Tema discutido em conferência
O impacto da poluição ambiental e das alterações climáticas na saúde respiratória são uma das principais preocupações da...

“O pulmão e o ambiente” é uma iniciativa que vai contar com a presença de especialistas nacionais e internacionais e que vai colocar em debate medidas que visem melhorar a qualidade do ar e, simultaneamente, a saúde respiratória da população. “O pulmão é o órgão que mais diretamente está em contacto com a poluição ambiental, qualquer alteração relativamente ao ar puro tem implicações a nível respiratório. A SPP tem de estar atenta e, além disso, deve ter um grupo de especialistas altamente diferenciados nesta temática. Deve, igualmente, estar na primeira linha na sensibilização dos governantes, trabalhadores da saúde e população para as consequências nefastas na saúde em geral e respiratória em particular, decorrentes destas alterações ambientais”, afirma António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, a propósito dos motivos que conduziram à organização desta reunião. Aberta a todos os que se interessem por esta temática, “a reunião tem o objetivo de formação para esta temática dos trabalhadores de saúde relacionados com a área respiratória, a discussão com os especialistas nesta área e também a sensibilização e informação de todos, nomeadamente da população”, afirma o pneumologista.

A qualidade do ar em Portugal, os efeitos da poluição atmosférica na saúde e a exposição ocupacional são alguns dos principais temas que serão abordados neste evento. Esta é aquela que se prevê ser a primeira de uma série de iniciativas de uma estratégia articulada com outros parceiros no sentido de melhorar a qualidade do ar, tal como refere António Morais: “a SPP está muito interessada em parcerias das quais resultem avanços no conhecimento da poluição ambiental e das doenças respiratórias e na intervenção pública para uma maior sensibilização dos trabalhadores de saúde e da população sobre esta temática”.

 

 

VIH e Hepatite
A semana do teste, que decorre de 22 a 29 de novembro, é aberta a todos que queiram realizar o rastreio do VIH e hepatites...

Estas ações de rastreio são completamente «gratuitas, anónimas e confidenciais».

«Só fazendo o teste é possível conhecer o estatuto serológico para estas infeções. Atualmente, com um tratamento adequado é possível curar a infeção pela hepatite C. De igual modo, através de um tratamento precoce e eficaz para a infeção pelo VIH, é possível atingir carga viral indetetável, tornando assim o vírus intransmissível», sublinha o comunicado da organização.

A Semana Europeia do Teste permanece uma iniciativa regional única que reúne organizações públicas e privadas num esforço conjunto de promover a importância do rastreio.

Em Portugal, é coordenada pela associação GAT – Grupo de Ativistas em Tratamentos, através do projeto Rede de Rastreio Comunitária que, em julho de 2018, foi selecionada para o primeiro compêndio de boas práticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) – Europa.

Em 2017, estimava-se que 2,3 milhões de pessoas viviam com VIH na região da OMS-Europa e que uma em cinco pessoas desconhecia o seu estatuto serológico. Os dados revelam ainda que 15 milhões de pessoas vivem com hepatite B e 14 milhões com hepatite C.

 

 

Iniciativa do CCDRC
Projetos de boas práticas de envelhecimento ativo e saudável na região Centro foram premiados no âmbito de uma iniciativa...

O Prémio de Boas Práticas de Envelhecimento Ativo e Saudável da Região Centro distinguiu projetos nas categorias de «Conhecimento+, Saúde+ e Vida+», de entre um lote de 11 finalistas, que saiu de um total de 160 candidaturas admitidas a concurso, oriundas de 63 municípios, promovido pela CCDRC, em parceria com o consórcio Ageing@Coimbra.

«Gamification Supporting Active and Assisted Living», promovido pela Intellicare — Intelligent Sensing in Healthcare, Lda e do Coimbra Institute for Biomedical Imaging and Translational Research (CIBIT), da Universidade de Coimbra, o «Programa Abem”, da Associação Dignitude, e «A Voz do Rock», apresentado pela Associação Gira Sol Azul, são os três projetos vencedores do concurso.

Foi também atribuído o Prémio Empreendedor 50+ da região Centro a Fernando Seabra Santos, professor catedrático, antigo reitor da Universidade de Coimbra e administrador, desde 2014, da empresa Friday, Ciência e Engenharia do Lazer, Lda.

O Prémio Empreendedor 50+ da Região Centro tem como principais objetivos promover o espírito empresarial e o empreendedorismo sénior, reconhecer publicamente os empreendedores que construíram uma carreira de empresário numa fase mais avançada da sua vida e sensibilizar os decisores públicos para a importância do empreendedorismo sénior e para o apoio à criação de incentivos para o estímulo a esta forma de empreendedorismo.

Os prémios foram entregues no passado dia 20 de novembro, em Coimbra, durante o 7.º Congresso «Envelhecimento ativo e Saudável».

 

Deficiência de ferro
Afeta os adultos, os idosos, as mulheres e os homens. A anemia não discrimina, afetando também os adolescentes. É para estes...

“A deficiência em ferro ou ferropenia é a mais frequente deficiência nutricional, sendo a anemia o último estádio desta deficiência”, explica o médico. “A ferropenia resulta principalmente de uma dieta na qual a biodisponibilidade do ferro é inadequada, associada a uma necessidade aumentada de ferro durante um período de rápido crescimento e desenvolvimento muscular, que resulta num aumento do volume de sangue. A adolescência é efetivamente um desses períodos”, acrescenta.

Apesar de haver poucos dados disponíveis sobre a prevalência da deficiência em ferro nos adolescentes, Lino Rosado refere que “as estatísticas mostram taxas de prevalência de 9% em raparigas dos 12 aos 15 anos e de 16% em raparigas dos 16 aos 19 anos”. No caso dos rapazes, “a prevalência é mais baixa e isso deve-se sobretudo às perdas mensais das raparigas durante o período menstrual”.

O especialista não tem dúvidas: “É muito importante que haja uma adequada quantidade de ferro na dieta e este seja biodisponível para satisfazer as necessidades neste período particular da vida.” 

E é importante também estar atento aos sinais e sintomas, uma vez que, na maioria dos casos o início da anemia é pouco percetível. “Os sintomas vão aparecendo progressivamente, tais como o cansaço, a palidez, as palpitações, a irritabilidade, as cefaleias e até alterações no comportamento escolar”, esclarece o pediatra.

Porque os sintomas se confundem, muitas vezes, com outros problemas de saúde, importa conhecê-los, divulgá-los, partilhá-los. É o que se pretende com uma nova aplicação, disponível em www.orostodaanemia.pt/, que tem como principal objetivo sensibilizar a população para o que é considerado já um problema de saúde pública.

A prevenção deve ser a palavra de ordem. No que diz respeito às adolescentes, o especialista aconselha que sejam “seguidas anualmente após a menarca e os adolescentes durante o seu período de maior crescimento”. Em caso de dúvidas, o melhor mesmo é consultar um médico.

Recorde-se que, por cá, o estudo EMPIRE, trabalho pioneiro realizado em todo o território continental pelo Anemia Working Group Portugal, avança que 20,4%, ou seja, um em cada cinco portugueses, são afetados por anemia em algum momento da sua vida, com 52,7% de todos os casos a serem resultado de uma deficiência de ferro.  

Soluções inovadoras na saúde
A Patient Innovation vai realizar a 4ª cerimónia de entrega dos Patient Innovation Awards, prémios atribuídos a doentes e...

O Patient Innovation é uma rede social que foi criada com o objetivo de promover a partilha de conhecimento e soluções inovadoras desenvolvidas por doentes ou cuidadores para ultrapassar qualquer problema imposto por uma doença ou condição de saúde. Depois do sucesso das edições anteriores dos Patient Innovation Awards, que decorreram em 2015, 2017 e 2018, em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian e no Web Summit, o projeto volta a atribuir prémios aos membros da sua comunidade. Este ano, a cerimónia vai decorrer no âmbito do EIT Health Summit 2019 – o principal evento do EIT Health (European Institute of Innovation and Technology - Health), o maior consórcio de saúde de mundo. São quatro os projetos vencedores que se destacaram de entre mais de 1200 soluções a concurso, oriundas de todo o mundo nas seguintes categorias:

“Doente inovador” - Kavita Krishnaswamy (Índia & EUA) sofre de atrofia muscular espinhal. Ela criou vários dispositivos para ajudar pessoas com deficiência a ser mais independentes. Um dos protótipos de Kavita consiste num colchão robótico que apresenta várias câmaras de ar que podem ser cheias ou esvaziadas usando uma interface da web. Deste modo, o utilizador pode alternar as configurações de pressão, evitando úlceras de pressão.

“Cuidador inovador” - Taylor Moreland (EUA) tem um filho, Brody, com espinha bífida. Ele foi submetido a várias cirurgias, mas a sua mobilidade não melhorou. A sua família não conseguiu encontrar um dispositivo no mercado para ajudar a criança. Devido a isso, eles decidiram construir The Frog. Consiste num dispositivo sobre rodas que permite que uma criança de pelo menos seis meses use os braços para se mover. O dispositivo suporta o peso do bebé com a ajuda de rodas grandes colocadas perto da anca.

