Infeções
Um dos artigos científicos que deu suporte às orientações da Organização Mundial de Saúde para prevenir infeções relacionadas...

O artigo científico de Mario Schietroma, da Universidade de L’Aquila (Itália), publicado em 2014, foi retirado (retratado) pela revista The American Journal of Surgery depois de verificado que “o estudo não tem validade científica que suporte as conclusões do artigo”, noticiou a Retraction Watch. Este artigo foi citado pela Organização Mundial Saúde (OMS) no documento com as linhas orientadoras para a prevenção de infeções relacionadas com cirurgias — “Global Guidelines for the Prevention of Surgical Site Infection”. Ao Observador, a OMS garantiu que a notícia não compromete as orientações apresentadas.

Para a OMS, esta situação não implica a reformulação das linhas orientadoras, visto que o documento se baseia numa série de outros aspetos. A aplicação de oxigénio no perioperatório (desde o pré-operatório até à alta) é apenas um deles. “Contudo, a equipa vai definitivamente examinar de que forma a retratação [artigo retirado] afeta qualquer recomendação sobre a implementação das diretrizes”, respondeu a OMS.

No artigo retirado — “High-concentration supplemental perioperative oxygen and surgical site infection following elective colorectal surgery for rectal cancer: A prospective, randomized, double-blind, controlled, single-site trial” —, os autores referem que dar altas concentrações de oxigénio aos doentes durante e depois das cirurgias colorretais diminui o risco de infeção. O problema é que os resultados não são estatisticamente significativos como referem os autores.

O estudo foi revisto por um estatístico e um comité de editores séniores da American Journal of Surgery e verificou-se que os resultados careciam de significância estatística”, referia o aviso de retratação.

Não é a primeira vez que Mario Schietroma vê artigos seus serem retirados nem que os resultados, quando verificados estatisticamente, não correspondem à conclusão. A Universidade de L’Aquila disse ao Retraction Watch que estava em curso uma investigação, mas não adiantou pormenores.

O investigador, por sua vez, respondeu que não concorda com a retratação do artigo e não teve oportunidade de se explicar à revista científica, mas também não adiantou mais pormenores à Retraction Watch.

 

Cooprofar
A Cooperativa dos Proprietários de Farmácias (Cooprofar) anunciou hoje o lançamento de uma campanha de sensibilização em 1.200...

Com o lema “Tempo é Vida – Diagnosticar cedo o cancro pode fazer a diferença!”, esta ação de sensibilização e informação tem como objetivo “alertar a população portuguesa para a importância de um diagnóstico precoce, enquanto fator diferenciador no sucesso das terapias e no combate ao cancro, demonstrando como a farmácia também pode ajudar nesta área”, refere a Cooperativa dos Proprietários de Farmácias (Cooprofar), em comunicado.

Neste sentido, “a relação de proximidade e confiança que a farmácia estabelece com cada um dos seus utentes transforma o farmacêutico num profissional de saúde de fácil acesso para, desde logo, ajudar a identificar as pessoas de potenciais sintomas de doenças oncológicas”, salienta.

“Esta capacidade para funcionar como o primeiro contacto na cadeia de saúde, possibilita uma antecipação decisiva do diagnóstico e, consequentemente, do encaminhamento e acompanhamento médico especializado necessário”, acrescenta a Cooprofar.

No âmbito desta campanha serão também realizadas ações de formação e informação para as equipas das farmácias, assim como palestras, uma das quais abordará “O papel da Farmácia e as novas terapêuticas na doença oncológica” e será proferida pelo oncologista e presidente da Ordem dos Médicos/Norte, António Araújo.

A colaborar nesta campanha, a Pulmonale - Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão, salienta que “o cancro do pulmão é normalmente diagnosticado em fase avançada, pelo que a deteção precoce e a informação sobre os principais sintomas podem fazer toda a diferença”.

A responsável desta associação, Isabel Magalhães, salienta que “evolução do conhecimento nos últimos anos veio possibilitar um tratamento mais focalizado e personalizado, abrindo assim novas perspetivas ao doente”.

 

31 de Março - Dia Nacional do Doente com AVC
Só no ano de 2016 houve, em Portugal, aproximadamente 23.500 casos de internamento por AVC e, destes, mais de 3.200 resultaram...

A propósito do Dia Nacional do Doente com AVC, assinalado a 31 de Março, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia alerta para a importância da reabilitação após um AVC. Segundo o SNS, a taxa de mortalidade por AVC diminuiu cerca de 39% entre 2011 e 2015, mas o número de doentes com sequelas tende a aumentar.

As doenças cardiovasculares lideram a lista das principais causas de morte no nosso país. No entanto, nas últimas décadas a mortalidade associada ao AVC tem vindo a diminuir, mas o número de sobreviventes que são deixados com sequelas tende a aumentar. A reabilitação, que segundo a OMS é “o uso de todos os meios necessários para reduzir o impacto da condição incapacitante e permitir aos indivíduos afetados a reintegração completa na sociedade” ganha, portanto, uma importância redobrada. É fundamental que os doentes vítimas de AVC consigam ganhar o máximo de funcionalidade possível para que possam regressar à rotina habitual, mas para atingir esse objetivo, é imperativo que existam equipas e infraestruturas preparadas para os receber.

O processo de reabilitação, tem início ainda no hospital com a ajuda da equipa multidisciplinar encarregue dos cuidados do doente. Médicos, enfermeiros e terapeutas deverão unir esforços, num objetivo último que é o da recuperação da pessoa, tendo em conta as suas limitações e auxiliando-a na adaptação à nova realidade.

Em Portugal, os cuidados de saúde prestados em unidades de reabilitação fizeram com que a mortalidade associada a esta patologia diminuísse 19% no ano que se seguiu ao episódio de AVC, reduzindo igualmente o grau de dependência e de incapacidade destas pessoas. A prevalência do AVC no nosso país, bem como a complexidade desta patologia e a prova de que as unidades de reabilitação são responsáveis pela melhoria do estado de saúde dos doentes, culminam na necessidade de criação de mais centros. Além do referido, o número de sessões de reabilitação comparticipadas não prova ser suficiente, o que significa que muitos portugueses se veem obrigados a deixar o programa a meio, dado que não possuem condições financeiras que o permitam concluir.

É fundamental, portanto, definir uma estratégia concertada, que permita a qualquer cidadão vítima de doença cardiovascular, o acesso a um programa de reabilitação.

O Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares 2017 definiu como objetivo para 2020, a redução da taxa de mortalidade por doenças do cérebro e cardiovasculares em pessoas com menos de 70 anos e aumentar, por sua vez, para 1800 o número de doentes sobreviventes a um AVC que tem acesso a cuidados especializados. Segundo este relatório, o número de óbitos registados em 2016 foi inferior ao registado 5 anos antes, o que poderá antever também um decréscimo no presente ano, significando a necessidade de criação de mais e melhores meios para programas de reabilitação.

O sucesso do trabalho de reabilitação vai depender:

- Da parte do cérebro afetada e da extensão da lesão;
- Do trabalho desenvolvido pela equipa de saúde;
- Da altura em que é iniciado o processo (de preferência, inicia-se o mais cedo possível);

Dia Nacional do Doente com AVC assinala-se a 31 de março
O acidente vascular cerebral (AVC) continua a ser a principal causa de morte e incapacidade permanen

O AVC é claramente uma doença passível de prevenção. O Cardiologista tem aqui um papel fundamental: a) participando no rastreio e tratamento dos factores de risco vascular clássicos (tabagismo, hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, sedentarismo, obesidade, stress); b) diagnosticando e tratando arritmias que predisponham ao AVC (como a fibrilação auricular); c) intervindo a nível da doença cardíaca estrutural que provoque aumento do risco de AVC.

É este último ponto que se situa o campo de atuação da Cardiologia de Intervenção, uma sub-especialidade da Cardiologia. A redução do risco de AVC é conseguida fundamentalmente através de três tipos de procedimentos:

Encerramento do Apêndice Auricular Esquerdo (AAE): a fibrilhação auricular é uma arritmia comum, cuja prevalência aumenta com a idade. O pulso é irregular e as aurículas deixam de contrair, pelo que aumenta a estagnação do sangue nessas cavidades (em particular numa extensão da aurícula esquerda denominada AAE), com consequente aumento da probabilidade de formação de trombos (coágulos), com potencial de migrarem para a circulação cerebral, provocando o denominado AVC cardio-embólico.

