Em Lisboa
O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura defendeu hoje que a fome no mundo se...

“Hoje estamos confiantes no progresso em reduzir o número de famintos, cada vez mais a fome se restringe a ambientes de conflito explícito, guerra civil, impactados pela mudança climática e alguns bolsões de pobreza extrema”, disse José Graziano da Silva, na abertura do seminário sobre Agricultura Familiar e Desenvolvimento Sustentável da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), no âmbito da reunião de alto nível de três dias a decorrer em Lisboa.

O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) alertou que, “paralelamente, uma epidemia fora de controlo, avassaladora, tanto em África como na Europa, ameaça-nos: a malnutrição, a obesidade, mais especificamente, em mulheres e crianças”.

Na sua intervenção, José Graziano apontou algumas medidas essenciais para apoiar o setor da agricultura familiar, como a garantia do acesso dos agricultores aos recursos naturais e meios de produção, alertando que a ausência de “políticas específicas” impede um “reconhecimento explícito deste setor diferenciado”.

O responsável do organismo da ONU deu o exemplo “de muito sucesso” no Brasil, já replicado em vários países africanos e da América Latina, que garante compras diretas aos produtores familiares para os lanches escolares.

Graziano alertou ainda para a necessidade de “fortalecer os instrumentos da proteção social”, face ao envelhecimento da população de agricultores familiares.

Outro problema é o acesso à água para beber, advertiu: “Falamos de água para a agricultura, mas esquecemos as populações que precisam de água potável. Quem quiser ajudar a fortalecer a mulher, tem de encontrar água para beber, porque é a mulher que, na época de seca, tem de andar, às vezes oito horas como no Brasil, à procura de uma lata de água”.

“Os agricultores familiares são fundamentais para a coesão social, o desenvolvimento do interior, a luta contra a desertificação da população, a manutenção da paisagem e a preservação dos vários ecossistemas”, considerou o responsável da FAO.

A agricultura familiar é “o maior empregador” na maioria dos Estados-membros da CPLP (entre 60 a 85% da população) e responsável pela produção de uma média dos 70% dos alimentos básicos, mas “a paradoxal verdade” é que os agricultores familiares “estão entre os mais pobres”, advertiu, por seu turno, a secretária-executiva da organização lusófona, Maria do Carmo Silveira.

Além disso, em vários países, as mulheres são “a maioria da força de trabalho na agricultura”, mas enfrentam “desigualdades de género”, com restrição de acesso aos recursos naturais, disse.

Construir uma CPLP “livre da fome” é “um dos maiores desígnios” da comunidade lusófona, sublinhou a secretária-executiva.

Em representação da Plataforma de Camponeses da CPLP, Luís Muchanga recordou que o setor representa, nos países da comunidade, mais de sete milhões de agricultores e agricultoras.

O representante dos camponeses identificou como “prioridades” o trabalho ao nível das leis, estatutos, registo e cadastro, “para ter uma radiografia real dos agricultores familiares”.

“A valorização da semente local e a promoção de banco de sementes são estratégias imprescindíveis”, bem como a promoção do “papel importante da mulher e os jovens” neste setor, defendeu.

Muchanga apelou ainda ao desenvolvimento, entre todos, de “estratégias de luta” contra “os novos inimigos: a escassez de água para a agricultura e os impactos das mudanças climáticas, “que carregam consigo várias pragas e que minam os esforços dos camponeses na luta incansável pela melhoria da produção e produtividade agrária”.

Os trabalhos de hoje prosseguem com uma reunião ministerial da CPLP, em que será aprovada a “Carta de Lisboa pelo Fortalecimento da Agricultura Familiar”, no contexto da Consolidação da Estratégia da Segurança Alimentar e Nutricional da organização.

O documento, que será assinado na quarta-feira, último dia da reunião de alto nível, significará “um impulso importante” aos países da organização lusófona, sublinhou, no encontro, o ministro da Agricultura português, Luís Capoulas Santos.

Direção-Geral da Saúde
A sida e a tuberculose, até agora incluídas num só programa prioritário da Direção-Geral da Saúde, têm desde hoje um programa...

Até agora, as duas doenças tinham uma estratégia definida no Programa Nacional para a Infeção VIH/Sida e Tuberculose, um dos prioritários da Direção-Geral da Saúde (DGS).

De acordo com um despacho do gabinete do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, “a experiência que tem vindo a ser adquirida durante a implementação destes programas, designadamente quanto à especificação das estratégias a seguir e dos resultados a obter, justifica alguns ajustamentos na definição das áreas de saúde prioritárias”.

Uma das mudanças foi a separação da sida e da tuberculose que passam, a partir de hoje, a ter um programa individual.

À frente do Programa Nacional para a Infeção VIH/Sida continuará Isabel Aldir, enquanto o programa para a tuberculose será dirigido por Raquel Duarte.

Casos de morte súbita por esforço podem ser evitados
Prevenir a morte súbita, cuja mortalidade é superior ao cancro e SIDA, deve passar pelo rastreio e tratamento antecipados da...

O rastreio clássico da doença coronária – de que é exemplo a prova de esforço – deteta apenas a doença coronária obstrutiva, mas a morte súbita ocorre também devido a doença coronária não obstrutiva, não detetável na prova de esforço.

“Estes métodos de rastreio já estão ultrapassados, hoje em dia temos disponíveis testes anatómicos não invasivos, como o score de cálcio coronário e a angiotomografia coronária, que permitem detetar casos de doença coronária não obstrutiva e aconselhar corretamente os doentes quanto à prática desportiva”, explica Miguel Ventura, coordenador do Serviço de Cardiologia da Idealmed UHC – Unidade Hospitalar de Coimbra.

“As pessoas ainda pensam que podem ir para um ginásio sem qualquer preocupação”, diz o especialista, alertando também para o facto de os desfibrilhadores não estarem disponíveis nestes espaços de prática desportiva, o que impede uma correta atuação em caso de morte súbita.

“Num caso de paragem cardíaca temos apenas 4 minutos para salvar aquela pessoa. Prevenir a morte súbita também implica que sejam colocados desfibrilhadores externos em espaços públicos e de grande afluência de pessoas”, acrescenta Miguel Ventura.

Os dispositivos de monitorização de longa duração, conhecidos por registador de longa duração, são igualmente relevantes na prevenção da morte súbita, segundo Miguel Ventura. O especialista esclarece que estes dispositivos permitem detetar casos e salvar vidas que de outra forma se perderiam.

Estima-se que a morte súbita, afete, anualmente, 14.000 pessoas em Portugal, sendo esta a causa de 1 em cada 5 mortes por doença cardiovascular. 

