Setor da saúde
O Conselho Económico e Social manifestou ontem preocupação com os prazos médios de pagamento de entidade públicas, em...

“Quando chegamos ao fim dos exercícios, verificamos que não há suborçamentação na Saúde, há é suborçamentação inicial", referiu o presidente do Conselho Económico e Social (CES), Correia de Campos, durante uma audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) no âmbito da apreciação da Conta Geral do Estado (CGE) de 2017.

Correia de Campos salientou ainda o impacto que esta situação acaba por ter nos prazos de pagamento aos fornecedores.

No seu parecer à CGE, o CES considera "preocupante que o prazo médio de pagamentos se mantenha em 68 dias”, sendo que nas “Unidades de Saúde, em particular, passaram de 124 para 140 dias".

O documento precisa ainda que "o total dos pagamentos em atraso dos Hospitais EPE atingiu o valor de 837 milhões de euros, valor só ultrapassado no ano 2011".

Numa audição em que vários deputados levantaram a questão das cativações e do nível de execução do investimento público, o vice-presidente do CES e relator deste parecer, Adriano Pimpão, salientou que o investimento público tem merecido atenção em vários pareceres do Conselho que tem, inclusivamente, defendido a necessidade de o sistematizar em termos setoriais e territoriais.

No seu parecer, o CES acentua que tem chamado a atenção para a “não recuperação do investimento público, que, nos últimos anos, tem apresentado valores mais baixos quando comparados com o passado, inclusive no período da assistência financeira pelas três instituições internacionais".

"De facto, o investimento público alcançou valores superiores a 3% do PIB [Produto Interno Bruto] no período 2009-2013, na linha dos valores apresentados pelos países da Área Euro, tendo em 2014 e 2015 alcançado os valores de 2% e 2,2% respetivamente e caído para 1,5% em 2016", afirma o documento.

Durante a audição, Adriano Pimpão salientou que a CGE devia ter uma "maior importância política" na medida em que "não é um simples exercício de avaliação contabilístico, sendo uma possibilidade de avaliar a execução das políticas públicas".

Porto
O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho anunciou ontem a contratação de 15 enfermeiros e 15 assistentes operacionais...

Em comunicado, a unidade hospitalar, no distrito do Porto, referiu que, ao contrário deste ano, em anos anteriores celebraram-se contratos temporários com uma duração aproximada de cinco meses.

Relativamente à afluência de pessoas, e por comparação a anos anteriores, o hospital tem registado um menor número de episódios de ambulatório no Serviço de Urgência.

“Resultado de uma maior preparação e articulação com os Cuidados de Saúde Primários, cujo alargamento de horários e aumento do número de profissionais tem permitido uma melhor e mais eficaz articulação, garantindo uma melhor gestão de recursos e uma atuação mais rápida nos doentes com sintomas de gripe”, acrescentou.

Ainda assim, o centro hospital revela haver um aumento do número de episódios, os quais têm sido resolvidos “atempadamente”, mantendo os tempos de espera médios dentro do preconizado.

Na nota, o hospital alerta os seus utentes para contactarem a linha de apoio SNS 24 durante este período de maior suscetibilidade a doenças respiratórias e gripe, seguindo as indicações da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Na semana passada, a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte indicou que grande parte dos centros de saúde da região alargou os seus horários de atendimento.

Alimentação
O Canadá atualizou o guia alimentar do país, pela primeira vez em 12 anos, e recomendou à população que aumente o consumo de...

"Comer alimentos como vegetais, frutas, grãos integrais e proteínas vegetais pode ter efeitos positivos na saúde", apontou o Canadian Food Guide.

Outra novidade do guia, que o Canadá começou a publicar em 1942 como um programa de nutrição durante a Segunda Guerra Mundial, é a recomendação da água como bebida principal e a redução do consumo de sumos como forma de reduzir a ingestão de açúcar.

Além disso, o guia alimentar aconselha que os canadianos comam mais alimentos cozinhados em casa.

Atualmente, 30% dos gastos com alimentação dos canadianos são em compras de refeições já preparadas.

A recomendação para reduzir o consumo de produtos lácteos e carnes foi criticada por produtores canadianos, segundo os quais estes conselhos terão efeitos negativos na saúde da população a longo prazo.

A Associação de Produtores de Laticínios do Canadá apontou, em comunicado, que as recomendações do novo Canadian Food Guide "não refletem as evidências científicas mais avançadas".

Universidade de Coimbra
A investigadora Maria Filomena Botelho, da Universidade de Coimbra, disse que em Portugal se assiste a uma evolução positiva na...

"Tem existido um esforço bastante grande a apelar à notificação [das reações adversas dos medicamentos], não só em campanhas de sensibilização, mas também à utilização de novas tecnologias, nomeadamente as aplicações para ‘smartphones’ que facilitam o papel ao médico e uma plataforma lançada pelo Infarmed", frisou a investigadora.

Segundo a especialista, "é necessário conhecer efetivamente o que é que o medicamento é capaz de fazer para existir segurança na sua utilização, tendo sempre em vista a melhoria da qualidade de vida do doente e o seu tratamento com a maior segurança e eficácia".

Os avanços da farmacovigilância vão ser discutidos na quinta e na sexta-feira em Coimbra, numa conferência que reúne, pela primeira vez, cerca de 200 especialistas portugueses, espanhóis e franceses, no âmbito de um projeto que junta os três países.

Esta conferência realiza-se no Convento São Francisco, no âmbito do projeto europeu Onconet Sudoe, iniciado em julho de 2017, com o objetivo de criar uma rede europeia de cooperação em oncologia entre centros de investigação, universidades, instituições de saúde e empresas que atuam no território dos três países envolvidos.

"Este é um encontro que colocará em destaque os processos de farmacovigilância, dando a conhecer grande parte das atividades realizadas em todo o ciclo de vida dos medicamentos usados em Oncologia", disse Maria Filomena Botelho, coordenadora do projeto em Portugal.

A conferência irá debater desde a investigação e desenvolvimento de fármacos, a prática clínica pós-comercialização, os aspetos legais, regulatórios e éticos, a monitorização da segurança dos medicamentos, até ao impacto clínico, social e económico das reações adversas a medicamentos.

