Estudo
Um estudo inédito em Portugal revelou que um terço dos embriões criopreservados resultantes de tratamentos de infertilidade não...

A investigação, realizada pela especialista em medicina da reprodução Margarida Silvestre, vai ser apresentada durante as Jornadas Internacionais de Estudos da Reprodução, que decorrem em Óbidos.

O objectivo do estudo foi avaliar a autonomia e responsabilidade nos casais que recorrem à Procriação Medicamente Assistida (PMA), nomeadamente ao nível do destino que estes dão aos embriões excedentários, os quais resultam dos tratamentos contra a infertilidade.

Em Portugal, segundo dados do Conselho Nacional de PMA, existiam, a 31 de Dezembro de 2013, 19.406 embriões criopreservados.

Para o estudo, foram enviados 932 questionários a 27 centros públicos e privados, dos quais foram respondidos 328 (35%) de 20 centros (74%).

De acordo com os resultados, 55% dos casais tencionam ainda transferir num futuro próximo os embriões que se encontram criopreservados, tendo para estes um projecto parental.

Muitos destes casais, esclarece Margarida Silvestre, ainda não estão no prazo-limite de ter que tomar uma decisão imediata sobre o destino dos seus embriões, preferindo prolongar a criopreservação, para que se mantenha a possibilidade destes virem a ser utilizados.

Segundo os resultados do estudo, mais de um terço (35%) dos inquiridos não tenciona transferir os embriões num futuro próximo.

Aos casais que não tencionam transferir os embriões criopreservados foram colocados quatro destinos alternativos: prolongamento da criopreservação, descongelação e eliminação dos embriões, a sua doação a outros casais ou a doação para investigação.

A autora ressalva que “estas soluções não são necessariamente uma escolha dos casais, mas sim uma obrigação legal, sendo que muitos deles prefeririam não ter que decidir sobre elas. Alguns dizem que é uma decisão particularmente difícil, que prefeririam não ter que tomar, e que os deixa desconfortáveis”.

Quase metade destes casais (47%) pretende doar os embriões para investigação. Destes, 90% tomou esta opção devido à sua “vontade de ajudar a ciência a avançar”.

Perto de um quarto (24%) dos casais que não têm projecto parental para os seus embriões pretende doá-los a outros casais e 23%opta pela sua destruição.

Como recorda a autora, a lei portuguesa determina que os casais submetidos a técnicas de PMA com criação de embriões in vitro são informados por escrito de que “todos os embriões viáveis não transferidos serão criopreservados”.

Os casais têm depois três anos para definir um destino para os embriões, pois, caso não o façam, estes serão destruídos no final desse prazo.

“Em situações pontuais, é possível solicitar a prorrogação deste prazo por até mais três anos, como em casos de doença da mulher, por exemplo”, disse.

Aquando da análise da capacidade de decisão dos participantes, a autora apurou que 25% dos participantes assumiram não terem sido capazes de tomar uma decisão até ao momento da resposta a este questionário.

Margarida Silvestre recorda que encontrou, no decorrer da sua investigação, registo de “embriões congelados desde 1999”.

Segundo a investigadora, conforme o tempo vai avançando, diminui o projecto reprodutivo e aumenta o número de casais que não pretendem transferir os embriões criopreservados.

Para Margarida Silvestre, os formulários de consentimento informado que os casais preenchem desde 2009, referindo o destino para os embriões excendentários que possam resultar dos tratamentos, foi “uma mais-valia” para estes.

“Os formulários ajudaram os casais a entender que esta é uma decisão que têm de tomar”, adianta.

Este estudo será em breve publicado no livro “Embriões excedentários – entre a técnica, a lei e a ética”, no qual a autora refere: “Os casais precisam de um médico que os esclareça, os estude e os trate, mas que seja simultaneamente um amigo que os ouça, os acompanhe e os apoie”.

“Num contexto social de diversidade cultural e moral, de contenção económica e com regulamentação e requisitos rigorosos para a prática da PMA, os casais inférteis têm que definir o seu caminho na procura do filho desejado e assumir as inerentes responsabilidades como pais e guardiões dos seus embriões criopreservados”, conclui Margarida Silvestre.

Conselho de Ministros
A proibição de fumar em todos os locais públicos fechados vai estar em debate no Conselho de Ministros. A medida faz parte de...

O executivo pretende também que os maços de cigarros contenham imagens chocantes e os cigarros electrónicos sejam regulamentados. As propostas são discutidas esta quinta-feira no Conselho de Ministros, juntamente com a nova lei do álcool.

A proibição de fumar em todos os locais públicos fechados vai estar esta quinta-feira em cima da mesa do Conselho de Ministros, fazendo parte de um conjunto de propostas de alteração à lei do tabaco do executivo, preparadas em conjunto com a Direcção-Geral de Saúde (DGS).

A proposta de revisão da lei do álcool também vai ser debatida. O objectivo é que ambos os projectos de lei estejam em vigor antes do verão.

A alteração à lei do tabaco tem por base a transposição de uma directiva europeia, que deve ser cumprida por todos os Estados-membros até 2016.

Além da proibição do fumo em todos os espaços públicos fechados, o Governo propõe o alargamento da restrição também aos cigarros electrónicos, cujo consumo não está regulamentado. O jornal Público escreve ainda que entre as propostas está a inclusão de imagens chocantes nos maços de tabaco.

O Governo quer que o período de transição para a nova lei seja de oito anos contados a partir da entrada em vigor da revisão da lei, o que arrastaria a prática da proibição para 2023. Já a DGS considera que os oito anos devem ser contabilizados desde 2007, data de entrada em vigor da anterior lei do tabaco.

Em 2007, quando a actual lei do tabaco foi aprovada, passou a ser proibido fumar em estabelecimentos públicos fechados, com menos de 100 metros quadrados. Em espaços maiores a lei permitia que fossem criadas áreas de fumo com sistemas de exaustão apropriados. O que agora está em cima da mesa é a proibição total em todos os locais públicos fechados.

A intenção está a suscitar críticas por parte de vários sectores, que argumentam ter investido bastante para poder ter as áreas de fumadores previstas na lei.

No último relatório da DGS sobre tabagismo, concluiu-se que o perfil do fumador em Portugal não se alterou nos últimos anos. Cerca de 90% iniciaram o consumo entre os 12 e os 20 anos. Em 2012, a prevalência de fumadores era de 35,1% nos homens e 18% nas mulheres.

Apesar de o tabaco matar por ano cerca de 11 mil pessoas (das quais quase mil por exposição ao fumo), a maior parte dos fumadores declara ter pouca vontade em largar o vício.

