Uniformização nos Estados-membros
Governo criou grupo de trabalho para uniformizar critérios e dar resposta a pedido da União Europeia.

O número de feridos graves na sequência de acidentes de viação pode estar subdimensionado. Os dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária relativos ao ano passado apontam para mais de 2 mil vítimas nestas circunstâncias, mas o Governo decidiu criar um grupo de trabalho que vai analisar os valores e perceber se os critérios actuais são os melhores, escreve o jornal Público.

O grupo contará com seis pessoas e foi oficializado através de um despacho conjunto do Ministério da Saúde e do Ministério da Administração Interna. O documento publicado na passada sexta-feira em Diário da República especifica que o objectivo da equipa passa por “definir a metodologia mais adequada para a obtenção do número de feridos graves registado em 2014”. “A implementação de políticas no domínio da segurança rodoviária implica, cada vez mais, uma visão abrangente da sinistralidade rodoviária, orientada por metas visando uma melhoria, não só em termos de vítimas mortais, como de feridos”, lê-se no despacho.

Além da ANSR, o grupo conta com um elemento de cada um dos seguintes organismos: PSP, GNR, Instituto Nacional de Estatística, Instituto Nacional de Emergência Médica e Direcção-Geral da Saúde. Os seis elementos vão procurar actualizar os “requisitos necessários ao registo e determinação de feridos graves”, num trabalho que tem de estar terminado até ao final de Maio para que os dados sejam enviados para a União Europeia já com base na escala de avaliação recomendada.

Um dos motivos da mudança está relacionado com o facto de a própria União Europeia ter como objectivo a uniformização deste conceito nos Estados-membros para que o número de feridos graves passe a contar para as metas estabelecidas no âmbito do Programa de Acção de Segurança Rodoviária 2011-2020. O plano pretende, paralelamente, “reduzir para metade o número de vítimas mortais até 2020” no espaço europeu.

João Cottim Oliveira alerta
A Área Metropolitana do Porto pode ficar sem provedor do Cidadão Deficiente, alertou João Cottim Oliveira, que ocupa o cargo...

“Não vou assinar o contrato [de prestação de serviço enquanto provedor metropolitano], não faz sentido assinar o contrato ou assinar qualquer coisa cujo único objectivo seja receber um salário ao fim do mês”, afirmou João Cottim Oliveira, para quem “nunca houve condições políticas e contratuais para assinar o contrato e continuar na Área Metropolitana do Porto (AMP)”.

João Oliveira, que em 2002 foi nomeado provedor municipal do cidadão com deficiência pela Câmara do Porto e em 2007 escolhido para provedor metropolitano da AMP, viu em 2014 terminar o segundo mandato previsto nos estatutos, após o que se viu confrontado com um concurso público para o cargo que agora, diz, não quer voltar a assumir pelas condições e “cláusulas leoninas” impostas.

Perante o contrato de 35 meses e sem lugar a renovação, João Oliveira “podia ter que indemnizar a AMP por fazer algo ou por não fazer”, para além de ficar sujeito a uma cláusula que o impediria de cessar a prestação de serviços sem uma autorização prévia.

“Só eu tinha obrigações e a AMP não tinha. Não foi isso que combinámos e além disso não há condições políticas para desenvolver um trabalho nesta área”, criticou o responsável, que pretendia desenvolver a nível local, e num trabalho conjunto com as várias autarquias, “acções para defesa dos direitos dos trabalhadores com deficiência e incapacidades” que passavam pela criação de metodologias comuns ao território.

O antigo provedor recordou que até ao final de 2013 houve “grande colaboração entre todas as partes” e que os problemas surgiram apenas no ano passado em que “não houve nada de relevante que tenha sido feito”, com as diversas iniciativas que estavam a ser desenvolvidas a ficarem paradas.

“Houve um projecto de acessibilidade ao património nacional que está parado”, criticou, lembrando “outro projecto importante, de um guia de boas práticas, que estava a ser preparado com a Ordem dos Engenheiros, Ordem dos Arquitectos, FEUP e Universidade Portucalense que foi parado”.

Lamentando que este contrato seja uma forma de acabar com a provedoria, num processo que diz ter sido levado a cabo sem o conhecimento dos autarcas, e sendo da inteira responsabilidade da Comissão Executiva da AMP, João Oliveira garante que irá “continuar a trabalhar”, independentemente do cargo.

“Acho que perdemos a Norte a capacidade de fazer uma coisa diferente de todo o país e que podia ser seguido com bons resultados”, salientou o ex-provedor, que, após uma última reunião no passado dia 8 com um dos membros da comissão executiva da AMP, na qual se escusou a assinar o contrato, aguarda agora por rectificações ou por uma notificação oficial.

 

Caso não haja alterações ao documento, João Oliveira garante que não irá aceitar o cargo mas apela a que “não deixem acabar uma coisa que começou no Porto e que pode ter bons resultados” e lamenta que “por causa de questões menores” não se crie um movimento de afirmação de políticas para os deficientes.

"Made in" Portugal
Um boné faz electroencefalogramas e pode ser usado nos condutores de longa duração para prevenir o cansaço ou um dispositivo...

Trata-se do resultado do projecto Do IT - Desenvolvimento e Operacionalização da Investigação de Trasladação, financiado pelo Programa Operacional Factores de Competitividade (COMPETE), e que tem como objectivo colocar a tecnologia ao dispor da Saúde.

Depois do desafio lançado pelo Health Cluster Portugal, e mediante um investimento de 6,8 milhões de euros, 21 instituições, como hospitais, universidades e empresas, trabalharam em projectos ao longo dos últimos três anos, cujos resultados serão agora conhecidos.

Os vários projectos de diagnóstico e prognóstico foram desenvolvidos por investigadores, empresários e profissionais de saúde portugueses nas áreas do cancro, doenças neurodegenerativas e diabetes.

Nuno Sousa, docente da Universidade do Minho, explicou que os projectos – alguns ainda em fase de melhoramento – poderão vir a ser comercializados e que têm como objectivo principal melhorar a vida das pessoas.

Como exemplo, Nuno Sousa disse que a sua universidade desenvolveu um boné que contém um dispositivo que permite realizar electroencefalogramas sem fios, recorrendo ao sistema wireless.

A possibilidade do exame ser feito “em qualquer lado” e “com grande rigor científico” levou os investigadores a ponderarem a sua utilização para outros fins.

Nesse sentido, este boné poderá vir a ser usado por condutores de longa distância, a quem emitirão sinais sempre que o cérebro destes revelar cansaço.

Segundo Nuno Sousa, este protótipo já mereceu a atenção de algumas empresas, embora ainda não esteja em fase de comercialização.

Outros projectos que serão apresentados na quinta-feira são uma cinta que permite fazer um electrocardiograma fetal ou um dispositivo que permite ao médico que consulta um exame endoscópico ir para a parte que lhe interessa através de uma palavra.

Estudo
Metade dos doentes hipertensos em Portugal tem um valor de colesterol elevado, com a hipertensão a registar elevada prevalência...

A taxa de prevalência da hipertensão arterial neste estudo, que analisou utentes inscritos nos centros de saúde e com médico de família, situa-se nos 26,9%, sendo mais elevada no sexo feminino (29,5%) do que no sexo masculino (23,9%).

O coordenador nacional para as doenças cardiovasculares, Rui Cruz Ferreira, explicou que este estudo é um ponto de partida importante, uma vez que se trata de uma análise de larga escala que permite ter elementos estatísticos a nível nacional que possibilitem uma intervenção mais dirigida.

Sobre os 50% de doentes hipertensos que têm colesterol total elevado, Cruz Ferreira lembrou que se trata de um dado relevante e que pode ter implicações na terapêutica a aplicar, já que estes doentes estão “em particular risco de eventos cardiovasculares”.

O estudo que é apresentado em Lisboa aponta ainda para uma “elevadíssima prevalência” da hipertensão nas pessoas acima dos 65 anos e para um número grande de situações não controladas.

“Isto pode significar a necessidade de haver programas específicos que se dirijam a populações alvo, como os idosos ou doentes com múltiplos factores de risco”, disse Cruz Ferreira.

Segundo o cardiologista, outro dado relevante do estudo são as diferenças regionais encontradas, “não havendo ainda uma explicação cabal” que as justifique.

Em termos de prevalência da hipertensão, a administração regional de Lisboa e Vale do Tejo é a que regista menor taxa de doentes, enquanto o Alentejo é a que tem maior prevalência, muito próxima dos valores do Algarve.

No que respeita ao controlo da hipertensão por regiões, são verificadas também “diferenças significativas”, principalmente entre a região norte (cerca de 40% de controlo da doença) e a região do Algarve (cerca de 20%).

