Governo
Seis associações da saúde criticam a proposta do Governo para a nova Lei de Bases do setor, considerando que pretende impor ...

“A nova proposta de Lei de Bases altera de forma estrutural a filosofia de funcionamento do setor da prestação de cuidados de saúde, visando impor a todos um regime de monopólio tendencial no contexto do SNS”, refere a posição conjunta de seis associações do setor, que é divulgada a dois dias do debate no parlamento.

O documento é partilhado pela Associação Nacional de Farmácias, Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, Associação da Indústria Farmacêutica, Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos, Federação Nacional dos Prestadores de Cuidados de Saúde e Health Cluster Portugal – polo de competitividade de saúde.

As associações ligadas a prestadores privados entendem que a proposta do Governo é “uma rutura” em relação à Lei de Bases de 1990, ainda em vigor.

“É importante uma nova Lei de Bases, mas não para estabelecer imperativamente um Estado omnipresente e um setor social e empresarial residual, o que constituiria um retrocesso nos bons resultados obtidos nas últimas três décadas”, refere o documento.

No entender das seis associações, que representa cerca de 89 mil empresas, a proposta do Governo “coloca toda a ênfase, prioridade e prevalência numa visão isolada e monopolista do SNS”.

“A proposta do Governo sustenta a pura e simples eliminação das normas da atual lei que referem o apoio do desenvolvimento do setor privado de prestação de cuidados de saúde”, acrescenta a posição conjunta.

É também sublinhado que a proposta do Governo impõe “um monopólio legal de gestão pública, mesmo quando seja claro que num determinado caso ou projeto, a gestão social ou empresarial seria vantajosa, apenas podendo ser associadas entidades privadas de forma supletiva e temporária”.

As seis associações consideram que a proposta de nova Lei de Bases “não responde aos novos desafios que se colocam ao setor (…) nem garante a construção de um sistema de saúde num quadro de liberdade de escolha e de iniciativa pública, social e privada”.

A proposta aprovada pelo Governo em dezembro, e que será debatida quarta-feira no parlamento, condiciona o recurso a privados à avaliação das necessidades e elimina o apoio ao “desenvolvimento do setor privado da saúde em concorrência com o setor público”.

Do mesmo modo, a nova lei prevê o fim do apoio do Estado “à facilitação de mobilidade de profissionais entre o setor público e o setor privado” e “evolui progressivamente para a criação de mecanismos de dedicação plena ao exercício de funções públicas”.

As taxas moderadoras mantêm-se para evitar o “risco de um consumo desenfreado, excessivo e contrário aos interesses da sociedade”.

 

Grupo de Ativistas em Tratamento
Os antigos e atuais utilizadores de droga têm, a partir de hoje, uma consulta para tratamento da hepatite C fora dos hospitais,...

Trata-se da “primeira consulta comunitária descentralizada em Portugal de tratamento da hepatite C destinada a pessoas que usam ou usaram drogas”, que vão poder fazer o tratamento fora do ambiente hospitalar, “potenciando a cura da hepatite C”, segundo o Grupo de Ativistas em Tratamento (GAT).

A consulta comunitária, que hoje abre portas num novo espaço do centro de rastreio comunitário IN-Mouraria, em Lisboa, resulta de uma parceria com o Serviço de Gastroenterologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), que engloba os hospitais Santa Maria e Pulido Valente, e tem como objetivo tratar pessoas que “têm vidas difíceis” e “não se sentem bem nos hospitais”, disse à agência Lusa o presidente do GAT, Luís Mendão.

“As pessoas ali vão ter médico, fazer as colheitas para as análises”, fazer exames para avaliar o estado do fígado “sem necessidade de se deslocarem ao hospital”, disse Luís Mendão, considerando esta iniciativa uma “contribuição para uma boa saúde pública”.

“Pensamos que assim vamos conseguir tratar e curar a maior parte das pessoas desta população que vive com hepatite C”, afirmou o presidente do GAT, que tem esperança que sejam tratadas 200 pessoas no primeiro ano da consulta. "No entanto, já ficamos com um bom objetivo se chegarmos a 100 pessoas".

O diretor do Serviço de Gastrenterologia do CHLC, Rui Tato Marinho, que faz parte da equipa interdisciplinar, salientou a importância desta iniciativa para os doentes, mas também para os profissionais de saúde.

“É aproximar o especialista da comunidade, ser útil à comunidade”, disse à Lusa o hepatologista, afirmando que o “hospital é muitas vezes um sítio inóspito”, sendo difícil para algumas pessoas lá irem.

Há algumas comunidades, como utilizadores de drogas ou imigrantes, que têm dificuldades até em pagar os transportes para se deslocar “quatro ou cinco vezes ao hospital", umas vezes para fazer análises, outras para realizar exames, ir à consulta e "esperar horas” e “queríamos simplificar isso”, disse Rui Tato Marinho.

Com a deslocação da equipa de profissionais de saúde ao terreno consegue-se “fazer muito e ajudar muita gente em pouco tempo”, afirmou o especialista.

Mas “também é bom” para os profissionais de saúde: “Aproximamo-nos mais do outro, tornamo-nos mais humanos porque conhecemos outras faces da sociedade”.

Por outro lado, “é muito gratificante curar estas pessoas que tiveram e têm vidas muito desfavorecidas, ajudar a restaurar a saúde delas e dar-lhes momentos felizes”.

O presidente do GAT avançou que irá ser desenvolvido um estudo observacional a partir desta consulta, com objetivo de determinar a taxa de sucesso do tratamento para a hepatite C entre pessoas que usam/usaram drogas em contexto comunitário.

A criação do novo espaço foi possível devido à contribuição da Câmara Municipal de Lisboa, Coaliton Plus e do Programa EDP Solidária Inclusão Social 2017, da Fundação EDP.

Sindicato
O Sindicato Nacional dos Profissionais da ASAE defendeu ontem a realização das consultas de medicina do trabalho a estes...

“Nos últimos quatro anos, não foram realizados os exames médicos obrigatórios aos trabalhadores”, lamenta em comunicado o Sindicato Nacional dos Profissionais da ASAE (SNP-ASAE), presidido por Pedro Vieitas Antunes.

Na quarta-feira, o ministro-adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, revelou que o Governo vai lançar concursos, “já no primeiro trimestre deste ano”, para a “resolução dos problemas de higiene, saúde e segurança no trabalho” dos trabalhadores da Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE).