“Colaborador inovador” - Wang Nana e Huang Shuang (China) eram estudantes quando estavam a trabalhar no reconhecimento de gestos com base em imagens. Elas tinham um amigo surdo que as fez perceber que seria mais eficaz contar com a EMG (técnica de medicina de eletrodiagnóstico para avaliar e registar a atividade elétrica produzida pelos músculos esqueléticos) em vez de imagens. Isso levou a equipa a desenvolver o Showing, uma pulseira que é usada ao redor do braço, composta por oito sensores EMG e um giroscópio.

“Colaborador inovador” - May We Help (USA) é uma organização sem fins lucrativos que desenvolve gadgets para aumentar o nível de autonomia de pessoas com deficiências. Tudo começou quando Bill Wood conheceu uma jovem com paralisia cerebral que perguntou a Bill se ele poderia encontrar uma maneira melhor de ler os seus livros. Ao mesmo tempo, Bill Deimling estava a criar dispositivos auxiliares de adaptação para um membro da família que também sofria de deficiências físicas. Então os dois Bills conheceram-se e decidiram ajudar-se um ao outro. Depois juntaram-se a Bill Sand. Esta equipa fundou a May We Help.

Os projetos foram avaliados pelo Advisory Board da Patient Innovation que integra reconhecidos especialistas das áreas de investigação, inovação, empreendedorismo e saúde, incluindo 2 Prémios Nobel.

A seleção dos vencedores foi feita tendo em conta as características de inovação, o potencial e impacto social da solução desenvolvida. A cerimónia de entrega de prémios, a ter lugar dia 2 de dezembro, às 18h15, vai contar com a presença dos laureados e de vários speakers: Pedro Oliveira, líder do Patient Innovation, professor da Copenhagen Business School e na Nova School of Business and Economics, Helena Canhão, líder do Patient Innovation, médica e professora na Universidade Nova de Lisboa, Lise Pape, fundadora do projeto Walk With Path, vencedora da terceira edição dos Patient Innovation Awards e vencedora do Horizon Prize for Social Innovation 2019, Richard Roberts, vencedor do Prémio Nobel de Fisiologia ou Medicina (1993) e membro do Advisory Board do Patient Innovation e Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

"É com um enorme satisfação que me associo à 4a edição dos Patient Innovation Awards, que desta vez se realizam em Paris no âmbito da EIT Health Summit, a principal conferencia do EIT Health, uma dos maiores consórcios mundiais na área da saúde. Em Paris vamos homenagear doentes e cuidadores inovadores oriundos da China, India, EUA e Dinamarca, que foram selecionados por um conjunto de prestigiados cientistas que integram o Advisory Board do Patient Innovation, o qual inclui 2 Prémios Nobel, numa reunião realizada recentemente no MIT em Boston. Tudo isto demonstra o carácter verdadeiramente global desta organização Portuguesa sem fins lucrativos, que nasceu no âmbito de um projeto colaborativo de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia através dos Programas Carnegie Mellon Portugal e MIT Portugal e também pela Fundação Gulbenkian”, diz o ministro.

A 4ª edição dos Awards conta com o apoio da Cátedra Gulbenkian-Nova School of Business and Economics for the Impact Economy

 

 

Programa de rastreios
O SESARAM – Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira – é a primeira organização pública portuguesa selecionada para...

A sua implementação foi possível graças ao acordo de colaboração entre o Instituto de Administração da Saúde, IP-RAM, o SESARAM e a Gilead Sciences, promotora da iniciativa nos EUA e que financia o projeto em Portugal.

O anúncio acontece no início da Semana Europeia do Teste, uma iniciativa internacional que visa promover o acesso ao diagnóstico e tratamento e que acolhe, como mote desta edição, a importância da oferta do teste integrado de VIH, hepatite B e hepatite C, a que a Madeira se junta.

"A implementação do programa FOCUS vem dar ainda mais impulso ao trabalho que temos vindo a desenvolver na Madeira, onde já tínhamos implementado o rastreio de hepatite C nas unidades móveis de toxicodependência e nos Centros Comunitários da região. Com este programa alargamos a nossa atuação aos mais importantes vírus transmitidos pelo sangue, o VIH e os vírus das hepatites B e C, num modelo integrado disponibilizado a toda a população, nos centros de saúde e nos hospitais, através de algoritmos informáticos avançados que vão permitir diagnosticar mais pessoas, garantindo em simultâneo o melhor uso e poupança de recursos", explica Pedro Ramos, Secretário Regional da Saúde. "A estratégia da Madeira é uma estratégia sempre de investimento nas abordagens mais inovadoras para prevenir a doença e promover a saúde", acrescentou.

Para Vítor Papão, Diretor Geral da Gilead Sciences, “o programa FOCUS é uma iniciativa de saúde pública que permite aos parceiros desenvolver e partilhar as melhores práticas no rastreio de vírus transmitidos pelo sangue (VIH, Hepatite B, Hepatite C), diagnóstico e ligação aos cuidados de saúde de acordo com as diretrizes de rastreio nacionais e de iniciativas como as Fast-Track Cities. Estamos muito satisfeitos por apoiar a região da Madeira nos seus esforços contínuos e pioneiros para rastrear e fazer a ligação aos cuidados de saúde das pessoas infetadas pelo VIH e pelos vírus da hepatite B e C”.

De acordo com investigadores do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa, Portugal não se encontra entre os países bem posicionados para atingir o objetivo de eliminação da hepatite C até 2030, defendido pela Organização Mundial da Saúde. Uma das soluções para Portugal pode ser a estratégia da microeliminação, defendida pela Associação Europeia para o Estudo do Fígado, e por muitos dos que estão no terreno como por exemplo Gonçalo Lobo, da associação Abraço, para quem há “dois territórios que, devido à insularidade, se configuram como profícuos para a eliminação da hepatite C: a Região Autónoma dos Açores e a Região Autónoma da Madeira.”

Médicos como Vítor Magno Pereira, do Serviço de Gastroenterologia do Hospital Dr. Nélio Mendonça no Funchal, depositam grande esperança na implementação do programa FOCUS na Madeira, que pode assim converter-se num exemplo de sucesso para todo o país. “Na Madeira temos uma situação privilegiada, uma vez que os hospitais e os centros de saúde partilham os mesmos serviços informáticos, os mesmos laboratórios e até a mesma gestão. É uma forma de funcionar muito próxima, para benefício dos utentes, mas também do próprio sistema. No programa de rastreio da Madeira”, continua o clínico, “o algoritmo informático vai permitir identificar automaticamente os utentes que devem ser rastreados, com base em critérios bem definidos e sem que os médicos tenham de perder tempo precioso da consulta. Ao mesmo tempo, um utente que já tenha sido rastreado no centro de saúde não voltará a fazê-lo uma segunda vez se for visto no hospital, e com isso vamos evitar desperdícios importantes”.

O lançamento do programa vai também coincidir com a utilização de novas tecnologias nas próprias análises, uma vez que a Madeira vai pilotar a confirmação da infeção por hepatite C através do teste de antigénio “core”.

A implementação do programa FOCUS no SESARAM permitirá diminuir o tempo entre o rastreio, o diagnóstico e o tratamento, respondendo a diversas recomendações internacionais, nomeadamente da OMS e da UNAIDS.

Visão e diabetes
A diabetes mal controlada é o principal fator de risco do Edema Macular Diabético, uma condição que,

Edema Macular Diabético é uma das mais graves complicações da diabetes, estimando-se que seja a principal causa de cegueira em idade ativa. É que, embora seja mais frequente em idades mais avançadas, o risco aumenta quantos mais anos de diabetes o doente tiver, estimando-se que a perda de visão atinja cerca de 5% dos doentes diabéticos com mais de 15 anos de diagnóstico.

O Edema Macular Diabético ocorre em resultado do excesso prolongado de açúcar no sangue que conduz a alterações estruturais nos vasos da retina. Quando a diabetes não está controlada, os vasos sanguíneos da retina tornam-se mais permeáveis deixando que líquidos, proteínas e outras moléculas atinjam e se acumulem na região da mácula - uma estrutura situada na região central da retina que tem como função receber e traduzir a imagem para o cérebro -, dando origem ao edema macular diabético.

Para além da hiperglicemia, existem outros fatores de risco que podem condicionar o desenvolvimento da doença. “Um deles é a hipertensão arterial, que aumenta a prevalência do Edema Macular Diabético em 40% (…) e a dislipidemia, a saber, o colesterol e/ou lípidos elevados”, esclarece Eugénio Leite, especialista em oftalmologia.

Embora possa não apresentar sintomas em suas fases iniciais, manifestações como visão turva ou distorcida, alteração cromática e fotofobia marcada surgem no decurso da doença que, quando não diagnosticada, ou tratada corretamente, pode evoluir para a perda completa e irreversível da visão central.