Estuário do Tejo
Os municípios abrangidos pelo Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo, onde mais de 72.000 utentes não têm médico...

O Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo (ACES) abrange os concelhos de Vila Franca de Xira, Azambuja, Alenquer, Arruda dos Vinhos e Benavente, localizados a norte da Área Metropolitana de Lisboa.

Em declarações, o vice-presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Ferreira (PS), referiu que os cinco municípios do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo manifestaram recentemente à tutela, numa reunião, a sua apreensão pela falta de médicos de família e de enfermeiros na região.

“No total, faltam 38 médicos de família e pelo menos 95 enfermeiros. Nos cinco concelhos existem 72.000 utentes que não têm médico de família. É uma situação muito preocupante”, apontou o autarca.

Fernando Ferreira disse que, no caso do município de Vila Franca de Xira, 44.300 utentes não têm médico de família, o que equivale a cerca de 30% da população.

O vice-presidente da autarquia de Vila Franca de Xira referiu que o Ministério da Saúde garantiu que iria resolver “o mais rapidamente possível” a questão da falta de enfermeiros, mas que no caso dos médicos a solução seria “bem mais complicada”.

“Aquilo que nos transmitiram é que, no que concerne à ausência de médicos de família, a questão não será de índole económica, mas sim de falta de médicos. Já em relação aos enfermeiros disseram-nos que, em breve, o assunto poderá ser solucionado ou, pelo menos, minorado”, apontou.

No município vizinho de Azambuja também existe preocupação pela falta de profissionais de saúde, uma vez que cerca de 9.300 utentes não têm médico de família, disse o presidente daquela câmara ribatejana, Luís Sousa (PS).

“Estamos a atravessar, no concelho de Azambuja, dificuldades medonhas. Temos utentes que têm de se deslocar da sua freguesia para ter uma consulta e, até há pouco tempo, tínhamos aqui uma freguesia que não tinha nenhum médico”, apontou o autarca.

Luís Sousa perspectivou que, para aquele concelho, sejam necessários “pelo menos cinco médicos” para que a situação seja melhorada: “A questão dos enfermeiros não é tão acentuada, mas em relação aos médicos é muito grave. Eram precisos pelo menos cinco médicos”.

No caso do concelho de Arruda dos Vinhos, dos 13.000 utentes inscritos, 800 não têm médico de família.

Em Alenquer, 13.000 utentes, num total de 42.000, estão sem médico de família, estimando a autarquia faltarem entre sete a nove médicos.

Já em Benavente, segundo dados da comissão de utentes de saúde local, existem 8.000 utentes sem médico de família.

Numa resposta escrita, o Ministério da Saúde referiu que “tem vindo a implementar diversas medidas com vista ao reforço do acesso da população ao Serviço Nacional de Saúde e à oferta de serviços de saúde”.

“No que concerne ao Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo, actualmente estão a prestar assistência 27 internos da especialidade. Importa referir que o número cresceu para nove, em 2015, mais três de que no ano anterior”, sublinhou a mesma fonte.

O Ministério da Saúde disse ainda que está previsto para maio um reforço de médicos na região, com mais dois no concelho de Vila Franca de Xira, e que existem, neste momento, seis vagas para médicos de medicina geral e familiar.

Em Maio na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa
Os seminários do Mestrado em Regulação e Avaliação do Medicamento e Produtos de Saúde (RAMPS) decorrem nos dias 15, 16 e 23 de...

Estes seminários têm como objectivo apresentar temas da maior actualidade na área da científica da Regulação dos Medicamentos e Produtos de Saúde e promover uma discussão sobre estes temas com peritos de reconhecida experiência e competência científica nestes domínios do conhecimento.

Num momento em que o contexto regulamentar está em franco desenvolvimento, com novos modelos de aprovação de medicamentos com impacto na avaliação e re-avaliação da relação benefício-risco do medicamento ao longo durante o seu ciclo de vida a apresentação e discussão destes temas torna-se fundamental.

Inscrição: Gratuita, sujeita a inscrição prévia [Formulário]

Prazos: Inscrição até 48h antes do dia do seminário

Emolumentos: Gratuito

Vagas: 15 e 16 de Maio – limite máximo 70 participantes

23 de Maio – limite máximo 13 participantes

Para ter acesso ao programa completo dos seminários RAMPS, por favor clique aqui.

Mais informações:

Rita Matos, Gabinete de Estudos Pós-Graduados, Núcleo de Planeamento e Gestão Académica

[email protected]

Dia Mundial da Voz
As dificuldades de articulação de sons, nomeadamente de letras como o P, B, M, T ou D, entre outras, são uma das...

Para os profissionais da voz, como cantores, actores, jornalistas e locutores de rádio e televisão, uma boa saúde oral tem importância acrescida porque qualquer problema pode condicionar o desempenho do trabalho.

A oclusão dentária, ou seja, a forma como os dentes se relacionam entre si e com os maxilares é determinante para a voz. Uma posição incorrecta dos dentes pode dificultar todas as funções orais, incluindo a fonação, a mastigação, a deglutição e a estética.

O médico dentista Miguel Pais Clemente alerta que “a língua, o palato mole, o palato duro, os lábios e a mandíbula fazem parte dos componentes do aparelho vocal e qualquer problema numa destas estruturas tem influência na articulação da fala e na ressonância da voz”.

Para quem tem na voz um instrumento de trabalho, algumas técnicas específicas obrigam a determinado posicionamento dos maxilares podendo gerar fadiga a nível da musculatura oro-facial ou mesmo dor ou desconforto a nível da articulação temporomandibular.

É esta articulação que permite certos movimentos específicos da mandíbula aquando da produção de diferentes sons e registos vocais, nomeadamente no canto.

A cavidade oral é uma das principais estruturas anatómicas no processo de produção da voz e por isso a saúde oral e a arte de comunicar estão interligadas.

Miguel Pais Clemente refere que “cabe ao médico dentista avaliar, diagnosticar, prevenir e tratar as alterações na cavidade oral com implicações directas a nível da voz, sendo por vezes inclusive necessária uma abordagem multidisciplinar com outras especialidades médicas”. 

Dia Mundial da Voz
No dia em que se assinala o Dia Mundial da Voz, o Atlas da Saúde quis saber como se lida com a notíc

Tenho 61 anos de idade e sou reformado por invalidez. Fui até 2007 Profissional de Seguros numa Companhia Multinacional, na qual exercia um cargo de chefia.

A minha atividade profissional não me permitia fazer desporto, no entanto sempre que podia caminhava.