Segundo a investigadora, o projeto que está a ser desenvolvido pretende "perceber quais são as boas práticas no contexto da oncologia, integrar projetos colaborativos, conectar investigadores com empresas e doentes e tentar perceber até que ponto os doentes destes três países têm igualdade nos cuidados de saúde.

"No âmbito da farmacovigilância, que é um dos nossos focos neste momento, aquilo que pretendemos exatamente é perceber quais são as boas práticas que podem ser partilhadas entre os três países, de forma que isto se possa refletir em melhores cuidados de saúde ao doente oncológico", explicou.

O foco do projeto, de acordo com Maria Filomena Botelho, é "tentar perceber até que ponto são usadas novas tecnologias para melhorar todo o processo de notificação das reações adversas aos medicamentos, quais são as boas práticas que se devem partilhar e até que ponto ao longo do tempo tem havido uma melhoria".

Num balanço preliminar ao projeto, que termina em junho, a investigadora portuguesa disse que existe "uma evolução e que, tanto em Portugal como em Espanha ou França, tem havido uma tentativa e um esforço bastante grande" na notificação das reações adversas dos medicamentos.

Estudo
Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto concluíram, com base num estudo que avaliou 730...

Numa nota publicada hoje no ‘site’ de notícias da Universidade do Porto, o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) explica que o estudo, que avaliou a prevalência de défice cognitivo e de demência, apurou que “a principal causa de demência em Portugal está relacionada com fatores vasculares e não com a doença de Alzheimer”, contrariamente ao que se sucede na maior parte dos países ocidentais da Europa.

O estudo, designado “Prevalence and Causes of Cognitive Impairment and Dementia in a Population-Based Cohort From Northern Portugal” e publicado recentemente na revista American Journal of Alzheimer’s Disease & Other Dementias, avaliou uma amostra de 730 indivíduos com idade superior a 55 anos, tendo como objetivo identificar as “causas mais frequentes” e encontrar o modo de prevenção do declínio cognitivo.

“Os resultados mostram que cerca de 4,5% dos indivíduos com mais de 55 anos apresentam demência ou défice cognitivo ligeiro”, frisou o instituto, na nota publicada.

Citado pelo ISPUP, Luís Ruano, primeiro autor do estudo, salientou que, para além da elevada incidência de casos de acidente vascular cerebral em Portugal, comparativamente com os restantes países ocidentais, a principal causa para esta diferença pode estar relacionada com o consumo de peixe.

“O facto de Portugal ser o país da Europa com maior consumo de peixe, particularmente peixe gordo, parece estar associado a menor risco de demência e de Alzheimer”, referiu, acrescentando que esta diferença entre países pode também estar relacionada com a “menor prevalência entre a população portuguesa do alelo ε4 do gene APÕE”, fator genético de risco mais comum para a doença de Alzheimer.

De acordo com o ISPUP, a mensagem positiva deste estudo é que “a demência vascular pode ser evitada pela modificação dos estilos de vida”, com a adoção de medidas de prevenção primárias como “a prática de uma dieta saudável, de exercício físico regular e controlo dos principais fatores de risco cardiovasculares”.

O estudo, realizado pelo ISPUP, contou também com a colaboração do Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga e a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos
Apiários de Lousã e Idanha-a-Nova são visitados na quarta-feira por cientistas de vários países, no âmbito de uma investigação...

Trata-se de uma iniciativa da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA, sigla em inglês), que inclui a realização de trabalhos de campo durante dois anos, em Portugal e na Dinamarca.

“Já era tempo de termos uma abordagem integrada e holística dos principais fatores de stress das colónias de abelhas”, na União Europeia, disse hoje à agência Lusa José Paulo Sousa, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e um dos responsáveis do projeto.

Os trabalhos irão culminar, em 2021, na criação de uma plataforma digital em várias línguas, depois de o modelo inovador de avaliação ter sido validado pelas equipas de investigação portuguesa e dinamarquesa, em colaboração com especialistas de outros países e da própria EFSA.

Denominado ApisRAM, esse modelo, segundo José Paulo Sousa, “acaba por se tornar quase numa ferramenta de gestão do território” quanto ao comportamento das colónias de abelhas face a diferentes fatores de risco, designadamente uso de pesticidas, práticas agrícolas, mudanças na paisagem natural devido aos incêndios e ao avanço de espécies invasoras e exóticas, como mimosas e eucaliptos, proliferação da vespa asiática e alterações climáticas, entre outros.

Os investigadores envolvidos no projeto são oriundos de Portugal, Dinamarca, França, Irlanda, Itália e Portugal, a que se junta um especialista do Brasil que está a trabalhar, durante um ano, no Departamento de Ciências da Vida da FCTUC.

Em Portugal, uma das principais ameaças para as abelhas e produção de mel “é a falta de recursos” que são a base alimentar destes insetos, sobretudo flores de espécies variadas, afirmou José Paulo Sousa.

Na região Centro, “a mortalidade por falta de recursos é elevada”, uma tendência que tem vindo a agravar-se com a multiplicação dos ataques da vespa asiática.

Os trabalhos de campo começam em março e incluem a “monitorização das colmeias uma vez por mês”, sendo ao mesmo tempo avaliados os recursos existentes, em territórios nos municípios de Lousã e Idanha-a-Nova, nos distritos de Coimbra e Castelo Branco, respetivamente.

Em cada uma das duas “janelas” quadrangulares, com lados de 10 quilómetros, serão colocadas 10 colmeias, num total de 20.

O funcionamento das colónias é monitorizado com auxílio de pequenas câmaras de filmar colocadas nas colmeias, explicou o professor da Universidade de Coimbra.

O projeto conta com a colaboração da Cooperativa Lousãmel, responsável pela gestão da denominação de origem protegida (DOP) Serra da Lousã, e com apicultores da zona de Idanha-a-Nova.

Para minimizar a falta de recursos, importa “manter áreas seminaturais em volta dos campos agrícolas”, com a sementeira de diversas espécies melíferas, defendeu José Paulo Sousa.

Para a Serra da Lousã, onde a produção de mel DOP, à base de urzes diversas, tem registado quebras acentuadas nos últimos anos, recomenda “uma gestão florestal adequada” que assegure a preservação das manchas florais mais características desse bem alimentar.

“Se gerirmos com bom senso, tudo é possível”, recomendou o especialista.

