HIPRA

A saúde humana e animal encontram-se na Conferência “One Health”

A HIPRA HUMAN HEALTH, com o apoio do Observador, reuniu especialistas de referência na Ordem dos Médicos para uma reflexão aprofundada sobre a interligação entre a saúde humana, animal e ambiental. A Conferência “One Health” destacou a importância de eliminar barreiras institucionais e operacionais para uma abordagem verdadeiramente integrada na prevenção de futuras pandemias.

Carlos Cortes enfatizou a necessidade de uma visão mais holística e colaborativa sobre a saúde, alertando para o impacto da degradação ambiental no bem-estar humano: “Não podemos continuar a tratar a saúde humana como uma ilha isolada da realidade ecológica e da vida animal”. “Não há verdadeira saúde humana num planeta doente. Nenhuma resposta será eficaz se não formos capazes de pensar e agir em conjunto e em proximidade”, destacou o Bastonário da Ordem dos Médicos na intervenção de abertura.

 

César Jesus, Associate Director da Hipra, reforçou a importância do conceito One Health num mundo em constante mudança, onde as interações entre humanos e animais se intensificam: “Para nós é muito importante trazer este tema à discussão. Neste momento faz todo o sentido falar sobre as interligações entre a saúde humana e animal, este conceito de One Health. É um tema muito apetecível, mas que traz muitos desafios. Na Hipra estamos firmemente comprometidos em continuar a investir em tecnologia e continuar a desenvolver as melhores respostas”.

 

O evento contou com três painéis, que abordaram o conceito de One Health em diferentes perspetivas. O primeiro painel, sob o mote “One Health: Inter-relações e desafios”, contou com a participação de Rita Sá Machado, Diretora- Geral da Saúde, Susana Guedes Pombo, Diretora- Geral da Direção Geral de Alimentação e Veterinária, José Pimenta Machado, Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, e Carlos Robalo Cordeiro, Presidente do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas.

 

Rita Sá Machado falou das doenças que têm origem nos animais e afetam os seres humanos, como o H5N1 (gripe aviária). Chamou a atenção para o papel dos mosquitos como vetores de transmissão e a necessidade de uma vigilância epidemiológica reforçada para mitigar riscos sanitários. Salientou também que a discussão sobre One Health “é uma excelente demonstração da interligação institucional e operativa da DGS com instituições da área da saúde, da alimentação e da veterinária”.

 

Susana Guedes Pombo destacou o papel dos médicos veterinários: “A atuação dos médicos veterinários tem sido cada vez mais importante, mais crítica, não apenas para detetar as doenças nos animais, mas para agir como sinalizadores ou sentinelas de problemas potenciais de saúde pública”. Além da gripe aviária, mencionou também a febre do Nilo Ocidental, que afeta equídeos e humanos e já registou casos em Portugal.

José Pimenta Machado, Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, alertou para o impacto das alterações climáticas na saúde pública, referindo-se aos eventos extremos cada vez mais frequentes, como temperaturas recordes, cheias, secas e incêndios. Falou ainda sobre o impacto da poluição na qualidade do ar e o aumento das doenças associadas à exposição a plásticos e outros agentes contaminantes.

No segundo painel, dedicado à discussão “Saúde Humana e Animal: Do Conhecimento à Prevenção”, os participantes foram Paulo Costa, Professor e Investigador no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, Gabriela Saldanha, Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante, Bernardo Gomes, Presidente da Associação Nacional Médicos de Saúde Pública, e Jorge Barroso Dias, Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho. Foram discutidos os efeitos da resistência antimicrobiana (AMR), a prevenção de zoonoses, o impacto da circulação global e do movimento internacional de pessoas na transmissão de doenças, e a globalização do mercado de trabalho e novos riscos.

No terceiro e último painel, a discussão foi sobre “Lições recentes e políticas de preparação para futuras pandemias”, e o alinhamento de participantes foi o mais alargado: Filipe Froes, membro do ACPHE-EC, Ana Margarida Alho, perita nacional destacada na DG HERA (Autoridade Europeia de Preparação e Resposta a Emergências Sanitárias), Fernando Almeida - Presidente do Conselho Diretivo do Instituto Ricardo Jorge (INSA), Ricardo Baptista Leite – CEO da Agência Global para a Inteligência Artificial Responsável na Saúde, Pedro Fabrica, Bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, e Hélder Mota Filipe, Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos. Neste painel foi discutido o papel da vigilância epidemiológica, o que aprendemos com o SARS-CoV-2 e o H5N1, o desenvolvimento e acesso a vacinas, o papel da Inteligência Artificial no combate às crises de saúde, como antecipar e preparar o sistema de saúde, a importância da articulação global e como pode ser feito um investimento sustentável na prevenção.

Filipe Froes abordou a importância estratégica da autonomia científica e tecnológica, tanto a nível europeu como nacional. Defendeu a criação de uma fábrica de vacinas em Portugal, reforçando que o país deve garantir uma produção própria para responder a futuras crises sanitárias. Além disso, questionou: “Se estamos a falar de uma percentagem mínima do PIB para defesa, porque não uma percentagem do PIB para investigação científica?”.

Ricardo Baptista Leite trouxe para a discussão o papel fundamental da inteligência artificial na deteção de riscos e na antecipação de respostas eficazes. “Temos de ter um futuro no qual ambicionamos não ter pandemias”, declarou. Alertou ainda para um dos maiores desafios da saúde global: a resistência aos antibióticos: Uma das próximas pandemias pode ser provocada por uma resistência aos antibióticos. Pensar num mundo sem antibióticos é um regresso às trevas”, afirmou, sublinhando a necessidade de uma ação urgente para garantir o uso responsável destes medicamentos e prevenir futuras crises.

Além da troca de ideias, a conferência realçou a importância da colaboração entre instituições e a necessidade de ultrapassar obstáculos operacionais e institucionais que, por vezes, dificultam a implementação de soluções eficientes. A eliminação de barreiras e a promoção de uma visão integrada são essenciais para garantir um futuro mais seguro e sustentável.

Fonte: 
Harmon
Nota: 
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