Especialistas defendem mudanças na prevenção
A morte súbita cardíaca é uma das causas mais frequentes de morte em todo o mundo, estimando-se que

A morte súbita cardíaca é uma morte inesperada que resulta da perda das funções cardíacas. Entre as principais causas encontra-se a doença coronária, consequência da aterosclerose, e a insuficiência cardíaca que consiste na “incapacidade do coração em bombear sangue e transportar oxigénio e nutrientes ao organismo”.

De acordo com Miguel Ventura, coordenador do Serviço de Cardiologia da Idealmed – Unidade Hospitalar de Coimbra, estima-se que a morte súbita afete, anualmente, 14 mil pessoas em Portugal, “sendo esta a causa de uma em cada cinco mortes por doença cardiovascular”.

“Os principais fatores de risco são a doença coronária e a insuficiência cardíaca”, afirma admitindo que, apesar da idade ser um fator determinante – sabe-se, por exemplo, que o risco cardiovascular máximo ocorre em homens entre os 40 e os 60 anos – “nos jovens também ocorre morte súbita, frequentemente, em grupos sem história prévia de doença cardíaca e que são, portanto, difíceis de prever”.

É neste sentido que, o cardiologista defende que a avaliação dos doentes deve ser mais aprofundada. “Para ser eficaz, esta não deve assentar apenas na forma convencional (de que é exemplo a prova de esforço), mas apostar cada vez mais no rastreio não convencional, como a Angiotac coronária, que permite diagnosticar formas não obstrutivas da doença e prevenir e até tratar complicações em subgrupos de doentes de risco”, afirma Miguel Ventura.

Quanto a sintomas, o especialista reforça que “qualquer sinal poderá ser de alerta” chamando a atenção para um desmaio sem razão ou um simples episódio de falta de ar. “É muito importante ligar para o número de emergência, 112, e seguir as indicações que forem dadas ao telefone após descrever o que está acontecer”, acrescenta. É que, em casos de paragem cardíaca, dispomos apenas de quatro minutos para salvar a vida de alguém.


"É importante que o cidadão comum saiba usar as chamadas técnicas de reanimação, mas mais importante é o acesso a desfibrilhadores externos em importantes pontos geográficos ", afirma o cardiologista eletrofisiologista Miguel Ventura 

Morte súbita pode ser prevenida

Nos últimos meses muito se tem falado em prevenção. E, muitos são os especialistas portugueses que afirmam ser urgente mudar o panorama atual, para que a morte súbita deixe de estar no topo da lista das principais causa de morte no país.

De acordo com o cardiologista Miguel Ventura, insistir na educação para a adoção de estilos de vida saudáveis deve ser o principal pilar da luta contra as doenças cardiovasculares.

Por outro lado, e uma vez que muitas mortes ocorrem sem história prévia de cardiopatia, “porque a doença coronária não obstrutiva ainda é subdiagnosticada”, é preciso fazer mais além dos testes de rastreio atuais. “Recorrer à utilização de técnicas que permitam refinar o rastreio em determinados grupos, cuja antevisão de morte súbita ainda permanece bastante aquém do desejado, como sejam testes anatómicos para deteção de doença coronária não obstrutiva em grupos de risco e monitorização de longa duração para deteção de fenómenos arrítmicos esporádicos, é outro passo necessário”, acrescenta o coordenador do Serviço de Cardiologia da Idealmed – Unidade Hospitalar de Coimbra.

A melhoria do panorama de prevenção da morte súbita passa também, na opinião deste especialista, por diminuir o tempo de assistência no caso de paragem cardíaca, “dotando locais públicos de grande movimento de desfibrilhadores automáticos e ponderar a construção de uma rede de drones capazes de enviar para os locais em questão, de forma célere, desfribrilhadores automáticos”. “Esta é uma medida já em estudo em alguns países”, explica acrescentando que, em muitos casos, estes equipamentos são a única opção para desfibrilhar o doente “e dar-lhe a oportunidade de chegar ao hospital ainda com vida”.

Neste sentido, é ainda importante que o cidadão comum saiba usar as chamadas técnicas de reanimação e que, em alguns casos, possam ser implantados dispositivos de monitorização cardíaca “mais prolongada”.

Com o objetivo de alertar várias especialidades para esta problemática, a Idealmed – Unidade Hospitalar de Coimbra, está a promover a reunião “Morte Súbita, como prevenir na atualidade”, esperando lançar o mote para novo debate.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Conselho de Geral e de Supervisão
As novas tabelas da ADSE que estão a ser negociadas com os prestadores de serviços de saúde privados deverão entrar em vigor em...

Segundo Francisco Braz, sindicalista e representante dos beneficiários no Conselho de Geral e de Supervisão (CGS), na reunião de ontem “o presidente do Conselho Diretivo da ADSE deu garantias de que está a trabalhar num acordo, tendo em conta a orientação do CGS e disse que as novas tabelas deverão entrar em vigor no início de abril”.

“Tem havido diálogo com as associações hospitalares e, portanto, parece-nos que as negociações caminham para um consenso”, acrescentou Francisco Braz, dirigente do Sindicato da Administração Local (STAL).

A próxima reunião do CGS da ADSE ficou marcada para dia 15, encontro onde as novas tabelas de preços “deverão ficar fechadas”, disse o sindicalista.

Também o líder da Federação dos Sindicatos da Administração Pública (FESAP), José Abraão, membro do CGS da ADSE, disse ser de esperar que as novas tabelas de preços entrem em vigor em abril e não em março, como estava previsto.

“Quanto mais tempo passa, pior para os beneficiários, que estão a pagar mais, e também para a ADSE”, defendeu Abraão, lembrando que a proposta sobre as tabelas previa uma poupança da ordem dos 30 milhões de euros para o sistema de saúde da função pública.

O dirigente da FESAP salientou, no entanto que, embora possa haver “ajustamentos” durante as negociações com os prestadores de serviços, “os princípios do parecer do CGS não podem ser desvirtuados”.

As novas tabelas da ADSE têm sido alvo de críticas por parte dos hospitais privados e o ministro da Saúde, Adalberto Fernandes, disse em 19 de janeiro, que ainda havia “muito tempo de negociação” para que fosse encontrada uma posição equilibrada.

A Associação Portuguesa de Hospitalização Privada considerou que as novas tabelas da ADSE representam "perdas incomportáveis" para os privados e podem pôr em causa o acesso dos beneficiários aos cuidados de saúde.

De acordo com a Associação, as tabelas reduzem o valor pago aos prestadores de serviços que têm convenção com o sistema e reforçam o controlo das despesas públicas.

Também a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) pediu aos profissionais que ponderem acabar com o acordo com a ADSE caso se mantenha a proposta das novas tabelas de preços.