Os meus hábitos alimentares, eram normais, ainda que por vezes prejudicados pelos excessivos almoços e jantares em restaurantes, decorrentes da minha atividade profissional, bebia normalmente, por vezes com algum abuso e fumava, fumava muito. Por alturas do ano 2005 moderei a bebida, mas continuei a fumar.

No verão de 2007, a gozar um período de férias na praia, comecei por ter uma impressão na garganta. Recorri a diversos Médicos de Clínica Geral, que me receitavam umas pastilhas para inflamação da garganta.

Permitam-me referir que grande parte os profissionais de Saúde, não estão sensibilizados para esta doença, de certo por falta de informação. O protelamento precoce do diagnóstico pode efetivamente prejudicar o doente e a consequente reabilitação.

Como a impressão se agravava, por vezes com dificuldade de respiração, consultei um Otorrinolaringologista. Após biopsia, de imediato me foi diagnosticado um carcinoma basalóide escamoso do seio piriforme, vulgo, cancro na laringe.

Entre as diversas soluções propostas, a laringectomia total, seria a mais radical, mas porventura com maiores resultados, se tudo corresse bem.

Em 19 de Novembro de 2007, data que recordo, por ter sido o dia que fiz 30 anos de casado com a Maria Armanda, o médico informou-nos que se optasse pela laringectomia total iria deixar de respirar pelo nariz, passar a respirar pelo traqueostoma (orifício no pescoço) e perder a voz. No entanto, tinha algumas hipóteses de poder voltar a “falar”.

A perda da Voz é uma experiência traumatizante, não só para nós, como também para a nossa família e amigos. Para a superar, temos de recorrer à linguagem, não irei dizer gestual, mas sim expressiva e, fundamentalmente, à escrita.

Nos primeiros tempos a estabilidade emocional é bastante afetada, originando situações de incompreensão e incomunicabilidade entre os mais próximos, que só serão superadas, com apoio da família e amigos, imprescindíveis para uma possível recuperação.

Por outro lado, deparamo-nos com situações, que nunca tínhamos sequer pensado que poderiam acontecer, frustrantes e difíceis de ultrapassar, tais como:

- O Laringectomizado está sozinho em casa, tocam à campainha (intercomunicador) da porta da rua, temos de abrir a porta sem puder perguntar quem lá está….

- A cancela do estacionamento do supermercado não abre por qualquer motivo. Como se chama o segurança pelo intercomunicador….

- Os telefones, fixos ou móvel, deixaram de ser acessíveis por via oral.

A única maneira de tentar superar estas questões é a reabilitação vocal, recorrendo à Terapia da Fala, uma vez mais incentivado e provocado pela família e amigos, que me obrigavam a fazer os exercícios recomendados, como ler duas a três páginas de um Jornal ou livro em “Voz alta”, por dia.

Para me obrigarem a falar, quando eu pretendia alguma coisa, nem sequer olhavam para mim, para ver se eu conseguia emitir algum som. Bom, o processo não foi fácil, mas deu resultados.

Um dia de manhã, numa das minhas rotinas, fui à tabacaria do meu bairro comprar o jornal e saudei a empregada com um “Bom dia!”.

Resposta da Senhora: “Bom dia Sr. Côdea, ouvi muito bem”.

Passaram mais ou menos seis meses emiti o primeiro som audível e percetível. A partir daí, com a inexcedível ajuda da Terapeuta de Fala - Dra. Filomena Gonçalves e da sua equipa -, comecei a falar com Voz Esofágica.

Claro que a aprendizagem se prolongou por muito mais tempo, o aperfeiçoamento continua a fazer parte dos dias de hoje. É facto que a qualidade de vida melhorou substancialmente, permitiu regressar às minhas funções sociais, fazendo quase uma vida normal, com menos decibéis….

Atualmente sou Voluntário da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Núcleo Regional Sul, no MovAplar – Movimento de Apoio a Laringectomizados. Continuo a gerir uma carteira de seguros, ainda que pequena, angariada quando estava no ativo. Ser solidário, trabalhar, passear, partilhar as nossas vivências, fazem parte de uma recuperação de sucesso.

Em suma a falta de comunicação, o desconhecimento da doença e sua eventual recuperação, aliada aos parcos recurso económicos de alguns doentes, se não houver acompanhamento adequado e compreensivo, originam o isolamento do doente, com os inconvenientes inerentes.

A doença e sua recuperação têm de ser encaradas, sem ansiedades, com tempo e esperança.

O doente deve, na medida do possível, retomar a sua vida normal, sair, passear, enquanto não fala, munido de um bloco de notas e algo que escreva.

A perda da Voz é uma experiência traumatizante, tanto para o doente como para sua Família/Amigos, no entanto tem boas possibilidades de poder voltar a falar.

Cada caso é um caso, a força de vontade é meio caminho andado para a recuperação.

António Côdea

 

“O diagnóstico é sempre uma surpresa e um choque”

O diagnóstico é sempre uma surpresa e um choque. Tanto mais que, geralmente, não estamos nem preparados nem bem informados sobre o que nos vai acontecer e como vai ser afectada a nossa vida. E ao falar em informação tocamos num dos pontos essenciais dos nossos problemas. Voltarei a referir-me adiante.

No meu caso mantinha uma réstia de esperança de não ficar completamente “mudo”. Por isso ao tentar emitir algum som, logo após a operação, e ao verificar que nada saía…não foi fácil.

Passado pouco tempo, e por razões de segurança, fiz radioterapia. Este tratamento dificultou-me a deglutição e a Terapia da Fala.

A Terapia da Fala é a abertura de uma janela para a comunicação na medida em que permite voltar a falar ou, pelo menos a “falajar”. (Bem hajam as - ou os - Terapeutas da Fala e não só por isso). De facto, pela sua experiência e bom conselho, a minha Terapeuta da Fala foi uma ajuda decisiva e um apoio extraordinário na fase pós-operatória em que se tenta um regresso a uma vida tão normal quanto possível.

Por outro lado é necessário admitir que o factor tempo é importante. Nada de pressas…O tempo vai ajudar em muitos aspectos. Demos-lhe tempo!

Mas, apesar de tudo, ainda há algumas dificuldades…Falar ao telefone, manter uma conversa num automóvel em movimento, conversar num grupo numeroso e num local com muito barulho de fundo, responder a um intercomunicador… Não dramatizemos estes problemas. Pessoalmente tenho encontrado sempre pessoas compreensivas e dispostas a um esforço para me entenderem. Mesmo reconhecendo que há pessoas com mais facilidade do que outras para nos entenderem. (Não consegui até agora perceber porquê).