O tratamento de primeira linha para evitar a formação desses trombos são os fármacos anticoagulantes. No entanto, uma percentagem significativa de doentes (até 25%) não pode tomar este tipo de medicamentos, em virtude de já terem sofrido hemorragias graves, ou apresentarem patologias que impliquem um risco hemorrágico muito elevado, ou simplesmente não tolerarem ou aderirem devidamente a este tipo de terapêutica (até 30%).

Para estes doentes, o encerramento do AAE, um tipo de cateterismo que é efetuado sob sedação consciente e anestesia local, usando a veia femoral, surge como uma técnica muito eficaz e segura, uma alternativa aos fármacos anticoagulantes (pelo menos não-inferior) e uma evolução na prevenção não-farmacológica do AVC. Em centros de grande experiência, a taxa de sucesso ultrapassa os 95% e as complicações ficam abaixo dos 3-4%;

Encerramento de foramen oval patente (FOP): o FOP é uma condição cardíaca congénita em que um orifício entre as aurículas não encerra ao nascimento. Em determinadas circunstâncias, e com características anatómicas específicas, pode ser uma causa de AVC (denominado como criptogénico), particularmente em doentes jovens.

Por cateterismo femoral, apenas com anestesia local na virilha, é também possível encerrar esse defeito na parede interauricular, através da implantação de um dispositivo específico que ficará integrado na anatomia;

Angioplastia carotídea: em doentes com aterosclerose (placas) severa, obstrutiva, das artérias do pescoço, principalmente se sintomáticos, com menos de 75 anos e com alto risco de intervenção carotídea cirúrgica, a angioplastia (dilatação) por cateterismo dessas lesões, com implantação de uma prótese circunferencial (stent) que assegure a permeabilidade do vaso, demonstrou benefícios em termos de prevenção de AVC.

Em conclusão: todos os Cardiologistas devem estar envolvidos na prevenção, diagnóstico e tratamento do AVC. Devem trabalhar em conjunto com os colegas de Neurologia, Neurorradiologia e Medicina Interna, tendo em vista a melhoria do prognóstico do doente pós-AVC e diminuindo o risco global dos doentes de alto risco pré-AVC. A Cardiologia de Intervenção tem um importante papel específico nos encerramentos do apêndice auricular esquerdo e foramen oval patente, bem como no tratamento da doença carotídea grave.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Assembleia-geral
Os farmacêuticos estão contra a prática de descontos no preço dos medicamentos ao balcão das farmácias, por considerarem que...

Reunidos em assembleia-geral, os farmacêuticos aprovaram, por unanimidade, a resolução apresentada pela Direção Nacional da Ordem dos Farmacêuticos sobre os descontos no preço dos medicamentos sujeitos a receita médica.

Na resolução, a Ordem dos Farmacêuticos (OF) refere que esta prática, legalmente possibilitada pelo Decreto-Lei n.º 65/2007, “desregulou o preço final dos medicamentos a suportar pelos cidadãos e introduziu uma realidade singular face a qualquer outra atividade económica sanitária ou de preço regulado em saúde”.

Para a OF, “a oferta de descontos sobre o preço dos medicamentos ao balcão das farmácias é geradora de desigualdades no acesso à saúde entre os portugueses, que, independentemente da zona geográfica, da disponibilidade financeira ou por uma questão de equidade e justiça social, devem todos poder aceder à medicação de que necessitam nas mesmas condições”.

Adverte ainda, em comunicado, que os descontos provocam “assimetrias regionais”, favorecendo quem reside em zonas mais populosas, “onde existe maior concorrência entre farmácias, em detrimento de cidadãos de regiões mais isoladas”.

A Ordem defende que “a concorrência no setor das farmácias não deve estar centrada no preço dos produtos que dispensam, mas na qualidade dos serviços que prestam aos utentes”.

“A dispensa de medicamentos que são de prescrição médica obrigatória é um serviço público prestado pelas farmácias, contratualizado com o Serviço Nacional de Saúde, que não deve estimular qualquer tipo de diferenciação entre cidadãos no acesso aos cuidados de saúde”, sustenta.

A OF observa que “em nenhum outro serviço de saúde prestado ou cofinanciado pelo Estado são aplicados descontos aos utentes” e que “em nenhum outro país europeu se autorizam descontos nos medicamentos comparticipados”.

Na resolução, a Ordem reconhece “as dificuldades de muitos portugueses para adquirir todos os medicamentos que precisam”, mas considera que os descontos “não são uma via socialmente justa e correta para solucionar este problema, nem são uma garantia de que os seus beneficiários são aqueles que realmente precisam”.

Perante esta situação, os farmacêuticos manifestam “a sua oposição” a esta prática, principalmente em medicamentos sujeitos a receita médica comparticipados, por considerarem ser “uma fonte de desigualdades e iniquidades no acesso ao medicamento”.

A Ordem aguarda a publicação do despacho do Ministério da Saúde que poderá concretizar as restrições sobre a prática de descontos no preço dos medicamentos.

Segundo o jornal Público noticiou em fevereiro, o Ministério da Saúde elaborou um projeto de despacho que prevê que o desconto praticado pelas farmácias não poderá ser superior a 3% sobre a parte não comparticipada dos fármacos.

Rede de Cuidados de Saúde
Os hospitais da Região de Lisboa e Vale do Tejo devem aumentar, até setembro, o número de camas para doentes agudos para 8.149,...

No final de 2017, existiam 7.871 camas de agudos nos hospitais da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), ou seja, mais 157 do que no final de 2015, ainda assim abaixo do valor verificado em 2011, adianta a portaria hoje publicada de madrugada em Diário da República.

Segundo o diploma, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) deve “promover o ajustamento das lotações dos hospitais e centros hospitalares da respetiva região, aumentando a capacidade de resposta na Medicina Interna, sem comprometer a disponibilidade ao nível das especialidades cirúrgicas, atento o objetivo de cumprimento dos tempos máximos de resposta garantidos.

Com estes reajustamentos, o número de camas deve aumentar para 8.404, segundo a portaria.

A ARSLVT deve também avaliar o potencial de melhoria do desempenho dos hospitais no internamento, nomeadamente as taxas de ocupação, a demora média, os internamentos superiores a 30 dias, os reinternamentos e as referenciações para a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrado (RNCCI), tendo “em atenção o 'benchmarking' internacional, nacional e regional, elaborando, no prazo de três meses, orientações para a adoção de planos de melhoria contínua nos hospitais e centros hospitalares”.

“Mais recentemente vem-se acentuando a tendência para se agravar a dificuldade em dar alta aos doentes internados (sobretudo os mais idosos) em hospitais e em camas integrantes da RNCCI, facto que, aliado ao aumento de procura dos serviços de urgência, tem resultado em aumento das taxas de ocupação”, salienta o documento.

Esta realidade tem efeitos significativos sobre o número de camas disponíveis em serviços como os de Medicina Interna: “em 2017 havia, em todos os hospitais da ARSLVT, 1.580 camas de Medicina Interna que representavam 20% da lotação total de hospitais da região”.

A ARSLVT deve também elaborar até setembro, em conjunto com os hospitais, um “plano de medidas concretas e quantificadas” que contribua para a criação de, pelo menos, seis centros de responsabilidade integrados.

Este plano deve contribuir para “melhorar a eficácia e a eficiência da resposta às situações de urgência e emergência, introduzindo iniciativas que permitam redirecionar os utentes para os cuidados programados e de proximidade” e para “alargar o número de iniciativas que integram o projeto SNS + Proximidade, nomeadamente as respostas no domicílio e na comunidade”.

Deve também consolidar os processos de afiliação e de trabalho em rede colaborativa das entidades do Serviço Nacional de Saúde na região, centrando a organização dos cuidados nas necessidades das pessoas e promovendo a cooperação entre estas entidades.

Em 2017, os hospitais da ARSLVT atenderam 2,3 milhões de casos de urgência, realizaram 4,4 milhões de consultas externas e fizeram 223 mil cirurgias.