Na reunião de ontem foi ainda discutido o novo regime de benefícios da ADSE, mas ainda não há conclusões, disseram ambas as fontes. Em causa está a abertura do sistema de saúde da função pública a contratos individuais de trabalho do Estado, entre outros.

OMS alerta
O Observatório Global de Investigação e Desenvolvimento da Organização Mundial de Saúde encontrou “falhas e desigualdades...

“É vital garantir que a tomada de decisões sobre quais as doenças, países e produtos recebem financiamento não dependa na íntegra das forças de mercado”, lê-se num relatório deste observatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado este mês.

A organização recorda o surto de ébola em 2014, na África ocidental, para frisar que os mais de 11 mil mortos provocados pela doença na altura “expuseram de forma dramática a falta de investimento em produtos e abordagens para prevenir e minimizar o impacto de patogénicos com potencial epidémico” e que a falta de investimento em investigação em novos antibióticos é a causa da “preocupação global” com o aumento da resistência a estes medicamentos.

Segundo a OMS as desigualdades no investimento em investigação e desenvolvimento demonstram frequentemente falhas na relação entre o peso e importância das doenças e o nível de atividade de investigação.

Os dados recolhidos pelo observatório em 60 países revelam, por exemplo, que os países mais ricos têm 40 vezes mais investigadores na área de saúde do que os países mais pobres, com 1.140 investigadores por cada milhão de habitantes em Singapura contra 0,2 investigadores por cada milhão de habitantes no Zimbabué, por exemplo.

O relatório refere ainda desigualdades de género, com as mulheres a representarem 51% dos investigadores nos países mais ricos e apenas 27% nos países pobres.

Portugal integra o grupo dos países mais ricos analisados pela OMS, registando 424 investigadores em saúde em 2014 por cada milhão de habitantes, 63% dos quais mulheres, acima da média dos países mais ricos.

Nesta lista Portugal aparece colocado em 4.º lugar, abaixo da Grécia com 463 investigadores por cada milhão de habitantes, mas já muito distante da Holanda, com 727 investigadores, ou de Singapura, com 1.140.

O observatório aponta ainda que apenas 1% de todo o financiamento para investigação e desenvolvimento em doenças está destinado a malária e tuberculose, apesar de estas terem um impacto de 12,5% em termos de doenças no mundo.

São os governos os principais financiadores da investigação em doenças negligenciadas, com as suas contribuições a representarem dois terços do investimento, seguindo-se as doações de filantropos.

Em 2016 o investimento mundial na investigação para as doenças negligenciadas (que incluem HIV/Sida, tuberculose, malária, dengue, entre outras) fixou-se num valor próximo dos 2,58 mil milhões de euros, com os Estados Unidos a serem o país que mais contribui para a investigação nesta área, com um financiamento de quase 17 milhões de euros em 2016.

Portugal aparece entre o grupo de países que investiu menos de um milhão de dólares, com um valor total de cerca de 320 mil euros aplicados na investigação destas doenças em 2016.

55,77% dessa verba foi entregue pela Fundação para a Ciência e Tecnologia para um consórcio europeu de ensaios clínicos, e o restante, com origem filantrópica na Fundação Calouste Gulbenkian, foi direcionado para a investigação de uma vacina para a tuberculose.

O relatório do observatório da OMS aponta ainda “sérios desequilíbrios nos fluxos de financiamento” em países com níveis de pobreza e necessidades de saúde comparáveis, que recebem níveis de assistência oficial ao desenvolvimento “surpreendentemente diferentes” para investigação e setores de saúde básicos.

Entre os países de mais baixos rendimentos a OMS destaca a Libéria, que recebeu em 2016 o maior valor de assistência oficial ao desenvolvimento ‘per capita’ que os países em situações comparáveis – por exemplo, um valor 3,5 vezes superior ao entregue a Madagáscar, que sofreu nesse ano um surto sério de pneumonia.

Unicef alerta
Portugal registou 80 casos de mutilação genital feminina entre janeiro de 2016 e o mesmo mês do ano passado, revelam dados...

No Relatório Intercalar de Execução do Programa de Acção para a Prevenção e Eliminação da Mutilação Genital Feminina (2014-2017) refere-se que os casos foram registados na Plataforma de Dados de Saúde (PDS), afirma a UNICEF, num documento em que alerta para as consequências nocivas desta prática em várias comunidades no mundo.

As vítimas foram quase todas adultas, havendo apenas registo de uma menor, com 17 anos.

Eram provenientes, na esmagadora maioria, da Guiné-Bissau (53), seguindo-se, em termos de representatividade, a Guiné-Conacri (20), a Eritreia (2), o Senegal (2), e a Nigéria, a Gâmbia e o Egito, cada um com 1 caso registado, de acordo com a informação recolhida.

Numa declaração conjunta, as diretoras executivas da UNICEF, Henrietta Fore, e do FNUAP (Fundo das Nações Unidas para a População), Natalia Kanem, afirmam que a mutilação genital feminina é um ato violento que causa infeções, doenças, complicações no parto e até mesmo a morte. “Uma prática cruel que inflige danos emocionais para toda a vida e atinge os membros mais vulneráveis e com menos poder da sociedade: raparigas até aos 15 anos de idade. Uma violação dos direitos humanos que reflete e perpetua a desvalorização das raparigas e mulheres em demasiados lugares do mundo”.

Consideram também que constitui um obstáculo ao bem-estar das comunidades e das economias.

As duas responsáveis afirmam que nos países em que têm trabalhado, as raparigas têm hoje menos um terço da probabilidade de serem submetidas a esta prática do que em 1997.

“Mais de 25 milhões de pessoas em cerca de 18.000 comunidades em 15 países rejeitaram publicamente a prática desde 2008. Globalmente, a sua prevalência diminuiu quase um quarto desde 2000”, lê-se na declaração.

Porém, as estimativas indicam que até 2030, mais de um terço do total de nascimentos em todo o mundo ocorrerá nos 30 países onde a mutilação genital feminina é praticada.

“Se não houver um progresso acelerado para proteger o número crescente de raparigas em risco, milhões delas poderão vir a ser cortadas nesses países até 2030”, advertem.

A mesma fonte recorda um estudo realizado em 2015 pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, segundo o qual, em Portugal, o número de mulheres em idade fértil que poderá ter sido submetida à prática ronda as 5.246. Ao ter em conta todas as mulheres com mais de 15 anos, o indicador sobe para 6.576, “o que corresponde a 49% do número de mulheres residentes no território português nascidas em países praticantes”.

Moody's
O envelhecimento da população e a pressão que exerce sobre as contas públicas, nomeadamente sobre a saúde, traz desafios que...

