Dia Mundial do Cancro
O cancro do pulmão é, neste momento, a principal causa de morte por cancro, ao nível mundial, sendo

O cancro do pulmão de não pequenas células (CPNPC), é responsável por cerca de 85% de todos os casos diagnosticados, apresentando-se muitas vezes em estadios avançados e com prognóstico reservado. Apenas 18% dos doentes com diagnóstico de cancro do pulmão estarão vivos aos cinco anos após o diagnóstico.

Nos últimos quinze anos, aconteceram importantes avanços na compreensão da biologia tumoral, dos mecanismos de progressão e da resistência tumoral, assim como ao nível do rastreio, permitindo uma deteção precoce desta doença. Houve, simultaneamente, o desenvolvimento de uma abordagem multidisciplinar, com benefícios significativos para o doente, bem estabelecida na maioria dos hospitais, nomeadamente no Hospital dos Lusíadas Lisboa, que conta com uma equipa que aborda esta doença numa perspetiva multidisciplinar, tendo em consideração cada tipo de tumor.

No que concerne à biologia tumoral, assistiu-se à “descoberta” de várias mutações e vias de sinalização, que potenciaram o desenvolvimento de terapêuticas alvo. Na doença metastizada, observou-se a evolução de quimioterapia empírica (“chapa cinco”) para regimes mais eficazes e melhor tolerados de terapêutica, dirigida a alvos específicos (mutações EGFR e BRAF translocação ALK, fusão ROS1, MET (exão 14) e, finalmente, ao grande marco ao nível terapêutico, o surgimento da imunoterapia.

  1. Terapêutica anti-EGFR (mutações presentes em cerca de 15% dos doentes com adenocarcinoma do pulmão). Estas terapêuticas incluem o Gefitinib e o Erlotinib (primeira geração), o Afatinib e o Dacomitinib (segunda geração) e o Osimertinib.
  2. Terapêuticas dirigidas translocação ALK (alteração presente em 7% dos doentes com adenocarcinoma do pulmão). As terapêuticas com atividade para o CPNPC com expressão de fusão ALK incluem o Crizotinib, o Alectinib, o brigatinib e o ceritinib.
  3. ROS1 alteração presente em menos de 2% dos doentes com adenocarcinoma do pulmão). As terapêuticas com atividade dirigida ao CPNPC com expressão da fusão ROS1 são o Crizotinib, Ceritinib e o Lorlatinib.
  4. BRAF alteração presente em 2 a 4% dos doentes com adenocarcinoma do pulmão). A presença desta mutação (BRAF (V600E) prediz sensibilidade a inibidores BRAF, nomeadamente a monoterapia com Vemurafenib e dabrafenib ou combinação dabrafenib e tranetinib.
  5.  Imunoterapia. Em 2015 foram aprovadas, pelas agências mundiais do medicamento (US FDA e EMA), as primeiras terapêuticas que ativam o sistema imunitário, para lutar contra o cancro. Estas terapêuticas, são chamadas de “imunoterapia”. O Nivolumab, o Pembroizumab, e Atezolizumab, e o Durvalumab são os chamados anti-PDL1 e anti-PD1 e foram desde logo disponobilizados aos doentes tratados no Hospital dos Lusíadas Lisboa.

O rápido desenvolvimento de novas terapêuticas contribuiu para uma melhoria do prognóstico dos doentes com cancro do pulmão.

Perante um doente com o diagnóstico de cancro do pulmão, é essencial o correto estadiamento da doença, a discussão do caso em reunião multidisciplinar, a realização de uma avaliação molecular adequada e a prescrição de uma terapêutica inovadora e personalizada, a partir do trabalho de uma equipa dinâmica. A junção destes fatores, tem potenciado o trabalho desenvolvido pela Unidade de Oncologia do Hospital dos Lusíadas Lisboa, que se encontra atualmente na vanguarda do tratamento do cancro do pulmão, entre outros tipos de tumores.  

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“Sumos de fruta 100%: uma abordagem técnica e nutricional"
A Associação Portuguesa de Nutrição acaba de lançar o livro eletrónico (e-book) “Sumos de fruta 100%: uma abordagem técnica e...

Esta iniciativa, realizada com o apoio do programa internacional Fruit Juice Matters, da Associação Europeia de Sumos de Fruta (AIJN), pretende elucidar as diferenças entre o sumo 100% e outros tipos de sumos à base de fruta, para a realidade dos sumos de fruta 100%.

O e-book clarifica de forma simples e prática as diferenças entre os principais produtos à base de fruta disponíveis para consumo e os sumos 100% fruta; sumos que, por definição, não contêm quaisquer aditivos, adoçantes ou conservantes. O e-book incide ainda sobre algumas sugestões práticas sobre como incluir estes sumos nas refeições e integrados numa alimentação equilibrada e saudável, sendo de realçar o facto de este ser um consumo complementar ao consumo de fruta fresca, que deverá ser sempre preferencial.

O e-book está disponível para consulta integral no site http://apn.org.pt/documentos/ebooks/AF-FJM-2-jan2018-highres.pdf.

4 de Fevereiro - Dia Mundial de Luta Contra o Cancro
É a esta questão que a investigação de Ana Teresa Maia, cientista e professora universitária na Universidade do Algarve,...

De acordo com Ana Teresa Maia “Sabemos que o cancro da mama tem uma forte componente genética, ou familiar, e no nosso trabalho pretendemos identificar novos marcadores de risco, que nos permitam não só avaliar a predisposição de cada mulher de uma forma individualizada e eficiente mas também nos proporcione pistas biológicas para pudermos desenvolver terapias preventivas. Sabe-se hoje que milhões de pequenas diferenças no ADN de cada pessoa, chamadas polimorfismos, são o que nos dão a nossa individualidade, de sermos altos ou baixos, gordos ou magros, e de termos maior ou menor predisposição para doenças como o cancro ou a diabetes. Cada pessoa nasce com uma combinação única destes polimorfismos, e como tal tem um risco único e individual para o cancro.”

A cientista acrescenta ainda que “Neste estudo, o nosso objetivo é estudar algumas regiões genéticas que se suspeita que estejam associadas a um risco aumentado para cancro da mama. O nosso trabalho preliminar permitiu-nos identificar polimorfismos nestas regiões que são fortes candidatos a serem os causadores do risco aumentado. No estudo vamos validar estes novos marcadores e desvendar os mecanismos biológicos pelos quais atuam.”