Prometi acima voltar a falar da importância da informação e é o reconhecimento dessa importância que me leva, assim como a outros colegas, a gostosamente colaborar com o Movimento de Apoio aos Laringectomizados (MovApLar) do Núcleo Regional do Sul da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

E termino com uma nota optimista… Do alto dos meus (quase) 79 anos continuo a praticar desporto com regularidade, algum mesmo um pouco radical.

Henriques Dominguez

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
16 de Abril – Dia Mundial da Voz
Assinala-se hoje o Dia Mundial da Voz que tem como primeiro objectivo alertar para os cuidados a ter

O Terapeuta da Fala é o profissional de saúde responsável pela prevenção, avaliação, intervenção e investigação das perturbações da comunicação humana. Este profissional poderá intervir nas várias faixas etárias, começando na neonatologia (comunicação e alimentação), passando pela idade pré-escolar (competências linguísticas e de comunicação), idade escolar (perturbações da leitura e da escrita, gaguez e comunicação) e adultos (perturbações da linguagem adquiridas, patologias da voz, da deglutição e promoção das competências vocais e comunicação em profissionais). Deste modo, poderá também exercer funções em diversos tipos de instituições e em equipas multidisciplinares: hospitais, unidades de cuidados continuados, centros de medicina física e reabilitação, instituições sociais e de reinserção, creches, escolas, estabelecimentos privados, universidades, consultórios, clínicas e domicílio.

Mais especificamente abordam-se de seguida todas as áreas de intervenção do Terapeuta da Fala:

Comunicação: doenças degenerativas, perturbações do espectro do autismo e outras síndromes que possam impossibilitar o uso das diversas formas de linguagem são intervencionadas pelo profissional na medida em que este implementa sistemas aumentativos e alternativos de comunicação.

Linguagem oral: é a forma de comunicação mais importante e única no ser humano, visto que possibilita a troca de ideias, interacção, expressão de sentimentos e aprendizagem. Compreende quatro aspectos linguísticos: semântica, morfossintaxe, fonologia e pragmática, que podem estar afectados no decorrer do desenvolvimento infantil ou por perturbações neurológicas. Neste caso a intervenção centra-se na aquisição ou melhoria das áreas linguísticas afectadas.

Linguagem escrita: intervenção nos casos em que exista dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita.

Articulação: consiste na produção oral dos sons de uma língua; esta poderá estar afectada no decorrer de imaturidade ou alterações anatómicas ou neurológicas nas estruturas, músculos e órgãos orais e faciais.

Fluência: quando adequada permite um discurso com ritmo e cadência adequados, se tal não acontece podem existir bloqueios, repetições e prolongamentos de sílabas e pausas excessivas.

Voz: mecanismo que permite a emissão de som durante a fala. Alterações na qualidade vocal (disfonia/rouquidão) remetem-nos para alterações estruturais ou de movimento ao nível das cordas ou pregas vocais, sendo diagnosticadas pelo Otorrinolaringologista e avaliadas e intervencionadas pelo Terapeuta da Fala.

Deglutição: capacidade de ingestão de alimentos que tem globalmente quatro fases. Quando uma ou mais fases estão afectadas, a nutrição e hidratação seguras ficam comprometidas, o que pode ter causas neurológicas ou mecânicas. A intervenção centra-se na reabilitação desta capacidade vital.

Motricidade orofacial: reabilitação e desenvolvimento da motricidade dos órgãos que têm um papel importante nas funções denominadas de estomatognáticas – sucção, respiração, mastigação e fala.

Intervenção

O tipo de abordagem em Terapia da Fala é muito variável e depende de múltiplos factores que são avaliados inicialmente. O tratamento é individual, com uma periodicidade que pode ser desde diária a mensal ou ainda em regime de orientação periódica. As sessões geralmente têm a duração de 30 a 45 minutos por sessão, dependendo do protocolo da instituição.

Caso se justifique o utente poderá ser acompanhado pelos pais, cuidadores e/ou familiares, pois por vezes a intervenção também se direcciona para fornecimento de estratégias e orientação aos mesmos ou outros profissionais/técnicos que interajam com o utente.

Em situações específicas, também poderão existir sessões de grupo, quando tal possa ser benéfico para utentes com a mesma patologia, não deixando de existir orientações a nível individual.

A intervenção do Terapeuta da Fala deverá estar integrada em equipas multidisciplinares, como por exemplo: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, dietistas, professores ou educadores.

O papel do Terapeuta da Fala no doente oncológico

Na área específica da oncologia a intervenção incide principalmente nos doentes com tumores da cabeça e pescoço. O tratamento é específico, com particular relevância nas áreas de voz, articulação, deglutição e motricidade orofacial, e carece de uma abordagem especializada. Esta abordagem está relacionada com o tipo de cirurgia e/ou os outros tipos de tratamento, quimioterapia e/ou radioterapia e ainda com os efeitos adversos dos mesmos.

Estas patologias têm consequências muito graves na qualidade de vida do doente, quer ao nível da comunicação, como da alimentação ou da auto-imagem, acarretando ainda alterações ao nível psico-socio-económico. É fundamental o trabalho do Terapeuta da Fala, inserido na vasta equipa de profissionais, para reabilitar com vista à melhor reintegração do indivíduo na sociedade. Os tempos de acompanhamento são bastante variáveis e relacionados com os factores enunciados anteriormente.

Fonte: http://www.aptf.org/#!reas-de-interveno/c1lx3

 

Maria Filomena Gonçalves e Ana Raquel Sousa, Terapeutas da Fala

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Dia Mundial da Voz
Em plena natureza, entre flores, folhas ou raízes, actores encontram remédios a que recorrem para cuidar e tratar a voz, desde...

Maria Feliz há mais de 20 anos que se dedica à medicina popular. Débora e Silvano são actores da companhia de teatro Filandorra que recorrem a chás para cuidar da voz, cujo dia se assinala hoje a nível mundial.

Maria é alemã e escolheu viver junto ao rio Sôrdo, em Moçães. É preciso descer uma encosta longa e íngreme para chegar a sua casa, e é ao longo deste trajecto que planta e recolhe muito do que precisa para a sua alimentação ou para os remédios naturais que faz.

“A natureza fornece-nos praticamente tudo o que precisamos”, afirmou.

Desde uma pequena infecção a uma doença mais grave, Maria garante que há flores, folhas, raízes ou frutos que ajudam nos tratamentos, aos quais diz que há cada vez mais pessoas a recorrer.

Para a voz e as doenças que podem afectar a garganta, criou algumas receitas que “qualquer pessoa pode fazer em casa”.

