Estudo
Investigadores na área da psicologia propõem um aprofundamento do conhecimento científico na área da eutanásia para legislar...

“Os psicólogos podem e devem ser ouvidos no debate em torno da legalização da eutanásia e do suicídio assistido e intervir sempre que alguém manifeste o desejo de morrer”, afirmou um dos autores do estudo a que a Lusa teve hoje acesso.

A investigação é da autoria de Miguel Ricou, psicólogo e investigador do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e de Tony Wainwright, investigador da Universidade de Exeter, no Reino Unido.

Publicado na revista científica Europen Psychologist, o estudo salienta que “o sofrimento é capaz de transformar as pessoas, mas, para que isso aconteça, tem de haver capacidade de adaptação”.

Contudo, “há casos em que o sofrimento é tão profundo que não se perspetiva a possibilidade de adaptação, pelo que negar o direito a morrer pode ser perpetuar o sofrimento da pessoa”.

Neste enquadramento, o que mais preocupa os investigadores na área da psicologia é a inexistência de evidência científica que permita distinguir as pessoas que vão conseguir ajustar-se ao sofrimento, embora manifestem o desejo de morrer num determinado momento, das que viverão em sofrimento psicológico constante.

“Uma das decisões mais difíceis de tomar por parte de um profissional de saúde é saber se a eutanásia é do melhor interesse do paciente. Ou seja, se um paciente que pede para morrer está efetivamente a tomar uma decisão informada e definitiva e se essa decisão representa de facto o seu melhor interesse. Os psicólogos serão, sem dúvida, os profissionais mais capacitados para o fazer”, defendeu Miguel Ricou.

De acordo com o investigador, “os psicólogos devem assumir um papel de avaliação e orientação”.

Um estudo anterior, na área do suicídio, também assinado pelo investigador do CINTESIS, demonstrou que há alguns fatores que aumentam a probabilidade de as pessoas atentarem contra a sua vida.

“O desejo de morrer parece estar associado a uma menor religiosidade, menor capacidade funcional, mais dor, falta de suporte social e familiar e sentimento de perda de dignidade”, afirma o especialista em psicologia, explicando que os quadros depressivos e a perceção de que se é um peso para os outros também contribuem para a manifestação de vontade de morrer.

No estudo lê-se ainda que “alguém que pondere terminar com a vida enfrenta a mais importante decisão que um ser humano pode tomar. Os psicólogos precisam de se tornar presentes nestas tomadas de decisão”.

Dadas as dimensões psicológicas envolvidas neste tipo de decisão, os investigadores defendem que os psicólogos devem ser chamados a contribuir para o atual debate em torno da legalização da eutanásia que decorre na sociedade portuguesa.

A legislação deve ser baseada “muito mais em evidência científica e menos em valores pessoais. O que está em causa é o melhor interesse da pessoa doente”, frisou Miguel Ricou, que diz estranhar a urgência em legislar sobre o tema.

“Esta urgência parece-me disparatada e gostava que se conseguisse ter o bom senso de esperar. Deve-se tentar evitar o máximo de injustiças possível, porque enganar-nos num processo destes deve ser dramático. E é isso que está em causa”, sustentou.

Estes profissionais devem ocupar um papel no terreno, junto dos pacientes que requerem a morte antecipada, junto das suas famílias e, possivelmente, junto de outros profissionais que eventualmente estejam envolvidos no processo, independentemente de existir ou não uma mudança na lei.

O PS vai apresentar até ao fim de março o seu projeto de lei sobre morte assistida e espera que os diplomas sejam votados até julho, no final da sessão legislativa, anunciou na quinta-feira o líder parlamentar socialista.

Este calendário, de aprovação no parlamento até julho, coincide com o do Bloco de Esquerda, que entregou na terça-feira o seu projeto de lei no parlamento.

 

Dia Nacional do Doente Coronário - 14 de fevereiro
Anualmente, esta doença é responsável pela morte de cerca de 2 milhões de pessoas na Europa. Afeta principalmente o sexo...

A 14 de Fevereiro, assinala-se o Dia Nacional do Doente Coronário e, como tal, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia alerta para os números alarmantes da doença coronária no nosso país.

As doenças cardiovasculares têm ocupado, ao longo dos anos, o primeiro lugar nas causas de morte em Portugal, sendo que a doença arterial coronária representa mais de um terço das causas.

Esta é provocada por placas de gordura que se vão acumulando ao longo do tempo nas paredes das veias e artérias (aterosclerose) e que as vão estreitando, impedindo uma correta circulação do sangue. Desta forma, o músculo cardíaco não recebe oxigénio suficiente nem os nutrientes necessários ao seu funcionamento, o que poderá causar angina de peito ou enfarte audo do miocárdio.

Os fatores de risco mais frequentemente associados à doença coronária são o sedentarismo e uma alimentação inadequada, que têm como consequência o excesso de peso, a pressão arterial elevada e a diabetes. Adicionalmente, o tabagismo é também um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença coronária e é responsável por cerca de 20% das mortes relacionadas com esta doença.

Alguns dos fatores de risco não são passíveis de serem modificados, tais como os fatores genéticos e a história familiar; o sexo masculino e a idade avançada estão também diretamente ligados ao desenvolvimento desta doença.

A doença coronária tende a ser diagnosticada cerca de 10 anos mais tarde na mulher, quando comparado com o homem, devido às hormonas segregadas durante a idade fértil e que são um fator protetor.

Após a menopausa, o risco das mulheres aumenta e aproxima-se progressivamente do risco cardiovascular dos homens.

Importa alterar que a doença coronária nem sempre apresenta sintomas; ou seja, o primeiro sinal poderá ser um enfarte agudo do miocárdio e neste caso, a probabilidade de um evento fatal é de cerca de 30%.

No entanto, a maioria das pessoas pode apresentar alguns sintomas de alerta, tais como falta de ar, fadiga constante, e dor ou desconforto na zona torácica (angina de peito) que pode estender-se ao braço e pescoço.

A prevenção da doença coronária é conseguida através da adoção de hábitos saudáveis tais como a cessação do tabagismo, uma boa alimentação e a prática de exercício físico, tendo sempre em conta as limitações de cada doente. Contudo, este objetivo só será atingido se houver uma educação e sensibilização da população, alertando-a para os perigos das doenças cardiovasculares no geral e da doença coronária em particular.

A Sociedade Portuguesa de Cardiologia apela, assim, a todos os cidadãos que procurem ajuda médica no caso de apresentarem os sintomas descritos e pertencerem a um grupo de risco.

 

Pesquisa
Uma equipa de cientistas britânicos conseguiu desenvolver óvulos humanos em laboratórios pela primeira vez, o que pode...