A agência de notação financeira lembra que a maioria dos países da União Europeia vai estar "super envelhecida" em 2030, com mais de 20% da população a ter 65 anos ou mais, o que trará desafios aos serviços públicos de saúde e de Segurança Social.

Segundo a Moody's, que cita projeções da Comissão Europeia, Portugal, Malta, Eslováquia e Croácia são os países que vão assistir mais rapidamente a pressões do envelhecimento sobre os serviços de saúde.

"A forma como os Governos adaptam os seus sistemas de cuidados com a saúde ao envelhecimento da população vai tornar-se cada vez mais importante para a nossa avaliação orçamental e, em última análise, para a análise das dívidas públicas", avisa a analista da Moody's Kathrin Muehlbronner, em comunicado.

Embora admita que alguns países iniciaram algumas reformas para melhorar a eficiência com os sistemas, a Moody's considera que são necessárias mais reformas para acomodar o impacto orçamental da pressão sobre a despesa pública com o envelhecimento.

Sociedade Portuguesa de Reumatologia
É urgente que a reumatologia seja reconhecida como a especialidade que trata as doenças reumáticas. Doentes por tratar,...

No Dia Mundial do Doente, que se assinala a 11 de fevereiro, a Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) alerta e sensibiliza para a conjuntura das Doenças Reumáticas em Portugal, numa tentativa de construir um sistema de saúde em que todo o doente reumático possa ser seguido por um reumatologista, tendo a possibilidade de ter um diagnóstico precoce e acesso a tratamento correto e atempado, de forma a minimizar a perda de qualidade de vida associada a estas doenças.

Embora as doenças reumáticas afetem 56% da população do nosso país, ainda são encontradas sérias dificuldades no que diz respeito ao acesso à especialidade, o que se traduz em muitos casos de doentes não diagnosticados e, consequentemente, não medicados, ou seja, doentes que não estão a ser tratados e acompanhados por reumatologistas. Adicionalmente, apesar de ter havido uma evolução muito positiva no que diz respeito ao acesso a cuidados médicos na área da Reumatologia, ainda há zonas de Portugal onde o acesso à especialidade encara graves dificuldades.

A somar a estes fatores, um terço dos doentes que sofrem de doença reumática não reconhece os sintomas. As doenças reumáticas constituem a primeira causa de invalidez e de reformas antecipadas por doença, estão associadas ao maior número de procura de cuidados de saúde primários e são as que mais qualidade de vida retiram aos doentes. Este é o cenário que deverá ser alterado e pelo qual a SPR tem lutado junto da tutela e organizações de saúde.

Uma vez que as doenças reumáticas se caracterizam, de forma geral, por quadros inflamatórios nas articulações, é evidente que um maior tempo de espera de consulta se traduz numa progressão da doença. Como tal, quando estes doentes chegam ao especialista, já estão num estado em que o tratamento pode não ter a mesma eficácia que tem em pessoas diagnosticadas atempadamente.

O que deverá ser revisto e intervencionado na opinião da SPR?
Nas palavras do Presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, Dr. José Canas da Silva, “é importante que estas doenças sejam diagnosticadas o mais precocemente possível dado que, quando assim não acontece, podem deixar o doente com incapacidade grave. Para que isso seja possível, é urgente que se construa uma rede de referenciação organizada e que funcione corretamente, ao mesmo tempo que é preciso que a reumatologia seja, de uma vez por todas, reconhecida como a especialidade que trata as doenças reumáticas!”

Identificado o panorama nacional, é necessário intervir junto das entidades competentes, num esforço conjunto por um maior reconhecimento destas doenças e por um melhor funcionamento do sistema de saúde, pois só deste modo se consegue garantir que o doente tenha um acompanhamento médico adequado às suas necessidades.

Governo
A Plataforma Saúde em Diálogo entregou ao Ministério da Saúde uma proposta de Estatuto do Cuidador Informal, que visa assegurar...

A proposta define “políticas inovadoras” de apoio às famílias, às redes de vizinhança e a outras redes sociais de suporte, incentivando o cuidado de pessoas nas suas casas, com vista à melhoria da qualidade de vida da pessoa com dependência e do seu cuidador informal.

“É um trabalho que foi feito de uma forma muito cuidada”, que abrange “uma série de aspetos” e define as funções, os direitos e os deveres dos cuidadores informais, disse a presidente da Plataforma Saúde em Diálogo, que reúne 40 organizações de saúde.

Entre as medidas propostas, adiantou Rosário Zincke, estão a “informação e formação do cuidador informal” e apoios sociais para os que despendem “uma carga horária significativa na prestação de cuidados”.

A plataforma propõe também que o cuidador informal seja avaliado pela pessoa a quem presta cuidados, sempre que seja possível, e pelo organismo do Estado que tutele a rede de cuidadores informais que a plataforma preconiza.

“O cuidador pode ter muito boa vontade, pode ser uma pessoa dedicada, mas precisa adquirir determinados conhecimentos e ferramentas, daí que se fale na informação e na formação”, explicou Rosário Zincke.

Por outro lado, “o ato de cuidar é sempre algo desgastante” sendo por isso “muito importante” avaliar se o cuidador está em condições de prestar cuidados ou “se não é ele próprio a precisar de cuidados, nomeadamente de apoio psicológico ou de soluções de alívio”.

A proposta defende que deve ser garantido o bem-estar físico e mental do cuidador, através de medidas que promovam o seu descanso e o seu regular revezar por outro cuidador da rede de cuidadores informais da comunidade.

Também deve ter direito a uma “baixa médica prolongada” para assistência ao doente sinalizado pelas redes de cuidados continuados integrados e de cuidados paliativos.

A Assembleia da República discute na sexta-feira um projeto de resolução do CDS-PP que recomenda ao Governo a criação do Estatuto do Cuidador Informal até junho.

Para Rosário Zincke, “é urgente” criar este estatuto: “Imagine que todos os cuidadores informais faziam greve, se recusavam a prestar os cuidados informais que têm vindo a prestar sem qualquer tipo de apoio ou reconhecimento? Eu penso que seria o caos”.

“Mesmo que se estejam a preconizar medidas que custem dinheiro parece-nos urgente e imprescindível que se reconheça o estatuto do cuidador informal porque eles são uma peça chave na rede e no percurso de cuidados”, defendeu.

Rosário Zincke lembrou que “o peso dos cuidados informais é muito grande”, assim como “é muito grande” o número de cuidadores informais que “abdica da sua própria vida” para tomar conta de alguém.

“Têm que ser reconhecidos sob pena de deixarmos de ter cuidados informais”, advertiu.

A proposta tem como “objetivo maior” dar “definição e identidade a essa legião de pessoas que, de forma invisível, para a sociedade e para o Estado, contribui para a dignidade de vidas limitadas pela dependência”.