Por exemplo, para uma rouquidão ou constipação, preparou um antibiótico caseiro com própolis, uma substância resinosa obtida pelas abelhas, à qual junta álcool e que depois se deve tomar conjuntamente com pólen.

Já para uma laringite crónica criou um chá mais complexo que leva vários ingredientes: perpétua roxa, salva, flor de sabugueiro, violeta, algumas folhas de língua de ovelha, limão e gengibre, e que se deve beber ao longo do dia morno e adoçado com mel.

Algumas destas plantas podem também servir para fazer compressas que depois se colocam junto ao pescoço.

São receitas que tratam os males da voz e que diz que são mais baratas.

Na sede da Filandorra, na cidade de Vila Real, os actores começam por fazer o aquecimento da voz, um passo essencial no cuidado que têm que ter com esta importante ferramenta de trabalho.

“Os espectáculos aqui são muito constantes. Mesmo que não seja espectáculos num teatro são espectáculos de rua, portanto a nossa voz está sempre ‘on fire’. Temos mesmo que cuidar dela senão não há nada”, afirmou Débora Ribeiro.

E, na hora de escolher entre remédios químicos ou naturais, esta actriz disse prefere os naturais e que é ela mesma que faz os chás em casa e que leva para o local de trabalho.

Os seus preferidos são os de perpétua roxa, de gengibre ou até o mais comum, de cidreira.

“Principalmente quando estou afónica o chá de gengibre é aquele que mais efeito faz. No final temos que trincar a raiz e chupar um pouco. É horrível mas tem os seus benefícios”, referiu.

Silvano Magalhães tem voz possante e faz questão de a tratar com o máximo de cuidado. Não fuma, não bebe bebidas geladas ou gaseificadas e protege a zona do pescoço quando está o tempo mais frio.

“E sim, opto por beber chás, principalmente antes dos espetáculos”, sublinhou.

Este actor gosta do chá de perpétuas roxas, mas também do de casca de cebola.

“Falo por experiência própria. Já fiquei afónico na noite de uma estreia e não houve remédio comprado na farmácia que resolvesse a situação. Optei pelos remédios naturais como os chás e naquele momento eu fiquei bem”, referiu.

É também uma ferramenta que se desgasta e por isso diz que, antes de entrar no palco, é preciso não falar muito alto, não gritar, porque isso pode também “romper as cordas vocais”.

“Se não tivermos estes cuidados, mais tarde ou mais cedo vão aparecer nódulos nas cordas vocais e isso é um problema muito grave”, sublinhou.

Este actor garante que consegue actuar apenas com a sua voz e corpo, mesmo sem cenários, figurinos ou palco.

“Na Filandorra há muitos espetáculos com muita palavra, o que nos exige todos estes cuidados”, concluiu.

O Dia Mundial da Voz foi comemorado pela primeira vez em 2003 com o objectivo de dar visibilidade à voz.

Nutricionistas contestam
Cerca de meia centena de nutricionistas e alunos de Ciências da Nutrição manifestaram-se no Porto, contra a convergência das...

“Não à convergência porque é uma indecência”, “queremos uma ordem, não uma desordem” ou “profissões diferentes não são convergentes”, gritavam os profissionais à porta da sede da Ordem dos Nutricionistas.

A Ordem dos Nutricionistas, que actualmente regula as profissões de nutricionista e dietista, iniciou o processo de convergência das profissões, fazendo com que desapareça a de dietista, após ter sido intimada pela Assembleia da República.

Nutricionista desde 2012, Maria Maia está contra a “fusão” das duas profissões, porque são diferentes.

“Nós, nutricionistas, somos técnicos superiores de saúde e eles, dietistas, técnicos de diagnóstico. São profissões que se complementam, por isso, ambas necessárias”, disse.

Maria Maia explicou que, na prática, os nutricionistas avaliam os doentes, prescrevem planos alimentares e a terapêutica nutricional, já os dietistas exercem funções ao nível da dietética.

“Esta proposta de convergência de profissões tem sido feita sem qualquer transparência e sentimos que a ordem não nos defende”, frisou.

Na opinião de Bárbara Nogueira, recém-licenciada em nutrição, a convergência das duas profissões vem reduzir as ofertas no mercado de trabalho.

O que a ordem pretende é que um dietista passe a ser nutricionista, através de uma “passagem administrativa e não académica”, prejudicando quem andou anos a estudar numa universidade.

Dizer que os dietistas podem ser iguais aos nutricionistas, equivale a dizer que os técnicos de farmácia podem ser farmacêuticos, exemplificou.

Considerando o descontentamento legítimo, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas afirmou que a fusão das duas profissões é a “melhor solução”.

Na opinião de Alexandra Bento, a convergência das profissões garantirá a estes profissionais uma “maior representatividade” no mercado de trabalho e nos órgãos do governo, conferindo-lhes uma maior força reivindicativa na resolução dos problemas que afectam a classe.

A responsável lembrou que a proposta de extinguir a profissão de dietista, mantendo-se apenas a de nutricionista, foi feita pela Assembleia da República, pelo Governo e pelo provedor de Justiça.

Este processo de junção que, segundo a bastonária, engrandecerá a ordem, será feito através de uma “harmonização” da formação.

Alexandra Bento mostrou-se disponível para receber os manifestantes, mas estes recusaram.

Especialista afirma
A médica internista Lèlita Santos disse em Coimbra que as doenças autoimunes ainda não são diagnosticadas precocemente, sendo...

A maior parte do diagnóstico "ainda não é precoce", disse Lèlita Santos, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, frisando que o tratamento e o diagnóstico são os dois grandes desafios nas doenças autoimunes, para além da necessidade de se conhecer as suas causas.

Hoje, "fazem-se mais diagnósticos" destas doenças que há dez ou doze anos, mas ainda não é um diagnóstico precoce, sendo necessária uma "ligação da medicina interna com os médicos de medicina geral e familiar", visto estas doenças não serem "frequentes", frisou a também presidente da comissão organizadora do 4º Congresso Nacional de Autoimunidade, que vai decorrer em Coimbra, entre quinta-feira e sábado.

"O diagnóstico precoce vai-nos permitir tratar cedo o doente e evitar as complicações nos órgãos", sublinhou Lèlita Santos, sendo depois necessária uma equipa "multidisciplinar para tratar estas doenças" e não apenas médicos de uma ou outra especialidade.

Segundo a médica internista, as pessoas que sofrem destas doenças "enfrentam alguns problemas".

Sendo pessoas jovens, "acabam por ter uma ou outra incapacidade, podendo ter problemas de relacionamento familiar ou social ou problemas económicos", referiu, sublinhando ainda que nem todas as doenças têm isenção de taxas moderadoras.