O estudo apontou para uma prevalência total da hipertensão arterial em Portugal de 26,9%, abaixo de outros estudos que têm indicado prevalências próximas dos 40%, mas o coordenador das doenças cardiovasculares considera que a diferença não é significativa porque o âmbito das análises é diferente e o estudo actual faz uma análise populacional de larga escala.

O estudo analisou os dados registados em todas as pessoas maiores de 18 anos inscritas nas unidades de saúde, a quem estava atribuído um médico de família e que no ano de 2013 tinham tido pelo menos duas consultas médicas onde foram registados os valores da pressão arterial.

Hospital de Coimbra alerta
O presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, José Martins Nunes, alertou para os...

A inovação está "aprisionada pelos custos dos novos medicamentos", disse José Martins Nunes, durante a sessão de abertura da cerimónia comemorativa dos 50 anos do Programa Nacional de Vacinação (PNV), no auditório do Hospital Pediátrico de Coimbra.

A grande questão que se coloca para o futuro é saber "se os países conseguem ter desenvolvimento" que consiga "acompanhar os preços cada vez mais exigentes que surgem no mercado", sublinhou o presidente do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), referindo que o PNV "é uma responsabilidade da cidadania e do Estado".

A consultora da Direcção-Geral da Saúde (DGS), Ana Leça, que também discursou durante a cerimónia, frisou que, ao longo dos 50 anos de existência deste programa, este mostrou ser "efectivo, eficiente e transparente", tendo sido "determinante para a diminuição da taxa de mortalidade infantil".

Ana Leça, que é também membro da Comissão Técnica de Vacinação (CTV), apresentou como um dos desafios a resistência que agora surge "à utilização das vacinas".

"O desconhecimento e desvalorização" das vacinas dão "lugar a mitos", em que se substitui o medo da doença pelo "medo da vacina".

A membro da CTV realçou ainda que, entre 1956 e 1965 (anterior à implementação do programa) e a década de 2003 a 2012 registaram-se menos cinco mil óbitos e menos 40 mil casos de tétano, tosse convulsa, poliomielite e difteria.

Ana Leça referiu também que se devia estar a fazer de momento um "inquérito serológico" (avaliação do PNV), mas que "por questões financeiras ainda não foi feito".

Especialista defende
Uma especialista em hepatite C defendeu que a introdução de novos medicamentos para tratamento do vírus que provoca a doença...

Alice Santana é uma das médicas que vai participar no Encontro Renal 2015, que se realiza entre quarta-feira e sábado, em Vilamoura, no Algarve, e disse que sua intervenção irá focar-se nos tratamentos disponíveis até aqui e nos que se perspectivam para o futuro dos doentes em diálise ou transplantados e que tenham simultaneamente o vírus da hepatite C.

Entre esses novos tratamentos para a hepatite C estão alguns medicamentos novos e já aprovados, como o Sofosbuvir, que “muita tinta fez correr na imprensa” devido aos preços elevados, ou outros que ainda estão em ensaios clínicos e ainda em negociação de preços com a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde - Infarmed, precisou.

Alice Santana disse que os dados mais recentes disponíveis são relativos a 2013 e dão conta “de cerca de 450 doentes em diálise e portadores do vírus da hepatite C”, considerou que estes novos tratamentos “podem vir a ajudar” estes pacientes, mas advertiu que ainda há “muito trabalho” a fazer para perceber como melhor podem ser utilizados nestes casos concretos.

“Mesmo em relação ao Sofosbuvir, que já existe e já está em utilização aqui em Portugal, ainda não existem dados muito concretos sobre a sua aplicação nos doentes em diálise e nos doentes transplantados. E isto por quê? Porque estas subpopulações depois têm que ser estudadas com as suas particularidades”, justificou.

A especialista precisou que é necessário “ver não só a eficácia dos fármacos nesta população com outras características, como também as doses necessárias e a interacção com outros fármacos que estes doentes fazem”.

“E isso aí é ainda mais importante em relação aos doentes transplantados, que têm que fazer medicamentos imunossupressores para não rejeitarem o rim ou outros órgãos, e temos que ver qual é a interferência destes novos fármacos com os imunossupressores para procedermos depois aos ajustes em toda a medicação”, argumentou ainda Alice Santana.

A especialista observou que, apesar de já existirem “alguns dados disponíveis dos novos fármacos em relação a posologia e a interacções medicamentosas”, ainda “há muito trabalho pela frente” e “não existem ainda grandes estudos com muitos casos quer na população de doentes em diálise, quer na população de doentes transplantados”.

Na comunicação que irá fazer no encontro, organizado pela Sociedade Portuguesa de Nefrologia, Alice Santana vai também debruçar-se sobre as terapêuticas que estes doentes tinham até agora e que, com “indiciações mais ou menos definidas” e “algumas controversas”, acabavam por ser “sempre muito restritivas”, devido “à toxicidade dos fármacos que existiam para tratar o vírus da hepatite C”.

Inter-relação entre os diferentes profissionais envolvidos
Nas equipas multidisciplinares existe uma inter-relação entre os diferentes profissionais envolvidos

A expansão histórica das necessidades sociais do ser humano e a contínua evolução científico-tecnológica no campo da saúde, têm exigido uma crescente especialização dos profissionais que exercem a sua atividade nesta área. Este processo tem contribuído para aprofundar o conhecimento e as intervenções do saber específico de cada profissão.

Na construção de caminhos que visam abarcar a eficácia e a qualidade na área da saúde, vários estudos têm demonstrado significativas limitações na abordagem unidirecional e fragmentada de qualquer vertente, ressaltando a importância dos múltiplos fatores envolvidos e de uma visão global e integral, seja na prevenção, no diagnóstico, na intervenção/tratamento, seja na reabilitação dos doentes.

Impõe-se, assim, a crescente formação de equipas multidisciplinares que sistematizem os conhecimentos das diferentes áreas para melhorar a efetividade das intervenções e aprimorar os serviços a serem prestados.

Nas equipas multidisciplinares existe uma inter-relação entre os diferentes profissionais envolvidos, os quais devem considerar o doente como um todo, numa atitude humanizada e uma abordagem mais ampla e resolutiva do cuidado.

Palavras- chave: Equipa Multidisciplinar, Trabalho em Equipa, Equipa de Saúde.

O avanço das ciências e a expansão histórica das necessidades sociais proporcionaram um crescimento exponencial do conhecimento e criaram novas necessidades no mundo do trabalho.

Na Antiguidade, os sábios eram, ao mesmo tempo, filósofos, matemáticos, astrónomos, engenheiros, artistas, escritores, etc. Na área da saúde, até à primeira metade do século passado, cerca de quatro profissionais formalmente habilitados dominavam todo o conhecimento e exerciam todas as ações do setor. Nos tempos atuais é totalmente impossível que apenas alguns profissionais exerçam, com a eficiência neces­sária, o conjunto amplo e complexo das ações na área da saúde (Veloso, 2005).

Desta forma, emergem novos rumos nas formas de organização do trabalho, que apontam para a tendência de formar equipas multidisciplinares, tanto a nível epistemológico como interventivo.

O presente artigo visa compreender o fundamento, a importância, as principais dificuldades e limitações das equipas multidisciplinares, assim como, algumas soluções integradoras essenciais ao funcionamento destas equipas na área da saúde.

A ampliação do conceito de saúde ao longo dos tempos exigiu uma nova postura na produção do conhecimento e na práxis em saúde (Costa, 2007). As múltiplas situações complexas e inesperadas, que fazem parte da realidade dos doentes dos serviços de saúde, têm refletido que uma única especificidade profissional não consegue dar resposta a uma multiplicidade de fatores intrínsecos associados a situações de doença e hospitalização.

Vasconcelos, Gillo e Soares (2009) defendem que, não basta que especialistas em saúde tenham domínio e apliquem isoladamente os seus saberes profissionais específicos, é preciso somar saberes para dar respostas efetivas e eficazes aos problemas complexos que envolvem a perspetiva de qualidade, incluindo o ambiente de trabalho.

Assim, no sentido de encontrar caminhos criativos e construtivos para equacionar as necessidades em saúde identificadas, surgem as equipas multidisciplinares, que englobam a especificidade dos vários profissionais e as áreas comuns sustentadas em práticas e saberes do domínio de todos (Veloso, 2005).

Em termos concetuais, estas equipas definem-se como um conjunto de profissionais com formações e/ou atribuições distintas, que visualizam o problema/objeto de estudo ou intervenção sob ângulos diferentes, explorando-o e enriquecendo-o (Santos et al, 2007). Incluem diferentes profissionais que trabalham juntos, mantendo as suas atuações específicas, com troca de informações dentro de áreas de interseção (Nogueira, 2004), articulando-se tendo como base a consciência social e política que emerge no confronto com as práticas (Costa, 2007).