Segundo o artigo publicado na revista especializada “Molecualar Human Reproduction”, especialistas da Universidade de Edimburgo extraíram células de óvulos do tecido ovarino nas suas primeiras fases de desenvolvimento e fizeram-nas crescer até estarem prontos a ser fertilizados.

Os cientistas tornaram assim possível o desenvolvimento do óvulo humano fora do ovário, desde a sua primeira fase até atingir a plenitude da sua maturidade, segundo o estudo que é citado pela agência de notícias EFE.

Contudo, os investigadores admitem que é necessário realizar estudos adicionais para que este método possa ser usado em prática clínica, mas consideram que é relevante porque oferece esperança a mulheres ou adolescentes que se submetem a tratamentos como quimioterapia - com riscos de esterilidade -, permitindo que possam vir a recuperar óvulos, amadurecendo-os fora do ovário, de modo a que possam ser posteriormente armazenados para fertilização.

Atualmente, as mulheres podem congelar seus óvulos maduros - ou mesmo embriões, se tiverem sido fertilizados com o esperma de um casal - antes de iniciar tratamentos médicos como a quimioterapia, embora esta opção ainda não seja possível no caso de crianças ou adolescentes que estão doentes.

 

 

Dia Mundial do Doente - Opinião
O dia 11 de fevereiro é o dia mundial do doente, um dia marcado pela esperança, pela fé e pela confi

É um dever inquestionável cuidar bem os doentes agudos para ficarem curados e os doentes crónicos ou gravemente incapacitados devem ser tratados com ternura em centros de excelência para minimizar o seu sofrimento.

Todos os profissionais da saúde, familiares e sociedade civil em geral devem empenhar-se e dedicar-se a esta missão tão nobre que envolve a criação de metas para conseguir prestar os cuidados de saúde que os doentes merecem.

É do conhecimento comum que o direito à saúde e à vida são princípios implícitos à dignidade Humana.

O direito à vida deve ser entendido como um direito humano que merece respeito, que deve ser preservado e, sobretudo, alicerçado em valores que permitam usufruí-lo com liberdade, igualdade e justiça em todas as fases da vida e em todos os estados vivenciados pela pessoa, independentemente de ser doente ou não e do grau de dependência ou limitação funcional temporária ou definitiva que padeça.

Ter direito à vida não é só ter direito de viver.  É exigível criar e manter as condições para a sustentabilidade de uma vivência digna, sem descriminações, minimizando o sofrimento decorrente das experiencias resultantes do aparecimento de uma doença, devendo por si só a obrigatoriedade de tratar os doentes usando todos os meios humanos, técnicos e científicos disponíveis para o cuidar com qualidade.

Cuidar um doente significa prestar assistência a uma pessoa fragilizada, abalada, insegura, em que a responsabilidade de quem cuida implica observar, pensar, raciocinar, refletir, zelar, medicar de acordo com a individualidade de cada um.

O dever dos profissionais da saúde é manter a vida e evitar ou, se não for possível, minimizar as sequelas resultantes das doenças.

Mas, nem sempre é essa a opção do paciente levando-o, nalguns casos, a desejar pôr termo à vida.

Mas será esse o desejo final? Ou haverá outras questões que obrigam a uma decisão para a qual, na minha opinião, não temos esse poder?

Mas nem todos pensam da mesma forma e as decisões vivenciadas podem ser diferentes. Cito por exemplo a Suíça e transcrevo na íntegra o que li: “ Suíça mais de 1.200 pessoas optaram pelo suicídio assistido em 2017, um terço mais do que no ano anterior.

Poder-se-á admitir que esta é a forma moderna de por fim à vida. Porém muitos familiares sofrem de traumas depois de acompanharem um suicídio assistido é o que revela um estudo realizado na Suíça em 2012, sendo que a morte “natural” de familiar causa uma crise inicial, mas que depois é superada. (fonte SWI swissiinf.ch, 08.julho de 2016).“

“Sono induzido -Um estudo da Universidade de Zurique mostrou que cada vez mais soníferos são aplicados nos últimos estágios da vida em hospitais suíços. Isso ocorre quando um paciente tem uma doença terminal, sofre de dores insuportáveis (fonte jornal NZZ am Sonnatag). Em 2001, 4.7 % dos falecimentos ocorreram durante o sono induzido. Em 2013 já eram 17.5 por cento”.

Tendo em conta os pensamentos, as doutrinas e as leis existentes, não seria expectável que a defesa da vida fosse colocada em causa, todavia a nível mundial vamos assistindo a várias mudanças comportamentais que são deveras constrangedoras.

Citando Alexandre Morais (2007, p 46-47) “a dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida (…) ”.

Segundo Immanuel Kant (2000) “Só o homem não existe em função de outro e por isso pode levantar a pretensão de ser respeitado como algo que tem sentido em si mesmo”.

Sarlet (2001, p.26), nas suas conclusões refere que a dignidade “é inerente aos homens, inata a sua natureza de ser humano, é direito constitucional, sua aplicação e eficácia são imediatas, não pode ser alienada, não sofre prescrição (…) ”.

Em suma, a nossa missão será sempre defender o paciente, evitar a morte e dar qualidade à Vida, mantendo e tratando o doente com dignidade, humanidade e ciência médica.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Prevenção
O presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG), Luís Tomé, defendeu hoje uma discussão aberta sobre o melhor...

"As pessoas não se apercebem da dimensão da questão, mas é uma coisa verdadeiramente brutal. Estamos perante um problema em que há uma mortalidade oito vezes superior àquela que acontece como consequência dos acidentes de viação", disse o especialista à agência Lusa.

Segundo Luís Tomé, que falava a propósito da Reunião Monotemática da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, que vai decorrer no sábado, na Figueira da Foz, a mortalidade associada ao cancro colorretal não para de aumentar em Portugal, enquanto outros países já conseguiram inverter essa tendência.

Os cancros do intestino grosso são possíveis de prevenir "porque os tumores desenvolvem-se quase sempre em cima de pólipos, que quando crescem de uma certa maneira transformam-se em estruturas malignas".

"Quando encontrarmos os pólipos [através da colonoscopia] e os removermos, evitamos que se desenvolvam tumores nos intestinos", sublinhou Luís Tomé, defendendo que todas as pessoas a partir dos 50 anos deviam realizar uma colonoscopia.

O presidente da SPG salienta que, nos países desenvolvidos, "verifica-se que o número de doentes que morrem com problemas do intestino grosso têm vindo a diminuir, porque eles encontram os pólipos e removem-nos", ao contrário do que acontece em Portugal, em que tem crescido.