"Algumas têm parcelarmente, outras não têm e algumas têm descontos ou a possibilidade de medicamentos mais baratos", sendo necessária a isenção de taxas moderadoras para pessoas com doenças autoimunes, defendeu.

O 4º Congresso Nacional de Autoimunidade vai abordar, ao longo de três dias, temas como o transplante hematopoiético nas doenças autoimunes, doenças indiferenciadas do tecido conjuntivo, gravidez e doenças autoimunes, ou competência e formação em doenças autoimunes.

Prémio João Cordeiro
O Prémio João Cordeiro – Inovação em Farmácia está de volta em 2015, com o objectivo de apoiar projectos originais no âmbito da...

Promovida pela Associação Nacional das Farmácias (ANF), a iniciativa procura ideias com impacto prático e mais-valias reais para as farmácias e os seus utentes. Por isso, está aberto a qualquer sector profissional e a pessoas ou instituições de Portugal ou do estrangeiro. Um conjunto de características que o tornam único no nosso país.

Em 2015, o Prémio João Cordeiro – Inovação em Farmácia apresenta duas novas categorias. Além do prémio principal, atribuído ao melhor projecto de Inovação em Farmácia, estão abertos a concurso projectos que se enquadrem nas categorias Responsabilidade Social e Comunicação Social em Farmácia.

Mais do que um reconhecimento, o Prémio João Cordeiro – Inovação em Farmácia, prevê o acompanhamento dos projectos vencedores até à sua concretização. Na primeira edição, em 2014, o prémio principal foi conquistador por um grupo de professores da Faculdade de Ciências e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que desenharam uma aplicação móvel que permite conectar os utentes às farmácias através de smartphone.

O melhor projecto de Inovação em Farmácia terá o prémio de 20.000€. Para cada uma das outras duas categorias estão destinados 7.500€.

Os trabalhos seleccionados serão avaliados por um júri independente presidido por Diogo de Lucena e composto por um conjunto de personalidades de relevo em várias áreas, sobretudo atentas às questões do empreendedorismo e da inovação. Ao atribuir ao Prémio o nome de João Cordeiro, a ANF presta também homenagem à visão empreendedora do líder histórico das farmácias, para que o seu exemplo seja um estímulo ao desenvolvimento do sector. A sessão pública de entrega do Prémio da edição de 2015 terá lugar em Outubro.

Fique a conhecer mais sobre o prémio, categorias, júri e regulamento, em: www.premiojoaocordeiro.pt

Europa e África
A Europa, as suas regiões ultraperiféricas e Cabo Verde estão a desenvolver um projecto com o objectivo de coordenar todos os...

Segundo avançou na Cidade da Praia, José Manuel Vega, coordenador do projecto Rede Euro Africana de Emergência Sanitária (REACT), o objectivo é coordenar e colocar todos os meios de emergência sanitária que os países têm ao seu alcance para providenciar maior e melhor segurança às populações.

O projecto, que deveria terminar em Outubro de 2014, mas devido ao seu sucesso foi alargado até Outubro próximo, tem também como objectivo a promoção da saúde e ter impacto na economia, através do turismo, e fazer com que os turistas que visitem esses países se sintam seguros.

"Para isso, estamos realizando actividades que reforcem a protecção civil e os serviços de emergência, coordenando hospitais, protecção civil, bombeiros, militares, e a realizar cursos de primeiros socorros para funcionários de hotéis, da cruz vermelha, voluntários", disse o responsável, durante um seminário realizado na Cidade da Praia.

"A segurança sanitária é o lema fundamental. Tem que ser importante, tanto para os cabo-verdianos residentes, como para os turistas", prosseguiu José Manuel Vega, para quem é preciso oferecer segurança nos hospitais, nas evacuações, na atenção primária, nos primeiros socorros e nas águas de banho nas praias.

Além do turismo, o coordenador do REACT disse que se pretende incidir no meio ambiente, pelo que apelou ao esforço de toda a sociedade no compromisso de colaborar na segurança sanitária.

O projecto é financiado pela União Europeia no valor de 373 mil euros, no âmbito do programa de cooperação transaccional Madeira-Canárias-Açores.

Centros de saúde
A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar lamentou a falta de braçadeiras nos centros de saúde que permitam fazer um...

“Não temos braçadeiras em número suficiente para fazermos a monitorização ambulatória da tensão arterial (MAPA). Depois de termos o ‘softwarwe’ faltam-nos as braçadeiras”, disse o presidente da Associação durante a apresentação de um estudo sobre hipertensão.

A monitorização da tensão regista durante 24 horas a pressão arterial durante a actividade diária normal do doente, o que é feito aplicando no paciente uma braçadeira que se liga a um aparelho de registo transportado à cintura.

“Precisávamos de ter aparelhos destes em cada unidade de saúde familiar e em cada centro de saúde. Já termos aparelhos e não termos braçadeiras suficientes é ridículo”, comentou Rui Nogueira.

Em resposta a esta situação, o secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde admitiu que o Ministério “não tem uma estatística de braçadeiras em falta” que permita perceber qual a dimensão do problema.

Contudo, Leal da Costa considerou que as administrações dos centros de saúde e as administrações regionais de saúde devem ter atenção a esta questão.

“Há pequenas coisas de baixa tecnologia que acabam por ter um impacto na saúde pública acima de outras, como medicamentos de alto custo ou outras tecnologias muito mediatizadas”, afirmou o secretário de Estado, também presente na sessão de apresentação do estudo sobre hipertensão em Portugal, que analisou os utentes inscritos nos centros de saúde e com médico de família.

Associação propõe
A Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar propôs que os hipertensos e diabéticos tenham prioridade no acesso ao...

Durante a apresentação de um estudo sobre hipertensão em Portugal, o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) considerou que há que resolver o problema do acesso dos doentes ao médico de família, havendo desigualdades regionais significativas.

Por exemplo, no Norte são 94% os utentes com médico de família, enquanto no Algarve não chegam aos 70%.

“O acesso é assimétrico. Seria razoável dar prioridade aos doentes hipertensos e diabéticos no acesso ao médico de família”, defendeu Rui Nogueira, admitindo que o mesmo poderia fazer-se para as crianças.

O médico lembrou que os doentes hipertensos, além do problema da tensão arterial, têm geralmente de controlar outros factores de risco, havendo necessidade de uma abordagem mais abrangente.

Aliás, no estudo mostrou-se que metade dos doentes com hipertensão tem também colesterol elevado.

O estudo aponta ainda para um mau controlo da hipertensão, sobretudo na população idosa, a mais afectada pelo problema.