Segundo Pinho (2006), a incorporação deste novo modelo no atendimento em saúde capacita o profissional a ter uma perceção mais abrangente, dinâmica, complementar, integrada e humanizada, tornando-o numa realidade insofismável e necessária em todos os espaços onde se praticam ações que visam melhorar a qualidade de saúde e de vida das populações.

As equipas devem envolver múltiplos saberes e fazeres que dizem respeito aos conhecimentos e práticas de diversos profissionais: enfermeiros, médicos, farmacêuticos, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, bem como outros profissionais de saúde, de acordo com as necessidades de determinada população e a complexidade dos serviços prestados.

Importância das equipas multidisciplinares

No exercício do trabalho, os profissionais destas equipas têm como ponto fulcral de intervenção - o ser humano, cujo processo de vida envolve diversas dimensões complementares (biológica, psicológica, social, cultural, ética e política) (Matos, Pires e Campos, 2009). A abordagem integral dos doentes/família é, desta forma, facilitada pelos olhares dos distintos profissionais que compõem as equipas multiprofissionais que atuam na dinâmica do trabalho em saúde (Paula, 2009).

Neste contexto, o doente, alvo e centro da atenção dos profissionais, passou igualmente a necessitar da intervenção destas equipas, em permanente interação entre diferentes áreas do saber como: a Neurologia, Cirurgia Vascular, Cirurgia Cardíaca, Medicina Interna, Nefrologia, Oncologia, Medicina Geral e Familiar, entre outras.

Esta tendência coexistiu de forma similar, com a crescente diferenciação tecnológica e sub-especialização de áreas como a Cardiologia de Intervenção e a Electrofisiologia, a par da incorporação de novas disciplinas como a Genética, a Imunologia ou a Biologia Molecular.

Cardoso (2008) refere a este propósito que é impossível fazer investigação clínica ou tratar doentes sem recorrer ao trabalho integrado de equipas multidisciplinares.

A importância deste tipo de abordagem tem sido documentada cientificamente, evidenciando geralmente melhor serviço aos doentes, beneficiando estes mais quando os profissionais de saúde trabalham em conjunto. Os estudos mostram, também, que a introdução de equipas multidisciplinares se associa a menor tempo de internamento quando dos doentes são admitidos em unidades hospitalares, e a um maior índice de satisfação com os serviços de saúde (Nogueira, 2004).

Cabe salientar que a equipa multidisciplinar tem a sua formação centrada nas necessidades da pessoa, portanto, ela não é pré-organizada. De facto, são as necessidades identificadas e diagnosticadas que fazem com que os profissionais da saúde se integrem, com o propósito de as satisfazer e proporcionar a recuperação da saúde e o bem-estar da pessoa alvo de cuidados (Fossi e Guareschi, 2004).

Garcia (2007) defende que uma equipa, verdadeiramente multidisciplinar, auto-constrói-se progressivamente, e cresce como um conjunto harmonioso e verdadeiramente interessado não só na recuperação do doente, mas também no crescimento, em todos os sentidos, dos colegas que “juntos” constituem esse grupo de trabalho.

Neste contexto, é imperativo que se atue profissionalmente segundo uma visão integral das informações e acontecimentos, adoptando a totalidade do conhecimento, o diálogo, o intercâmbio de informações e a comunicação aberta; como forma de criar novos conhecimentos e possibilidades a favor dos objetivos comuns traçados no quotidiano de trabalho (Gueudeville, 2007).

Caraterização das equipas multidisciplinares

Para que as equipas multidisciplinares efetivem o trabalho de modo democrático, agregador, cooperativo, com qualidade e eficiência, devem ser considerados três fatores: capacitação profissional, a interface do trabalho dos profissionais e a autonomia dos profissionais (Veloso, 2005):

  • A capacitação profissional está diretamente relacionada com a formação académica, com a qualidade das instituições de ensino, com os projetos pedagógicos dos cursos e com o controle social que deve ser exercido sobre os profis­sionais.
  • A interface do trabalho dos profissionais, que diz respeito às áre­as de competências de cada profis­sional, que são claras na grande maioria dos procedimentos e não geram dúvidas ou sobreposições. Há, entretanto, áreas de competências que são comuns a várias profissões, algumas que são complementares, algumas que são interdependentes e algumas que são de difícil especificação. A este propósito, Nogueira (2004) salienta que é essencial que todos os profissionais reconheçam o papel e a importância dos outros, para que seja possível trabalhar no seio destas equipas. No entanto, por vezes há um entendimento incompleto das capacidades dos outros membros da equipa, assim como dos limites de atuação de cada um.
  • Já no que diz respeito à autonomia dos profissionais, cada elemento da equipa deve ter absoluta autonomia de trabalho naquilo que é claramente a sua área de competência.

Para além do exposto, cada equipa multidisciplinar pode possuir caraterísticas próprias e o seu próprio fluxo de trabalho, porém a troca de experiências, o diálogo, o comprometimento e participação ativa são elementos fundamentais para o aprimoramento individual e coletivo de todos os membros da equipa.

Preisler, Borba, Battirola (2001) descrevem as competências necessárias para um bom desempenho:

  • Cooperar: participar voluntariamente, apoiar as decisões da equipa, fazer a sua parte do trabalho;
  • Compartilhar informações: manter as pessoas informadas e atualizadas sobre o processo do grupo;
  • Expressar expetativas positivas: esperar o melhor das capacidades dos outros membros do grupo, falando dos membros da equipa para os outros com aprovação. Apelar para a racionalidade em situações de conflito e não assumir posição polémica nesses casos;
  • Estar disposto a aprender com os restantes profissionais: valorizar a experiência dos outros, solicitar dados e interagir pedindo e valorizando ideias;
  • Encorajar e motivar os outros profissionais: dar crédito aos colegas que tiveram bom desempenho tanto dentro como fora da equipa;
  • Construir um espírito de equipa: tomar atitudes que promovam um clima amigável e cooperação entre os membros da equipa; com cumplicidade partilhada de responsabilidades;
  • Resolver conflitos: encorajar ou facilitar soluções construtivas para a equipa. Não esconder ou evitar o problema, mas tentar resolvê-lo da forma proveitosa.

Todas estas competências precisam ser estimuladas e trabalhadas, pois, apesar de estudos evidenciarem que o trabalho nestas equipas é determinante para a melhor qualidade do cuidado, o ensino das atividades para o trabalho em equipa não existe na Enfermagem e na Medicina, focando-se o treino exclusivamente nas habilidades técnicas individuais (Sexton et al, 2000).

Para Júnior (2003) as ações multidisciplinares que visam uma atenção integral na saúde só serão efetivas se a equipa adoptar alguns valores nas relações entre os seus membros, com especial destaque para:

  • Equidade - lutar por igualdade e justiça mediante a eliminação das diferenças desnecessárias e evitáveis;
  • Excelência - chegar ao mais alto padrão de qualidade;
  • Solidariedade - promover os interesses e responsabilidades comuns e os esforços coletivos para alcançar as metas comuns;
  • Respeito - acolher a dignidade e a diversidade de indivíduos, grupos e necessidades, preservando as especificidades de cada um;
  • Integridade - garantir um desempenho compartilhado, ético e confiável.

Riscos, problemas e dificuldades

Apesar dos benefícios apontados, algumas dificuldades e problemas têm sido identificadas no seio de equipas multiprofissionais, nomeadamente:

  • Intensa divisão social e técnica do trabalho na área da saúde;
  • Processo de alta especialização e compartimentação do saber na formação académica dos profissionais;
  • A crença de que competência de cada profissional isoladamente será suficiente para a complexidade do atendimento das necessidades de saúde do doente e da comunidade;
  • Visão reducionista e fragmentada do ser humano;
  • Ausência de comunicação entre os elementos integrantes da equipa;
  • Alta rotatividade dos profissionais de saúde;
  • Falta de supervisão, acompanhamento e formação;
  • Hierarquia entre profissões e competição no mercado de trabalho.

Segundo Pinho (2006), na maioria das equipas multidisciplinares na área da saúde, não se configuram apenas trabalhos tecnicamente diferentes, mas também desiguais quanto à sua valorização social. As diferenças técnicas dizem respeito às especializações dos saberes e das intervenções, entre as variadas áreas profissionais. As desigualdades referem-se à existência de valores e normas sociais, hierarquizando e disciplinando as diferenças técnicas entre as profissões.

