Novos produtos de tabaco e nicotina
Entidades ligadas à saúde respiratória - Sociedade Portuguesa de Pneumologia, Fundação Portuguesa do Pulmão, Pulmonale - e a...

As entidades e personalidades presentes reportaram aos deputados as potenciais implicações do uso dos cigarros eletrónicos e do tabaco aquecido, se não forem adotadas medidas de regulamentação semelhantes àquelas já aplicadas aos tradicionais cigarros.

Considerando o conhecimento científico atual, foi esclarecido que:

- Os cigarros eletrónicos e os novos produtos de tabaco aquecido, apesar de não sofrerem combustão, contêm nicotina, que causa dependência e dificulta a cessação. Além disso, sobretudo no caso do cigarro eletrónico que está bem estudado, diversos metabolitos resultantes do seu aquecimento já estão identificados como tóxicos, irritantes e carcinogénicos, tendo potencial para causar doença respiratória, cardiovascular e cancros, entre outras.

- Diversos estudos científicos concluíram consistentemente que o fator que mais contribui para o risco de desenvolver doença causada ou relacionada com o uso de tabaco é a duração do consumo e não apenas o número de cigarros fumados. Por outro lado, a profundidade e frequência da inalação determinam em grande parte a intensidade da absorção das substâncias inaladas, em oposição ao conteúdo do cigarro expresso na embalagem antes de ser inalado. As tentativas anteriores da indústria do tabaco para desenvolver estratégias de redução de danos modificando os produtos de tabaco nunca se confirmaram. De facto, a evolução ao longo dos anos dos cigarros antigos para cigarros com filtro e com menor conteúdo em nicotina, alcatrão e monóxido de carbono, não diminui os riscos de saúde associados ao tabaco. Pelo contrário, os produtos de tabaco são hoje comprovadamente mais tóxicos e mais aditivos.

-Estudos populacionais recentes na América, Europa e Ásia mostram que os jovens e os não fumadores estão a experimentar e a usar estes novos produtos em grande escala, havendo o risco do consumo se tornar frequente na população. Mesmo que o risco individual do consumo destes produtos seja menor em relação aos cigarros tradicionais, se forem usados em simultâneo ou por mais pessoas ou durante mais tempo, o risco populacional e o impacto na saúde pública será significativamente maior, agravando a carga de doença e mortalidade e os custos económicos e sociais associados a este consumo.

- À luz dos conhecimentos científicos actuais, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Departamento de Saúde Pública (DSP) dos EUA afirmam inequivocamente que os cigarros eletrónicos e os novos produtos de tabaco não são produtos seguros para a saúde, não estando provado que sejam eficazes na cessação tabágica e como tal devem ser eficazmente regulados para se conseguir travar o seu consumo.

Assim, seguindo as recomendações da OMS e o DSP dos EUA, aclamam a proposta de lei n.º 38/XIII defendendo que “num contexto de saúde pública, deve-se proteger os consumidores e as demais pessoas expostas, regulando a comercialização destes produtos e interditando o seu consumo nos mesmos locais onde seja proibido fumar.” Apoiam também o reforço da proteção ao fumo ambiental de tabaco através da extensão da proibição de fumar aos espaços exteriores e contínuos dos edifícios dos serviços de saúde, escolas e estabelecimentos de ensino, além dos espaços de recreação frequentados por crianças. Estudos demonstram que fumar no exterior dos edifícios dos hospitais é um comportamento frequente e visível, expondo o comportamento tabágico dos profissionais de saúde e sendo percecionado negativamente pelos utentes. Nas principais entradas a afluência de fumadores nos espaços exteriores é constante, com potencial comprovado para contaminar o interior do edifício e prejudicar a desnormalização do comportamento de fumar. A maioria dos utentes concorda com o alargamento da proibição de fumar no exterior.

No decorrer dos trabalhos desenvolvidos pelos deputados constatou-se um interesse acrescido na introdução dos novos produtos de tabaco aquecido e no cigarro eletrónico como instrumentos de combate ao tabagismo, com vista à redução de riscos. Os deputados já se encontravam previamente sensibilizados e informados sobre as características e vantagens preconizadas comercialmente por estes produtos, mas sem um conhecimento mais aprofundado de outros fatores ligados à saúde e doença que põem em risco os consumidores e os que são expostos aos produtos emitidos para o ambiente pela utilização desses produtos.

Os especialistas presentes concluíram que estes produtos não possuem as características necessárias para serem considerados produtos de redução de risco, nem produtos de substituição do tabaco. A possibilidade de serem incluídos em estratégias de minimização de danos, eventualmente causando menos doença, carece de evidência científica ou de boa prática de saúde pública, e como tal, não pode ser recomendada ou apoiada pelos profissionais de saúde.

