DGS alerta
A Direcção-Geral da Saúde alertou para dificuldades no fornecimento da vacina contra a tuberculose nos próximos meses e...

As reservas existentes da vacina (BCG) nas Administrações Regionais de Saúde “devem de ser geridas ao nível regional, concentrando as vacinas existentes nas maternidades ou fazendo marcações para vacinação”, diz a Direcção-Geral da Saúde (DGS) em comunicado.

No mesmo diz-se ainda que os utentes que forem afectados pela falta de vacina devem de ser informados e tranquilizados sobre a situação, e que todas as crianças que não forem vacinadas deverão de ser contactadas pelo respectivo centro de saúde logo que este receba novo fornecimento de BCG.

Citando a empresa que distribui a vacina BCG em Portugal a DGS diz que a situação deve de estar regularizada no final de Maio.

Os constrangimentos devem-se “a dificuldades por parte do Laboratório Público da Dinamarca que fornece as vacinas a Portugal”, diz-se no comunicado.

Ainda que a situação não constitua “risco para a saúde pública” é importante “reforçar outras medidas de prevenção da tuberculose”, acrescenta-se.

Prémio Santander Totta/UNL
Cientistas da Universidade Nova de Lisboa propõem-se desenvolver em laboratório a doença de Alzheimer, recorrendo a técnicas de...

Cláudia Almeida, investigadora do Centro de Estudos de Doenças Crónicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa (UNL) e coordenadora da equipa, explicou que o trabalho visa, numa primeira fase, "transformar neurónios normais" humanos em "neurónios em risco de desenvolver a doença" e "usar o modelo para validar os mecanismos da doença e novas terapêuticas".

A sua equipa vai pegar em fibroblastos (células presentes na pele) normais de humanos adultos, reprogramá-los para se transformarem em neurónios (células do sistema nervoso) e cultivá-los em 3D (neuroesferas).

Nos neurónios normais criados serão colocadas "alterações dos genes que estão relacionadas com a doença de Alzheimer, conferindo risco de desenvolvimento da doença" neurodegenerativa, na sua fase tardia, a que ocorre após os 65 anos.

A investigadora esclareceu que o grupo pretende "recapitular as principais características da doença", nomeadamente ver se há alterações no biomarcador beta amiloide, o principal constituinte das placas de amiloide observadas no cérebro de pessoas com Alzheimer.

O projecto de investigação conta, também, com a colaboração da cientista Catarina Brito, especialista em culturas 3D da Unidade de Tecnologia de Células Animais do Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier e do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica, da UNL.

O Prémio de Investigação Santander Totta/UNL, no valor de 25 mil euros, será entregue, a 22 de Abril, na reitoria da universidade, de acordo com uma nota da organização divulgada.

A distinção resulta da colaboração entre a UNL e a instituição bancária, que concede o montante, e visa premiar a investigação nas áreas das ciências da vida, ciências sociais e humanas, ciências exactas e engenharias.

A oitava edição, referente a 2015, abrangia trabalhos na área das ciências da vida.

Médicos espanhóis
Os dermatologistas do Hospital do Mar de Barcelona, em Espanha, identificaram um novo biomarcador do melanoma maligno que prevê...

Os dermatologistas da unidade hospitalar de Barcelona e investigadores do Instituto Hospital do Mar de Investigações Médicas (IMIM) descobriram que uma proteína, denominada “NcoR”, que regula a transcrição genética (processo de transferência da informação do ácido desoxirribonucleico [ADN]) tem um papel chave na evolução do melanoma maligno.

A investigação, que foi publicada na revista Oncotarget, demonstra que a distribuição da proteína “NcoR” dentro das células dos tumores é um indicador de previsão da evolução o melanoma maligno, mesmo quando analisado nas fases iniciais da doença.

Segundo o chefe da secção do serviço de Dermatologia do Hospital do Mar, Fernando Gallardo, até agora não havia marcadores de prognósticos a nível molecular que fossem indicativos de uma melhor ou pior evolução do melanoma maligno, que é o tipo mais agressivo o cancro de pele e provoca anualmente mais de 20 mil mortes na Europa e mais de 50 mil no mundo.

Ainda que tenha um índice de cura elevado quando está localizado só na pele, este cancro não tem cura quando se estende a gânglios ou metástases alargadas.

No entanto, os especialistas indicaram que as diferenças na expressão genética (processo de transformação da informação genética em proteínas necessárias para o funcionamento e desenvolvimento das células) nestes cancros fazem com que o seu comportamento varie bastante de um paciente para outro, ainda que estejam na mesma fase da doença.

Tanto assim que, em alguns melanomas, mesmo sendo detectados e tratados em estados iniciais da enfermidade, acabam tendo uma evolução fatal.

“É muito importante detectar o melanoma maligno em fases iniciais para poder tratá-lo, mas também há que dispor de marcadores fiáveis que nos permitam prever a sua evolução”, disse Gallardo.

“A identificação do 'NcoR' como novo biomarcador abre a porta para termos uma ferramenta que permita prever como evoluirá a doença em cada paciente, mas, além disso, permitirá identificar que pessoas podem se beneficiar de futuras terapias baseado no controlo desta proteína”, afirmou ainda Gallardo.

Em Luanda
Uma delegação do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, liderada pelo seu presidente, Francisco Brízida...

Das 17 comunicações a apresentar ao 3.º Congresso de Medicina Legal e Ciências Forenses da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), sete serão proferidas pelos membros da representação portuguesa, que inclui também o vice-presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), João Pinheiro, mais seis especialistas do quadro deste instituto.

“À medida que Angola e outros países da CPLP vão evoluindo no sentido da normalidade da vida democrática, sentem também necessidade de ter este tipo de serviços”, disse João Pinheiro.

O desenvolvimento da medicina legal e das ciências forenses, registado nos últimos anos no mundo, “é cada vez mais necessário para uma melhor administração da justiça, sobretudo na área dos vivos”, acrescentou.

No seio da CPLP, o INMLCF “pode ter um grande papel, porque Portugal vai mais à frente”, especialmente em relação a antigas colónias portuguesas que viveram longos períodos de guerra, como é o caso de Angola, Moçambique e Timor-Leste.

“O percurso destes países é o que Portugal já empreendeu”, sublinhou João Pinheiro.

Hoje, em diferentes locais de Luanda, antecedendo o programa do congresso, já foram realizados quatro cursos práticos sobre “Investigação do local do crime e técnica de autópsia médico-legal”, “Técnicas de colheita, preservação e transporte de amostras para exame forense”, “Técnicas e noções básicas de antropologia forense” e “Avaliação do dano corporal pós-traumático – estado da arte”.

Os cursos foram orientados pelos especialistas do INMLCF Luísa Eiras, Teresa Ribeiro, Maria Cristina Mendonça, Fernanda Rodrigues e Susana Tavares.

Na terça-feira, na abertura dos trabalhos do congresso, às 9:30h, Francisco Brízida Martins e João Pinheiro dissertarão em torno dos temas “Medicina legal e ciências forenses: o contributo para a paz, justiça e segurança” e “INMLCF e organização médico-legal portuguesa: formação e potencialidades da cooperação”.

“A língua é um facilitador desta nossa colaboração”, realçou o médico legista João Pinheiro.