Araújo e Rocha (2007) referem que, no seio destas equipas, são frequentes relações de poder hierarquizado, estabelecidas entre profissionais, fortalecendo a situação de status de algumas profissões sobre outras e garantindo posições de liderança na equipa. Impera, pois, redefinir o quotidiano, assim com responsabilidades e competências dos elementos integrantes na equipa de saúde.

Por outro lado, devido à variedade de competências e backgrounds profissionais, a diversidade de pontos de vista e diferenças de opinião são também inevitáveis podendo dificultar a compreensão mútua e a possibilidade de uma tarefa uniforme, tanto em nível do conhecimento em si, como da própria tarefa.

É comum ocorrerem conflitos em equipas compostas por profissionais com distintas funções, sendo que o potencial conflito torna-se aumentado se não houver compreensão das capacidades dos membros, se o profissional visualizar a tarefa como invasão de terreno dos outros profissionais, se assumir um comportamento defensivo em prol das prerrogativas profissionais e se acreditar na falha de utilização plena das qualificações dos outros membros (Chiattone, 2004).

É importante reconhecer que o conflito é necessário e desejável, a fim de proporcionar o crescimento e desenvolvimento da equipa, desde que sejam respeitados os valores anteriormente descritos. Na verdade, um certo grau de conflito encoraja a inovação e a solução de problemas de forma criativa e o êxito obtido na confrontação e resolução das diferenças, promovendo nestes casos o aumento da confiança e compreensão entre os membros da equipa (Pinho, 2006).

Soluções integradoras nas equipas multidisciplinares

Pinho (2006) sugere algumas práticas que devem prevalecer nas equipas para minimizar os problemas e dificuldades referidas:

  • Clarificar a percepção de papéis e expetativas;
  • Estabelecimento de metas;
  • Organização da liderança;
  • Processo de grupo,
  • Comunicação;
  • Capacidade de adaptação à mudança e a situações complexas;
  • Respeito pelo sistema de valores e normas;
  • Auto-desenvolvimento;
  • Promover feedback sobre o funcionamento da equipa;
  • Exame regular do trabalho.

Além do campo da responsabilidade e do saber específico de cada profissão, há um campo de competência e responsabilidade partilhado e, como tal, é necessário desenvolver práticas que contribuam para a qualidade do trabalho quotidiano, para a troca de conhecimentos entre os membros da equipa e entre estes e os doentes, na atenção individual e coletiva (Vasconcelos, Gillo e Soares, 2009). Para que esta mudança ocorra, um dos pontos fundamentais é a comunicação clara e eficiente. Os membros da equipa devem preservar as suas funções especializadas mantendo uma linha contínua de comunicação que premeie um continnum de interações e responsabilidades.

A compreensão e a definição clara dos papéis profissionais associados à determinada tarefa são indispensáveis nas instituições de saúde. Principalmente porque a indefinição ou a ambiguidade relativa ao papel profissional pode gerar conflitos na equipa, ao acumularem-se expetativas inadequadas ou mal delimitadas entre os seus membros (Chiattone, 2004).

Para além da noção de papéis, a equipa deve funcionar de maneira uniforme e colaboradora, respeitando as normas e valores que devem prevalecer entre os vários profissionais. Neste contexto, salienta-se que algumas caraterísticas pessoais dos profissionais parecem favorecer este tipo de funcionamento. As atitudes diante do trabalho, delineadas pela disposição de partilhar o seu saber, a flexibilidade, a vontade de aprender e a disposição para aceitar as decisões em conjunto, são fundamentais. Devem estar presentes, além disso, o respeito e a confiança nos colegas, bem como qualidades pessoais de cada componente (autoconfiança, alto grau de capacidade de comunicação, competência e respeito profissional).

Neste contexto, Pinho (2006) refere que a construção de uma equipa multidisciplinar sólida requer um planeamento cuidadoso, compromisso e investimento constante, tendo como premissa os seguintes pressupostos:

  • Que os membros da equipa tenham uma compreensão partilhada de regras, normas e valores dentro da equipa;
  • Que as funções dos diferentes profissionais ocorram de maneira independente, igualitária e cooperativa;
  • Que os efeitos da tomada de decisão cooperativa constituam um benefício para o doente, em particular, e para a saúde em geral.

O mesmo autor cita as principais caraterísticas que uma equipa multidisciplinar deve integrar para ter sucesso:

  • Objetivos comuns;
  • Clara definição de papéis;
  • Respeito;
  • Comunicação;
  • Envolvimento;
  • Competências e habilidades;
  • Aptidão para funcionar como uma unidade e não como um grupo de indivíduos.

Por outro lado, uma equipa que se denomina multidisciplinar deve promover a sua formação contínua, através do estudo e da pesquisa. Seminários de cunho científico, grupos de estudo e de discussão de casos específicos devem ser realizados periodicamente, no sentido de gerar conhecimento original, disseminar ideias, discutir temas relevantes, compartilhar conhecimento, contribuir para a formação de recursos humanos em áreas prioritárias e interdisciplinares, e viabilizar a obtenção de recursos externos, aproveitando a existência de outros grupos já estruturados e as relações com organismos de pesquisa, ou mesmo da iniciativa privada (Júnior, 2003).

Em suma, pretende-se que nas práticas multidisciplinares profissionais haja uma interação participativa entre os vários elementos que constituem a equipa, de forma a promover mudanças estruturais, reciprocidade e enriquecimento mútuo (Vasconcelos, 2002). No que refere à área da saúde, o principal objetivo passa por encontrar métodos adequados que propiciem uma prática integradora, cujo enfoque abarque a totalidade dos aspetos inter-relacionados à saúde e à doença, rumo à excelência do cuidar.

Conclusão

A ação multidisciplinar vem dar resposta à crescente especialização no campo da ciência e tecnologia, em geral, e da saúde em particular, fruto da modernidade dos conhecimentos e do mundo profissional. Surge como possibilidade de integrar um conhecimento específico, enriquecendo a compreensão do objeto estudado e ampliando a eficácia interventiva.

As equipas multidisciplinares configuram um conjunto diversificado de áreas profissionais, necessárias à implementação da totalidade das ações que podem viabilizar a atenção integral na área da saúde, com o objetivo de aprimorar os serviços a serem prestados e executados.

Discutir a importância das equipas multidisciplinares no tratamento de qualidade numa área complexa como a da Saúde, significa compreender o pressuposto de que o espírito multidisciplinar, mais do que ser pensado e teorizado, deve ser vivenciado.

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Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.

Dora Maria Ricardo Fonseca Saraiva, Enfermeira no Centro Hospitalar Cova da Beira. Especialidade em Enfermagem Médico-Cirúrgica. Mestre em Gestão de Unidades de Saúde

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
18 de Abril, Salão Petrosintra em Terrugem, Sintra - 20h00
Com o propósito de angariar fundos para a luta contra o cancro, a União Humanitária dos Doentes com Cancro, associação que...

“Vamos ajudar a ajudar” é o mote por detrás deste evento que conta a actuação de vários artistas, nomeadamente, Luis Portela, Lurdes Santana, Vivian Lima, Alex Mr. Gay, Kássio, Jéssica Portugal, Nélson Sousa, Natacha e Ana. Para além de artistas nacionais, o evento terá, também, a participação do cantor e apresentador da TV Galiza, José Costas, vindo de Espanha para o espectáculo da União Humanitária dos Doentes com Cancro (UHDC). O evento solidário será, ainda, animado com demonstrações das artes marciais Full Contact e Karaoke.

O bilhete tem o preço de cinco euros, valor que serve na sua totalidade para assegurar a continuidade dos serviços de apoio, gratuitos, que a UHDC disponibiliza a doentes oncológicos e familiares.

Cláudia Costa, porta-voz da UHDC incentiva a participação das pessoas “a UHDC sobrevive exclusivamente de donativos e o envolvimento da comunidade neste tipo de iniciativas, comparecendo e trazendo amigos, permitem-nos continuar a ajudar o número cada vez maior de doentes oncológicos que nos procuram.”

O cancro é a segunda principal causa de morte em Portugal e a primeira no grupo etário entre os 35 e os 64 anos. Prevê-se que as taxas de incidência de cancro podem aumentar cerca de 20%, até 2020.

Secretário de Estado da Saúde
O secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, defendeu que só a proibição de venda de qualquer...

“O facto de ter sido permitido a venda a menores de 18 anos de bebidas com menor graduação de álcool pode ter sido um incentivo para que o consumo generalizado abaixo de 18 anos se mantivesse. Parece-nos que esse efeito só será conseguido abrangendo todas as bebidas”, afirmou o governante.

Fernando Leal da Costa, que falava aos jornalistas em Loures, à margem da reunião anual do Fórum Nacional Álcool e Saúde, justificava assim a revisão à lei do álcool que o Governo pretende levar a cabo, proibindo a venda de qualquer substância alcoólica a menores de 18 anos.