Ana Teresa Maia foi uma das premiadas da primeira edição da Maratona da Saúde, em 2014,onde recebeu 25.000€ para o desenvolvimento do seu estudo, designado de “À descoberta da importância da cis-regulação na suscetibilidade do cancro da mama”, e que brevemente irá apresentar quais os resultados obtidos – “O Prémio Maratona da Saúde permitiu-me estabelecer a minha equipa de investigação na Universidade do Algarve, o que nos veio possibilitar o desenvolvimento do programa de investigação.”

Legionella
O ministro da Saúde afirmou hoje que está estabilizado o surto de doença do legionário do hospital CUF Descobertas, afirmando...

Em declarações aos jornalistas após acompanhar o Presidente da República numa visita ao hospital onde ainda estão internados sete doentes que estiveram em contacto com a 'legionella', Adalberto Campos Fernandes afirmou que o surto entrará agora na fase descendente, tendo atingido o número máximo de casos - quinze.

A partir de março estará em curso um plano, a que todos os hospitais que quiserem podem aderir, com vista a ajudá-los a fazer melhor o que já fazem em "prevenção e deteção precoce" de riscos de contágio com a 'legionella'.

Adalberto Campos Fernandes referiu que o risco nunca será zero, mas é para aí que tem que se dirigir e o plano servirá para "apertar a malha um pouco" e garantir que as instituições de saúde, que já têm os seus próprios mecanismos de controlo, estão "motivadas e orientadas" para as aplicar.

Apesar de ser privado, o CUF Descobertas já manifestou a vontade de aderir a este plano, acrescentou o ministro, referindo que a 'legionella' pode atacar em qualquer lugar, independentemente "do direito das instituições".

"O dispositivo de saúde pública funciona", garantiu, afirmando que pode fazer-se mais, como o Governo defende na proposta de lei para "retomar os mecanismos de prevenção suprimidos em 2014".

Quanto à explicação para o surto do CUF Descobertas, considerou que seria precipitado avançar com conclusões antes de terminado o trabalho da Inspeção Geral das Atividades da Saúde e da Entidade Reguladora da Saúde na reconstituição do contágio.

Saúde Pública
O Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga realizou em 2017 um total de 175 cirurgias bariátricas para correção de problemas...

Além dessas intervenções, o grupo de trabalho afeto ao Tratamento Cirúrgico Multidisciplinar de Obesidade nos três hospitais sob tutela do Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga (CHEDV) - nomeadamente os de Santa Maria da Feira, São João da Madeira e Oliveira de Azeméis - procedeu ainda a 689 consultas a utentes com excesso de peso.

"A obesidade é considerada uma das epidemias do século XXI, apresentando um impacto enorme em termos de Saúde Pública", declarou a diretora clínica do CHEDV, Elsa Soares.

A Cirurgia Bariátrica e Metabólica, vulgarmente conhecida como "cirurgia para emagrecer", assume-se como o único tratamento verdadeiramente eficaz para a obesidade de grau II e III, permitindo corrigir não só o excesso de peso, mas também muitas doenças que lhe estão associadas, como a diabetes tipo 2, a hipertensão arterial, a hipercolesterolemia e a apneia do sono", explica.

O grupo de trabalho que desde 2009 vem acompanhando os utentes obesos do CHEDV, que está reconhecido pela Direção-Geral de Saúde como Centro de Tratamento Cirúrgico da Obesidade e em 2017 foi distinguido com o Prémio Nacional de Diabetologia - envolve profissionais de Cirurgia Bariátrica e Plástica, Anestesiologia, Endocrinologia, Nutricionismo, Psicologia, Gastroenterologia e Fisioterapia.

A equipa é coordenada pelo cirurgião Mário Nora, que é vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia de Obesidade e Doenças Metabólicas e, consoante as características do doente acolhido no CHEDV, adota no respetivo tratamento técnicas como o ‘bypass’ gástrico, a Gastrectomia vertical (conhecida como 'sleeve'), o 'duodenal switch' (que associa gastrectomia vertical e desvio intestinal) e o 'SADI-S' (método preferencial para pacientes com obesidade supermórbida).

Qualquer que seja a cirurgia adotada, contudo, Elsa Soares diz que é regra adotar-se "a abordagem minimamente invasiva, por laparoscopia", o que implica "menos dor, mais estética, menor internamento e um regresso mais precoce à vida ativa".

Além dessa componente assistencial, o Centro de Tratamento de Obesidade do CHEDV tem também promovido formação internacional pré e pós-graduada sobre técnicas cirúrgicas bariátricas e metabólicas, desenvolvendo ainda investigação própria "através da publicação dos resultados da sua atividade em revistas da especialidade e da participação em ensaios multicêntricos internacionais", envolvendo instituições de Madrid, Friburgo e Londres.

Essa investigação clínica passa também por protocolos com o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, com a Unidade para a Investigação Multidisciplinar em Biomedicina da Universidade do Porto e com a Faculdade de Saúde e Ciências Médicas da Universidade de Copenhaga.

Desde a sua criação em 2009 até ao final de 2017, o grupo de tratamento cirúrgico multidisciplinar de obesidade do CHEDV já realizou um total de 10.639 consultas.

Os dados quanto ao total de cirurgias bariátricas só estão compilados até ao final de junho de 2017, mas até essa altura o Hospital da Feira já operara 2.350 pacientes, recomendando ainda 837 intervenções plásticas.

A expectativa atual é de que, na sequência de um total de 175 cirurgias de emagrecimento em 2017, o CHEDV possa em 2018 aumentar para 200 o número dessas intervenções.

Doenças hemato-oncológicas
Em Portugal são diagnosticados, todos os anos, cerca de 400 novos casos de cancro pediátrico, sendo

As células estaminais são células que se podem diferenciar em diversas linhagens celulares e que apresentam a capacidade de se autorrenovar e de se dividir indefinidamente. Este “super poder” permite que possam substituir células lesadas ou destruídas e participar na regeneração de tecidos danificados.

Podem ser classificadas, tendo em conta a sua origem e a sua capacidade de diferenciação, como embrionárias, dando origem a todos os tipos de células que constituem o nosso organismo, ou adultas, permitindo manter as funções dos tecidos e órgãos onde estão presentes.