Por fim, foi lembrado a necessidade de apoiar o programa nacional prioritário de prevenção e controlo do tabaco, seguindo o compromisso firmado pelo Estado Português com a Convenção-Quadro de Controlo do Tabaco da OMS (CQCT) e da necessidade de implementação das resoluções e recomendações emanadas desta Convenção e das Conferências das Partes (COP), que ocorrem periodicamente, bem como das Diretivas Europeias, evitando um posicionamento que defenda ou promova os produtos e interesses comerciais da Indústria ao invés da proteção da saúde e bem-estar dos cidadãos. As organizações da Sociedade Civil e do Estado mantêm contacto com estas estruturas e reportam a evolução e as barreiras a implementação do controlo do tabaco em Portugal.

As quatro entidades entregaram ainda aos Senhores Deputados um documento de consenso e recomendações (em anexo), comprometendo-se a dar continuidade à defesa da regulamentação da comercialização e do uso indiscriminado dos novos produtos de tabaco e dos cigarros eletrónicos protegendo a saúde das populações e sobretudo dos grupos mais vulneráveis.

Recomendações :

As entidades de saúde aqui representadas defendem as medidas de redução de risco com evidência científica comprovada, que fazem parte das recomendações internacionais e da Convenção-Quadro para o Controlo do Tabaco (CQCT) da OMS, e que não têm sido implementadas de forma consistente no decorrer dos anos apesar de estarem previstas na lei, tais como:

- Espaços 100% livres de tabaco, em todas as suas formas, com inclusão de áreas adjacentes (5 metros das entradas e janelas, conforme previsto na Proposta de Lei) que preservem a qualidade do ar interior e estendam a proteção dos utilizadores dos edifícios e serviços em causa, proporcionando menor exposição ao fumo e menos oportunidades de fumar. Nesse sentido, foi lembrado que os espaços destinados a fumadores ainda estão por regulamentar através de Portaria desde 2015, criando uma situação de incerteza que pode gerar novos problemas semelhantes ao que criou uma moratória até 2012 para os espaços já existentes, que são ineficazes;

- Aumento consistente dos preços através de impostos em todos os produtos de tabaco e cigarros eletrónicos, reduzindo a capacidade de acesso aos produtos, especialmente por parte dos grupos mais vulneráveis e desfavorecidos, que mais sofrem desigualdades de saúde, situação que o consumo de tabaco agrava;

- Alocação de recursos para consciencialização pública e informação ao consumidor e prevenção, que permitem melhor literacia em saúde e melhores escolhas e decisões;

- Eliminação total da publicidade e branding nas embalagens e nos pontos de venda;

- Redução da disponibilidade da venda e acesso aos jovens de cigarros e de novos produtos através de uma regulação e fiscalização mais apertada;

- Reforço do apoio à cessação tabágica, através da comparticipação das terapêuticas com comprovada eficácia e acompanhada por profissionais de saúde, bem como o desenvolvimento de intervenções e consultas nos serviços de saúde e na comunidade. 

Transplantação de órgãos
A Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT) manifestou-se hoje satisfeita com o aumento dos transplantes de órgão em 2016,...

Os dados da doação e transplantação de órgãos em 2016 apresentados esta semana pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) apontam para um aumento de órgãos colhidos de dador falecido, que subiram de 896 em 2015 para 936 no ano passado.

O número de órgãos (provenientes de dador falecido, vivo e sequencial) transplantados também aumentou: de 824 para 864.

“Este aumento do número de transplantes reflete o esforço de todos os profissionais envolvidos na área da transplantação (…), que apesar da grande limitação de recursos humanos, permitiu atingir os números que nos enche de satisfação, mas podemos fazer melhor, os números ainda não atingiram os valores de 2009, em que foram efetuados 595 transplantes renais e 573 em 2010 (499 em 2016)”, afirma a presidente da SPT, citada em comunicado.

Susana Sampaio defende que é necessário otimizar ainda mais as colheitas e diz que “continua a haver grandes assimetrias entre hospitais e gabinetes de transplantação”.

“Temos unidades hospitalares que não detetam todos os potenciais dadores e colhem órgãos muito aquém do que deveriam, uma situação relativamente à qual temos lançado repetidos alertas”, explica a presidente da SPT, para quem é “fundamental repensar a rede de coordenação da colheita”.

“Os registos da atividade ainda são arcaicos e a informação muitas vezes não circula entre os profissionais da área”, sublinha.

