foram recebidas respostas de todas as unidades nacionais: 139 centros de hemodiálise, 26 unidades de diálise peritoneal, oito centros de transplante renal para adultos e um centro pediátrico.

Uma fonte de dados importante, que confirma que a diabetes (31,3%) e a hipertensão (11,2%) são os principais responsáveis pelos novos casos, enquanto as doenças cardiovasculares (27,9%) e as infeções (26,5%) tornaram-se os principais motivos de mortalidade entre os doentes em hemodiálise, seguidos das neoplasias (10,2%), sobretudo nas pessoas com mais de 65 anos (83,7%).

O relatório atesta ainda uma tendência emergente: cresce a sensibilização dos médicos e doentes para o tratamento conservador, fazendo com que mais doentes optem por esta via (8,4% em 2023). No entanto, os números existentes ainda subvalorizam o registo deste grupo de doentes, devido a problemas de definição do âmbito desta designação. 

Os resultados mostram também que mais de 28% dos doentes que entraram em diálise em 2023, ou seja, mais de um em cada quatro, têm acima dos 80 anos e que apenas 1,2% conseguem realizar um transplante, em geral com um dador vivo, sem passar pela diálise (conhecido como 'preemptive transplantation'). De referir que a idade média dos doentes hemodialisados subiu para os 68,5 anos, com 13% a chegarem à hemodiálise.

Quanto à diálise domiciliária, assistiu-se a um crescimento sustentado da diálise peritoneal, realizada em casa pelos doentes ou cuidadores preparados para o efeito: em 2023, mais 9,3% iniciaram este tipo de diálise, tendo a média de idades diminuído para 56,1 anos e a mortalidade caído 5,3%.

Em relação aos transplantes, os dados confirmam que em Portugal, desde 1980, foram já efetuados 15.556 transplantes renais, um número que tem vindo sempre a aumentar (547 em 2023, mais 10% face ao ano anterior). A taxa de dador de cadáver continua também elevada (cerca de 89%), com um número crescente (11%) de doentes a receberem o órgão de um dador vivo.

Recorde-se que a doença renal crónica afeta cerca de um milhão de pessoas em Portugal, ainda que grande parte da população tenha pouco conhecimento sobre esta doença silenciosa, que pode progredir sem sintomas evidentes até as suas fases mais avançadas.

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