O seu diagnóstico é feito “através de exame à retina ou fundo do olho”. De acordo com o especialista, “tradicionalmente, são efetuadas angiografias fluoresceínicas (AF) e/ou retinografias”. “No entanto, nas AF colocam-se alguns aspectos menos cómodos para o doente: a necessidade de dilatar a pupila (logo, perturbação da visão durante algumas horas); a injeção de fluoresceína com a possibilidade de reação adversa; e, por último, o exame em si: fotografia com flash contínuo durante um período inicial de dois minutos”, adverte referindo que, em alternativa, a tomografia de coerência ótica angiográfica (OCTA) “permite efetuar tudo, sem dilatar, sem injetar qualquer produto e sem uso de flash” e com a vantagem de apresentar melhor resolução.

Quanto ao tratamento, Eugénio Leite aponta duas opções terapêuticas: a tradicional, com tratamento a laser árgon, que tem como objetivo “fechar” os vasos sanguíneos que apresentam vazamento na retina, ou “a mais recente, através da administração de injeções intravítreas de corticoide ou anti-VEGF, cujos resultados são muito eficazes e promissores”. Estas injeções anti-VEGF para além de travar a progressão do Edema Macular Diabético conseguem, em alguns casos, até recuperar parte da visão perdida.

Uma vez que a gravidade ou a evolução desta doença está diretamente relacionada com a evolução da diabetes, é necessário que o doente diabético tenha alguns cuidados como: “controlo metabólico, controlo dos fatores de risco, cumprimento de terapêuticas instituídas, cuidados alimentares, efetuar exercício físico, em suma, ter uma vida saudável”, explica Eugénio Leite.

Além disso, deve consultar um médico oftalmologista uma vez por ano. “Este tempo será encurtado conforme a gravidade da retinopatia diabética e/ou do Edema Macular Diabético”, frisa.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Entrevista
O cancro do Pâncreas tem a menor taxa de sobrevivência de todos os cancro na Europa e o número de mo

Em Portugal, o cancro do Pâncreas é considerado a 3ª neoplasia maligna mais frequente do tubo digestivo, estimando-se que, todos os anos, sejam diagnosticados cerca de 1500 novos casos. Para que possamos entender esta doença, começo por lhe perguntar que tipos de tumores podem acometer este órgão, quais os mais frequentes e aqueles que apresentam pior prognóstico?

O pâncreas está situado atrás do estômago, no abdómen superior, sendo a maior glândula do corpo humano. Existem dois tipos de células no pâncreas: as células endócrinas e as células exócrinas. O adenocarcinoma tem origem nas células do pâncreas exócrino produtoras de enzimas digestivas, é o tipo de cancro mais frequente (90-95%), e também o de pior prognóstico. Cerca de 5% correspondem a tumores neuroendócrinos, com origem no pâncreas endócrino, ou seja, em células produtoras de hormonas com a insulina, glucagon ou a gastrina. Menos de 1% correspondem a tumores exócrinos muito raros, como o carcinoma de células acinares, a neoplasia pseudopapilar sólida ou o pancreatoblastoma. Atualmente o adenocarcinoma do pâncreas tem uma taxa média de sobrevida aos 5 anos de 3% a 9%, sendo a expectativa de vida no momento do diagnóstico de apenas 4,6 meses.

Apesar de alguns especialistas defenderem que este tipo cancro atinge tanto homens quanto mulheres, a verdade é que alguns estudos dão conta de que esta doença é duas vezes mais frequente no sexo masculino. Qual pode ser a justificação?

Em Portugal, à semelhança do resto da Europa, registam-se mais mortes por cancro do pâncreas nos homens do que nas mulheres (14,12 vs. 8,88 por 100.000 habitantes) sendo que estes atingem o pico máximo 70 e os 74 anos de idade, cerca de 15 anos mais cedo que as mulheres (pico máximo no grupo > 85 anos). Este facto pode ser justificado pela maior prevalência dos hábitos tabágicos, que é o principal factor de risco para este tipo de cancro, no sexo masculino. Por outro lado, também a pancreatite crónica associada ao alcoolismo são mais prevalentes no sexo masculino, constituindo outros importantes factores de risco para esta neoplasia.

Aproveitando que já mencionou o tabagismo e a pancreatite crónica como sendo importantes fatores de risco, que outros fatores podem estar associados a um risco aumentado para o desenvolvimento deste tipo de cancro?

Embora sejam necessários mais estudos que possam ajudar na compreensão das causas do cancro do pâncreas, há vários factores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolver a doença. A elevada prevalência destes fatores de risco nos países industrializados pode justificar o aumento global da incidência de cancro do pâncreas.

Estima-se que dois terços dos principais factores de risco associados ao cancro do pâncreas sejam potencialmente modificáveis, oferecendo uma oportunidade para a prevenção da doença.

O tabagismo está relacionado com 20% de todos os cancros do pâncreas e causa um aumento de 75% em comparação com não fumadores. O risco aumenta com o número de cigarros fumados e o tempo de exposição.

A obesidade contribui para pior prognóstico e taxas de sobrevida. Os indivíduos obesos têm um risco 47% maior de cancro do pâncreas comparativamente aos indivíduos com um índice de massa corporal normal (IMC).

Embora exista um risco aumentado de cancro do pâncreas em doentes com diabetes de longa data, a diabetes de início recente está frequentemente associada a malignidade pancreática. Os indivíduos que foram diagnosticados com diabetes há menos de quatro anos têm um risco 50% maior de desenvolver cancro do pâncreas, em comparação com indivíduos que têm diabetes há mais de 5 anos.

Os doentes com pancreatite crónica, especialmente aqueles que têm pancreatite hereditária, têm um risco aumentado de desenvolver cancro do pâncreas. Aproximadamente 4% dos pacientes com pancreatite crónica desenvolverão este cancro. O álcool parece ser um fator de risco adicional, estando o risco particularmente aumentado na presença de pancreatite crónica.

Quando falamos de fatores de risco é importante referir que se estima que até 10% dos casos de cancro do pâncreas estejam relacionados com condições genéticas.

Que condições genéticas são essas? Para estes casos, faz sentido a realização de testes genéticos? Como é acompanhada a pessoa com história familiar de cancro no pâncreas?

A avaliação da história oncológica de um doente com cancro do pâncreas é fundamental. Devem ser referenciados, a consulta para avaliação genética, todos os doentes com um síndroma genético associado a cancro do pâncreas ou com história familiar de alto risco.

O risco de cancro pancreático está aumentado em doentes com história familiar de alto risco (2 familiares de primeiro grau afetados ou 3 familiares com a doença, sendo pelo menos 1 de primeiro grau). Num doente com história familiar de alto risco está indicado o rastreio genético com pesquisa de algumas mutações específicas já conhecidas associadas a este tipo de cancro. Contudo em apenas 3 a 5% destes doentes é identificada uma mutação genética, nos restantes 90% não se identifica qualquer mutação provavelmente por não estarem ainda identificadas grande parte das mutações implicadas.

Estão também identificados determinados síndromes de predisposição genética associadas ao cancro do pâncreas, como pancreatite hereditária, Sindrome de Peutz-Jeghers, síndrome de Lynch.

Embora os programas de rastreio não estejam ainda bem estabelecidos, mesmo nesta população de risco, é consensual que estes doentes devem iniciar o seu rastreio pelos 50 anos, ou 40 anos no caso da pancreatite hereditária, com a realização de ressonância magnética (ou ecoendoscopia) com periodicidade anual. Lamentavelmente não há biomarcadores conhecidos que permitam um rastreio mais facilmente exequível e com menores custos.

Tendo em conta que a maioria dos doentes apresenta sintomas vagos e não específicos, a que sinais devemos estar atentos?

Os sintomas podem ser difíceis de identificar, dependem da sua localização e geralmente são vagos e inespecíficos, dificultando o reconhecimento e o diagnóstico precoce da doença. Pode manifestar-se por dor na região superior do abdómen com irradiação para as costas, que agrava após as refeições e na posição de decúbito dorsal. A cor amarelada da pele e urina turva são sintomas mais frequentes nos tumores da cabeça do pâncreas. Outros sintomas menos frequentes são a comichão, indigestão, alteração dos hábitos intestinais, perda de peso inexplicável, depressão, perda de apetite, fenómenos de trombose vascular ou diabetes de diagnóstico recente. Estes sintomas podem estar associados a outras condições pelo que não são específicos desta patologia.

Como é feito o diagnóstico e estadiamento da doença? Quais os principais desafios nesta área?

O diagnóstico do cancro do pâncreas é frequentemente tardio, pois os sintomas surgem num estadio avançado da doença. À data do diagnóstico apenas 20% são candidatos cirúrgicos. Por outro lado, o pâncreas tem uma localização muito profunda no abdómen, com muitas estruturas envolventes, o que dificulta a observação de todos os seus segmentos em alguns métodos de imagem. Mas quando já há sintomas, quase sempre a realização de uma ecografia abdominal é suficiente para a suspeita diagnóstica do cancro. A ecografia é um método simples, não invasivo e inócuo. A realização de tomografia computorizada, ressonância magnética e/ou ecoendoscopia são habitualmente necessários na confirmação do diagnóstico e estadiamento do tumor.