Ortopedia
O processo de registo da patente de um conjunto de instrumentos cirúrgicos desenvolvidos em Portugal e destinados ao tratamento...

Dinis Carmo explicou que “a patente obtida nos EUA é o corolário do esforço inerente a um longo processo iniciado em 2010 e que nos últimos meses resultou na aprovação das patentes do ‘kit’ de instrumentos em mais de 20 países, espalhados por quatro continentes”.

"Neste momento, os instrumentos cirúrgicos estão já patenteados em 25 países, mas a patente alcançada nos Estados Unidos é, sem dúvida, a que se reveste de maior importância, pois a quase totalidade das companhias que se dedicam ao fabrico e comercialização de dispositivos médicos são norte-americanas e a maioria dos desenvolvimentos na área médica provêm desse país”, sublinhou.

A Síndrome do Túnel do Carpo (STC) é uma patologia caracterizada por dores, formigueiros e adormecimento a nível do punho, mão e dedos, manifestando-se sobretudo durante a noite, sendo os sintomas suficientemente fortes para despertarem o doente, impedindo o repouso.

Afeta, sobretudo, mulheres a partir dos 35 anos e o aumento do número de casos tem sido associado a atividades que implicam o uso repetitivo das mãos, como os teclados e os "ratos" dos computadores, tendo por isso já sido apelidada como uma "doença do século XXI".

Os instrumentos e a técnica cirúrgica desenvolvida por Dinis Carmo para o tratamento desta patologia permitem a realização da intervenção cirúrgica sem cortes na palma da mão.

“Possibilita uma cirurgia mais segura, um período pós-operatório menos doloroso, uma recuperação mais rápida, menos efeitos secundários e reações adversas, bem como uma cicatriz esteticamente próxima da perfeição, uma vez que a mesma, efetuada a nível da prega palmar distal do punho, se torna praticamente indetetável após alguns meses”, afirmou o cirurgião.

Referiu ainda que, atualmente, além dos EUA, este ‘kit’ de instrumentos cirúrgicos "made in Portugal" está já patenteado no Japão, Austrália, China, Israel, Coreia do Sul, Canadá, México e em 17 países da União Europeia - Áustria, Bélgica, Dinamarca Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Mónaco, Holanda, Noruega, Portugal, Suécia, Suíça e Reino Unido.

O processo de patente encontra-se "pendente" no Brasil e na Índia.

Com as patentes já asseguradas, seguem-se agora as fases da produção industrial, da certificação nos vários continentes e da distribuição comercial.

"Darei primazia à produção industrial dos ‘kits’ de instrumentos cirúrgicos em território nacional e temos já contactos avançados com vista à concretização desse objetivo”, disse Dinis Carmo.

O cirurgião-ortopedista prevê que o preço final de venda ao público de um conjunto descartável de instrumentos cirúrgicos de uso único ronde os 150 euros.

Câmara de Lisboa
As estações de metro de Rossio, Saldanha, Oriente e Intendente estarão abertas durante a noite, a partir de segunda-feira, para...

De manhã, fonte da autarquia tinha avançado que o plano de contingência da Câmara de Lisboa para proteger os sem-abrigo do frio será ativado na segunda-feira às 19:00, prevendo a abertura de locais de apoio e a distribuição de comida e agasalhos.

Informação disponibilizada pelo gabinete dos Direitos Sociais do município aponta que está prevista a "abertura noturna das estações de metro do Rossio, Saldanha, Gare do Oriente e Intendente, com o apoio das várias equipas e parceiros sociais que habitualmente estão em trabalho articulado".

A partir das 19:00 de segunda-feira, a Câmara de Lisboa vai abrir o Pavilhão Municipal Manuel Castelo Branco, na freguesia de São Vicente, disponibilizando assim espaços de higiene, comida e agasalhos.

Nos últimos anos, esta estrutura do plano de contingência costumava estar montada no Pavilhão Municipal Casal Vistoso.

O gabinete do vereador Ricardo Robles (BE) aponta que "desde o início do inverno, a Câmara Municipal de Lisboa tem estado especialmente atenta às baixas temperaturas devido à sua população mais vulnerável em situação de sem-abrigo".

Assim, "desde sexta-feira, 02 de fevereiro", que se encontra acionada a "fase azul" do plano de contingência, que inclui a "abertura antecipada dos centros de acolhimento e reforço das equipas de rua das várias instituições parceiras que distribuem agasalhos e bebidas quentes".

Este reforço das medidas de apoio às pessoas em situação de sem-abrigo, anunciado por Robles no início de janeiro, está previsto para quando as condições meteorológicas ainda não são suficientes para ativar o plano de contingência.

No sábado, a autarquia já tinha admitido a possibilidade de acionar o plano de contingência, vincando que estava tudo pronto para que tal acontecesse, mas remeteu a decisão para hoje após uma reunião de reavaliação.

As equipas de rua estão já avisar os sem-abrigo sobre os locais onde se podem dirigir e os apoios que podem ter nos próximos dias, em que as temperaturas estarão mais baixas.

O plano de contingência da Câmara de Lisboa em relação ao frio é, normalmente, ativado quando se verificam temperaturas mínimas de três ou menos graus celsius por dois dias consecutivos, mas estes critérios podem ser alterados pela sensação térmica.

Também as alterações climáticas têm alterado estes requisitos, segundo fonte oficial da autarquia, que apontou que o plano de contingência acaba por estar sempre disponível para ser ativado.

De acordo com as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), disponíveis no seu 'site', as temperaturas mínimas rondarão os cinco graus celsius na segunda-feira, passando para quatro na terça-feira e para três na quarta e quinta-feira.

"Uma vasta região anticiclónica, localizada na região dos Açores e uma depressão sobre a Península Ibérica, vai continuar a dar origem ao transporte de uma massa de ar muito frio e seco sobre o território do continente ao longo da próxima semana", justifica o IPMA, num comunicado colocado na sua página na internet.

Na segunda-feira, o vereador dos Direitos Sociais vai participar numa reunião de trabalho com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre a Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (ENIPSSA).

No Porto
Um estudo realizado por investigadores do Porto concluiu que a intervenção de enfermeiros especialistas em saúde mental, aliada...

A investigação, foi realizada por um grupo de investigadores do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e da Escola Superior de Enfermagem do Porto e publicada no Journal of Advanced Nursing.

Os resultados indicam um “efeito positivo da intervenção psicoterapêutica da enfermagem”, realizada por um enfermeiro especialista em saúde mental, registando-se uma clara diminuição dos níveis de ansiedade e um aumento do autocontrolo da ansiedade no final das cinco sessões (45 a 60 minutos/semana) realizadas em cinco semanas consecutivas.

