Inscrições para concurso abertas até abril de 2024
O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC) e o Hospital de...

A Osteoporose é uma doença silenciosa, muitas vezes apenas identificada aquando da ocorrência de uma fratura, provocada por uma progressiva perda da densidade óssea, levando à sua maior fragilidade. Os grupos mais propensos ao risco de desenvolver osteoporose são mulheres acima dos 50 anos, mulheres pós-menopausa e indivíduos com mais de 65 anos, com propensão para quedas ou fraturas de fragilidade anteriores. As lacunas no diagnóstico e no tratamento são evidentes, motivadas pela falta de procura de um profissional de saúde para a correta identificação e acompanhamento da doença além da desvalorização das fraturas osteoporóticas enquanto prioridade de saúde pública, mesmo ocorrendo uma fratura no mundo a cada três segundos e despendidos mais de 120 milhões de euros anuais pelo país.

Nesse sentido, o concurso “Ossos em Foco” pretende sensibilizar a população para o impacto drástico da Osteoporose na qualidade de vida dos mais de 800 mil portugueses já diagnosticados, e evitar novos diagnósticos, ao motivar doentes, cuidadores informais e profissionais de saúde a criarem peças que reflitam a perspetiva de quem vive, lida e/ou conhece a doença. Com inscrições abertas até abril de 2024, a obra vencedora e outras selecionadas serão eleitas por um painel de jurados composto por um elemento de cada entidade envolvida nesta iniciativa, e expostas, nos Centros Hospitalares Universitários do Porto (CHUP - São João), Coimbra (CHUC) e Lisboa Norte (CHULN), alertando para a temática em hospitais de referência das zonas Norte, Centro e Sul do país.

Na divulgação do concurso envolvem-se ainda, enquanto parceiros da plataforma ossosfortes.pt, website onde é possível a submissão de candidaturas e acesso ao regulamento do concurso, a Associação Nacional contra a Osteoporose (APOROS), a Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (SPOT), a Liga Portuguesa contra as Doenças Reumáticas (LPCDR), a Associação Portuguesa de Profissionais de Saúde em Reumatologia (APPSREUMA), a Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) e a Associação Portuguesa de Osteoporose (APO), com o apoio da Amgen Biofarmacêutica.

 
Opinião
OTC significa "Over The Counter" e refere-se a produtos ou serviços que podem ser comprado

Qual o objectivo de uma solução auditiva?

Como um especialista com formação em vendas éticas e "coaching" pessoal de audiologistas e especialistas em aparelhos auditivos, vejo um aparelho auditivo como parte de uma solução completa para uma pessoa com deficiência auditiva. Por isso, deve ser chamado de "solução de aparelho auditivo", pois seu objetivo é melhorar a qualidade de vida da pessoa com deficiência auditiva! Não apenas da pessoa em questão, mas também muitas vezes dos cônjuges, membros da família, amigos, colegas de trabalho ou até mesmo funcionários de casas de repouso. Isso porque todos os envolvidos têm necessidades, ou até mesmo necessidades ocultas ou especiais/específicas.

É incrível, mas também negativo, que tanto os pacientes quanto os especialistas tenham essa atitude e comportamento de que os aparelhos auditivos são apenas dispositivos que devem ser invisíveis. Isso acaba contribuindo para a estigmatização dos aparelhos auditivos, o que é muito estranho! No entanto, existem muitos argumentos e factos importantes que estão abaixo dessa "linha simbólica da água" e que podem realmente ajudar uma pessoa com deficiência auditiva. Isso inclui detecção de quedas, parceria entre o especialista e a pessoa com deficiência auditiva, serviços e apoio pós-venda, impacto na capacidade auditiva do cérebro, atraso no desenvolvimento de demência e outros problemas de saúde, ajuste ou calibração adequado/a durante e após o período de experiência, capacidade de participar proactivamente em conversas mesmo em ambientes barulhentos, e muito mais do que isso. É importante destacar todos esses aspectos ao discutir os benefícios dos aparelhos auditivos.

Ética nos Negócios de Distribuição de Aparelhos Auditivos:

Infelizmente, nem todos os distribuidores de aparelhos auditivos seguem regras éticas, leis ou padrões. Algumas grandes redes de lojas e distribuidores independentes veem a venda de aparelhos auditivos como uma forma de ganhar dinheiro e obter grandes lucros. Muitas vezes, eles adoptam fórmulas de negócios como "muita quantidade, baixo cuidado". E isso não é ético quando se trata de ajudar as pessoas a terem uma melhor qualidade de vida.

Como formador pessoal de especialistas, participei em reuniões de avaliação com pacientes ao longo de 17 anos. E durante esse período, aprendi que os pacientes que compraram aparelhos auditivos sem receita médica ou em grandes redes costumam reclamar que "não funcionam correctamente em locais de maior ruído", ou quando várias pessoas estão a falar em simultâneo. Eles admitem que acharam que a audição estava "suficientemente boa" e os compraram-os porque eram mais baratos do que noutros locais. Muitos desses clientes confirmam que esses aparelhos auditivos comprados acabaram por ser guardados na gaveta após 3 meses de uso. E isso faz com que eles ajam de forma antiética, porque o foco está no volume de negócios e no lucro. Esses clientes também confirmam que um preço baixo está associado a serviços limitados ou inexistentes! E isso torna-se totalmente antiético. O que diferencia os fornecedores com altos padrões éticos dos fornecedores antiéticos é, entre outras coisas: - Um foco no cuidado centrado na pessoa, PCC, que é descrito, por exemplo, no IdaInstitute.org - Um acompanhamento profissional de avaliação de rotina - Uma análise profissional das necessidades do PCC. A análise das necessidades é crucial, pois é a base para descobrir as necessidades principais e ocultas (ou específicas) para ajudar a melhorar a qualidade de vida. Novamente, essas necessidades da pessoa com deficiência auditiva, cônjuges, membros da família, etc.

Somente após uma análise profissional das necessidades e um período de experiência profissional (ajuste, reajuste no período de teste ou de adaptação), um especialista pode dar um conselho sobre qual pode ser a solução correta para aparelhos auditivos e garantir que metas mútuas de melhoria da qualidade de vida passam a ser alcançadas. É óbvio que os serviços, e em particular, os serviços pós-venda devem ser uma parte importante da solução de aparelhos auditivos. A maioria dos pacientes depende destes serviços durante a vida útil dos aparelhos auditivos!

Vantagens dos Aparelhos Auditivos OTC:

A maior vantagem dos aparelhos auditivos OTC ou aparelhos auditivos baratos comprados em uma loja de descontos é que isso reduz a barreira para muitos entrarem em contacto com uma possível solução de aparelho auditivo. Com isso, está tudo dito sobre as suas vantagens. Os aparelhos auditivos baratos que são vendidos em lojas de descontos por €9,99 cada podem estar disponíveis para aqueles que têm mais dificuldades económicas. Um exemplo dado pelo meu amigo sul-africano Fanie du Toit, um lutador contra a deficiência: "Oliver, esses aparelhos auditivos baratos podem fazer com que, em casas de repouso sul-africanas isoladas, os residentes sem dinheiro, mas com perda auditiva grave, não sejam tratados como animais. Porque as enfermeiras gritam com eles '...ENGULA O COMPRIMIDO!!' e eles têm que fazer isso porque essa é a única forma de se comunicarem. Isso poderia fazê-los serem humanos novamente." O Fanie está certo!

Desvantagens dos Aparelhos Auditivos OTC:

Os aparelhos auditivos OTC ou aparelhos auditivos baratos comprados em lojas de desconto (europeias) raramente resolvem o problema real que a maioria das pessoas com deficiência auditiva têm: compreender a fala em ambientes ruidosos. Por isso, a compra é um desperdício de dinheiro e apenas o fabricante e o supermercado lucram com a venda, a margem, o volume de vendas e o lucro. Nem a análise das necessidades é o factor decisivo para decidir a compra, nem os serviços pós-venda estão disponíveis. Isso torna-se totalmente num negócio antiético, pois sugere que resolveria um problema ou melhoraria a qualidade de vida, mas para a larga maioria dos clientes não o faz.