O Congresso de Medicina Legal e Ciências Forenses da CPLP realiza-se, de dois em dois anos, num dos países da comunidade.

As primeiras edições decorreram no Funchal (Portugal) e em Fortaleza (Brasil).

Durante três dias, o terceiro congresso vai reunir 250 participantes, maioritariamente médicos, juristas, investigadores, polícias e estudantes do país anfitrião, em instalações da Assembleia Nacional, na capital angolana.

Grande Porto
O Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária identificou recentemente uma nova praga em citrinos na área do...

De acordo com um ofício da Direcção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), datado do dia 9 de Março, o insecto – psila africana –, “além de provocar estragos directos, pode veicular uma doença muito grave dos citrinos denominada ‘Citrius greening’ causada por uma bactéria muito destrutiva” e que faz com que o fruto cresça pouco e se apresente deformado e descolorido.

Contactada, Gisela Chicau, da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, garantiu que o consumo de citrinos recolhidos em árvores afectadas pela praga “não tem qualquer risco para a saúde humana”.

Depois de em Dezembro do ano passado Espanha ter notificado a primeira detecção desta praga na zona da Galiza, foi levada a cabo uma vigilância suplementar particularmente dirigida à zona norte do país, “tendo sido detectada a presença deste insecto em citrinos isolados em jardins particulares na área do Grande Porto em Janeiro de 2015”, lê-se no ofício, disponível na internet.

“Da prospecção exaustiva realizada verifica-se que as detecções se circunscrevem à Área Metropolitana do Porto”, refere o documento, especificando que a praga foi detectada em diversas freguesias dos concelhos de Gondomar, da Maia, de Matosinhos, do Porto e de Gaia.

A psila africana, que foi “observada pela primeira vez na Europa, em 1994, na ilha de Porto Santo (Madeira)”, provoca a deformação das folhas novas, que ficam enroladas acentuadamente para o interior, atrofiadas e amareladas.

Como medida de combate a esta praga de quarentena, a Direcção Regional salienta a proibição da entrada no país de material de propagação de citrinos, o corte e queima de imediato dos ramos com sintomas, seguindo-se um tratamento contra as formas hibernantes de insectos e ácaros à base de óleo de verão, tendo cuidado de atingir completamente a copa da árvore.

“As árvores afectadas devem ser sujeitas a monitorização durante o ano, para confirmação da eliminação ou não da praga e continuação de aplicação de medidas para o seu combate”, acrescenta a Direcção Regional, na nota de divulgação da praga, disponível em http://www.drapn.mamaot.pt/drapn/conteudos/edm/Circular_03_2015.pdf.

Gisela Chicau referiu que qualquer horto e cooperativa dispõem de profissionais habilitados para proceder ao combate desta praga, que implica o uso de insecticidas.

Até ao momento, a praga foi encontrada em árvores de citrinos, na sua maioria limoeiros, nas freguesias de Fânzeres, São Cosme e Valbom (Gondomar), Águas Santas (Maia), Leça da Palmeira, Matosinhos, São Mamede de Infesta e Senhora da Hora (Matosinhos), Aldoar, Nevogilde e Ramalde (Porto) e Arcozelo, Canidelo, Guilpilhares, Madalena, São Félix da Marinha, Valadares e Vilar do Paraíso (Gaia).

"Caso observe sintomas em plantas de citrinos deve contactar a Direcção Regional de Agricultura e Pescas da sua região", apela a DGAV no ofício.

O objectivo, concluiu Gisela Chicau, "é delimitar a zona infestada, acompanhar a mancha para ver a sua evolução".

Carlos Moedas garante
O Comissário Europeu para a Ciência e Inovação, Carlos Moedas, tentou tranquilizar a comunidade científica britânica sobre o...

"A ideia não é diminuir, mas aumentar o financiamento à ciência através do novo 'plano Juncker', porque vai ser muito direccionado para a área da ciência, da tecnologia, do digital e da economia do conhecimento. O que estamos a fazer é aumentar a capacidade de investir na ciência", afirmou em Londres, onde iniciou uma visita de trabalho de dois dias.

O comissário europeu foi confrontado pelo geneticista e prémio Nobel da Medicina Paul Nurse, que o conduziu numa visita aos estaleiros do Instituto Francis Crick, o qual vai presidir, sobre a reafectação de verbas do programa de financiamento Horizonte 2020 para o Fundo Europeu de Investimentos Estratégicos, que privilegiará projectos na economia digital e energia, infraestruturas de transportes em centros industriais, educação, investigação e inovação.

Nurse verbalizou o conteúdo de uma carta assinada por outros cientistas prestigiados sobre a transferência de 2,7 mil milhões de euros, incluindo 221 milhões de euros destinados ao Conselho Europeu de Investigação, que atribui bolsas a projectos científicos de excelência.

"Ao cortar este financiamento, a União Europeia está a dar a mensagem que na Europa não se faz ciência de alto nível, e as ideias que precisamos que se desenvolvam irão para outras partes do mundo", refere a carta, citada pelo jornal The Independent na semana passada.

Paul Nurse vincou: "O que é importante para nós é que exista um bom apoio à ciência e que algumas questões de política sejam bem informadas. Houve alguns soluços com algumas decisões tomadas, mas tenho esperança que pensem bem nelas e que possamos chegar a um entendimento".

Carlos Moedas elogiou a importância da comunidade científica britânica, que só no anterior programa-quadro de apoio à investigação científica captou cerca de sete mil milhões de euros.

"É aquela que representa, em termos de programas da Comissão Europeia, mais sucesso em termos de número de projectos de ciência, investigação e inovação. É vibrante e não é só composta de britânicos, mas também de muitos estrangeiros", vincou.

O comissário iniciou esta primeira visita ao Reino Unido, após assumir as actuais funções, com uma visita aos estaleiros do Instituto Francis Crick, ainda em construção, e que está programado abrir no final deste ano.

Ao todo, representa um investimento de 650 milhões de libras (893 milhões de euros), destinado a criar um ambiente interdisciplinar de investigação em medicina em áreas como o cancro, doenças cardíacas, malária e doenças neurodegenerativas, entre mais de 1.500 trabalhadores.

Carlos Moedas reuniu-se depois com o secretário de Estado para as Universidades, Ciência e Cidades, Greg Clark, e, durante a tarde, acompanhará o presidente da Câmara Municipal de Londres, Boris Johnson, para uma visita a várias instituições científicas da cidade, especializadas em inovação digital.

O dia encerra com uma palestra e discussão na Royal Society, onde se falará da "Ciência sem fronteiras" e da "Diplomacia da ciência".

Na terça-feira, o comissário Europeu terá mais encontros com cientistas e visitas a unidades de investigação, concluindo a viagem a Londres, com encontros com membros da Câmara dos Comuns e da Câmara dos Lordes.

Grande problema de saúde pública
“Chegar a 3 milhões: alcançar, tratar, curar todos” é o mote para as comemorações do 2015.

Todos os anos, a 24 de Março, se assinala Dia Mundial da Tuberculose (TB), um dos grandes desafios de saúde. Em 2013, 9 milhões de pessoas adoeceram com TB e 1,5 milhões morreram.

Este dia é uma ocasião para mobilizar compromissos políticos e sociais para novos progressos no sentido de eliminar a TB, um grande problema de saúde pública.