Apesar terem diversas origens, as células estaminais que têm tido maior relevância quanto ao seu potencial terapêutico são as células estaminais da medula óssea, do sangue periférico e do sangue do cordão umbilical.

“As células estaminais presentes no sangue do cordão umbilical têm a capacidade de se autorrenovarem e diferenciar em células do sangue, muitas vezes apelidadas de progenitores hematopoiéticos, ou progenitores das células sanguíneas”, começa por explicar Marika Bini Antunes, especialista em Imuno-hemoterapia.

De acordo com a especialista, apesar da medula óssea ser “a fonte tradicional de células estaminais hematopoiéticas para o tratamento de doenças hemato-oncológicas (..) as células estaminais do sangue do cordão têm a vantagem de serem mais imaturas do que as células estaminais da medula óssea ou do sangue periférico, e por isso, estão associadas à menor incidência de doença de enxerto contra o hospedeiro no período pós-transplantes” (uma complicação bastante frequente). Contudo, acrescenta que a recuperação hematológica é mais lenta quando estas são utilizadas.


"A utilização de sangue de cordão tem limitações que se prendem essencialmente com o número de células na amostra, sendo restrita, basicamente, à população infantil", refere Marika Bini Antunes

Atualmente, são cerca de 80 as doenças que podem ser tratadas com recurso a este tipo de células.

Entre as doenças hemato-oncológicas suscetíveis de tratamento, Marika Bini, destaca as síndromes de insuficiência medular, síndromes mielodisplásicos, alguns tipos de leucemias, alguns distúbios hereditários do metabolismo e patologias hematológicas benignas e “alguns casos selecionados de linfomas”, acrescentando que “uma parte significativa destas doenças é tratada em primeira linha e com sucesso com recurso a quimioterapia e imunoterapia”.

O primeiro transplante de sangue do cordão umbilical realizou-se há 30 anos, com o objetivo de  tratar uma criança com Anemia de Fanconi.

Desde então, o sangue do cordão umbilical tem sido usado, em todo o mundo, como  alternativa à medula óssea no tratamento de um vasto leque de doenças do foro hemato-oncológico.

“Há muitos anos que são realizados transplantes hematopoiéticos alogénicos em doenças hemato-oncológicas, em Portugal, com sucesso”, refere a especialista adiantando que, embora a fonte priveligiada de células estaminais seja a medula óssea ou o sangue periférico “após mobilização”, a transplantação com sangue do cordão umbilical “está bem estabelecida e encontra-se rotinada na prática clínica”.

Os tratamentos para as patologias assinaladas podem ser feitos no IPO de Lisboa, Porto e Coimbra e em algumas unidades hospitalares de referência.

“No transplante hematopoiético deve existir compatibilidade entre o dador e o recetor. No caso de irmãos, essa compatibilidade é de 25%. Se não houver dador relacionado compatível, é possível recorrer aos registos nacionais e internacionais”, explica Marika Bini.

O fator eliminatório relacionado com a questão das compatibilidades é o que tem levado, sobretudo nos últimos anos, ao aumento da procura das técnicas de criopreservação. “A criopreservação do sangue e tecido do cordão umbilical é uma oportunidade única de guardar amostras de produtos biológicos, no momento do parto, que poderão ser úteis no futuro, nomeadamente para o tratamento de doenças com significativa prevalência e que estão atualmente em estudo”, justifica a especialista em Imuno-hemoterapia.

De modo a manter a sua viabilidade celular, as células estaminais, depois de isoladas, são conservadas em azoto líquido a temperaturas extremamente baixas, designadas de criogénicas.

Atualmente, encontram-se a decorrer inúmeros estudos e ensaios clínicos que visam “averiguar a eficácia e segurança de células estaminais mesenquimais e hematopoiéticas” no tratamento de outras doenças como a diabetes tipo 1, paralisia cerebral, autismo, doença de Parkinson ou AVC, com vista a alargar o seu universo de aplicações terapêuticas.  

Nota: 
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Estudo
Um estudo desenvolvido por investigadores do Porto sobre a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção indica que, para...

Para se compreender o que é a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) e quais são as suas causas, é necessário ir além das estruturas e redes do lobo frontal (região frontal de cérebro) e do neurotransmissor (dopamina), classicamente ligados a esta perturbação, e pensar de uma forma mais abrangente, envolvendo todo o sistema nervoso", disse Pedro Pereira Rodrigues, investigador do CINTESIS - Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde.

Este é o principal resultado de um estudo que visava identificar as diferenças registadas no cérebro de crianças e adultos com PHDA, através da utilização de diferentes técnicas de imagem, tendo sido analisados cerca de 100 estudos internacionais.

De acordo com os investigadores, a PHDA é uma das perturbações do neurodesenvolvimento mais comuns, afetando entre 5% a 8% das crianças em idade escolar, com especial incidência nos rapazes.

Apesar de muito estudada, ainda suscita inúmeras controvérsias, com cerca de 60% das pessoas diagnosticadas na infância ou na adolescência a manterem os sintomas na idade adulta.

As conclusões do estudo demonstram que as alterações comportamentais observadas na PHDA podem ser explicadas por um desequilíbrio no funcionamento entre as várias redes neuronais.

As redes neuronais são "conjuntos de neurónios que funcionam em associação e cujas ramificações formam uma teia, que funciona como vias de comunicação entre as células cerebrais e que permitem a passagem de informação necessária para que o funcionamento humano desempenhe funções específicas, como manter o nível de atenção, saber a posição corporal ou ser capaz de ler um texto", explicou Pedro Pereira Rodrigues.

O desequilíbrio nessas redes, continuou o investigador, justifica a extensão e variabilidade dos sintomas associados à patologia.

Devido a isso, os investigadores apontam para a necessidade de uma abordagem multidisciplinar no diagnóstico e na intervenção terapêutica, com implicações na prática clínica.

"O diagnóstico deve recorrer a uma avaliação abrangente", incluindo "não só os comportamentos típicos (défice de atenção e hiperatividade) mas, igualmente, outras competências que possam estar afetadas", como "as sensoriais, regulatórias e motoras", esclareceu o cientista.

Segundo indicou, isso leva à colaboração de profissionais de diferentes áreas de conhecimento, que podem contribuir para a formulação de um diagnóstico.