Conclusão:

As empresas que vendem aparelhos auditivos OTC ou os supermercados que vendem amplificadores baratos, não seguem um padrão de ética se não comunicarem claramente as limitações na venda dos seus dispositivos. É um negócio antiético, porque eles simplesmente não se importam se é a solução certa ou não. Eu aconselho os especialistas (como audiologistas, e outros profissionais de saúde auditiva) a acolherem esses clientes: promovendo actividades de marketing que façam a persuasão em atrai-los a dirigirem-se a eles (a vós). Porque após um teste auditivo, ou após o período de adaptação, esses especialistas poderão dizer e confirmar que eles tomaram a decisão certa de comprar algo muito mais adequado e com muito menos riscos para a qualidade de vida.

OPINIÃO FINAL:

Começaram a aparecer no mercado português, nomeadamente, nas cadeias de supermercados, os primeiros aparelhos que permitem ampliar a audição, de venda livre, que se designam, mais concretamente, por "amplificadores auditivos" e, por tal, requerem menos tecnologia, menos ou nenhum controlo, sem assistência antes e pós-venda, podendo assim ser mais baratos e NÃO RECOMENDADOS! OUVIR, é um dos cinco sentidos humanos indispensáveis à vida, e faz parte dos principais sentidos da sobrevivência da espécie humana. O OUVIDO É UM ÓRGÃO DE ALGUMA COMPLEXIDADE, com ligações profundas e, como tal que tem que ser tratado adequadamente. Só os médicos da especialidade podem definir, orientar, aconselhar e prescrever o que cada ouvido doente ou enfraquecido necessita. Como em qualquer outro problema de saúde, é indispensável uma consulta da especialidade, neste caso de otorrinolaringologia, para que seja diagnosticado o problema auditivo. Quando há necessidade de tecnologia disponível para colmatar o problema, tem que ser o otorrinolaringologista, depois de diagnosticar, a encaminhar o processo. Se o problema for a melhoria da qualidade de vida, que possa ser conseguida através da tecnologia, cada vez mais avançada e sofisticada, terá que ser o médico especialista a encaminhar o processo, que nem sempre é de prótese auditiva. Mas, se a melhoria do problema de saúde for o uso de próteses, estas terão de ser de boa e controlada qualidade, como qualquer fármaco ou aparelho de ajuda técnica, PRÓTESE, QUE SE DESTINA À SAÚDE, porque é de um assunto de saúde que se trata!!! As próteses auditivas necessitam ser devidamente adequadas a cada caso; calibradas inicialmente e ao longo dos tempos, por profissionais devidamente habilitados para tal; necessitam e têm direito a assistência e, tudo a que, por direito, tem uma prótese que se destina à saúde. Ora, nada disto é, nem pode ser, assegurado numa compra em supermercados de venda de produtos básicos de outra índole. Apelamos assim, às Autoridades de Saúde Competentes para que este assunto seja devidamente tratado e com a urgência que o assunto impõe. Muitas pessoas estão a ser ludibriadas e, por ventura, a danificar a saude auditiva.

É muito importante e necessária uma rigorosa legislação para o controlo de venda de aparelhos auditivos, como há para os fármacos, sejam eles OTC ou de venda livre. Só assim se fará uma eficiente defesa do consumidor, na área tão específica da saúde, e que precisa ser especialmente acautelada. Como explica, e bem, o Dr. Oliver, deve constar no panfleto que acompanha as instruções, a indicação obrigatória e explícita das limitações deste tipo de produtos de pouca qualidade, os danos que o seu uso podem causar, propor o conselhamento de um especialista devidamente credenciado, e advertir com clareza que, naquelas condições de venda, NÃO HÁ DIREITO A PERÍODO EXPERIMENTAL, NEM A REEMBOLSO, MESMO QUE A CAUSA SEJA A INCORRECTA ADAPTAÇÃO. Estes alertas e recomendações devem também estar expostos na estante do local de venda, bem visível e bem legível.

 
Oliver F. von Borstel - Presidente da Fundação em Ética de Vendas (Países Baixos) 
A. Ricardo Miranda - Presidente e Sócio Fundador da Associação OUVIR

 

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Iniciativa decorre no dia 21 de fevereiro
A Associação Nacional de Centros de Diálise (ANADIAL) vai promover uma conferência sobre “Centros Privados de Diálise e SNS:...

Na iniciativa será apresentado um estudo desenvolvido pelo Professor Eduardo Costa, Especialista em Economia da Saúde e Professor Auxiliar Convidado na Nova School of Business and Economics, com o título “Preço compreensivo da hemodiálise em Portugal”, que pretende olhar com mais pormenor para a realidade da diálise em Portugal.

O estudo olha para o passado, desde a criação do preço compreensivo, identificando e analisando os custos da prestação de hemodiálise. Dessa análise, afere quais são os fatores que mais condicionam a evolução dos custos para os prestadores de hemodiálise, avançando com uma proposta de um modelo de atualização anual do preço compreensivo que assegure a manutenção dos resultados de qualidade para o utente/doente, traga equilíbrio à relação financiador/prestador, e mantenha a previsibilidade para o financiador.

“Esta conferência será uma excelente iniciativa para debater os desafios e oportunidades da atual parceria entre os centros privados de diálise e o Serviço Nacional de Saúde. Pretendemos assegurar a sustentabilidade dos atuais níveis de qualidade da hemodiálise, que são reconhecidos internacionalmente, e estamos confiantes de que esta conferência será um importante contributo para discutirmos de forma aberta o valor criado pelos centros privados de diálise e o modelo de remuneração destes”, explica Sofia Correia de Barros, presidente da ANADIAL.

A conferência iniciará com uma sessão de abertura levada a cabo por Sofia Correia de Barros, presidente da ANADIAL. Ao longo da tarde, o programa conta com um painel de debate composto por Edgar Almeida, Presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, Eduardo Costa, Professor na Nova School of Business and Economics, José Miguel Correia, Presidente da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais, e Rui Filipe, membro da Direção da ANADIAL. A sessão de encerramento será da responsabilidade de Serafim Guimarães, membro da Direção da ANADIAL.

Fundação Champalimaud
A dopamina, um mensageiro químico no cérebro, é sobretudo conhecida pelo seu papel na forma como sen

Imagine o ato de caminhar. É algo que a maioria das pessoas fisicamente aptas faz sem pensar duas vezes. No entanto, trata-se na verdade de um processo complexo que envolve vários sistemas neurológicos e fisiológicos. A Doença de Parkinson (DP) é uma doença em que o cérebro perde lentamente células específicas, chamadas neurónios dopaminérgicos, o que resulta numa diminuição da força e da velocidade dos movimentos. No entanto, há outro aspeto importante que também é afetado: a duração das ações. Uma pessoa com DP pode não só mover-se mais lentamente, como também dar menos passos consecutivos antes de se imobilizar. O novo estudo mostra que os sinais dopaminérgicos afetam diretamente a duração das sequências de movimentos, o que nos aproxima um pouco mais da descoberta de novos alvos terapêuticos para melhorar a função motora na DP.

"A dopamina está intimamente associada à recompensa e ao prazer, sendo muitas vezes referida como o neurotransmissor do bem-estar", salienta Marcelo Mendonça, primeiro autor do estudo. "Mas, para os indivíduos com DP, que têm uma deficiência de dopamina, são normalmente as perturbações do movimento que mais afetam a sua qualidade de vida. Um aspeto que sempre nos interessou foi o conceito de lateralização.

Na DP, os sintomas manifestam-se de forma assimétrica, começando frequentemente num lado do corpo antes de se declarar no outro. Com este estudo, quisemos explorar a teoria de que as células dopaminérgicas não se limitam a motivar-nos para o movimento, mas que também reforçam, especificamente, os movimentos do lado oposto do nosso corpo".