Entre hoje e quinta-feira, 15 investigadores, dos quais oito são de Coimbra, participam num encontro no Departamento de Química da FCTUC, que inclui visitas de campo na quarta-feira.

Colabora também no projeto o Ministério da Agricultura, através do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) e da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).

Estudo
Investigadores da Universidade de Valladolid, Espanha, confirmaram o potencial das células estaminais mesenquimais da medula...

Após a aplicação de células estaminais mesenquimais (MSCs) da medula óssea a três doentes, diagnosticados com Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) há mais de 15 anos, que apresentavam dificuldade em controlar a doença recorrendo à terapêutica convencional, os investigadores verificaram que o estado de saúde dos doentes tinha melhorado consideravelmente, sem efeitos adversos associados.

Nove meses depois, dois doentes encontravam-se em remissão completa e o terceiro em remissão parcial, com a doença ainda ligeiramente ativa. Estas melhorias permitiram, ainda, diminuir entre 50 a 90% a dose de medicação utilizada por estes doentes para controlar a doença.

Tendo em conta os resultados positivos, nomeadamente ao nível da segurança, os investigadores pretendem agora avançar com um ensaio clínico, recentemente aprovado pela entidade competente espanhola, para avaliar a eficácia deste tratamento num maior número de doentes.

Bruna Moreira, Investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, menciona que “vários estudos publicados nos últimos anos indicam que esta nova opção terapêutica baseada em células estaminais mesenquimais poderá vir a ficar disponível para estes doentes. Estas células têm a capacidade de regular o sistema imunitário, podendo ser obtidas, por exemplo, a partir da medula óssea ou do tecido do cordão umbilical.”.

O Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) é uma das doenças autoimunes com maior prevalência e caracteriza-se pela produção de anticorpos contra o próprio organismo. Vários órgãos, por exemplo os rins, pulmões e o sistema nervoso, podem ser afetados pela doença, originando sintomas como fadiga, febre e dores nas articulações. Em Portugal, afeta cerca de 0,07% da população, sobretudo feminina, com impacto significativo na sua qualidade de vida.

O LES é uma doença crónica, geralmente controlada utilizando fármacos imunossupressores e corticosteroides. No entanto, o tratamento convencional revela-se insuficiente em mais de 30% dos doentes, que acabam por sofrer recaídas ou não responder ao tratamento.

Referência:
Barbado J, Tabera S, Sánchez A, García-Sancho J. Therapeutic potencial of allogeneic mesenchymal stromal cells transplantation for lupus nephritis. Lupus. 2018 Nov;27(13):2161-2165.

Na China
A China vai punir o investigador chinês He Jiankui, responsável pela primeira manipulação genética de bebés em todo o mundo,...

De acordo com a Xinhua, He Jiankui e "outros funcionários e organizações relevantes" serão punidos de acordo com as leis e os regulamentos nacionais.

Para realizar a edição genética de embriões humanos, "explicitamente proibida por lei", He Jiankui "angariou fundos e reuniu investigadores por conta própria", concluiu um relatório preliminar citado pela agência.

De acordo com o documento, assinado por investigadores da província de Guangdong, no sul do país, He Jiankui iniciou o projeto em 2016, após reunir uma equipa com "alguns membros estrangeiros", recorrendo então a "tecnologias sem garantia de segurança e eficácia".

Em novembro do ano passado, o cientista He Jiankui anunciou, num vídeo difundido na rede de partilha de vídeos YouTube, o nascimento de duas gémeas, cujo material genético havia sido modificado, na fase embrionária, para as tornar resistentes ao vírus da Sida.

"Com um falso certificado de revisão ética, [He Jiankui] recrutou oito casais voluntários (os homens testaram positivo para o anticorpo HIV, as mulheres testaram negativo) e realizou experiências entre março de 2017 e novembro de 2018", detalhou a investigação.

"As atividades violaram gravemente os princípios éticos e a integridade científica e violaram importantes regulamentos governamentais da China", apontou o relatório, acrescentando que o cientista realizou as experiências em prol "da fama e benefício pessoais".

Logo após ter sido anunciado, o caso motivou a condenação da comunidade científica internacional, e não tardou muito para a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciar a criação de um grupo de trabalho sobre manipulação genética.

Em 03 de dezembro, em Genebra, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que a modificação de genes em humanos "não pode ocorrer sem diretrizes claras".

Em Portugal, no mesmo dia, o Conselho de Ética para as Ciências da Vida classificou a experiência como eticamente inaceitável, moralmente irresponsável e com riscos imprevisíveis.

Afeta 80% das mulheres, mas não se fala sobre isso
O nascimento de um bebé é um dos momentos mais felizes na vida de uma mulher, mas também dos mais co

Irritabilidade, tristeza, choro fácil, cansaço ou insegurança são alguns dos principais sintomas de melancolia pós-parto, uma disforia puerperal bastante comum, que se estima que afete cerca de 80% das mulheres no período pós-parto. Embora se distinga de depressão pós-parto, uma vez que se resolve espontaneamente no período estimado de duas semanas, o «baby blues», como também ficou conhecido, é um estado natural e que nada tem de errado. Por isso, não se condene!

Basicamente, a disforia puerperal consiste num conjunto de alterações de humor, que se relacionam com o reequilíbrio hormonal que ocorre após o parto. “Embora seja uma dificuldade transitória, esta dificuldade de regulação das emoções surpreende a mulher e deixa-a menos capaz de usufruir de uma fase que julgaria de enamoramento e felicidade”, começa por explicar Isabel Gomes, psicóloga na Clínica da Mente.

A culpa, essa recai sobre as intensas e bruscas alterações hormonais a que a mulher está sujeita antes e depois do parto. “Toda a alteração física do corpo da mulher para conter um bebé ao longo de nove meses termina no parto, que é um momento, por si só, stressante”, avança a especialista explicando que “a adaptação hormonal feita para uma ligação com o bebé termina subitamente e começa um tempo de grande exigência que é o cuidado do bebé, de cansaço e de uma natural insegurança da mãe”, sobretudo se for de “primeira viagem”.