De acordo com o especialista, de 2008 para 2014 houve mais 500 casos mortais em Portugal.

"A Direção-Geral de Saúde tentou implementar um sistema em que tentam encontrar as pessoas que têm pólipos, pesquisando o sangue oculto nas fezes, mas essa pesquisa é pouco sensível para detetar os pólipos, sendo mais sensível para detetar os tumores", disse.

Para Luís Tomé, o método que está a ser seguido "não é propriamente rigoroso", dando o exemplo dos Estados Unidos da América e também de países europeus, em que a prevenção assenta exclusivamente em colonoscopias, que permitam a remoção dos pólipos durante o exame.

Enquanto uma colonoscopia deve ser realizada de 10 em 10 anos, os testes de sangue oculto nas fezes tem de ser realizado todos os anos e a "experiência mostra-nos que as pessoas perdem a paciência e deixam de o fazer".

Por outro lado, referiu, o sangue oculto "deteta mais tumores do que pólipos e o que se quer é encontrar pólipos antes de se transformarem em tumores, que é o que está a matar".

Na reunião de sábado, na Figueira da Foz, em que vão participar cerca de 250 especialistas, o presidente da SPG pretende uma discussão aberta sobre a importância do diagnóstico precoce para o sucesso do tratamento, de forma a inverter a tendência de evolução do número de tumores.

"Neste momento, as pessoas já estão mais sensibilizadas e já se realizam mais de 300 mil colonoscopias anuais em Portugal, pelo que estamos a começar a caminhar para um bom caminho", enfatizou Luís Tomé.

Um ano após a vacina contra a tuberculose (BCG) começar a ser administrada apenas às crianças de grupos de risco, a diretora...

Desde 01 de janeiro de 2017 que a vacina contra a tuberculose – BCG (‘Bacillus Calmette-Guérin’) deixou de ser administrada universalmente, ou seja, a todas as crianças, aquando do seu nascimento.

A estratégia adotada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) passou por vacinar apenas as crianças que pertencem a grupos de risco: famílias com risco acrescido de casos de tuberculose ou em comunidades com taxas da doença mais elevadas.

Em entrevista à agência Lusa, a diretora-geral da Saúde referiu que a avaliação preliminar a esta alteração do Programa Nacional de Vacinação (PNV) revela que “não se verificou um aumento do número de casos de tuberculose em crianças, acima do esperado”.

“Há uma grande proporção [da população] portuguesa, mesmo a infantil, que pela sua característica de residência, da sua pertença ou não pertença a grupo de risco, não precisa de ser vacinado contra a BCG”, disse Graça Freitas.

Em última análise, explicou, as autoridades sabem que a estratégia de vacinação está a funcionar se não aparecerem novos casos, “o que não está a acontecer”.

“A avaliação preliminar não aponta para um aumento de casos”, referiu.

Outra alteração que entrou em vigor há um ano foi a recomendação da vacinação das grávidas contra a tosse convulsa, com vista a proteger as crianças da doença.

Graça Freitas congratulou-se pela taxa de adesão que é “muito boa nas grávidas”.

“Os obstetras e os pediatras entenderam que podia ser uma mais-valia vacinar as mães para proteger as crianças”, disse, revelando que “a cobertura vacinal das grávidas ultrapassa os 60%” e que, “provavelmente, ainda será superior”.

Para já ainda é cedo para a avaliação do impacto da vacinação com a doença, o que deverá ser possível dentro de um ano.

“Um ano não dá para avaliar a doença. Temos de dar tempo à história natural da doença para avaliar se a vacina teve um impacto positivo ou não”, declarou.

A propósito do ato de vacinar, Graça Freitas reiterou o que tem afirmado: “O ato de não vacinar não é um ato neutro. É um ato assumidamente de não proteção”.

“Quando as pessoas decidem não se vacinar não estão a tomar uma decisão neutra, mas de não proteção”, disse.

Sobre os dois surtos de sarampo que atingiram Portugal em fevereiro do ano passado, causando a morte de uma jovem, Graça Freitas avançou que nunca será conhecida a origem da infeção. “Nunca vamos ter a certeza”, acrescentou.

“O que aconteceu com a jovem é que, não tendo nenhuma dose, contraiu o sarampo e esta não é uma doença benigna, pois algumas pessoas acabam por morrer, que foi o que infelizmente aconteceu”, disse.

Para Graça Freitas, “de certeza de que a sua família decidiu convencida de que estava a decidir pelo melhor. Não estando vacinada, não estava protegida e, como teve contacto com o vírus, contraiu a doença”.

 

Diretora-geral da Saúde
Os doentes com ‘legionella’ na CUF eram menos vulneráveis que os do São Francisco Xavier, o que explicará a ausência de mortes...

Em entrevista à agência Lusa, Graça Freitas sublinha ainda que a atuação do dispositivo de saúde pública foi exatamente a mesma nas duas situações dos hospitais de Lisboa, não se distinguindo as medidas e decisões tomadas na unidade do Serviço Nacional de Saúde e na unidade privada.

“Tratámos as duas situações exatamente com o mesmo protocolo e acionámos as mesmas medidas. O dispositivo correu bem, sendo que a dimensão [do surto] foi diferente, em São Francisco Xavier houve óbitos a lamentar, mas em termos de situação da saúde pública as coisas correram bem porque se interrompeu a cadeia de transmissão”, afirmou.

Graça Freitas indicou ainda que a ausência de mortes no surto de ‘legionella’ na unidade da CUF pode estar relacionada com a menor idade destes doentes e com uma mais favorável situação clínica de base, comparativamente aos do São Francisco Xavier.

“De um modo geral, os doentes do Hospital São Francisco Xavier, pelas características dos hospitais, eram pessoas mais idosas e com mais patologias de base. Tinham muitas patologias, anteriores à pneumonia por ‘legionella’ e eram de um grupo etário mais avançado”, justificou.

O surto da CUF Descobertas, que infetou, até ao momento, 15 pessoas, ainda não está dado como terminado, porque é necessário respeitar o período máximo de incubação da doença a partir do momento em que foram tomadas as medidas na canalização da água para travar a infeção.

A diretora-geral da Saúde indicou ainda que está já em curso o programa de vigilância da ‘legionella’ nos hospitais, que tinha sido determinado pelo ministro da Saúde, mas vincou que se trata de uma “vigilância suplementar” que complementa o que já é feito pelas unidades de saúde e pelas autoridades.

Graça Freitas explicou que foi feito um levantamento nos vários hospitais pelas autoridades locais e que foi estabelecido um calendário de colheitas e análises à água.