“Chegar a 3 milhões: alcançar, tratar, curar todos” é o mote escolhido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para as comemorações do 2015.

A OMS convida os agentes da saúde e da sociedade civil para num esforço organizado continuar o compromisso de encontrar, tratar e curar os que estão doentes e acelerar o progresso em direcção à meta de acabar com a epidemia e eliminar a TB até 2035.

O evento anual, comemorado no dia 24 de Março, recorda o dia do ano de 1882 em que Robert Koch anunciou à comunidade científica da altura que havia descoberto a causa da tuberculose, o bacilo TB. Foi o primeiro passo para diagnosticar e curar a tuberculose.

Programa Nacional para a Tuberculose apresenta o relatório

No âmbito do Dia Mundial da Tuberculose o Programa Nacional para a Tuberculose apresenta o relatório "Portugal no grupo dos 20 - centrar a atenção nos grandes centros urbanos".

Esta apresentação hoje – 24 de Março - terá lugar no 8.º piso, edifício da Direcção-Geral da Saúde, em Lisboa, com início agendado para as 10 horas.

Colonoscopias:
Hospitais privados e colégio da especialidade alertam que novo concurso pode ficar deserto, piorando acesso ao meio de...

A Ordem dos Médicos e a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada dizem que se vai agravar o acesso às colonoscopias prescritas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) e que os hospitais públicos não têm capacidade para realizar. Acusam o ministério de pretender baixar os preços para valores “ridículos” que não pagam as despesas, afastando os privados e dificultando o acesso a este meio de diagnóstico do cancro do intestino.

O concurso aberto em Janeiro e que acaba no início de Abril já foi notícia por exigências que a Ordem dos Médicos considerou exageradas e impossíveis de cumprir por não existirem “em lado nenhum”. Contudo, as críticas também se estendem aos valores que o governo pretende pagar aos privados.

O presidente do Colégio de Gastrenterologia da Ordem dos Médicos fez contas e concluiu que, neste concurso, o ministério pretende pagar aos privados um máximo de 69,99 euros por um pacote que inclui uma colonoscopia e uma série de outros procedimentos relacionados com este exame. Procedimentos que, todos juntos, num hospital público, custariam ao Estado quase 500 euros. José Cotter fala em valores “vergonhosos” e uma diferença “impensável”.

O médico acrescenta que se a colonoscopia for com anestesia o privado receberá perto de 150 euros do Estado, muito menos do que paga o utente se se apresentar sem prescrição do SNS e uma descida de 15% face à última tabela publicada há menos de um ano.

O representante da classe sublinha que por estes valores está em causa a qualidade e que muitas clínicas e hospitais privados não vão participar no concurso, complicando o acesso a um meio fundamental de diagnóstico do cancro. José Cotter recorda que estes exames incluem, para além de uma série de fármacos e materiais, um gastrenterologista, um anestesista e uma enfermeira, pelo que o que está em vigor já é “o mínimo dos mínimos para fazer colonoscopias com qualidade”.

A Ordem dos Médicos contesta ainda que o concurso seja feito com base num leilão, com preços máximos muito baixos e em que o único critério de escolha será o valor mais pequeno. José Cotter diz que quem trabalha com qualidade não vai aceitar trabalhar para o SNS.

O presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada também fez contas iguais às dos médicos. Artur Osório diz que os preços “ridículos” e as “exigências absurdas aos privados” são “um convite muito forte à falta de qualidade e para que estes concursos fiquem desertos, levando os portugueses a ficar sem acesso às colonoscopias”. Do lado da Associação de Luta contra o Cancro do Intestino, Vítor Neves explica que não conhece este concurso. Mas sublinha que continuam a existir grandes dificuldades em fazer as colonoscopias a tempo, sem meses de espera, através do SNS, sobretudo na região de Lisboa onde apenas cinco clínicas estão convencionadas.

O representante desta associação explica que as queixas, na zona Sul, são quase diárias, e acredita que foram estas dificuldades que levaram o ministério a abrir este novo concurso para alargar o número de privados que fazem colonoscopias para o SNS.

Contactado pela TSF, o gabinete do ministro da Saúde diz que estas são criticas precoces, uma vez que o modelo do concurso ainda não está fechado.

A mesma fonte garante que o objectivo é não prejudicar quem quer que seja, alcançando as condições de acesso - ponderada a oferta e a procura - o mais abrangentes possível.

MAR Shopping
O MAR Shopping abre na próxima sexta-feira, dia 27 de Março, o Quiosque dos Desejos – um espaço no Atrium, piso 0, onde todos...

À causa juntam-se também figuras públicas como Ana Bravo, Domingos Paciência, Lucília Lara e Tiago Girão que mostrarão que há desejos que, embora possam ser comprados, como estes, não têm preço!

“Já pensou em oferecer magia?” é o tema geral de uma semana em que os visitantes do MAR Shopping poderão adquirir partes de desejos e, mais tarde, partilhar o momento da sua realização com as crianças que os desejaram, se assim pretenderem. Entre 27 de Março e 6 de Abril decorrerão ainda, no espaço envolvente do quiosque, acções de sensibilização e de animação com o objectivo de demonstrar a força que a realização de um desejo tem no combate à doença.

Figuras públicas realizam desejos
Logo no primeiro fim de semana, todas as crianças poderão ser o que desejarem. No sábado, 28 de Março, às 15h30, o ex-jogador e agora treinador de futebol Domingos Paciência estará no MAR Shopping a treinar aspirantes a craques. No mesmo dia, mas às 18h30, e para aqueles que sonham em apresentar um programa de televisão, Tiago Girão, o rosto do desporto no Porto Canal, dará umas dicas num workshop para futuras estrelas da TV.

O casting às princesas abre no domingo, dia 29, às 16h00, com a ex-manequim e maquilhadora Lucília Lara, que transformará meninas em verdadeiras representantes da realeza numa sessão de maquilhagem.

Comer bem é também comer saudável. Podia ser este o lema da nutricionista Ana Bravo e do Chef João Conceição que, na terça-feira, dia 31, às 18h30, estarão a preparar uma Francesinha Saudável.

Quatro palestras, quatro testemunhos
Paralelamente, decorrerão no Fórum da Fnac do MAR Shopping quatro palestras que são também quatro testemunhos sobre o impacto que a realização de um desejo tem numa criança ou jovem com uma doença grave e nas suas famílias.

Programação

Quiosque dos Desejos

Acções de sensibilização e animação Make-A-Wish®
Atrium (piso 0)

27, 28 e 29 de Março - Das 12h00 às 22h00
3, 4 e 6 de Abril - Das 12h00 às 22h00
30 e 31 de Março - Das 18h00 às 22h00
1, 2 e 5 de Abril - Das 18h00 às 22h00

Acções com Figuras Públicas
Atrium (piso 0)

A liga das estrelas! com Domingos Paciência | 28 de Março - 15h30
aPRESSa-te! Cria a notícia! com Tiago Girão | 28 de Março - 18h30
Make-up-Wish para princesas! por Lucília Lara | 29 de Março - 16h00
Na cozinha com Ana Bravo e Chef João Conceição: A Francesinha Saudável | 31 de Março - 18h30

Palestras “Poder de um Desejo”
Auditório Fnac, MAR Shopping

Tema: Fundação Make-A-Wish® – Onde os desejos se tornam realidade
27 de Março - 18h30
Oradora: Ana Póvoas, Coordenadora do Núcleo de Voluntários Make-A-Wish® no Porto
Médica de profissão e realizadora de desejos nos tempos livres, Ana Póvoas perdeu a conta do número de sorrisos que ajudou a proporcionar em crianças Make-A-Wish®. A representante institucional da organização no Porto apresentará o trabalho desenvolvido pela instituição, os critérios de elegibilidade dos desejos, o papel dos voluntários, partilhando, ao mesmo tempo, a sua experiência e o seu testemunho.