A ecoendoscopia é um exame que combina endoscopia e ecografia de alta resolução. O aparelho utilizado para a realização do exame designa-se ecoendoscópio. Trata-se de um endoscópio fino e flexível, especialmente equipado com uma sonda (transdutor) de ecografia em miniatura que se encontra acoplada à extremidade do aparelho, e que permite a realização de ecografia no interior do tubo digestivo, com uma avaliação privilegiada do pâncreas através do estômago e duodeno. É útil no diagnóstico e estadiamento locoregional do cancro do pâncreas.

A ecoendoscopia tem a vantagem, sobre os outros métodos, de poder obter amostras de tecido por punção com agulha de lesões pancreáticas sólidas, demonstrando uma sensibilidade de 85-92% e uma especificidade de 94-100%.

No que diz respeito ao tratamento, que opções terapêuticas existem? E o que pode condicionar a escolha dos métodos terapêuticos?

O cancro do pâncreas apresenta frequentemente metástases ou “micro-metástases” à data do diagnóstico, pelo que o tratamento deste tipo de tumor envolve quase sempre a combinação de várias modalidades e não apenas a ressecção cirúrgica. A abordagem multidisciplinar deste tipo de cancro deve integrar várias valências como a Gastrenterologia, Cirurgia, Oncologia e Radioterapia, Imagiologia e Anatomia Patológica.

À data do diagnóstico apenas 20% são candidatos cirúrgicos, e mesmo nestes, a sobrevivência aos 5 anos é de apenas 30%.

O tratamento quase sempre envolve a realização de quimioterapia isoladamente ou em associação com a radioterapia nos doentes que não são candidatos cirúrgicos.

A terapia neoadjuvante, tratamento de quimioterapia realizado inicialmente com objectivo de reduzir o tamanho dos tumores antes da cirurgia, é atualmente a opção de eleição nos casos potencialmente operáveis. Desta forma pode controlar a progressão da doença ao mesmo tempo que reduz o tamanho de tumores grandes, permitindo ressecção mais eficaz, com melhores taxas de sobrevivência.

Nos últimos anos temos assistido a importantes progressos da investigação no sentido de encontrar biomarcadores moleculares que permitam uma terapêutica dirigida a novos alvos e desta forma possam ter impacto no prognóstico da doença. Mais investigação é, no entanto, necessária na área da investigação molecular do cancro do pâncreas.

Quais a perspectivas para o futuro, quanto ao diagnóstico e tratamento desta doença?

O cancro do pâncreas tem a menor taxa de sobrevivência de todos os cancros na Europa e o número de mortes quase duplicou nas últimas três décadas. Se nada for feito, este cancro vai continuar a matar cada vez mais pessoas, pelo que é urgente criar estratégias, definir desafios e alcançar metas que possam de alguma forma alterar esta tendência.

Os maiores desafios nesta área prendem-se com a identificação dos grupos de risco de forma a que possam entrar num programa de vigilância, ampliar o nosso conhecimento das lesões precursoras deste tipo de cancro de forma a evitar o sobretratamento bem como o desenvolvimento de biomarcadores e métodos de imagem adequados para o rastreio, com baixo custo, alta sensibilidade e especificidade e preferencialmente não invasivos. Por outro lado é fundamental o investimento na investigação de novas terapias mais dirigidas, com diferentes alvos terapêuticos e novas formas de abordagem que possam melhorar o panorama atual da doença avançada.  

No contexto do diagnóstico, esperam-se progressos significativos nos próximos anos na área da investigação molecular, com a identificação de biomarcadores que possam ser detectados no sangue com elevada acuidade e que permitam reconhecer a doença num estadio verdadeiramente precoce. O impacto destes biomarcadores no diagnóstico precoce na população em geral ou em grupos de risco identificados, na reformulação dos alvos terapêuticos ou mesmo na monitorização da resposta ao tratamento pode ser determinante na mudança do paradigma.

Noutro contexto, a investigação sobre o impacto do microbioma no cancro do pâncreas, têm sido uma nova área de particular interesse, já que o pâncreas era anteriormente considerado um órgão estéril. Verificou-se que a população microbiana do pâncreas cancerígeno é aproximadamente 1.000 vezes superior à de um pâncreas não cancerígeno. Estudos recentes demonstraram que a remoção de bactérias do intestino e do pâncreas retardava o crescimento do cancro e reprogramava as células imunológicas para reagir contra as células cancerígenas. Esses achados são significativos e podem mudar a prática, pois a remoção de certas espécies bacterianas poderia aumentar a eficácia da quimioterapia ou imunoterapia, além de que permitiria aumentar as “boas” bactérias dos doentes, a fim de retardar o crescimento do tumor ou diminuir o risco de cancro do pâncreas. Estes dados podem conduzir ao desenvolvimento de tratamentos que podem inibir o crescimento do tumor, alterar o comportamento metastático e, finalmente, alterar a progressão da doença.

Ainda no campo da investigação, estudos recentes descobriram que a imunidade de células T tem sido associada à sobrevivência a longo prazo sem precedentes de um pequeno grupo de doentes com cancro do pâncreas. As células T, um tipo de glóbulo branco, ajudam a combater doenças e infecções e desempenham um papel vital na imunidade mediada por células. Novas pesquisas concentram-se na identificação de quais as moléculas específicas que são capazes de estimular uma resposta imune, o que potencialmente ajudará no desenvolvimento e aplicação de futuras imunoterapias para o benefício dos doentes.

No futuro, uma maior compreensão do papel do microbioma, tanto como dos biomarcadores de risco aumentado para cancro do pâncreas, quanto possíveis alvos terapêuticos e imunoterapia contra o cancro, aproxima a promessa da medicina personalizada e a esperança de melhores resultados no tratamento.

No âmbito do Dia Mundial do Cancro do Pâncreas, que hoje se assinala, que mensagem gostaria de deixar?

Na última década assistiu-se a um aumento do número de casos de cancro do pâncreas, especialmente em países desenvolvidos. Atualmente constitui a terceira causa de morte por cancro na Europa. O número de pessoas que morrem a cada ano com cancro do pâncreas tem aumentado continuamente nos últimos 40 anos.

Os números são assustadores e o futuro é pouco promissor se nada for feito para travar esta tendência.

Apesar da estatística devastadora, a consciencialização pública e política sobre esta doença está muito aquém do desejável e parece ter sido negligenciada durante décadas. Os planos nacionais de cancro raramente mencionam o cancro do pâncreas, e o financiamento da investigação nesta área é incrivelmente baixo para um cancro tão mortal. É urgente o investimento nesta área! Com o aumento da investigação, podemos melhorar a nossa compreensão sobre este cancro tão complexo, identificar ferramentas corretas para alcançar um diagnóstico mais precoce e, finalmente, salvar mais vidas.                  

No Dia Mundial do Cancro do Pâncreas devemos deixar uma mensagem de esperança no futuro. Têm sido feitos avanços consistentes que visam o diagnóstico cada vez mais precoce, quer pela definição dos grupos de risco, pela ampliação do conhecimento sobre a história natural de lesões precursoras ou mesmo pela identificação de biomarcadores moleculares que permitam instituir um programa de rastreio. Por outro lado, a sobrevivência dos doentes com lesões potencialmente operáveis também tem sido alvo de alguns progressos positivos, nomeadamente ao nível da terapêutica neoadjuvante.

A terapêutica combinada, conjugando agentes que atuam a nível do estroma do tumor, uma barreira que envolve as células tumorais e as protege da ação de determinados agentes quimioterápios, e agentes de quimioterapia e imunoterapia, poderá ampliar a taxa de resposta à terapêutica médica.

Uma outra linha de estudo nesta área, e com resultados muito promissores, é a terapêutica anti-tumoral dirigida por ecoendoscopia, com injeção direta na massa tumoral de agentes anti-tumorais ou com ação imuno-reguladora, em doentes com doença em estadio avançado.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Campanha
Liga Portuguesa Contra o Cancro assinala sucessos científicos, no cancro da mama, com campanha: “Inovação pela vida”

Atualmente, graças aos avanços da ciência, a realidade associada ao cancro da mama é muito mais positiva comparativamente com as décadas anteriores. É para assinalar estes avanços, traduzidos em sucessos, que a Liga Portuguesa contra o Cancro (LPCC), com o apoio da Roche, apresenta a campanha de sensibilização e informação "Inovação pela vida", à qual se juntam nomes como: Adelaide de Sousa, André Nunes, Carla Ascenção, Catarina Raminhos, Gonçalo Diniz, Joana Seixas, João Moleira, Mónica Sofia, Nucha, Patrícia Bull, Sofia Cerveira , Vera Dias Pinheiro.

A história do tratamento do cancro da mama tem várias décadas. E muito mudou desde a primeira mamografia, em 1959, que revolucionou a forma de abordagem desta doença, ao permitir identificar os tumores e iniciar o tratamento mais cedo. Ou desde a primeira quimioterapia para o cancro da mama avançado, aprovada em 1977, bem mais eficaz na redução dos tumores e que tornava mais fácil o controlo da doença. Marcos que a campanha celebra, através de um vídeo que mostra como tanto mudou na luta contra o cancro da mama.