A direção daquele sindicato, com sede em Coimbra, reage “com um misto de satisfação e preocupação” às declarações do ministro da tutela proferidas no parlamento.

O SNP-ASAE recorda que, numa recente reunião com o secretário de Estado da Defesa do Consumidor, João Torres, já tinha alertado “para o reiterado incumprimento das normas de saúde, higiene e segurança no trabalho, sendo que entre os anos de 2015 e 2018 (…) não foram realizados os exames médicos obrigatórios”.

No entanto, segundo Pedro Antunes, que assina a nota, o sindicato “não pode deixar de estar preocupado, porque mais do que o lançamento de concursos para a prestação desses serviços na ASAE, queria sim, a realização das consultas de medicina do trabalho neste trimestre”.

Por exemplo, o concurso de aquisição de 28 viaturas para a ASAE, apresentado em agosto de 2016, acabou por ser “publicado somente em agosto de 2018, dois anos depois”, e os veículos ainda não estão ao serviço da ASAE.

“Podemos prever que os trabalhadores da ASAE estarão sem acesso às consultas de medicina do trabalho seis anos e isto é totalmente inaceitável” num organismo público, critica o SNP-ASAE, frisando que “o Estado que legisla, fiscaliza e sanciona não respeita os seus diplomas legais, pondo em causa a saúde dos seus trabalhadores”.

Na semana passada, o ministro Pedro Siza Veira anunciou também que o número de funcionários da ASAE deverá ser superior a 520 até ao final deste ano.

“Este número tem sido apresentado em todos os mapas de pessoal, desde 2015, e nunca foi atingido, sendo mais uma promessa do Governo para as calendas”, segundo a organização sindical.

Na sua ótica, “mais importante que o número total de trabalhadores é o número de inspetores, pois o 'core business' da ASAE é a inspeção e os números que se encontram previstos para o presente ano são os mais baixos desde 2015”.

O Governo anuncia um “aumento do número de trabalhadores” em 2019, “mas relativamente aos inspetores esse número diminui, o que, perante a enorme falta de recursos humanos e a abrangência das matérias que a ASAE fiscaliza, só poderá levar a uma diminuição das mesmas e a um aumento da insegurança dos consumidores portugueses”, alerta o sindicato.

Universidade de Coimbra
A criação de um mapa de risco para a exposição a radiações ionizantes em Portugal foi ontem defendida pelo Laboratório de...

Integrado no Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), o Laboratório de Radioatividade Natural (LRN) “é o primeiro laboratório da Península Ibérica a obter acreditação da norma ISO 17025 para avaliação de todos os parâmetros radiológicos que permitem responder à globalidade das exigências impostas pela União Europeia (UE) relativas à proteção contra os perigos da exposição a substâncias radioativas naturais”.

A ISO 17025 é a norma internacional para a padronização de ensaios e calibração.

“Este selo de qualidade de referência atribuído pelo Instituto Português de Acreditação, o organismo de acreditação em Portugal, resulta de um complexo e exigente processo que durou mais de dois anos”, afirma em comunicado a assessoria de imprensa da FCTUC, salientando que esta distinção posiciona o laboratório “na vanguarda da Península Ibérica”.

“Foi um percurso longo, com um grau de exigência muito elevado, mas esta certificação é o reconhecimento do LRN como centro de referência nacional e internacional que cumpre um rigoroso sistema de qualidade e de boas práticas”, refere o diretor do organismo, Alcides Pereira, citado na nota.

Tal significa “a chancela de confiança máxima” para as instituições que procurem os serviços do laboratório, sublinha.

“Com a acreditação agora obtida, Portugal deixa de ter de recorrer a laboratórios estrangeiros para a realização de alguns ensaios”, tendo em conta que o Laboratório de Radioatividade Natural “está agora habilitado a dar resposta a todos os parâmetros radiológicos que estão contemplados na legislação mais recente sobre a radioatividade natural”, designadamente as diretivas da UE.

O laboratório de Coimbra “é o primeiro na Península Ibérica a conseguir acreditação para a globalidade dos parâmetros impostos pela União Europeia”, segundo o também professor catedrático da FCTUC.

A acreditação permite igualmente “criar um polo de excelência na área da radioatividade natural (…) por forma a contribuir para o desenvolvimento científico e tecnológico de práticas sustentáveis que protejam a saúde das populações”.

Essa radioatividade está “presente no ambiente e tem origem em elementos naturais”, como a água, o ar e os materiais de construção, entre outros.

Alcides Pereira defende a elaboração de “um mapa de risco que identifique as zonas mais problemáticas do país no que respeita à exposição do ser humano a radiações ionizantes de origem natural”.

“Estamos continuamente expostos a diferentes fontes de radiação natural, sendo por isso necessário perceber quais os locais mais problemáticos no território português e propor medidas que protejam as populações e que permitam mitigar os impactos dessa exposição”, acrescenta.

Sendo a região Centro “a zona do país mais afetada pelos problemas associados à exposição de radiações ionizantes de origem natural, importa perceber e controlar o nível de exposição”, preconiza o especialista.

Por sua vez, o diretor da FCTUC, Luís Neves, realça que o facto de o LRN ser “o primeiro laboratório da instituição a obter acreditação, o que constitui incentivo a que outras áreas científicas possam evoluir no mesmo sentido”.

Fundado em 1999, o Laboratório de Radioatividade Natural da FCTUC está “envolvido num trabalho de remediação ambiental de minas de urânio pioneiro a nível mundial, centrado na recuperação das habitações dos antigos mineiros” da Urgeiriça, concelho de Nelas e distrito de Viseu, bem como na realização de um estudo da qualidade radiológica das águas de consumo em Portugal.

Em Paris
Milhares de pessoas manifestaram-se ontem, em Paris, contra o aborto, apelando a que os médicos aleguem “objeção de consciência...

De acordo com a agência AP, o grupo de manifestantes apelou a que os médicos deixem de realizar abortos, alegando para isso “objeção de consciência”.

Em França são realizados, anualmente, cerca de 200.000 abortos.

Na base do protesto está ainda a defesa do fim da procriação medicamente assistida, depois de uma recomendação do mais alto órgão de bioética do país, que defendeu que mulheres solteiras e casais de lésbicas deveriam ter acesso à reprodução medicamente assistida, um procedimento que, atualmente, é restrito a casais heterossexuais.