Tema: O poder de um desejo na primeira pessoa
28 de Março - 19h00
Oradores: Família da Maria Alberta e Bruno Antão, voluntário da Make-A-Wish®
Quando um elemento da família está gravemente doente, toda a estrutura familiar fica fragilizada. O poder da realização de um desejo torna-se, pois, numa fonte de força não só para a criança como também para os que a rodeiam. Que o digam Maria Alberta, de 18 anos, doente oncológica, e os pais. O maior desejo da jovem era visitar a casa do Jack Skellington, protagonista de “O Estranho Mundo de Jack”, de Tim Burton – realizador que admira –, na Disneyland, nos EUA. Os pais, a Maria Alberta e o voluntário Bruno Antão, que acompanhou a concretização do desejo, contam sobre a força desta experiência na luta contra a doença.

Tema: Perspectiva médica sobre o poder de um desejo
29 de Março - 18h00
Oradora: Filomena Maia, educadora no IPO do Porto e intermediária Make-A-Wish®
Quais as ansiedades mais comuns entre as crianças com doença oncológica e suas famílias? Quais os impactos da doença na estrutura familiar? Como funciona a relação entre os médicos e a Make-A-Wish® para a realização de um desejo? E qual o seu poder sobre a doença? São estas algumas das questões a que Filomena Maia tentará responder na sua intervenção, onde partilhará a sua própria experiência.

Tema: Importância da Make-A-Wish® junto de crianças com doenças crónicas, degenerativas e progressivas
4 de Abril - 17h00
Oradora: Isabel Mota, educadora no Hospital de São João e intermediária Make-A-Wish®
Um desejo pode não curar uma doença grave – e sendo ela crónica, degenerativa ou progressiva, é certo que não o fará – mas tem um impacto impressionante nas crianças e jovens que dela sofrem, que os profissionais de saúde testemunham diariamente. É o que acontece com a oradora, para quem a realização de um desejo pode ser uma lufada de ar fresco numa batalha de que tantas vezes se sai derrotado.

Esperança
Cientistas falam em tratamento que vem “mudar o paradigma”. Primeiros resultados são animadores.

É uma das curas mais procuradas na medicina de todo o mundo. A luta contra o cancro ainda não tem uma solução definitiva, mas pode estar próxima.

O Daily Mail noticia que Guenther Koehne, um médico alemão, já está a experimentar vacinas em doentes com leucemia há alguns anos com resultados animadores. A primeira doente tratada tinha apenas alguns meses de esperança de vida, mas três anos depois do início do tratamento ainda está viva.

O tratamento ‘ensina’ o sistema de imunidade do corpo a identificar e atacar as células cancerígenas, criando condições para a eliminação da doença. O mesmo princípio está a ser utilizado por um laboratório britânico num estudo em 20 doentes com vários tipos de cancros.

O médico alemão que começou a experimentar a vacina em Nova Iorque diz que "antes do tratamento, estas pessoas diziam-me 'não tenho escolha, tenho de tentar isto'. Agora, ligam-me do trabalho a dizer que estão demasiado ocupadas para falar comigo".

“Eu acredito mesmo que isto vem mudar o paradigma actual”, diz Guenther Koehne, acrescentando que “ver as pessoas em remissão completa foi uma experiência extraordinária.”.

Sociedade Portuguesa de Contracepção
Presidente da Sociedade Portuguesa de Contracepção alerta para necessidade de acompanhamento médico para quem toma a pílula.

“Não há um contraceptivo para todas as mulheres mas várias mulheres para vários contraceptivos,” avisa a presidente da Sociedade Portuguesa de Contracepção (SPC), Teresa Bombas.

Em entrevista ao site P3, do jornal Público, Teresa Bombas mostra-se preocupada com as consequências que pode ter o alerta lançado “sobretudo na comunicação social” sobre a pílula e casos como o de Carolina Tendon, de 22 anos, que morreu de embolia pulmonar, depois de tomar durante dois anos o contraceptivo oral Yasmin.

A presidente da SPC relembra os efeitos que alertas semelhantes tiveram no passado, dando o exemplo do ano de 1995 que viu um aumento de gravidezes e de interrupções voluntárias na Europa graças a um artigo publicado no jornal médico The Lancet que referia um aumento de trombo embolismo nas mulheres que tomavam pílula com duas substâncias: gestodeno e desogestrel.

Teresa Bombas considera seguro continuar a tomar pílula, pelo menos para as “mulheres que o estão a fazer sob vigilância médica”. Todavia, aconselha as mulheres que tomam pílula a terem um acompanhamento regular com o seu médico e a aproveitarem os momentos a sós para serem sinceras sobre o historial médico familiar.

“Acontece que a população está cada vez mais obesa, há cada vez mais consumo de cigarros, uma série de factores de risco que é preciso considerar a longo prazo,” esclarece Teresa Bombas. “Há mulheres que começaram a tomar a pílula aos 20 anos, mas entretanto esqueceram-se que nos últimos dez anos não foram ao médico e que aumentaram 20 quilos e passaram a fumar 20 cigarros", alerta.

Estudo
Quase metade da população portuguesa está a tentar controlar o peso, sobretudo através do consumo regular de hortícolas, tendo...

De acordo com o estudo sobre as “Tentativas de Controlo do Peso na População Adulta Portuguesa: Prevalência, Motivos e Comportamentos”, publicado na Acta Médica Portuguesa, cerca de 44% dos adultos portugueses (53% de mulheres e 35% dos homens) estão activamente a tentar controlar o peso.

A investigação, a cargo de Inês Santos, Ana Andrade e Pedro Teixeira, do Centro Interdisciplinar de Estudo da Performance Humana da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade de Lisboa, contou com uma amostra de 1.098 indivíduos que responderam a um questionário.

Aprovado pela Comissão de Ética para a Saúde do Hospital de Santa Maria, o estudo revelou que 24,3% dos adultos portugueses reportaram estar a tentar perder peso, 19,4% evitam aumentar de peso e 6,5% evitam perder peso. Quase metade dos inquiridos (49,8%) não está a fazer nada relativamente ao seu peso.

Outro dado indica que mais de metade dos adultos portugueses que reportaram ter pré-obesidade ou obesidade disseram estar a tentar controlar o peso.

Ainda assim, cerca de 44% indicou não ter qualquer intenção de controlar o peso.

No que respeita aos indivíduos que reportaram ter um peso dentro dos parâmetros da normalidade, apesar de a maioria afirmar não estar a tentar controlar o peso, cerca de 39% tem essa intenção.

Nas mulheres, observaram-se diferenças significativas relativamente à região de residência: uma maior proporção de mulheres residentes na zona de Lisboa e Vale do Tejo e na Madeira estava a tentar perder peso, ao passo que na região do Alentejo mais mulheres estavam a tentar manter o peso.