Iluminando o cérebro

Para o efeito, os investigadores desenvolveram uma nova tarefa comportamental com ratinhos, que exigia que os animais, que se moviam livremente, utilizassem uma pata de cada vez para premir uma alavanca de forma a obter uma recompensa (uma gota de água açucarada). E para perceber o que estava a acontecer no cérebro dos ratinhos durante esta tarefa, utilizaram uma tecnologia chamada microscopia de um fotão, equipando os ratinhos com um minúsculo microscópio portátil. O dispositivo foi apontado para a Substantia nigra pars compacta (SNc) – uma região rica em dopamina, nas profundezas do cérebro, que é significativamente afectada na DP –, permitindo aos cientistas ver a atividade das células cerebrais em tempo real.

Os ratinhos tinham sido geneticamente modificados de modo que os seus neurónios dopaminérgicos se iluminassem quando ativos graças a uma proteína especial que brilha ao microscópio. Isto significa que, sempre que um ratinho estava prestes a mexer a pata ou a receber uma recompensa, os cientistas podiam ver quais os neurónios que se iluminavam e ficavam ativos com a ação ou a recompensa.

A observação destes neurónios luminosos deu origem a descobertas muito esclarecedoras. "Havia dois tipos de neurónios dopaminérgicos misturados na mesma zona do cérebro", observa Mendonça. "Alguns neurónios ficavam ativos quando o ratinho estava prestes a mover-se, enquanto outros se iluminavam quando o ratinho recebia a recompensa. Mas o que realmente nos chamou a atenção foi a forma como estes neurónios reagiam consoante a pata que o animal usava".

Como a dopamina escolhe o lado

A equipa verificou que os neurónios ativados pelo movimento se iluminavam mais quando os ratinhos usavam a pata oposta ao lado do cérebro que estava a ser observado. Por exemplo, se o lado direito do cérebro estivesse a ser observado, os neurónios desse lado ficavam mais ativos quando o ratinho usava a pata esquerda, e vice-versa. Numa observação mais aprofundada, os cientistas descobriram então que a atividade destes neurónios relacionados com o movimento não só assinalava o início de um movimento, como também parecia codificar, ou representar, a duração das sequências de movimento (o número de pressões na alavanca).

Mendonça explica: "Quanto mais o ratinho estivesse disposto a pressionar a alavanca com a pata oposta ao lado do cérebro que estávamos a observar, mais ativos se tornavam os neurónios. Por exemplo, os neurónios do lado direito do cérebro ficavam mais excitados quando o ratinho usava a pata esquerda para pressionar a alavanca com mais frequência. Mas quando o ratinho pressionava mais a alavanca com a pata direita, estes neurónios não apresentavam o mesmo incremento de excitação. Por outras palavras, estes neurónios não “ligavam” apenas ao facto de o ratinho se mover ou não, mas também à quantidade de movimento e ao lado do corpo que se movia".

Para estudar a forma como a perda de dopamina afeta o movimento, os investigadores utilizaram uma neurotoxina que reduz seletivamente as células produtoras de dopamina num dos lados do cérebro. Este método simula doenças como a DP, em que os níveis de dopamina diminuem e o movimento se torna difícil. E puderam observar como a redução de dopamina altera a forma como os ratinhos pressionavam a alavanca com cada pata. Descobriram que a redução de dopamina num dos lados levava a menos pressões de alavanca com a pata do lado oposto, enquanto a pata do mesmo lado não era afetada. Este resultado corrobora a influência lateralizada da dopamina sobre o movimento.

Implicações e direções futuras

Rui Costa, o autor sénior do estudo, retoma o relato. “Os nossos resultados sugerem que os neurónios dopaminérgicos relacionados com o movimento não só motivam o movimento em geral, mas podem também modular o comprimento de uma sequência de movimentos no membro contralateral, por exemplo. Em contrapartida, a atividade dos neurónios dopaminérgicos relacionados com a recompensa é mais universal e não favorece um lado do corpo em detrimento do outro. Isto revela um papel mais complexo do que se pensava dos neurónios dopaminérgicos no movimento".

Costa reflete: "Os diferentes sintomas observados nos doentes com DP poderão talvez estar relacionados com quais os neurónios dopaminérgicos que foram perdidos – por exemplo, os mais ligados ao movimento ou à recompensa. Isto poderia, potencialmente, permitir reforçar as estratégias de gestão da doença mais adaptadas ao tipo de neurónios dopaminérgicos perdidos, em especial porque sabemos agora que existem diferentes tipos de neurónios dopaminérgicos geneticamente definidos no cérebro.”

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Estudo VivEndo
A endometriose afeta 228 mil mulheres em Portugal e na grande maioria dos casos não tem cura, apenas pode ser controlada. Os...

Para ir ao encontro desta necessidade, a Gedeon Richter Portugal elaborou o Estudo VivEndo, com o apoio da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) e da Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose (MulherEndo). Para a elaboração deste estudo foi realizado um questionário sobre a jornada das mulheres portuguesas que têm endometriose, com o objetivo de compreender este percurso e perceber melhor a dimensão do problema no nosso país.

“De forma global, os resultados vão ao encontro daquilo que nós percebemos no nosso dia a dia, portanto, temos ainda mulheres com muita sintomatologia e com um tempo médio de diagnóstico de 8 anos. O estudo veio confirmar o que os outros estudos internacionais já nos indicavam e também a realidade que experienciamos diariamente”, indica Susana Fonseca, Presidente da MulherEndo.

Frisa ainda que o caminho que tem vindo a ser traçado nos últimos anos “é mesmo muito importante e é essencial continuá-lo. Porque a doença é muito enigmática e, é necessário ainda descobrir muito sobre ela, nomeadamente formas de tratamento mais eficazes para os sintomas que são tão vastos”.

“A Endometriose é uma doença complexa, heterogénea e que nos põe, de facto, desafios diários. É uma doença que afeta cerca de 10% das mulheres em idade fértil e que tem uma grande repercussão na sua qualidade vida. É uma doença heterogénea porque não há casos clínicos iguais, existem variantes inerentes à própria doente e mesmo à doença em si. De facto, o desafio é diário em relação não só à clínica, como ao diagnóstico e também ao tratamento”, aponta Fátima Faustino, Presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia.

A especialista explica que o “atraso no diagnóstico é uma das condições que mais preocupa. Nos últimos anos e com a divulgação que tem existido da doença, tem havido uma melhoria no tempo de diagnóstico, uma vez que as mulheres já recorrem aos centros mais diferenciados na área do tratamento da Endometriose e estão mais despertas para a própria sintomatologia e não param de procurar uma solução para o seu problema”.

O Estudo VivEndo contou com a participação de 883 mulheres com endometriose. A maioria das mulheres que responderam ao questionário está na faixa etária entre os 31 e os 45 anos (66,5%).

Dia 23 de fevereiro
“Serviços de urgência, quando e como utilizar, para não sobrecarregar” é o mote da próxima sessão informativa do Projeto Saúde...

A sobrecarga dos serviços de urgência continua a ser um desafio e, apesar das medidas de contingência, ainda se assiste a longas horas de espera dos utentes, impactando a capacidade de resposta das unidades de saúde e colocando em causa o atendimento de situações verdadeiramente urgentes.

Rita Sequeira, enfermeira especialista do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), irá conduzir esta sessão,  que tem como objetivo alertar para a importância de se reduzir a utilização inapropriada ou evitável dos serviços de urgência dos hospitais, apresentando alternativas seguras e com qualidade.

“É essencial continuar a sensibilizar os nossos utentes e a população em geral para a forma como devemos utilizar serviços de urgência. Só apostando na literacia em saúde e na capacitação dos cidadãos para navegarem no sistema de saúde conseguiremos ter uma utilização eficaz dos serviços de saúde e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e a sustentabilidade do sistema de saúde”, afirma Ricardo Valente Santos, psicólogo e gestor do projeto Saúde Mental 360º Algarve.