Neste período, foram também internadas mais de 314 mil pessoas, verificando-se crescimentos, face ao realizado em 2015, de 1,2% no número de consultas, 5,4 % na atividade cirúrgica e 5% no número de atendimentos nas urgências.

No internamento verificou-se uma estabilização da procura, já que a variação foi de apenas -0,5 %, adianta o diploma,

“De assinalar o peso que tem vindo a ser assumido pela Cirurgia de Ambulatório que, em 2015, representava 53% da cirurgia programada realizada e, em 2017, representou 63%, o que está em linha com as melhores práticas internacionais”, sublinha.

Estudo
A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto desenvolveu um estudo sobre o cancro do útero, um dos mais frequentes entre as...

“É importante avaliar a diversidade de cada tumor para adequar o tratamento a cada doente. Não existem medidas objetivas de avaliação desta diversidade, este trabalho demonstra um novo método”, explicou Cátia Silva, primeira autora do estudo.

A investigadora considerou que “dando continuidade a esta investigação, será possível conhecer melhor a patologia e, assim, adaptar a abordagem que é feita tendo em conta cada caso específico, melhorando a assistência prestada a cada mulher”.

Este estudo, que mereceu destaque na capa do International Journal of Gynecological Pathology, considerada uma das revistas científicas mais reputadas na área, recorreu a “um elevado número de amostras de cada tumor e usou medidas quantitativas que permitiram analisar de forma transversal cada cancro”.

Deste modo, “foi possível analisar de forma sólida as características morfológicas e moleculares dos tumores, esclarecendo, consequentemente, o seu grau de variabilidade e heterogeneidade intratumoral”, disse Cátia Silva.

“Fizemos uma análise profunda, muito mais detalhada que outros estudos até à data. Conseguimos perceber que cada tumor é constituído por células de características semelhantes”, frisou.

De acordo com a investigadora, “este é o primeiro passo para responder a uma série de questões relativamente à natureza deste tipo específico de cancro” e que, por isso, “a investigação deve continuar”.

O estudo, desenvolvido no âmbito do mestrado em Medicina e Oncologia Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), pela investigadora Cátia Silva e coordenado por Carla Bartosch e José Manuel Lopes, contou com a colaboração do Centro Hospitalar São João, do IPO-Porto, do ICBAS e do IPATIMUP/i3S.

 

Delegado de Saúde
O homem, de 39 anos, está internado no Hospital de Santa Maria. Esta confirmação fez subir para 71 o número de casos confirmados.

Pela primeira vez há um caso confirmado de sarampo na zona de Lisboa. O homem está internado no Hospital de Santa Maria, segundo avançou à Renascença o delegado de Saúde Regional de Lisboa e Vale do Tejo, Mário Durval.

O mesmo responsável revelou que o paciente "não deve ter sido contagiado na zona sul, porque veio do Porto, após uma viagem ao Ruanda". A ligação epidemiológica aos casos do Porto está em estudo.

O delegado lembra que "há uma grande imunização na região contra a doença, exceto numa franja da população entre os 40 e os 50 anos onde há pessoas que não foram vacinadas e que podem ser contagiadas".

A Diretora-Geral da Saúde, Graça Feitas, confirmou à Renascença que o paciente de 39 anos "está estável", estando internado porque "tem também outra patologia para a qual faz tratamento".

O homem tem "ligações laborais ao norte do país" e viajou também a trabalho para o Ruanda, ou seja, tem duas possíveis a ligações a dois focos diferentes da doença. Neste momento, está a ser feita uma investigação para reconstituir o percurso do doente e encontrar todas as pessoas com quem esteve em contacto. "Até este momento, já foram contactadas centenas de pessoas", assegura Graça Freitas.

"Os casos de sarampo que existem de sarampo em Portugal ou aparecem a partir de importação - vírus que vêm de outros países - ou partir de cadeias de transmissão já secundárias ou terciárias, como se passa na região norte", explica.

A Diretora-Geral da Saúde adiantou também que o doente "está vacinado, fez uma dose da vacina", o que quer dizer que o "estado vacinal do doente significa que não transmite a doença tão facilmente".

Esta confirmação fez subir para 71 o número de casos confirmados de sarampo em Portugal, embora o surto esteja a estabilizar.

O doente está em isolamento no Hospital de Santa Maria, explicou Mário Durval, que salienta que o hospital está a seguir as regras de contenção de doenças infecciosas.

O delegado de saúde tranquiliza quem precise de recorrer ao Santa Maria: "O doente está em quarto isolado e não anda a deambular pelos corredores", por isso, "os utentes não precisam de tomar nenhuma medida extra".

A Diretora-Geral da Saúde Graça Freitas reforçou a mensagem de "tranquilidade total" aos utentes: "já foi revisto o estado vacinal dos profissionais de saúde que estiveram em contacto com o doente" e, para quem precisar de ir ao Santa Maria assegura que "será um dia normal, como qualquer outro".

Entre 11 de fevereiro e 21 de março, registaram-se 70 casos confirmados de sarampo, 69 no norte e uma em Pombal. A maioria das situações reportadas neste período têm ligação ao Hospital de Santo António, no Porto.

O número de casos negativos é de 163 e a Direcção-Geral da Saúde (DGS) está ainda a investigar 34 casos suspeitos.

O vírus do sarampo é transmitido por contacto direto com as gotículas infeciosas ou por propagação no ar quando a pessoa infetada tosse ou espirra. Os doentes são considerados contagiosos desde 4 dias antes até 4 dias depois do aparecimento da erupção cutânea.

Os sintomas de sarampo aparecem geralmente entre 10 a 12 dias depois da pessoa ser infetada e começam habitualmente com febre, erupção cutânea (progride da cabeça para o tronco e para as extremidades inferiores), tosse, conjuntivite e corrimento nasal.

O atual surto de sarampo em Portugal atingiu mais do dobro das pessoas do que os dois surtos de 2017 e fez com que, num ano, se registasse uma centena de casos num país considerado zona livre da doença.

Entre 2017 e 2018 Portugal quintuplicou o número de casos de sarampo que tinha registado em quase dez anos. Entre 2006 e 2014 houve apenas 19 casos da doença, quase todos importados.

 

Estudo
Uma equipa internacional de investigação liderada por Mónica Bettencourt Dias, do Instituto Gulbenkian de Ciência, identificou...

Os investigadores descobriram, segundo o estudo divulgado hoje na revista científica Nature Communications, que na maioria dos subtipos agressivos de cancro aumenta o número e o tamanho de umas estruturas minúsculas que existem nas células chamadas centríolos.

Num comunicado divulgado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência explica-se que os centríolos são cerca de cem vezes mais pequenos do que um fio de cabelo e que têm sido considerados o “cérebro da célula”, porque desempenham “papéis cruciais na multiplicação, movimento e comunicação entre células”.

“Esses são processos normalmente alterados no cancro e que permitem a sobrevivência e multiplicação das células cancerígenas”, explica o Instituto, acrescentando que o número e tamanho dos centríolos são “altamente controlados” nas células normais. O que os investigadores descobriram foi que nas células cancerígenas os centríolos são frequentemente mais longos e em maior número do que nas células normais.

“Mais importante, a equipa observou que o excesso de centríolos é mais prevalente em formas agressivas do cancro da mama, como o triplo negativo, e do cólon. Descobriram também que os centríolos mais longos são excessivamente ativos, o que perturba a divisão das células e pode levar à formação de cancro”, diz-se no comunicado.

Gaelle Marteil, primeira autora do estudo e investigadora do laboratório de Mónica Bettencourt Dias, disse, citada no comunicado: “Os nossos resultados confirmam que uma desregulação no número e tamanho dos centríolos dentro das células está associada a características malignas. Esta descoberta pode ajudar a estabelecer as propriedades dos centríolos como uma forma de classificar tumores de modo a determinar prognósticos e prever o tratamento adequado”.

O estudo envolveu uma equipa de investigação internacional do Instituto Gulbenkian de Ciência em colaboração com investigadores do I3S- Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, IPATIMUP – Instituto de Patologia e Imunologia Molecular, Instituto de Medicina Molecular, Instituto Português de Oncologia, e Dana-Faber Cancer Institute dos Estados Unidos).