Adicionalmente, o grupo defendeu que a eutanásia deve continuar a ser proibida em França.

Comissão Europeia
Portugal informou oficialmente a Comissão Europeia da presença da bactéria ‘Xylella fastidiosa’ em plantas de lavanda no jardim...

A presença da bactéria que ataca espécies como oliveiras e amendoeiras e para a qual não há cura foi detetada “em 41 plantas de lavanda num jardim de um ‘zoo’ – ou seja, não numa zona agrícola – em Vila Nova de Gaia”.

Na sequência da identificação da presença da bactéria, salienta a mesma fonte, estão a decorrer ações para confirmar a origem da infeção, tendo sido também demarcada a área afetada conforme as regras da União Europeia, tendo sido estabelecida uma área demarcada que compreende 100 metros da zona infetada e uma zona tampão circundante de cinco quilómetros, ambas sob forte vigilância.

Por outro lado, foram já destruídas todas as plantas infetadas com a subespécie e restringida a circulação a todos os operadores nas áreas demarcadas (que incluem duas plantações e sete centros de jardinagem) de modo a impedir a saída de plantas específicas.

A Comissão Europeia mantém-se em contacto com as autoridades portuguesas e a acompanhar a situação, sublinha a fonte comunitária.

Desde 2015, têm sido detetadas diferentes subespécies da bactéria ‘Xylella fastidiosa’ em França, Espanha e Itália em espécies ornamentais e também agrícolas.

A subespécie multíplex está associada a 58 espécies/géneros de plantas, entre eles, a amendoeira, a cerejeira, a ameixeira, a oliveira, o sobreiro, a figueira e muitas plantas ornamentais e da flora espontânea.

Ordem dos Médicos do Centro
Falhas frequentes nas aplicações informáticas utilizadas no Serviço Nacional de Saúde, sobretudo no programa Sclínico, estão a...

A denúncia assenta num inquérito às "funcionalidade e operacionalidade" das aplicações informáticas do SNS, promovido pela Ordem dos Médicos do Centro (SRCOM) na sequência de "inúmeras queixas e reclamações".

A recolha de dados, com mais de 500 respostas, foi realizada através de questionário ‘online’ anónimo voluntário destinado aos clínicos, no mês de dezembro de 2018, esclarece a Secção Regional, salientando que "todos os dias chegam à Ordem dos Médicos queixas, denúncias e alertas”.

"Dos médicos que responderam ao inquérito, 79,2% afirma que o programa SClínico não é rápido, 42,5% diz que não é fácil e 62,6% dos inquiridos conclui que não facilita o trabalho em ambiente de consulta", refere a Ordem em documento divulgado hoje.

Mais de 82% dos médicos que responderam ao questionário dizem ainda que o programa informático Sclínico provoca novos problemas que interferem na atividade clínica.

O estudo mostra ainda que este programa apresenta erros e bloqueios frequentes, situação reportada por 84,9% dos inquiridos. A percentagem de respondentes que afirma que o serviço de apoio informático - ServiceDesk é ineficaz atinge os 74,4%.

"Números que concretizam as inúmeras denúncias da SRCOM: a fraca e péssima qualidade deste serviço prestado pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, EPE (SPMS), faz com que seja cada vez mais difícil, por exemplo, consultar o registo clínico, prescrever medicamentos e Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica", refere.

Carlos Cortes, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, garante que "os responsáveis dos Serviços Partilhados do Ministérios da Saúde (SPMS) desconhecem a dimensão e a gravidade do problema porque não se deslocam às unidades do Serviço Nacional de Saúde".

O médico garante que "a inércia da entidade responsável pela gestão do sistema informático do SNS está a causar graves problemas, com forte impacto na vida dos utentes", obrigando ao cancelamento ou adiamento de consultas.

"Há doentes que voltam repetidamente ao seu Centro de Saúde, apenas e só, devido aos problemas dos constantes bloqueios do sistema informático", garante Cortes.

O médico deixa um apelo aos SPMS: "Antes de se avançar com novos sistemas, é necessário resolver estes bloqueios desesperantes".

O SClínico Hospitalar é um sistema de informação desenvolvido pelos SPMS, comum a todos os prestadores de cuidados de saúde.

Em fevereiro
A Associação O Joãozinho vai interpor uma ação em tribunal em fevereiro para que o Hospital de São João, no Porto, liberte o...

“O que nós vamos fazer é avançar com uma ação comum para que o centro hospitalar cumpra a cláusula primeira do acordo de cooperação que estabeleceu connosco [associação] e com o consórcio construtor, e liberte o espaço para continuarmos com a obra de construção da ala pediátrica”, disse o presidente da associação, Pedro Arroja.

O objetivo é por a obra a andar o “mais rapidamente possível” porque as crianças estão em condições “miseráveis”, vincou, acrescentando que “se mais tarde” o Governo a quiser assumir estará disponível para negociar as condições de cedência de titularidade.

No início deste mês, a associação propôs ao centro hospitalar avançar com os trabalhos da ala pediátrica, a funcionar em contentores há cerca de dez anos, até o S. João “estar em condições” de os assumir.

Numa carta enviada ao presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar, e a que a Lusa teve acesso, o dirigente da associação sugeriu ao hospital “desimpedir” o espaço destinado à ala pediátrica, retirando de lá o Serviço de Sangue para avançar com a obra.

Contudo, na resposta, o hospital alertou a associação tem a “obrigação” de devolver o terreno da ala pediátrica até março, segundo o protocolo de 2017, cuja vigência já “esgotou”, revela uma carta a que a Lusa teve acesso.

“Nos termos do acordo [assinado em 2015 com a associação para construir a ala pediátrica com fundos privados], a associação está obrigada a devolver, no prazo de 90 dias, a pedido do centro hospitalar, a parcela cedida” para as novas instalações de pediatria, disse a administração daquele hospital, numa carta dirigida à Joãozinho em que considera “inaceitáveis” e “ilegais” as condições apresentadas pelo seu presidente para a devolução do terreno.

Pedro Arroja recordou que na reunião que teve com o presidente do conselho de administração, que, entretanto, renunciou ao cargo, comprometeu-se a apresentar uma proposta para a cedência da titularidade, o que cumpriu.