Previamente foi feito um trabalho sobre as unidades consideradas prioritárias, o que não tem a ver com a dimensão do hospital, mas antes com a avaliação de risco, tendo em conta fatores como a idade do edifício da instituição, o tipo de canalização ou a existência de torres de arrefecimento.

Para a diretora-geral da Saúde, os vários surtos de ‘legionella’ que têm ocorrido no país, desde o de Vila Franca de Xira em 2014, são uma espécie de lições, em que se vai aprendendo a gerir melhor as situações.

“Os surtos são treinos da vida real, infelizmente, mas aprende-se muito. Cada surto que passa acaba por ser uma grande aprendizagem. No final de um surto fazemos uma avaliação para ver o que correu bem, menos bem ou mal e aprender lições. A grande aprendizagem que estes surtos nos dá é a de fazer melhor da próxima vez. Os surtos são treinos, exercícios na vida real”, argumentou.

Graça Freitas considera ainda que há uma maior capacidade e atenção clínica para identificar os casos de infeção por ‘legionella’, admitindo até que tenham, no passado, chegado a haver surtos que não foram identificados.

“Há novidades em termos de diagnóstico de há uns anos para cá. Com um teste muito simples na urina dos doentes consegue detetar-se facilmente um caso”, indicou, considerando que os médicos estão também cada vez mais atentos a esta possibilidade.

Graça Freitas foi nomeada diretora-geral da Saúde no início de janeiro, mas estava já desde outubro em regime de substituição do anterior diretor, Francisco George.

A especialista, que lida com emergências de saúde pública desde que em 1996 entrou para a DGS, considera que substituir Francisco George “não foi difícil”, mas reconhece que é trabalhoso, lembrando que apanhou com “o embate dos surtos” de ‘legionella’, dois no período de dois meses.

 

Problemas ambientais
A Direção-geral da Saúde (DGS) garante que está a ser feita uma avaliação de risco na zona de Paio Pires, Seixal, junto à...

Em entrevista à agência Lusa, a diretora-geral da Saúde, no cargo há menos de dois meses, comentava assim o movimento de cidadãos 'Os Contaminados', criado no concelho do Seixal, que já apresentou uma queixa na União Europeia a denunciar problemas ambientais relacionados com a Siderurgia Nacional e a apelar à intervenção internacional para a sua resolução.

Graça Freitas indicou que a “avaliação prévia do risco” está a ser feita, estando o assunto nas mãos do delegado de saúde da região de Lisboa e Vale do Tejo.

Contudo, a responsável admitiu que o assunto pode vir a ser “um problema considerado suficientemente grande” para passar para a responsabilidade do nível nacional do dispositivo de saúde pública.

Segundo explicou, tem de ser feita uma avaliação de risco que envolve perceber que tipo de poluentes estão em causa, qual a população exposta e quais as consequências.

“É preciso saber exatamente que partículas são e depois perceber como têm impacto na saúde das pessoas”, disse, indicando que esse trabalho está a ser feito em conjunto com a Agência Portuguesa do Ambiente.

Contudo, Graça Freitas lembra que a perceção da população sobre a poluição “pode estar ou não sobredimensionada”.

Indicando que não desvaloriza o caso, a diretora-geral da Saúde argumenta ainda que, se já tivesse sido encontrada uma situação “francamente gravosa”, se teriam tomado medidas para suspender o problema.

“Também estou certa de que se tivesse sido encontrado um poluente altamente nocivo para a saúde humana, teriam de ter sido tomadas as medidas necessárias. Não sei concretamente a situação. Falei há uma semana com o meu colega de Lisboa e Vale do Tejo a quem foi entregue o dossier e sei que está a ser feita a avaliação do risco, mas creio que se tivesse sido encontrada uma situação francamente gravosa teria sido suspensa”, afirmou.

Graça Freitas considera que “as pessoas têm o direito de ser esclarecidas e de colocar dúvidas ou perguntas”.

“Tomarei as medidas necessárias para que as pessoas vão sendo informadas, pelo menos através do departamento de saúde pública (…). E de que serão esclarecidas”, assegurou, adiantando que é preciso prestar contas à população, até porque a tranquilidade das pessoas faz parte da sua saúde e bem-estar.

Na petição enviada a Bruxelas, o movimento “Os Contaminados” explica que “são inúmeras as queixas apresentadas pelos habitantes da Aldeia de Paio Pires, concelho do Seixal, sobre os efeitos nefastos da laboração da Siderurgia Nacional”.

O movimento pede que seja realizada, com a máxima urgência, uma avaliação dos impactos resultantes da poluição atmosférica e sonora produzida pela empresa siderúrgica SN-Seixal, SA, na saúde da população residente na localidade de Aldeia de Paio Pires, bem como nas populações das localidades vizinhas, designadamente no concelho do Barreiro.

“São mais de 15 mil seres humanos obrigados a respirar um ar que ninguém ainda lhes garantiu ser respirável”, refere o movimento na queixa.

 

DGS
A reserva do antiviral Oseltamivir, que Portugal adquiriu em 2005 como medida preventiva contra uma pandemia de gripe, por 22,5...

Em entrevista à agência Lusa, Graça Freitas recordou que a reserva deste medicamento foi feita “como um seguro de saúde” e que algumas doses, que não especificou, chegaram mesmo a ser usadas.

A especialista em doenças transmissíveis adiantou que os 2,5 milhões de tratamentos – na altura considerados os mais eficazes contra o vírus H1N1, que em 2009 causou uma pandemia de gripe – tinham um prazo.

Inicialmente, a reserva de Oseltamivir tinha um prazo de cinco anos, mas manteve boas condições para uma validade de oito anos, pois o produto foi apresentando “boas características”, mesmo para além do prazo de validade oficial.

“Além do prazo oficial, quer a própria empresa [laboratório], quer o Infarmed, foram sempre verificando as condições daquele produto, que esteve mantido em condições ideais, do ponto de vista da temperatura, da humidade, do ponto de vista ambiental e físico”, disse.

“A partir do momento em que se considerou que o produto já não tinha condições para ser usado com toda a segurança, procedeu-se a todos os mecanismos necessários, incluindo os financeiros, para inativar essa reserva”, adiantou.

Graça Freitas assegurou que “este processo foi prolongado para que o Estado português não saísse lesado”.

“Foram tomadas medidas, quer do ponto de vista de acautelar a situação financeira, a destruição do produto em segurança, sem riscos para as populações, sem encargos financeiros extraordinários, com tudo feito de acordo com as boas práticas e a legislação em vigor”, prosseguiu.

Segundo a diretora-geral da Saúde, neste momento está a ocorrer a incineração da reserva, através de um processo que envolve “muitas entidades”.