Mónica Bettencourt Dias, bióloga, é a diretora do Instituto Gulbenkian de Ciência. Substituiu este ano o britânico Jonathan Howard.

 

Estudo
Já tinha sido definido como o “terceiro espaço”, mas nunca o tinham considerado um órgão. Cientistas dos EUA propõem agora que...

O corpo humano continua a surpreender-nos. Em pleno século XXI, uma equipa de cientistas dos Estados Unidos revela-nos que temos um órgão que nunca tinha sido considerado como tal. Chama-se interstício, é formado por um espaço com fluido e está nos tecidos conjuntivos por baixo da superfície da pele, reveste o tubo digestivo, os pulmões e o sistema urinário e rodeia as artérias, as veias ou a membrana entre os músculos – tudo numa única estrutura. Num artigo científico publicado esta terça-feira na revista Scientific Reports, pela primeira vez, os cientistas descrevem este órgão e consideram-no um dos maiores do corpo humano.

A “descoberta” aconteceu graças a um novo endoscópio. Em 2015, os médicos e autores do trabalho Petros Benias e David Carr-Locke mostraram ao patologista e coordenador do trabalho Neil Theise fotografias das paredes dos canais biliares (que existem normalmente no fígado e por onde são excretados os produtos segregados pelas células) que tinham sido obtidas através do tal endoscópio. Estes instrumentos são usados para examinar órgãos internos, tirar amostras dos tecidos e fazer diagnósticos.

“Este endoscópio tem uma nova função: depois de injetar um pouco de corante fluorescente na veia da pessoa durante a endoscopia, pode-se examinar o tecido vivo a um nível microscópico semelhante ao que se tem nas biopsias”, conta ao jornal Público Neil Theise, da Escola de Medicina Icahn do Hospital do Monte Sinai (em Nova Iorque), tal como Petros Benias e David Carr-Locke. “Em muitos casos, usou-se o endoscópio para examinar o esófago, o estômago, o intestino delgado ou o intestino grosso, mas nada de extraordinário se revelou.” O cenário mudou quando se observaram “espaços” nos canais biliares que não correspondiam ao que se conhecia até então.

Neil Theise confessa que tentou saber o que seriam esses “espaços” só através da análise dessas fotografias, mas não conseguiu. Por isso, a equipa analisou canais biliares (ainda saudáveis) retirados de doentes com cancro durante as operações. “Então, vimos algo inesperado. Uma camada intermédia do canal biliar, que se pensava que fosse um tecido conjuntivo densamente compactado e com uma parede de colagénio densa, era na verdade um espaço aberto, preenchido por fluido e sustentado por uma rede de fibras de colagénio.”

A pouco e pouco, os cientistas analisaram outras camadas de tecidos conjuntivos, como as dos revestimentos dos órgãos viscerais, da derme (uma camada da pele), a fáscia ou o tecido conjuntivo à volta dos vasos sanguíneos. Em todos encontraram o interstício.

Nesse espaço, está o fluido extracelular, aquele que não está dentro das células. “Alguns espaços como estes são óbvios: o sistema cardiovascular tem o fluido do sangue, os próprios vasos linfáticos, e o espaço dentro do cérebro e da medula contém fluido cérebroespinal”, descreve Neil Theise, dizendo que se estima que todos esses espaços só tenham um quarto de fluido extracelular. “Aproximadamente 20% do volume do fluido do corpo, que inclui cerca de dez litros, está dentro do interstício.”

Novo tipo de células
Para que serve? “O fluido intersticial foi criado para ser a ‘pré-linfa’, que chega ao fluido no sistema linfático. Por isso, este espaço é a continuação direta do sistema linfático e dos gânglios linfáticos”, explica o patologista. E frisa-se no artigo: “O espaço intersticial é a fonte primária da linfa e é o maior compartimento de fluido no corpo.” Contudo, Neil Theise destaca que ainda se sabe muito pouco sobre este órgão.

No passado, o interstício era definido como o “terceiro espaço” – depois do sistema cardiovascular e do linfático. “Era geralmente descrito como um mero ‘espaço entre as células’, embora ocasionalmente o conceito de que havia um grande espaço intersticial já tenha sido referido. Mas as suas características anatómicas e histológicas nunca tinham sido descritas”, conta Neil Theise.

Sobre os “indícios” da existência do interstício, o patologista brinca: “Agora podemos olhar para trás e dizer: ‘Ah, era o interstício que se estava a observar!’ Mas até publicarmos estes resultados, esta estrutura comum no corpo tinha de facto sido esquecida.”

Definir agora o interstício como um órgão ainda é algo “impreciso”, pois deve ser estudado ainda por outros cientistas para que exista um consenso sobre ele, disse o patologista ao site de notícias Live Science. Mas ao jornal Público salientou: “Normalmente, [considerar um órgão] implica que haja uma unidade e unicidade de uma estrutura e/ou de uma função. Este espaço tem ambas: propriedades únicas, assim como estruturas e funções que não são observadas noutro sítio.”

Além disso, esta descoberta pode levar a avanços na medicina, como diz o patologista: “Tem potencial para impulsionar grandes progressos na medicina, incluindo a possibilidade de uma amostra direta de fluido intersticial se tornar uma poderosa ferramenta de diagnóstico.” No artigo, os cientistas destacam que esta descoberta pode ser importante para o estudo das metástases de cancro, bem como do edema, da fibrose e dos mecanismos de funcionamento de tecidos e órgãos.

Vejamos alguns exemplos do que já se sabe. Como o interstício é uma “estrada” com fluido em circulação, isso poderá explicar por que é que as células cancerosas, quando a invadem, se tornam tão propensas a espalharem-se. “Sabemos há décadas que a invasão do cancro nessas camadas é o momento em que há mais risco de ele se espalhar para fora do órgão, particularmente para os gânglios linfáticos”, diz Neil Theise, realçando que antes se pensava que este espaço tivesse uma parede densa de colagénio. “O espaço é preenchido por uma ‘estrada’ de fluido, muitas vezes sob pressão, que circula diretamente no sistema linfático e, desta forma, para os gânglios linfáticos. As metástases tumorais estão dependentes deste espaço e das suas características.”

Nesse espaço, também há uma circulação de macrófagos, um tipo de células do sistema imunitário. “Quando fazemos uma tatuagem, esta é a camada em que o pigmento é depositado e é absorvido por essas células. Quando algumas células imunitárias se movem para aqui, elas chegam sempre aos gânglios linfáticos, como as células tumorais.” Mas, ao contrário das células cancerosas, aquelas desempenham uma função imunitária normal. “Provavelmente, células imunitárias de todos os tipos viajam através deste espaço durante uma lesão ou doença. Como estão em ligação direta com o sistema linfático, podem desempenhar um papel importante na inflamação.”

Neil Theise acrescenta também que há um novo tipo de células neste órgão: células que juntam características dos fibroblastos (células do tecido conjuntivo), que fabricam colagénio, e das células endoteliais, que revestem o interior dos vasos sanguíneos.

O interstício junta-se assim a outros órgãos recentemente “descobertos”, como o mesentério, uma dupla prega da membrana que cobre a parede abdominal, que foi reconhecido pelos cientistas como órgão no final de 2016. No ano passado, também ficámos a saber mais sobre as funções imunitárias do omento, uma cobertura adiposa que está na zona do abdómen, mesmo à frente dos órgãos viscerais, e que se assemelha a um avental. Ficamos agora à espera da próxima “descoberta”.

 

Entrevista
Considerado o “assassino” silencioso da visão, estima-se que o Glaucoma afete 60 milhões de pessoas

O que é o Glaucoma? E qual a sua incidência?

O glaucoma é uma doença neurodegenerativa em que o nervo ótico se encontra lesado, sendo, geralmente, associada a um aumento da pressão intraocular. É uma doença que, de forma geral, evolui de forma lenta e progressiva, provocando lesões irreversíveis no nervo ótico. O facto de o glaucoma ser assintomático nas fases iniciais contribui para que o seu diagnóstico precoce seja pouco frequente. Estima-se que mais de 100 mil pessoas sofram de glaucoma em Portugal, afirmando-se igualmente como a segunda causa de cegueira no mundo, segundo a OMS.

