Gestação de substituição
Uma empresa de barrigas de aluguer, prática proibida em Portugal, vai abrir um escritório em Lisboa, que promete realizar o...

A empresa Tammuz, criada há dez anos em Israel, quer agora instalar-se em Lisboa, juntando-se a outras que já operam no mercado português mas apenas ‘online’. Em declarações à Lusa, o administrador da empresa israelita, Roy Nir, garante que tudo será legal.

Em Portugal, as barrigas de aluguer são proibidas. Até há poucos dias era permitido apenas às mulheres que não podiam ter filhos, por ausência de útero, recorrer a uma gestante de substituição, mas nunca poderia haver dinheiro envolvido. A 24 de abril, a lei de gestação de substituição foi considerada inconstitucional.

Na Tammuz, as mulheres que aceitam ser barrigas de aluguer são remuneradas e qualquer pessoa, independentemente do seu estado de saúde, pode recorrer aos seus serviços.

A ideologia da empresa é simples: “Todos têm direito a ter uma família”, desde casais heterossexuais ou homossexuais, mulheres ou homens sozinhos, conta o administrador.

“Ajudámos a criar mais de 750 famílias [numa década]”, referiu.

“Vamos receber, com muito prazer, toda e qualquer pessoa que queira fazer o processo fora de Portugal. Não vamos fazer nada em Portugal, porque a legislação portuguesa nem sequer possibilita a opção das agências”, conta Roy Nir.

O administrador explica que o espaço físico que vai abrir em Lisboa servirá apenas para que as pessoas se sintam mais seguras e confiantes no momento de iniciar um processo que “tem muito dinheiro e muita emoção envolvidos”.

É na Ucrânia e nos Estados Unidos da América (EUA) que nasce a grande maioria destes bebés.

Segundo Roy Nir, para serem barrigas de aluguer, as ucranianas recebem entre 20 mil a 22 mil euros e as norte-americanas cerca de 50 mil dólares (cerca de 42 mil euros).

A escolha do país para avançar com o processo está relacionada com a legislação local: na Ucrânia só é permitido a casais heterossexuais casados e “a mulher tem de ter uma condição médica que não seja possível engravidar”, explica.

Já nos EUA o cenário é diferente: “Não há discriminação”. É ali que os casais gays realizam o sonho da paternidade.

Para estes casais, o processo pode custar o dobro do que custa a uma família heterossexual. É que ter um filho naquele país fica muito mais caro: as mulheres norte-americanas recebem muito mais para serem gestantes e os custos com serviços de saúde são muito mais elevados.

Roy Nir lembra que este é um processo muito complexo, já que é preciso uma dadora de ovócitos, uma outra mulher disponível para a gravidez, serviços clínicos, médicos e serviços jurídicos.

Mas o administrador garante que a empresa trata de tudo, desde o primeiro contacto dos clientes até ao dia em que regressam a casa com o filho.

Nos EUA, o processo começa com a seleção da mulher que será a barriga de aluguer. “Tem de haver um ‘match’”. Ou seja, quem sonha em ter um filho tem de encontrar uma mulher em quem confie e vice-versa. A distância faz com que se conheçam via Skype. Falam dos seus hábitos, da família, antecedentes. Quando há empatia, o processo avança. De contrário, procura-se uma nova barriga de aluguer.

Há, contudo, muito mais gente a querer ter um filho do que mulheres dispostas a serem barrigas de aluguer. Resultado: “Existe sempre um tempo de espera”, reconhece Roy Nir, garantindo que não costuma ultrapassar os três meses.

Roy Nir, que também é pai de duas crianças que nasceram há sete anos de duas barrigas de aluguer indianas, recorda que este processo é uma "verdadeira montanha russa de emoções", que começa com o receio de não encontrar ninguém de confiança, depois são nove meses de ansiedade sem nunca saber se a gravidez corre bem e, finalmente, o medo de as mulheres se recusarem a entregar o recém-nascido que carregaram durante a gestação.

Curiosamente, as mulheres que aceitam ser barrigas de aluguer também têm medo que os futuros pais rejeitem o bebé no momento do nascimento.

Sentimento por que passa a maioria dos envolvidos, segundo Roy Nir, mas sem razão de ser: “Nunca aconteceu. Não há casos”, garante, baseando-se num trabalho realizado por uma investigadora que estudou milhares de processos em Israel, onde as barrigas de aluguer são permitidas por lei há duas décadas.

Na maioria dos casos, os futuros pais mantêm as rotinas de sempre. A gravidez vai sendo acompanhada à distância, muitas vezes a milhares de quilómetros.

Durante os nove meses de gestação, os futuros pais vão sendo informados de tudo o que se passa. Alguns preferem ter uma ligação próxima com a gestante, enquanto outros optam por se manter afastados, fazendo apenas a viagem final para ir buscar a criança. Roy Nir explica que são formas de gerir um processo complicado.

“Ter uma gravidez a dez mil quilómetros de distância não é muito fácil”, sublinha o responsável da empresa, recordando que a ansiedade vivida até ao dia do nascimento dos seus filhos, Saar e Rotem, foi substituída pela realização de um sonho que tornou “a vida preenchida”.

Doença crónica
Viver com Fibromialgia é um desafio diário pois a intensidade de sintomas variam de dia para dia ou
Viver com fibromialgia

Comecei a sentir dores no corpo todo desde muito cedo, quando ainda era criança, porém na altura as dores eram associadas a dores de crescimento, obrigando-me a lidar com dores que não sabia explicar, o que possivelmente pode ter criado uma certa tolerância à dor durante muitos anos. As dores continuaram durante toda a minha adolescência, quando fiz os meus primeiros exames médicos, porém estava “tudo bem”, sem quaisquer alterações físicas, sendo aconselhado a tomar um analgésico quando as dores fossem mais fortes ou até mesmo insuportáveis, porém ficou sempre uma pergunta por responder: “e o que faço se a dor é constante e no corpo todo? Tomo analgésicos de minuto a minuto?”.

Fui vivendo com dor, por vezes tão intensa que se tornava impossível fazer simples e banais movimentos e atividades, como segurar um copo de água, falar ao telefone, vestir-me pela manhã, estar algum tempo sentado sem que pudesse tomar algo que me retirasse as dores, sem poder e conseguir explicar o que sentia à família, amigos e professores, pois a dor é invisível e apenas eu sabia o que sentia. Uma dor que assumia diversas formas no meu corpo ora como queimadura constante, ora como se o meu corpo se estivesse a rasgar por dentro, porém mesmo tomando o analgésico, a dor não passava e eu ia “habituando-me” à sua presença, em silêncio, pois não a conseguia mostrar, explicar.

Com o passar dos anos, e quando iniciei a minha carreira profissional como enfermeiro num hospital pediátrico de Lisboa, a dor foi-se tornando cada vez mais forte a certos movimentos, como um mal-estar constante e tão intenso, sendo que nessa altura comecei a sentir uma fadiga muito mais severa, que eu associava ao ritmo dos meus dias, como enfermeiro a trabalhar por turnos, o que podia condicionar o meu descanso. O descanso começou a ser alternado, sem ritmo e rotina certas, aumentando a minha fadiga, a minha dor, o meu sofrimento, porém não sabia o porquê e, mesmo trabalhando na área da saúde, não encontrava nenhuma explicação para tal quadro clínico, sendo que me era sempre dito que era pela falta de descanso (porque eu não parava, porque fazia muitas atividades!) Mas mesmo descansado, nada melhorava e até piorava para meu descontentamento e minha surpresa.