“O que fizemos, a nível central, foi acautelar todas as peças deste processo para não haver qualquer razão para haver qualquer ilegalidade, dano financeiro, nada”, sublinhou.

Graça Freitas anunciou que este processo terá de ser terminado oficialmente: “No fim será lavrado entre as instituições envolvidas um auto para encerrar este procedimento”.

Sobre a eventual necessidade de uma nova aquisição de Oseltamivir, Graça Freitas referiu que “neste momento há mecanismos europeus que vão permitir, se houver uma ameaça pandémica real, poder fazer aquisições a nível de procedimentos centralizados europeus”.

“Portugal foi um dos países que aderiu a este tipo de procedimentos e estamos sempre com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outros parceiros a fazer a avaliação de risco de uma pandemia”, prosseguiu.

Graça Freitas recordou que, “quando foi tomada a decisão de compra [dos 2,5 milhões de tratamentos] foi porque havia indícios” de que poderia existir uma pandemia.

“Mais uma vez, a avaliação de risco é que vai determinar em que altura em que se acionam ou não reservas, quer de medicamentos, quer de vacinas”, referiu.

O Oseltamivir é um inibidor da neuraminidase, que a OMS elegeu como o mais eficaz contra as estirpes virais H1N1, tal como tinha acontecido com o H5N1 (vírus da gripe das aves).

A compra do Oseltamivir foi decidida em Conselho de Ministros, em 2005. A decisão, publicada no Diário da República a 21 de setembro, atribuiu uma verba de 22,58 milhões de euros para a aquisição deste antiviral.

 

Legionella
O número de casos diagnosticados com doença dos legionários com ligação ao surto de ‘legionella’ no Hospital CUF Descobertas,...

Numa atualização divulgada hoje, a Direção-Geral de Saúde informa na sua página na Internet que se mantêm os mesmos 15 casos de Doença dos Legionários notificados desde 27 de janeiro até às 18:00 de hoje.

A nota da DGS revela que dos 15 doentes diagnosticados com a 'legionella' dez já tiveram alta, um não chegou a ficar hospitalizado e quatro permanecem internados, "dois em enfermaria" e outros dois "em unidades de cuidados intensivos".

Segundo a DGS, os 15 casos respeitam a nove mulheres e seis homens. Quase todos os doentes (13) com idade superior a 50 anos.

Na sexta-feira passada, o ministro da Saúde afirmou que estava estabilizado o surto de doença do legionário do hospital CUF Descobertas, afirmando que, a partir de março, o Governo pretende ajudar os hospitais a "apertar a malha" no controlo da bactéria 'legionella'.

Em declarações aos jornalistas após acompanhar o Presidente da República numa visita ao hospital, Adalberto Campos Fernandes afirmou que o surto está agora na fase descendente, tendo atingido o número máximo de casos - quinze.

 

As propostas partidárias que preveem a legalização da canábis para fins terapêuticos suscitam “muitas dúvidas” ao diretor do...

O diretor do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), João Goulão, disse ontem no parlamento, onde foi ouvido no âmbito do grupo de trabalho que vai avaliar a utilização da canábis para fins medicinais, ter “algumas, para não dizer muitas dúvidas” sobre alguns pontos das propostas do Bloco de Esquerda e do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) no que diz respeito ao uso da canábis na forma fumada e ao autocultivo.

Começando por afirmar que o SICAD não tem “qualquer tipo de resistência” à introdução da canábis para fins medicinais “para determinadas condições clínicas, bem determinadas e da mesma forma como são introduzidos outros medicamentos”, ou seja, sob supervisão do Infarmed e sujeito aos pareceres habituais, João Goulão mostrou reservas ao uso terapêutico da planta fumada, algo que nenhum país europeu onde a canábis seja legal para fins medicinais prevê na sua legislação, sublinhou.

“A questão do autocultivo para fins medicinais pressupõe a utilização da planta fumada e é isso que me suscita francamente algumas dúvidas. Algumas, para não dizer muitas dúvidas. E isso é transversal a ambos os projetos”, disse.

João Goulão considerou fazer “pouco sentido” a proposta do PAN para que seja a Direção-Geral de Saúde (DGS) a controlar o autocultivo, sobretudo quando se está a falar de medicamentos, e que a haver um controlo este deveria caber ao Infarmed, a autoridade do medicamento.

“Fica uma ideia de alguma imprecisão acerca das formulações e apresentações propostas para estes produtos de canábis para fins terapêuticos e a previsão do autocultivo, por não garantir uma certa estabilidade [no controlo de qualidade], no contexto da utilização terapêutica faz pouco sentido. Aquilo de que enfermavam propostas anteriores, que de alguma forma misturavam o uso terapêutico com o uso recreativo, deixam aqui algum traço, alguma reminiscência dessa mistura de discussão”, defendeu João Goulão.

O deputado do Bloco de Esquerda Moisés Ferreira, a coordenar o grupo de trabalho, disse, na defesa da proposta do seu partido, que a questão de a canábis para fins terapêuticos “ser fumada ou não” é uma “não questão”, uma vez que caberá sempre aos médicos a decisão sobre a forma de prescrição, e que o acesso ao autocultivo estaria sempre dependente de uma receita médica, e que se justifica por questões de “acesso dos utentes”, mas manifestou abertura do Bloco para alterar o projeto e “apertar mais a malha”.

No período de respostas aos deputados João Goulão reiterou que o autocultivo “esbarra” na dificuldade de controlo de qualidade e rigor.

A deputada socialista Maria Antónia Almeida Santos defendeu que os projetos em discussão “têm mérito, e mais mérito que preocupações”, e que “há alguma hipocrisia” em não legalizar o uso terapêutico da canábis em Portugal, sendo o país produtor e exportador da planta.

João Goulão recusou que “haja qualquer tipo de hipocrisia”, uma vez que a produção se destina à indústria farmacêutica e ao uso medicinal.

O PCP, por seu lado, insistiu, pela voz da deputada Carla Cuz, que não há na atual legislação qualquer impedimento à prescrição de medicamentos à base de canábis, e que isso já é feito, ainda que de forma residual, com um medicamento, entendendo, por isso, não haver necessidade de nova legislação, uma leitura da lei que João Goulão acompanha, dizendo que formas de tratamento como pílulas, medicamentos, formas inaladas, “são admissíveis à luz da legislação atual”.

Isabel Galriça Neto, do CDS-PP, defendeu que a posição do partido e do SICAD são a mesma, ao colocarem reservas quanto ao uso da planta na forma fumada devido a preocupações de qualidade e rigor.