As sessões informativas ‘’Saúde em Dia’’ pretendem esclarecer a população algarvia sobre importantes temas relacionados com a área da saúde e prevenção e gestão da doença, através de uma comunicação simples e objetiva, que desmitifica alguns conceitos. Para isso, contam com o importante apoio de profissionais de saúde e de associações de doentes associadas à Plataforma Saúde em Diálogo, que se juntam nesta missão de promover a qualidade de vida e o bem-estar da comunidade idosa do Algarve.

A iniciativa é gratuita e aberta ao público em geral.

 
Dia Internacional da Síndrome de Asperger assinalou-se a 18 de fevereiro
A síndrome de Asperger é uma perturbação neuropsiquiátrica que se caracteriza por dificuldades signi

A síndrome de Asperger é bastante mais comum do que o autismo clássico, afetando 20 a 25 crianças por cada 10 mil. Em Portugal estima-se que existam cerca de 40 mil portadores desta síndrome. É mais comum nos rapazes do que nas raparigas (cerca de 10 para um).

As manifestações clínicas da síndrome podem ser observadas antes dos 2 anos de idade. Os sintomas iniciais típicos são a dificuldade em manter um contacto ocular confortável e em utilizá-lo em conjugação com outras formas de comunicação e a hipersensibilidade aos estímulos, particularmente sonoros, mas também luzes, sabores ou texturas.

A estes sintomas associam-se tipicamente:

  • Dificuldade de comunicação, sobretudo na comunicação não verbal. A criança com síndrome de Asperger tem dificuldade em descodificar mensagens para além do conteúdo verbal explícito, nomeadamente tom de voz, segundos sentidos, ironia, humor, expressão facial e corporal. Tende a interpretar de forma literal. Pode existir pouca iniciativa de comunicação e/ou comunicação muito centrada nos tópicos de interesse e na perspetiva do próprio, com pouca oportunidade de participação de outras pessoas;
  • Dificuldade no relacionamento com outras pessoas, por falha na compreensão dos outros e em mostrar empatia;
  • Dificuldade em compreender as regras sociais e de conduta, como, por exemplo, levantar o dedo para falar na sala de aula ou esperar numa fila;
  • Descoordenação motora e dificuldades na motricidade fina, afetando a destreza e dificultando a prática de alguns desportos;
  • Necessidade de estabelecer rotinas e resistência a alterações desta, que geralmente causam ansiedade e instabilidade no comportamento;
  • Interesse restringido a temas muito específicos que dominam as conversas e as atividades;
  • Descontrolo emocional em situações de sobrecarga, por dificuldade na compreensão e gestão os próprios sentimentos e as emoções.

A apresentação clínica da síndrome de Asperger é, no entanto, muito variada e influenciada pela idade de início e pela eventual associação a outras comorbilidades, como défice de atenção, perturbação de tiques, ansiedade e depressão, que devem ser reconhecidas e abordadas.

Não são conhecidas as causas da síndrome de Asperger, no entanto, sabe-se que tem uma forte componente genética. Os genes que têm vindo a ser identificados estão envolvidos no desenvolvimento cerebral, influenciando a transmissão de sinais entre os neurónios e a forma como a informação é processada. Além disso, a interação entre fatores genéticos e ambientais parece ser igualmente relevante no desenvolvimento desta perturbação.

O diagnóstico da síndrome de Asperger é clínico, baseado na história clínica fornecida pelos pais e na observação do comportamento da criança na consulta, com recurso a avaliações formais do desenvolvimento.

Não existe medicação específica para a síndrome de Asperger, mas existem intervenções terapêuticas que possibilitam uma melhor convivência com a doença. Uma criança com síndrome de Asperger, acompanhada desde cedo, pode fazer o percurso escolar habitual.

A intervenção é multidisciplinar, envolvendo neuropediatras, pediatras, pedopsiquiatras, psicólogos e terapeutas, e deve ser personalizada, de forma a responder às necessidades de cada doente. Pode incluir acompanhamento psicológico, terapia cognitivo-comportamental e, eventualmente, terapia da fala e ocupacional. O tratamento das condições neuropsiquiátricas associadas é fundamental, podendo estar indicada medicação dirigida no sentido de obter um melhor controlo dos sintomas e maior sucesso nas outras intervenções.

De uma forma geral, o apoio e compreensão dos familiares, amigos, professores e colegas são fundamentais. Na verdade, a família tem um papel central na abordagem da síndrome, ao estimular a socialização e ao promover o desenvolvimento de competências sociais básicas, encorajando o contacto visual, antecipando e explicando alterações à rotina, auxiliando na compreensão das próprias emoções e dos outros, diversificando interesses e fortalecendo a autoestima, ao valorizar os sucessos.

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MedCOOK Challenge 2024
A NOVA Medical School (NMS), em conjunto com a Diaverum Portugal, está a desafiar todos os estudantes de Medicina e Nutrição do...

As candidaturas para o MedCOOK Challenge arrancam esta segunda-feira, 19 de fevereiro, e prolongam-se até ao dia 8 de março. Os vencedores são conhecidos a 27 de maio.

A competição consiste na apresentação de três receitas (entrada, prato principal e sobremesa), com a descrição detalhada dos ingredientes, capitações e dose, modo de preparação e informação nutricional (cálculo nutricional).  O custo de cada receita não pode exceder os 5 euros por pessoa.

O valor nutricional da refeição deve respeitar valores nutricionais específicos para doentes renais crónicos especialmente no que diz respeito à proteína, potássio e fósforo, conforme a tabela de composição de alimentos do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

As cinco melhores propostas são selecionadas mediante a avaliação de um júri, com base na originalidade, cumprimento das regras, preço, estrutura nutricional e facilidade na confeção.

O apuramento dos vencedores, de entre as cinco propostas, será obtido tendo em conta o total de gostos obtidos pelas três receitas de cada grupo nas Redes Sociais da NMS.

A Doença renal crónica (DRC) é uma patologia frequente entre a população mundial. Em Portugal, existe uma elevada prevalência e estima-se que, pelo menos 1 de cada 10 pessoas, sofra desta doença crónica. Prevê-se que em 2.040, a DRC seja a nível mundial, a quinta principal causa de mortalidade e de perda de qualidade de vida. A Diabetes e a hipertensão arterial são as principais causas de DRC. Muitos destes doentes precisarão de tratamento substitutivo; atualmente em Portugal, perto de 13.000 pessoas realizam tratamento com hemodiálise.

O objetivo desde concurso é contribuir para um melhor conhecimento da doença renal crónica e promover a literacia dos doentes e da comunidade sobre a importância da dieta no tratamento e prevenção da doença e outras patologias. Adicionalmente, proporcionar momentos de qualidade em família à volta duma refeição saborosa e segura.

 
Conversas com barriguinhas
A experiência do parto é um momento crucial na vida de uma mulher, que pode ter influência na sua saúde física e mental, na...

O hipnobirthing é um dos temas centrais, que será apresentado pela enfermeira Carolina Rocha, especialista e mestre em Saúde Comunitária e coach pela Erickson. Trata-se de uma abordagem inovadora que combina técnicas de relaxamento, visualização e auto-hipnose, que proporciona às futuras mães as ferramentas necessárias para se prepararem para o momento do parto com uma visão positiva e otimista, sem medo da dor das contrações naturais do parto.  

Serão também desmistificadas ideias comuns relacionadas com o sono do bebé, tais como “Se o bebé não fizer sestas durante o dia, dormirá a noite toda”. A psicóloga pediátrica da ForBabiesBrain, Clementina Almeida, vai ainda partilhar dicas para estabelecer uma rotina de sono eficaz para o bebé.

O papel das células estaminais do cordão umbilical do bebé no tratamento de mais de 90 doenças, incluindo cancros do sangue, anemia e condições neurológicas, vai ser também um dos tópicos a abordar por Joana Gomes, conselheira em células estaminais da Crioestaminal. As futuras mães vão poder saber mais sobre as características únicas destas células, conhecidas pela sua versatilidade e capacidade de se transformarem em vários tipos de células do corpo.