A par do cansaço ou da insegurança podem surgir outros sintomas como as alterações do apetite, dificuldade de concentração ou preocupação excessiva com a saúde do bebé. Estes podem surgir logo imediatamente ao parto e desaparecer naturalmente ao fim de aproximadamente duas semanas. “Apesar de este ser um estado de intensas alterações, elas são de curta duração”, revela Isabel Gomes. Por isso, e uma vez que aparecem e desaparecem de forma espontânea, não necessitam de tratamento. “Aceitar que este é um estado comum e natural desta fase e que, apesar de interferir na disposição não interfere no afeto e na ligação com o bebé” é, de acordo com a psicóloga, meio caminho andado para ultrapassar esta fase transitória com maior tranquilidade. Importante ainda é partilhar o que sente, dividir tarefas e evitar a autocensura.

É que apesar de este ser um momento tão desejado, ele é também um momento muito exigente. E é essencial saber que não está sozinha.

“O tema gravidez e da maternidade é extremamente idealizado, como se tudo a ele associado fosse cor de rosa. Na verdade, é um tempo extremamente exigente e difícil, com todas as inseguranças que acarreta na vida de uma mulher, de um casal, além das mudanças físicas e emocionais”, explica a especialista.

Este é ainda um período em que a mulher assume uma nova responsabilidade. O errado é pensar que a responsabilidade é apenas sua e é também aqui que a família tem um papel bastante importante. “À família cabe o difícil papel de compreender o estado da mãe como algo natural desta fase e aceitar sem censura. Com isso, permite não sobrecarregar ainda mais a mãe de pressão e exigência, que ela já tem em demasia”, aconselha.

De acordo com Isabel Gomes é ainda importante dar-lhe carinho e participar no cuidado do bebé “para que a mãe se possa ir restabelecendo”.

E porque é importante falar sobre este tema, não tenha medo de partilhar com os que lhe são mais próximos o que sente. Do que tem medo. O que a deixa ansiosa. E deixe que cuidem de si. “Quando se fala numa percentagem que pode ir até aos 80% das mulheres, é estranho que este seja um tema tão pouco falado”, comenta Isabel Gomes.

“Saber que este estado de labilidade emocional é vivenciado por tantas mulheres ajuda a redimensionar o problema. Saber que é passageiro traz um alento, daí ser fundamental partilhar, ouvir outros casos, sentir-se escutada e entendida”, conclui a especialista.

Qual o limite entre a tristeza passageira e a depressão pós-parto?

De acordo com a psicóloga Isabel Gomes, a tristeza ligeira é uma reação a algum acontecimento (e que no «baby blues» não tem que ser significativo) ou pensamento negativo que passa com “relativa rapidez”, dando lugar a outros sentimentos.

“A depressão pós-parto é uma perturbação emocional que surge ou se diagnostica após o parto”, exigindo um acompanhamento especial pela intensidade e pela forma como condiciona a vida da mulher.

Estando associada a algum acontecimento da vida mais negativo e doloroso e que, nas palavras da psicóloga, “não se consegue ressignificar”, habitualmente, a depressão já está presente durante a gravidez. “Existe aqui um quadro clínico que se mantém estável e que destabiliza, de forma consistente, o equilíbrio emocional da mãe, conduzindo a uma dificuldade em criar vínculo com o seu bebé, conduzir naturalmente a sua vida e cuidar de si”, explica adiantando que “neste caso, não passa espontaneamente ao fim das primeiras semanas e necessita de apoio, quer familiar, quer de técnicos especializados”.

Apesar de haver sintomas que são comuns aos dois estados, na depressão o estado é mais intenso e duradouro, com uma tristeza mais profunda e persistente. Apatia e desinteresse estão também presentes, conduzindo a uma dificuldade em criar ligação com o bebé.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
No Porto
Projeto visa criar implantes em 3D, que, com a incorporação de nanopartículas inteligentes, conseguem reparar os defeitos de...

O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), no Porto, vai liderar um consórcio europeu que visa, com um financiamento de 5,5 milhões de euros, desenvolver “matrizes para reparar defeitos de cartilagem do joelho”, revelou esta segunda-feira a coordenadora.

“O nosso objetivo é promover uma regeneração adequada para a cartilagem. Este processo é muito complicado e extremamente difícil, daí recorrermos a tecnologias”, explicou Meriem Lamghari, investigadora do i3S e líder do projeto europeu.

O projeto, denominado RESTORE, visa criar matrizes [implantes] em três dimensões (3D), que, com a incorporação de nanopartículas inteligentes, conseguem reparar os defeitos de cartilagem do joelho e diminuir o aparecimento da osteoartrite, doença que afeta cerca de 242 milhões de pessoas em todo o mundo.

“Focamo-nos nos defeitos da cartilagem do joelho porque é uma das articulações mais afetadas. Com o tempo, os pequenos defeitos da cartilagem começam a crescer e temos uma degeneração do tecido, que com a idade e o tempo leva a uma osteoartrite”, esclareceu.

De acordo com a investigadora do i3S, escreve o Observador, uma vez que o tratamento para regenerar cartilagem é “muito difícil” e que o tecido tem uma capacidade de regeneração “limitada”, o projeto propõe a criação de dois diferentes implantes em 3D.

“Estamos a propor dois tipos de matrizes. Umas sintéticas, baseadas num polímero, e outras biológicas, ou seja, baseadas numa tecnologia de bioimpressão. Em ambos os casos, vamos desenvolver nanopartículas para dar a estas matrizes capacidade de evitar a inflamação, a infeção e promover a regeneração do tecido”, frisou.

Os investigadores pretendem ainda desenvolver um dispositivo equipado com sensores capaz de “ativar as nanopartículas à distância sem utilizar um método invasivo”. Segundo Meriem Lamghari, além da coordenação do projeto, o i3S vai desenvolver nanopartículas “capazes de libertar fármacos” e perceber se as funções e a segurança pretendidas são ou não asseguradas.

O consórcio europeu de investigação em regeneração de cartilagem, liderado pelo i3S e financiado pela Comissão Europeia em 5,5 milhões de euros, conta nos próximos três anos e meio com a colaboração de parceiros de Espanha, Itália, Alemanha, Islândia, Noruega, Suécia e Finlândia.

Indústria farmacêutica
A indústria farmacêutica está a preparar-se para uma nova lei norte-americana que, segundo os investigadores, trará mais...

A legislação, que exige que as empresas farmacêuticas testem potenciais medicamentos contra o cancro em crianças e adultos, entrará em vigor em 2020.