“Não há nenhuma premência em dizer que a canábis medicinal tem algum valor acrescido face a outros medicamentos que já temos disponíveis”, defendeu a deputada, que alertou para o risco de “algum branqueamento” que este debate possa fazer em relação aos riscos associados ao consumo.

João Goulão enalteceu a separação da discussão do uso medicinal da canábis do uso recreativo, uma discussão “que se avizinha e que terá a mesma dignidade, mas que tem a ganhar com o facto de ser separada”.

 

Dívidas
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses defendeu a criação de uma plataforma a aplicar em todos os hospitais, para...

“Temos estado em reuniões de trabalho para a constituição de uma plataforma a aplicar em todos os hospitais do país, tal como a que está em funcionamento nas Administrações Regionais de Saúde”, disse Jaime Marta Soares à agência Lusa.

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses reuniu hoje com a secretária de Estado da Saúde, Rosa Zorrinho, explicando que a criação da plataforma foi o principal tema em debate, para além de terem sido discutidas outras questões.

“É uma plataforma em que serão feitas as requisições dos serviços dos bombeiros, com uma organização territorial. Serve para fazer a requisição, a faturação e a conferência. Vem permitir que não se arrastem, como acontece há muitos anos, faturas dos bombeiros para os hospitais”, explicou.

Segundo Marta Soares, existem faturas que ficam cerca de um ano para serem verificadas.

“Muitas vezes, os bombeiros passam uma fatura aos hospitais e só cerca de um ano depois é que é posta em circulação para ser paga, o que é inaceitável”, salientou.

O presidente da Liga dos Bombeiros refere que a plataforma permite evitar o aumento das dívidas existentes.

“Enquanto a plataforma não está instalada, as dívidas do Ministério da Saúde para com as associações humanitárias e corpos de bombeiros são muito grandes. Podem aproximar-se dos 30 milhões de euros e isso é incomportável para a gestão económica e financeira das associações humanitárias”, frisou.

Marta Soares disse que existiu consenso sobre esta questão na reunião e espera agora resultados práticos, com a criação da plataforma.

 

Boletim de Vigilância
A epidemia de gripe mantém-se em “baixa intensidade” mas apresenta “tendência decrescente”, quando há uma semana registava ...

A taxa de incidência de síndroma gripal foi de 37,3 por 100.000 habitantes, de acordo com o documento divulgado, e os vírus da gripe do tipo B foram detetados em 76% dos casos.

Apesar de se observar uma diminuição dos vírus da gripe detetados desde a terceira semana do ano, houve um aumento de 6,2% dos internamentos (20 casos) em cuidados intensivos em comparação com o boletim anterior.

Em comunicado, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, refere que, “nos cuidados de saúde primários, o número e a proporção de consultas por síndrome gripal apresentaram, globalmente, uma tendência decrescente, pela quarta semana consecutiva”.

O mesmo comunicado indica que, na última semana, também se verificou uma diminuição da procura dos serviços de urgência e do número de internamentos por todas as causas.

“O número de chamadas atendidas pelo SNS 24 manteve-se estável, verificando-se uma diminuição da proporção de atendimentos por síndrome gripal. No mesmo sentido, verificou-se uma estabilidade do número de acionamentos registados pelo Instituto Nacional de Emergência Médica”, refere ainda o comunicado da diretora-geral.

Há duas semanas, Graça Freitas admitiu que o pico da gripe poderia já ter sido atingido.

 

Morte Assistida
O movimento cívico STOP eutanásia entregou, na Assembleia da República, uma carta aberta em que apelam aos grupos parlamentares...

Na carta, assinada por 190 profissionais de saúde, o movimento apela ao parlamento, que, em breve, vai iniciar o debate sobre vários projetos de lei, para que "a eutanásia não tenha que ser proclamada como um 'direito'”.

O movimento entregou o documento a várias bancadas parlamentares, entre elas as que têm projetos prontos ou anunciados, como o BE e o PS, e também ao PCP, que ainda não anunciou a sua posição neste debate.

No texto, os profissionais de saúde consideram que é "dever de toda a sociedade, e também do legislador, lutar por proporcionar todos os meios necessários para se cuidar e tratar dos mais idosos, dos doentes oncológicos, dos doentes crónicos, dos portadores de deficiência e dos doentes neurodegenerativos".

Além disso, recordam que a eutanásia é "uma violação grave da ética médica, sendo repetidamente condenada pela Associação Médica Mundial" e pedem que se respeite a Constituição Portuguesa e a Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Até hoje, deram entrada no parlamento projetos de lei para a despenalização e a regulamentação da morte assistida do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) e do BE. O PS anunciou hoje que pretende entregar o seu texto até março. O PEV também já anunciou que irá entregar um diploma, mas não anunciou quando.

PS e BE querem que a discussão do assunto seja feita na Assembleia da República até ao fim da sessão legislativa, em julho.

 

 

Proposta de lei
O Governo aprovou a criação do regime do adulto acompanhado, que substitui a interdição e inabilitação, considerando que este...

A proposta de lei do Governo para estabelecer o regime do maior acompanhado - e que segue agora para a Assembleia da República - foi aprovada hoje em Conselho de Ministros, tendo a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem explicado aos jornalistas que esta iniciativa "corresponde à satisfação de uma necessidade socialmente sentida" e que este novo sistema é "mais flexível, mais útil, mais rápido e vai responder melhor às famílias que têm pessoas com capacidade diminuída".

De acordo com a ministra, trata-se de uma atualização da norma jurídica, "considerando a evolução social e demográfica dos últimos 50 anos", já que o regime em vigor - que previa os institutos da interdição e da inabilitação - era de 1966.

Atualmente, segundo Francisca Van Dunem, há uma maior capacidade de diagnóstico e há uma evolução de patologias degenerativas, "que vão aparecendo cada vez mais".

"O sistema que nós tínhamos, que era dual, binário e com base em pressupostos muito apertados, limitava muito a capacidade de intervenção judicial", explicou.

Com esta proposta de lei, o governo criou "um sistema relativamente aberto, que permite a intervenção judicial e permite a tomada de decisão concreta, em função daquilo que sejam as necessidades específicas de apoio à capacidade da pessoa envolvida".

"Com este novo sistema, é o tribunal que, na sequência de uma avaliação médica, vai decidir em que medida em que essa pessoa precisa de apoio. O acompanhamento vai ter apenas incidência naquelas áreas em que a pessoa precisa efetivamente de apoio", detalhou ainda.

Com a norma em vigor, que é um "sistema dual", aquilo que está previsto "é a interdição, que é a morte civil", o que "significa que não se pode fazer rigorosamente nada".

"E muitas famílias hesitam justamente porque percebem que os seus familiares, apesar de tudo, continuam a ter um espaço de vontade que deve ser expressa", exemplificou.