“Entendemos que Portugal se deve aproximar dos países mais desenvolvidos da Europa. A lei como tem vigorado não é suficientemente eficaz no sentido de prevenir o consumo excessivo de álcool pelos mais novos”, disse.

O governante escusou-se a adiantar prazos para a entrada em vigor das alterações à lei, alegando que “está sob consideração do conselho de ministros”, mas perspectivou que poderá estar para breve: “Imagino que é uma matéria que estará para breve, mas não me compete a mim nem revelar a agenda do conselho de ministros, nem sequer estou em posição de a conhecer em pormenor”, apontou.

Fernando Leal da Costa recusou-se ainda a revelar se o Governo irá incluir no seu projecto-lei as recomendações do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) que propõe que os pais sejam notificados presencialmente sempre que os filhos não respeitem a lei e que os locais de venda de álcool devem ter uma distância mínima de 100 metros das escolas.

Já no discurso de abertura do Fórum Nacional Álcool e Saúde, o governante defendeu que, face à conjuntura actual, todas as entidades devem ter uma atenção redobrada aos consumos excessivos de álcool.

“No actual quadro económico e social tem tendência para se agravar [consumo de álcool]. Prova disso é que nos últimos tempos temos sido bombardeados por notícias que nos dão conta do incremento da violência doméstica e sobre crianças, casos ligados ao consumo de álcool”, apontou.

Publicado em Abril de 2013, a lei do álcool veio proibir a venda, disponibilização ou consumo de bebidas espirituosas a menores de 18 anos e de cerveja e de vinho a menores de 16. No mês passado, o ministro da Saúde, Paulo Macedo admitiu o aumento da idade mínima para o consumo de bebidas alcoólicas. Os do SICAD defenderam em Fevereiro que a lei do álcool deve ser mais restritiva, sugerindo também mais controlo e fiscalização.

Depois de um estudo sobre os padrões de consumo de álcool nos jovens após a nova lei ter entrado em vigor, em meados de 2013, o SICAD concluiu que a frequência e padrões de consumos se mantiveram nos adolescentes e nos jovens.

A associação de produtores de bebidas espirituosas pediu em Fevereiro ao Governo para reformular a lei, acabando com a distinção da idade mínima para consumo consoante o tipo de bebida.

 

Amanhã
Um camião que visa promover a responsabilidade social e dar visibilidade ao projecto "Mais para Todos", campanha que...

O “road-show” do movimento "Mais para Todos" pretende, igualmente, através de “workshops” gratuitos, "ensinar as instituições a gerirem as suas candidaturas aos apoios", disse Vanessa Romeu, directora de comunicação do Lidl, marca promotora do projecto.

"Na fase de candidatura percebemos que, dos 700 candidatos, só menos de metade tinha toda a informação pedida. Queremos ajudar as instituições a trabalharem melhor, a apresentarem melhor os seus projectos, não é dar o peixe, é ensinar a pescar", ilustrou.

A aposta no camião foi decidida por se tratar do "ex libris da distribuição" e o veículo - que em Coimbra irá estar estacionado na praça da República, entre as 09:00 e as 19:00 - incluirá acções direccionadas ao público, nomeadamente um inquérito sobre responsabilidade social que pretende "despertar consciências para os pequenos gestos do dia-a-dia e escolhas responsáveis que podem fazer a diferença", assinala o promotor.

Pelas 15:00, no Instituto Português do Desporto e Juventude decorre o “workshop” “O ABC da Sustentabilidade das Organizações Sociais" direccionado para instituições particulares de solidariedade social e que visa dotá-las de ferramentas para a gestão dos seus projectos.

Das 700 candidaturas recebidas, o Mais para Todos tinha como objectivo seleccionar 18 projectos, um por cada distrito, mas o júri, presidido por Mercedes Balsemão, presidente da SIC Esperança, acabou por seleccionar 54 projectos de norte a sul do país, em diferentes áreas de intervenção, que vão beneficiar mais de 16 mil pessoas.

Depois de Coimbra, o camião Mais para Todos ruma a Castelo Branco a 22 de Abril e à Guarda a 29 do mesmo mês.

Amanhã na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Futuros enfermeiros aprendem, com a ajuda de docentes de vários países europeus, a administrar cuidados culturalmente sensíveis...

Professores de seis países europeus – Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda e Noruega – falam, amanhã (dia 15 de Abril), a partir as 9h00, na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) – Auditório do Pólo A, sobre os factores culturais que interferem nos diferentes sistemas e cuidados de saúde.

A iniciativa enquadra-se na Semana Transcultural a decorrer na ESEnfC, no âmbito da qual os estudantes do 4º ano da licenciatura podem comparar, contrastar e analisar a informação relacionada com o desenvolvimento da Enfermagem e da educação em Enfermagem em vários países europeus.

O objectivo é que os futuros profissionais de saúde aumentem competências para prestarem cuidados de Enfermagem culturalmente congruentes e culturalmente específicos e, assim, melhorarem o potencial para exercer Enfermagem além-fronteiras, em contextos multiculturais.

Analisar os factores históricos, sociológicos e ideológicos que influenciam a saúde e a doença, bem como o impacto que têm no planeamento e promoção da saúde, explorando criticamente o papel, status e funções do enfermeiro nos diversos países, são outros objectivos da Semana Transcultural.

Por estes dias, estão a ser analisados estudos de caso de alguns daqueles países, sobre matérias como a gravidez e o nascimento, os cuidados à mãe e à criança, o envelhecimento, a saúde mental e as infecções hospitalares.

Até ao final da semana, os estudantes da ESEnfC falarão, ainda, de questões relacionadas com a mobilidade e a empregabilidade na Europa.

Primeiro mês de funcionamento
A Linha do Sono recebeu, no primeiro mês de funcionamento, mais de 1000 chamadas telefónicas de pessoas a pedir ajuda para...

Lançada no Dia Mundial do Sono, a 13 de Março, a Linha do Sono (707 100 015) funciona todos os dias úteis, entre as 11:30 e as 16:30, com o apoio de dois psicólogos especializados, numa iniciativa da Oficina de Psicologia.

Um mês após o lançamento, a Linha do Sono recebeu uma média de 50 chamadas por dia, sendo muito semelhante a percentagem de homens e mulheres que pedem ajudar, 51% e 49% respectivamente, adianta uma nota da Oficina de Psicologia.

Segundo os promotores da iniciativa, a média de idades das pessoas que recorrem à linha de apoio ronda os 59 anos e 74% das chamadas são motivadas por problemas de insónias, como dificuldade em conciliar no sono ou em se manter em dormir, ou mesmo um sono que não é reparador.

Nestes casos, equipa de psicólogos do outro lado da linha presta aconselhamento, sugerindo procedimentos de rotina para um sono tranquilo.

A oficina de Psicologia refere que 26% das pessoas que telefonam para esta linha aparentam estar a ter dificuldades com o sono devido a problemas médicos ou outras perturbações, aconselhando os especialistas a procurarem ajuda médica.

A todas as pessoas que recorrerem à Linha do Sono é oferecido um pequeno guia com sugestões relativamente aos bons hábitos de sono e que, implementados, podem contribuir para uma melhoria significativa de problemas de insónias.

A Linha do Sono foi criada com o intuito de dar resposta às necessidades sentidas pelos portugueses depois de uma noite mal dormida, identificar possíveis causas e, ao mesmo tempo, sugerir procedimentos de rotina para um sono tranquilo.

Associação de bebidas espirituosas concorda
O secretário-geral da Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas, Mário Moniz Barreto, aplaudiu a intenção do...

A propósito da realização, hoje, da reunião anual do Fórum Nacional Álcool e Saúde, no qual deverá ser discutida à alteração à lei do álcool, Mário Barreto Moniz disse que o sector sempre defendeu que a idade mínima para o consumo passasse para os 18 anos, à semelhança do que acontece em vários países europeus.

“O sector das bebidas espirituosas aplaude esta intenção do Governo, uma vez que corresponde inteiramente às posições defendidas pelo sector em Portugal desde há vários anos”, disse à Lusa Mário Moniz Barreto, Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas (ANEBE).

Publicado em Abril de 2013, o diploma legal veio proibir a venda, disponibilização ou consumo de bebidas espirituosas a menores de 18 anos e de cerveja e de vinho a menores de 16.

No mês passado, o ministro da Saúde, Paulo Macedo admitiu o aumento da idade mínima para o consumo de bebidas alcoólicas, no âmbito de um conjunto de medidas que o seu ministério está a preparar para reduzir as doenças ligadas ao consumo de álcool.

O tema, segundo os jornais Público e Jornal de Notícias, vai ser debatido hoje em Loures, na reunião anual do Fórum Nacional Álcool e Saúde.