Longe vão os anos 80, os mesmos que introduziram a cirurgia conservadora da mama, que permitiu aumentar a confiança dos doentes na luta contra o cancro. Por cá, essa foi a década do primeiro rastreio, que abriu portas ao diagnóstico precoce. Rastreios organizados pela LPCC que, entre 1990 e 2019, permitiram a realização de mais de quatro milhões mamografias (em Portugal continental, com exceção do Algarve), que levaram ao diagnóstico de mais de 19.000 mulheres.

Os números da mortalidade começaram a descer, pela primeira vez, na década seguinte, a de 90 e a tendência manteve-se, até aos dias de hoje, época em que a medicina já permite tratamentos personalizados. Graças a terapias altamente inovadoras, como a imunoterapia, é tempo de celebrar o sucesso e o número crescente de casos de superação da doença.

Segundo Vítor Rodrigues, Presidente da LPCC, “Com esta campanha pretendemos celebrar e dar visibilidade a alguns momentos mais marcantes na evolução do tratamento do cancro da mama. Uma história que é pouco conhecida da maioria das pessoas, mas que é feita de muitos passos e sucessos que alteraram a forma como lidamos com a doença, em todas as suas dimensões”. O Presidente da LPCC prossegue lembrando que, “hoje o diagnóstico e o tratamento do cancro da mama são encarados de forma muito mais positiva, com renovada esperança, tanto pela população como pelos profissionais de saúde. Isso deve-se em grande medida aos avanços no conhecimento científico e é isso que hoje assinalamos. A ciência que se materializa em esperança, a ciência ao serviço da vida.”

Veja aqui o vídeo: 

Ação de sensibilização
Isabel Angelino, Manuel Marques, Ana Martins, Joana Câncio, Isabel Medina, Mariana Alvim, Nuno Janeiro e Ana Isabel Arroja...

O Centro Comercial Amoreiras recebeu esta iniciativa com uma exposição de sensibilização para o peso social da doença e uma ação de rastreio, através da realização de espirometrias. O objetivo da iniciativa “Viver com DPOC” é alertar para o impacto que esta doença respiratória, que é já considerada a 3.ª maior causa de morte no mundo, tem na vida das pessoas, reforçando a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.

“Viver com DPOC” é uma iniciativa promovida pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia, pel Fundação Portuguesa do Pulmão e pela Respira – Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas, com o apoio da GSK – GlaxoSmithKline.

 

 

Alerta investigador
Mais do que falta de investimento, Portugal tem falta de “políticas públicas claras e mobilizadoras em Ciência”. Quem o diz é...

“O desenvolvimento científico em Portugal está muito dependente de financiamento e políticas públicas”, confirma, a propósito do Dia Mundial da Ciência, que se assinala a 24 de novembro. Mas defende: “pior que pouco financiamento, é ter políticas de ciência ambíguas e confusas. Na ausência de políticas públicas claras e bem definidas, o financiamento não tem aplicação eficiente e a meritocracia é comprometida. É este o principal desafio da atualidade”.

A uma evolução “muito positiva” sentida até à intervenção da Troika, na sequência da crise financeira, seguiram-se “restrições económicas, primeiro, e a ausência de políticas mobilizadoras, depois” que, garante o investigador, “impediram o continuar dessa evolução”. Hoje, considera não haver “uma verdadeira aposta a nível nacional”. Em vez desta, fala “numa gestão casuística de fundos regionais. Portugal pouco mais investe em investigação científica do que as contrapartidas nacionais aos fundos regionais. Para além de um não-investimento, esta atitude representa uma enorme confusão entre políticas de âmbito nacional e regional”.

São vários os programas, nacionais e internacionais de apoio à investigação. Miguel Castanho conhece-os bem. O projeto “NOVIRUSES2BRAIN”, que lidera e que se encontra a desenvolver medicamentos capazes de chegar a partes muito protegidas do corpo, como o cérebro ou os fetos, no caso de grávidas, e de impedir vários tipos de vírus de causarem danos nesses locais, até conquistou 4,2 milhões de euros de financiamento no âmbito de um deles, o mecanismo de financiamento europeu FETOPEN. É, por isso, com conhecimento de causa que o investigador fala na burocracia subjacente aos processos de candidatura, sobretudo em Portugal. Considera que esta burocracia não vem “de uma incompetência. A prática corrente é a de financiar concursos nacionais com fundos regionais, o que leva a uma enorme confusão. Colocar problemas nacionais de investigação científica no espartilho dos fundos regionais, tipicamente destinados a organizações de dimensão local, leva a um labirinto administrativo de enorme complicação. A burocracia não nasce da incapacidade da máquina administrativa do Estado; nasce do desajuste dos mecanismos de financiamento em relação à natureza da investigação científica, que deveria ser apoiada condignamente pelo Orçamento de Estado”.

Defende, por isso, uma política de ligação da Ciência à Economia, que diz ser inexistente. “A Ciência não se esgota na ligação à Economia mas a ligação entre ambas é muito importante. Em Portugal, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, que financia a investigação científica, e a Agência Nacional de Inovação, que financia desenvolvimento e inovação ao nível de empresas, são realidades diferentes e independentes. Sem uma Economia da Ciência, a geração de emprego fica comprometida”, refere.

Cancro
Um cansaço persistente, falta de apetite, algum emagrecimento ou o aparecimento de uma diabetes rece

O Pâncreas é um pequeno órgão escondido atrás do estômago e do duodeno e por cima do intestino. A observação por ecografia por vezes pode ser difícil em especial se há algum gás intra-abdominal.

Os pequenos tumores do Pâncreas podem passar despercebidos. E quando crescem só se detectam muitas vezes se dão sintomas e sinais como a icterícia. Crescem de forma irregular e facilmente ultrapassam as paredes do órgão.

Um cansaço persistente, falta de apetite, algum emagrecimento ou o aparecimento de uma diabetes recente deve pôr o médico de sobreaviso. Em especial se quem se queixa é um fumador ou com alguma obesidade.

O cancro afecta igualmente homem ou mulher e pode aparecer pelos 55 anos. Geralmente é mais tardio, mas a incidência tem vindo a aumentar - até pela maior longevidade. Continua a ser a 4ª causa de morte por cancro.

Dos tumores pancreáticos, alguns poucos, são de origem neuroendócrina, com melhor prognóstico (ex. insulinoma, glucagonoma, vipoma...) e geralmente com bom resultado cirúrgico.

Mas a maioria são de origem exócrina e o adenocarcinoma é o que apresenta pior prognóstico. Cerca de 80% surge na cabeça do pâncreas e tende a envolver e obstruir a via biliar com o desenvolver de icterícia e prurido. Só cerca de 15% aparecem no corpo e 5% na cauda.

Alguns outros apresentam aspectos parcialmente quísticos, ou zonas mais heterogéneas (ex: cistadenocarcinoma mucinoso, linfomas, metástases de tumores de outros órgãos...).

O tabaco continua a ser um risco major no desenvolvimento de 30% destes tumores.

A incidência familiar é rara. Mas há linhas genéticas com algumas mutações (ex. no gene BRCA2) encontradas em 10-20% de algumas famílias.

O risco de carcinoma do pâncreas pode estar aumentado na pancreatite crónica de longa duração, nos casos de pancreatite hereditária, nos casos de pancreatite idiopática. Pode haver associação com alguns casos de diabetes mellitus em especial em doentes mais idosos, com casos de tumor familiar da mama e ovário, com casos de fibrose quística ou casos de polipose familiar adenomatosa.

Fadiga persistente, perda de peso, dispepsia vaga, anorexia e por vezes dor no dorso devem obrigar-nos a tentar excluir o tumor pancreático. O aparecimento de icterícia sem dor e posterior prurido são manifestações de aumento da lesão.

A ecografia abdominal é o primeiro exame para excluir a lesão. É simples e indolor e na menor suspeita deve ser pedida. Pode não ser muito eficaz se gás ou obesidade. Se dúvida e a suspeite se mantém considerar a TAC abdominal.

A TAC abdominal mostra bem a lesão e é excelente para fazer o seu estadiamento (dimensão e localização do tumor, suas relações com os vasos adjacentes e com a via biliar, a existência de adenopatias adjacentes).

A Ressonância Magnética pode ser necessária para melhor definir as relações com os vasos e a via biliar – em especial se é previsível a cirurgia.

A estratégia terapêutica tem evoluído com alguns benefícios. O uso de quimioterapia e quimio-radioterapia pré-operatória parecem melhorar a sobrevida com boa qualidade de vida. Aproveita a boa vascularização do tumor e parece reduzir o risco de disseminação operatória e a recidiva locorregional. A radioterapia é importante na redução da dor. Tem sido tentado o uso concomitante de terapêutica biológica com algum efeito de prolongamento de sobrevida. Mas são necessários mais estudos.