Além de Pedro Pereira Rodrigues, participaram neste estudo os investigadores Bruno Vieira de Melo e Maria João Trigueiro, da Escola Superior de Saúde do Politécnico do Porto (P.Porto).

O mesmo deu origem ao artigo "Systematic overview of neuroanatomical differences in PHDA: Definitive evidence, Developmental Neuropsychology", publicado no jornal científico Developmental Neuropsychology.

Programa Nacional para as Doenças Oncológicas
Cerca de um milhão de dados sobre o cancro em Portugal estão a ser encaminhados para o Registo Oncológico Nacional, ferramenta ...

De acordo com Nuno Miranda, o Registo Oncológico Nacional (RON) vai permitir “atualizar os dados do cancro em Portugal, monitorizar a verdadeira eficácia destes novos medicamentos que aparecem, não em contexto de ensaio clínico, mas de prática clínica diária”.

“O que acontece aos nossos doentes? Quais os benefícios que os nossos doentes têm com este tipo de novos medicamentos?”, questionou Nuno Miranda, para quem o registo vai ajudar a responder a estas questões.

O RON é um registo centralizado assenta numa plataforma única eletrónica, que tem por finalidade a recolha e a análise de dados de todos os doentes oncológicos diagnosticados e ou tratados em Portugal continental e nas regiões autónomas.

Este registo permite a monitorização da atividade realizada pelas instituições, da efetividade dos rastreios organizados e da efetividade terapêutica, a vigilância epidemiológica, a investigação e, em articulação com o Infarmed, a monitorização da efetividade de medicamentos e dispositivos médicos.

No RON vai constar a "identificação do nome, do sexo, da data de nascimento, da morada, do número de utente, da identificação da instituição, do número de processo clínico, da profissão e da naturalidade do doente", segundo a lei que regulou este registo.

A identificação do doente no RON mereceu várias críticas e receios, tendo a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) defendido um algoritmo ou um código que mascarasse o número de utente e o número de processo para impedir a identificação do doente.

Há um ano, numa audição parlamentar no grupo de trabalho sobre a proposta de lei do RON, a presidente da CNPD explicou que as cautelas a aplicar a uma base de dados de doentes com cancro se prendem com o risco de discriminação a que esses utentes podiam ser sujeitos se fossem identificados.

Para Nuno Miranda, “o novo registo tem muito mais possibilidades do que os [registos regionais] anteriores” e nele constará a informação que já existia nos outros registos.

“Vamos poder ter formas mais seguras de controlo de acesso aos dados, por ser uma plataforma mais segura, moderna”, disse.

Segundo Nuno Miranda, tal como já era possível nos registos regionais, os doentes podem solicitar que a informação sobre a sua doença não conste no RON.

O oncologista não conhece, contudo, casos de doentes que queiram retirar a informação sobre o seu caso dos registos.

A propósito do Dia Mundial do Cancro, que se assinala domingo, Nuno Miranda disse que “a maneira como a sociedade encara hoje o cancro é muito diferente”.

“Hoje em dia temos uma conjugação de esforços, tanto dos serviços de saúde como da sociedade civil, e uma forma mais assertiva de ver o cancro: na prevenção (adoção de comportamentos que possam diminuir a possibilidade de ter uma doença oncológica) e no tratamento (mais precoces, mais eficazes e disponíveis para todos)”.

Apesar de reconhecer a evolução alcançada nesta área, Nuno Miranda considera que ainda existem muitos objetivos a atingir, como a modificação de hábitos e um maior conhecimento das pessoas sobre o que é o cancro.

Os dados mais recentes sobre o cancro em Portugal referem-se a 2016 e revelam que esta doença foi a causa de morte de 27.900 doentes, mais três por cento do que no ano anterior.

Programa Nacional para as Doenças Oncológicas
O número de mortes por cancro em 2016 foi de 27.900, mais três por cento do que no ano anterior, revelou o diretor do Programa...

Segundo Nuno Miranda, o cancro do pulmão foi o que mais mortes provocou, seguindo-se o carcinoma do cólon e reto, o da mama e o da próstata.

Os dados de 2016 são os mais recentes sobre esta doença e vão ser agora analisados, adiantou o oncologista.

Sociedade Portuguesa de Cardiologia
Sociedade Portuguesa de Cardiologia lança iniciativa pioneira “Um dia dedicado…”, que tem como objetivo melhorar a articulação...

A iniciativa “Um Dia Dedicado…” arranca já no próximo dia 5 de Fevereiro no Hospital Garcia de Orta! Esta iniciativa procura, através de ações práticas, promover uma melhor comunicação entre os diversos centros de cardiologia nacionais potenciando a promoção e a partilha de boas práticas, em prol do incremento da qualidade da cardiologia nacional.

O objetivo é que em cada sessão de "Um Dia Dedicado ..." sejam partilhadas experiências práticas, o que permitirá que um serviço que esteja mais diferenciado no tratamento de determinada doença ou na realização de uma técnica específica possa transmitir esse conhecimento a colegas de outros hospitais. Para o efeito, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia oferece a plataforma de "networking", que permitirá divulgar a iniciativa junto dos seus sócios, constituindo-se como facilitadora na transmissão de informação. A iniciativa em si é organizada pelo serviço que se propõe a tal, sendo que o objetivo da SPC é ter vários hospitais a contribuir para este projeto, divulgando e partilhando experiências sobre aquilo que melhor fazem.

No Dia 5 de Fevereiro, o Hospital Garcia de Orta acolhe a primeira sessão da ação “Um Dia Dedicado…”, promovida em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia e que contará com uma sessão por mês, destinadas à abordagem de diferentes áreas da medicina cardiovascular. A primeira sessão vai incidir sobre o tema da Hipertensão Arterial Pulmonar.

A hipertensão arterial pulmonar caracteriza-se pelo aumento da tensão nas artérias dos pulmões, o que resulta numa tolerância diminuída ao esforço e complicações de natureza cardíaca; não é, portanto, por si só uma doença, mas sim um estado hemodinâmico transversal a um conjunto de patologias diversas. Atualmente estima-se que aproximadamente 300 portugueses estejam a receber tratamento para a hipertensão pulmonar e que surjam 70 novos casos por ano, pelo que se torna importante abordar esta temática.