 
2 de março
A Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL), em colaboração a International Myeloma Foundation (IMF), vai organizar, no...

O evento vai contar com várias palestras centradas em diversos aspetos da doença, como atuais e novas terapêuticas na área do mieloma múltiplo refratário/recidivante, a relação da doença com a estrutura óssea e as atualizações de acordo com a Sociedade Americana de Hematologia. Haverá um segmento mais direcionado para a doença na primeira pessoa,  dedicado a questões como a educação e capacitação do doente e da família e nutrição no contexto da patologia em destaque. Para encerrar, haverá um espaço de perguntas e respostas sobre o mieloma múltiplo que contará com o contributo três médicos hematologistas do Grupo Português do Mieloma Múltiplo.

A inscrição no evento é gratuita e pode ser feita através do preenchimento do formulário, enviando email para [email protected] ou através do contacto telefónico 213 422 205. A iniciativa conta com o apoio das farmacêuticas Pfizer, Regeneron, Sanofi, Johnson&Johnson e Sebia. 

 
4 de maio
A 10.ª Reunião Temática do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM), realiza-se no dia 4 de maio em Fátima, com o foco na...

"Quando se fala em diabetes e na mulher, o que pensamos imediatamente é na diabetes gestacional, e na realidade é muito mais do que isso. A mulher, na sua complexidade, apresenta aspetos importantes a considerar, como contraceção, maternidade, pós-parto e menopausa. A diabetes, por si só, é uma doença global com uma abrangência multissistémica ampla. Pensando na diabetes e na mulher, a complexidade aumenta", afirma Mónica Reis, coordenadora do NEDM.

A prevalência da diabetes nas mulheres entre os 20 e 79 anos é de 10,2%, em comparação com uma prevalência global da diabetes de 10,5%, segundo dados da International Diabetes Federation. Em Portugal, a situação não é diferente, com a prevalência a atingir 11,6%, e a aumentar com a idade, alcançando 24,2% nas faixas etárias acima dos 60 anos, conforme o relatório do Observatório Nacional da Diabetes.

Uma novidade deste evento é o estabelecimento de parcerias com outros núcleos da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI). "O que vai trazer de novo é o tema em si e também o estabelecimento de parcerias com outros núcleos da SPMI. Era uma das ações que tínhamos proposto quando estabelecemos o nosso plano de ação neste novo secretariado e que aqui se concretiza com a participação do Núcleo de Estudos de Medicina Obstétrica (NEMO) na organização desta reunião temática" afirma a Coordenadora do NEDM.

O objetivo final da 10.ª Reunião Temática do NEDM é capacitar os participantes na resolução de problemas relacionados com a saúde e bem-estar da mulher nas suas diferentes fases de vida, visando melhorar a qualidade de vida da mulher com diabetes.

Inscrições aqui: https://www.spmi.pt/10a-reuniao-tematica-do-nedm/

 
Curso online e gratuito
A Mamãs Sem Dúvidas apresenta mais um Curso Flash, um evento imperdível para as futuras mamãs, que irá decorrer em formato...

Cátia Costa, Especialista em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, vai abordar um conjunto de cuidados que as mães deverão adotar durante a gravidez. Dieta e peso, medicamentos e suplementos, viagens na gravidez, entre outros, vão estar em análise.

Maria Costa, Formadora Bebé Vida, discutirá a importância do momento do parto para a recolha das células estaminais, incidindo nas potencialidades das células estaminais para o tratamento de múltiplas doenças.

Participe e fica habilitada a uma Ecografia Emocional 4D My Baby, onde pode conhecer o seu bebé desde o primeiro momento.

Este evento é de inscrição gratuita: https://mamassemduvidas.pt/exercicio/

 
7 a 9 de março
É sob o mote “Multidisciplinariedade na abordagem da patologia respiratória” que vai decorrer a XXXI edição do Congresso de...

Carla Damas (CHUSJ) e Daniela Ferreira (CHVNG/E) são, respetivamente, a Presidente e Vice-presidente do Congresso deste ano e explicam a escolha do tema desta edição: “a Medicina está a seguir o caminho da individualização do doente, a chamada Medicina personalizada, no entanto, é importante reconhecer que o doente não é feito de um órgão isolado. Na doença respiratória a abordagem multidisciplinar é uma mais-valia, nomeadamente quando existem associações com outras patologias. Devemos encarar o doente de forma personalizada, mas é fundamental entendermos que o trabalho multidisciplinar é primordial”.

Foi precisamente nesse sentido que se contruiu o programa do Congresso, como explicam as médicas pneumologistas: “pensámos em todas as patologias inerentes à Pneumologia e na multidisciplinariedade que as envolve de forma a construirmos um programa que fizesse uma abordagem completa do doente, reconhecendo a necessidade do apoio de várias especialidades, no diagnóstico e no tratamento. Na área da Patologia do Interstício, onde contamos com a participação de colegas da Reumatologia e da Imagiologia, e da Patologia do Sono, na qual envolvemos estomatologistas, cirurgiões e um colega especialista em cirurgia maxilo-facial, são exemplos disso”. 

Doenças neuromusculares, técnicas endoscópicas, asma, hipertensão pulmonar, patologia pleural, DPOC, pneumologia oncológica, doenças pulmonares difusas, patologia infecciosa e síndrome de apneia obstrutiva do sono são alguns dos temas que foram incluídos no programa e que serão debatidos por diversos painéis de especialistas nesta XXXI edição do Congresso de Pneumologia do Norte.

Além disto, a comissão organizadora destaca ainda a existência de uma sessão com um tema institucional: “A saúde em Portugal no pós-pandemia”. Este momento vai contar, entre outros palestrantes - como os diretores dos serviços de Pneumologia do CHUSJ e do CHVNG/E -, com a intervenção de António Correia de Campos, antigo Ministro da Saúde. “Este ano, a pandemia ficou para trás, mas as modificações que ela impôs perduraram no tempo. Isso levou-nos a considerar relevante a abordagem deste tema. Não se trata apenas de discutir o estado da saúde, mas sim de destacar o que foi alterado – não foram unicamente desafios, também surgiram oportunidades no pós-pandemia – e é importante trazer isso para a discussão”, elucidam Carla Damas e Daniela Ferreira. 

No último dia, 9 de março, vão decorrer três cursos pós-congresso sobre os seguintes temas: ecografia torácica, cuidados paliativos respiratórios e infeções fúngicas. O curso sobre ecografia torácica foi reintroduzido devido ao sucesso obtido no ano anterior. Quanto aos outros dois, a comissão organizadora acredita que são também temas que vão despertar imenso interesse, e que, por exemplo, “no caso dos cuidados paliativos, no âmbito da Pneumologia, esta área tem crescido significativamente, especialmente no que diz respeito às neoplasias pulmonares, expandindo-se para abranger todas as áreas da Pneumologia – desde doentes neuromusculares até aqueles com DPOC em estadios mais avançados”.

 
Prevenção e tratamento
A anemia é um problema de saúde pública que afeta cerca de 25% da população mundial.

A anemia é um problema global, com sérios efeitos sociais, com impacto na qualidade de vida, na disponibilidade física e mental, o que pode ter um impacto negativo no rendimento laboral e na vida familiar.

A anemia tem ainda um impacto económico negativo devido ao efeito direto que tem na produtividade no trabalho. O efeito económico mundial da anemia é tão elevado que estimativas apontam que em pelo menos 10 países desenvolvidos a queda da produtividade média (física e cognitiva), decorrente da deficiência em ferro, tem um impacto negativo de 4,05% do PIB.

A anemia afeta particularmente crianças pequenas, raparigas adolescentes e mulheres menstruadas e mulheres grávidas e puérperas.

A OMS estima que 40% das crianças entre os 6 e os 59 meses de idade, 37% das mulheres grávidas e 30% das mulheres entre os 15 e os 49 anos de idade em todo o mundo são anémicas. Estima-se que cerca de 4 a 5 mil milhões de pessoas podem sofrer de deficiência de ferro em todo o mundo. A anemia por deficiência de ferro afeta aproximadamente 15% da população mundial. Em países mais desenvolvidos estima-se que 9,1% da população é afetada pela doença, traduzindo-se em cerca de 111 milhões de pessoas afetadas.