Voltei a procurar ajuda médica, procurando uma especialidade médica para cada sintoma (a Fibromialgia manifesta-se por muitos outros sintomas diferentes, que são transversais a várias doenças), tendo sido consultado em oftalmologia (pelo cansaço visual, a secura dos olhos, a visão turva e hipersensibilidade à luz), em gastroenterologia devido a estranhas e dolorosas manifestações intestinais e digestivas, em ortopedia fazendo imensos exames por causa das dores que eu considerava ósseas, em psicologia pois comecei a pensar que estava a ficar um pouco louco e que só podia ser tudo da minha cabeça, dado que todos os exames feitos nas diversas especialidades estavam todos com valores normais e eu, a ficar cada vez pior, com mais dores e fadiga.

Fui continuando a minha demanda por uma explicação sem sucesso, até que comecei a ler diversas informações na Internet e recordei que ainda não tinha ido a um reumatologista, faltava essa especialidade e assim, por minha conta, fui ao reumatologista tendo passado por dois reumatologistas diferentes, com diferentes diagnósticos sem que houvesse certezas médicas e eu ainda a querer saber o que tinha, porque me sentia tão mal. Fui consultado por um novo reumatologista, que após ver todos os meus exames realizados nos últimos tempos e realizar o exame físico, diagnosticou-me Fibromialgia, em 2014, que apesar de ser uma doença crónica sem cura, levou-me a pensar que se ia tornar muito mais fácil, agora que sabia o que tinha e havia um nome que representava todos os sintomas, todo o sofrimento.

Fui medicado pelo reumatologista e comecei a ler sobre a doença e eis que, para meu descontentamento e surpresa, percebi que a Fibromialgia não tem uma causa conhecida e que por isso, estava a fazer medicação utilizada em outras doenças, pois não existia nenhum medicamento só para a Fibromialgia e percebi que, iria continuar a viver à procura de algo, para controlar todos os meus sintomas, para diminuir esta dor, este sofrimento.

Com este diagnóstico, e devido aos sintomas e à medicação que fazia, tive que reestruturar toda a minha Vida, pois não me sentia seguro e confortável em alguns contextos. Dadas as minhas novas limitações tive que deixar de fazer turnos no hospital, passando ao horário diurno, que por um lado não seria o mais adequado, pois teria que me levantar muito cedo, diminuindo as horas de descanso, mas tinha que trabalhar e não podia parar, independentemente do que sentia em cada dia, das dificuldades em tomar banho, em vestir, em diminuir a rigidez, em controlar o cansaço.

A nível familiar quando contei o diagnóstico tive que ensinar a minha família sobre a doença: o que era, como se manifestava, qual o prognóstico e como seria o meu dia-a-dia, ao viver com dor crónica, sendo que fui e sou apoiado por todos eles, que entendem as minhas mudanças de humor, as alterações de rotina à última da hora, as vezes que recuso ir a determinados eventos, não por não querer ir, mas por não conseguir. O apoio da minha família tem sido vital nesta nova fase da minha vida, porém há que salientar que o mesmo não se passa com outras pessoas, cujas famílias não compreendem o que sentem e como vivem, intitulando os seu familiar de preguiçoso, dizendo que o que ele quer é não fazer nada, que não se nota na sua cara que está mal. Este é o verdadeiro viver de muitas pessoas com Fibromialgia, que se sentem sozinhos, desprotegidos, incompreendidos, pela sua família, aquele núcleo que deveria ser o seu pilar, a sua base, o seu alicerce.

A nível social tive que fazer grandes alterações quer das rotinas quer dos planos com os amigos, pois já não vivia com o mesmo ritmo, já não suportava determinados ambientes, o que me levou a recusar imensos convites para sair, para alguma atividade que me obrigasse a determinados movimentos, que eu sabia que não me iriam fazer bem, que iria ficar com mais dores e por isso fui-me isolando de todas as pessoas, centrando-me na minha dor e recusando viver com medo de sofrer ainda mais do que sofria no meu dia-a-dia.

Alguns amigos compreendiam o meu sentir e continuavam a incentivar-me a sair, a espairecer, a divertir, pois só me iria fazer bem e iria desfocar-me da dor, apreciando os bons momentos da vida, sabendo que a dor iria continuar, mas deixava de ser o centro das atenções da minha Vida. Aos poucos fui saindo mais, mas controlando os ambientes para onde queria ir, pois já não conseguia fazer noitadas, não aguentava muito tempo em locais fechados com muita luz e com muito ruído, não aguentava estar sentado ou na mesma posição muito tempo. De realçar que grande parte dos doentes com Fibromialgia se isolam do resto do mundo, com medo de sofrer mais, medo de se sentirem incompreendidos, dando início a um ciclo vicioso de tristeza e dor.

Viver com Fibromialgia é mais do que precisar do apoio de quem nos rodeia, para que não nos sintamos sós, para podermos desabafar, sendo também preciso recuperar os nossos recursos interiores, capacitando-nos para viver com algo crónico da melhor forma possível, com a maior qualidade de vida. Já que a doença é crónica é preciso que o nosso viver não seja crónico, permitindo-nos sentir felizes em determinado momentos, aceitando a nossa tristeza em outros momentos, pois todas essas emoções fazem parte de nós. Temos que alterar a nossa forma de pensar, sentir e viver, adequando-nos, adaptando-nos à nova realidade da nossa Vida, para que o nosso sofrimento não seja ainda maior, para que possamos sentir algum conforto.

Nesse sentido, o primeiro passo que vivi foi uma fase muito parecida com o luto, pois tive que me despedir do Ricardo saudável que não sentia dores, que não se sentia desgastado, para que pudesse lidar comigo mesmo tal como sou e me sinto agora, sendo que foi um processo muito doloroso, aceitar que me tornei num doente crónico, cuja aceitação só foi alcançada passados dois anos de diagnóstico. Para viver este processo de aceitação pedi ajuda a nível psicológico e iniciei terapia semanal e acompanhamento psiquiátrico, para que me ajudassem a lidar com a dor, a não desistir, a reconhecer as minhas capacidades de superação, motivação, resiliência, para não me fosse destruindo pouco a pouco, como estava a fazer consciente e inconscientemente e foi-me diagnosticada depressão major, outro diagnóstico com um peso emocional tão grande. A depressão não foi e nem é causada pela Fibromialgia, mas pode estar lado a lado pela nossa incapacidade de lidar com a dor, de conseguirmos sentir emoções positivas e pela diminuição da nossa autoestima, do nosso amor-próprio e pela nossa desesperança.

Tive que aprender a reconhecer os meus limites, a adequar o meu ritmo de acordo com o que eu pudesse fazer e nos contextos onde podia fazer e que não dependiam de outrem, reconhecendo que o meu ritmo é mais lento e que se não o respeitar irei sentir mais dor, ficar mais cansado. Reconhecer e respeitar os limites é compreender que não posso executar as minhas tarefas da mesma forma e com a mesma intensidade, como por exemplo algo tão prático como a limpeza da casa, cozinhar, precisando adaptar essas atividades ao meu ritmo, sem me culpar por não conseguir fazer o que fazia antes do mesmo modo. Ao respeitar os meus limites compreendi que não sou nenhum inútil, como muitas vezes me senti, mas que só assim me poderei sentir melhor e mesmo nos dias em que tenho que abusar, sei que no dia seguinte irei estar pior, mas não me posso culpar por fazer o que fiz, porque queria fazer.

Deixei de me culpar das vezes que dizia que não às pessoas, por saber o que era melhor para mim, mesmo que não me compreendam e emanem os seus conselhos em prol do nosso bem-estar, mas só eu sei o que me causa bem ou mal-estar, por isso digo não as vezes que forem necessárias, pois o que é mais importante é eu estar bem comigo mesmo, controlando os sintomas, controlando a dor, sabendo que não é de todo um processo fácil e simples, mas que é possível ir vivendo esse processo ao nosso ritmo, sem culpas, sem críticas, sem juízos de valor sobre a nossa pessoa e como vivemos.