Em declarações hoje à Lusa, o secretário-geral da ANEBE disse que o sector sempre defendeu que a formulação da actual lei seria não só ineficaz do ponto de vista da facilitação da fiscalização e passaria a mensagem errada de que há “bom e mau álcool”.

“Pudemos comprovar, depois da aprovação da lei há dois anos, que esta não tem eficácia, junto de jovens, e por outro lado cria a imagem de que há um álcool mais adulto que outro”, explicou.

No entender do responsável, “18 anos é a idade que reúne maior consenso no que diz respeito à iniciação no consumo de álcool”.

“Regozijamo-nos com este anúncio de alteração, a curto prazo, da lei. Nós defendemos que a indústria não pode querer fazer lucro à custa dos menores de 18 anos. Os 18 anos é a idade em que, segundo estudos médicos, é mais seguro a iniciação nas bebidas alcoólicas”, sublinhou.

Mário Moniz Barreto disse ainda esperar que haja “fumo branco” hoje na reunião anual do Fórum Nacional Álcool e Saúde e que as alterações “aconteçam num curto espaço de tempo.

Os especialistas do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) defenderam em Fevereiro que a lei do álcool deve ser mais restritiva, sugerindo também mais controlo e fiscalização.

Depois de um estudo sobre os padrões de consumo de álcool nos jovens após a nova lei ter entrado em vigor, em meados de 2013, o SICAD concluiu que a frequência e padrões de consumos se mantiveram nos adolescentes e nos jovens.

A associação de produtores de bebidas espirituosas pediu em Fevereiro ao Governo para reformular a lei, acabando com a distinção da idade mínima para consumo consoante o tipo de bebida.

Estudo pioneiro em Portugal
Um projecto inédito em Portugal está a ajudar alcoólicos a recuperar as faculdades neuropsicológicas perdidas devido ao consumo...

Este trabalho intitulado “Reabilitação neuropsicológica em alcoólicos com recurso a aplicações móveis” permitiu perceber que é possível reabilitar pessoas dependentes do álcool através de sessões de estimulação cognitiva.

O estudo está a ser desenvolvido pelo mestrado de Neuropsicologia Aplicada da Escola de Psicologia e Ciências da Vida (EPCV) da Universidade Lusófona em parceria com o Instituto S. João de Deus – Casa de Saúde do Telhal.

Segundo Paulo Lopes, o estudo consistiu em fazer uma avaliação neruopsicológica, em todos os doentes internados, tendo sido escolhidos aleatoriamente dois grupos, um que entrou no projecto da estimulação cognitiva e outro que foi sujeito ao tratamento convencional.

A estimulação cognitiva é feita com recurso a uma aplicação móvel (mHealth), cujo modelo já existia noutros países mas com utilizações pontuais, explicou Paulo Lopes.

Portugal é até agora o país que faz uso deste programa de forma mais alargada e abrangente: na Casa de Saúde do Telhal foram avaliadas, desde 2011, 185 pessoas, das quais 83 usufruíram do programa de estimulação cognitiva.

Os principais resultados demonstram que estatisticamente o grupo estimulado “melhorou significativamente” em relação ao outro grupo sujeito apenas ao tratamento convencional.

A razão para isto tem a ver com o facto de a zona cerebral mais afectada pelos consumos ser “a parte frontal do cérebro, uma área importante em termos de coordenação de actividades motoras, do pensamento, da resolução de problemas, é a área do cérebro tida como a parte executiva”, explicou.

O programa de estimulação consiste em jogos psicológicos, aplicados a ‘tablets’ ou telemóveis, que treinam as funções cognitivas e permitem recuperá-las.

“São dez sessões de 50 minutos ao longo de três semanas. As sessões são padronizadas, as aplicações são desenhadas e construídas por nós. Nessas aplicações temos tarefas para fazer: ver imagens, agrupar por pares, escolher as imagens correctas. São jogos para treinar a rapidez, a memória, a velocidade de processamento, a percepção e a linguagem”, disse o responsável.

O que se verificou no grupo estimulado foi uma maior capacidade de adaptação a situações adversas, maior controlo sobre si próprio, capacidade de resistir a um impulso e melhores tomadas de decisão.

Actualmente o programa já está a ser aplicado a todos os doentes internados na Casa de Saúde do Telhal e está a iniciar-se em duas comunidades terapêuticas - Caritas Diocesanas de Beja e Ares do Pinhal – e num programa de substituição opiácea (também na associação Ares do Pinhal).

“Neste momento já temos uma amostra de alcoólicos, de toxicodependentes e toxicodependentes em substituição opiácea, em que 80 foram avaliados e 12 fizeram a estimulação cognitiva”.

Na mesma comunidade terapêutica (Ares do Pinhal) há 45 doentes em avaliação, 18 com estimulação cognitiva, disse o responsável, que não soube precisar o número de doentes actualmente em avaliação na Cáritas Diocesana.

O programa está agora a começar a ser testado com idosos, numa parceria com a Junta de Freguesia de Benfica.

As conclusões deste estudo serão apresentadas nos dias 14 e 15 de Abril, no XII Congresso de Psiquiatria do Instituto S. João de Deus.

Congresso de Associação Europeia de Urologia 2015
A Astellas Pharma anunciou novos dados do ensaio clínico de fase II, TERRAIN, que compara a enzalutamida com a bicalutamida no...

“A informação apresentada no Congresso demonstra o alcance e profundidade do programa de desenvolvimento da enzalutamida,” afirmou Claire Thom, Vice-presidente Sénior e Responsável da Área Oncológica da Astellas Pharma. “Somos motivados por ver que a enzalutamida continua a gerar informação promissora e importante para homens com cancro da próstata avançado e para as suas famílias.”

Destaques da informação da Enzalutamida

Título: Um estudo aleatorizado, de fase II, em dupla ocultação, sobre a segurança e eficácia de enzalutamida em comparação com bicalutamida no cancro da próstata metastático resistente à castração: ensaio clínico TERRAIN1

O ensaio clínico TERRAIN, de fase II, envolveu 375 doentes na América do Norte e Europa. O ensaio incluiu doentes com cancro da próstata metastático cuja doença progrediu apesar do tratamento com análogo LHRH ou após castração cirúrgica. O objectivo primário do ensaio foi a sobrevivência livre de progressão (PFS), definida enquanto tempo desde a aleatorização até à confirmação de progressão radiográfica, ocorrência de acontecimentos músculo-esqueléticos, início de nova terapia antineoplásica ou morte, dependendo de qual acontecer primeiro. O ensaio clínico foi desenvolvido para avaliar a enzalutamida numa dose de 160 mg em toma única diária oralmente versus bicalutamida numa dose de 50 mg tomados uma vez ao dia, sendo esta a dose aprovada em combinação com análogo LHRH.

“Os resultados do ensaio clínico TERRAIN, se confirmados, têm o potencial para impactar o contexto do tratamento do cancro da próstata metastático resistente à castração (CPRCm)”, afirmou Axel Heidenreich, Director do Departmento de Urologia, Hospital Universitário Aachen, Alemanha. “O estudo demonstrou melhoria com enzalutamida em comparação com a prática standard de adição da bicalutamida ao análogo de LHRH.”

  • O ensaio clínico alcançou o seu objectivo primário de um aumento estatisticamente significativo na PFS para enzalutamida comparativamente com bicalutamida. A PFS mediana no braço tratado com enzalutamida foi de 9,9 meses mais longa comparada com o braço tratado com bicalutamida (15,7 vs 5,8 meses, respectivamente) com um Hazard Ratio (HR) de 0,44 (intervalo de confiança de 95%, 0,34-0,57; p<0,0001);
  • O tempo mediano para progressão do PSA foi de 13,6 meses mais longo com enzalutamida (19,4 meses) relativamente ao tratamento com bicalutamida (5,8 meses) com um HR de 0,28 (p<0,0001);
  • 82% dos doentes tratados com enzalutamida atingiram uma redução do PSA ≥ 50% redução desde a linha de base à semana 13 versus 21% nos doentes tratados com bicalutamida;
  • O tempo mediano em tratamento com enzalutamida foi de 11,7 meses comparativamente a 5,8 meses com bicalutamida;
  • O perfil de segurança dos doentes tratados com enzalutamida no TERRAIN é consistente com o perfil de segurança de enzalutamida conhecido anteriormente.

o   Efeitos adversos graves (AEs) foram reportados em 31,1% de doentes tratados com enzalutamida versus 23,3% de doentes tratados com bicalutamida e AEs cardíacos de grau 3 ou superior foram observados em 5,5% dos doentes tratados com enzalutamida versus 2,1% dos doentes tratados com bicalutamida. Foram reportadas duas convulsões com enzalutamida e uma com bicalutamida;

o   Os AEs comuns (≥10%) reportados mais frequentemente com enzalutamida versus bicalutamida foram: fadiga (27,9% vs 20,1%), dorsalgia (19,1% vs 18,0%), rubor quente (14,8% vs 11,1%), hipertensão(14,2% vs 7,4%), diarreia (11,5% vs 9,0%), perda de peso (10,9% vs 7,9%) e dores nas extremidades (10,9% vs 5,3%).