“Houve negociações, fiquei de fazer uma proposta e fiz, mas o hospital respondeu uma coisa sem nexo e, logo a seguir, o presidente renunciou, portanto, agora nem sequer há interlocutor”, contou.

Na sua opinião, o conselho de administração já mostrou que não quer voltar às negociações.

Pedro Arroja recordou que a obra está parada há quase três anos e que nem o hospital, nem o Governo apresentaram até agora uma “solução razoável e rápida” para se prosseguir com a empreitada.

“Esta ação em tribunal em nada atrasa a obra, mas é sim uma tentativa de antecipar o recomeço dos trabalhos”, comentou.

O internamento oncológico e geral de pediatria do São João funciona em contentores provisórios desde 2011 e o parlamento aprovou em novembro, por unanimidade, a proposta de alteração do PS ao Orçamento do Estado para 2019, de forma a prever o ajuste direto para a construção da Ala Pediátrica.

A 03 de janeiro, a administração do Hospital de São João indicou que a obra da ala pediátrica deve começar no início do segundo semestre, prevendo-se para abril a transferência provisória da pediatria oncológica para o edifício central.

Instituto Nacional Ricardo Jorge
Perto de 87 mil crianças nasceram em Portugal em 2018, um ligeiro aumento face a 2017, segundo dados do Instituto Nacional...

Em 2018, foram estudados no âmbito Programa Nacional de Diagnóstico Precoce 86.827 recém-nascidos, mais 674 do que em 2017, ano em que foram realizados 86.180 testes, adiantam os dados hoje divulgados pelo Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA).

“Trata-se de um aumento ligeiro, mas nos últimos cinco anos apenas em 2016 foram estudados mais bebés (87.577)”, refere o INSA.

O maior número de testes foi realizado no distrito de Lisboa (25.672), seguido pelo Porto, com 15.699 testes, e Braga, com 6.692.

Os distritos com menos testes feitos foram Bragança (596), Portalegre (681) e Guarda (770).

Agosto foi o mês que registou o maior número de exames feito (8.044), enquanto fevereiro foi o que teve menos registos (6.199).

Em 2017, foram estudados 86.180 recém-nascidos, menos 1.397 do que em 2016, uma diminuição que ocorreu após três anos consecutivos de aumento de nascimentos, segundo os “testes do pezinho” então realizados.

O “teste do pezinho” é realizado a partir do terceiro dia de vida do recém-nascido, através da recolha de umas gotículas de sangue no pé da criança, e permite diagnosticar algumas doenças graves que clinicamente são muito difíceis de diagnosticar nas primeiras semanas de vida e que mais tarde podem provocar atraso mental, alterações neurológicas graves, alterações hepáticas ou até situações de coma.

Coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através da sua Unidade de Rastreio Neonatal, Metabolismo e Genética, o Programa Nacional de Diagnóstico Precoce cobre a quase totalidade de nascimentos, sendo um indicador relativo à natalidade em Portugal, embora o teste não seja obrigatório.

 

PS dividido
O parlamento chumbou dois projetos de lei do Bloco de Esquerda e do partido Pessoas-Animais-Natureza para a legalização da...

O projeto do BE teve os votos da própria bancada bloquista, do PAN e de 25 deputados do PS, votos contra do PCP, PSD, CDS e oito deputados do PS, registando-se ainda a abstenção do PS, PEV e do deputado não-inscrito Paulo Trigo Pereira.

Já o diploma do PAN foi rejeitado com os votos contra do PCP, PSD, CDS e sete deputados do PS, registando-se ainda a abstenção do PS, PEV e do deputado não-inscrito Paulo Trigo Pereira, embora tenha recebido os votos do BE, de André Silva (PAN) e de 26 deputados socialistas.

Entre os parlamentares do PS que votaram a favor da lei do PAN contam-se a porta-voz do partido Maria António Almeida Santos, os ex-governantes João Soares, Constança Urbano de Sousa, Fernando Rocha andrade, José Magalhães e Manuel Caldeira Cabral, mas também Edite Estrela, Isabel Moreira, Sérgio Sousa Pinto e Pedro Bacelar de Vasconcelos, entre outros.

Contra votaram sete parlamentares socialistas, entre eles Miranda Calha, Vitalino Canas, Odete João e António Gameiro.

Além dos 25 que que votaram a favor do diploma do BE, juntou-se-lhes o deputado Pedro Delgado Alves.

No debate, na quinta-feira, o Bloco de Esquerda manifestou-se disponível para alterar o projeto de lei para a legalização da canábis para uso recreativo, apelando aos deputados para aprovarem a proposta na generalidade de modo a ser discutida por todos.

Moisés Ferreira respondia a um repto lançado pelo deputado do PSD Ricardo Baptista Leite ao BE e ao PAN, autores dos projetos de lei, para que se faça “um debate sério” sobre esta matéria.

No início do debate, André Silva, do PAN, disse que o seu projeto de lei apresenta propostas concretas para “um debate sério e livre, num caminho que deve envolver vários representantes da sociedade, que visa combater o tráfico de droga, prevenir e tratar as dependências mais eficazmente.

O deputado do PS Alexandre Quintanilha disse que "por ser uma lei muito recente e porque as poucas experiências da liberalização também são mais recentes, os socialistas deveriam ser "mais prudentes", para "ter tempo" para acumular "dados mais fiáveis e que possam ajudar a avaliar como mais confiança o impacto destas medidas”.

O PCP disse “discordar inteiramente” das propostas, considerando que o que resultaria de “uma eventual aprovação” seria “a liberalização do comércio da canábis e a expansão do seu consumo e venda”.

Também o CDS-PP disse que ia votar contra as propostas.

“Não queremos implementar mais negócios em termos do consumo de uma substância que é nefasta”, disse Isabel Galriça Neto.

Já os Verdes declararam que se iam abster, com a deputada Heloísa Apolónia a pedir aos partidos que vejam esta abstenção “como forma de cautela nos avanços” que querem promover, mas também como “uma predisposição para que o debate se faça na Assembleia da República”.

Estudo
Mais da metade das espécies de café selvagem estão em perigo de extinção, segundo um novo estudo do Jardim Botânico Real de Kew...