Quais as causas ou fatores de risco?

O glaucoma surge, em muitos casos, na sequência do aumento da tensão ocular, que pode ter origem em diversas causas. Pode ser devido ao aumento de produção de humor aquoso, o líquido que hidrata a córnea e o cristalino e que regula a pressão interna do olho. Por outro lado, pode haver uma drenagem insuficiente do mesmo, provocando assim uma pressão elevada na câmara anterior do olho.

Raramente, o glaucoma pode ser congénito, sendo esta forma especialmente difícil de tratar requerendo, quase sempre, cirurgia.

O glaucoma pode também ser secundário a algumas doenças, destacando-se a diabetes, doença que provoca lesões na retina, conhecidas como a retinopatia diabética, que, se não forem tratadas na sua fase inicial, provocam glaucoma neovascular, um dos mais difíceis tipos desta doença.

Como se manifesta esta doença?

Ao contrário do que é habitualmente veiculado, o olho com glaucoma não vê manchas escuras nem se assemelha a um túnel. O que acontece verdadeiramente é que as lesões no nervo ótico farão com que o olho não consiga percecionar determinadas áreas do nosso campo de visão.

No entanto, o cérebro, devido à sua elasticidade, preenche esses espaços com informação semelhante àquela que está a receber em seu redor, não existindo qualquer indicação de dor ou inflamação. Assim, a título de exemplo, o doente com glaucoma que vá a passear na rua poderá não ver um sinal de trânsito, uma vez que essa área do seu olho se encontra danificada. No entanto, no lugar do sinal de trânsito, não verá uma mancha negra, mas sim uma continuação da paisagem envolvente, como a continuação do chão ou um muro.

É por esta razão que o glaucoma é assintomático na sua fase inicial: o doente com glaucoma só se aperceberá de que está a ver mal quando tiver uma perceção tão distorcida da realidade que comece a embater contra obstáculos físicos ou não veja elementos que são por demais evidentes, pondo em risco a sua segurança e a dos outros.

Existem diferentes tipos de glaucoma? O que os distingue e qual o mais comum?

O glaucoma de ângulo aberto é o mais comum, pautando-se por um aumento da pressão intraocular e consequente perda progressiva da visão e de campo visual.

O glaucoma neovascular destaca-se pelas pressões intraoculares muito elevadas, que provocam uma evolução muito rápida da doença. Alguns dos seus sintomas são inflamatórios, causando olho vermelho doloroso, sendo a principal causa a retinopatia diabética avançada.

O glaucoma congénito acompanha o doente desde a sua nascença, encontrando-se associado a alterações genéticas que podem ser hereditárias. Nestes casos há aumento da pressão intraocular durante a gestação e nos primeiros meses de vida. A sua deteção é rápida, uma vez que, geralmente, a córnea se encontra efetivamente edemaciada e turva, além de que é comum estes doentes terem fotofobia e olhos vermelhos e lacrimejantes.

No glaucoma de ângulo fechado, a pressão intraocular pode sofrer um aumento abrupto, dando origem a sintomas como a hipovisão, olhos vermelhos e dor ocular intensa, chegando a originar náuseas e vómitos. Estas crises assumem-se como uma urgência clínica que, caso não seja tratada por um médico nas primeiras horas, pode dar origem a cegueira de forma irreversível.

Como é feito o diagnóstico do glaucoma? Tratando-se de uma doença assintomática a que sinais devemos estar atentos?

É muito difícil detetar a doença na sua primeira fase, uma vez que é silenciosa em termos de sintomas. Quando surgem os primeiros sinais evidentes, como olhos vermelhos, dor, produção de lágrima em excesso e sensibilidade à luz, entre outros, é já muito difícil conseguir abrandar a progressão da doença.

O exame oftalmológico regular em que é feita a medição da pressão intraocular, e nos casos suspeitos, a campimetria e a tomografia ótica (OCT), são os exames de diagnóstico mais eficazes na deteção do glaucoma, especialmente em adultos com mais de 40 anos.

O glaucoma pode afetar crianças e jovens ou é uma doença exclusiva dos mais velhos?

O glaucoma é uma doença predominante dos adultos, com especialmente incidência acima dos 60 anos de idade. No entanto, pode também afetar crianças e jovens, em especial crianças com diabetes ou jovens com antecedentes na família.

A partir de que idade devemos procurar o conselho médico? Qual a importância da realização de exames periódicos?

Por ser uma doença predominante nos adultos, é essencial que todas as pessoas com mais de 40 anos façam consultas de oftalmologia de forma regular, para medir e verificar a pressão ocular e avaliar o estado do nervo ótico, especialmente nas pessoas com antecedentes familiares de glaucoma e nas pessoas com mais de 60 anos, grupo em que o risco é ainda mais elevado.

Quais são as principais complicações da doença?

No caso do glaucoma de ângulo aberto, o tipo mais comum da doença, inicialmente, não causa complicações ao doente, uma vez que o cérebro consegue encontrar soluções de substituição para as áreas danificadas do campo de visão.

No entanto, com a progressiva lesão do nervo ótico, a capacidade de resposta eficiente por parte da rede neuronal diminui e o paciente começa a sentir um forte impacto negativo, que passa pelo risco de cegueira. As primeiras complicações são sentidas nas tarefas banais do dia-a-dia, como conduzir, caminhar, trabalhar e outras ações, que, além da sua execução se tornar mais difícil, pela falta de informação visual, é também cada vez menos seguro, pois o risco de choque, colisão e acidente é superior.

É possível prevenir o Glaucoma? Quais os cuidados a ter?

Infelizmente, ainda não é possível prevenir o glaucoma, apesar dos grandes avanços científicos que têm sido levados a cabo nos últimos anos. O que é efetivamente possível prevenir com sucesso é a progressão da doença para formas graves que comprometem a visão. Para tal, é vital a realização de um diagnóstico precoce para dar início, desde logo, ao tratamento correto.

E tem cura? É possível reverter a sua evolução?

O glaucoma não tem cura nem é possível reverter a sua evolução. No entanto, é possível controlar de forma bastante eficaz a doença, para que o doente com glaucoma possa ter uma vida perfeitamente normal. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maior será a taxa de eficácia no controlo de danos.

Qual o tratamento?  Atualmente, existem novas opções terapêuticas?

Existem várias opções para o tratamento farmacológico, sob a forma de colírio, com uma ou duas substâncias ativas na sua formulação. Geralmente, começa-se com uma monoterapia e, caso não seja suficiente, pode acrescentar-se um segundo ou até mesmo um terceiro fármaco. Estão disponíveis várias classes terapêuticas, como as prostaglandinas, betabloqueadores, inibidores da anidrase carbónica, etc.

Uma das mais recentes inovações no tratamento farmacológico do glaucoma é o Taptiqom da Santen, que combina Tafluprost e Timolol. Graças à combinação de duas substâncias ativas, consegue-se uma redução da pressão intraocular até 40% em doentes cuja pressão intraocular é muito elevada – na ordem dos 31 mmHg. Entre as vantagens deste novo fármaco aprovado pelo INFARMED, destaca-se a ausência de conservantes, pelo que Taptiqom não só é eficaz na prevenção do agravamento da lesão do nervo ótico, mas também evita os efeitos associados aos conservantes.

A cirurgia é sempre necessária? Qual o risco desta opção terapêutica?

A cirurgia é o último recurso, sendo necessária quando não se consegue controlar a pressão intraocular e visa aumentar a drenagem do humor aquoso. No entanto, a cirurgia poderá ter de ser complementada com tratamento medicamentoso, uma vez que o glaucoma pode sofrer agravamentos mesmo após o procedimento.

No âmbito da importância do diagnóstico precoce, que mensagem gostaria de reforçar?

Atualmente estima-se que 70 milhões de pessoas sofram de glaucoma em todo o mundo. Este número aumenta em 2,4 milhões a cada ano, pelo que em 2020 haverá quase 80 milhões de doentes com glaucoma. Estes são números assustadores que vêm alertar e dar força à importância da deteção precoce e do tratamento adequado. É, portanto, essencial a consciencialização da população para a criação de uma rotina de consulta oftalmológica a partir dos 40 anos, idade com maior risco, de forma a fazer o despiste regular e, nos casos que têm a doença, dar início ao tratamento mais adequado e, assim, não deixar a doença progredir, mantendo uma boa qualidade de vida do paciente.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Toxicodependentes
As salas de consumo assistido de Lisboa vão contar também com cuidados de higiene, alimentação e valências de enfermagem, como...