Nas outras regiões, registaram-se mais mulheres a afirmar que não estão a tentar controlar o peso.

Em relação aos homens, as diferenças são mais significativas ao nível educacional, com mais homens com o ensino básico e secundário a tentarem perder peso e os com ensino superior a fazerem por mantê-lo.

De acordo com a investigação, uma maior proporção de mulheres com pré-obesidade e obesidade disse estar a tentar perder peso (44,4% e 56,3%, respectivamente).

No grupo de homens com obesidade, 46,3% disse estar a tentar perder peso e igual percentagem assumiu não ter qualquer intenção de controlo do peso. Mais homens com peso normal e com pré-obesidade reportaram não estar a tentar controlar o peso.

Os investigadores apuraram que “a estratégia comportamental mais frequentemente adoptada pela população adulta portuguesa, tanto com vista à perda de peso, como à sua manutenção, foi o consumo regular de produtos hortícolas nas refeições principais”.

“O consumo regular de sopa nas refeições principais, a ingestão de água em detrimento de outras bebidas, o consumo regular de pequeno-almoço, a inclusão de pequenas merendas a meio da manhã e da tarde, a opção por pequenas porções, e a prática regular de actividade física” são algumas das medidas tomadas.

Pediatra Gomes Pedro
O médico especialista em desenvolvimento infantil João Gomes Pedro alertou que a hiperactividade está mal diagnosticada em...

Quando completa 50 anos de carreira, o pediatra fala das suas preocupações actuais e aponta como um dos grandes desafios da pediatria moderna os problemas comportamentais e relacionais das crianças e dos adolescentes.

“Hoje talvez estejamos na linha de fronteira de passar do modelo patológico para o modelo relacional e isto faz a diferença na pediatria, na educação, na psicologia, em toda e qualquer actividade formativa”, afirma.

Para Gomes Pedro, que aprendeu e começou a prática clínica centrada no diagnóstico das doenças, hoje é fundamental estabelecer precocemente uma relação entre o pediatra, os pais e o bebé, preparando-os para as várias fases do desenvolvimento expectáveis e acompanhando-os nos problemas que daí possam advir.

É o que se passa com a Hiperactividade e o Défice de Atenção (PHDA): “Estas doenças e expressões aparecem porque o pessoal de saúde está mais sensível, mais atento às perturbações de comportamento do que há uns anos atrás”.

Gomes Pedro adverte, no entanto, que esse olhar, o começar a olhar para o comportamento, leva, como risco na intervenção dos profissionais, a considerarem quase matematicamente: “o menino está muito activo, está hiperactivo”.

“A professora queixa-se de que está ativo, ‘é uma síndroma de Attention deficit hyperactivity disease’, a professora diz ‘leve ao seu médico’, e os médicos que não estejam ainda bem formados, bem alicerçados no que é o comportamento normal do que é um sinal de risco no comportamento, receitam o metilfenidato” (fármaco para tratamento da PHDA), acrescenta.

Isto comporta o “risco de se usar sistematicamente substâncias farmacológicas quando não há hiperactividade nenhuma”, pois “a actividade que vemos, por exemplo, num gabinete, é própria de uma criança com três, quatro ou cinco anos, que gosta de explorar e que, mais do que normal, é desejável”, sublinha.

Segundo o pediatra, “é muito frequente os pais chegarem com uma criança com três anos e a dizer “ela deve ter hiperactividade e precisa de ser tratada”.

O que acontece é que as pessoas estão mais despertas, o que comporta outros riscos: a hiperactividade e o défice de atenção hoje está, por um lado, sobrediagnosticado, e por outro, mal diagnosticado, o que significa que há crianças que tomam o metilfenidato sem precisarem e outras que precisariam e não o tomam.

“Há crianças hiperdiagnosticadas e outras crianças hipodiagnosticadas”, sublinhou, acrescentando que “a moral da história” é que é preciso garantir que não se deixa de diagnosticar uma hiperactividade e défice de atenção, que é facilmente corrigida farmacologicamente, mas que também não se começa a usar drogas quando não é necessário.

Não é que a medicação tenha muitos riscos, salienta, mas “um princípio fundamental na medicina é tratar quando é preciso e hoje a implicação de tratar não é só medicamentosa, mas é o acompanhar”.

A grande questão é que não existem ainda meios para garantir um diagnóstico exato da PHDA.

“Não há propriamente um meio tão concreto como fazer uma análise para ver se há uma infecção, uma apendicite. A gente vê que há uma alteração dos glóbulos brancos, que mesmo que não se palpe conveniente uma barriga para fazer o diagnóstico, há uma análise concreta que nos diz ‘há infecção nesta criança’”.

No domínio do comportamento, no chamado modelo relacional, isso não é tão fácil, pois embora haja testes, como o Connors e outros, que dão pistas para que se possa estar perante uma PHDA, é preciso que o pediatra – “deve ser ele a tomar conta destas crianças - tenha experiencia e tenha competência para distinguir entre essa perturbação e uma actividade normal”.

“É que é ‘hiperactiva’ toda a criança pequena, nomeadamente a criança que entra para o jardim-de-infância”, e é preciso ter isso bem presente e “não hiperdiagnosticar síndromas de défice de atenção que obrigam imediatamente a medicar”.

Pediatra Gomes Pedro
O pediatra Gomes Pedro depara-se cada vez mais com pais que não têm dinheiro para comprar as vacinas, o que o levou a definir...

Após 50 anos a tratar da saúde das crianças, com milhares de bebés a passarem-lhe pelas mãos - no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e no seu consultório – Gomes Pedro vê-se actualmente forçado a definir estratégias para que os pais consigam o seu objectivo: proteger os filhos.

“Já temos casais com pai e mãe desempregados, a quem nós queremos receitar as novas vacinas indispensáveis à sobrevivência [dos filhos], como a nova vacina para a estirpe B do meningococo”, disse.

Estes pais começam por dizer que querem “o seu menino de ouro saudável”, mas não têm dinheiro para comprar vacinas.

“É terrível os pais não terem dinheiro para comprar uma vacina”, disse, contando que ultimamente recorre a uma estratégia que envolve os avós, sempre que estes vêm à consulta, e que passa por sugerir que estes ofereçam uma vacina ao neto, em vez de um brinquedo, proposta que tem sido “muito bem recebida”.

Gomes Pedro, que recentemente foi homenageado numa cerimónia em Coimbra, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, lembra que, actualmente, as crianças portuguesas têm ao dispor oito ou nove vacinas.

“Temos que as aproveitar todas. Simplesmente, algumas delas não são comparticipadas pelo Estado. Isto é um atentado à fantasia, à necessidade, ao direito”, declarou.

“Celebrámos há pouco tempo os 25 anos da convenção dos direitos da criança, em Novembro de 2014, e não pode ser. A celebração de um dia destes tem que garantir que cada criança tenha o direito a sobreviver, nomeadamente com as vacinas adequadas”.

O pedagogo, que preside ao Centro Brazelton, lamentou que, em Portugal, “ainda não haja uma cultura de criança. Não há uma cultura de bebé”.

Segundo Gomes Pedro, os políticos portugueses “candidatos aos mais elevados cargos falam de tudo, nomeadamente os comentadores políticos, mas não falam da criança”.