“Estamos a viver um momento emocionante”, disse Crystal Mackall, investigadora ligada à oncologia pediátrica da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. “Se antigamente tínhamos de pedir encarecidamente para falar com as farmacêuticas, neste momento são elas que estão a querer entrar em contato connosco.”

Durante anos, as empresas farmacêuticas recusaram-se a dar início a testes de medicamentos contra o cancro infantil, pois estes eram considerados arriscados e pouco lucrativos.

Ao contrário do que acontece com o cancro em adultos, o mercado do “cancro infantil” é relativamente pequeno: segundo a American Cancer Society, dos estimados 1,7 milhões de novos casos de cancro nos Estados Unidos em 2018, apenas 10 590 envolveram crianças com 14 anos ou menos.

Para Norman Lacayo, oncologista pediátrico do Hospital Infantil Lucile Packard, nos Estados Unidos, a Europa tem tido um papel muito mais duro do que os Estados Unidos em conseguir que fabricantes de medicamentos testem terapias em crianças.

“Estávamos com ciúmes da Europa, onde forçaram todas as empresas a ter planos de investigação pediátrica para todas os fármacos, algo que nós não tínhamos”, disse o oncologista.

Mas, felizmente, esse cenário está a mudar.

Em 2019, Norman Lacayo irá lançar um ensaio clínico de um fármaco para a leucemia em adultos, feito pela Roche, em crianças cuja leucemia recaiu. O ensaio pode ajudar alguns dos seus pequenos pacientes, como Avalynn Wallace, de 6 anos, que contraiu uma forma agressiva de leucemia há dois anos atrás.

Depois de muitas rondas de quimioterapia, Avalynn continuou a recair e desenvolveu infeções, tendo sido sujeira a um transplante de células estaminais em setembro de 2018.

“Eu não acho que haja muitas opções para nós”, disse a sua mãe, Nicole Wallace, “daí ser tão importante que as empresas farmacêuticas ofereçam testes para medicamentos que possam curar estas terríveis doenças pelas quais as crianças passam”.

Mais de 80% das crianças com cancro conseguem curar-se. No entanto, alguns tipos de cancro pediátrico resistem ao tratamento e os médicos têm poucos recursos.

“É um pesadelo para as famílias que não têm opções, mas espero que este novo ensaio clínico da Roche lhes possa dar esperança”, conta Norman.

Hubert Caron, que lidera a equipa de oncologia pediátrica da Roche, chama a esta nova legislação de uma “divisora de águas” que trará mais tratamentos para crianças com cancros incuráveis.

Segundo o médico, há algum tempo que esta farmacêutica se andava a focar nos casos de cancro infantil espalhados pelo mundo, mas esta legislação norte-americana está a “estimular a empresa, e outros, a fazer mais e melhor”.

“Tenho a certeza que veremos grandes mudanças nas terapias para crianças entre os próximos 5 ou 10 anos”, prevê o Hubert.

Em 2017, o Congresso norte-americano aprovou a Lei de Pesquisa para Acelerar a Cura e a Equidade para Crianças, exigindo que as empresas realizem testes clínicos sobre medicamentos contra o cancro direcionados para crianças.

Dados os poucos medicamentos contra o cancro para crianças, os oncologistas pediátricos disseram ter usado aqueles destinados a adultos em pacientes jovens.

“A maioria dos fármacos que usamos para tratar e curar o cancro infantil foi desenvolvida nos anos 50, 60 e 70”, disse Peter Adamson, oncologista pediátrico do Hospital Infantil da Filadélfia.

Enquanto outros esforços legislativos tentaram, mas falharam, em fazer com que as empresas farmacêuticas fizessem mais pesquisas em crianças, a lei RACE deverá mudar isso.

Mary Tankersley, de 17 anos, diagnosticada com osteossarcoma aos 11 anos, está otimista em relação a esta nova legislação.

A menina superou a doença e hoje faz parte da Rally Foundation for Childhood Cancer Research, um grupo que promove e financia pesquisas para o cancro infantil.

“Eu não tenho medo que o meu cancro regresse, mas sinto-me melhor ao saber que, se isso acontecer, graças a esta legislação terei acesso a melhores tratamentos”, disse a sobrevivente.

Apesar desta legislação receber apoio por parte de todos os investigadores ligados à oncologia pediátrica, alguns temem que se esteja a elevar demasiado as expetativas, nomeadamente às famílias que têm que passar por este sofrimento.

“O cancro é algo muito desafiante, e os avanços não são, nem podem ser, dados adquiridos. Temos que ir com cautela e dar pequenos passos”, disse o presidente do Children’s Oncology Group, um consórcio internacional de mais de 220 centros de cancro infantil.

Ministra da Saúde
A ministra da Saúde pediu ontem aos deputados que pensem no futuro quando debaterem na quarta-feira a proposta de Lei de Bases...

Marta Temido falava num colóquio na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, promovido pela Associação de Médicos pelo Direito à Saúde, quando disse que a lei “tem certamente aspetos que podem ser melhorados na Assembleia da República” e acrescentou depois que o tema é passível de “muitas sensibilidades” mas que a proteção dos cidadãos “exige intervenções que contemplem respostas para o futuro”.

A nova lei, disse a ministra, reflete as tendências internacionais de políticas de saúde e as “mudanças demográficas e epidemiológicas”, mas reflete também os novos modelos assistenciais e a evolução tecnológica.

Para Marta Temido, a nova lei também centra a política da saúde na pessoa, clarifica que são beneficiários do Serviço Nacional de Saúde (SNS) os requerentes de proteção internacional e os imigrantes, protege as pessoas face aos riscos financeiros da doença, e reforça o papel do Estado como “primeiro garante” na assistência, estabelecendo que “contratos com entidades terceiras só acontecem após avaliação da necessidade”.

Esta questão não é consensual e seis associações da saúde criticaram a proposta do Governo, considerando que se pretende impor “uma visão estatizante” e “monopolista do Serviço Nacional de Saúde”.

Marta Temido disse que a proposta de lei torna mais claro o papel do Estado e do SNS e que “não repudia a existência de outros atores”, mas assume que o recurso à contratação de terceiros só acontecerá em “situação de necessidade”.