Para o presidente da Associação de Medicina Geral e Familiar, é necessário prestar mais atenção aos doentes hipertensos, havendo ainda “um longo caminho a percorrer” no controlo e prevenção do problema.

Ministério da Saúde
Cerca de três milhões de utentes inscritos nos centros de saúde não foram uma única vez ao médico de família durante o último...

O secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde revelou, durante a apresentação de um estudo sobre hipertensão, que o levantamento dos utentes que não frequentaram os centros de saúde no último ano foi feito há cerca de duas semanas.

“Temos de aumentar a captação de doentes. Temos de transformar os nossos centros em centros de saúde e não apenas em sítios de doença”, afirmou Leal da Costa, referindo que muitas pessoas não vão ao médico por se sentirem saudáveis.

Em declarações aos jornalistas no final da apresentação do estudo sobre hipertensão, o governante sublinhou a importância de ir ao médico de medicina geral e familiar pelo menos uma vez por ano.

Leal da Costa manifestou-se preocupado com o facto de haver “uma franja de doente não diagnosticados” para alguns problemas, como a hipertensão.

O secretário de Estado defendeu que tem de se apostar na prevenção dos problemas de saúde, levando as pessoas a fazer mais exercício físico, a consumir menos sal e açúcar e a reduzir o tabagismo.

É também na lógica da prevenção, defendeu, que é importante que os centros de saúde chamem os doentes que não visitam o médico por longos períodos de tempo.

Actualmente, os utentes com médico de família que não frequentam o centro de saúde durante três anos são contactados e caso não manifestem interesse em continuar com médico atribuído perdem o seu médico de família.

Leal da Costa manifestou ainda a intenção de alterar a forma de cálculo da lista de utentes por médico de família, introduzindo factores como a idade dos doentes ou o tipo de patologias, até porque os factores de ponderação para a lista de utentes não são actualizados desde 2007.

Estão neste momento a decorrer as negociações com os sindicatos médicos sobre a lista de utentes por médico de família, que actualmente tem o limite máximo de 1900 doentes.

Empresa de Coimbra
Uma nanopartícula desenvolvida por uma empresa de Coimbra poderá resultar num medicamento indicado para o cancro da mama triplo...

Em declarações, a investigadora Vera Dantas Moura, responsável da empresa Treat U, do grupo Bluepharma, afirmou que a Pegasemp - uma nanopartícula inteligente, 80 vezes menor que uma célula, que reconhece os tumores actuando directamente nos alvos cancerígenos - "está a trazer esperança" aos doentes com cancro da mama triplo negativo.

"É um tipo de cancro que não tem nenhum tratamento específico indicado, pelo que é muito mais difícil e muito mais doloroso tratá-lo", explicou, adiantando que a nanopartícula - que quando administrada na corrente sanguínea do doente reconhece tumores e liberta o tratamento de quimioterapia como se de uma granada se tratasse - "permite um tratamento mais eficaz e menos doloroso".

A investigação concluiu no início do ano os testes laboratoriais em animais saudáveis, concretamente sobre o perfil toxicológico, um estudo que pretende demonstrar a segurança da utilização do medicamento e que está pronta para iniciar em 2015 ensaios clínicos em humanos.

De acordo com Vera Dantas Moura, os resultados dos testes laboratoriais demonstraram que a Pegasemp promete ser segura: "Para haver níveis toxicamente visíveis, a dose teria de ser aumentada duas a quatro vezes", indicou.

Os ensaios clínicos decorrem em três fases, as duas primeiras possíveis de realizar em Portugal, através de uma empresa do grupo farmacêutico Bluepharma e à qual estão associados mais de uma dezena de centros de saúde e hospitais.

A primeira fase dos ensaios clínicos, explicou a investigadora, "pretende explorar a dose que o paciente consegue tolerar" e deverá decorrer durante cerca de seis meses. Na segunda fase dos ensaios, que decorrerão ao longo de um ano, a dose identificada na primeira fase é administrada aos doentes para aferir da eficácia do medicamento.

A terceira fase implica o envolvimento de unidades de saúde diferenciadas "em países diferentes" por parte de grandes empresas farmacêuticas, antes do medicamento poder ser aprovado pelas entidades competentes e entrar em comercialização.

Vera Dantas Moura disse ainda que a Pegasemp possui já três patentes registadas nos EUA e está "pronta para ser produzida" à escala industrial.

"É um medicamento inteiramente português, pronto para ser utilizado", referiu, dizendo esperar que, após os ensaios clínicos, o medicamento possa chegar ao mercado dentro de três anos.

Estudo
Mais de 70% dos dois milhões de idosos registados nos centros de saúde em Portugal têm hipertensão, um problema que afecta 2,6...

De acordo com o estudo apresentado pela Direcção-Geral da Saúde, a prevalência da hipertensão nos homens com mais de 65 anos é de 71,3% e nas mulheres idosas está acima dos 75%.

O coordenador nacional das doenças cardiovasculares admite que a hipertensão entre os mais velhos é muito elevada, além de o estudo apontar para um mau controlo do problema neste grupo etário.

Apenas cerca de 35% dos hipertensos com mais de 65 anos tem a sua hipertensão arterial controlada.

Neste estudo, que analisou utentes inscritos nos centros de saúde e com médico de família, a taxa de prevalência da hipertensão global em Portugal situa-se nos 26,9%, sendo mais elevada no sexo feminino (29,5%) do que no sexo masculino (23,9%).

Ao todo, são mais de 2,6 milhões de utentes dos centros de saúde com hipertensão, 1,4 milhões deles têm mais de 65 anos.

O coordenador nacional para as doenças cardiovasculares, Rui Cruz Ferreira, sublinha que este estudo é um ponto de partida importante, uma vez que se trata de uma análise de larga escala que permite ter elementos estatísticos a nível nacional que possibilitem uma intervenção mais dirigida.

O estudo deixou ainda perceber diferenças regionais consideradas significativas quanto à prevalência e controlo da hipertensão.

Em termos de prevalência, a administração regional de Lisboa e Vale do Tejo é a que regista menor taxa de doentes, enquanto o Alentejo é a que tem maior prevalência, muito próxima dos valores do Algarve.

No que respeita ao controlo da hipertensão por regiões, são verificadas também “diferenças significativas”, principalmente entre a região norte (cerca de 40% de controlo da doença) e a região do Algarve (cerca de 20%).

O cardiologista Espiga de Macedo, que apresentou o estudo, considerou “muito, muito baixa” a percentagem de hipertensos controlados na região do Algarve, admitindo que este indicador possa estar relacionado com o facto de ser a zona do país com maior taxa de doentes sem médico de família.