A anemia causou em 2019, 50 milhões de anos de vida saudável perdidos devido a incapacidade e as maiores causas foram a deficiência de ferro na dieta, a talassemia e o traço falciforme e a malária.

A situação em Portugal:

Em Portugal o índice de prevalência da anemia é superior à média dos países desenvolvidos, pois enquanto nestes países a taxa é de 9%, a taxa nacional é de 20%, ou seja 1 em cada 5 portugueses adultos sofre de anemia.

Este cenário é classificável como um problema de Saúde Pública, a grande maioria (84%) desconhece ter Anemia e apenas 2% da população recebe alguma forma de tratamento para esta condição.

A problemática nacional acentua-se pela falta de conhecimento sobre a doença e pelo diagnóstico errado, aspetos que conduzem à manutenção dos elevados níveis de prevalência da doença.

A anemia é uma condição na qual o número e o tamanho dos glóbulos vermelhos, ou a concentração de hemoglobina é inferior ao normal, prejudicando consequentemente a capacidade do sangue de transportar oxigênio para os tecidos do corpo.

A concentração ideal de hemoglobina necessária para atender às necessidades fisiológicas varia de acordo com a idade, sexo, local de residência, hábitos de tabagismo e estado de gravidez.

A anemia é um indicador tanto de má nutrição como de má saúde.

Sintomas da anemia como a fadiga física e mental, sensação de cansaço, irritação, mãos e pés frios, tonturas especialmente ao levantar, perda de concentração, falta de ar, especialmente após esforço, dores de cabeça, capacidades físicas reduzidas, hematomas com mais facilidade. Alguns sintomas típicos da anemia podem ser facilmente confundidos com os de outras patologias, nomeadamente depressão.

A anemia pode ser causada por vários fatores:

  • Deficiências nutricionais através de dietas inadequadas (ferro, folato, vitamina B12, vit A)
  • Absorção inadequada de nutrientes (Doença Inflamatória intestinal, Doença Celíaca)
  • Infeções agudas ou crónicas (Malária, infeções parasitárias, tuberculose, VIH, Helicobacter Pylori, ect)
  • Inflamação e doenças crónicas (doença inflamatória intestinal, insuficiência cardíaca crónica, doença renal crónica, neoplasias, doenças autoimunes)
  • Condições ginecológicas e obstétricas (períodos menstruais longos, gravidez, hemorragia pós-parto, puerpério)
  • Doenças hereditárias e Doenças hereditárias dos glóbulos vermelhos (Síndromes talassémicos, Anemias Megaloblasticas, Anemia de células falciformes)

Das causas nutricionais a mais comum é a anemia da deficiência de ferro, que representa 90% de todas as causas de anemia.

O tratamento e a prevenção da anemia dependem da causa subjacente da doença. Existem muitas maneiras eficazes de tratar e prevenir a anemia.

  • Mudanças na dieta podem ajudar a prevenir e tratar as anemias por deficiências nutricionais: comer alimentos ricos em ferro, ácido fólico, vitamina B12 e vitamina A, baseados em uma dieta saudável com uma variedade de alimentos, assim como tomar suplementos desde que prescritos por um profissional de saúde qualificado e com base nos resultados analíticos do paciente.
  • Prevenir e tratar a malária
  • Prevenir e tratar a esquistossomose e outras infeções causadas por helmintas transmitidos pelo solo (vermes parasitas)
  • Gerenciar doenças crônicas como obesidade e problemas do trato gastrointestinal
  • Esperar pelo menos 24 meses entre as gestações
  • Prevenir e tratar sangramento menstrual intenso e hemorragia antes ou depois do nascimento
  • Tratar doenças hereditárias dos glóbulos vermelhos, como anemia falciforme e talassemia.

Dado à importância e gravidade do assunto, é crucial unir todos os esforços na prevenção e tratamento das anemias de forma a diminuir a prevalência, aumentando assim a qualidade de vida das populações.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Aplicação do Decreto-lei n.º 80-B/2022
Centenas de enfermeiros-chefes, supervisores, especialistas e formadores tinham ficado sem contagem de pontos e, por isso,...

Depois de várias intervenções, o Sindicato dos Enfermeiros – SE, viu finalmente reconhecido o direito de progressão dos enfermeiros que tinham transitado para a categoria de enfermeiro especialista por força de concursos realizados após 1 de dezembro de 2005. “Muitos colegas, com a aplicação do Decreto-lei n.º 80-B/2022, que visou o descongelamento da avaliação de desempenho, foram ultrapassados nas posições remuneratórias por colegas que, nesses concursos, não tinham acedido a uma categoria superior”, explica Pedro Costa, presidente do Sindicato dos Enfermeiros – SE.

A determinação foi enviada no início deste mês pela Administração Central do Sistema de Saúde às diversas entidades da Saúde, numa comunicação à qual o SE teve agora acesso, ainda que de forma não oficial. Pedro Costa recorda que “o caso destes enfermeiros de diferentes categorias, é apenas um dos vários imbróglios criados por uma incorreta aplicação do Decreto-lei n-º 80-B/2022”.

O que sucedia, na prática, explica o presidente do Sindicato dos Enfermeiros - SE, é que os enfermeiros que tinham transitado para uma categoria superior por forma de concursos realizados após 31 de dezembro de 2004, “viam a contagem de pontos para efeitos de avaliação de desempenho regressar a zero”. Ao serem descongeladas as avaliações de desempenho, “os enfermeiros que não tinham progredido para uma categoria superior nesses concursos, acumulavam mais pontos e, por isso, ficaram melhor posicionados e com uma remuneração superior após a aplicação do DL n.º 80-B”.

O que a diretiva da ACSS agora vem dizer, explica Pedro Costa, “é basicamente aquilo que o Sindicato dos Enfermeiros – SE defendeu nas várias reuniões com o Secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre: os enfermeiros que progrediram de categoria por concurso após 31 de dezembro de 2004 devem ver contados os pontos anteriores a essa data para efeitos de progressão na avaliação de desempenho”.

Repõe-se assim a justiça social, explica Pedro Costa, que recorda que “os colegas, apesar da maior diferenciação técnica na carreira, foram ultrapassados por outros com menos diferenciação por força de alterações legislativas e, sobretudo, do decreto-lei que descongelou a avaliação de desempenho”. Situação que, admite, gerou um enorme mal-estar na classe, sobretudo nos enfermeiros que investiram numa formação pós-graduada.

Além da aplicação aos enfermeiros especialistas, esta normativa deverá também ser aplicada aos enfermeiros-chefes e aos enfermeiros supervisores que progrediram de carreira após 31 de dezembro de 2004. Bem como a todos os enfermeiros a que cometida, em exercício de funções, a formação em serviço por um período de 3 ou mais anos. “Em todos os casos em que, por força da aplicação do Decreto-lei n.º 80-B/2022 tenha havido uma inversão de posições remuneratórias, a situação terá de ser corrigida”, salienta o presidente do Sindicato dos Enfermeiros - SE, que lamenta “que tenha sido necessário mais de um ano e um período eleitoral para finalmente o Ministério da Saúde compreender o erro cometido”.

Não obstante, Pedro Costa recorda que há ainda outras reivindicações que devem ser atendidas com urgência. Desde logo a conclusão da negociação do primeiro Acordo Coletivo de Trabalho dos Enfermeiros, parada desde 2017. Mas também a de vários problemas resultantes da incorreta aplicação do Decreto-Lei n.º 80-B/2022, como o caso dos enfermeiros que iniciaram funções no segundo semestre do ano ou que transitaram das antigas Parcerias Público-Privadas para as novas unidades do SNS. “Há ainda a necessidade de corrigir inúmeras injustiças criadas com a aplicação de sucessivas alterações legislativas e que têm prejudicado milhares de enfermeiros, muitas vezes colocados em escalões virtuais e inexistentes na carreira, criando inclusive inversões remuneratórias no caso dos enfermeiros especialistas.