“Para nós é uma boa lei porque é ideologicamente coerente com o defendido como funções sociais do Estado. Também é boa porque é concisa, robusta e politicamente sólida”, disse a ministra, considerando que é uma proposta que honra o legado de António Arnaut (que lançou o SNS, no segundo Governo constitucional, em 1979).

No colóquio a economista Ana Sofia Ferreira, uma das oradoras, traçou um quadro sobre quanto se gasta em saúde em Portugal, afirmando que a despesa pública com saúde é reduzida, comparando com a média europeia, mas que “há excelentes resultados em saúde apesar do pouco investimento do Estado”, comparando com outros países.

Isabel Loureiro, professora e vice-presidente do Conselho Nacional de Saúde, falou do papel do Estado na capacitação dos cidadãos e dos serviços de saúde, João Oliveira, presidente do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, falou do tema “o Hospital Público entre a complexidade e a pós-verdade”, e Teresa Gago, médica, falou da lei de bases da saúde.

A proposta e lei de bases da saúde foi aprovada pelo Governo em dezembro. Na quarta feira além da proposta do Governo estão em debate três projetos de lei, do PSD, do CDS/PP e do PCP.

Consultas e cirurgias
O Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central vai assegurar consultas e cirurgias de Urologia aos doentes em lista de...

Os protocolos de “afiliação e de apoio na área de urologia” foram ontem divulgados pelo Centro Hospitalar do Oeste, que em comunicado explicou que os mesmos regulam os termos em que “o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) assegura a realização de consultas médicas e de cirurgias dos doentes inscritos nas respetivas listas de espera do Centro Hospitalar do Oeste (CHO)”.

A cooperação institucional entre os dois centros hospitalares resulta da convicção de que “há interesse recíproco em estreitar laços de colaboração e criar novos canais de comunicação, tendo em vista uma maior proficuidade e qualidade no desempenho das competências” dos respetivos hospitais.

A duas entidades irão colaborar nas áreas de investigação, do ensino e na prestação de serviços de saúde, informou o CHO.

A concretização da colaboração “será realizada mediante ações de cooperação técnica, partilha de informação e documentação, atividades de formação e especialização e parcerias em áreas específicas, para resposta às necessidades em cuidados de saúde dos utentes”, pode ler-se no comunicado.

O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais das Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, tendo uma área de influência constituída pelas populações dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça (freguesias de Alfeizerão, Benedita e São Martinho do Porto) e de Mafra (com exceção das freguesias de Malveira, Milharado, Santo Estêvão das Galés e Venda do Pinheiro).

O Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE , integra os Hospitais de S. José, de Santo António dos Capuchos, de Santa Marta, de D. Estefânia, de Curry Cabral e da Maternidade Dr. Alfredo da Costa.

Desde agosto de 2018 foi oficialmente reconhecido como centro universitário.

Parlamento
O parlamento debate na quarta-feira quatro propostas para a nova Lei de Bases da Saúde, do Governo, do PCP, do PSD e do CDS-PP,...

A ideia de uma nova Lei de Bases da Saúde para substituir a atual, que é de 1990, surgiu no final de 2017, com o livro do histórico socialista António Arnaut e do bloquista João Semedo.

Na obra “Salvar o SNS”, António Arnaut e João Semedo, ambos falecidos em 2018, defendiam o regresso do Serviço Nacional de Saúde à sua matriz original, apostando nas carreiras médicas, sendo gratuito e com uma separação evidente entre público e privado.

Pouco tempo depois da apresentação deste livro, o então ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, anunciava a criação de uma comissão para rever a Lei de Bases da Saúde, coordenada pela socialista e antiga ministra Maria de Belém Roseira.

Em junho do ano passado, Maria de Belém apresentou aos jornalistas a “pré-proposta” para a nova Lei de Bases.

A proposta chegou a ser apreciada em conselho de secretários de Estado, mas nunca chegou a ser apreciada em Conselho de Ministros.

Entretanto, em outubro, a remodelação governamental atingiu a saúde e Adalberto Campos Fernandes foi substituído por Marta Temido, que, desde logo, indicou que a nova equipa ministerial pretendia “aperfeiçoar” o documento e incorporar a sua visão na proposta final do Governo.

A meio de dezembro, o Governo aprovou em Conselho de Ministros a proposta de Lei de Bases, uma versão diferente daquela que o grupo coordenado por Maria de Belém apresentou.

A coordenadora da então comissão de revisão chegou publicamente a lamentar que a ministra tenha considerado inadequado todo o trabalho “transparente e participado” que foi feito para apresentar uma proposta de diploma, criticando mesmo a que foi apresentada pelo Governo.

Num debate promovido pelo próprio PS, Maria de Belém frisou que a ministra decidiu alterar a proposta apresentada, passando de 59 pontos contidos na proposta para apenas 28 pontos.

“Podia ser absolutamente irrelevante, mas em direito e em política as coisas não são irrelevantes”, afirmou a antiga ministra socialista.

Para Marta Temido, a proposta do Governo é “ideologicamente coerente com o que é defendido pelo PS”, honra o legado de António Arnaut e determina que o Estado tem um papel muito importante a favor da redução das desigualdades sociais”.

Este é o documento que vai ser debatido no parlamento, a par de propostas do PCP, do PSD e do CDS, enquanto a proposta do Bloco de Esquerda, a primeira a ser apresentada, baixou diretamente à especialidade, não tendo sido votada na generalidade.

O papel do Estado e dos privados ou a cobrança de taxas moderadoras são pontos centrais nas várias propostas que vão a debate e que põem em divergência a esquerda e a direita.

Convocada pelo SEP
Os enfermeiros iniciam hoje uma greve de quatro dias convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses para exigir a &quot...

A greve geral decorrerá nos turnos da manhã e da tarde nas instituições de saúde do setor público até quinta-feira e será feita por regiões de saúde, disse o presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), José Carlos Martins.

Hoje, a greve decorre nos hospitais e centros de saúde da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, na terça-feira na ARS do Centro, no dia seguinte na ARS do Norte e na quinta-feira nas regiões do Algarve, Alentejo e Açores.

“É uma greve de todos os enfermeiros para todos os enfermeiros”, cujos “objetivos centrais” se prendem com “duas grandes questões”: a correta contabilização dos pontos para efeitos de descongelamento das progressões e o encerramento da negociação da carreira por parte do Ministério da Saúde, explicou José Carlos Martins.