Francisco Sampaio, investigador do CINTESIS e docente na Escola Superior de Enfermagem do Porto, esclarece em comunicado que “os indivíduos que receberam apenas farmacoterapia melhoraram a ansiedade, mas não melhoraram o seu autocontrolo, enquanto os que receberam farmacoterapia e intervenção psicoterapêutica melhoraram mais significativamente os níveis de ansiedade e melhoraram também significativamente o autocontrolo da ansiedade”.

“Isto é fundamental porque, se as pessoas não adquirem estratégias de autocontrolo da ansiedade, no futuro não serão capazes de lidar com a mesma sem o recurso a fármacos”, sublinha o investigador.

Neste estudo, a intervenção psicoterapêutica de enfermagem é composta por um conjunto de técnicas, que pode incluir, “entre outras, terapia de relaxamento, aconselhamento e intervenção em crise”.

“Estes são dados que reforçam a importância do recurso à intervenção psicoterapêutica como complemento do tratamento e que podem e devem ser apresentados aos decisores políticos como uma evidência científica que justifica as intervenções psicoterapêuticas como uma prática autónoma na enfermagem de saúde mental”, afirma o autor do estudo.

Dados da Direção-Geral da Saúde, de 2013, indicam que as perturbações da ansiedade afetam 16,5% dos portugueses.

Porém, de acordo com os investigadores, “a ansiedade patológica, enquanto sintoma, não existe apenas nas perturbações de ansiedade. É muito frequente, por exemplo, nas perturbações depressivas, que afetam 7,9% dos portugueses”.

Feitas as contas, calcula-se que cerca de um quarto da população tenha ansiedade em níveis patológicos, um número que, ainda assim, pode estar “subestimado”, acrescentam.

O estudo, realizado entre 2016 e 2017, pretendia avaliar a eficácia da intervenção psicoterapêutica da Enfermagem em adultos portugueses entre os 18 e os 64 anos com ansiedade, enquanto sintoma, em níveis patológicos.

Para isso, foi comparado um grupo de pessoas tratado apenas com fármacos com outro grupo tratado com fármacos e com intervenção psicoterapêutica.

O Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) é uma Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) cuja missão é encontrar respostas e soluções, no curto prazo, para problemas de saúde concretos, sem nunca perder de vista a relação custo/eficácia.

Sediado na Universidade do Porto (Faculdade de Medicina), o CINTESIS beneficia da colaboração das Universidades Nova de Lisboa, Aveiro, Algarve e Madeira, bem como do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), do Instituto Superior de Engenharia e da Escola Superior de Enfermagem do Porto.

No total, o centro agrega mais de 450 investigadores, em 16 grupos de investigação que trabalham em 4 grandes linhas temáticas: Investigação Clínica e Serviços de Saúde; Neurociências e Envelhecimento Ativo; Diagnóstico, Doença e Terapêutica; e Dados e Métodos.

Legionella
O número de casos diagnosticados com doença dos legionários com ligação ao surto de ‘legionella’ no Hospital CUF Descobertas,...

Em comunicado, o Hospital CUF Descobertas informou que "a Direção-Geral da Saúde (DGS) manteve no sábado, no seu boletim epidemiológico, os mesmos 15 casos de Doença dos Legionários notificados até ao dia anterior [sexta-feira].

Já durante o sábado, refere, "dois dos doentes internados no Hospital CUF Descobertas tiveram alta clínica, mantendo-se cinco doentes no Internamento Geral, que continuam a evoluir positivamente no seu estado clínico".

Dos 15 casos notificados à DGS, seis doentes já tiveram alta hospitalar, mantendo-se internados outros nove, cinco no CUF Descobertas e os restantes quatro em outros hospitais.

Na sexta-feira, o ministro da Saúde afirmou que está estabilizado o surto de doença do legionário do hospital CUF Descobertas, afirmando que, a partir de março, o Governo pretende ajudar os hospitais a "apertar a malha" no controlo da bactéria 'legionella'.

Em declarações aos jornalistas após acompanhar o Presidente da República numa visita ao hospital, Adalberto Campos Fernandes afirmou que o surto entrará agora na fase descendente, tendo atingido o número máximo de casos - quinze.

Eutanásia
A deputada do PSD e ex-ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz defendeu a eutanásia como um direito, enquanto a parlamentar...

“É francamente redutor discutir esta matéria sob o ponto de vista da despenalização”, considerou Teixeira da Cruz, numa conferência organizada pelo BE onde foi apresentado o seu projeto de despenalização da morte assistida.

A ex-ministra foi, nesta matéria, ainda mais longe que o BE, dizendo que a questão da eutanásia deve ser descentrada do direito penal e colocada na esfera do direito civil, “no domínio das liberdades”.

“Não existe a obrigação de viver e a vida humana compreende também a morte”, disse Teixeira da Cruz, que classificou a eutanásia como “a boa morte”.

De fora, afirmou, devem ficar os menores e os idosos, a não ser “em casos absolutamente extremos”, sob pena de a lei entrar em “rampas deslizantes” que são alvo de críticas na legislação de outros países.

Teixeira da Cruz defendeu, por outro lado, que a eutanásia “não é um tema partidário”, com defensores e detratores em todos os partidos, e que seria “um erro tremendo” restringir a discussão a esse nível.

“Se deve ser feita apenas por médicos ou não? A minha opinião é que não”, disse, admitindo também que a eutanásia possa ser feita por outras razões que não apenas médicas.

Já a deputada do PS Maria Antónia Almeida Santos, primeira subscritora de uma moção ao último Congresso do seu partido a favor da eutanásia, fez questão de felicitar o BE pela nova versão do projeto, por ser “bastante mais garantístico” quanto a preocupações da sociedade.

“Em breve teremos no parlamento a discussão de várias iniciativas”, afirmou, sem esclarecer se o grupo de deputados do PS – autorizado pela direção para tal – irá apresentar uma iniciativa própria ou apoiar uma das já existentes.

Na conferência, a deputada socialista salientou que a aprovação de uma iniciativa como esta não significaria “uma cultura de morte”.

“Defender a vida é defendê-la até ao fim”, defender.

Num outro painel do colóquio, dedicado às implicações jurídicas da despenalização da morte assistida, os três convidados elogiaram o projeto do BE sobre a matéria e consideraram que não levanta quaisquer problemas constitucionais.

“Acho [o projeto] irrepreensível porque, para além de delimitar de forma muito precisa o âmbito em que a morte assistida deve passar a ser descriminalizada, há todo um percurso, uma fiscalização que responde a todas as críticas que mais tradicionalmente se esgrimem”, defendeu o deputado do PS e constitucionalista Bacelar de Vasconcelos.

O presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais defendeu até que “a despenalização da morte assistida é um imperativo constitucional”, com base no artigo 1.º da Constituição, que, na sua visão, aponta a dignidade humana e vontade popular como pilares da República Portuguesa.

Também a diretora da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, Teresa Pizarro Beleza, manifestou-se convicta que “o direito à vida implica o direito à morte”, alertando que a eutanásia já é hoje “praticada diariamente” em hospitais, com outros nomes, como “a sedação profunda”.

“A vida humana será inviolável por terceiros, pelo próprio não o é no sistema penal português”, apontou, considerando o projeto do BE “de forma geral correto”.

Na mesma linha, o ex-bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves considerou que a despenalização da morte assistida, em caso de “sofrimento atroz”, é “compatível com a proteção do direito à vida prevista na Constituição ou a condenação do homicídio de forma severa”.

Ordem dos Médicos Dentistas
Mais de 5.500 utentes beneficiaram do programa de rastreio ao cancro oral em quase quatro anos de funcionamento, tendo sido...

Segundo os dados oficiais fornecidos pela Ordem dos Médicos Dentistas, 5.518 utentes foram abrangidos pelo Programa de Intervenção Precoce do Cancro Oral desde 2014.

Estes dados, conhecidos na véspera do Dia Mundial do Cancro, mostram que só no ano passado, foram usados 920 cheques biopsia, de um total de 986 cheques emitidos, sendo que a taxa de uso destes cheques ultrapassou os 93%.

No âmbito deste programa foram detetados 129 casos de lesões malignas e mais 168 lesões que são potencialmente malignas.

Para a Ordem dos Médicos Dentistas, este programa de intervenção e rastreio do cancro oral “está a permitir salvar vidas”, lembrando os especialistas que este tipo de cancro tem “uma das taxas de mortalidade mais elevadas”. O cancro oral é tratável se for detetado precocemente.

O número de cheques diagnóstico tem aumentado todos os anos desde o início do programa, em 2014, quando foram emitidos 2.400, passando para mais de quatro mil no ano passado.

No ano de estreia do programa, a taxa de utilização dos cheques diagnóstico não alcançou os 30% sequer, mas em 2017 já ultrapassou os 40%. Ainda assim, dos mais de quatro mil cheques para diagnóstico só foram usados cerca de 1.800.

Numa nota, a Ordem dos Médicos Dentistas assume como essencial aumentar a taxa de utilização do cheque diagnóstico.

“A taxa tem vindo a subir, mas é claramente insuficiente. É preciso explicar aos doentes a importância de usarem os seus cheques e despistarem lesões que possam ter na cavidade oral. É também importante que os médicos de família redobrem as atenções para esta patologia e recebam mais informação sobre a melhor forma de atribuir os cheques de diagnóstico aos doentes”, refere a Ordem.

Homens, fumadores, com idade igual ou superior a 40 são o principal grupo de risco, mas qualquer lesão na boca que dure mais de 15 dias deve ser vista com urgência pelo médico dentista.

As consultas semestrais são consideradas essenciais para detetar lesões, quer nalgumas consultas de medicina dentária que já existem em alguns centros de saúde, quer nos médicos dentistas convencionados através do cheque diagnóstico emitido pelos médicos de família.

Cancro
O presidente do IPO-Porto defendeu que "seria pouco sensato" não legalizar o uso terapêutico da canábis em Portugal,...

Falando a título pessoal numa palestra promovida pelo Bloco de Esquerda sobre a matéria em apreciação na especialidade na Assembleia da República, que decorreu no IPO do Porto, Laranja Pontes defendeu o uso da canábis para fins terapêuticos, considerando que "seria pouco sensato" se não vier a ser aprovado, em março, no parlamento.

"Como médico, considero uma pena que, por causa desta diabolização, não se tenha feito investigação noutras áreas", disse o responsável para quem "pode ser provado que a canábis pode ter interesse na imunologia, numa altura em que nenhuma outra terapia vai além dos efeitos paliativos".

Em nome do BE, o deputado Moisés Ferreira manifestou a abertura do partido para "se chegar a um consenso" na comissão e lembrou as "evidências científicas que certificam os benefícios terapêuticos", revelando que o projeto lei apresentado é um "decalque do modelo canadiano", citando-o como um dos "inúmeros exemplos das experiências feitas no estrangeiro".

Garantindo que a introdução do autocultivo "não visa abrir a porta a outra coisa qualquer", Moisés Ferreira relatou que o perigo de, uma vez aprovado o uso para fins medicinais, este atingir um "valor exorbitante nas farmácias", pode ser evitado recorrendo ao modelo italiano, "em que a canábis é plantada, controlada e comercializada pelo Exército".

Investigadora e diretora do laboratório "Biologia da Adição" no I3S Porto, Teresa Summavielle concordou nas "evidências de que os canabinoides funcionam em certas patologias", mostrando, contudo, reservas "no seu uso em adolescentes", justificando-o com o facto de estarem "na fase de reformatação da forma como os neurónios comunicam entre si e que tal pode ser perigoso".

A investigadora considerou também "não razoável o autocultivo" pelo "perigo da manipulação que pode modificar o efeito psicoativo".

O presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, Henrique Barros argumentou que a canábis "fez parte, há 150 anos, da oferta farmacêutica nos Estados Unidos e no Reino Unido" e que "em alguns dos aspetos em que não tem sido usada, não existem alternativas nem à canábis nem à marijuana".

Médico neurologista, Bruno Maia criticou quem, na discussão no parlamento, "disse serem necessários mas estudos", argumentando com as polémicas havidas em torno da "pílula, distribuição de seringas e a legalização do aborto" para justificar um "proibicionismo" que, de tempos a tempos, "aparece na Assembleia da República".

Por força da oposição do PCP, PSD e CDS às propostas de lei apresentadas, o BE decidiu então baixar à comissão da especialidade, onde vai ser discutido a partir de quinta-feira, segundo Moisés Ferreira, subindo depois ao Parlamento para ser votado em março.

Especialista do IPO
O oncologista Lúcio Lara Santos afirmou, em Braga, que a nanomedicina “vai mudar completamente o paradigma” do tratamento do...

“Há medicamentos utilizados em oncologia que têm efeitos adversos, por exemplo, sobre o coração. Se forem metidos numa cápsula muito pequenininha, que só vai para dentro do tumor, o efeito desse medicamento tem muito menos oportunidade de fazer mal ao coração”, explicou.

Falando no Instituto Ibérico de Nanotecnologia (INL), à margem de uma conferência integrada no Nano World Cancer Day 2018, um evento que é realizado em simultâneo em 10 países, Lúcio Lara Santos sublinhou que a nanomedicina “é um caminho em franco progresso”.