Por fim, o Sindicato dos Enfermeiros – SE não abdica da necessidade de implementação de medidas que reconheçam e minimizem o risco e penosidade da profissão. Esta é uma luta antiga do SE, que entende que devem ser criadas condições para, por exemplo, os enfermeiros aposentarem-se antecipadamente.

 
Nova ferramenta
O Centro de Formação em Medicina Interna (FORMI), da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) acaba de lançar uma nova...

Segundo Nuno Bernardino Vieira, coordenador do FORMI, o propósito principal dessa iniciativa é facilitar aos sócios da SPMI o acesso a uma variedade maior de cursos desenvolvidos pelo centro. "Consideramos ser uma iniciativa importante, principalmente para os nossos internos, que com o mesmo investimento anual vão poder frequentar mais ações de formação", começou por explicar.

O funcionamento do cartão cFORMI é descrito como simples e automatizado, sendo criado automaticamente na área reservada dos sócios na plataforma do FORMI. Os associados acumulam pontos a cada inscrição em cursos, podendo posteriormente trocá-los por convites para outras formações.

O cartão cFORMI destina-se exclusivamente aos sócios da SPMI e representa mais um passo importante na promoção da educação médica contínua e no fortalecimento da comunidade de internistas em Portugal.

Em 2023 o FORMI realizou um total de 33 cursos DGERT e mais uma dezena de ações não DGERT, que envolveram mais de dois mil formandos ao longo do ano, alcançando um elevado nível de satisfação entre os participantes.

“A oferta que o FORMI disponibiliza, tanto a associados como a não associados da SPMI é muito vasta e abrangente, de forma a satisfazer diferentes públicos, inclusivamente os especialistas. Olhando para o nosso Catálogo de Formação 2024, acabamos por ter cursos que são dirigidos a quem está a começar o seu caminho, mas também outros, tanto na formação avançada, como na formação em competências não clínicas, que é também dirigido aos nossos especialistas. Atualmente, os especialistas de Medicina Interna representam cerca de 20 a 30% dos nossos formandos, mas temos todo o interesse em fazer crescer este número”, continuou o coordenador, acrescentando que “uma das principais missões do FORMI é contribuir para uma formação contínua de qualidade para os nossos Internistas".

 
Colite Ulcerosa e Doença Crohn
A Unidade Local de Saúde de Coimbra (ULS Coimbra) cria primeira Unidade Funcional de Doença Inflamatória Intestinal Portuguesa....

A Doença Inflamatória Intestinal (Colite Ulcerosa e doença Crohn) tem registado, em Portugal, um aumento considerável na incidência e prevalência, prevendo-se que no final da década estas se possam aproximar do referenciado para a generalidade dos países ocidentais (0.6 a 0.8% da população). “Avançar para uma unidade estruturada e centrada no tratamento destes doentes é a única forma de corresponder não só às recomendações internacionais, mas sobretudo aos anseios de cuidados de qualidade transmitidos pelos doentes, individualmente ou através das suas associações”, destaca Francisco Portela.

“A Doença Inflamatória Intestinal tem um impacto significativo na qualidade de vida dos doentes, condicionando marcadamente a sua vivência sociofamiliar e laboral”, frisa Alexandre Lourenço, Presidente do Conselho de Administração da ULS, acrescentando que “a obtenção dos melhores resultados no seu tratamento implica uma abordagem multidisciplinar, baseada na conjugação de esforços de diversas especialidades médicas, equipas de enfermagem dedicadas e outros profissionais de saúde. É esse esforço que estamos a fazer, numa lógica de melhoria contínua dos cuidados que prestamos e de aproveitamento das sinergias de integração que a nossa ULS potencia”.

Em Portugal, a Doença Inflamatória Intestinal é tratada maioritariamente no SNS e esta será a primeira Unidade Funcional dedicada à Doença Inflamatória Intestinal em Portugal. Esta doença consiste numa inflamação crónica e recorrente do tubo digestivo. É uma doença progressiva, que pode agravar-se com o tempo e provocar outras complicações (anemia, osteoporose, artrite, inflamação ocular, entre outras), pelo que deve ser rapidamente diagnosticada e tratada adequadamente. Estima-se que a Doença Inflamatória Intestinal, cuja causa é desconhecida, afete mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo e cerca de 25 mil pessoas em Portugal.

 
Uma jornada para o equilíbrio
Quando o tema é saúde e bem-estar há um tópico que tem aumentado de visibilidade e ganhado destaque:

O interesse crescente nesta substância, extraída da planta Cannabis sativa, está relacionado com os seus potenciais benefícios para o equilíbrio do corpo e da mente. A seguir, saiba mais sobre como o CBD Portugal está a ser integrado na vida dos portugueses.

 

A crescente popularidade do CBD na procura do bem-estar

O cannabidiol, mais conhecido por CBD, tem-se tornado um aliado para muitos portugueses que procuram por opções naturais para cuidar da saúde, pelo que não é de se estranhar que muitos optem por produtos à base de CBD para tentar aliviar dores, reduzir o stress e melhorar o sono. E graças à sua variedade, que vai desde óleos a flores e resinas, o CBD aparece como uma opção flexível e adaptável às necessidades de cada um.

A legalidade e a regulamentação do CBD 

Em Portugal, o uso de CBD segue uma regulamentação específica que assegura a venda e o consumo de produtos sem efeitos psicoativos. A legalidade do CBD em Portugal restringe-se assim a produtos com uma percentagem muito baixa de THC, a substância responsável pelos efeitos psicoativos e intoxicantes associados ao consumo da cannabis. Esta regulamentação permite que os cidadãos possam usufruir das propriedades do CBD com confiança e segurança, respeitando as normas estabelecidas.

Como o CBD é utilizado para promover a saúde

São muitas as formas como o CBD pode ajudar no dia a dia, sendo que uma das aplicações mais comuns desta substância é no alívio da dor através do uso de resinas de CBD. Há também quem utilize óleos de CBD para encontrar um momento de calma antes de dormir ou durante um dia agitado de trabalho, enquanto outros preferem as flores de CBD, incorporando-as em chás relaxantes ou até mesmo em meditações.

Óleos e extrações naturais: aliados da saúde holística

Já os óleos de CBD são extratos concentrados que podem ser consumidos de diferentes maneiras, seja adicionados em alimentos, aplicados diretamente na pele ou tomados sob a língua. A procura por estes produtos tem aumentado graças à sua facilidade de uso e à perceção de que podem contribuir para uma saúde mais holística, atuando em conjunto com outros hábitos saudáveis.

Entender, respeitar e saber escolher os produtos de CBD adequados são passos importantes na integração desta substância na rotina de saúde e bem-estar. É um caminho que muitos já estão a percorrer, com atenção e interesse, sempre com o olhar no equilíbrio global do corpo e da mente.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Unidade de prestação de cuidados em Medicina de Reabilitação
O Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro Rovisco Pais (CMRRC – Rovisco Pais), da Unidade Local de Saúde de Coimbra...

“O Rovisco Pais é uma segunda vida para os seus utentes, é o local onde tudo recomeça nas diferentes áreas das suas vidas e no Desporto não é exceção”, explica Bruno Salgueiro, Professor de Desporto Adaptado. “Procuramos fazer um trabalho holístico, com grande rigor científico e muito foco nas particularidades de cada utente, porque cada caso é um caso e cada pessoa merece ser tratada individualmente”, sublinha. Federados há 10 anos e estando a disputar a época desportiva 2023/24, têm atualmente “uma equipa técnica de 4 elementos e 11 jogadores, de várias zonas do País, todos eles com lesão medular de diferentes níveis, tetraplégicos e paraplégicos”.