Viver com Fibromialgia é sentir dor a cada momento, em todo o nosso corpo, é sentir um cansaço tão grande que nos limita o viver. É viver com inúmeros sintomas que interferem com a forma como nos sentimos e nos relacionamos, é passar pela incompreensão alheia (família, amigos, profissionais de saúde, colegas de trabalho), que olham para a nossa expressão física e acham que está tudo bem connosco, pois a dor não se vê, os outros sintomas não se vêem e, por isso, acham que podemos estar a fingir, a exagerar, mas só eu sei, e só nós sabemos!, o que é viver com dor, o que é viver com Fibromialgia, o que é ser um doente crónico.

Por isso, caro leitor, se vive com Fibromialgia ou conhece alguém que viva com esta doença, procurem o apoio de uma associação de doentes, com quem possam desabafar, deixar de sentir sós ao conversar com quem vive com a mesma doença, que consegue entender o sofrimento de quem está do outro lado, pois é nesta partilha e ajuda-mútua que podemos encontrar um porto seguro, falar de tudo o que sentimos, sabendo que não vamos ser julgados, sabendo que alguém nos está a ouvir.

Em Portugal pode procurar a associação Myos – Associação Nacional contra a Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica, com sede em Lisboa e âmbito nacional, que tem serviço de apoio telefónico e presencial e que promove alguns grupos de apoio e diversas atividades: http://www.facebook.com/myos.portugal.

Não se esqueçam de sorrir, de tentar serem felizes, mesmo com dor, para que sejamos nós a controlar a nossa Vida e não a dor a controlar-nos a nós!

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Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o consumo de tabaco, na Europa, é responsável por um milhão e 200 mil mortes anuais, número que tende a ascender aos dois milhões. Em Portugal, o consumo de tabaco atinge cerca de 20 a 26% da população, com predomínio de três homens e meio para cada mulher.

As doenças cardiovasculares são duas a quatro vezes mais frequentes nos fumadores. Deixar de fumar é a medida preventiva mais eficaz para diminuir os riscos de enfarte do miocárdio, angina de peito, doença arterial periférica e acidente vascular cerebral, para além de vários tipos de cancro.

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De todas as substâncias, a que tem um maior peso na saúde humana é o tabaco, sendo as drogas ilícitas que têm o menor peso. Estimativas globais sugerem que quase um em cada sete adultos (15,2%) fuma tabaco e um em cada cinco relata pelo menos um consumo de álcool em grande quantidade no último mês.

Comparando com o resto do mundo, a Europa Central, Oriental e Ocidental regista um maior consumo de álcool per capita e uma maior percentagem de consumos elevados. As mesmas regiões também detêm as maiores prevalências de tabagismo, embora o uso de drogas ilícitas seja muito menos comum: menos de uma em cada 20 pessoas usou canábis no último ano e os consumos estimados de anfetaminas, opiáceos e cocaína também são muito baixos.

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No final da conferência, está prevista a leitura e assinatura de uma declaração conjunta sobre a morte assistida, que o GTIR/Saúde afirma ter a intenção de fazer chegar ao Presidente da República e ao Presidente da Assembleia da República.

O Grupo de Trabalho Inter-religioso para as questões da Saúde surge na sequência da aprovação pelo Estado Português do Decreto-Lei 253/2009 de 23 de setembro, que reconhece o direito dos doentes internados em estabelecimentos de saúde do Sistema Nacional de Saúde a serem assistidos espiritual e religiosamente por membros das suas comunidades religiosas de pertença.

Este grupo, que engloba as comunidades Islâmica, Israelita, Budista, Hindu e Bahá’í, as Igrejas Adventista, Ortodoxa e Católica, a Aliança Evangélica e o Conselho Português de Igrejas Cristãs (COPIC), tem como objetivo acompanhar o processo de aplicação da nova regulamentação.

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Na terça-feira, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) anunciou que a igreja católica lançou 1,5 milhões de folhetos contra a eutanásia e em defesa da vida, destinados a promover uma discussão "serena" e não uma luta ou campanha.

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De acordo com o porta-voz da CEP o desdobrável está a ser distribuído em dioceses paróquias e instituições diversas "não só da Igreja", para que "chegue o mais possível" às pessoas e estas "tenham mais um elemento de esclarecimento" das convicções da igreja católica "que é a de defesa da vida", reafirmou.

 

Boletim Polínico
Os níveis de pólen no ar vão estar muito elevados em praticamente todo o país, exceto na Madeira e nos Açores, durante os...

Entre sexta-feira e quarta-feira, em Trás-os-Montes e Alto Douro, vão predominar na atmosfera os pólenes de árvores como carvalhos, pinheiros, e bétulas, bem como de ervas gramíneas, parietárias e azedas, indica o Boletim Polínico da SPAIC.

Em Entre Douro e Minho o alerta é muito semelhante. Acrescem os pólenes de urtiga, e tanchagem.

Na Beira Interior há a acrescentar o pólen de oliveira e na Beira Litoral espera-se também uma grande concentração destes pólenes.

A região de Lisboa e Setúbal está na mesma situação e no Alentejo haverá igualmente um nível muito elevado de pólen de sobreiro.

Para o Algarve, há a assinalar uma grande concentração na atmosfera de pólen de quenopódio, além dos que são indicados para as outras regiões, adianta o boletim da SPAIC.

Na Madeira, os níveis de pólen estarão baixos e nos Açores moderados.

 

 

Prestação de cuidados
O Ministério da Saúde e a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) vão estabelecer “um novo compromisso de...

Segundo disse à agência Lusa o presidente da APDP, José Manuel Boavida, este compromisso será assinado na próxima segunda-feira entre a associação, todas as administrações regionais de Saúde e a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).

O acordo deve ter início em janeiro de 2019 e estender-se a 31 de dezembro de 2023 e permite que a APDP continue a prestar cuidados às pessoas com diabetes, desde consultas a tratamentos ou exames.

Segundo José Manuel Boavida, a associação ajuda a cuidar de cerca de 50 mil pessoas com diabetes, doença que em Portugal afeta mais de um milhão de pessoas.

O principal acordo que a associação tem firmado é com a Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo, mas o novo compromisso vai ainda “normalizar os acordos” com a região do Alentejo e do Algarve.

Com a zona Centro, o novo compromisso de cooperação servirá sobretudo para dar apoio a pessoas das áreas de Castelo Branco e Covilhã, zonas com “grande carência”, e com população que tem os familiares essencialmente em Lisboa.

Com a zona Norte, o acordo servirá fundamentalmente para dar apoio em situações pontuais.

“No fundo, a preocupação da Associação é manter e assegurar os serviços que temos prestado e criar condições para respondermos com mais proximidade”, afirmou à Lusa o presidente da APDP.

José Manuel Boavida considera fundamental “um compromisso para reforçar a integração da APDP no Serviço Nacional de Saúde”, lembrando que 85 a 90 por cento das pessoas a quem são prestados cuidados na Associação são utentes do SNS.

Por dia, a diabetes é diagnosticada a cerca de 200 novos doentes. A prevalência estimada da diabetes na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,7 milhões de indivíduos) é de 13,3 por cento, isto é, mais de um milhão de portugueses.

A este número juntam-se mais de dois milhões de pessoas com pré-diabetes. Esta é uma doença crónica com elevada incidência nos subtipos 1 e 2 que, apesar dos múltiplos investimentos ao nível do diagnóstico precoce e dos avanços terapêuticos, continua a envolver elevados custos económicos, sociais e humanos, lembra a APDP.