A especialista afirma ainda que as colheitas de órgãos poderão crescer “assim que arrancarem os programas de colheita em paragem cardiorrespiratória em Lisboa e Coimbra”. Atualmente só o Centro Hospitalar S. João, no Porto, dispõe desta técnica de colheita.

O número de órgãos colhidos para transplante em 2016 foi o maior de sempre, tendo-se registado pela primeira vez transplantes com órgãos de dadores em paragem circulatória (“coração parado”).

Além de aumentar a colheita e a taxa de aproveitamento de órgãos, a presidente da SPT defende que “é necessário aumentar a doação em vida com campanhas de incentivo e de informação sobre este tipo de doação”.

Relativamente à colheita de órgãos em vida, a responsável considera “é muito importante fomentar a colaboração com Espanha, de modo a poder otimizar o Programa Nacional de Doação Cruzada Renal”.

De acordo com os dados revelados esta semana, dos 936 órgãos colhidos de dador falecido, foram transplantados 784, o que reflete uma taxa de utilização de 84% (face a 79% no ano anterior).

Do total de órgãos transplantados, o maior número ocorreu na transplantação renal (499), seguindo-se a hepática (272), a cardíaca (42), a pulmonar (26) e a pancreática (25).

Lei da Saúde Pública
O diretor-geral da Saúde, Francisco George, destacou hoje em Coimbra a aprovação no parlamento da Lei da Saúde Pública, que vai...

"2017 é um ano bom. É um ano muito bom para a saúde pública, em especial", salientou Francisco George, que falava durante a sessão de abertura de um ‘workshop' regional dedicado ao Plano Nacional de Saúde e aos Planos Locais de Saúde, que decorre hoje no Instituto Português de Oncologia de Coimbra.

O diretor-geral da Saúde sublinhou que a Lei da Saúde Pública foi aprovada, na globalidade, "no parlamento, sem nenhum voto contra", notando que "são poucas as leis que, votadas pelas diferentes bancadas, não têm votos contra".

Para Francisco George, esta é "uma boa lei, que não divide, que junta", e que "tem a particularidade de representar o início de um processo que vai permitir uma grande reforma da saúde".

"Sem esta lei, não podíamos iniciar um processo reformista", afirmou, referindo que pretende que o trabalho que se segue seja "muito profundo" e que "venha dar um novo ânimo" à promoção da saúde de toda a população.

A Lei da Saúde Pública tem "como objetivo central cobrir toda a população".

Durante a sessão de abertura, Francisco George destacou ainda que será apresentado brevemente um relatório de saúde dos portugueses em 2016.

Este é um relatório "apresentado à luz de princípios muito finos de métrica em saúde" e que irá registar "tendências e o que vai acontecer" se se continuar pelo mesmo caminho, explanou.

O relatório é uma "mudança de paradigma importante", sendo que Portugal, que era "um país muito atrasado na informação", consegue estar agora "no primeiro lugar do ranking da Europa para a análise informativa no que respeita à saúde", notou.

A sessão de abertura do ‘workshop' contou também com a presença do presidente da Administração Regional da Saúde do Centro (ARSC), José Tereso, que destacou a importância desta iniciativa para se perceber o que foi feito e o que poderá ser concretizado no futuro.

Alcoolismo
Portugal registou 644 óbitos positivos para o álcool em 2015, dos quais 38% atribuídos a acidente, 32% a morte natural, 13% a...

Elaborado pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), o relatório vai ser hoje apresentado e contém dados sobre os registos específicos do Instituto Nacional de Medicina Legal, segundo os quais em 2015 constaram 644 óbitos positivos para o álcool.

Os dados indicam que cerca de 51% dos 37 óbitos atribuídos a intoxicação alcoólica apresentaram resultados positivos só para o álcool e que em 35% dos casos foram detetados álcool e medicamentos, em particular benzodiazepinas.

Das 142 vítimas mortais de acidentes de viação que estavam sob a influência do álcool, cerca de 77% eram condutores, 17% peões e 6% passageiros. A maioria destas vítimas (71%) destas vítimas tinha uma taxa de álcool no sangue de 1,2 gramas por litro (1,2g/l).

O relatório revela ainda que, no mesmo período, registaram-se em Portugal Continental 5.487 episódios de internamentos hospitalares (altas hospitalares) com diagnóstico principal atribuível ao consumo de álcool, na sua maioria relacionados com doença alcoólica do fígado (66%), nomeadamente cirrose alcoólica (52%) e o síndromo de dependência alcoólica (21%).