“Não falam na indispensabilidade de garantir à criança e ao bebé - além de um olhar comportamental, relacional e de afecto para a criança - as vacinas a que têm direito”, acrescentou.

O pediatra, que tem 73 anos e dirigiu durante 12 anos o departamento de Educação Médica na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, sublinha que, “com a baixa natalidade, cada bebé é um bebé de ouro para os pais”.

O especialista identifica com cada vez mais frequência, e fruto das fantasias dos pais antes e durante a gravidez, progenitores com pedidos: “Torne o meu filho, o meu bebé de ouro, num bebé muito especial e inteligente (…) faça do meu filho alguém que seja um herói supercompetente, que tenha boas notas na escola, que faça algum desporto”.

“Isto é o peso da influência do que se lê, que por um lado é desejável, todos querem ter o seu menino de ouro”, adiantou.

Para Gomes Pedro, os pais estão hoje stressados com coisas para as quais não se está a olhar com a devida atenção, como a mãe deprimida ou a ameaça do desemprego que torna os pais ansiosos.

Em relação ao movimento anti vacinas, que está a preocupar as autoridades de saúde, o pedagogo afirma que este “tem muitas bases de sentimento por parte dos pais”.

“Há pais que, assim como têm uma alimentação especial, biológica, não querem que a criança seja injectada com antigénios que vão fazer despertar os anticorpos que combatem uma eventual doença adquirida pela criança”, frisou, acrescentando que “outros pais associam o perigo das vacinas com a potencial indução de autismo. Não há qualquer evidência científica que suporte isto, mas há uma fantasia muito grande”.

Sobre a atitude que adopta, Gomes Pedro avança: “Não podemos ir contra a vontade nem ser intrusivos em relação a isto, mas temos a obrigação de explicar o que é potencialmente o valor de uma vacina que pode salvar a vida de uma criança, se porventura ela for hoje para alguns países do mundo onde o sarampo ainda é endémico”.

“Eu costumo dizer aos pais que gostava de estar ainda no activo como clínico e saber que as crianças podiam ter acesso a 30, 40, 50 vacinas”.

Médicos Sem Fronteiras
Os Médicos Sem Fronteiras criticaram a lenta resposta da comunidade internacional no combate ao ébola, num relatório que...

Um ano depois do início da epidemia de ébola, mais de 10.000 pessoas morreram e cerca de 25.000 foram infectadas pelo vírus, que foi identificado pela primeira vez na zona ocidental de África, principalmente na Guiné, na Libéria e na Serra Leoa.

Para os Médicos Sem Fronteiras (MSF), “meses e vidas perderam-se” porque a Organização Mundial de Saúde (OMS), que “é responsável por liderar emergências de saúde globais e que detém o conhecimento para controlar o surto”, falhou em responder de forma rápida e adequada.

O relatório acusa a Rede Global de Alerta e Resposta da OMS (GOARN, na sigla em inglês) de ignorar os pedidos de ajuda desesperados dos técnicos em Junho.

“Lembro-me de enfatizar que tínhamos a hipótese de parar a epidemia na Libéria se a ajuda fosse enviada naquela altura”, afirmou Marie-Christine Ferir, coordenadora de emergência dos MSF.

“Foi no início do surto e ainda havia tempo. O pedido de ajuda foi ouvido mas não foram tomadas medidas”, lembrou.

A OMS não definiu um centro regional para coordenação da resposta médica até Julho, altura em que já tinha surgido uma segunda onda da epidemia.

“Todos os elementos que levaram ao reaparecimento do surto em Junho também estavam presentes em Março, mas a análise, o reconhecimento e a vontade de assumir responsabilidades para responder de forma robusta não estavam lá”, refere o relatório.

Por outro lado, os MSF recordam que dispunham de apenas 40 pessoas com experiência com ébola quando o surto começou: “Não conseguíamos estar em todo o lado ao mesmo tempo, nem devia ser o nosso papel assumir uma resposta sozinhos”, afirmou Brice de le Vingne, director de operações da MSF.

Foi apenas quando um médico norte-americano e uma enfermeira espanhola foram diagnosticados com ébola que o mundo acordou para a ameaça do vírus, considera a agência humanitária no relatório divulgado.

Contactada pela agência noticiosa France Press (AFP), a OMS não quis comentar o relatório.

Os MSF também culpam os governos da Guiné e da Serra Leoa por recusarem admitir a escala da epidemia, afirmando que colocaram “obstáculos desnecessários” no caminho das equipas dos MSF.

A crise levou ao maior programa de formação na história da agência, com 1.300 técnicos internacionais e 4.000 locais mobilizados.

O programa estava inicialmente focado na Guiné e na Serra Leoa, mas quando a associação humanitária Samaritan’s Purse deixou a Libéria, no seguimento da infecção de um dos seus médicos, os MSF tiveram de decidir se abandonavam o país ou se levavam a sua equipa extremamente sobrecarregada a assumir mais riscos.

“Não podíamos deixar a Libéria afundar-se ainda mais”, disse Brice de le Vingne, recordando que acabaram por enviar coordenadores sem experiência com o ébola, e apenas com dois dias de treino, para o país.

Descoberta
A investigadora Ana Cohen descobriu uma nova mutação genética que causa uma doença rara de crescimento anormal do corpo, que...

Em causa, explicou a cientista, está a alteração no gene EED que codifica a proteína com o mesmo nome.

O gene "controla a expressão de outros genes responsáveis pelo desenvolvimento" de células, tecidos e órgãos, ainda durante a formação do feto.

Contudo, nas pessoas com crescimento anormal, a proteína do EED "é defeituosa" e o gene não consegue exercer a sua função correctamente.

A equipa de Ana Cohen, a fazer o doutoramento em genética, na área de doenças raras, na Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, constatou a mutação genética depois de ter feito testes de ADN a doentes com idades entre 1 e 32 anos.

Para a investigadora, a descoberta pode auxiliar, no futuro, os médicos a efectuarem testes clínicos com maior regularidade e a detectarem mais cedo cancros do sangue, como linfomas e leucemias, em pessoas, sobretudo crianças, que estão mais propensas a tê-los, uma vez que possuem uma alteração genética que potencia o crescimento desmesurado de células (tumores).

Ana Cohen precisou que a proteína expressa pelo gene EED "trabalha juntamente" com uma outra, a do gene para a Síndrome de Weaver, cuja mutação, verificada anteriormente, está também associada a alterações no crescimento.

A sua equipa pretende, num próximo passo, ver como se expressa a alteração no gene EED que causa a doença rara, ainda sem nome, mas que é detectada à nascença ou ao fim dos primeiros meses de vida.

Crianças, por exemplo, com 4 anos aparentam ter 9 anos. "Crescem mais e mais depressa", assinalou Ana Cohen.

Os resultados do novo estudo foram publicados esta semana na revista Journal of Human Genetics.

Organização Mundial de Saúde
Cinco pesticidas foram hoje classificados como "possível ou provavelmente" cancerígenos para o homem pela Agência...

O herbicida glifosato, um dos mais utilizados no mundo, bem como o malatião e o diazinão, foram classificados como "provavelmente cancerígenos para seres humanos", mesmo que "as provas sejam limitadas", segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (IARC), com sede em Lyon, França.