Segundo o vereador, estas serão "salas que permitem o consumo, a assistência às pessoas" e constituem "uma resposta multidisciplinar".

"O modelo permite o consumo, mas é muito mais do que isso, tem uma resposta social. Permite uma resposta de apoio alimentar básico, serviços de higiene, apoio social, apoio psicológico, cuidados de enfermagem, sobretudo rastreios de infeções transmissíveis", elencou o eleito bloquista, que falava na sessão de perguntas à câmara, depois de questionado pelo grupo municipal do CDS-PP.

Na reunião, Ricardo Robles falou também nos diagnósticos que estão a ser feitos pelas associações Médicos do Mundo, GAT, Crescer na Maior e Ares do Pinhal, que "estão concluídos, serão apresentados publicamente no dia 19 de abril e apontam [as salas de consumo assistido] para três zonas da cidade".

Na opinião daquele responsável, "estas respostas têm de ser dadas nos locais onde os consumos acontecem" e, por isso, foram identificadas as zonas da Alta de Lisboa (Lumiar), Vale de Alcântara (antigo Casal Ventoso), e a zona ocidental de Lisboa.

Nas duas primeiras zonas poderão ser criados postos fixos, enquanto na zona ocidental estará uma equipa móvel, acrescentou Robles.

"Não vamos inventar novos locais, não vamos levar consumo para onde ele não existe, temos de dar as respostas onde temos este problema", defendeu.

Apontando que o município tem "estado em contacto com as entidades que estão a trabalhar este tema", o vereador dos Direitos Sociais de Lisboa salientou que esta "é uma discussão que está no terreno" e que a câmara quer "que seja uma resposta participada por todos e por todas".

Na reunião de ontem, os deputados centristas questionaram também o executivo relativo ao Regulamento Municipal do Arvoredo, tendo o eleito Diogo Moura referido que a delegação de competências desta área nas Juntas de Freguesia "às vezes é um presente envenenado", devido à escassez de "recursos financeiros e humanos" para levar a cabo as tarefas.

Em resposta, o vereador da Estrutura Verde, José Sá Fernandes, afirmou que "o executivo tem plena confiança na maneira como as Juntas de Freguesia gerem aquilo que lhes está atribuído".

"Em relação ao Regulamento do Arvoredo existem algumas situações que temos de trabalhar com as Juntas de Freguesia, porque de facto os autos de transferência tiveram em conta realidades que existiam na altura e que são diferentes das presentes", salientou o autarca, dando o exemplo do "custo que a câmara tinha com o arvoredo" e as "necessidades que cidade sente hoje".

Sá Fernandes admitiu que existe "uma falha aqui ou ali, seja das juntas, seja da câmara", mas salientou que "a maior parte do arvoredo é bem gerido".

"Reconheço que têm havido situações de falta de comunicação, ou de intervenções aqui e ali menos cuidadas, incluindo da Câmara Municipal de Lisboa, mas julgo que isto será ultrapassado", acrescentou o vereador do Ambiente, apontando ser necessária "articulação em relação a esta matéria".

 

Boletim Epidemiológico
Trinta e quatro casos de sarampo estão em investigação e 163 revelaram-se negativos, segundo o Boletim Epidemiológico ontem...

De acordo com o Boletim Epidemiológico, elaborado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), dos 70 casos confirmados, dos quais 58 já estão curados, 40 (57%) eram mulheres e 61 (87%) eram profissionais de saúde.

Todos os infetados eram adultos: 57 tinham idades entre os 20 e os 34 anos, dez entre os 35 e os 44 anos e três entre os 45 e os 54 anos.

Os dados do boletim “Sarampo em Portugal” referem ainda que dez doentes (14%) não estavam vacinados e seis (9%) tinham o esquema vacinal incompleto.

Num comunicado divulgado hoje de manhã, a DGS adiantava que, às 19:00 de segunda-feira, não se encontravam doentes internados com sarampo.

A maioria dos 70 casos de sarampo no atual surto tem ligação ao Hospital de Santo António, no Porto, adianta a DGS.

A DGS recorda que o vírus do sarampo é transmitido por contacto direto com as gotículas infeciosas ou por propagação no ar quando a pessoa infetada tosse ou espirra. Os doentes são considerados contagiosos desde quatro dias antes e até quatro dias depois do aparecimento da erupção cutânea.

Os sintomas de sarampo aparecem geralmente entre 10 a 12 dias depois de a pessoa ser infetada e começam habitualmente com febre, erupção cutânea (progride da cabeça para o tronco e para as extremidades inferiores), tosse, conjuntivite e corrimento nasal.

Existe vacina contra o sarampo no Programa Nacional de Vacinação, que deve ser administrada aos 12 meses e cinco anos.

Os profissionais de saúde devem ter as duas doses da vacina independentemente da sua idade.

Quem já teve sarampo está imunizado e não voltará a ter a doença. As pessoas com o esquema vacinal completo podem contrair a doença, mas de forma leve e não são veículo de transmissão, segundo as autoridades de saúde.

 

Associação Dignitude
Os municípios de Ansião, Pampilhosa da Serra e Guimarães passaram a integrar o programa de dispensa gratuita de medicamentos...

Em menos de dois anos, a Dignitude implementou um programa de distribuição gratuita de medicamentos designado de programa Abem, que, em 2017, beneficiou cerca de 4.000 pessoas carenciadas e pretende atingir as 25 mil no final de 2018.

Trata-se do primeiro programa dinamizado por aquela associação, que tem sede em Coimbra e que pretende dar resposta aos problemas de acesso ao medicamento pelas pessoas mais carenciadas.

Em comunicado, a Dignitude refere que, até à data, foram assinadas 59 parcerias com municípios, "a que se juntam também as farmácias dos respetivos concelhos, igualmente aderentes a este projeto".

"A comparticipação dos medicamentos é feita através do fundo solidário do programa Abem: Rede Solidária do Medicamento - que junta municípios, sociedade civil e empresas que, em conjunto, suportam os custos e encargos ao doente", explica a associação.

Os municípios ficam responsáveis pela identificação, avaliação e referenciação dos agregados familiares socialmente vulneráveis, cuja situação seja enquadrável no programa Abem.

A criação da Associação Dignitude, em novembro de 2015, foi promovida pela Associação Nacional de Farmácias, Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica, Cáritas e Plataforma Saúde em Diálogo e resulta de várias parcerias instituídas com entidades a nível local, autarquias, Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e outras instituições da área social.

 

Dezenas de casos
A imigração em massa de venezuelanos para o Brasil trouxe o sarampo de volta ao país, preocupando as autoridades de saúde de...

"Nós tínhamos erradicado o sarampo no Brasil em 2015, mas, infelizmente, não existe uma barreira sanitária na fronteira. Como a cobertura vacinal dos venezuelanos é muito baixa eles estão entrando no Brasil e trouxeram a doença de volta", disse o secretário de Saúde de Roraima, Marcelo Rodrigues Batista.

O secretário de Saúde explicou que o Brasil não exige um comprovativo de vacinação aos estrangeiros que atravessam as fronteiras e isso tem criado novos riscos epidemiológicos.

A diretora epidemiológica da Secretaria de Saúde de Boa Vista, capital do estado de Roraima onde foram notificados a maioria dos casos, explicou que a doença começou a ser verificada em fevereiro.

"O primeiro caso foi notificado no dia 11 de fevereiro de 2018. Uma criança, moradora de rua, imigrante da Venezuela, foi levada ao hospital com sinais e sintomas de sarampo. A partir deste momento as medidas de bloqueio foram iniciadas", explicou Roberta Calandrini.

A responsável pelo controlo epidemiológico salientou que a aposta tem sido na vacinação das pessoas. Nesse sentido, a prefeitura está a imunizar, desde 10 de março, aqueles que ainda não haviam sido vacinados contra o sarampo, numa campanha que pretende atingir 248 mil pessoas.