O serviço de cardiologia do Hospital Garcia de Orta é um dos Centros nacionais designados pela Direção Geral de Saúde para o tratamento da Hipertensão Pulmonar, área na qual se diferenciou. Ao acolher a primeira sessão desta iniciativa, espera-se que esta unidade hospitalar consiga exportar para outros serviços da especialidade as técnicas e práticas clínicas que levaram à sua diferenciação nesta área.

Esta iniciativa contará igualmente, ao longo das várias sessões, com a observação de casos clínicos e de intervenções médicas, contributos que representam uma mais-valia para a cardiologia portuguesa.

Nas palavras do Dr. Jorge Mimoso, cardiologista e vogal da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, “a ação „Um Dia Dedicado…‟ procura, através do seu caráter prático, promover uma interação entre os diversos serviços de cardiologia do país, partilhando as experiências de sucesso e permitindo que outros serviços adotem técnicas semelhantes. A divulgação das unidades com boas práticas permitirá, desta forma, melhorar a cardiologia nacional”.

É com o intuito de procurar oferecer melhores serviços de saúde a todos os portugueses que a Sociedade Portuguesa de Cardiologia promove esta ação, esperando que se traduza em estratégias terapêuticas com maior eficácia a nível nacional.

Direção-Geral da Saúde
O número de casos diagnosticados com doença dos legionários com ligação ao surto de ‘legionella’ no Hospital CUF Descobertas...

Segundo a nota da Direção-Geral da Saúde (DGS), os 15 casos, mais um em relação ao último balanço, incluem nove mulheres e seis homens. Quase todos os doentes (13) têm idade superior a 50 anos.

O surto de ‘legionella’ no Hospital CUF Descobertas, em Lisboa, surgiu no passado fim de semana e poderá estar ligado à rede de águas do hospital, que está a contactar todas as pessoas que ali estiveram internadas entre os dias 06 e 25 de janeiro.

A bactéria “Legionella pneumophila” é responsável pela doença dos legionários, uma forma de pneumonia grave que se inicia habitualmente com tosse seca, febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade respiratória, podendo também surgir dor abdominal e diarreia. A incubação da doença tem um período de cinco a seis dias depois da infeção, podendo ir até dez dias.

IPO Porto
Movimento nasceu no IPO do Porto e mobilizou mais de sete mil pessoas.

Mais de sete mil assinaturas foram recolhidas pelo Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, no âmbito de uma petição pela criação do Dia Nacional da Esperança. O documento será formalmente entregue hoje, na Assembleia da República, enquadrado no Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, que se assinala a 4 de Fevereiro.

Desde 2015, que o IPO Porto celebra, no primeiro dia da primavera, a Esperança. Numa iniciativa de portas abertas à sociedade, que conta com o apoio da Roche e que é protagonizada por profissionais de saúde, utentes do hospital, entidades oficiais, figuras públicas e muitos anónimos.

Laranja Pontes, Presidente do Conselho de Administração do IPO-Porto, refere que “A criação do Dia Nacional da Esperança representa uma oportunidade de lembrar de forma positiva os doentes, os profissionais de saúde e os cuidadores”, refere , o porta-voz deste verdadeiro. Um dia que, como defende, “simboliza, acima de tudo, a confiança no progresso científico e na capacidade de tratar o cancro cada vez com mais sucesso.”

A iniciativa contou ainda com a participação de várias figuras públicas como Ana Bravo, Carla Ascensão, Jorge Gabriel e Miguel Guedes, que se associaram a este movimento e que, transformados em verdadeiros embaixadores, foram os protagonistas do vídeo “Eu tenho Esperança”. 

Universidade do Minho
Uma equipa liderada pela Universidade do Minho demonstrou que medicamentos usados no combate ao carcinoma da mama também são ...

A Universidade do Minho (UMinho) explica que a nova abordagem proposta ao cancro do colo do útero resulta da investigação liderada por Olga Martinho, cientista do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da UMinho. “Surge depois de os investigadores terem mostrado pela primeira vez que a presença excessiva da proteína HER2 em pacientes com esta patologia pode abrir portas para tratamentos mais eficazes”, acrescenta.

Segundo explica, a HER2 “tem um papel importante na regulação das células humanas”, tendo sido já comprovado que aquela proteína “se encontra alterada em casos de cancro da mama, constituindo um alvo terapêutico importante quando detetada em quantidades elevadas”.

A novidade do estudo liderado pela UMinho, que envolveu também as universidades Federal de Góias e de São Paulo e o Hospital de Barretos, todas instituições brasileiras, é a descoberta de que aquelas alterações moleculares também se verificam no cancro do colo do útero.

“O facto de terem esta proteína em comum é uma boa notícia, no sentido em que já existem fármacos desenhados para atuar contra ela”, refere, Olga Martinho.

O grupo de investigação demonstrou, através de testes ‘in vitro’ e ‘in vivo’, que os medicamentos usados para inibir a proteína HER2 no cancro da mama também são “extremamente eficazes” na redução da agressividade do cancro do colo do útero.

O estudo “antecipou também um potencial mecanismo de resistência a esta terapia, propondo o uso combinado destes fármacos com bloqueadores do consumo de glucose”. Explica ainda que “esta combinação permitirá que a doença se mantenha estável, prolongando o tempo de vida das mulheres afetadas”.

Olga Martinho recorda que o tratamento apenas surte efeito em doentes com alteração nesta proteína. “Daí ser necessário realizar um rastreio antes da sua administração para evitar que os restantes pacientes sofram desnecessariamente dos efeitos secundários associados à terapia”, refere.

Os resultados obtidos, salienta a academia, “poderão contribuir, num futuro próximo, para o aumento da taxa de sobrevivência destes doentes, à semelhança do que aconteceu com o cancro da mama”.

O cancro do colo do útero é responsável por 8% das mortes associadas a doenças oncológicas, sendo o segundo tipo mais frequente entre as mulheres no mundo.

Este domingo assinala-se o Dia Mundial de Luta Contra o Cancro.

Programa LisBoa
A Câmara Municipal de Lisboa e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa vão lançar um programa de apoio a pessoas com mais de 65...

Numa nota divulgada pelo município é referido que este "programa integrado de apoio à população idosa" será denominado "LisBoa, cidade de todas as idades", e o primeiro passo para a sua implementação será dado hoje, com a assinatura de um protocolo entre as duas entidades.