O glifosato, herbicida cuja produção é a mais significativa em volume, é a substância activa do ‘Roundup’, um dos produtos com maiores vendas no mundo, pois, além da agricultura, onde a sua aplicação tem aumentado bastante, também é usado nas florestas e em jardins privados.

De acordo com a IARC, o glifosato foi encontrado no ar, na água e nos alimentos, e a população está particularmente exposta, por viver perto de áreas intervencionadas com o herbicida, ainda que os níveis de exposição observados sejam "geralmente baixos".

Também os insecticidas tetrachlorvinphos e paratião, já objecto de interdições ou restrições em numerosos países, foram classificados como "possivelmente" cancerígenos.

Em termos de riscos cancerígenos, relativamente ao glifosato e aos inseticidas malatião e diazinão, a IARC observa que há "provas limitadas" em seres humanos, que os associam a linfomas não-Hodgkin.

Ao malatião, a organização associa o cancro da próstata e, ao diazinão, o cancro do pulmão.

Os riscos foram avaliados com base em estudos de exposição agrícola nos Estados Unidos, Canadá e Suécia, bem como em testes em animais de laboratório.

Bastonário dos Enfermeiros
O Bastonário da Ordem dos Enfermeiros afirma que não estão criadas as condições para a delegação de competências em Saúde nos...

Para o Enfº Germano Couto, a proposta contida no diploma (DL 30/2015) é tão ambígua que permite fazer muita coisa ou absolutamente nada.

Questiona se o que se pretende é ter no país 308 “mini planos de saúde”, ou seja, um diferente para cada município.

Ao participar sexta-feira em Coimbra numa tertúlia da Secção Regional do Centro (SRC) da Ordem dos Enfermeiros (OE), com o presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Dr. Manuel Machado, o Bastonário disse que a delegação proposta pelo Governo “é parcial, repartida e sem qualquer lógica”.

“Não me oponho à regionalização da Saúde, mais concretamente dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), mas terá de ser feita como um todo e numa lógica de total integração nas estruturas locais. Este é um tema que necessita de mais estudos aprofundados”, afirmou, na qualidade de Bastonário, em virtude de a OE ainda não ter assumido uma posição formal sobre o tema.

De acordo com o Enfº Germano Couto, pretende-se transferir para os municípios a gestão de equipamentos e a contratação e gestão parcial de recursos humanos, sem se saber como se concilia uma gestão administrativa parcial com a gestão clínica.

Interroga qual será o papel do director executivo neste processo, o do conselho clínico, das administrações regionais de saúde, e quem tutela os profissionais, se é a administração local, ou a central.

“Já existem demasiados desperdícios de recursos humanos, instalações e equipamentos por ‘teimosia’ política. Muitas extensões de saúde mantém-se abertas, mesmo sem condições de funcionamento, com recursos partilhados e mal rentabilizados, dando à população uma falsa sensação de segurança e acessibilidade”, acrescenta.

Na sua perspectiva, o diploma irá agravar a actual situação dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), e representa “o primeiro passo” para o seu desmantelamento.

“Significa repartir o pouco que existe, fragilizar o sistema e tornar mais assimétrico o acesso à ‘porta de entrada’ do serviço de saúde. A estrutura dos CSP deve ser única e integrada, independentemente de necessitar de ajustamentos regionais” para melhor responder às necessidades prioritárias das populações.

O Bastonário da Ordem dos Enfermeiros sublinha que a parceria com os municípios e entidades intermunicipais é importante para a prossecução dos fins sociais da Saúde, frisando que a “a lógica deve ser de parceria e não de delegação”.

“A delegação de competências na área da Saúde apenas faz sentido se for uniforme, estruturada e abrangendo todas as unidades funcionais, integrados no serviço de apoio à família, crianças e idosos existentes nas comunidades. A forma como os CSP estão constituídos neste momento, num funcionamento que teoricamente é em rede, não permitem a delegação de competências nos termos propostos”, considera.

Afirma que “o resultado será o aumento das assimetrias no acesso aos cuidados de saúde de proximidade”, e realça que a “municipalização da saúde” tem “um impacto profundo na organização do sistema de saúde e não pode ser tomada de ânimo leve e sem evidências concretas de benefícios”.

Também os municípios são diferentes nas suas estruturas e necessidades concretas em saúde, “pelo que se torna ainda mais complexo e aconselha a alguma cautela na decisão política”, refere, manifestando-se favorável a uma descentralização, e não à delegação de competências.

Na sua óptica, o país deve caminhar de forma coerente, estruturada e planeada para aspectos de descentralização onde haja mais ganhos e eficiência do Serviço Nacional de Saúde.

“Se temos peças legislativas como a presente, em que parece que é para ocupar agenda, ou para legislar apenas por legislar, as coisas não vão correr bem. A saúde é um dos bens mais preciosos que nós temos. Não podemos fazer experiências piloto desta forma. As experiências piloto têm de ser sérias, e não me parece que isto seja uma experiência séria”, conclui o Bastonário.

Para o presidente da ANMP, Dr. Manuel Machado, este projecto deve ser repensado, sujeito a uma análise idónea, com sensatez e sabedoria, para se encontrarem soluções adequadas, e sem os pânicos que estão a ser criados com esta medida do Governo.

A tertúlia inseriu-se na rubrica Conversas na Ordem, organizada pela SRC da Ordem dos Enfermeiros. Na de sexta-feira compareceu o deputado do CDS/PP Paulo Almeida, que é membro da Comissão Parlamentar da Saúde.

Trata-se de um evento que tem como orador permanente o Bastonário da OE, e que já teve como convidados o Bastonário da Ordem dos Advogados Marinho e Pinto, o presidente da Entidade Reguladora da Saúde, Jorge Simões, e o fundador do SNS, António Arnaut.

Instrumento de medição
Enfermeira do Centro Hospitalar Cova da Beira valida importante instrumento de medição do clima de segurança do doente para a...

Dora Maria Ricardo Fonseca Saraiva, enfermeira do Centro Hospitalar Cova da Beira, terminou recentemente o estudo de investigação que teve como objectivo a tradução, adaptação cultural e validação do Safety Attitudes Questionnaire (SAQ) - Short Form 2006 para Portugal.

Trata-se de um instrumento de medição do clima de segurança do doente, originalmente concebido por investigadores da Universidade do Texas (EUA), capaz de diagnosticar os domínios que precisam ser optimizados dentro da instituição de saúde (gestão, condições de trabalho e clima de segurança) e entre os profissionais (stress, satisfação no trabalho e o clima de trabalho em equipa), podendo ser usado na instituição como um todo, bem como, na análise específica por sectores ou unidades, em diferentes tipos de áreas clínicas e diferentes tipos de prestadores de cuidados de saúde. Tem sido utilizado numa variedade de configurações hospitalares e ambulatórias, em diversos países, estando actualmente disponível em mais de dez idiomas.

No âmbito deste estudo, o SAQ - Short Form 2006 foi submetido a um rigoroso processo de tradução, adaptação cultural e a procedimentos de avaliação da fidelidade e validade, tendo demonstrado boas propriedades psicométricas, através de resultados altamente satisfatórios e auspiciosos.