Estudo
Uma investigadora da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) desenvolveu um processo que permite retirar o cloreto...

"Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os AVC's (Acidentes Vasculares Cerebrais) são causados, na sua maioria, por excesso de cloreto de sódio [sal] no sangue, sendo esta a maior causa de morte a nível global", disse a responsável pelo projeto Sal Verde, Marisa Ribeirinho.

Até a 2017, "registou-se na Europa uma percentagem de 27,5% de mortes por AVC", continuou a investigadora, que começou a trabalhar com a salicórnia (conhecida por sal verde ou espargo do mar, devido à semelhança aos espargos verdes) em 2013, quando a planta "não era muito conhecida em Portugal".

Em declarações, Marisa Ribeirinho contou que o processo desenvolvido permite igualmente produzir a salicórnia durante todo o ano, contornando assim a questão produção sazonal da planta, que só está disponível no meio natural entre abril e setembro.

Com esta solução, o crescimento da planta não sofre interferências externas, demorando cerca de 15 dias a ser replicada, explicou.

"A salicórnia, que tem propriedades medicinais já descritas - antitumoral, diurética e antioxidante - pode ser utilizada como condimento, devido ao seu sabor muito peculiar, que se assemelha a maresia", referiu.

A ideia para este projeto surgiu no âmbito do relatório de estágio da licenciatura de Marisa Ribeirinho em Genética e Biotecnologia, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Posteriormente, seguiu para o mestrado em Biologia Clínica Laboratorial, encontrando-se agora a tirar um doutoramento, cujo foco é a transformação e a aplicação da salicórnia nas áreas farmacêutica e da alimentação.

O projeto conta ainda com Carla Teixeira e Tiago Marques, responsáveis pelas candidaturas a fundos, financiamentos e concursos.

Com o Sal Verde, a equipa participou no BIOTECH_agrifood INNOVATION, um programa de pré-aceleração criado pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto (ESB-UCP), com o apoio da associação Portugal Foods e da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE).

Este programa tem como objetivo selecionar ideias inovadoras para o setor agroalimentar e apoiar a sua transformação em projetos de negócio.

 

Opinião
A Diabetes é uma doença crónica com uma elevada e crescente prevalência na população mundial.

Os níveis cronicamente elevados da glicose no sangue atingem os pequenos vasos sanguíneos, podendo causar complicações crónicas como a cegueira, insuficiência renal e redução da sensibilidade dos pés, gerando uma grave incapacidade. São, contudo, as complicações resultantes do atingimento do território dos grandes vasos por arteriosclerose precoce que mais contribuem para a elevada mortalidade, ocorrendo 2 a 4 vezes com maior frequência em pessoas com diabetes. Esta arteriosclerose precoce é causada não só pelos valores elevados da glicose no sangue, mas também pela hipertensão arterial e aumento dos níveis do colesterol e triglicerídeos presentes nas pessoas com diabetes, muitas vezes com obesidade ou excesso de peso.

As doenças cardiovasculares que mais afetam as pessoas com diabetes são o enfarte do miocárdio, o acidente vascular cerebral e a doença vascular periférica dos membros inferiores que, quando não são fatais na sua forma de apresentação, causam também grande incapacidade como a insuficiência cardíaca, a perda da capacidade de deambulação por paralisia de um dos lados do corpo ou por amputação de um membro inferior.

A terapêutica medicamentosa da diabetes tem evoluído no sentido de encontrar medicamentos que consigam obter outros benefícios como a redução do peso e da pressão arterial, para além da redução dos níveis da glicose, sem causar hipoglicemias. Os estudos de evidência publicados nos últimos anos têm demonstrado que as últimas classes de antidiabéticos têm acrescentado valor às armas terapêuticas disponíveis, demonstrando eficácia na redução de acidentes cardiovasculares em doentes com eventos cardiovasculares prévios ou com fatores de risco para a sua ocorrência.

Fruto da sustentabilidade da evidência recente, foram  publicadas as novas diretrizes da Associação Americada de Diabetes (ADA), “Standards of Medical Care in Diabetes – 2018”, que recomendam que em pessoas com diabetes tipo 2 e doença cardiovascular aterosclerótica estabelecida, cuja terapêutica inicial incluía alterações do estilo de vida e o tratamento com metformina, pode-se associar um medicamento que tenha demonstrado reduzir eventos cardiovasculares graves e mortalidade cardiovascular, como são os casos da empagliflozina, e liraglutido.

Este último medicamento posiciona-se como um excelente fármaco para o tratamento de pessoas com diabetes tipo 2, em associação com outros antidiabéticos orais ou insulina, uma vez que, para além de possuir eficácia relevante no controlo da diabetes, com redução do peso e da pressão arterial, demonstrou reduzir significativamente o risco de eventos cardiovasculares globais em 13% e, em 22%, o risco de morte cardiovascular neste grupo de doentes.

Para além dos benefícios cardiovasculares, a exposição a este medicamento, também atrasou a progressão da doença renal, fator de risco independente de doença cardiovascular, potenciando o seu efeito protetor do aparecimento de novos eventos cardiovasculares.

Este medicamento é atualmente o pioneiro na sua classe a demonstrar benefícios cardiovasculares, encontrando-se amplamente justificada a sua prescrição num determinado perfil de pessoas com diabetes tipo 2, devidamente orientadas pelo seu médico assistente.  

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Relatório
O diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências considerou preocupante o aumento do...

Dados do “Relatório Anual sobre A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências 2016”, divulgados ontem na Assembleia da República, revelam que, em 2016, 45 pessoas morreram devido a intoxicação alcoólica e 27 por ‘overdose’ de substâncias ilícitas.

Em declarações, o diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), João Goulão, considerou “muito positiva” a redução de 33% do número de mortes por ‘overdose’ em 2016, face a 2015, sublinhando que Portugal tem das taxas mais reduzidas no contexto europeu.

Mas “qualquer subida de dois ou três casos tem um impacto em termos percentuais muito significativo e as curvas que traduzem essas tendências estavam a infletir no sentido de um aumento” nos últimos dois anos.

“Agora voltámos a ter uma diminuição, mas vamos ver porque é preciso uma série mais longa para perceber se a tendência é de subida ou descida”, disse João Goulão.

De qualquer forma, 27 mortes por ‘overdose’ de substâncias ilícitas é “um número francamente baixo”, mas “o nosso esforço será no sentido de deixem de ocorrer”, porque “cada vida conta”.

Por contraponto, “há um número maior de morte por ‘overdose’ de álcool”, disse João Goulão, observando que, neste momento, já “são mais do que aquelas que são ocasionadas pelas substâncias ilícitas”.