Na caracterização do tipo de tumor para a quimioterapia é necessário a sua histologia. A ecoendoscopia permite a punção direta da lesão e nalguns casos ajuda a definir se há ou não invasão de vasos adjacentes o que é uma condicionante importante para eventual exclusão de cirurgia ou considerar a necessidade de uma cirurgia mais alargada.

Se obstrucção biliar importante e necessidade de quimioterapia pré operatória é necessária colocação de prótese biliar de drenagem, por CPRE.

Toda a abordagem e terapêutica do tumor pancreático deve ser multidisciplinar e aproveitar os centros com maior experiência.

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Opinião
A fibrilhação auricular (FA) é a arritmia crónica mais frequente e pode afetar cerca de 10% da popul

A FA é um tipo de arritmia cardíaca em que existem batimentos arrítmicos, habitualmente rápidos, entre 80 a 160 por minuto. Nessa situação, a perda de função contrátil das aurículas potencia a formação de coágulos intracardíacos e, eventualmente, a embolização para todo o leito arterial. Consequentemente, o doente com FA apresenta um risco 5 vezes superior de acidente vascular cerebral (AVC), daí a necessidade de terapêutica hipocoagulante na grande maioria desta população.

A FA está associada a doenças como a hipertensão arterial, a diabetes, a insuficiência cardíaca, a doença valvular cardíaca, a doença pulmonar obstrutiva crónica, a apneia obstrutiva do sono, a adição alcoólica, entre outras, apresentando-se na forma permanente ou em crises paroxísticas. Quer na forma permanente ou na forma paroxística, o risco de AVC é semelhante e dependerá das caraterísticas específicas de cada doente. Por outro lado, a FA incrementa o risco de insuficiência cardíaca e morte, diminui a capacidade funcional e acelera o declínio cognitivo.

A grande dificuldade prende-se com o diagnóstico atempado da FA, sendo que a utilização de eletrocardiogramas seriados, do registo Holter 24 horas e do detetor de eventos, são armas fundamentais nesta cruzada.

A necessidade de diagnóstico do primeiro episódio é crucial na prevenção do AVC. A utilização de novos devices como os smartphones e os smartwatches, que conseguem avaliar a frequência cardíaca e a sua ritmicidade, pode ser um auxílio nesta problemática.

A caráter informativo, aquando de uma elevação abrupta da frequência cardíaca, avaliada pelos novos devices, ou numa simples medição da tensão arterial, o doente deve procurar ajuda médica, para testar a veracidade e o tipo de arritmia cardíaca.

A terapêutica da fibrilhação auricular consiste na redução do risco de AVC com a utilização de hipocoagulantes, no controlo da frequência cardíaca e, em alguns doentes, na conversão da FA a ritmo sinusal, que é normal e fisiológico.

A evolução da terapêutica hipocoagulante levou à criação de fármacos mais seguros, com redução do risco de hemorragia intracraniana, e mais cómodos, sem necessidade de monitorização seriada (INR), sendo utilizados na grande maioria dos doentes com FA. Todavia, o risco hemorrágico não deve ser menosprezado e medidas como o controlo da hipertensão arterial e da anemia, a evicção de bebidas alcoólicas e a utilização cuidada de anti-inflamatórios, devem ser aconselhadas.

No controlo da frequência cardíaca e/ou na conversão da FA a ritmo sinusal, a atitude terapêutica baseia-se em fármacos com propriedades antiarrítmicas, na utilização de procedimentos de ablação cardíaca e até de pacemakers, sendo delineada uma estratégia individualizada para cada doente.

Tão crucial como as medidas anteriormente mencionadas, a abordagem agressiva da patologia de base, quer seja cardíaca ou não cardíaca e o controlo apertado dos fatores de risco cardiovasculares são primordiais e estão associados ao benefício evidente na mortalidade e morbilidade.

Em forma de conclusão, a FA é uma arritmia frequente, mais típica do idoso, associada a fenómenos embólicos, nomeadamente o AVC e em alguns casos de difícil diagnóstico. A abordagem multifatorial da FA é a única estratégia a ser considerada e o tratamento passa por uma visão holística do doente.

Procure a fibrilhação auricular, peça ajuda à família e fale com o seu médico.

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Mais de mil doentes crónicos monitorizados
O Projeto HC de Telemonitorização domiciliária da Hope Care já avaliou mais de mil utentes com DPOC, insuficiência cardíaca,...

O HC Alert é um sistema de analítico aplicado à telemonitorização de dados de saúde  uma solução de telemonitorização domiciliária, que permite aos serviços de saúde acompanhar um conjunto de informação agregada e, assim, tomar decisões médicas sem que os doentes tenham de sair de casa, segue já centenas de  utentes em três hospitais públicos – Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira (Covilhã), Hospital do Litoral Alentejano (Santiago do Cacém) – e de outras unidades privadas. A Hope Care, empresa que desenvolveu o projeto e que, em 2017, venceu a distinção Born from Knowledge (BfK), no âmbito dos World Summit Awards (WSA), conta terminar o ano com 10 hospitais, uma faturação de 500 mil euros e um reforço na internacionalização.

Desde 2017, a Agência Nacional de Inovação (ANI) já premiou 24 projetos e empresas em concursos e prémios de inovação nacionais através do programa Born from Knowledge (BfK). No âmbito da parceria com a Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), a ANI anunciará no 29º Digital Business Congress (20 e 21 de novembro, Lisboa) o vencedor da distinção BfK  no Prémio WSA 2019. Como em 2017 e 2018, será selecionado dentre os finalistas do WSA Portugal.

Há dois anos, foi o projeto HC Alert da Hope Care que conquistou o primeiro lugar. O objetivo é permitir a doentes crónicos com DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica), insuficiência cardíaca, hipertensão, obesidade e multicrónicos um maior controlo das suas patologias a partir de casa, o que resulta em poupanças consideráveis para os doentes e para o Serviço Nacional de Saúde.

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, num estudo divulgado em fevereiro de 2017, e após três anos de implementação, apontou para uma redução de 30% em visitas às Urgências e de 50% em reinternamentos hospitalares de doentes de DPOC. Por sua vez, o Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira indica reduções de 85% em episódios de urgência, 56% em reinternamentos hospitalares e de 45% em dias de internamento num ano.

Mais de mil doentes crónicos monitorizados

“Já monitorizamos acima de mil pessoas. Atualmente, estamos concentrados na gestão das  doenças crónicas, mas a solução tem enorme potencial em termos preventivos”, adianta Francisco Norton de Matos, da Hope Care, empresa criada em 2012 com a missão de promover uma saúde sem barreiras, sendo a primeira do setor do Telecuidado e Telesaúde em Portugal a aliar serviços, plataformas tecnológicas e produtos, o que lhe permite oferecer um serviço de cuidados sociais e de saúde totalmente inovador.

A Hope Care estima fechar o ano com o HC Alert implementado em 10 hospitais e com uma faturação de 500 mil euros. “Acreditamos, no entanto, que o crescimento será exponencial em 2020; o potencial é enorme, pois a necessidade de uma solução como esta existe em todos os hospitais nos mais variados pontos geográficos. Já implementámos projetos de telemedicina em países como Bélgica ou Suíça, mas projetamos para o próximo ano a extensão da nossa expansão internacional. Além de estarmos em negociações com entidades de saúde de vários países, perspetivamos que a nossa presença no catálogo internacional da Microsoft, nos trará ainda mais contactos”, antecipa Francisco Norton de Matos.

Saúde ainda mais sem barreiras com a tecnologia e weareables

A evolução tecnológica será também um trunfo. Atualmente, os doentes apenas têm de recolher os seus dados biométricos com equipamentos que muitos, por sofrerem de patologias crónicas, já dispunham em casa, como tensiometros, glucometros, termómetros, oxímetros, entre outros, e enviarem-nos para uma plataforma inteligente que faz a triagem automática do seu estado de saúde mediante o protocolo clínico prescrito. “Já detetámos e encaminhámos algumas emergências, mas, como na tecnologia as monitorizações são diárias, conseguimos acompanhar o histórico e o padrão do doente, pelo que, havendo algum desvio, o nosso call center entra imediatamente com contacto com o paciente, encaminhando-o para um hospital e evitando, assim, episódios urgentes”, explica o responsável da Hope Care. Com a evolução de dispositivos weareble e smartwatches, será possível acompanhar cada vez mais casos.

De referir que a distinção do projeto pelo programa Born from Knowledge contribuiu, segundo Francisco Norton de Matos, “para credibilizar a solução e comprovar a sua inovação tecnológica”. Efetivamente, a iniciativa pretende dotar Portugal de um programa de promoção e valorização de ideias, projetos e empresas “nascidos” do conhecimento científico e/ou tecnológico colaborativo, com impacto na sociedade e no desenvolvimento da economia. O Born from Knowledge é promovido no âmbito do SIAC – Iniciativa de Transferência do Conhecimento, cofinanciado pela União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, enquadrado no Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020) do Portugal 2020.

