Tecnologia e Contratação Pública

Novas tecnologias podem ajudar a melhorar a qualidade de vida dos diabéticos

A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) e o Observatório de Prospectiva de Engenharia e da Tecnologia (OPET) realizaram, em Lisboa, um workshop sobre o tema “Novo Modelo de Contratação Pública para Aquisição de Meios de Monitorização Continua de Glicose”, onde estiveram em discussão a importância dos sistemas de monitorização contínua de glicémia para os sistemas de saúde e os modelos de contratação pública.

Maria de Belém Roseira, no discurso de abertura deste encontro, destacou a relevância das novas tecnologias e da inovação ao serviço da saúde, nomeadamente no combate à fraude nos sistemas de saúde e na reformulação dos modelos de cuidados, destacando a necessidade de redesenhar o sistema de saúde como um todo, com o objetivo de atingir o bem comum.

A reflexão sobre a forma como as novas tecnologias podem contribuir para o desenvolvimento do sistema de saúde foi também referida por José Manuel Boavida, Presidente da APDP, que destacou o aumento exponencial dos números da diabetes, que afeta atualmente uma população ativa e integrada no mundo do trabalho, e a necessidade de uma resposta global que pode ser dada através de novas tecnologias e de um novo modelo de gestão da doença, para permitir uma melhoria da qualidade de vida e bem-estar das pessoas e uma eventual diminuição de custos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Em Portugal são diagnosticadas 200 pessoas por dia com diabetes, 500 pessoas com diabetes são sujeitas a internamento e 12 pessoas morrem diariamente devido à doença, o que implica que a forma como se olha para a diabetes tem de mudar. A dificuldade ou a falta de recurso a novas tecnologias é frequentemente apontada como um fator que entrava um maior desenvolvimento do combate às doenças, nomeadamente às doenças crónicas, como a diabetes. Por isso, a pressão das novas tecnologias já é uma realidade”, referiu José Manuel Boavida.

A constatação que não é possível gerir a diabetes na próxima década com o modelo atual e demonstrar que se podem potenciar os novos meios tecnológicos para melhorar a evolução da saúde com apoio público e sem acréscimo da despesa para o SNS, foi também referido pelo Presidente da OPET, Luís Valadares Tavares, que defendeu o modelo GLICAT (Novo Modelo de Contratação Pública para a Aquisição de Meios de Monitorização Contínua da Glicose), para reinventar o sistema de saúde, onde defende a existência de redes distribuídas e domiciliadas da gestão da saúde de cada doente, em substituição da rede hospitalar centralizada.

“A conceção da centralização da saúde não é compatível com a economia digital. Um modelo em rede centrífuga, dado que a lógica da economia digital é uma economia distribuída, implica poupança para o SNS e será mais eficiente na gestão da doença e na melhoria da qualidade de vida dos doentes”, comenta o Professor Luís Valadares Tavares.

A necessidade de tecnologias inovadoras para a qualidade de vida, a integração junto de toda a comunidade envolvida na doença e a importância da humanização no tratamento da doença, esteve também em debate pelos participantes deste encontro que incluiu pessoas com diabetes, profissionais da saúde, da gestão pública, das tecnologias, dos prestadores de serviços, dos vendedores de equipamentos e das universidades.

Fonte: 
Sustainable Society
Nota: 
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Sustainable Society