Das 124 variedades de café silvestre ou selvagem, 75 estão em risco devido ao desmatamento, às alterações climáticas e à propagação de doenças e de espécies nocivas, segundo este estudo realizado nas selvas africanas, desde Serra Leoa até Madagascar. Mas o café não é o único alimento em risco de extinção.

A produção mundial de café, escreve o Sapo, baseia-se atualmente em dois tipos de planta: a arábica (cerca de 60% da produção) e a robusta (40%). Além da ameaça direta que pesa sobre estas duas espécies, as variedades silvestres, das quais o desenvolvimento das suas sementes depende, também estão em perigo.

"Os produtores de café necessitam de variedades silvestres, porque estas têm os genes necessários para desenvolver cafés resistentes às doenças e às mudanças climáticas", explicou à AFP o médico Aaron Davis, responsável pela investigação sobre o café no Jardim Botânico de Kew.

Várias ameaças
Desde os períodos de seca prolongados até a propagação de pragas de fungos, as ameaças que pesam sobre as plantas de café são muitas. Das 75 espécies em risco contabilizadas pelos investigadores, 13 estão em perigo crítico de extinção, 40 em perigo, e 22 são vulneráveis.

Não queremos provocar pânico [com estes estudos], é uma chamada à ação, um catalisador.

Num momento em que a proporção de plantas em perigo de extinção em geral é de 22%, o café encontra-se particularmente em risco devido à sua alta sensibilidade face ao ambiente.

Há "milhões de produtores de café no mundo e quando perdem a sua capacidade de produzir café ou sua rentabilidade, isto provoca enormes problemas socioeconómicos", apontou Davis. "O que é preciso evitar são os deslocamentos de populações cujo modo de vida já não é viável".

Outro estudo, publicado também na quarta-feira pelos cientistas do Jardim Botânico de Kew na revista Global Change Biology, debruça-se sobre a variedade arábica silvestre. Esta pesquisa demonstra que se as projeções sobre as alterações climáticas se verificarem, esta variedade, da qual depende um comércio avaliado em 13,8 mil milhões de dólares, também está em perigo de extinção.

"Não queremos provocar pânico [com estes estudos], é uma chamada à ação, um catalisador, para dizer: 'Pode ser que não precisemos destes recursos imediatamente, mas a não ser que comecemos a pensar na sua conservação agora, à medida que perdemos espécies em extinção, as nossas opções irão diminuir", alertou o médico Aaron Davis.

Estudo
Poucos doentes vão às urgências, centro de saúde ou ligam para a linha do Serviço Nacional de Saúde.

Apesar do impacto que se conhece nos serviços de urgência, um estudo do Instituto Nacional de Saúde (INSA) conclui que a maioria das pessoas não recorre a nenhum serviço de saúde quando tem algum sintoma de gripe.

Só uma minoria recorre ao hospital, ao centro de saúde e ainda menos ao SNS 24, a linha de contacto telefónico do Serviço Nacional de Saúde, escreve a TSF.

A amostra da população portuguesa incluiu mais de 4 mil casos de gripe entre as épocas 2011/2012 e 2016/2017, registados no sistema de vigilância participativa Gripenet.

Do total, 71,3% não recorreu a qualquer serviço de saúde quando teve sinais de gripe, 11,4% foram ao médico de família e apenas 6,2% recorreram a uma urgência ou serviço hospitalar, num cenário sem grandes alterações ao longo dos anos.

Há um ligeiro aumento de portugueses a recorrer à linha SNS 24, mas mesmo assim ainda é residual o número dos que usam este serviço quando têm gripe: 3,7% na média dos 6 anos ou 4,2% na última época gripal analisada.

Os especialistas do INSA admitem que os resultados sobre o SNS 24 "surpreendem na medida em que seria expectável que quem participa num sistema de vigilância participativa online pudesse ter uma utilização mais frequente de uma ferramenta de aconselhamento e encaminhamento à distância", valendo a pena "recomendar que se tente aumentar a literacia da população para melhor gerir episódios de gripe, reduzindo a procura dos cuidados de saúde presenciais".

Urgências estão demasiado frágeis
O bastonário da Ordem dos Médicos admite que não fica surpreendido com os resultados deste estudo pois não procurar o médico é, de facto, a opção correta na maioria dos casos de gripe.

Miguel Guimarães defende que o problema das urgências é sobretudo a fragilidade dos serviços e não tanto a procura excessiva em época gripal, o que faz com que qualquer pequeno incremento de procura cause horas de espera nos serviços.

O representante dos médicos analisa os resultados deste estudo

Os últimos números divulgados revelam que a gripe manteve-se em fase de epidemia, mas em situação estável, na segunda semana do ano, com uma taxa de incidência de 48,8 por 100 mil habitantes, numa descida acentuada em relação à primeira semana de 2019.

 

Reeducação alimentar é o caminho
A especialista em tratamentos para perda de peso, Sinthia Puttini, explica porque é que “engordar do

Para a grande maioria das mulheres, a entrada nos “entas” caracteriza-se pela facilidade em engordar e maior dificuldade em perder peso. De facto, os 40 anos são um marco na vida da mulher devido a todo um conjunto de mudanças que se iniciam: o organismo prepara-se para entrar na fase da pré-menopausa, o metabolismo diminui, bem como a quantidade de massa magra (músculo).

Com a entrada no período de pré-menopausa e a consequente diminuição dos níveis de estrogénio e progesterona, as mulheres são confrontadas com um conjunto de mudanças hormonais que resultam não só no aumento da fome, mas também no crescente desejo de alimentos mais calóricos.

Ora, se por um lado a fome aumenta, por outro, a quantidade de calorias que necessita de consumir para cumprir as atividades do seu dia-a-dia, diminui com o passar dos anos. Portanto, se mantiver aos 40 os mesmos hábitos alimentares que tinha aos 30, irá aumentar de peso. “Engordar do ar” torna-se uma realidade quando necessita de consumir menos, mas o seu corpo pede mais.

Simultaneamente, a capacidade de manter o peso ou mesmo emagrecer é também afetada pela perda de massa magra característica desta altura, uma vez que com menos músculo, queimamos menos calorias e o organismo começa a armazenar mais gordura.