A equipa participou no Campeonato Nacional de Andebol em Cadeira de Rodas, de 2013 a 2017, ganhando experiência – era uma das poucas equipas que não tinha passado competitivo noutra modalidade coletiva – e melhorando equipamento: uniram-se esforços e adquiriram-se cadeiras em 2014/2015 que permitiram que qualquer jogador pudesse integrar a equipa e equipamentos adaptados às particularidades dos jogadores. Hoje, o Rovisco Pais orgulha-se de já ter cedido jogadores à Seleção Nacional, de ter alcançado a vitória de um dos Torneios da GarciCup na modalidade de ACR, um honroso 3º lugar no Campeonato e várias participações na Final 4 das Taças de Portugal.

Quando, em 2010, dois técnicos superiores de Desporto Adaptado iniciaram o seu percurso no Centro Rovisco Pais, os utentes já tinham ao seu dispor um conjunto de atividades lúdicas, para ocupar os seus tempos livres. À medida que o Desporto Adaptado foi integrando a equipa multidisciplinar, o Centro foi aliando o valor da prática desportiva e da atividade física à reabilitação de pessoas com deficiência, “destacando as suas capacidades e não às suas dificuldades”, frisa Bruno Salgueiro. Desde então, e ao longo dos últimos 14 anos, o Desporto Adaptado do CMRRC - Rovisco Pais foi crescendo em dimensão, em oferta de modalidades e em número de participantes. “Hoje, o Desporto Adaptado do nosso Centro é feito com grande rigor científico e com uma base sólida de trabalho na evolução do utente, durante o seu processo de reabilitação”, garante o responsável, acrescentando: “atualmente, à semelhança das terapias de maior relevo, como a fisioterapia, a terapia ocupacional ou a terapia da fala, o Desporto Adaptado é prescrito pelos médicos e executado pelos técnicos, de acordo com os objetivos definidos para o processo de reabilitação do utente”.

O Desporto Adaptado do CMRRC – Rovisco Pais funciona tanto com utentes em internamento, como com ex-utentes e utentes externos acompanhados por médicos do Centro, em consulta externa, desde que se considere benéfica a prática de Desporto Adaptado. No que diz respeito à vertente de competição, o Rovisco Pais tem vindo a apostar, desde 2010, nas modalidades de remo-indoor e ciclismo, com participação em provas Nacionais e Internacionais. Ainda em fase embrionária, também já há trabalho feito na área do rugby em cadeira de rodas. Em 2012, o CMRRC-Rovisco Pais decidiu expandir a sua oferta de Desporto Adaptado de competição ao Andebol em Cadeira de Rodas. Constituiu-se uma equipa com utentes com diferentes lesões, incluindo tetraplegias. “Temos percorrido o país de norte e sul, trabalhando as melhorias físicas dos nossos atletas, e marcado muitos golos”, conta o professor de Desporto Adaptado, garantindo que “há sempre uma vitória, seja a desportiva, os ditos “3 pontos”, seja a moral, de conseguirmos um coletivo cada vez mais forte, que demonstra que o ACR é praticamente igual ao regular, apenas com uma diferença: a cadeira”.

Bruno Salgueiro frisa, ainda, que este trabalho “não teria sido possível sem a ajuda dos vários profissionais do Centro: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, etc.” e recorda que “há desafios constantes: a logística, o transporte de ida e regresso dos jogos ou a renovação dos equipamentos de jogo (cadeiras, camisolas, etc.)”. A par da participação das Competições de ACR, os planos para o futuro passam por promover, organizar e garantir a presença do Desporto Adaptado do CMRRC-Rovisco Pais em eventos de outras modalidades, como o surf adaptado, handcycling, remo indoor, ténis de mesa, voleibol sentado, polybat, netball ou orientação. Outro sonho era “a criação do primeiro Centro de Alto Rendimento de Desporto Adaptado, em Portugal, um espaço que permita um trabalho mais aprofundado, de maior rigor técnico, através de dados concretos fisiológicos que corroborem os resultados das escalas aplicadas, com objetivo de coadjuvar na maximização do processo de reabilitação do utente”, conclui.

“Na Unidade Local de Saúde de Coimbra procuramos desenvolver todas as atividades que sejam uma mais-valia para os nossos utentes, tanto do ponto de vista terapêutico, como do ponto de vista da sua realização pessoal e bem-estar”, destaca Alexandre Lourenço, Presidente da ULS Coimbra, acrescentando: “o Desporto Adaptado do Centro de Reabilitação Rovisco Pais, que tantas vitórias tem alcançado, é uma atividade inovadora – recorde-se que o Rovisco Pais é o único Centro de Reabilitação em Portugal com a oferta de Desporto Adaptado – e com provas dadas da sua importância namelhoria da saúde e da qualidade de vida dos nossos utentes e, por isso, é uma atividade de que muito nos orgulhamos e que vamos continuar a acarinhar e a desenvolver”.

 
Opinião
O Dr Toby Cosgrove, era o diretor de um dos melhores hospitais dos Estados Unidos, a Cleveland Clini

A pergunta daquela aluna de Harvard despertou-o para uma outra parte (também essencial…) dos cuidados médicos que ele até aí não tinha valorizado. Como gestor consciente e competente que era, quando regressou a Cleveland reuniu os seus colaboradores e disse-lhes que apesar de a Cleveland Clinic ser excecional científica e tecnicamente, lhe estava a faltar qualquer coisa de fundamental: a outra metade da Medicina. A partir daí iniciou todo um processo de renovação do Hospital, desde as amenidades hospitalares a outros aspetos até então considerados como não prioritários. Por exemplo, obrigou todos os médicos a frequentarem cursos de comunicação e de empatia. Passados alguns anos a Cleveland Clinic tornou-se num case study no que se refere a humanização hospitalar. O seu lema, levado muito a sério: “patients first”.

A humanização dos cuidados de saúde, tem constituído, desde sempre, uma preocupação. Mas, a sua necessidade é agora sentida como ainda mais urgente. Existem várias razões que justificam este carater de urgência. Por um lado, o exercício da medicina está progressivamente a afastarse da sua forma tradicional, assente na participação humana, para se basear em ações de natureza cada vez mais tecnológica. A relação de confiança a estabelecer com a pessoa doente, através de uma eficaz capacidade de comunicação, de respeito, de empatia e de compaixão, exigem um contacto humano que, naturalmente, a tecnologia não pode disponibilizar. A tecnologia é sem dúvida muito útil no diagnóstico e tratamento das patologias mas não pode relegar para um segundo plano as ligações humanas fundamentais para o estabelecimento de uma boa relação médico-doente. 

Por outro lado, a saúde transformou-se hoje numa atividade quase exclusivamente de tipo empresarial. Na gestão dos serviços de saúde priorizam-se os critérios de produtividade (número de consultas, de cirurgias, de exames, números…) em detrimento de um valor em saúde assumido de uma forma centrada no doente. 

Mas nem só o predomínio da tecnologia e as preocupações empresariais e financeiras constituem dificuldades à humanização dos cuidados de saúde. Também as dificuldades individuais de relacionamento interpessoal, de capacidade de comunicação, de criação de empatia, são muitas vezes, por si só, limitações importantes à prestação dos cuidados que devem ser prestados a cada pessoa doente. A sociedade é agora mais individualista, estamos mais centrados em nós mesmos e menos sensíveis a sentimentos como a empatia e a compaixão. 

Está cientificamente demonstrado que uma atitude empática e compassiva por parte do médico, ou do profissional de saúde, faz toda a diferença. Tudo isto faz parte da outra metade da Medicina tão bem caracterizada pelo Professor Rui Mota Cardoso da Faculdade de Medicina do Porto: “a outra metade da medicina é a da arte de saber fazer medicina e não a da técnica de fazer o saber da medicina. A metade que pensa o doente antes da doença, o sofrimento antes do sintoma, o cuidador antes da prescrição”.

Para se atingir um elevado nível de qualidade assistencial, a humanização dos cuidados tem de ser considerada pelas estruturas dirigentes como estando no mesmo patamar de importância que se atribui aos aspetos puramente técnicos. E é realmente isso que fazem os melhores hospitais do mundo…

 
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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.

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