“É um dado preocupante, tal como é o facto de ter havido um aumento da mortalidade rodoviária relacionada com o uso do álcool”, salientou.

Mas também “é significativa” a percentagem de pessoas vítimas de acidente mortais que “tinham taxas de alcoolemia que caem já nos padrões da criminalização”.

Por outro lado, é igualmente “significativo o número de pessoas que foram vítimas de atropelamentos em alguns casos porque estavam alcoolizadas”.

“Temos tendência de pensar só nos condutores, mas o cidadão que se desloca na via pública também corre riscos se estiver sob o efeito do consumo excessivo de álcool”, advertiu João Goulão.

Para mudar estes comportamentos, João Goulão defendeu que tem de haver “um reforço na educação e formação dos cidadãos”.

“Cada vez mais nos focamos naquilo que é o bem-estar, a educação para a saúde, o desenvolvimento de hábitos de vida saudáveis e cada vez menos falamos de substâncias ilícitas” e das suas consequências lamentou.

João Goulão assinalou ainda o aumento das apreensões e das quantidades de canábis e de 'ecstasy' e a diminuição das apreensões e das quantidades de cocaína e de heroína.

Tal como desde 2005, em 2016, o número de apreensões de cocaína (1.130) foi superior ao de heroína, com um ligeiro acréscimo face a 2015 (5%).

 

Bastonário
A Ordem dos Médicos defende que o Governo devia permitir que transitassem automaticamente de modelo as unidades de saúde...

Para o bastonário da Ordem dos Médicos, um estudo da coordenação nacional para a reforma do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na área dos cuidados de saúde primários veio mostrar que as unidades de saúde familiar (USF) de modelo B permitem ao Estado poupar dinheiro, não fazendo por isso sentido que exista um limite máximo anual para as unidades que podem passar a modelo B, que é aquele em que os profissionais recebem mais incentivos financeiros.

Em declarações, Miguel Guimarães considerou que não há motivo nenhum para que uma USF que cumpre todos os indicadores para ser modelo B não o seja automaticamente.

O bastonário refere que existem quase 70 USF aptas a passar para modelo B, cumprindo os critérios definidos, mas que estão a aguardar autorização dos Ministérios da Saúde e Finanças.

Miguel Guimarães aludiu ainda ao despacho do Governo publicado na semana passada e que indica que este ano apenas serão autorizadas a passar a modelo B até 20 USF.

“Deviam ser todas autorizadas, o fator económico aqui não tem lugar”, afirmou, aludindo às conclusões do estudo, que indica que o Estado pouparia mais de 100 milhões de euros num ano se todos os centros de saúde fossem transformados em unidades de saúde familiar de modelo B, as que têm maiores incentivos financeiros e maior produção.

Para o bastonário, o que faz sentido é que “a autorização seja administrativa”, ou seja, que passem automaticamente a modelo B as USF que cumpram os critérios e estejam aptas.

Criadas em 2005, as USF foram fundadas como uma forma alternativa ao habitual centro de saúde, prestando também cuidados primários de saúde, mas com autonomia de funcionamento e sujeitas a regras de financiamento próprias, baseados também em incentivos financeiros a profissionais e à própria organização.

O modelo B de USF é uma forma mais evoluída de organização e está definido como aquele em que equipas com maior amadurecimento organizacional e maiores exigências de contratualização garantem maior disponibilidade para atingir níveis avançados de acesso para os utentes, elevado desempenho clínico e eficiência económica.

O Ministério da Saúde determinou, em despacho, que este ano vão ser abertas cerca de 20 novas USF modelo A e limitam a 20 o número de USF a transitar para modelo B.

 

Relatório
O diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências destacou o consumo de canábis e de...

A propósito do “Relatório Anual sobre A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências 2016”, que foi ontem apresentado na Assembleia da República, João Goulão elegeu como “dados mais relevantes e mais negativos” este aumento dos consumos nas mulheres e nos mais velhos.

Segundo o relatório, entre 2012 e 2016/17, o “consumo de risco elevado/nocivo” diminuiu nos homens, mas aumentou nas mulheres, sendo que a dependência aumentou em ambos os sexos, embora com maior relevo nos homens.

“O agravamento das prevalências de dependência foi transversal a todos os grupos etários decenais (exceto no dos 25-34 anos), e com particular relevância nos mais velhos (55-64 anos e 65-74 anos)”, sublinha o documento.

Em declarações, o diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) afirmou que, “apesar de haver algumas inflexões e alguns dados que “preocupam, o panorama relativo aos comportamentos aditivos em Portugal tem, de uma forma geral, vindo a melhorar”.

Como dados positivo, João Goulão apontou o “retardar da experimentação e a perceção de risco que os mais jovens vão tendo relativamente às substâncias ilícitas”.

“Mesmo em relação ao álcool há alguma repressão de comportamentos de risco entre os mais jovens, mas como contraponto temos um aumento do consumo de canábis na população em geral, um aumento do consumo de álcool entre as raparigas e mulheres e nos grupos etários mais velhos”, frisou.

João Goulão adiantou que a intervenção preventiva tem sido muito focada nos mais jovens, mas os resultados apresentados apontam que é necessário “afinar a pontaria para o próximo ciclo estratégico” e investir também junto da população mais velha, através de intervenções no local de trabalho ou nos cuidados de saúde primários.

Questionado sobre as causas que poderão ter levado a este aumento dos consumos nas mulheres, João Goulão disse que não tem uma resposta com sustentação científica.

“Podemos especular e apontar algumas causas como a participação cada vez maior das mulheres na vida social, na vida laboral e a sua maior independência. Tudo isso as aproxima de comportamentos que antes estavam mais reservados aos homens”, comentou.

“Chegámos a ter proporções em relação às substâncias ilícitas na ordem dos 90 homens para 10 mulheres ou 80/20 e agora estão quase equiparados”, sublinhou.

Relativamente aos mais velhos, apontou como uma das razões que poderá estar na base do aumento do uso problemático do álcool o período de crise económica e social que Portugal viveu.

“Muitos cidadãos e famílias viram-se confrontados com dificuldades crescentes e a velha máxima de beber para esquecer pode estar presente nesse aumento do consumo caracterizado pela embriaguez”, disse João Goulão, adiantando que se verificou a característica de um consumo “muito intensivo em determinadas ocasiões, contrariamente ao padrão habitual, que era um uso talvez excessivo, mas distribuído ao longo dos dias e das semanas sem haver estes picos que levam à embriaguez”.

Para o responsável, valeria a pena investigar no meio académico as causas que levaram à mudança de comportamentos.

 

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