No comunicado, o município refere que este "programa pretende diminuir o isolamento social dos idosos que vivem em Lisboa, e que constituem um quarto da população da cidade", constituindo-se como "o maior e mais ambicioso programa de investimento na rede de cuidados, apoio domiciliário ou a requalificação do espaço público, tornando-o mais amigo dos idosos".

Fonte do município avançou que o projeto estará divido em três eixos - vida ativa, vida autónoma, e vida apoiada.

A medida com maior orçamento, 40 milhões de euros, destina-se à construção de "oito equipamentos com valência de Estrutura Residencial Para Idosos e cuidados continuados", que deverão estar ao serviço da população até 2021.

No eixo da vida ativa estão previstas seis medidas, de caráter anual, entre as quais o Fórum da Participação Lx+65 (espaço de debate para a população e organizações, com o objetivo de identificar preocupações e propostas de solução da comunidade) que terá um investimento de 60 mil euros.

Este eixo contempla também um investimento de 352 mil euros repartidos pelas medidas Cultura +65, que prevê a "atribuição de descontos" no acesso a equipamentos e programação, Desporto +55, para "promover a prática desportiva e estilos de vida saudáveis, de forma acompanhada e monitorizada em parceria com Juntas de Freguesia", Iniciativas 65+, e ainda o Passe +65, que pretende "facilitar a mobilidade através do acesso mais barato ao transporte público".

A parcela da vida ativa prevê ainda 90 mil euros para apoio ao associativismo, acrescentou a fonte municipal.

Já o eixo da vida autónoma integra também uma série de propostas que se irão desenrolar até 2021, à exceção dos Espaços InterAge (para a requalificação dos centros de dia em espaços abertos à comunidade e a todas as gerações), cujo prazo de execução se estende até 2026, e tem um valor alocado de 12 milhões de euros.

Segundo a mesma fonte, a segunda proposta que terá um investimento maior dentro deste eixo é o Programa Bairro 100% Seguro, que irá destinar 10 milhões de euros à adaptação do espaço público (entre passeios, passagens de peões e paragens de autocarro).

O acordo irá destinar também quatro milhões de euros para um serviço de teleassistência e para um programa municipal de adaptação de habitação privada para a promoção da segurança e autonomia, denominado "Casa Aberta".

A fonte apontou que está prevista ainda uma bolsa de habitação para pessoas com mobilidade reduzida, e um serviço de apoio ao cuidador informal, para o qual estão previstos 250 mil euros por ano, até 2021.

O programa "LisBoa, cidade de todas as idades" contempla ainda a criação de um fundo de cinco milhões de euros no eixo vida apoiada, destinado a ajudar "entidades da rede social com respostas para pessoas idosas, para aquisição de equipamentos e reabilitação de imóveis" até 2021.

A câmara será representada pela presidente, Fernando Medina (PS), e pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa o documento será assinado pelo provedor, Edmundo Martinho.

Boletim
A atividade gripal em Portugal é considerada de “baixa intensidade” com tendência estável, segundo o Boletim de Vigilância...

No documento divulgado ontem, relativo à última semana, indica-se que a taxa de incidência gripal foi de 48,7 por 100 mil habitantes, quando no boletim divulgado a 25 de janeiro a taxa era de 58,4.

Na última semana de janeiro, de acordo com o Boletim, continuaram a ser detetados vírus do tipo B (78% dos casos) e dos subtipos A(H3) e A(H1).

Nas 27 unidades de cuidados intensivos que enviaram informação foram reportados 14 casos de gripe (13 na semana passada).

Na semana passada a diretora-geral da Saúde já dava conta de que os valores sobre a gripe indicavam que o pico já poderia ter sido atingido.

Num comunicado também divulgado ontem a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, diz que a atividade gripal se mantém em níveis epidémicos, mas com baixa intensidade e tendência decrescente.

“Nos cuidados de saúde hospitalares, verificou-se uma estabilidade na procura dos serviços de urgência nesta semana. A proporção de casos com diagnóstico de síndrome gripal mantém-se inferior a 3%”, diz-se no comunicado, no qual se afirma também que entre os dias 22 e 28 de janeiro foram internados nos cuidados intensivos 14 doentes, representando 4,5% do total os doentes em cuidados intensivos.

Nos cuidados de saúde primários o número e a proporção de consultas por síndrome gripal “mostram uma tendência decrescente em todo o país”, tendo havido também menos casos de atendimentos por gripe na linha SNS24 e menos acionamentos registados pelo Instituto Nacional de Emergência Médica.

“De salientar ainda que, de acordo com o Sistema de Vigilância Diária da Mortalidade, entre a semana 52 de 2017 (última semana epidemiológica do ano) e o final da semana 4 de 2018 verificaram-se 13.915 óbitos por todas as causas em Portugal, estimando-se uma sobre mortalidade por todas as causas, em relação à linha de base, de cerca de 1.600 óbitos. Verifica-se uma tendência decrescente da sobre mortalidade nas 2 últimas semanas”, diz-se no comunicado.

Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras
O processo de regularização dos precários do Centro Hospitalar do Oeste arrancou hoje com 180 trabalhadores a assinarem...

“Todos os trabalhadores até aqui afetos à empresa Lowmargin estão hoje a assinar contratos diretamente com o Centro Hospitalar do Oeste”, disse Carla Jorge, porta-voz do Movimento Precários do Centro Hospitalar do Oeste (CHO).

Com “a saída de cena” da empresa mediadora e a contração direta dos trabalhadores, inicia-se assim, segundo o Movimento, o processo de regularização dos precários que prestam serviço nos três hospitais do CHO: Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras.

Em comunicado os trabalhadores consideram estar “a fazer-se justiça” depois de muitos dos precários terem estado durante décadas “em situação de precariedade, contratados a prazo e a recibos verdes”, mediados por empresas de trabalho temporário (ETT) que dizem ter-lhes “subtraído salários e direitos”.

Uma situação que dizem ter prejudicado os hospitais que “tinham mais despesa com as ETT” do que se “contratassem os trabalhadores diretamente”, mas também, referem no comunicado, porque “sem condições de trabalho muitos bons profissionais foram forçados a mudar de emprego e os que por cá continuaram não tiveram razões para se sentir motivados”.

Após uma primeira análise aos contratos agora celebrados, o Movimento divulgou que os mesmos “mantêm os níveis de remuneração praticados pela Lowmargin, Lda” aos trabalhadores, que agora aguardam a abertura de concursos para integrar os quadros da instituição.