Título: Enzalutamida em homens com cancro da próstata metastático resistente à castração: Análise final da sobrevivência global do ensaio clínico de fase III PREVAIL2

PREVAIL é um ensaio clínico de fase III, aleatorizado, com dupla ocultação, controlado com placebo, multinacional, envolveu de 1717 doentes em centros de investigação nos EUA, Canadá, Europa, Australia, Rússia, Israel e Ásia, incluindo Japão. O ensaio clínico incluiu doentes que ainda não tinham recebido tratamento prévio com quimioterapia e cuja doença progrediu após tratamento com análogo LHRH ou após orquiectomia. Os objectivos coprimários deste estudo foram a sobrevivência global e a sobrevivência livre de progressão radiográfica. O estudo foi desenhado para avaliar a eficácia da enzalutamida na dose de 160 mg, uma vez ao dia, por via oral comparativamente a placebo.

"As observações mais interessantes sobre esta informação são: a enzalutamida atingiu sobrevivência global significativa apesar de muitos doentes receberem tratamento adicional; o diagnóstico de quando a doença se torna metastática, que impulsiona o tempo de início da terapia, é importante”, afirmou Bertrand Tombal, Professor no Departamento de Urologia da Universidade de Louvain, Bruxelas. Segundo Tombal, “A abordagem standard, como a feita no braço de placebo no PREVAIL, é geralmente aguardar por alguns sintomas ou rápida progressão radiográfica antes de iniciar a quimioterapia. No entanto, este estudo demonstra que iniciar enzalutamida aos doentes no momento em que o cancro da próstata resistente à castração (CPRC) se torna metastático tem potencial para prolongar a sobrevivência.”

  • Foi conduzida uma análise actualizada da sobrevivência global às 784 mortes e foi encontrado um benefício estatisticamente significativo com a redução de 23% no risco de morte (OS: HR 0,77; 95% CI 0,67–0,88; p=0,0002) e uma melhoria na sobrevivência mediana de 4 meses com enzalutamida (35,3 meses [95% IC 32,2– ainda não alcançados]) acima do placebo (31,3 meses [95% IC 28,8–34,2]). Em junho de 2014 deu-se a data de termino com um follow up mediano com a duração de 31 meses:

                o   52% dos doentes tratados com enzalutamida e 81% dos doentes tratados com placebo receberam ≥ 1 terapêutica(s) subsequente(s) para o cancro da próstata.

Sobre XTANDI™ (enzalutamida)

XTANDI é um inibidor da via de sinalização do receptor androgénico (RA), com toma única diária por via oral. XTANDI actua em três fases diferentes da via de sinalização do receptor androgénico:

  • Bloqueia a ligação dos androgénios:

Inibe competitivamente a ligação dos androgénios aos receptores androgénicos

  • Impede a translocação nuclear dos RA:

A translocação do RA para o núcleo é um passo essencial na mediação da regulação do gene do receptor androgénico

  • Afecta a ligação ao DNA, impedindo a modulação da expressão genética:

A interacção do receptor androgénico ao DNA é essencial para a modelação da expressão do gene

Enzalutamida foi aprovada pela Comissão Europeia em Junho de 2013 para o tratamento de homens adultos com CPRCm cuja doença tenha progredido durante ou após o tratamento com docetaxel. A enzalutamida está actualmente aprovada na Europa também para o tratamento do cancro da próstata metastático resistente à castração em doentes assintomáticos ou ligeiramente sintomáticos após insucesso da terapia de privação androgénica, para os quais a quimioterapia não é ainda clinicamente indicada.

Sobre a Astellas Pharma

A Astellas Pharma é uma companhia farmacêutica comprometida com a melhoria do estado de saúde das populações mundiais, fornecendo as mais recentes e inovadoras terapêuticas. O foco da organização está na disponibilização de terapêuticas, ao nível da I&D e da comercialização de tratamentos eficazes, que melhorem a vida dos doentes, continuando a crescer de forma sustentada no seu sector. É uma das 20 maiores empresas farmacêuticas, que emprega cerca de 15 mil colaboradores em todo o mundo.

A Astellas está em Portugal desde 1967, conta com cerca de 53 colaboradores e focaliza-se nas seguintes áreas terapêuticas: Oncologia, Urologia, Dermatologia, Transplantação, Anti-infecciosos e Dor.

Para mais informações sobre a Astellas visite http://www.astellas.com.pt/pt/.

Referências

1 A randomized, double-blind, phase 2, efficacy and safety study of enzalutamide vs. bicalutamide in metastatic castrate resistant prostate cancer: TERRAIN trial. Abstract presented at EAU 2015
2 Enzalutamide in men with chemotherapy-naïve metastatic castration-resistant prostate cancer (mCRPC): Final overall survival analysis of the phase 3 PREVAIL study. Abstract presented at EAU 2015
3 Tran C, et al. Development of a second-generation antiandrogen for treatment of advanced prostate cancer. Science 2009; 324:787-790 
4 Hu R, Denmeade SR and Luo J. Molecular processes leading to aberrant androgen receptor signaling and castration resistance in prostate cancer. Expert Rev Endocrinol Metab 2010; 5 (5): 753–764
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Instituto de Apoio à Criança defende
A presidente do Instituto de Apoio à Criança, Dulce Rocha, defendeu a criação de um plano nacional para a prevenção dos maus...

Em declarações, a propósito dos dois mais recentes casos de morte de crianças, uma assassinada, outra alegadamente vítima de maus tratos, Dulce Rocha defendeu que é preciso mais prevenção e formação de maneira a detectar mais precocemente casos de violência infantil, principalmente sobre crianças que não conseguem queixar-se.

“À semelhança do que já sucede com a violência doméstica, devia haver um plano nacional para a prevenção dos maus tratos, um plano nacional contra a violência sobre as crianças porque as crianças têm direito a uma vida sem violência”, sustentou.

Segundo Dulce Rocha, os casos de violência sobre as crianças são cíclicos e se há alturas em que o Instituto de Apoio à Criança (IAC) os consegue diagnosticar atempadamente, outros há que são muito imprevisíveis.

“O que me parece, que é uma conclusão a retirar, é que as crianças, principalmente as que ainda não falam e também aquelas com deficiências, que têm dificuldade de comunicação, são das mais vulneráveis de todas”, apontou a responsável.

Nesse sentido, a presidente do IAC defendeu que é preciso estar mais atento aos sinais em crianças que não conseguem ainda expressar-se.

“A atenção tem que ser cada vez maior, a formação também, a formação dos profissionais para conseguirem ler os sinais, mesmo que uma pessoa menos atenta não consiga”, frisou.

Sobre essa questão, concretizou que os profissionais que lidam com este tipo de casos deveriam ter uma formação mais específica, que lhes permitisse descobrir mais cedo, quando o caso já não é apenas um risco, mas já estão perante uma situação de perigo.

“Todos achamos inadmissível, mas temos de tomar medidas para que a situação não continue na mesma porque às vezes parece que há uma acalmia destes casos, nas depois vem ciclicamente e somos confrontados com casos deste tipo”, alertou Dulce Rocha, salientando que a prevenção nestes casos está muito ligada ao conhecimento.

Defendeu, por isso, que seja uma formação de prevenção com conhecimento, sublinhando que a formação ao nível dos procedimentos ou dos processos é importante, mas não é fundamental.

“O fundamental é ouvir os médicos experientes, os magistrados experientes, as pessoas que já tiveram casos, haver estudos de casos. Isso é que me parece que seria uma formação que não deixaria tudo na mesma”, sustentou.

Na opinião de Dulce Rocha, ainda existe uma visão muito romântica da família, vista como lugar de afectos, quando há muitos casos em que isso não acontece e em que a família se transforma num “lugar de tormento, de grande violência”.

Nesse sentido, defendeu que não se pode automaticamente partir do princípio que todas as famílias são lugares de afectos e deve haver um trabalho de verificação para perceber se deve ou não ser feita vigilância.

Burla ao SNS
A Polícia Judiciária anunciou a detenção de quatro pessoas com ligações ao ramo farmacêutico por burla ao Estado e falsificação...