LES é uma doença rara na infância
Estima-se que, em Portugal, existam cerca de 4 mil pessoas com Lúpus, uma doença auto-imune de causa

O Lúpus Eritematoso Sistémico é uma doença rara na infância, sobretudo na primeira década de vida. No entanto, há casos de início muito precoce, estimando-se que atinja 1 criança em cada 200 mil ainda antes dos 16 anos.

“As manifestações clínicas são semelhantes às do adulto, embora na infância seja mais frequente uma apresentação aguda, por vezes com febre, alterações do estado geral e envolvimento multiorgânico”, começa por explicar Maria José Santos, reumatologista do Hospital Garcia de Horta, referindo que as manifestações cutâneas e articulares estão entre as que mais atingem as crianças. “No entanto, o envolvimento renal, hematológico e neurológico é mais comum no lúpus juvenil, comparativamente à doença iniciada na idade adulta”, acrescenta.

Tratando-se, esta, de uma doença heterogénea e que pode simular outras patologias, os sintomas podem variar muito de caso para caso, dificultando o diagnóstico. Foi o que aconteceu a Ana Carolina que, só após várias análises e uma biopsia, ficou a saber que sofria da doença. Tinha nove anos.

“Inicialmente foi diagnosticada uma simples alergia”, recorda acrescentando que a retenção de líquidos, o cansaço extremo e a presença de várias feridas nas mãos e nariz eram as principais queixas. 

De acordo com a especialista, Maria José Santos, o seu diagnóstico tem por base as manifestações clínicas da doença e algumas alterações laboratoriais específicas, como a “diminuição de glóbulos brancos, particularmente dos linfócitos, diminuição das plaquetas, anemia hemolítica, diminuição das frações C3 e C4 do complemento e alterações do sedimento urinário”.

Por outro lado, “é importante documentar a presença de auto-anticorpos, nomeadamente de anticorpos antinucleares (ANA), anti-DNA ou anti-Sm”.

Quanto ao tratamento, e uma vez que esta é uma doença crónica que evolui por surtos, não há um tratamento único e igual para todos os doentes. “Há que ter em conta as manifestações clínicas e a sua gravidade e adotar as medidas terapêuticas mais apropriadas a cada momento”, afirma a reumatologista.

“Existem contudo alguns princípios transversais a todos os doentes, tais como evitar a exposição solar, adotar estilos de vida saudáveis e manter uma vigilância regular de modo a detetar e tratar atempadamente qualquer exacerbação da doença”, refere acrescentando que os medicamentos anti-palúdicos "são úteis e seguros na generalidade dos casos”, embora, por vezes, seja necessário recorrer a corticosteróides, imunossupressores e/ou a medicamentos biológicos para tratamento das formas mais graves da doença.

Ana Carolina chegou a fazer ciclos de quimioterapia para tentar controlar a doença. “Depois fiz tratamento via oral, durante dois anos, e também medicação para a tensão, estômago, dores articulares, diuréticos… No total chegaram a ser 20 comprimidos diariamente”, comenta a jovem, hoje com 19 anos.  

“O primeiro ano foi o mais crítico”

Para Ana Carolina o primeiro ano após o diagnóstico foi o mais difícil, passando por várias alterações e restrições no seu dia a dia.

“No início, muitas mudanças existiram. Depois de estabilizar, o primeiro ano foi o mais crítico, onde todo o cuidado era pouco. As restrições alimentares e as restrições aos esforços foram as maiores alterações que me vi obrigada a fazer”, recorda, admitindo que as dores articulares foram o que mais a condicionou na época. Por outro lado, o cuidado com a exposição solar levou-a a estar em casa durante o verão, ao contrário do que seria de esperar de uma criança da sua idade. “No primeiro ano, foram raras as vezes que saí de casa…”, afirma.

“Depois aos poucos, e com muitas precauções”- como o uso de um protetor solar e chapéu -, passou a enfrentar o sol só e apenas depois das horas de maior calor.

Ainda assim, mesmo não desfrutando em pleno da sua infância, Ana afiança que apesar das dificuldades nunca se deixou abater. “Graças a Deus, a minha família sempre me fez pensar que eu era forte e que eu conseguia passar por cima”, justifica.

“Além de todos os cuidados mencionados anteriormente, há que ter particular atenção ao desenvolvimento da criança, quer do ponto de vista físico, psíquico, mas também à sua integração na família e na sociedade”, explica Maria José Santos.

Como qualquer doença crónica, o Lúpus exerce um enorme impacto na vida do doente, sobretudo no doente jovem. “Acresce que alguns medicamentos para tratar o Lúpus podem interferir com o crescimento, associar-se a aumento de peso e alterações da imagem corporal, com graves problemas de autoestima. Há que educar a criança/o jovem sobre o que pode esperar desta doença e aprender a lidar com ela. O envolvimento da família e da escola são pilares fundamentais neste processo”, reforça a reumatologista.

“Importa ter força para encarar tudo isto e pensar que é apenas um mau bocado que, daqui a uns dias, já tudo estará a voltar ao normal. Todos somos uns guerreiros por todos os dias que vivemos. Viver com Lúpus não é fácil”, afirma a jovem que encontrou na Associação de Doentes com Lúpus (ADL) um porto de abrigo.

As causas da doença permanecem desconhecidas. No entanto, a patologia parece estar relacionada com condições que dão origem a uma certa predisposição para a doença. Estas causas ou fatores podem ser de ordem genética, hormonal ou ambiental.

Nota: 
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Estudo
Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) identificou padrões alimentares das crianças que...

A investigação, a que a Lusa teve hoje acesso, analisou os padrões alimentares (que quantificam o efeito cumulativo e de interação dos vários alimentos e nutrientes) de cerca de 4.300 crianças com quatro anos de idade da coorte Geração XXI - projeto iniciado em 2005, que acompanha o crescimento e o desenvolvimento de mais de oito mil crianças da cidade do Porto.

Gabriela Albuquerque, primeira autora do estudo, coordenado por Andreia Oliveira, disse que “foram previamente identificados três padrões alimentares aos quatro anos: um saudável, um outro designado de ‘snacking’ e um padrão de consumo de alimentos densamente energéticos”.

As crianças com o padrão saudável consumiam mais fruta, hortícolas e peixe e menos alimentos densamente energéticos, como batatas fritas, ‘pizza’, hambúrgueres, doces, refrigerantes, queijo e carnes vermelhas e processadas.

Já aquelas que praticavam um padrão ‘snacking’ comiam mais fora das refeições principais (almoço e jantar) e apresentavam um elevado consumo de ‘snacks’, incluindo alimentos saudáveis e pouco saudáveis - leite, iogurte, batatas fritas, salgados e doces.

“Verificámos que, em comparação com as crianças que aos quatro anos comiam de forma saudável, as que praticavam padrões menos saudáveis, como o ‘snacking’ e o padrão densamente energético, desenvolviam comportamentos alimentares mais problemáticos relacionados com a restrição do apetite ou mesmo desinibição do apetite aos sete anos”, explicou a investigadora.

O estudo mostrou que as crianças que se encaixavam no padrão ‘snacking’ desenvolviam posteriormente restrição do apetite, ou seja, eram mais seletivas a comer, mais lentas e tinham menos prazer pela comida.

Já aquelas que aos quatro anos se encaixavam no padrão “alimentos densamente energéticos”, aos sete apresentavam desinibição do apetite, comportamento que se caracteriza por um apetite excessivo, pelo consumo de alimentos em função de estímulos externos e estados emocionais e pelo elevado desejo de bebidas, nomeadamente refrigerantes e sumos.