Apesar de estar marcada uma reunião de negociação suplementar para o dia 30 de janeiro, o SEP decidiu manter a greve por considerar que as propostas apresentadas pelo Ministério da Saúde “estão muito longe daquilo que são as justas reivindicações dos enfermeiros”, sublinhou.

“Nós continuamos a exigir, a pugnar e a lutar” para que seja contabilizado todo o percurso dos enfermeiros que foram reposicionados nos 1.200 euros, para que “não sejam penalizados duas vezes”, vincou.

Assim, os enfermeiros reclamam “a justa e correta contagem de pontos para todos os enfermeiros independentemente do vínculo contratual” e que “o Governo cumpra o que assumiu quando se propôs” negociar a carreira, “isto é, a sua valorização e dignificação”, refere o SEP.

Esta greve não está relacionada com a greve dos enfermeiros em blocos operatórios, convocada pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), que está suspensa até 30 de janeiro, dia em que haverá uma nova reunião negocial entre os sindicatos e o Governo.

Direção-Geral da Saúde
Mais de metade das mortes infantis que ocorreram no ano passado foram na fase neonatal, até aos 28 dias de vida do recém...

Apesar de ainda não ter todas as causas apuradas nem dados definitivos, os dados provisórios da Direção-Geral da Saúde (DGS) apontam para uma taxa de mortalidade infantil (até ao primeiro ano de vida) de 3,28 óbitos por cada mil nados-vivos, o que a diretora-geral considera dentro de valores de normalidade, apesar de estar acima do verificado em 2017.

Em declarações aos jornalistas, Graça Freitas adiantou que 194 dos 289 óbitos infantis registados em 2018 ocorreram na fase neonatal, ou seja, até aos 28 dias de vida.

Dessas 194 mortes neonatais, 100 tinham sido bebés prematuros de gestações com menos de 28 semanas, que são considerados os “grandes prematuros” e apresentam maior risco de mortalidade e de complicações associadas.

Os dados relativos à taxa da mortalidade infantil de 2018 são ainda provisórios, porque a autoridade de saúde aguarda o número de nascimentos apurado pelo Instituto Nacional de Estatística.

Contudo, Graça Freitas indica que não se deve fazer uma comparação dos dados de 2018 apenas com o ano anterior, até porque 2017 foi um ano com mortalidade infantil “anormalmente baixa”.

“O número de mortes está dentro do que é expectável para o nosso país, de acordo com a nossa linha de base. [Em 2018] é uma taxa dentro da variação habitual da mortalidade infantil, estando dentro do que é esperado”, afirmou aos jornalistas.

Para ilustrar esta análise, a diretora-geral da Saúde comparou número brutos de mortalidade entre 2016 e 2018. Em 2016 morreram em Portugal 283 crianças até ao primeiro ano de vida e em 2018 morreram 289.

Assim, comparando o ano de 2016 com 2018, no ano passado terá havido um acréscimo de seis mortes em crianças até ao um ano, num universo estimado de 88 mil nascimentos.

DGS
A Direção-Geral da Saúde considera que a taxa provisória de mortalidade infantil em Portugal em 2018 está dentro da normalidade...

Em declarações aos jornalistas, a diretora-geral da Saúde indicou que os dados provisórios da mortalidade infantil apontam para 3,28 óbitos no primeiro ano de vida em cada mil nascimentos, valor muito semelhante ao de 2016.

Os dados de 2018 são ainda provisórios, porque a autoridade de saúde aguarda o número de nascimentos apurado pelo Instituto Nacional de Estatística.

Contudo, Graça Freitas indica que não se deve fazer uma comparação dos dados de 2018 apenas com o ano anterior, até porque 2017 foi um ano com mortalidade infantil “anormalmente baixa”.

“O número de mortes está dentro do que é expectável para o nosso país, de acordo com a nossa linha de base. [Em 2018] é uma taxa dentro da variação habitual da mortalidade infantil, estando dentro do que é esperado”, afirmou aos jornalistas.

Para ilustrar esta análise, a diretora-geral da Saúde comparou número brutos de mortalidade entre 2016 e 2018. Em 2016 morreram em Portugal 283 crianças até ao primeiro ano de vida e em 2018 morreram 289.

Assim, comparando o ano de 2016 com 2018, no ano passado terá havido um acréscimo de seis mortes em crianças até ao um ano, num universo estimado de 88 mil nascimentos.

A Ordem dos Médicos pediu hoje um apuramento rápido das causas do aumento da mortalidade infantil, que segundo dados provisórios da Direção-geral da Saúde registou em 2018 o valor mais elevado desde 2013.

De acordo com os dados oficiais ainda provisórios, os valores da mortalidade infantil são apenas ligeiramente acima dos que foram verificados em 2016.

Segundo os dados provisórios, a taxa de mortalidade infantil foi no ano passado de 3,28 mortes por cada mil nados vivos, quando em 2017 tinha sido de 2,69 e em 2016 de 3,24.

A evolução da taxa de mortalidade infantil, hoje noticiada pelo Correio da Manha, levou a Ordem dos Médicos a apelar à DGS para que retire conclusões finais sobre as causas de cada morte.

Em resposta a este apelo, a diretora-geral da Saúde lembra à Ordem dos Médicos que as causas da mortalidade infantil e materna “são sempre estudadas e rapidamente esclarecidas”.

“Quando se trata de mortalidade infantil e materna há uma longa tradição na DGS de observar causa a causa. São sempre analisadas e investigadas, por rotina”, afirmou Graça Freitas.

A partir de fevereiro
Os Serviços de Ação Social da Universidade do Minho vão passar a cozinhar com sal iodado, ao invés do sal comum, com o objetivo...

Em comunicado, os Serviços de Ação Social da Universidade do Minho (SASUM) referem que a mudança do tipo de sal entra em vigor "a 100%" em fevereiro.

"Os portugueses consomem o dobro do sal recomendado. Este excesso pode revelar-se fatal para a saúde, causando problemas de hipertensão e doenças cardiovasculares. Perante este facto, os SASUM tomaram a decisão de arrancar, no início do segundo semestre, com a adoção destas medidas que se revestem de enorme importância para as populações", explica o texto.