Porém, alertou o Movimento, “essa manutenção de salários, no caso dos Assistentes Técnicos” que irão receber 592 euros, “representa uma remuneração muito inferior ao previsto na tabela remuneratória da função pública para esta categoria profissional”, fixada em 683 euros, afetando, no caso do CHO, “mais de duas dezenas de trabalhadores”.

Os 180 trabalhadores que hoje assinam contrato com o CHO fazem-no num momento de indefinição em relação ao pagamento dos salários de janeiro, depois de a Lowmargin lhes ter enviado uma carta em que acusa o hospital de incumprimento nos pagamentos e de, em consequência, poder não ter “capacidade para suportar, como fez até à data, o pagamento atempado das remunerações”.

“Normalmente os salários são pagos ao dia 05 e, até lá, não sabemos se a empresa vai ou não pagar o ordenado de janeiro”, admitiu à Lusa Carla Jorge.

Além dos 180 trabalhadores da Lowmargim, há atualmente mais 60, contratados pelo CHO ou por outras empresas identificados pela Comissão de Avaliação Bipartida para serem regularizados, divulgou ainda o Movimento.

O CHO detém uma área de influência constituída pelas populações dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça (freguesias de Alfeizerão, Benedita e São Martinho do Porto) e de Mafra (com exceção das freguesias de Malveira, Milharado, Santo Estevão das Galés e Venda do Pinheiro), abrangendo 292.546 pessoas.

Este ano
Trinta novas unidades de saúde familiar vão ser abertas este ano e cerca de 20 vão poder transitar do modelo A para o modelo B,...

De acordo com o diploma, “o número de unidades de saúde familiar (USF) de modelo A a constituir no ano de 2018 é de 30” e “durante o quarto trimestre de 2018 transitam até 20 USF do modelo A para o modelo B.

Criadas em 2005, as USF foram fundadas como uma forma alternativa ao habitual centro de saúde, prestando também cuidados primários de saúde, mas com autonomia de funcionamento e sujeitas a regras de financiamento próprias, baseados também em incentivos financeiros a profissionais e à própria organização.

O modelo B de USF é uma forma mais evoluída de organização e está definido como aquele em que equipas com maior amadurecimento organizacional e maiores exigências de contratualização garantem maior disponibilidade para atingir níveis avançados de acesso para os utentes, elevado desempenho clínico e eficiência económica.

O despacho hoje publicado indica ainda que “fica ratificado o número de USF de modelo A autorizadas para o ano de 2017, que é de 23”.

Esta ratificação significa uma confirmação de que foram autorizadas a abrir 23 unidades, segundo explicação de fonte oficial do Ministério da Saúde.

No mês passado, houve no parlamento uma polémica sobre o número de USF abertas em 2017. O primeiro-ministro, António Costa, chegou a afirmar, em resposta ao CDS, que tinham aberto 23 USF, tendo a líder do CDS Assunção Cristas indicado que nenhuma foi “regularmente” aberta.

Hoje, no debate quinzenal no parlamento, António Costa referiu que foram criadas 18 USF em 2017 e aludiu ao despacho publicado hoje em Diário da República que ratifica as restantes cinco unidades.

Unidade de transplantação
O hospital Santa Maria, em Lisboa, realizou esta semana o seu milésimo transplante renal, um número que os profissionais...

O doente renal transplantado é um homem na casa dos 40 anos, empresário, que fazia diálise e que estava em lista de espera há cerca de dois anos.

Segundo o coordenador da unidade de transplantação do Santa Maria, José Guerra, o doente encontra-se “excelente”, ainda internado na instituição, mas dentro de cinco ou seis dias poderá mesmo ter alta.

“Poderá ter uma vida com melhor qualidade e poderá utilizar o seu tempo não com as limitações que a insuficiência renal dá, tendo um futuro mais risonho à sua frente”, afirmou José Guerra em entrevista à agência Lusa.

Este doente encontrava-se há cerca de dois anos a aguardar por um rim compatível, que acabou por chegar numa madrugada desta semana, de um dador cadáver, sendo o órgão colhido também no hospital Santa Maria, o que nem sempre acontece. Ou seja, nem sempre os órgãos são colhidos nas unidades de saúde em que são transplantados.

O coordenador da unidade de transplantação explica que os mil transplantes “têm um significado muito particular”, que correspondem a um percurso iniciado em 1989 no Santa Maria.

“Atingimos este número, que outras unidades já atingiram, depois de muitos anos de trabalho, depois de uma curva de aprendizagem, em que fomos aumentando o número de transplantes. É um número com uma carga muito particular e serve para marcar e refletir sobre o que já fizemos e vamos continuar a fazer”, afirmou.

Em 2017, o hospital de Santa Maria realizou 65 transplantes renais, o que corresponde a um crescimento de cerca de 50% face aos anos anteriores.

José Guerra reconhece que o progressivo aumento de transplantes, transversal ao país, é consequência do aumento das colheitas e também “da logística cada vez mais adequada” dos serviços desta área.

A diretora do serviço de cirurgia pediátrica do Santa Maria, Miroslava Gonçalves, acabou por ter uma intervenção neste milésimo transplante renal, uma vez que esteve na colheita do órgão que permitiu o transplante.

A cirurgiã pediátrica lembra a complexidade da atividade de transplantação, que é totalmente multidisciplinar, “envolvendo imensos profissionais e especialidades”.

“Todos os profissionais são fundamentais, não só médicos, enfermeiros e técnicos. Há inúmeras pessoas envolvidas, até os polícias que nos transportam os órgãos de um lado para o outro são extremamente importantes. Quando falamos em transplantes, é um mundo e que envolve uma organização que é fundamental, e essa, nós temos”, afirmou Miroslava Gonçalves.

Apesar de toda a organização e multidisciplinaridade, a cirurgiã admite que a técnica do transplante é “relativamente simples”, mas exige perícia e é desafiante: “quando uma coisa é relativamente simples, o que devemos tentar é sempre chegar à perfeição”.

No Santa Maria, o serviço de transplantação de adultos tem integrada a área infantil ou pediátrica desde 1995. O trabalho dos médicos é feito em conjunto e o próprio bloco onde as crianças são transplantadas é comum ao dos adultos.