No âmbito de um inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa e relacionado com a investigação de fraudes ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), a Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da PJ deteve dois homens, de 62 e 31 anos, e duas mulheres, de 50 e 56 anos, pelos crimes de falsificação de documento agravada e burla qualificada, adianta a PJ em comunicado.

A Polícia Judiciária conseguiu averiguar “um esquema fraudulento executado por pessoas com ligações ao ramo farmacêutico, que terão obtido lucros ilícitos através da apresentação em farmácias de receituário contrafeito referente a medicamentos com elevada taxa de comparticipação”.

Durante a investigação, que contou com a colaboração do Ministério da Saúde, foi também apreendido receituário, medicamentos, dinheiro em numerário, armas e munições, bem como material informático e de comunicações, refere a PJ.

Os quatro detidos foram presentes a tribunal, ficando um deles em prisão preventiva e os restantes sujeitos a medidas de coação de inibição de exercício de funções e caução, para além do termo de identidade e residência.

A PJ indica ainda que a investigação vai continuar para determinar todas as condutas criminosas e o seu alcance, bem como o prejuízo total causado ao Estado português através de comparticipações obtidas fraudulentamente do SNS e às farmácias que se encontram lesadas.

Projecto português dedicado ao Autismo
Um ano após o lançamento da Eforcing Kids, plataforma de informação global sobre Autismo, no Dia Internacional do Autismo,...

A aplicação Enforcing Kids está disponível gratuitamente e pode ser usada nos quatro idiomas de trabalho da Enforcing Kids: português, castelhano, francês e inglês.

A aplicação móvel junta-se assim ao universo Eforcing Kids presente nas redes Facebook, Youtube, Twitter e Blogger.

Enforcing Kids é um projecto português dedicado ao autismo, uma plataforma de informação a que se junta agora a aplicação móvel de apoio à terapia de crianças com síndrome do autismo.

Os responsáveis por este projecto são Cátia Raminhos e Jorge Santos, alunos da Universidade de Lisboa dos mestrados de Engenharia Informática e de Metodologias e Tecnologias em E-Learning.

O Enforcing Kids surgiu em Portugal e tem como função partilhar dúvidas, esclarecimentos, opiniões e experiências sobre o autismo. Neste momento é um projecto conhecido a nível mundial com adesão em mais de 50 países.

A plataforma de informação foi criada em final de Março de 2014 e surgiu no seguimento da criação da aplicação móvel, que agora foi lançada.

A plataforma é destinada ao público adulto que lida com a temática do autismo, enquanto a aplicação móvel está pensada para ser usada por crianças acompanhadas por adultos responsáveis pela terapia.

Disponível nas redes sociais mais populares, a plataforma é facilmente utilizável. A aplicação móvel está desenhada para ser usada nos dispositivos móveis mais utlizados actualmente.

Todo o processo de criação da aplicação móvel decorreu no âmbito de um trabalho académico na disciplina de Computação Móvel (coordenada pelos docentes Tiago Guerreiro e Luis Carriço). A plataforma de informação foi desenvolvida no tempo livre dos seus organizadores e não tem quaisquer custos de utilização. O acesso gratuito também é garantido para o blogue com acesso reservado a um público mais especializado.

Este projecto é apoiado pelo Departamento de Investigação LaSIGE da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Mais informações em www.facebook.com/enforcingkids.

Pelo 46º ano
A Sociedade Portuguesa de Cardiologia e a Sanofi vão atribuir no dia 21 de Abril, no âmbito do XXXVI Congresso Português de...

Sendo o objectivo deste prémio incentivar o espírito de investigação nos cardiologistas portugueses, o trabalho premiado terá de ser efectuado em instituições nacionais e os autores dos trabalhos concorrentes terão de ser maioritariamente nacionais. O primeiro autor terá de ter nacionalidade portuguesa e ser Cardiologista ou Interno de Cardiologia.

Os trabalhos a concurso devem, obrigatoriamente, ter sido apresentados no Congresso Português de Cardiologia ou numa das Reuniões ou Jornadas promovidas pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), no Congresso Anual da Sociedade Europeia de Cardiologia (SEC) ou numa das reuniões ou Jornadas promovidas pela SEC, na reunião anual do American College of Cardiology, na reunião anual da American Heart Association ou no Congresso da European Association for Cardiothoracic Surgery.

Fernando Sampaio, director-geral da Sanofi Portugal, sublinha que “este é o Prémio de investigação mais antigo da Sociedade Portuguesa de Cardiologia e a Sanofi continua a apoiá-lo porque o incentivo à investigação em Portugal é um dos pilares da nossa actividade. Acreditamos que o nosso desígnio de contribuir para a sustentabilidade da Saúde em Portugal também passa por apoiarmos os projectos dos profissionais e instituições de saúde”.

De acordo com os recentes indicadores sobre saúde apresentados pelo INE em 6 de Abril de 2015, a principal causa de morte em Portugal em 2013 foi a patologia do aparelho circulatório, que estive na origem de 29,5% do total de óbitos, pelo que incentivar a investigação nesta área continua a ser um compromisso de futuro.

Nas autarquias
O baixo número de nutricionistas e de dietistas contratados pelas câmaras municipais pode estar na origem da fraca qualidade...

Apesar de as autarquias serem, desde 2008, responsáveis pelo fornecimento das refeições escolares, apenas 10% das câmaras municipais tinham nutricionistas e dietistas integrados nos seus quadros de pessoal.

Um estudo do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), intitulado “O valor nutricional de refeições escolares” e divulgado no seu mais recente Boletim Epidemiológico Observações, denuncia uma prevalência excessiva de sal e um insuficiente valor energético em 36 refeições escolares analisadas, na zona de Grande Lisboa, face às recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Já em 2011, o estudo “Baixo valor calórico e elevado teor de sal nas refeições servidas em cantinas escolares”, publicado na Acta Médica Portuguesa, referente ao Grande Porto, analisou 32 refeições e salientou exactamente as mesmas conclusões.

Para a Ordem dos Nutricionistas, este cenário é, acima de tudo, o retrato de uma preocupação insuficiente e uma falta de controlo significativa no que toca às refeições que são servidas nas cantinas das escolas do 1º ciclo do ensino básico, sobretudo quando se sabe que o almoço realizado na escola deve constituir uma resposta para a luta contra a carência alimentar de algumas crianças e contra o excesso de peso nos mais jovens (segundo os dados mais recentes da Direcção Geral da Saúde, em Portugal a prevalência da obesidade e excesso de peso em crianças com 7-8 anos é de 31,5% nos rapazes e de 36,2% nas raparigas).

É sabido também que uma alimentação saudável e equilibrada constitui um factor determinante para a saúde de qualquer cidadão e, particularmente, no que diz respeito ao aproveitamento e sucesso escolar dos estudantes. Desta forma, estes dados vêm apenas sustentar aquela que tem sido uma das maiores preocupações da Ordem dos Nutricionistas nos últimos anos: a integração insuficiente de nutricionistas e de dietistas nas estruturas do poder local.

O Decreto de Lei nº 144/2008 delega às autarquias a responsabilidade de gestão dos refeitórios e de fornecimento das refeições escolares. Neste contexto, a especificidade das competências dos membros da Ordem dos Nutricionistas levaria ao cumprimento efectivo da Circular N.º 3/DSEEAS/DGE/ 2013 da Direcção Geral da Educação, referente às orientações sobre as ementas e refeições escolares, de forma inequívoca e rigorosa. Além disso, a sua presença asseguraria a eficiência associada à prestação destas funções e, consequentemente, seriam oferecidas aos alunos e às instituições de ensino melhores condições de alimentação e nutrição, assentes num planeamento mais adaptado às necessidades dos estudantes e numa supervisão mais próxima.

Em 2013, a Ordem dos Nutricionistas verificou que apenas 10% das estruturas do poder local de todo o país tinham nutricionistas e dietistas, um número que esta considera excessivamente reduzido atendendo às necessidades populacionais e dos próprios estabelecimentos de ensino.

O mesmo estudo verificou que 30% destes profissionais que integram as estruturas das autarquias afirmam que nem tampouco incluem questões de Nutrição e Alimentação nas suas acções, e 42,6% reflecte a realização de funções específicas destas áreas por profissionais não qualificados. Atendendo que se verificou que as Escolas do Ensino Básico do 1.º, 2.º e 3.º ciclos são as instituições com as quais se mantém uma parceria mais notória nos mesmos âmbitos, a Ordem dos Nutricionistas afirma que os dados apontados pelo INSA serão apenas mais um indicador de que as autarquias necessitam de aumentar exponencialmente os nutricionistas e os dietistas integrados nas suas estruturas de modo a conseguirem salvaguardar a qualidade das refeições servidas nas cantinas escolares.

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