“A inovação tecnológica com base no conhecimento científico é cada vez mais uma realidade em Portugal e o crescente número de candidaturas aos prémios dos nossos parceiros, de cujos finalistas selecionamos os vencedores da distinção Born from Knowledge, é disso prova. Mas o caminho não é fácil. Ser uma startup e implementar uma solução inovadora no mercado é um desafio duplo. Por isso, ficamos orgulhosos por contribuir para dar visibilidade a projetos como o HC Alert e perceber que estão a conquistar as suas quotas em mercados competitivos”, afirma Eduardo Maldonado, presidente da ANI.

Doença complexa e multifatorial
No âmbito do 23.º Congresso Português da Obesidade, a Sociedade Portuguesa Para o Estudo da Obesidade (SPEO) alerta para a...

Paula Freitas, presidente da SPEO, questiona: “se as outras doenças metabólicas, cardiovasculares e até neoplásicas associadas à obesidade são tratadas no sistema nacional de saúde, sendo os fármacos para o seu tratamento comparticipados, porque é que o os fármacos para a obesidade não o são? É incompreensível. Estamos a negar o tratamento de uma doença numa fase precoce, mas, posteriormente comparticipa-se o tratamento das múltiplas doenças associadas? Até do ponto de vista meramente económico consideramos que faz sentido apostar no tratamento numa fase inicial quando as complicações ainda não se instalaram”.

“Dado que, em Portugal a prevalência de obesidade na população adulta tem vindo a aumentar e uma vez que o nosso país foi um dos primeiros a reconhecer a obesidade como uma doença, a SPEO gostaria de ver a obesidade a ser tratada como a patologia grave que é”, reforça a presidente da SPEO.

Paula Freitas defende que Portugal tem ainda um longo caminho a percorrer no tratamento da obesidade e aponta medidas concretas: “ainda há muito espaço para se melhorar no acompanhamento destes doentes. É preciso um diagnóstico mais atempado e reencaminhamento dentro do sistema de saúde, apostar na promoção de uma melhor educação para a saúde e promoção correta da perda de peso. Existe também a necessidade de uma reestruturação dos programas de tratamento existentes no nosso país. Há que dotar os profissionais de saúde dos Cuidados de Saúde Primários de conhecimentos sobre o tratamento global da obesidade, mas também de meios físicos e económicos”.

“Nos cuidados hospitalares é preciso aumentar o número de consultas para doentes com obesidade sem critérios para cirurgia de obesidade. E para que estas consultas tenham maior sucesso é necessário comparticipar os fármacos para o tratamento médico da obesidade, já que atualmente existe uma muito baixa acessibilidade, nomeadamente nas populações economicamente mais desfavorecidas, que são aquelas que têm uma maior prevalência de obesidade”, conclui a especialista

Entre 2020 e 2050 o excesso de peso e as doenças associadas vão reduzir a esperança de vida em cerca de 3 anos na média dos países da OCDE e da União Europeia a 28. Em Portugal, a estimativa aponta para uma redução de 2,2 anos nesse período, segundo o relatório The Heavy Burden of Obesity: The Economics of Prevention, que a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgou recentemente.

Estes dados preocupam a SPEO que no seu congresso de 2019 vai reunir especialistas de diferentes áreas para procurar soluções multidisciplinares para esta que é a epidemia dos países desenvolvidos. Assim, a SPEO convidou as Sociedades Portuguesas de Pneumologia, Neurologia e Contraceção, bem como Associação Portuguesa dos Fisiologistas do Exercício Físico para que em conjunto se possa compreender melhor a forma como a obesidade afeta vários aspetos da saúde.

Sob o lema “Todos Juntos por uma Causa”, o congresso terá 16 Simpósios, 9 Conferências, 5 Encontros com o Especialista e um debate sobre “Obesidade e questões de peso”, entre outros momentos de análise sobre o “peso” da obesidade.

A obesidade tem um enorme impacto na saúde, estando associada a mais de 200 outras doenças, como diabetes, dislipidemia, hipertensão arterial, apneia do sono, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares, incontinência urinária, e cerca de 13 tipos de cancros, sendo ainda responsável por alterações musculoesqueléticas, infertilidade, depressão, diminuição da qualidade de vida e mortalidade aumentada, o que faz com que represente também um grande “fardo” do ponto de vista económico, pelos seus custos diretos e indiretos.

Esta doença complexa e multifatorial é um dos principais problemas do século XXI, tendo já atingido proporções epidémicas. No contexto nacional, o estudo mais recente revela que 22% dos portugueses têm obesidade e 34% pré-obesidade (estado em que um indivíduo já se encontra em risco de desenvolver obesidade), ou seja, cerca de 60% da população nacional tem obesidade ou vive em risco de desenvolver esta condição.

Estima-se que mais de 20% da população mundial será obesa em 2025 se nada for feito para travar esta evolução. A incidência crescente da obesidade infantil na Europa é particularmente preocupante uma vez que é um forte preditor de obesidade na idade adulta antecipando o risco e as consequências desta doença - diabetes, hipertensão arterial, apneia do sono, acidentes vasculares cerebrais, enfarte agudo do miocárdio, determinados tipos de cancro ou depressão. 

Radiologia
O médico do Serviço de Imagiologia do Centro Hospitalar de Setúbal, Carlos Francisco Silva, foi convidado a participar num...

O médico e investigador publicou, em 2017, na revista Acta Médica Portuguesa, um estudo pioneiro nacional em radiologia “Volume ou Valor? O Papel do Radiologista na Gestão dos Exames Radiológicos”. Este trabalho pretendeu, como explica o clinico em questão, “perceber os motivos e quantificar o número de ecografias e tomografias computorizadas que potencialmente são desperdiçadas a nível da urgência hospitalar no CHS “ e a “importância que o radiologista pode ter na gestão e triagem desses exames”.

Em 2019, editou o livro "Value-based Radiology - A Practical Approach", publicado pela prestigiada editora Alemã “Springer publisher”, a primeira publicação a nível mundial que incide sobre esta temática, que surge na sequência de um trabalho de investigação, em Heidelberg, na Alemanha, com o prestigiado professor Hans-Ulrich Kauczor.

Para assistir ao Webinar: Value-based Radiology - A Modern Practical Approach in the era of Value-based Healthcare, por favor utilize o seguinte link: https://ahha.asn.au/events/webinar-value-based-radiology-modern-practical-approach-era-value-based-healthcare

 

Relatório
As mudanças climáticas já prejudicam a saúde das crianças em todo o mundo, de acordo com o relatório internacional Lancet...

Se o mundo continuar no atual padrão económico de altas emissões de carbono e mudanças climáticas, o documento aponta que uma criança nascida hoje enfrentará um planeta em média 4° C mais quente até os seus 71 anos, o que ameaçaria sua saúde em todas as fases da vida.

“A mensagem chave deste relatório global é que precisamos de estar atentos às mudanças climáticas já, para que as crianças, no futuro, não sejam tão afectadas. As crianças vão ser afetadas, mas para que não sejam tão afetadas”, disse a médica Mayara Floss, uma das autoras do relatório no Brasil.

O impacto da poluição do ar deve piorar nos próximos anos, mostra o relatório. O fornecimento de energia derivada do carvão, por exemplo, triplicou no Brasil nos últimos 40 anos; ao mesmo tempo que os níveis perigosos de poluição atmosférica ao ar livre contribuíram para 24 mil mortes prematuras em 2016. O projeto é uma colaboração de 120 especialistas de 35 instituições, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Banco Mundial e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada ao Ministério da Saúde brasileiro.

“Longas secas, chuvas excessivas e incêndios não controlados estão a agravar os efeitos sobre a saúde. Impulsionado em parte pelas mudanças climáticas, o crescimento contínuo do dengue pode tornar-se incontrolável em breve – a incidência triplicou desde 2014. Lamentavelmente, o desmatamento de florestas maduras está a aumentar novamente, assim como o uso de carvão. Não podemos desperdiçar o histórico de sucesso conquistado com tanto esforço”, disse Mayara.

Segundo o relatório, as crianças são as que mais sofrerão com o aumento de doenças infecciosas, como o dengue. “Sabemos que a capacidade do mosquito do dengue de transmitir doenças tem aumentado muito. Este é um dado muito alarmante. E isto está relacionado às mudanças climáticas e ao aumento da temperatura”, disse Mayara.

Ainda de acordo com o documento, eventos climáticos extremos vão intensificar-se na idade adulta das pessoas nascidas no presente. Em todo o mundo houve um aumento de 220 milhões de pessoas acima de 65 anos expostas a ondas de calor em 2018, em comparação com 2000. Em relação a 2017, a alta foi de 63 milhões.

Especialistas enumeram ações para reverter situação

Os autores do relatório alertam que para que o mundo atinja as metas climáticas da Organização das Nações Unidas e proteja a saúde da próxima geração, o cenário energético terá que mudar de forma drástica e rápida: apenas um corte anual de no mínimo 7,4% nas emissões fósseis de CO2 entre 2019 e 2050 limitará o aquecimento global à meta de 1,5 °C, considerada a mais ambiciosa.

Além da eliminação da energia a carvão, o relatório traz outras ações prioritárias para mudar os rumos do impacto das mudanças climáticas na saúde, como aumentar os sistemas ativo e público de transporte acessível, económico e eficiente, especialmente a pé e de bicicleta, com a criação de ciclovias e incentivo ao aluguer ou compra de bicicletas.