“Mas, no fundo, o transplante renal infantil é todo feito em ambiente infantil. Quando a criança já tem o seu órgão vai para os cuidados intensivos infantis e todo o ambiente é da área infantil, sendo que todas as pessoas que tratam a criança são da área infantil”, descreve Miroslava Gonçalves.

O número de transplantes em idade pediátrica no Santa Maria é “relativamente escasso”, mas ainda assim o suficiente para ser considerado um centro de referência europeu, sendo que para tal são necessários seis a sete transplantes por ano. No total, o Santa Maria atingiu a nível infantil um número que ronda os 150.

Este hospital começou por transplantar crianças que tivessem pelo menos 25 quilos, mas atualmente já transplantam menores com 11 quilos.

A especialista explica que, nesta área, o que conta para os médicos não é a idade da criança, mas sim o peso, devido ao espaço para colocação de órgãos e à eventual menor gravidade de complicações. E, nas crianças com insuficiência renal, dez quilos não significam, como habitualmente, um ano de idade, podendo uma criança com aquele peso ter já dois ou três anos.

Miroslava Gonçalves considera que o número simbólico de “mil transplantes é fantástico e fenomenal”, sublinhando que na área infantil os números não têm essa mesma grandeza.

Grécia
Iniciativa, durante o mês de fevereiro, na ilha de Lesbos é acolhida pela Plataforma de Apoio aos Refugiados.

Uma professora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) e uma enfermeira a frequentar mestrado na instituição vão estar, durante o mês de fevereiro, no campo de refugiados de Kara Tepe, na ilha de Lesbos (Grécia), onde estimam prestar apoio a 80 crianças em idade escolar e, eventualmente, a dois grupos de jovens adolescentes, ao nível da promoção da saúde mental e da educação não formal.

Nesta missão, a professora Ana Paula Monteiro – investigadora responsável pelo projeto ancorado na Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E), Beyond Borders: Promoting Refugee Children Mental Health - A Mental Health Nursing Project in a Refugee Camp – e a enfermeira Luísa Santos – que estará em ensino clínico no âmbito do mestrado em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria que frequenta na ESEnfC – contam com a inestimável colaboração da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), que acolheu esta incumbência, sendo, ainda, aguardado o apoio de algumas empresas de Coimbra.

As representantes da ESEnfC estarão integradas numa equipa de voluntários da PAR, com o estatuto de voluntárias desta plataforma de organizações da sociedade civil portuguesa e sob a sua tutela. A PAR assegura o alojamento e todo o apoio logístico no terreno. As duas enfermeiras vão trabalhar com as crianças tendo por base um contentor sem aquecimento, numa altura em que as condições no terreno são particularmente difíceis: é inverno e faz muito frio.

Ana Paula Monteiro, enfermeira, mestre em Sociologia e doutorada em Ciências Biomédicas, explica que «o campo de Kara Tepe, junto da fronteira com a Turquia, acolhe os refugiados mais vulneráveis, incluindo mulheres que viajam sozinhas com crianças, crianças não acompanhadas, idosos e algumas pessoas com deficiência».

De acordo com a docente da ESEnfC, «crianças e famílias estão num “limbo”, entre uma guerra devastadora e experiências traumáticas e a espera de poderem recomeçar as suas vidas com cidadania plena dentro da Europa». Porém, prossegue a investigadora, «muitas fronteiras estão fechadas e o processo de reunificação familiar e de colocação de refugiados é muito lento».

Para Ana Paula Monteiro e Luísa Santos, «o lema da PAR nesta missão, “Cuidar da Espera”, tem todo o sentido na área de Enfermagem de Saúde Mental».

«São crianças em contextos de extrema vulnerabilidade, que estão, literalmente, à espera do seu futuro. Esperamos, com muita humildade, ser capazes de compreender e acolher esta realidade», afirmam as duas enfermeiras, que com elas levam presentes para as crianças em Kara Tepe: brinquedos de peluche que, ao longo de duas semanas, foram recolhidos na ESEnfC.

O projeto Beyond Borders: Promoting Refugee Children Mental Health - A Mental Health Nursing Project in a Refugee Camp integra uma equipa e vários consultores (investigadores, psicólogos, enfermeiros especialistas em Saúde Mental e especialistas em Psiquiatria), contando também com a colaboração de mais duas professoras da ESEnfC, Paula Camarneiro e Ana Perdigão. 

Centro Hospitalar Lisboa Norte
O hospital de Santa Maria, em Lisboa, afirma que conseguiu contratar os enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica...

Em declarações, o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte lembrou que tiveram de ser recrutados novos enfermeiros especialistas porque o hospital se deparou com carência de profissionais.

Esta situação teve origem num movimento nacional desses enfermeiros especializados, que no verão passado, durante largas semanas, deixaram de cumprir funções de especialista por não serem pagos para o efeito.

Segundo Carlos Martins, o hospital de Santa Maria, o maior do país, iniciou um processo de recrutamento de enfermeiros especialistas, tendo contratado em prestação de serviço para a urgência 160 horas semanais, o que equivale a quatro enfermeiros em tempo integral a partir deste mês.

Há ainda oito contratos de enfermeiros especialistas a aguardar autorização final no Ministério das Finanças.

“Teremos em fevereiro quatro enfermeiros a tempo integral na urgência e oito novos enfermeiros especialistas a trabalhar connosco, mas não iremos parar por aqui. O planeamento que temos em termos de recomposição dos recursos humanos em carreira de enfermagem, de especialistas, terminará a 30 de junho”, afirmou Carlos Martins.

O administrador de Centro Hospitalar em que está integrado o Santa Maria sublinha que tem “assegurado que estão garantidas todas as condições” para retomar a plena atividade na área de saúde materna e obstetrícia, no caso concreto das primeiras consultas de interrupção voluntária da gravidez, que estiveram interrompidas.

“Retomamos hoje as primeiras consultas”, confirmou o administrador, lembrando que a situação de carência de enfermeiros especialistas levou a tomar “medidas extraordinárias”, que passaram por enviar as utentes para unidades privadas com convenção com o Serviço Nacional de Saúde, mas sem colocar em causa “a capacidade e o tempo de resposta”.

As consultas de interrupção voluntária da gravidez no Hospital Santa Maria, em Lisboa, vão ser retomadas a partir de hoje, depois de terem estado suspensas por carência de enfermeiros especializados, segundo o hospital.

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