Pois bem, então e agora? Se tem de comer menos, mas as mudanças pelas quais está a passar a impelem a comer mais, como emagrecer? Optar por dietas que a levem a cortar certos alimentos não será eficaz pois na primeira oportunidade que tiver irá consumir tudo aquilo a que se privou. É importante que reaprenda a alimentar-se, perdendo peso dessa forma e maximizando esses resultados ao adotar uma nova alimentação e estilo de vida, que respeitem as novas necessidades do seu corpo.

Uma alternativa que se tem revelado eficaz no combate ao excesso de peso nesta idade, é a dieta proteica, de muito baixo valor calórico, prescrita por um médico e realizada com o apoio de uma equipa multidisciplinar.

Este tratamento, que culmina na reeducação alimentar dos pacientes, permite que o corpo entre em cetose controlada – utilização dos depósitos de gordura como fonte energética - através do controlo rigoroso do plano alimentar estabelecido. Desta forma é feita uma perda de peso de qualidade, com redução importante da massa gorda, sobretudo a gordura visceral, ao mesmo tempo que a massa magra é preservada. Perde-se peso de uma forma mais rápida, saudável e sem fome.

Um estudo comprovou que este tratamento é três vezes superior aos da dieta hipocalórica. Ao fim de dois meses é possível perder até 15 quilos, em comparação com os 5 quilos de uma dieta hipocalórica habitual. Os resultados deste estudo demonstram uma nova visão sobre a abordagem do excesso de peso e obesidade, ao comprovar que uma perda de peso rápida traz benefícios para a saúde, quebrando assim o mito de que perder peso rapidamente se mostra ineficaz a longo prazo.

Além disso, a realização deste tratamento com acompanhamento médico aliada ao apoio especializado de dietistas-nutricionistas, técnicos de atividade física e profissionais de Coaching, favorece a manutenção do peso a longo prazo. Isto porque o apoio e orientação dos profissionais evitam excessos e desvios do plano alimentar estabelecido, contribuindo para que os resultados sejam visíveis desde o início, o que se traduz numa maior motivação e compromisso com a perda de peso.

Perder peso a partir dos 40 anos é difícil, mas não é impossível. Não se conforme. Decida e marque a sua consulta com um médico especializado neste tipo de reeducação alimentar, que a ajudará e orientará no processo da perda de peso.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Projetos de lei
A Assembleia da República debate hoje quatro projetos de lei e um de resolução que procuram limitar ou mesmo proibir o uso de...

Os microplásticos são partículas com diâmetro inferior a cinco milímetros e são usados em detergentes e produtos cosméticos como esfoliantes, a que conferem qualidades de viscosidade ou estabilização.

Os Verdes salientam os "efeitos bastantes perversos" destes produtos que são libertados para o meio natural pelo uso dos produtos que os contêm e querem que o Governo crie um programa nacional para a erradicação dos microplásticos, um selo para produtos que não os contenham e campanhas de sensibilização dos consumidores para que deixem de comprar produtos com microplásticos.

Há "alternativas menos agressivas" que permitem que os produtos tenham a mesma ação, por exemplo nos esfoliantes, em que os microplásticos podem ser substituídos por "cascas de frutos secos ou areia, como já foi habitual".

"É ainda escassa a informação acerca da extensão com que os aditivos utilizados na produção de produtos plásticos, e que se libertam das partículas, poderão afetar animais e humanos", indica o partido ecologista na exposição de motivos do seu projeto de lei.

No entanto, assinalam os Verdes, sabe-se que podem facilitar a disseminação de outros poluentes e entram nas cadeias alimentares e até em produtos alimentares para consumo humano, como o sal de cozinha.

O partido Pessoas, Animais, Natureza (PAN) vai mais longe e pretende "a proibição de produção e comercialização de detergentes e cosméticos que contenham microplásticos", dando um prazo de adaptação de um ano.

A partir desse prazo, quem continue a produzir ou vender produtos com microplásticos incorre numa "contraordenação ambiental muito grave", defende o PAN.

O PAN apela ao Governo para acompanhar cientistas, organizações ambientalistas e "os anseios" dos cidadãos e "avançar determinadamente" para levar a uma nova economia circular, contra o modelo atual, baseado "no desperdício, tal como no consumo desenfreado".

O partido do deputado André Silva apresenta ainda a discussão um projeto de resolução para levar o Governo a estudar os impactos da presença dos microplásticos no ambiente, na cadeia alimentar e na saúde humana, levando à criação de uma estratégia nacional "para o combate e mitigação dos efeitos dos microplásticos".

Os deputados do Bloco de Esquerda apresentam um projeto de lei que também visa proibir "a comercialização e importação de produtos de higiene que contenham microplásticos".

Até 2021 deve ser criado um programa de erradicação de todos os produtos com microplásticos, pretende o Bloco, que admite exceções "de uso não massivo e necessário, num contexto de saúde ou científico".

Num outro projeto que será discutido na sexta-feira, o CDS-PP quer uma redução faseada do uso de microplásticos em cosméticos e produtos de higiene, estabelecendo metas de redução anuais até 2030.

Ao mesmo tempo, os democratas-cristãos querem também que seja colocado um selo de identificação nos produtos que não contenham microplásticos.

Bastonária
A bastonária da Ordem dos Farmacêuticos alerta que a segurança dos doentes está posta em causa nos hospitais públicos por falta...

A bastonária Ana Paula Martins escreveu esta semana uma carta à ministra da Saúde na qual manifesta a sua “maior preocupação” com a falta de recursos humanos nos hospitais, concretamente nas farmácias hospitalares, responsáveis pela preparação dos medicamentos dos doentes.

“A segurança está em causa porque os farmacêuticos não são em número suficiente para as atividades que já hoje têm”, escreve a bastonária na carta enviada a Marta Temido, em que dá exemplos de atividades que os farmacêuticos tiveram de deixar de realizar nos hospitais.

Em entrevista, Ana Paula Martins manifesta-se “muito preocupada com a possível falta de segurança que se está a viver nos hospitais”, apesar de ressalvar que não tem denúncias de casos concretos com doentes específicos.

“Temos todas as razões para acreditar que os farmacêuticos, ao avisarem que a situação está a degradar-se totalmente, estão a querer chamar a atenção para o que pode acontecer e que querem moralmente não se sentir responsáveis. Judicialmente podem até ter responsabilidade, mas moralmente, para um profissional de saúde, isso tem muita importância”, afirma a representante dos farmacêuticos.