"Colocamos um posto de vacinação na sede da polícia federal [que regista imigrantes e refugiados], continuamos fazendo ações nas praças e no entorno dos abrigos porque muitos saem de dentro do abrigo doentes para pedir ou fazer visitas e já temos casos [de sarampo] entre brasileiros", acrescentou.

Em meados de março, a Secretaria de Saúde de Roraima confirmou 40 casos de sarampo e existem 113 notificações que ainda estão a ser investigadas.

Os diagnósticos positivos foram notificados na cidade de Boa Vista (29 casos) e Pacaraima (11 casos), localidades que concentram o maior número de imigrantes e refugiados da Venezuela.

Duas crianças venezuelanas que estavam em Boa Vista já morreram por complicações causadas pela infeção.

O estado de Roraima afirma ter vacinado cerca de 35 mil pessoas, incluindo os imigrantes e refugiados, que estão no Brasil.

 

DGS
O número de infetados com o vírus do sarampo que estão já curados subiu para 58, das 70 pessoas que ficaram doentes no atual...

Este organismo do Ministério da Saúde adiantou que, às 19:00 de segunda-feira, não se encontravam doentes internados com sarampo.

A maioria dos 70 casos de sarampo no atual surto tem ligação ao Hospital de Santo António, no Porto, recordou a Direção-Geral da Saúde (DGS).

A DGS recorda que o vírus do sarampo é transmitido por contacto direto com as gotículas infecciosas ou por propagação no ar quando a pessoa infetada tosse ou espirra. Os doentes são considerados contagiosos desde quatro dias antes e até quatro dias depois do aparecimento da erupção cutânea.

Os sintomas de sarampo aparecem geralmente entre 10 a 12 dias depois de a pessoa ser infetada e começam habitualmente com febre, erupção cutânea (progride da cabeça para o tronco e para as extremidades inferiores), tosse, conjuntivite e corrimento nasal.

Existe vacina contra o sarampo no Programa Nacional de Vacinação, que deve ser administrada aos 12 meses e cinco anos.

Os profissionais de saúde devem ter as duas doses da vacina independentemente da sua idade.

Quem já teve sarampo está imunizado e não voltará a ter a doença. As pessoas com o esquema vacinal completo podem contrair a doença, mas de forma leve e não são veículo de transmissão, segundo as autoridades de saúde.

 

SPMI e APMGF assinam Memorando de Entendimento
De olhos postos no futuro dos cuidados de saúde em Portugal, a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e a Associação...

Este memorando envolve várias áreas, como a formação, referenciação, a promoção da saúde e a prevenção das doenças, as normas de orientação clínica e a investigação , entre outras.

Questões como o excessivo recurso às urgências, o sobrediagnóstico, o sobretratamento e as consequências para a saúde dos fenómenos climatéricos extremos vão motivar a criação de um grupo de trabalho conjunto, que irá fazer propostas sobre a gestão do doente agudo, estando prevista a apresentação de recomendações até ao fim do primeiro semestre do ano.

Tanto a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) como a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) consideram ser “muito fragmentados, reativos e centrados na doença” os cuidados prestados aos doentes crónicos, sendo “fundamental mudar este paradigma”, pelo que as duas organizações pretendem “exigir mais incentivos na contratualização e mais investimento para a implementação das reformas de proximidade”. Temos que garantir a continuidade de cuidados através de uma verdadeira integração entre os vários níveis de cuidados. E a Medicina Geral e Familiar e a Medicina Interna são nucleares para assumir essa integração, dentro e fora dos hospitais”, explica Luís Campos, presidente da SPMI.

Rui Nogueira, presidente da ANMGF, concorda e salienta a existência “de uma política de referenciação muitas vezes cega. Precisamos de uma maior proximidade, de uma integração dos cuidados, para que o doente seja o elemento de maior valor nestas andanças de um lado para o outro, dos centros de saúde para os hospitais e destes para os centros de saúde de novo”.

O progressivo “envelhecimento da população”, a que se junta a “agudização das doenças crónicas”, reforça, garante Rui Nogueira, a necessidade de uma relação privilegiada entre as duas especialidades, que se quer fazer também sentir ao nível da formação médica. Por isso, aumentar a cooperação na área da formação, assim como a referenciação entre especialidades, são dois outros dos objetivos deste entendimento.

“O que queremos é fazer do doente o centro dos cuidados”, reforça Luís Campos. “Outros dos aspetos importantes é a prevenção da doença, que tem sido negligenciada. Oitenta por cento dos casos de AVC e diabetes e 40% dos cancros podem ser prevenidos com uma mudança nos comportamentos de risco. É preciso que haja um investimento nesta mudança, assim como no aumento da literacia em saúde e temos que aproveitar todas as oportunidades para o fazer, dentro e fora dos hospitais.”

O alerta dos decisores políticos e do público em geral para a necessidade de uma integração entre a saúde e a assistência social é outros dos passos a dar em conjunto, tanto mais que a “APMI e a APMGF consideram que os dois tipos de necessidades estão cada vez mais interligadas e os serviços de medicina hospitalares, em particular, estão transformados em verdadeiros centros de decisão dos problemas sociais dos doentes, vendo acumular-se o número de doentes que permanecem internados apenas por motivos sociais”.

O Memorando de Entendimento será assinado no dia 28 de março, numa cerimónia no Auditório da Universidade Nova de Lisboa, que vai contar com um debate sobre os desafios que se colocam às duas especialidades e aos serviços de saúde nacionais, contando com nomes como Alexandre Lourenço, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, António Vaz Carneiro, internista e professor da Faculdade de Medicina de Lisboa, Maria de Belém Roseira, ex-Ministra da Saúde, Miguel Guimarães, Bastonário da Ordem dos Médicos e Victor Ramos, médico de Medicina Geral e Familiar e professor convidado da Escola Nacional de Saúde Pública, da Universidade Nova de Lisboa.

 

Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas
O Prémio Celgene 2017, no valor de 5 mil euros, foi atribuído ao projeto “Viver +: Programas de Reabilitação Física e...

O programa de intervenção, dirigido por Isabel Leal Barbosa, presidente da Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas (APLL), foca-se em melhorar a qualidade de vida do doente e sobrevivente oncológico através da reabilitação física e da intervenção psicológica. Pretende alcançar um aumento progressivo da flexibilidade e mobilidade, a redução do isolamento social e da fadiga dos doentes e sobreviventes oncológicos. Com esta intervenção, a APLL quer contribuir para a melhoria do bem-estar físico e psicoemocional destas pessoas, aumentar a sua sensibilização para a doença e reduzir o impacto do diagnóstico e dos efeitos da doença. As aulas são orientadas por treinadores especializados, que para além da componente de treino físico também promovem a entreajuda e a partilha de momentos e sentimentos por parte de todos os participantes.

A APLL, em parceria com a Porto Lazer e a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) implementaram há cerca de dois anos o programa “De volta à forma” e daqui nasceu o projeto “Viver +” que se estenderá a outras cidades e será articulado com todos os outros programas já existentes.

“Com o Prémio, atribuído pela biofarmacêutica Celgene, pretendemos não só dar continuidade aos programas de reabilitação e alargar esta rede, mas também lançar um guião para promover a literacia dos doentes oncológicos, que muitas vezes têm necessidade de saber mais sobre a doença que lhes interrompe a vida sem avisar”, revela a professora Isabel Barbosa, presidente da APLL. O guia estará disponível a partir de abril, e será distribuído pela associação e nas sessões de treino, a todos os doentes que o solicitarem.

Os resultados do “Viver +” estão à vista: segundo a avaliação do projeto, todos os inquiridos consideram que a participação no programa foi uma forma de terapia essencial para a sua recuperação e que a prática de exercício físico melhorou a sua qualidade de vida em diferentes aspetos como a mobilidade, a força muscular, a socialização e a diminuição do isolamento, bem como a nível psicológico.

No final do ano letivo 2016/2017, 85,7% dos inquiridos revelou que a sua fadiga diminuiu com a prática de exercício físico, estando estes resultados de acordo com outros descritos na literatura. As aulas estão planeadas para dois dias por semana e 50% dos inquiridos sente necessidade de participar noutras atividades físicas, o que revela como a atividade física, trazida por este programa, se tornou tão importante na sua vida.