“Constatámos que as crianças que tinham tanto um padrão ‘snacking’ como densamente energético apresentaram, mais tarde, comportamentos alimentares que não eram os desejáveis, quer por terem um apetite excessivo ou diminuído às refeições”, sublinhou Gabriela Albuquerque.

Um outro resultado da investigação associa o índice de massa corporal (IMC) das mães, antes da gravidez, com os hábitos alimentares dos filhos.

Apurou-se que as crianças que seguiam uma alimentação à base de ‘snacks’ e que eram filhos de mães que apresentavam peso normal ou baixo antes da gravidez, tinham um maior risco de desenvolver restrição do apetite mais tarde. Encontrou-se também uma associação entre o padrão ‘snacking’ e a desinibição do apetite em crianças cujas mães tinham excesso de peso ou obesidade antes da gravidez.

“A existência de hábitos alimentares inadequados no seio familiar, eventualmente associados ao peso, como por exemplo o consumo frequente de doces e alimentos ricos em gordura, poderá potenciar comportamentos alimentares desajustados na criança, os quais se traduzirão mais tarde numa desregulação do apetite”, salientou.

Os investigadores sublinham a importância de envolver pais e crianças em intervenções de educação alimentar que ajudem a fomentar hábitos alimentares saudáveis desde cedo, transversais a toda a família. Estes serão promotores de comportamentos alimentares e de “um apetite saudável” durante a infância e ao longo da vida.

O estudo, publicado na revista Clinical Nutrition, designa-se “Dietary patterns at 4 years old: Association with appetite-related eating behaviours in 7 year-old children”. É também assinado pelos investigadores Carla Lopes, Catarina Durão, Milton Severo e Pedro Moreira.

 

DGS
O surto de sarampo ligado ao Hospital de Santo António, no Porto, está controlado, anunciou hoje a diretora-geral da Saúde,...

“Estamos neste hospital [de santo António] para anunciar que, passados dois meses (…) que soubemos dos primeiros dois casos, que foi possível controlar o surto de sarampo ligado a este hospital”, afirmou Graça Freitas.

A diretora-geral da Saúde disse que, até ao momento, há 111 casos de sarampo confirmados ligados a este surto na região norte, referiu que “ainda há 24 casos em investigação”.

“Uma ótima notícia é que, apesar de termos tido este surto, de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), nós vamos continuar a manter o estatuto de país com a doença eliminada, ou seja, um país que, apesar de ter importado casos, ter tido cadeias de transmissão e ter tido um surto com alguma dimensão, foi capaz de o controlar e não tornar a doença outra vez endémica”, afirmou.

 

Reações
O presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro manifestou-se hoje muito preocupado com a hipótese de o Hospital de Santa Maria...

A hipótese da lista de espera para tratamento de doentes com cancro foi hoje admitida pelo diretor do serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que numa entrevista à rádio TSF diz que já na semana passada adiou tratamentos por falta de meios para responder à crescente procura.

Questionado pela Lusa, o presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Vítor Veloso, recorda que já tinha sido noticiada a existência de listas de espera para cirurgia nestes doentes, mas que se o mesmo acontecer aos tratamentos “pode fazer a diferença entre a cura e a curta sobrevivência”.

“O adiamento de tratamentos e o aumento das listas de espera de cirurgia [oncológica] pode fazer a diferença entre uma cura e uma sobrevivência pequena e com má qualidade de vida”, sublinha Vítor Veloso.

O responsável frisa ainda que esta situação decorre da falta de alocação de meios para a crescente procura provocada pela possibilidade de o doente escolher o hospital onde quer ser tratado e diz que se os hospitais do interior tivessem meios os doentes não teriam de recorrer sempre aos grandes hospitais do litoral.

“Os hospitais do interior, que poderiam perfeitamente tratar [estes doentes], deviam ser devidamente apetrechados não só em recursos humanos, mas em material pesado. Isto desviaria os doentes de acorrerem aos hospitais mais especializados que tem tratamentos de ponta”, afirmou.

“O facto de o doente poder escolher o hospital é altamente vantajoso. O erro que se tem vindo a cometer (…) é a falta de alocação de meios. É que 80% de todos os serviços especializados de oncologia estão junto do litoral”, acrescentou.

Na entrevista à TSF, o diretor do serviço de Oncologia de Santa Maria diz também que tem aumentado a procura [deste serviço] por causa da regra que desde 2016 permite ao doente escolher o hospital onde quer ser tratado e queixa-se de falta de espaço e de meios humanos.

“Estou quase a abrir [lista de espera] porque não tenho médicos para tantos doentes nem tenho espaço. (…) Começámos na semana passada, não conseguimos tratar os doentes que estavam previstos e tivemos que adiar [os tratamentos] uma semana”, afirmou Luís Costa.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro sublinhou igualmente a “incapacidade de o Ministério da Saúde libertar verbas” para contratar mais profissionais de saúde para acautelar todas as situações uma vez que “o Ministério das Finanças não desbloqueia essas verbas”.

O responsável disse ainda que a Liga está a fazer um levantamento da atual situação dos serviços de oncologia no país junto dos conselhos de administração dos hospitais e que mal sejam conhecidos estes dados tomará uma posição.

 

Sintomas inespecíficos podem dificultar diagnóstico
O Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) é uma doença reumática crónica que dá origem, na maior parte dos

O LES é uma doença de causa desconhecida. Os estudos realizados sugerem que a sua etiologia é multifatorial, ou seja, estão envolvidos vários fatores, entre eles os genéticos, hormonais, imunológicos e ambientais. Contudo, a exposição solar parece ter um papel crucial no desencadear da doença e agravamento da mesma. Trata-se de uma doença em que o sistema de defesa do indivíduo, denominado sistema imunitário, está desregulado, ocorrendo a produção de anticorpos que podem causar lesões de qualquer órgão.

O LES afeta 0.1% dos portugueses, mais frequentemente mulheres em idade reprodutiva, entre os 16 e os 49 anos. Numa pequena percentagem pode atingir crianças ou indivíduos com mais de 65 anos. O LES é mais frequente nos africanos, asiáticos e hispânicos e pode apresentar formas mais graves da doença nestas populações.

Dado que a doença pode envolver diversos órgãos, a sua forma de apresentação pode ser variável. Em alguns casos manifesta-se por febre ou febrícula, falta de força, emagrecimento e depressão. São sintomas gerais e inespecíficos que obrigam a um esforço diagnóstico para afastar variadas outras doenças que produzem os mesmos sintomas. Em outros casos, as manifestações predominantes são as da pele com o aparecimento de manchas vermelhas na face e dorso do nariz, bem delimitadas, que correspondem ao eritema malar em asa de borboleta, lesão típica do LES. São frequentes também as queixas articulares com dores e/ou inchaço das articulações. O coração e pulmão também podem ser atingidos, mas o envolvimento do rim ou do sistema nervoso central pode corresponder às formas mais graves da doença. Todas estes sintomas podem agrupar-se e há casos de LES que apresentam manifestações da pele, articulares, pulmonares, cardíacas e renais, por exemplo. Em outros casos é só um órgão atingido, e então o diagnóstico pode ser mais difícil.

Para o correto diagnóstico é essencial a avaliação por um clínico experiente, que na presença de manifestações clínicas sugestivas, alterações no exame físico do doente e com o auxílio de exames complementares de diagnóstico, consegue estabelecer o diagnóstico. Ou seja, uma alteração única laboratorial ou a presença de um autoanticorpo não significa doença.