Além da alteração no tipo de sal usado para confecionar as refeições, os SASUM, dentro do Plano Estratégico de Sustentabilidade, desenvolveram um "processo de otimização do seu modelo de gestão de resíduos alimentares, com especial enfoque no que é praticado nas cantinas".

Por isso, aponta o texto, "todos os restos alimentares, resultantes da confeção de refeições nas cantinas dos SASUM, passam agora a ser encaminhados para quintas situadas na região, podendo servir de alimento para os animais".

O objetivo desta medida é tornar "possível dar-se um destino mais nobre a um resíduo que, até à data, não apresentava qualquer tipo de utilidade, promovendo uma maior sustentabilidade ambiental, mas também social e económica, na medida em que este contributo possibilita poupanças significativas aos proprietários destes espaços".

Segundo estimativa dos SASUM devem, no total, ser encaminhados por ano aproximadamente 15 toneladas de resíduos alimentares.

Estudo
Uma simples análise ao sangue permite detetar sinais de lesões no cérebro em pessoas com risco de doença de Alzheimer, mesmo...

O teste, afiançam os investigadores, consegue identificar no sangue uma proteína do 'esqueleto' dos neurónios (células cerebrais) que tem o nome de neurofilamento de cadeia leve, podendo ser também usado para detetar sinais de lesões cerebrais associadas a outras doenças neurodegenerativas, como a esclerose múltipla.

Quando há lesão ou morte de neurónios, o que acontece na doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência que não tem cura, esta proteína 'flui' para o líquido cefalorraquidiano - que 'banha' o cérebro e a medula espinal - e a partir dele entra na corrente sanguínea.

A deteção de elevados níveis da proteína no líquido cefalorraquidiano tem sido apontada como um sinal de que alguns neurónios sofreram lesões. Só que a obtenção de uma amostra de líquido cefalorraquidiano exige a sua recolha da medula espinal com uma agulha, um método ao qual as pessoas são relutantes.

Para realizar o trabalho publicado hoje na revista científica Nature Medicine, uma equipa de cientistas da universidade norte-americana de Washington e do Centro Alemão para as Doenças Neurodegenerativas partiu de um estudo de população que incluiu famílias com mutações genéticas raras que causam a doença de Alzheimer em idade precoce (aos 30, 40 e 50 anos).

Segundo um comunicado da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, que está a investigar as 'raízes' da doença, existe 50 por cento de probabilidade de um pai ou uma mãe com uma dessas mutações transmitir o erro genético a um filho e este, depois, ter sintomas de demência perto da idade em que o pai ou a mãe os teve.

Os cientistas avaliaram 409 pessoas, das quais 247 eram portadoras de uma mutação genética herdada dos pais e as restantes sem alterações nos genes. De todas as pessoas que acompanharam, metade das quais mais do que uma vez, obtiveram amostras de sangue, imagens do cérebro e testes cognitivos.

As pessoas que tinham um erro genético revelaram no sangue concentrações mais elevadas da proteína de origem cerebral - neurofilamento de cadeia leve - e essas concentrações aumentavam ao longo do tempo.

Ao contrário, as pessoas com um gene 'normal' tinham níveis baixos e estáveis da mesma proteína. Esta diferença foi identificada 16 anos antes do aparecimento expectável dos sintomas cognitivos associados à doença de Alzheimer, de acordo com o comunicado da Universidade de Washington.

Adicionalmente, os investigadores observaram imagens do cérebro das pessoas e verificaram que as concentrações da proteína aumentavam ao mesmo ritmo que uma parte do cérebro envolvida na memória encolhia e torna-se mais fina.

Para perceberem se os níveis de neurofilamento de cadeia leve no sangue poderiam ser usados ou não como marcadores da degradação cognitiva, os cientistas recolheram dados de 39 pessoas com mutações genéticas que causam a doença de Alzheimer.

Através de testes cognitivos e de imagens do cérebro, descobriram que as pessoas cujas amostras de sangue tinham revelado anteriormente um aumento rápido das concentrações da proteína eram mais suscetíveis de apresentar sinais de atrofia cerebral e diminuição das capacidades cognitivas (memória, raciocínio...).

Para um dos coordenadores do trabalho, Mathias Jucker, do Centro Alemão para as Doenças Neurodegenerativas, será importante, daqui em diante, confirmar se os resultados obtidos serão idênticos quando a doença de Alzheimer se manifesta mais tarde (a que surge nos idosos e a forma mais frequente) e determinar o período de tempo a partir do qual alterações na proteína devem ser avaliadas para se ter um bom diagnóstico clínico.

Universidade de Aveiro
Camisas, casacos, calças e, porque não, roupa interior com ecrãs tácteis. Na Universidade de Aveiro (UA) uma equipa de...

Atualmente, as roupas eletrónicas são fabricadas através da colagem de dispositivos nos próprios tecidos, tornando-os rígidos e suscetíveis de se estragarem com facilidade. Este trabalho, desenvolvido em parceria entre o CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro (uma das unidades de investigação das UA), o centro de investigação em têxteis CENTEXBEL (Bélgica) e a Universidade de Exeter (Inglaterra), integra os dispositivos eletrónicos no tecido, revestindo fibras eletrônicas com componentes leves e duráveis que permitirão que imagens e sinais luminosos sejam mostrados pelo próprio tecido.

Os investigadores garantem que a descoberta pode revolucionar a criação de dispositivos eletrónicos vestíveis para uso numa variedade de aplicações diárias, seja no simples acesso ao email através da roupa, seja na monitorização do estado de saúde através de sensores que permitem medir, por exemplo, a frequência cardíaca e a pressão arterial, e avisar quando algo está mal.

“É uma técnica que permite integrar dispositivos baseados em grafeno diretamente em fibras têxteis, mantendo o aspeto, flexibilidade e toque do tecido. Para já, criámos sensores de toque, tal como os usados nos écrans sensíveis ao toque, e dispositivos que emitem luz”, explica Helena Alves, investigadora do CICECO.

A coordenadora do trabalho realizado na UA garante que “a combinação destes dispositivos permite, por exemplo, criar ‘touch-screens’ em tecidos ou objetos revestidos com têxteis, para visualizar informações”. E como os dois dispositivos foram fabricados usando métodos compatíveis com métodos e requisitos industriais, torna possível a respetiva produção industrial.

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