“Este programa tem sido um êxito, pois para além da reabilitação física, os doentes sentem que as sessões são também muito importantes para a sua recuperação psicológica, sentindo-se apoiados e protegidos – 92.9% dos inquiridos consideram que se sentem melhor física e psicologicamente após a participação no programa, o que é um resultado fantástico”, revela a professora Isabel Barbosa, presidente da APLL.

No total foram submetidas 13 candidaturas a este prémio, provenientes de instituições de todo o país, desde faculdades e centros de investigação a associações de doentes. Os projetos submetidos compreenderam, por um lado, ações de intervenção para a melhoria direta da qualidade de vida dos doentes oncológicos, mas também projetos de investigação no âmbito da avaliação médica, levantamento de necessidades e desenvolvimento de ferramentas tecnológicas.

O júri foi constituído por cinco membros, incluindo um representante da Celgene e quatro membros que representam diferentes competências na avaliação das dimensões associadas às iniciativas centradas na pessoa e à identificação do impacto social das intervenções.

A Prof. Dra. Luzia Travado, psico-oncologista e membro do júri, revela que “os doentes e sobreviventes oncológicos precisam de apoio psicossocial, mas tendem a não falar sobre este tipo de problema. Iniciativas como este Prémio da Celgene de incentivo às ações que promovem cuidados centrados na pessoa com doença são essenciais para promover o bem-estar, a qualidade de vida e a literacia em saúde destas pessoas”. Destaca que “os cuidados psico-oncológicos e a informação não são um luxo, são uma necessidade”.

A especialista congratula ainda “a APLL pelo excelente contributo que lhe mereceu o prémio” e felicita todos os que se inscreveram para este prémio, “pelo mérito das suas iniciativas, que enriquecem o panorama dos recursos nacionais de apoio às pessoas com doença oncológica”.

Investigadores apresentam conclusões em novo estudo
Pela primeira vez em Portugal, um grupo de psicólogos avaliou os sintomas psicopatológicos, a personalidade e o processamento...

O estudo, que alerta para a necessidade de acompanhamento psicológico desta população em contexto prisional e após o cumprimento da pena, contou com a autorização da Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e foi realizado por Dulce Pires durante o Doutoramento em Psicologia da UA.

Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde, pela Ordem dos Psicólogos Portugueses, a investigadora, durante o seu percurso profissional, desempenhou também funções enquanto Psicóloga Clínica e Formadora em contexto prisional, tendo trabalhado no sistema prisional nacional diretamente com reclusos condenados por este e outros tipos de crime.

A investigação contou com a participação de 30 homens reclusos em vários estabelecimentos prisionais do país e condenados por homicídio voluntário, na forma simples, qualificada e privilegiada, escreve o Sapo. A todos, a investigadora do Departamento de Educação e Psicologia da UA realizou uma bateria de testes e entrevistas de avaliação de psicopatologia, da personalidade, de psicopatia e da forma como identificam e processam as emoções. O mesmo procedimento foi efetuado com um grupo de três dezenas de homens sem história criminal recrutados aleatoriamente na comunidade para comparação.

Ordem, perfecionismo, controlo mental
Os trinta reclusos – condenados por homicídio passional e familiar ou decorrente de negócios ilícitos, de assaltos, de altercações ou de vingança - distinguiram-se dos indivíduos do grupo de controlo por pontuações mais elevadas na escala da Compulsividade e nas respetivas características associadas.

“Esta escala está ligada segundo o grau de gravidade à Perturbação de Personalidade Obsessivo-Compulsiva (não confundir com Perturbação Obsessivo-Compulsiva) que se reporta a pessoas com tendência a uma preocupação com a ordem, perfecionismo, controlo mental e interpessoal. Dependendo do grau de severidade, esta perturbação pode interferir em todas as áreas da vida”, explica a psicóloga Dulce Pires, cujo estudo foi orientado por Isabel Santos, Carlos Fernandes da Silva e Ana Allen Gomes.

Nos resultados finais, Dulce Pires identificou ainda entre os reclusos a presença de sintomas de stresse pós-traumático o que reporta a existência de sintomas relacionados com algum tipo de trauma psicológico. “Sabemos, pela literatura, que nestes indivíduos, além de poderem existir traumas relacionados com acontecimentos de vida, como na restante população, o próprio crime pode constituir um trauma”, explica Dulce Pires.

Quanto à caracterização da personalidade, sublinha a investigadora, “salienta-se o resultado na faceta da impulsividade, que é considerada na literatura científica como um fator de risco do comportamento criminal”.

Psicopatia e dificuldade no reconhecimento de emoções
Outro aspeto diferenciador entre os grupos estudados foi a presença de psicopatia nos reclusos condenados por homicídio em comparação com o grupo de controlo, que não apresentou indícios. “Este aspeto tem estado presente na literatura científica, em variados estudos, associados ao comportamento violento. A presença de características de psicopatia continua a ser um fator de relevo presente nalguns indivíduos que cometem este tipo de crime”, diz.

Já no processamento emocional, a investigadora encontrou diferenças em ambos os grupos, pelo que “o grupo de reclusos apresentou um padrão de desempenho ao nível da identificação e reconhecimento das emoções diferente do encontrado no grupo de controlo”, por exemplo, no que diz respeito às emoções de medo, alegria, tristeza, surpresa. Existindo interpretações erradas na identificação e reconhecimento de emoções, explica a especialista, “estas afetam a forma como o indivíduo se relaciona com o outro, como interpreta as situações quotidianas, podendo em situações críticas, de conflito, constituir um fator de risco na passagem ao ato, e também assim a nível do comportamento violento”.

Mais e melhor acompanhamento psicológico
“O homicídio é um fenómeno extremamente complexo, que ocorre no contexto de uma multiplicidade de fatores, quer pessoais, quer culturais e situacionais, sendo fundamental a continuidade dos estudos e das investigações que atendam não só a este tipo de crime como a outros, no foco da sua especificidade”, aponta Dulce Pires.

Assim, a investigação da UA pretende ser um indicador dos aspetos importantes a trabalhar com indivíduos condenados por homicídio, quer ao nível do tratamento de psicopatologia quer ao nível da identificação e gestão de emoções. A investigadora reforça desta forma “a importância da avaliação psicológica e tratamento em contexto prisional, e após o cumprimento da pena, já em sociedade”. Para tal “será necessário um reforço a nível de especialistas na área da psicologia e psiquiatria” para poder fazer face a estas necessidades. “Estes indivíduos necessitam de apoio continuado a nível psicológico e social”, alerta a psicóloga.

Para além das áreas do tratamento e reabilitação, o estudo pretende ajudar igualmente os profissionais da investigação criminal e da prevenção, pela informação que pode dar no entendimento do crime e do ofensor.

 

Instituto Português do Sangue e Transplantação
Instituto do Sangue estima poupança de 1,3 milhões de euros por ano para o país e menos desperdício das dádivas dos portugueses.

O plasma recolhido aos dadores portugueses de sangue vai servir pela primeira vez para fazer medicamentos. O presidente do Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST) adiantou à TSF que esta era uma meta antiga que, este ano, vai ser alcançada.

A poupança para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) ronda os 1,3 milhões de euros depois de um contrato assinado com uma empresa que irá tratar o plasma e devolvê-lo, sob a forma de medicamentos, ao IPST.

João Paulo Almeida e Sousa adianta, neste Dia Nacional da Dador de Sangue, que o país tem cerca de 256 mil dadores por ano e parte do plasma continuava a não ser aproveitado.

Com este plasma fracionado será possível fazer medicamentos que serão usados em Portugal, diminuindo a importação de medicamentos, com o presidente do IPST a dar o exemplo das imunoglobulinas, albuminas e fatores de coagulação.

Recorde-se que em dezembro de 2016, pouco depois do início do caso judicial do plasma a envolver a Octopharma, o Governo emitiu um despacho que obriga os hospitais do SNS a recorrerem primeiro ao IPST quando precisam de comprar plasma.

O presidente do IPST adiantou à TSF que a esmagadora maioria dos hospitais hospitais já compram aí a maior parte do plasma de que precisam.

 

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