O tratamento do LES é complexo e depende das manifestações clínicas. Devem ser adotadas medidas farmacológicas e não farmacológicas. Como medidas não farmacológicas, é crucial para o tratamento que os doentes evitem a exposição solar. Devem utilizar protetor solar com elevado fator de proteção durante todo o ano. Outras medidas, como a prática de exercício físico regular, a adoção de uma dieta equilibrada e a evicção tabágica são igualmente importantes no controlo da atividade da doença. O tratamento de situações específicas que podem estar associadas, como a hipertensão arterial, a diabetes e o aumento do colesterol, deve ser contemplado. Os fármacos mais utilizados no tratamento do LES são os anti-inflamatórios não esteróides, os corticóides, os antipalúdicos de síntese e os imunossupressores. As medidas terapêuticas visam a redução da atividade da doença, a diminuição de lesão de órgão e a redução da morbi-mortalidade associada à doença.

O diagnóstico e tratamento precoce na maioria das vezes associa-se ao controlo da atividade da doença, representando a medida mais eficaz para reduzir o forte impacto que está doença pode assumir.

 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Serviço de Oncologia
O Hospital de Santa Maria está sem capacidade para tratar os doentes com cancro que têm procurado os seus serviços, já adiou...

Em entrevista à rádio TSF, o diretor do serviço de Oncologia de Santa Maria, Luís Costa, diz que tem aumentado a procura por causa da lei que abre a hipótese de o doente escolher o hospital onde quer ser tratado e queixa-se de falta de espaço e de meios humanos.

“Estou quase a abrir [lista de espera] porque não tenho médicos para tantos doentes nem tenho espaço. (…) Começámos na semana passada, não conseguimos tratar os doentes que estavam previstos e tivemos que adiar [os tratamentos] uma semana”, afirma Luís Costa.

O responsável da Oncologia do Hospital de Santa Maria reconhece que nunca houve qualquer situação de falta de medicação, mas diz que tem pouco espaço e meios humanos para tratar tantos doentes, sublinhando que todos os tratamentos nesta área são urgentes e que uma eventual lista de espera “não deixa ninguém sossegado”.

“Se não tenho espaço nem pessoas suficientes para fazer o trabalho, o que vou fazer?”, questiona o responsável na entrevista à TSF, reconhecendo que com o aumento da procura daquele serviço os médicos estão “atrapalhadíssimos”.

“Os médicos pensam menos tempo sobre os doentes que têm e, como é óbvio, [nestas circunstâncias] tomam piores decisões”, afirma.

Luís Costa diz que toda a gente concorda com a hipótese, criada pelo Governo, de dar ao doente a opção de escolha do hospital onde quer ser tratado, mas que tal só resulta se for possível adequar os meios de resposta ao aumento da procura.

“Falta a alocação de recursos para as necessidades que foram criadas”, considera o responsável, frisando que o serviço de oncologia de Santa Maria precisa de mais médicos para responder aos doentes que chegam e que é preciso abrir mais vagas para que os internos possam ficar.

O responsável sublinha que os 12 internos do serviço que dirige têm “muita qualidade”, que “alguns são excecionalmente bons” e lamenta não ter capacidade de competição para os manter.

“Tenho pessoas que queriam ficar no meu serviço, mas não são abertas vagas para isso. Estou cada vez com mais doentes, preciso de mais médicos, há médicos que querem ficar no serviço com o ordenado que é oferecido no sistema nacional de saúde e não são abertas vagas para as pessoas poderem ficar. Hoje despedimo-nos de uma delas, que vai embora”, lamenta.

 

Associação Portuguesa de Nutrição
O acesso ao conhecimento sobre nutrição na sociedade de informação é tema do I Congresso Internacional de Nutrição e...

A organização da iniciativa, que decorre no Centro de Congressos de Lisboa, está a cargo da Associação Portuguesa de Nutrição (APN).

À Lusa, a presidente da APN, Célia Craveiro, explicou que, além de uma "troca de experiências de boas práticas", o congresso pretende debater de que forma as novas tecnologias de comunicação, como as redes sociais, podem ser usadas a favor dos nutricionistas para transmitir a informação mais correta.

Célia Craveiro admitiu que os nutricionistas têm dificuldade em 'passar a mensagem', em "simplificar aquilo que não é simples" e lembrou que num mundo cada vez mais ávido de informação, e de forma rápida, nem sempre essa informação é filtrada.

A nutrição e a alimentação têm suscitado um "enorme interesse" nas pessoas, mas, segundo Célia Craveiro, há "muita desinformação".

No congresso será abordada também a nutrição personalizada, a rotulagem e o 'marketing' alimentar e apresentado o novo método de etiquetagem de alimentos pré-embalados em França, o NutriScore.

O método, que avalia um alimento do menos ao mais favorável no plano nutricional numa escala de cinco cores e cinco letras, visa facilitar a compreensão da informação nutricional afixada nas embalagens.

 

 

Mais meios de emergência
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) vai reforçar o dispositivo de resposta para o período de Verão no Algarve com...

O reforço para o dispositivo de Verão no Algarve vai ser efetivo entre 01 de junho e 30 de setembro e vai ser anunciado pelo INEM na quinta-feira, em Portimão, mas hoje o instituto público já adiantou num comunicado que o número de meios de emergência vai subir de 38 para 52 e revelou onde vão ficar sedeados.

O instituto referiu que o dispositivo de emergência médica foi “preparado pelo INEM e pelos seus parceiros do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM)” para “reforçar a capacidade de resposta a situações de acidente ou doença súbita” no Algarve, num período do ano em que a região “vê a sua população crescer de forma considerável no Verão”.

“Ao dispositivo já existente durante o resto do ano, composto por 38 meios de emergência médica disponíveis em permanência, acrescentam-se agora mais 14 meios de emergência médica”, revelou o INEM no comunicado em que fez o anúncio da cerimónia de apresentação oficial do dispositivo, que se realiza no Auditório do Museu de Portimão, na quinta-feira, às 11:00.

Os 14 meios que vão reforçar o dispositivo de emergência no Algarve no verão são “uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) em Tavira, dois Motociclos de Emergência Médica (MEM) em Portimão e Albufeira, nove ambulâncias do INEM na Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) em Armação de Pera [Silves], Lagos, Almancil [Loulé], Albufeira, Altura [Castro Marim], Portimão, Boliqueime [Loulé] e Ferreiras [Albufeira] e duas ambulâncias do INEM nas Corporações de Bombeiros Voluntários de Albufeira e Portimão”, precisou.

O INEM frisou que a decisão de reforço do dispositivo do Algarve foi tomada com base “numa análise pormenorizada das ocorrências nesta região”, que permitiu aferir que “o aumento da população durante o período estival não tem um aumento proporcional do número de solicitações ao INEM, mas justifica a necessidade de serem realizados ajustamentos regionais para melhorar a capacidade de resposta”.

A mesma fonte anunciou também que o funcionamento do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) de Faro vai ser reforçado com a “presença, 24 horas por dia, de dois Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH) e de um Médico Regulador”.

“Simultaneamente, e para fazer face a eventuais situações de paragem cardiorrespiratória que ocorram, o INEM vai entregar dois Desfibrilhadores Automáticos Externos (DAE) aos Bombeiros Voluntários de Tavira e aos Bombeiros Municipais de Olhão para utilização nas ilhas barreiras [da Ria Formosa] – Tavira e Armona”, anunciou ainda o INEM, referindo-se a duas áreas balneares em que a retirada de doentes tem de ser feita por barco.