Segundo o documento, nos últimos quatro anos registou-se uma diminuição contínua no número destes internamentos: menos 5% em relação a 2014, menos 12% em relação a 2013 e menos 21% em relação a 2012.

No entanto, os autores ressalvam que, “se se considerar para além do diagnóstico principal também os secundários, o número de internamentos atribuíveis ao álcool é bastante superior (34.512) e tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos”.

Em 2015, os internamentos relacionados com o consumo de álcool representaram, no total de internamentos hospitalares em Portugal Continental, cerca de 0,34% e 2,13%, consoante se considere apenas o diagnóstico principal ou também os secundários.

O Instituto Nacional de Estatística (INE), citado neste relatório, indica que, em 2014, registaram-se em Portugal 2.350 óbitos por doenças atribuíveis ao álcool, representando 2,23% do total de óbitos e um ligeiro aumento em relação a 2013 (+2%).

“A maioria era do sexo masculino (81%). A taxa de mortalidade padronizada para todas as idades foi de 16,2 óbitos por 100.000 habitantes, sendo inferior abaixo dos 65 anos (11,7) e bastante superior nos 65 e mais anos (53)”.

Em 2014, o número médio de anos potenciais de vida perdidos por doenças atribuíveis ao álcool foi de 13,5 anos.

O relatório refere também que no âmbito da criminalidade diretamente relacionada com o consumo de álcool, registaram-se 22.873 crimes por condução com uma taxa superior a 1,2g/l, representando 46% do total de crimes contra a sociedade e 6% da criminalidade registada em 2015.

No último dia de 2015 estavam em situação de reclusão, 271 indivíduos por crimes de condução em estado de embriaguez ou sob a influência de estupefacientes ou substâncias psicotrópicas.

No mesmo ano foram registadas pelas forças de segurança 26.815 participações de violência doméstica, 42% das quais com sinalizações de problemas relacionados com o consumo de álcool.

Relatório
Quarenta pessoas morreram por 'overdose' em Portugal em 2015, o segundo ano em que se deu um aumento consecutivo...

O documento sobre a situação em matéria de drogas e toxicodependência relativa a 2015 refere que houve nesse ano 181 óbitos com a presença de droga no organismo, de acordo com os registos específicos de mortalidade do Instituto Nacional de Medicina Legal.

Dessas 181 mortes, 40 foram consideradas 'overdoses', o que representa 22% do total desse tipo de mortalidade.

“Pelo segundo ano consecutivo que se constata um aumento no número de 'overdoses' (mais 21% face a 2014), apesar de os valores dos últimos cinco anos se manterem aquém dos registados entre 2008 e 2010”, refere o relatório do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).

Nestas 'overdoses', destaca-se a presença de opiáceos em mais de metade dos casos, seguindo-se a cannabis (30% das situações), a cocaína (28%) e a metadona (25%).

O relatório salienta contudo que na grande maioria das 'overdoses' foram detetadas mais do que uma substância, destacando a associação entre as drogas ilícitas e a presença de benzodiazepinas (ansiolíticos hipnóticos) e de álcool.

Sobre os restantes 141 casos de mortes com presença de droga no organismo e que não foram 'overdoses', o documento diz que foram sobretudo acidentes (36%), seguindo-se a morte natural (33%), suicídio (20%) e homicídio (6%).

O sumário executivo do relatório do SICAD apresenta ainda os dados dos tratamentos da toxicodependência em 2015, dando conta de que se submeteram a cuidados 26.993 pessoas.

Dos que iniciaram tratamento nesse ano, 1.365 eram utentes readmitidos e pouco mais de 2.000 eram novos utentes, ou seja, que recorreram pela primeira vez a estruturas de tratamento da rede pública.

O SICAD refere que em 2015 foi reforçada a tendência de decréscimo do número de utentes em ambulatório por problemas de consumo de drogas, o que se verifica desde 2009.

“Pelo terceiro ano consecutivo que se constata uma diminuição do número de readmitidos”, assinala ainda o documento.

Quanto ao tipo de consumos, a heroína continua a ser a droga mais referida pelos utentes com problemas relacionados com uso de drogas, com exceção dos novos utentes em ambulatórios, em que é a cannabis a principal.

De um modo geral, nos últimos cinco anos há uma tendência de aumento nas proporções de utentes que referem a cannabis e a cocaína como drogas principais.

A droga injetada e a partilha de material continuam em queda nos últimos anos, mas ainda há “bolsas de utentes” com prevalências elevadas destas práticas.

O SICAD constata, sobretudo nos últimos seis anos, uma maior heterogeneidade nas idades dos utentes que iniciam tratamento em ambulatório, com um grupo mais jovem de novos utentes e, por outro lado, um cada vez mais envelhecido de readmitidos.