O presente estudo determina a consolidação de um instrumento de medição do clima de segurança para a população portuguesa, contribuindo para a legitimidade e desenvolvimento deste campo de pesquisa no nosso país. Trata-se de um marco importante para o progresso da ciência em Portugal, que tem implicações tanto no domínio da prática, como do ensino, investigação e gestão dos cuidados. Através da utilização deste questionário é possível contribuir para a  construção de ambientes de trabalho positivos e éticos, aprimorar o processo de cuidar e seus interfaces, minimizar os riscos e promover uma actuação ainda mais segura e confiável rumo à excelência.

Dia Mundial assinala-se a 21 de Março
Um em cada 700 bebés nascidos pode ter Trissomia 21, doença também conhecida por Síndrome de Down.

A Trissomia 21 (T21), também conhecida como Síndrome de Down, é a causa genética mais comum para a Perturbação do Desenvolvimento Intelectual. “Trata-se de uma doença genética e surge de uma alteração da organização cromossómica do par 21”, explica Inês Munhá, especialista em Psicologia Educacional e membro da Associação Diferenças.

O Dia Mundial desta doença assinala-se a 21 de Março e pretende “promover a junção de pessoas num mesmo espaço, dedicado à elaboração de planos de acção com vista a desenvolver iniciativas dedicadas a esta população, à reflexão sobre o que já tem sido feito e sobre o que ainda se necessita de melhorar, e à partilha de experiências, anseios e expectativas entre famílias que lidam com as mesmas situações”, refere a especialista.

Durante esse dia serão desenvolvidas diferentes actividades para assinalar a efeméride das quais se destaca o 5º Encontro de Família T21, em Barcelos e o lançamento do livro ‘Bebés com Trissomia 21”– novo guia para pais’. “Este foi um trabalho desenvolvido pelo grupo Pais 21 que conta com a colaboração de pais, médicos e técnicos” diz Inês Munhá, sublinhando que também nesse dia tem lugar o Dia Aberto. “Trata-se de uma acção desenvolvida pela APPT21, cujo programa conta com um painel de Especialistas que irá responder a questões de pais ou outros intervenientes, uma mostra do Vídeo Mundial 2015 e divulgação dos projectos e investigações que se encontram a decorrer”.

A doença

Estima-se que, em Portugal, a prevalência de Trissomia 21 seja de 1 em cada 700 nascimentos, sendo que é possível avaliar o grau de risco do bebé ser portador da doença através de rastreios combinados no período neo-natal. Inês Munhá explica que, “é possível através do rastreio combinado, que inclui o exame ecográfico, bioquímico e a amniocentese, detectar alterações compatíveis com Trissomia 21, como por exemplo traslucência da nuca”.

A idade materna avançada (>35 anos) tem-se manifestado como um importante factor de risco, mas pode acontecer a qualquer casal, seja qual for a idade.

“A criança com T21 tem uma evolução desenvolvimental e comportamental característica, embora se observe uma grande variabilidade desenvolvimental entre indivíduos com esta doença. Os grandes marcos de desenvolvimento surgem mais tarde em comparação com crianças com desenvolvimento típico ou normativo”, refere Inês Munhá.

Numa breve abordagem, e no que se refere ao desenvolvimento motor, a especialista explica que, “as crianças com T21 apresentam uma hipotonia generalizada (tónus muscular reduzido) e hiperflexibilidade dos ligamentos. Este perfil motor irá reflectir-se numa aquisição tardia dos marcos motores, como por exemplo, a sustentação da cabeça, o sentar, o gatinhar, a marcha independente, entre outros; O perfil cognitivo caracteriza-se por uma discrepância entre a cognição não verbal e verbal, sendo que a primeira é comparativamente superior: superior processamento e memória visual comparativamente ao processamento e memória auditiva; dificuldade na memória de trabalho; facilidade de aquisição do gesto e boa intencionalidade educativa. Este perfil cognitivo suscita a necessidade de desenvolver um tipo de intervenção que valorize a utilização de estratégias primordialmente visuais”. Já o desenvolvimento da linguagem e da fala é geralmente aquele que apresenta uma perturbação mais acentuada, verificando-se novamente uma discrepância entre a linguagem compreensiva e expressiva.

“A maioria das crianças compreende mais do que fala, o que significa que o gesto funcional poderá ser ponte importante para a fala. A inteligibilidade do discurso apresenta geralmente dificuldades. Uma alta incidência de dificuldades auditivas, assim como as dificuldades de motricidade oro-facial (hipotonia generalizada) contribuem significativamente para o atraso da linguagem e da fala e sua reduzida inteligibilidade. No entanto, são crianças que com boas competências nos aspectos não-verbais da pragmática e boa intencionalidade comunicativa”, comenta Inês Munhá.

Já no que se refere ao comportamento adaptativo, a especialista considera que são crianças com dificuldade de aquisição das competências de autonomia. No entanto, ao nível social, diz verificar-se uma boa intencionalidade comunicativa, o que apesar de se considerar uma vantagem, necessita de ser regulado e trabalhado em contexto de intervenção.

Combater os preconceitos

Como em todas as diferenças, surgem sempre preconceitos relativamente a portadores com T21. No entanto, diz a especialista “cada vez mais é possível ultrapassá-los e fomentar a ideia de que são pessoas com direitos e deveres iguais aos de toda a gente. São ou devem ser pessoas com um papel activo e significativo na sociedade”. E isso passa também pela integração no mercado de trabalho. Na opinião de Inês Munhá esta integração “deve iniciar-se precocemente, com o treino de competências académicas, sociais, vocacionais, de autonomia e profissionais”, acrescentando ainda que, “no que se refere ao percurso escolar, o Plano Individual de Transição inicia-se três anos antes do fim da escolaridade obrigatória, permitindo uma transição entre a vida escolar e profissional”.

A especialista chama ainda a atenção para o facto de a integração no mercado de trabalho implicar um esforço conjunto entre todos os técnicos envolvidos para que seja possível identificar um local de trabalho, definir funções e garantir a capacidade de execução das mesmas.

Viver com qualidade de vida

O plano de intervenção destas crianças/jovens tem de ser precoce e multidisciplinar. “Inclui uma dimensão médica (consulta de pediatria, pediatria de desenvolvimento e muitas outras especialidades que permitam responder às situações médicas que vão surgindo), uma dimensão educativa (delineamento e execução de um plano de intervenção que abranja todas as áreas do neurodesenvolvimento) e social (esforços continuados de integração da criança e jovem na sociedade)”.

Numa fase adulta o objectivo é que, como qualquer pessoa, tenham uma boa qualidade de vida, o que significa que têm acesso a todas as condições básicas de vida, estão integrados socialmente e desempenham um papel activo na sociedade (emprego ou algo semelhante que cumpra esta função).

Inês Munhá faz questão de sublinhar que, “actualmente o prognóstico de uma criança com Trissomia 21 é muito positivo. A título de exemplo, em 1980 apenas 5% das crianças com Trissomia 21 aprendiam a ler. Actualmente, 80% aprende a ler antes dos 8 anos”, diz salientando que todo o percurso escolar e académico deve valorizar uma integração no ensino regular. “O objectivo primordial é o de garantir para que no futuro estes jovens desempenham um papel activo e relevante na sociedade, tal como qualquer indivíduo sem Trissomia 21. Esta crescente participação é uma mais-valia para os próprios mas essencialmente para a sociedade”, conclui a especialista.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.

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