Estes dois desfibrilhadores somam-se a outro que vai estar a funcionar na embarcação Ria Solidária, que faz a assistência de emergência nas ilhas barreira da Fuzeta, Armona e dos diferentes núcleos da ilha da Culatra e o transporte logístico de doentes e pessoas com mobilidade reduzida, ao abrigo de um protocolo recentemente assinado entre INEM, Autoridade Marítima Nacional e Câmaras Municipais de Faro e Olhão”.

 

 

 

Mudança de sexo no registo civil
O Presidente da República vetou o decreto que estabelece o direito à autodeterminação da identidade e expressão de género e...

Esta decisão foi anunciada através de uma nota publicada no portal da Presidência da República na Internet, na qual se lê que o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, "devolveu, sem promulgação" este decreto à Assembleia da República.

O Presidente da República solicita ao parlamento "que pondere a inclusão de relatório médico prévio à decisão sobre a identidade de género antes dos 18 anos de idade".

Esta lei, que estabelece também o direito à proteção das características sexuais de cada pessoa, foi aprovada no parlamento no dia 13 de abril, com votos a favor de PS, BE, PEV e PAN e da deputada social-democrata Teresa Leal Coelho, a abstenção do PCP e votos contra de PSD e CDS-PP.

O diploma, resultante de uma proposta do Governo e de projetos de BE e PAN, alarga aos menores com idade entre 16 e 18 anos a possibilidade de requerer um "procedimento de mudança da menção do sexo no registo civil e da consequente alteração de nome próprio", através dos seus representantes legais, sem necessidade de um relatório médico.

Com a lei atualmente em vigor, só os maiores de idade podem requerer este procedimento nas conservatórias de registo civil e é-lhes exigido "um relatório que comprove o diagnóstico de perturbação de identidade de género, também designada como transexualidade, elaborado por uma equipa clínica multidisciplinar de sexologia clínica".

No decreto agora devolvido ao parlamento, este procedimento mantém-se restrito às pessoas "de nacionalidade portuguesa" e que "não se mostrem interditas ou inabilitadas por anomalia psíquica".

Por outro lado, a lei aprovada no dia 13 de abril determina que "todas as pessoas têm direito a manter as características sexuais primárias e secundárias", proibindo tratamentos ou intervenções cirúrgicas que modifiquem as características corporais de menores intersexo "até ao momento em que se manifeste a sua identidade de género", exceto "em situações de comprovado risco para a sua saúde".

De acordo com a Constituição, na sequência de um veto do Presidente da República, a Assembleia da República pode alterar o diploma, ou confirmá-lo, por maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções, obrigando nesse caso o chefe de Estado a promulgá-lo.

Em nome do direito à autodeterminação da identidade de género e expressão de género, o diploma agora vetado consente que, quando "se torne necessário indicar dados de um documento de identificação que não corresponda à identidade de género de uma pessoa", se possa requerer "a inscrição das iniciais do nome próprio que consta no documento de identificação, precedido do nome próprio adotado face à identidade de género manifestada, seguido do apelido completo e do número do documento de identificação".

Quanto ao "reconhecimento jurídico da identidade de género", os menores podem requerê-lo "através dos seus representantes legais, devendo o conservador proceder à audição presencial da pessoa cuja identidade de género não corresponda ao sexo atribuído à nascença, por forma a apurar o seu consentimento expresso e esclarecido".

O decreto estipula que "a pessoa intersexo pode requerer o procedimento de mudança da menção de sexo no registo civil e da consequente alteração de nome próprio, a partir do momento que se manifeste a respetiva identidade de género".

E determina que "a mudança da menção do sexo no registo civil e a consequente alteração de nome próprio realizadas nos termos da presente lei só podem ser objeto de novo requerimento mediante autorização judicial".

 

 

Prémio
Uma equipa de cientistas do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (IMM) descobriu o 'calcanhar de Aquiles'...

A expressão é de Bruno Silva-Santos, líder da equipa e vice-presidente do IMM, cujo trabalho foi distinguido com o primeiro prémio Janssen Inovação, no valor de 30 mil euros.

Os prémios Janssen Inovação - 1º, 2º e 3º e menções honrosas - foram hoje entregues no Porto pela farmacêutica, que promove os galardões em parceria com a Universidade Católica Portuguesa.

O segundo prémio, de 20 mil euros, foi atribuído ao grupo liderado por Sara Carmo-Silva, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, pelo estudo da proteína ataxina-2 como "potencial novo alvo terapêutico para a obesidade e as doenças metabólicas".

No montante de 10 mil euros, o terceiro prémio foi entregue à equipa de Elsa Anes, do Instituto de Investigação do Medicamento da Faculdade de Farmácia de Lisboa, pela "descoberta de novos mecanismos que podem ajudar não só a eliminar o bacilo da tuberculose, mas também a melhorar a resposta à vacinação" no doente.

Bruno Silva-Santos e restante equipa descobriram, numa experiência com ratinhos com cancro do fígado e da pele (melanoma), que um subgrupo de linfócitos T (células do sistema imunitário), que "ajuda o tumor a crescer", é "muito suscetível ao 'stress' oxidativo", ao contrário da generalidade dos linfócitos T que protegem o organismo contra 'invasores'.

O investigador, que dirige o laboratório de diferenciação de linfócitos T e oncoimunologia, explicou à Lusa que tal acontece porque "os linfócitos pró-tumorais", por oposição aos linfócitos T 'bons', que são antitumorais, estão 'desprotegidos' por terem muito pouco glutationo, um antioxidante.

Segundo os cientistas, os linfócitos T 'maus' comunicam com os neutrófilos, células de defesa do organismo 'boas' que produzem determinadas substâncias, as chamadas espécies reativas de oxigénio, que são compostos químicos que resultam da ativação ou redução do oxigénio molecular.

Tais substâncias, usadas pelo sistema imunitário para atacar ou 'matar' agentes patogénicos, "interferem com a respiração da célula" e com o seu funcionamento, levando à "oxidação da célula".

As células, 'normais' ou tumorais, necessitam de "usar o oxigénio de forma eficaz" para desempenharem a sua função.

Quando entram em 'stress' e o oxigénio não é utilizado de forma eficaz, a célula oxida, não tem a energia de que precisa e fica disfuncional.

A equipa de Bruno Silva-Santos, que pretende alargar o estudo, ainda por publicar, a outros tipos de cancro, descobriu que é possível inutilizar a função das células T 'más' se for induzido 'stress' oxidativo dentro delas, o que é feito naturalmente pelos neutrófilos.

"O futuro será desenhar fármacos que possam fazer dentro do tumor este processo, induzir a oxidação destas células para que não estejam funcionais", sustentou o investigador, acrescentando que a imunoterapia melhorará se foram estimuladas as células antitumorais e inibidas as células pró-tumorais.

Criado em 2016, o Prémio Janssen Inovação visa "promover e incentivar a investigação científica de excelência realizada em Portugal nas áreas de imunologia, infecciologia, neurociências, oncologia e hipertensão pulmonar".

 

Justiça
O Tribunal da Relação do Porto confirmou a condenação a oito anos e meio de prisão de um técnico superior da Administração...

Em nota publicada na sua página na Internet, a Procuradoria-Geral Distrital do Porto refere que o arguido foi também condenado por um crime de falsificação.

O arguido trabalhou desde 1996 e até dezembro de 2015 na ARSN, integrando os departamentos com responsabilidades na construção, remodelação, reabilitação e manutenção de centros de saúde, unidades de saúde familiar e outras estruturas.

Para o efeito, a ARSN lançava anualmente concursos públicos ou procedimentos mediante ajustes diretos.

Segundo a nota da Procuradoria, o arguido exigia dos empreiteiros, que ele escolhia nos contratos por ajuste directo, 10% dos valores das faturas.