Aliás, no barlavento algarvio, onde metade da população não tem médico de família, regista-se nos centros de saúde uma prevalência de 46% de hipertensão.

Para Espiga de Macedo, os resultados positivos de controlo da hipertensão na zona Norte mostram que Portugal “tem a obrigação de atingir os mesmos valores noutras regiões”.

O estudo concluiu ainda que metade dos doentes hipertensos em Portugal tem um valor de colesterol elevado.

Benéfico ou prejudicial
As guidelines sugerem que o exercício ideal deverá realizar-se 5 a 7 vezes por semana, ter a duração

Se se fizer uma pesquisa no Google sobre este tema, encontrar-se-ão alguns artigos recentes que parecem emitir um parecer unânime: “Training very hard 'as bad as no exercise at all".

Uma das principais fontes deste parecer é o artigo do Journal of American College of Cardiology intitulado “Dose of Jogging and Long-Term Mortality The Copenhagen City Heart Study”.

Num estudo comparativo, os seus autores avaliaram 1.098 joggers saudáveis (com idades compreendidas entre os 29 e os 86 anos) e 3950 non joggers também saudáveis, que foram acompanhados prospetivamente desde 2001.

A análise dos respetivos resultados baseava-se na premissa de que, as pessoas que são fisicamente ativas têm uma diminuição do risco de mortalidade global de 30%, em comparação com aquelas que estão inativas. Apesar desta asserção, a dose ideal de exercício para melhorar o estado de saúde e a longevidade nunca chegou a ser estabelecida em estudos científicos.

As guidelines sugerem que o exercício ideal deverá realizar-se 5 a 7 vezes por semana, ter a duração de 30 minutos e intensidade moderada, embora nos indivíduos treinados se possa também recomendar a combinação de exercícios de intensidade moderada com exercícios de maior intensidade.

Os resultados deste estudo apontam para o seguinte:

- a duração total ideal do exercício deveria ser de 1 a 2.5 horas por semana;

- a frequência ideal deveria ser 2 a 3 vezes por semana;

- a velocidade deveria ser moderada, cerca de 8 km/ hora (equivalente a 6 METS).

Um dos aspetos mais interessantes foi o aparecimento de uma curva em U de mortalidade global, a expressar um comportamento bimodal dos resultados. Assim:

- o grupo que praticou obsessivamente, usando uma elevada intensidade, apresentou uma taxa maior de mortalidade em comparação com o grupo de intensidade moderada;

- o grupo que praticou jogging, com intensidade ligeira e moderada, obteve maior benefício, tendo mostrado uma mortalidade global significativamente menor que a dos sedentários.

Poder-se-á então concluir que:

1- Os benefícios da prática do exercício de intensidade moderada deverão encorajar cada vez maior número de indivíduos a aderir ao jogging.

2- Por outro lado, parece também muito importante salientar a este respeito que “mais não é melhor” quando nos referimos aos efeitos da mortalidade global dos joggers.

3- Pode não ser possível a extrapolação destas conclusões para outras modalidades desportivas, uma vez que não existem ainda estudos suficientes.

Recordo as palavras de um médico australiano que, há alguns anos atrás, no final da sua conferência fazia uma pergunta acerca dos efeitos benéficos do exercício físico intenso e prolongado “ Será possível tomar uma dose muito elevada de uma coisa boa sem que faça mal à saúde?” A sua resposta, já nessa altura, era um NÃO.

 

Prof. Ovídio Costa. Cardiologista. Diretor do Serviço de Cardiologia da Clínica do Dragão – FIFA Medical Centre of Excellence.

 

Este texto foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.

 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Brochura explica
Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução vai lançar uma brochura para médicos e doentes com essa informação.

O cancro está a aumentar e atinge cada vez mais pessoas em idade fértil. A quimio e a radioterapia afectam a fertilidade, mas ter um filho depois de um cancro não é impossível.

A falta de informação é um aliado da infertilidade, diz a presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução. Por isso, este organismo elaborou uma brochura para médicos e doentes com essa informação.

Os doentes têm de ser alertados para este efeito secundário dos tratamentos e encaminhados para a prevenção. “Quando planeiam a terapêutica e falam dos seus efeitos, os oncologistas devem incluir este efeito secundário da infertilidade e tentar quantificá-lo tanto quanto possível porque a incidência deste efeito secundário é diferente consoante a idade do doente e o tratamento a que vai ser sujeito”, explicou à Renascença Teresa Almeida Santos.

Para esta especialista, o primeiro passo é informar sobre o risco da infertilidade, e a brochura ajuda nesse sentido. “Depois, caso o doente necessite ou esteja interessando em esclarecer melhor o assunto, ou precisar mesmo de preservar os seus gâmetas (células sexuais) deverá referenciar para um centro onde isso pode ser feito”.

O mais frequente na mulher é o cancro da mama e nos homens são os tumores do testículo e os linfomas.

A presidente da Associação de Reprodução reconhece que a situação tende a agravar-se, porque estando a incidência do cancro a aumentar, também está a subir o número de casais que adiam a idade da primeira gravidez. “Temos todas as condições para um aumento do número de pessoas que ainda não tiveram filhos, ou ainda não tiveram todos os filhos que desejam, e que são atingidos por um cancro com a possibilidade de afectar a sua fertilidade”.

A brochura sobre a preservação da fertilidade em doentes oncológicos vai ser lançada nas Jornadas Internacionais de Estudos da reprodução, que têm lugar hoje, em Óbidos.

 

Na ESEnfC
Duas professoras do Instituto Regional de Formação Sanitária e Social de Rhône-Alpes da Cruz Vermelha Fancesa, Evelyne Estelle...

O encontro com a comunidade educativa da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), inserido no programa de mobilidade “Erasmus +”, está marcado para amanhã às11h00, nas instalações do Polo B - Auditório Novo.

O Instituto Regional de Formação Sanitária e Social da Cruz Vermelha Francesa é o primeiro formador no seu domínio em Rhône-Alpes, com cursos oferecidos em quatro cidades da região: Lyon, Saint-Etienne, Valence e Grenoble.

O Instituto Regional de Formação Sanitária e Social (IRFSS) de Rhône-Alpes é um dos 20 institutos regionais de Saúde e Formação Social da Cruz Vermelha em França.

A ESEnfC tem parcerias com 77 instituições de ensino superior da Europa, com 14 universidades do Brasil e com outras da América Latina, dos Estados Unidos, de países africanos de expressão portuguesa e com o Instituto Politécnico de Macau.

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