A bastonária diz mesmo que os farmacêuticos já não conseguem “garantir a segurança dos doentes” e que só lhes falta “lavar o chão das farmácias hospitalares”, dada a quantidade de trabalho e de funções e a falta de profissionais.

“Se for preciso [lavar o chão], fá-lo-emos, mas gostava que não fosse preciso”, desabafa.

Ainda acerca das questões de segurança, Ana Paula Martins questiona a ministra sobre em quem cairá a responsabilidade se houver um problema grave com a troca de medicamentos como já aconteceu no passado.

“Não vamos assumir responsabilidades que não são nossas”, avisa.

Já em junho do ano passado, a bastonária tinha escrito uma carta ao anterior ministro Adalberto Campos Fernandes, alertando para a necessidade de contratar mais profissionais para as farmácias hospitalares.

Aquando da passagem, no verão passado, para as 35 horas de trabalho semanais, a Ordem dos Farmacêuticos promoveu um estudo em que concluiu que seriam precisos mais cerca de 150 farmacêuticos e quase o mesmo número de técnicos de diagnóstico e terapêutica para cumprir as necessidades mínimas dos hospitais públicos.

“Desde junho até agora pouco ou nada aconteceu. Terão entrado dois a quatro farmacêuticos dos que estavam planeados, mas está muito longe da necessidade”, indica.

Na carta à ministra, Ana Paula Martins diz que os farmacêuticos já não conseguem sequer substituições por licenças de parto ou por doença.

A bastonária avisa que há hospitais a reduzir horários dos serviços farmacêuticos e com dificuldades na preparação de medicação para doentes oncológicos (citotóxicos) e de nutrição parentérica (nutrição por via endovenosa).

Fica também comprometida a realização de alguns ensaios clínicos, nos quais são necessários farmacêuticos, “retirando competitividade aos hospitais”.

“Queremos fazer mais, somos capazes de fazer mais, mas não nos deixam. Depois, quando saímos e vamos para o setor privado, as nossas competências são aproveitadas. Começamos já a ver projetos inovadores no setor privado que só eram habituais no SNS [Serviço Nacional de Saúde]”, afirma Ana Paula Martins na carta.

A Ordem dos Farmacêuticos lembra também que a carreira destes profissionais não tem ainda a sua implementação terminada.

Um dos objetivos da carreira, recorda a bastonária, era a criação de um internato no SNS permitindo a formação de novos farmacêuticos que pudessem tornar-se especialistas.

“Os hospitais, para contratarem farmacêuticos, têm de os fazer entrar pela carreira farmacêutica, porque não podem já entrar através da carreira geral. Para entrarem têm de ter especialidade. Precisamos de formar novos farmacêuticos”, indica.

Mas, para isso, o Ministério da Saúde tem de publicar um diploma que permita a abertura do internato nos hospitais.

Ana Paula Martins frisa que quanto mais tempo demorar este assunto a resolver, mais difícil será no futuro próximo ter mais farmacêuticos no SNS.

Na carta à ministra, a bastonária classifica os farmacêuticos como um grupo “discreto, que assume o seu trabalho até ao limite da sua vocação”.

“Mas o nosso apelo é, sistematicamente, ignorado; governo após governo, nos últimos dez anos, as promessas não são concretizadas; não há uma atuação para que a segurança dos doentes e dos profissionais fique salvaguardada”, escreve.

Presidente da República
O Presidente da República promulgou ontem os diplomas setoriais que transferem para os municípios competências no âmbito da...

Segundo o diploma do Governo agora promulgado, os municípios assumem, na área da educação, o investimento, equipamento e manutenção de edifícios escolares, alargados a todo o ensino básico e secundário, e o fornecimento de refeições nos estabelecimentos do 2.º e 3.º ciclo do ensino básico e do ensino secundário, gerido pelos municípios.

As novas competências nesta área incluem também o recrutamento, seleção e gestão do pessoal não docente, transferindo-se o vínculo do Ministério da Educação para os municípios, assegurar as atividades de enriquecimento curricular, em articulação com os agrupamentos de escolas, e apoiar as crianças e os alunos no domínio da ação social escolar.

No caso da saúde, é transferida para os municípios a competência da manutenção e da conservação de equipamentos das unidades de prestação de cuidados de saúde primários e de gestão e execução dos serviços de apoio logístico das unidades funcionais dos Agrupamentos de Centros de Saúde.

As novas competências contemplam, igualmente, a participação dos órgãos municipais na gestão e na realização de investimentos relativos a novas unidades de prestação de cuidados de saúde primários, nomeadamente na sua construção, equipamento e manutenção, e gerir os trabalhadores, inseridos na carreira de assistentes operacionais, das unidades funcionais dos Agrupamentos de Centros de Saúde que integram o Serviço Nacional de Saúde.

Marcelo Rebelo de Sousa tinha já promulgado 12 diplomas setoriais relativos à descentralização de competências para as autarquias nos domínios das praias, jogos de fortuna ou azar, promoção turística, vias de comunicação, justiça, fundos europeus e captação de investimento, bombeiros voluntários, atendimento ao cidadão, habitação, património, estacionamento público e proteção e saúde animal e segurança dos alimentos.

As competências previstas nestes 12 diplomas “são automaticamente transferidas para os municípios”, podendo as respetivas assembleias municipais decidir não exercer as novas atribuições já este ano.

A recusa em assumir as novas competências deve ser comunicada até 60 dias após a publicação de cada decreto-lei, sendo a primeira data o próximo dia 31 de janeiro.

O Governo aprovou ainda os diplomas relacionados com policiamento de proximidade, proteção civil, cultura, ação social, transporte em vias navegáveis interiores, áreas portuárias e áreas protegidas, que aguardam promulgação.

Além dos diplomas setoriais, num processo gradual de descentralização entre 2019 e 2021 - altura em que as autarquias e entidades intermunicipais assumirão em definitivo as novas atribuições -, falta aprovar o decreto de novas competências das freguesias.

Ministra da Saúde
A ministra da Saúde lembrou ontem aos enfermeiros que não é possível “corrigir 20 anos numa legislatura”, aludindo ao ...

No final de três reuniões com os vários sindicatos dos enfermeiros, Marta Temido disse aos jornalistas que os encontros se traduziram “num conjunto de aproximações das partes”.