Também "simulava necessidades e subsequentes 'obras' em centros de saúde para se locupletar com as respetivas quantias".

Além disso, "atestava que os trabalhos previstos tinham sido executados, sem que o tivessem sido, para poder receber o respetivo valor".

No processo, foi ainda apreendido ao arguido e declarado perdido a favor do Estado o montante de 506.300 euros, alegadamente provenientes da sua "atividade criminosa".

O processo foi julgado, em primeira instância, no Tribunal São João Novo, no Porto, que em Novembro de 2017 condenou o arguido a oito anos e meio de prisão.

O homem, que estava obrigado à permanência na habitação com vigilância eletrónica, viu o coletivo de juízes alterar-lhe a medida de coação para prisão preventiva, a mais gravosa, por haver perigo de fuga.

A presidente do coletivo explicou que o homem tem contas bancárias e contactos privilegiados no Brasil, existindo, por esse motivo, perigo de fuga enquanto a decisão judicial transita em julgado.

Referindo-se aos factos, a magistrada referiu que são de "extrema gravidade", tendo quebrado os seus deveres enquanto funcionário público.

"A intenção de enriquecer de forma absolutamente ilícita é altamente censurável", disse.

E acrescentou que é cada vez mais urgente eliminar estas práticas das instituições públicas.

No início do julgamento, o arguido confessou ter recebido perto de meio milhão de euros de empreiteiros, revelando haver um esquema de corrupção generalizada na instituição.

Além disso, contou que os cadernos de encargos dos trabalhos não eram cumpridos na totalidade, notando que havia faturas pagas por obras nunca realizadas em unidades de saúde.

Apesar da confissão, a juíza entendeu que não mostrou sincero arrependimento sobre os mesmos.

O arguido recorreu da decisão, mas o Tribunal da Relação do Porto, por acórdão de 30 de abril hoje divulgado pela Procuradoria-Geral Distrital do Porto, negou provimento ao recurso.

 

 

Ministro
O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, disse hoje que a instabilidade dos percursos...

Vieira da Silva, que falava na conferência "Natalidade: Como fazer crescer Portugal” que decorreu em Lisboa, defende que o reforço da estabilidade das relações profissionais tem de ser assumido como um objetivo nacional para ultrapassar a crise de natalidade existente no país.

“Se nós não assumirmos como objetivo nacional um reforço da estabilidade das relações profissionais principalmente nos jovens e nas famílias jovens teremos mais dificuldade em ultrapassar esta limitação que temos hoje e que é um fator de diminuição do bem-estar social”, disse o ministro.

Para o ministro, as licenças parentais, os apoios à natalidade e os equipamentos sociais “valem pouco quando se vive uma situação de profunda instabilidade nas relações laborais”.

Apesar de considerar que o crescimento do emprego em Portugal tenha sido sólido nos últimos anos, este centra-se mais nas pessoas acima dos 45 anos e nos jovens até aos 25 anos.

O grupo etário que menos cresceu em Portugal em matéria de emprego, adiantou, foi o da chamada idade fértil.

“Na idade mais ativa e mais fértil foi onde menos cresceu emprego. Temos dificuldades em captar esses grupos etários”, disse o ministro adiantando que muitos destes jovens saíram do país em busca de melhor emprego e estão agora a ter filhos fora de Portugal.

Segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística, a população em Portugal diminuiu em 2017, pelo nono ano consecutivo, uma vez que o número de mortes continua a ser superior ao de nascimentos.

Segundo as “Estatísticas Vitais”, em 2017, nasceram com vida (nados-vivos) 86.154 crianças de mães residentes em Portugal, menos 972 crianças relativamente ao ano anterior, o que representa um decréscimo de 1,1%.

O ministro destacou ainda a crescente dificuldade do acesso à habitação para as famílias e jovens, um fenómeno mais sensível nas áreas metropolitanas e que cria dificuldades à constituição de famílias.

Vieira da Silva considera que é importante reconhecer que existe este fenómeno de uma diminuição da natalidade para que possa ser vencida a batalha com respostas conjugadas de mobilização nacional.

Para o ministro, Portugal necessita de uma ação mais agressiva de combate à baixa taxa de natalidade particularmente quando o número de crianças que nascem é significativamente mais baixo e inferior ao número que as famílias portuguesas desejariam ter.

“Quando existe este desconforto global porque as pessoas não tem capacidade de realizar os seus desejos justifica-se politicas de apoio à natalidade”, disse adiantando contudo que não é fácil tendo em conta os problemas estruturais do país responsáveis pela queda de natalidade, nomeadamente a estabilidade no emprego.

“há aqui uma necessidade de uma mobilização de todos os parceiros para olhar a natalidade como um objetivo nacional garantindo que ninguém é penalizado”, frisou.

O Governo, explicou, apresentou propostas para reduzir os níveis de contratação a prazo, começando pelo Estado e propondo ao setor privado que também o faça para criar um clima favorável à maior estabilidade das carreiras profissionais.

 

IPMA
Todas as regiões do país apresentam hoje um risco muito elevado e elevado de exposição à radiação ultravioleta (UV), segundo o...

De acordo com o IPMA, todas as regiões do continente (com exceção de Faro que está com níveis elevados) estão hoje com risco muito elevado de exposição à radiação UV.

A ilha da Madeira está hoje com níveis muito elevados e o Porto Santo elevados e nos Açores todas as ilhas estão com níveis muito elevado, com exceção do Corvo e Flores (moderado).

Para as regiões com risco muito elevado e elevado, o IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre 1 e 2, em que o UV é baixo, 3 a 5 (moderado), 6 a 7 (elevado), 8 a 10 (muito elevado) e superior a 11 (extremo).

O IPMA prevê para hoje no continente céu pouco nublado ou limpo, apresentando períodos de maior nebulosidade na faixa costeira ocidental a sul do Cabo Mondego até meio da manhã.

A previsão aponta também para vento fraco a moderado do quadrante norte, soprando moderado a forte, com rajadas até 65 quilómetros por hora, na faixa costeira ocidental a sul do Cabo Mondego e nas terras altas até ao início da tarde.

Está também prevista neblina ou nevoeiro matinal, pequena descida da temperatura mínima e subida da temperatura máxima.

No continente, as temperaturas mínimas vão oscilar entre 06 graus Celsius (na Guarda) e os 12 (em Lisboa) e as máximas entre os 20 (na Guarda) e os 26 (em Santarém).

Para a Madeira prevê-se períodos de céu muito nublado, aguaceiros, em especial nas vertentes norte e terras altas, até meio da manhã e vento fraco a moderado predominando de nordeste.

No Funchal as temperaturas vão oscilar entre os 16 e os 20 graus.

No grupo ocidental (Flores e Corvo) prevê-se períodos de céu muito nublado com abertas, temporariamente encoberto durante a tarde, aguaceiros geralmente fracos durante a tarde e vento oeste moderado, temporariamente fresco com rajadas até 50 quilómetros por hora, rodando para norte.

Para o grupo central (S. Jorge, Graciosa, Terceira, Faial e Pico) prevê-se períodos de céu muito nublado com boas abertas, tornando-se encoberto, aguaceiros geralmente fracos para o fim do dia e vento sudoeste bonançoso a moderado, rodando para norte para a noite.

O IPMA prevê para o grupo oriental (S. Miguel e Santa Maria) períodos de céu muito nublado com boas abertas, tornando-se encoberto para a noite e vento fraco tornando-se bonançoso a moderado de oeste.

Em Santa Cruz das Flores e na Horta as temperaturas vão variar entre os 15 e os 21 graus, em Angra do Heroísmo entre os 14 e os 21 e em Ponta Delgada entre os 14 e os 19.

 

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