Outra ação é assegurar que as maiores economias do mundo cumpram os compromissos internacionais de financiamento climático de 100 mil milhões de dólares por ano até 2020 para ajudar os países menos desenvolvidos.

Doença respiratória
A doença pulmonar obstrutiva crónica, conhecida pelo seu acrónimo DPOC, é uma patologia frequente, p

A associação do tabaco a esta doença é muito clara, cerca de 80% dos doentes com DPOC são ou foram fumadores. Contudo é preciso considerar este diagnóstico em outros indivíduos que na realidade nunca fumaram ativamente, mas que foram expostos ao fumo do tabaco, a outros gases inalados ou poeiras (incluindo a poluição). Também não se pode excluir o papel da genética individual, sabe-se que alguns indivíduos têm uma susceptibilidade para desenvolver a doença. Esta susceptibilidade é na generalidade das vezes impossível de determinar, excepto no caso da proteína alfa1-antitripsina, que quando se encontra em concentrações baixas no sangue pode conduzir ao desenvolvimento de enfisema pulmonar (estima-se que a deficiência desta proteína seja responsável por 2 a 3% dos casos de enfisema pulmonar).

As estatísticas nacionais mostram que a DPOC afecta 14,2% dos portugueses com mais de 40 anos e foi responsável por 7,3% das mortes em Portugal em 2015. A Organização Mundial de Saúde prevê que em 2030 a DPOC irá ser a terceira causa de morte mundial.

Os seus principais sintomas são crónicos e persistentes e incluem a tosse, a expectoração, o cansaço para esforços, a falta de ar e a pieira. O espectro da doença é grande mas nos casos graves ocorre redução do oxigénio e subida de dióxido de carbono no sangue, com consequências nefastas no restante organismo.

O termo atual de DPOC inclui outras doenças mais conhecidas como a Bronquite Crónica e o Enfisema Pulmonar. Em comum, os três têm a inflamação, destruição e estreitamento das vias aéreas no interior do pulmão.

O diagnóstico de Bronquite Crónica é um diagnóstico clínico num contexto de tosse crónica com exposição a fumos ou poeiras, sem outra causa identificada. O Enfisema Pulmonar é diagnosticado com recurso à imagiologia (tomografia computorizada), que permite visualizar a destruição da arquitectura normal do pulmão.

Num número reduzido de doentes com Asma Brônquica, mal controlada ao longo de vários anos e/ou exposição ao fumo do tabaco (ou outros gases), pode surgir uma entidade clínica de sobreposição entre a DPOC e a Asma Brônquica, que é conhecida pelo nome de Síndrome de Sobreposição Asma DPOC – ACOS.

Perante a suspeita de DPOC a sua confirmação final implica sempre a realização de uma espirometria (prova de função respiratória), para confirmar a obstrução brônquica fixa à passagem do ar. Para determinar a gravidade da doença deve ser ainda avaliada a presença/gravidade da falta de ar e o número de agudizações que ocorrem durante um ano. Numa avaliação mais profunda pode ser necessário verificar a tolerância ao esforço, quantificar o compromisso das trocas gasosas e a repercussão da doença no coração.

A DPOC é uma doença progressiva, embora a velocidade de progressão seja bastante variável. Para o agravamento da doença contribuem as agudizações da doença, designadas clinicamente por exacerbações de DPOC. As exacerbações caracterizam-se por um agravamento agudo da doença, que leva à mudança da terapêutica e/ou o recurso aos cuidados de saúde. A principal causa desta mudança são as infecções (virais e bacterianas), mas também podem ocorrer por suspensão da medicação, má técnica na administração da medicação (que é essencialmente inalada) ou exposição a fumos e poeiras.

Como o número e gravidade das exacerbações são determinantes no declínio da capacidade respiratória, a prevenção é fundamental. Assim, a vacina contra a gripe e a vacina antipneumocócica são fundamentais, bem como o cumprimento da medicação inalada com o esclarecimento da sua técnica para garantir a sua correcta administração. Um outro ponto fundamental do tratamento é a promoção da actividade física diária, que nos doentes mais graves pode ser um desafio, mas os seus benefícios estão bem comprovados.

Por fim, nunca é demais reforçar que a medida mais importante na prevenção e tratamento da DPOC é a cessação tabágica!

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Tiroidectomia Robótica
A Tiroidectomia Robótica permite retirar, sem cicatriz visível no pescoço, um nódulo da tiroide de forma segura e eficaz, com...

A primeira cirurgia decorreu esta terça feira, no Hospital CUF Infante Santo, para a remoção de um nódulo da tiroide através de um sistema cirúrgico robótico manipulado por Carlos Leichsenring e Nuno Pinheiro, cirurgiões do Hospital CUF Descobertas, em parceria com Menno Vriens, professor do Centro Médico e Universitário de Utrecht, da Holanda.

Nesta cirurgia, foi operada uma mulher de 47 anos a quem foi detectado um nódulo benigno de 4 cm no lobo esquerdo da glândula.

De salientar que se trata de uma cirurgia inovadora, apenas disponível em Portugal na CUF, resultado de um programa desenvolvido pela equipa de Cirurgia Endócrina do Hospital CUF Descobertas.

A Tiroidectomia Robótica permite retirar, sem cicatriz visível no pescoço, um nódulo da tiroide de forma segura e eficaz, com melhor visualização das estruturas do pescoço e precisão de movimentos do cirurgião.

Em comparação com a cirurgia convencional, existe ainda uma grande vantagem estética - uma vez que a cirurgia é feita por via da axila, não ficando a cicatriz visível.

Com equipas cirúrgicas experientes e com o crescente interesse de mais cirurgiões em fazer formação neste tipo de abordagem cirúrgica, várias são as patologias onde a CUF tem vindo a aplicar, sob a coordenação do cirurgião Carlos Vaz, desde 2016, o sistema cirúrgico robótico Da Vinci - nomeadamente, na cirurgia de tratamento da obesidade e da diabetes tipo 2, cirurgia das hérnias da parede abdominal, cirurgia ginecológica no tratamento da endometriose, cirurgia torácica e cirurgia oncológica, nomeadamente, cancro da próstata, rim e bexiga, cancro do reto e do cólon, cancro do pâncreas e cancro do fígado.

“A CUF está a dar passos claros para num futuro próximo alargar a robótica a outras áreas - destacando-se a da oncologia, com ganhos evidentes para o doente. É o caso de cancros da Cabeça e Pescoço, com indicação específica para os tumores da base da língua”, revela Carlos Vaz, Coordenador de Cirurgia Robótica na CUF.

 

Ensaio Clínico
Resultados de um ensaio clínico realizado nos EUA revelam melhorias significativas em vítimas de AVC em fase crónica, após a...

Durante o ensaio clínico, o grupo de investigadores recrutou 36 doentes, em média com 61 anos de idade, com história de AVC de intensidade moderada há mais de 6 meses e com um grau de incapacidade funcional significativo, como por exemplo deslocar-se apenas em cadeira de rodas ou necessitar de assistência domiciliária para as suas atividades quotidianas. Foram feitas análises laboratoriais, eletrocardiograma e Tomografia Axial Computorizada (TAC) para monitorizar o estado de saúde dos doentes. Foram também aplicados vários testes para avaliar a sua progressão em termos de capacidade cognitiva, saúde mental e capacidade para realizar as tarefas do dia-a-dia.

Após a infusão, estes doentes apresentaram melhorias significativas ao nível da saúde mental, com menos casos sugestivos de depressão, bem como de recuperação funcional, passando os doentes a estar mais autónomos no seu dia-a-dia. Inicialmente, apenas 11% dos doentes eram independentes, sendo que, um ano após o tratamento, o número de doentes totalmente autónomos tinha aumentado para 35%. Foram registados apenas dois efeitos adversos potencialmente relacionados com o tratamento, de intensidade moderada (uma infeção urinária e uma irritação no local de administração), que ficaram completamente resolvidos.

Segundo Bruna Moreira, Investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, “embora estes resultados não sejam conclusivos, são promissores e sublinham a importância de prosseguir para um ensaio clínico com maior número de doentes e controlado com placebo, para que se possa chegar a resultados mais sólidos acerca da eficácia deste tratamento inovador”.

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) está entre as principais causas de degradação da qualidade de vida, pois muitos dos sobreviventes permanecem durante muitos anos em situação de incapacidade grave. Por esta razão, tem havido um grande investimento no desenvolvimento de novas terapias que possam minimizar as sequelas de AVC e melhorar a qualidade de vida destes doentes. Embora as estratégias existentes de momento sejam limitadas em termos de eficácia, estão a ser testados novos tratamentos, com base em células estaminais, que podem vir a ajudar na recuperação destes doentes. Segundo os estudos pré-clínicos publicados, as células estaminais mesenquimais, que se podem obter a partir de medula óssea, cordão umbilical ou tecido adiposo, estão entre as mais promissoras para utilização em medicina regenerativa em contexto de AVC.

 

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