“Reduz os efeitos colaterais dos medicamentos e vai mudar completamente o paradigma do tratamento atual do cancro”, reiterou aquele médico do Instituto Português de Oncologia.

Lembrou que em causa estão cápsulas “muito mais finas que um cabelo” e que são libertam o medicamento “apenas no tumor, não causando dano nos tecidos normais e diminuindo, assim, os efeitos adversos”.

“Vai mudar a luta contra o cancro, porque é um ataque muito mais dirigido”, disse.

Segundo aquele especialista, já existem “dois, três ou quatro” medicamentos “que foram metidos numa cápsula nano e que tratam as doenças oncológicas.

Em estudo estão, entretanto, mais de 150 novas formulações do género, entre medicamentos e partículas que podem ajudar a fazer o diagnóstico.

Para Lúcio Lara Santos, a nanomedicina vai ser igualmente “fundamental” para a realização de diagnósticos “muito mais precoces”.

“Estão a ser estudadas nanopartículas que permitirão fazer diagnósticos muito mais precoces. Estão em fase de testes nos laboratórios”, acrescentou.

Lúcio Lara Santos que em Portugal está neste momento em investigação um aparelho que conseguirá capturar células tumorais circulantes.

A investigação envolve o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup) e o Instituto Ibérico de Nanotecnologia.

"A nanomedicina abre perspetivas importantes e crescentes em todo o mundo de um muito mais eficaz combate ao cancro", rematou Lúcio Lara Santos.

Instituto Politécnico
O Instituto Politécnico de Bragança está a realizar um estudo sobre o que pode levar os jovens médicos a fixarem-se no interior...

A iniciativa foi divulgada sexta-feira, num encontro sobre a Saúde, por António Araújo presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, e pretende apurar junto dos potenciais interessados o que os levaria a preferir o interior em detrimento do litoral.

Perante “a grande dificuldade que existe na captação de médicos jovens para o interior”, o Conselho Regional da Ordem desafiou o politécnico de Bragança a fazer “um estudo científico sobre as expectativas que podem levar” os profissionais a mudar as suas opções.

“Contamos, desde logo, com o apoio e adesão do politécnico e esperamos muito ansiosamente estas conclusões para que possamos apresentar à tutela, de modo a que possamos de alguma forma ter aqui um substrato para decisões políticas que venham a ser aplicadas e a ser levadas a cabo para trazer médicos para o interior do país”, afirmou.

A expectativa é a de poderem “apresentar as conclusões provavelmente no final do mês de maio”.

A Ordem considera preocupante a falta de médicos em distrito do interior como Bragança, onde a idade média dos profissionais é elevada, com a perspetiva de que “no prazo de quatro a seis anos irá levar á reforma de muito médicos”.

Ainda à espera das conclusões do estudo, o presidente do Conselho Regional adiantou que “é percetível por todos” que o incentivo não passará apenas por uma questão de ordenado e que “as pessoas escolhem o interior do país se sentirem que têm projetos de vida profissional e pessoal”.

“Portanto, é necessário tornar o interior do país atrativo para os jovens, nomeadamente para os jovens médicos”, acrescentou.

Para o responsável, além da parte remuneratória, “há toda uma série de outras iniciativas que podem ser e devem ser levadas a cabo, não só pela tutela, mas também pelos municípios” e que “permitam, por exemplo, aos cônjuges encontrarem eventualmente saídas profissionais também para eles mais facilmente que nas grandes cidades”.

Eutanásia
O ex-diretor geral de Saúde Francisco George defendeu que a despenalização da morte assistida tem de ser aprovada em nome do ...

No primeiro painel da conferência “Despenalizar a morte assistida: tolerância e livre decisão" organizada pelo BE e na qual o partido apresentou o seu projeto-lei sobre o tema, Francisco George lembrou que subscreveu “sem hesitação” o início deste movimento há dois anos.

“Esta lei tem de ser aprovada no interesse público, porque no final da vida há abusos médicos muitas vezes, por pressão de administrações sobretudo no setor privado, onde se mantém a vida artificial, que não é aceitável nem no plano moral, nem no plano da ética, nem no plano médico, nem no plano económico”, defendeu o atual presidente da Cruz Vermelha.

Francisco George acrescentou ainda que os custos deste prolongamento da vida artificial da vida “são pagos pelos contribuintes”.

O anterior diretor-geral de Saúde disse estar de acordo com o conteúdo do projeto-lei apresentado pelo BE, mas considerou que pode conter um excesso de burocracia.

“Há ali uma carga de muito relatório, muita comissão, muita verificação que não sei se é boa”, apontou.

Os outros três participantes no painel que analisou as implicações biomédicas da morte assistida manifestaram-se igualmente favoráveis à despenalização.

Joaquim Machado Caetano, antigo coordenador nacional na luta contra a SIDA, justificou a sua posição pessoal, em primeiro lugar, pelo “acompanhamento do sofrimento” no final da vida de familiares próximos.

Também o deputado independente eleito nas listas do PS Alexandre Quintanilha manifestou a sua posição favorável à aprovação da lei, considerando que " a qualidade e dignidade da minha vida é mais importante que a quantidade".

"Suspeito que será assim para muitos cidadãos”, afirmou.

Na mesma linha, o médico psiquiatra Júlio Machado Vaz alinhou na defesa da despenalização e considerou “uma fantasia” colocar os cuidados paliativos como uma alternativa à morte assistida.

No seu projeto-lei, hoje apresentado, o BE permite as duas formas de morte assistida - a eutanásia e o suicídio assistido - e a condição essencial é que “o pedido de antecipação da morte deverá corresponder a uma vontade livre, séria e esclarecida de pessoa com lesão definitiva ou doença incurável e fatal e em sofrimento duradouro e insuportável".

O diploma admite a morte assistida em estabelecimentos de saúde oficiais e em casa do doente, desde que cumpra todos os requisitos e garanta a objeção de consciência para médicos e enfermeiros.

O processo, pelo projeto do BE, prevê vários pareceres de médicos (pelo menos três, incluindo um especialista na área da doença e um psiquiatra) e o doente tem de confirmar várias vezes a sua vontade para pedir a antecipação da morte.

“Para a verificação do cumprimento” do diploma legal, é proposta uma Comissão de Avaliação dos Processos de Antecipação da Morte, composta por nove “personalidades de reconhecido mérito que garantam especial qualificação nas áreas de conhecimento mais diretamente relacionadas” com a lei: três juristas, três profissionais de saúde e três especialistas em ética ou bioética, sejam ou não profissionais de saúde ou juristas”.

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