A ministra assumiu que as reuniões, em conjunto com a secretária de Estado do Emprego e Administração Pública por parte do Ministério das Finanças, foram de natureza política e que permitiram perceber “tudo o que se tem andado desde o início da legislatura” e quais as “evoluções mais recentes no último mês”.

Para dia 30 de janeiro está marcada uma nova reunião com os dois sindicatos que, entretanto, suspenderam, sem anular, a greve em blocos operatórios de sete hospitais.

Marta Temido afirma que o Governo está “empenhado em ter paz social no Serviço Nacional de Saúde”, mas admite que há pontos em que a aproximação aos sindicatos não é possível.

Embora tenham acordado alguns pontos para o descongelamento das carreiras, o Ministério da Saúde e das Finanças não aceitam aplicar a todos os enfermeiros o mesmo descongelamento, porque houve alguns profissionais que em 2011, 2013 e 2015 tiveram um reposicionamento remuneratório que os colocou a ganhar mais.

No caso desses enfermeiros, que passaram dos 1.020 para os 1.200 euros, o Governo pretende aplicar os pontos de progressão na carreira só a partir do momento em que tiveram o reposicionamento remuneratório.

“Não podemos apagar esse efeito. Um descongelamento é uma valorização. Se houve, por efeito de revisão da carreira, uma valorização não podemos apagar esse efeito. É esse aspeto que nos afasta. Temos de ter em conta questões de equidade e há outras carreiras fora da saúde em que as coisas foram feitas assim. E temos de ter preocupações de natureza de equilíbrio financeiro”, afirmou a ministra da Saúde.

Marta Temido acrescenta que não é possível “corrigir hoje, por uma revisão da carreira, tudo o que é um histórico de congelamentos” na profissão de enfermagem.

“Estamos empenhados em conseguir valorizar as profissões, mas não podemos corrigir 20 anos numa legislatura”, indicou.

Para os restantes enfermeiros que não tiveram esse reposicionamento de salário, o Governo propõe contar 1,5 pontos de progressão de 2004 a 2014 e a partir de 2015 contar dois pontos por biénio.

Governo
O Governo vai substituir o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, confirmou ontem o...

O mandato de Carlos Martins tinha terminado a 31 de dezembro e ontem o responsável soube que vai ser substituído à frente da administração dos Hospitais Santa Maria e Pulido Valente.

"Encaro isto com naturalidade. Foram seis anos desta casa que vai marcar a minha vida para sempre e tenho o maior orgulho de ter servido esta instituição", afirmou Carlos Martins.

Até ao momento ainda não se sabe quem será o substituto de Carlos Martins.

Carlos Martins afirma que encara a sua substituição com naturalidade e neutralidade e diz que até deixar a administração vai continuar a cumprir a sua missão “com empenho e ambição”.

“Tenho 25 anos no setor da saúde e irei partilhar a experiência na área da docência e vou abraçar um novo desafio, mas sei que não será no Serviço Nacional de Saúde”, afirmou.

Além disso, no futuro, Carlos Martins disse que, com a saída das funções pública, vai recuperar na plenitude os seus direitos de cidadania, podendo voltar a “fazer política, a comentar políticas e a ter participação política”.

Governo
Márcia Roque foi ontem nomeada pelo Governo para o cargo de presidente do Conselho Diretivo da Administração Central do Sistema...

Licenciada em Economia, Márcia Roque assumia desde 2017 o cargo de vogal executiva do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, tendo anteriormente sido administradora nos Centros Hospitalares Lisboa Norte e Médio Tejo e na Administração Regional da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, refere um comunicado do Governo.

Para a presidência do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde de Matosinhos foi nomeado António Taveira Gomes, que assumia desde 2016 a direção clínica desta unidade hospitalar.

Estão também em curso as nomeações dos conselhos de administração de 15 estabelecimentos hospitalares que cessaram o mandato a 31 de dezembro de 2018, segundo uma nota do Conselho de ministros.

A nomeação de conselhos de administração do setor empresarial do Estado é um processo descrito na lei, que envolve a consulta à CRESAP e ocorre, habitualmente, no primeiro trimestre do ano seguinte, uma vez que o fim dos mandatos coincide com o ano civil.

De acordo com o regime legal, os conselhos de administração dos estabelecimentos hospitalares que cessaram o mandato devem permanecer no exercício de funções até à designação dos novos titulares, com exceção dos casos de renúncia ao cargo, que produz efeitos no final do mês seguinte ao da sua apresentação.

Os 15 hospitais são os seguintes:

Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, EPE

Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE

Centro Hospitalar do Médio Ave, EPE

Centro Hospitalar Universitário de S. João, EPE

Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, EPE

Hospital de Magalhães Lemos, EPE

Hospital Santa Maria Maior, EPE – Barcelos

Instituto Português Oncologia do Porto Francisco Gentil, EPE

Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira, EPE

Centro Hospitalar Barreiro Montijo, EPE

Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, EPE

Centro Hospitalar de Setúbal, EPE

Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, EPE

Hospital Garcia de Orta, EPE

Hospital Espírito Santo, EPE – Évora

Ministério da Saúde
A greve dos enfermeiros em blocos operatórios vai manter-se suspensa até 30 de janeiro, dia em que haverá nova uma reunião...

No final de uma reunião de cerca de quatro horas no Ministério da Saúde, os representantes dos sindicatos que convocaram a "greve cirúrgica" disseram aos jornalistas que há margem para continuar a negociar, adiantando que está garantida a criação de uma carreira com três categorias, incluindo a de especialista.

A greve, convocada pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), deveria ter começado na passada segunda-feira, mas foi suspensa para se esperar pelo resultado da reunião, onde estiveram a ministra da Saúde, Marta Temido, e a secretária de Estado do Emprego e Administração Pública, Maria de Fátima Fonseca, em representação do Ministério das Finanças.

As duas estruturas sindicais têm prevista uma nova greve em vários blocos operatórios do país até ao final de fevereiro, tendo sido reunido um fundo em donativos de mais de 420 mil euros numa plataforma ‘online’ para financiar a paralisação.

Antes do encontro com ASPE e Sindepor, o Governo esteve reunido com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, que decidiu manter uma greve de quatro dias na próxima semana, depois de o Ministério da Saúde ter imposto ontem unilateralmente o “encerramento abrupto” do processo negocial, segundo fonte sindical.

 

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