“Torna-se essencial reforçar a diversificação das respostas e continuar a apostar nas intervenções preventivas de comportamentos de consumo de risco”.

Bastonário
"A pressão sobre os médicos para que atendam muitos doentes em pouco tempo tem de ser aliviada", diz Miguel Guimarães...

A Ordem dos Médicos vai fixar tempos mínimos de consultas, que podem variar em função da especialidade. A promessa é do novo bastonário que toma posse esta quarta-feira.

Em entrevista ao jornal “Público”, Miguel Guimarães diz que os colégios da especialidade da Ordem dos Médicos vão determinar com “bom senso” os tempos mínimos aceitáveis.

“Actualmente, os tempos de consulta são muito curtos”, lamenta o urologista do Porto, de 55 anos.

“Há um grande abuso por parte de algumas unidades de saúde que marcam consultas com vários doentes em tempos simultâneos ou com intervalos muito curtos”, diz o novo bastonário, recordando que em 2015 houve quem se queixasse de ter de ver seis doentes por hora.

Para delimitar o período vão ser tidos em conta alguns factores: a necessidade de fazer um exame clínico, de se esclarecerem dúvidas e de explicar ao doente o que lhe vai ser feito, além das questões relacionadas com os sistemas informáticos.

“A pressão sobre os médicos para que atendam muitos doentes em pouco tempo tem de ser aliviada”, e, para isso, são necessários mais profissionais no Serviço Nacional de Saúde.

Nestas declarações, Miguel Guimarães lembra que o número de internos (médicos que estão a fazer a especialidade) representa já cerca de um terço do total dos profissionais nos centros de saúde e hospitais públicos. Ao mesmo tempo, actualmente “haverá entre 12 a 13 mil médicos a trabalhar em exclusivo no sector privado, esta taxa aumentou brutalmente, e a taxa de emigração também é elevadíssima”.

Face a este panorama garante que vai bater-se para que sejam criadas “as condições de trabalho necessárias para manter os jovens médicos no país, preferencialmente no SNS”.

Acreditação
O Bloco Operatório do Centro Hospitalar Barreiro Montijo foi acreditado pela Direção-Geral de Saúde (DGS), sendo o primeiro do...

O Modelo de acreditação da Agencia de Calidad Sanitaria de Andalucía (ACSA), aprovado pelo Ministério da Saúde Português, foi adotado pela DGS por ser o que melhor se adapta aos critérios definidos na Estratégia Nacional para a Qualidade em Saúde e por ser um modelo consolidado e reconhecido, concebido para um sistema público de saúde, de organização semelhante ao português, e destinatários idênticos em temos demográficos e epidemiológicos.

O Bloco Operatório do Centro Hospitalar Barreiro Montijo iniciou o processo de acreditação em outubro de 2015, passando pelas fases de adesão, autoavaliação e auditoria externa, obtendo o reconhecimento e certificação no mês de janeiro.

"Este é um trabalho de muitos anos. Estou aqui à frente do bloco deste 2003 e temos feito um processo de evolução de procedimentos, com ferramentas que tornam este serviço bem organizado. Quando, em 2015, tivemos este desafio por parte da administração para avançar para a certificação, nós percebemos a complexidade do processo, mas aceitámos", disse à Lusa Dina Clemente, enfermeira coordenadora do Bloco Operatório e do projeto.

A responsável explicou que o processo, que englobou áreas como a gestão, o suporte e a assistencial, foi complicado e originou mesmo momentos de conflito.

"Foi muito exigente e tivemos até momentos de conflito. Tudo foi levado a bom porto e foi um sucesso, mas foi muito difícil. Foram 1.370 documentos submetidos neste processo e isso diz muito sobre o trabalho efetuado. Tínhamos que conseguir atingir todos os objetivos obrigatórios e 70% dos não obrigatórios para conseguir a certificação", defendeu.

Após a obtenção da acreditação, segue-se a última fase, designada de "seguimento", que consiste numa continuação do processo de autoavaliação e tem uma vigência de cinco anos, com o objetivo de garantir que a organização mantém e melhora as boas práticas e as condições que lhe permitiram obter a acreditação.

"É uma fase de acompanhamento e de três em três meses vamos enviando as auditorias tal como o previsto, para verem que continuamos a proceder de igual forma. A nossa base de dados vai mesmo ser colocada na plataforma, para que possa ser replicada, pois foi muito elogiada", salientou.

Para além do Bloco Operatório do Centro Hospitalar Barreiro Montijo, existe apenas mais um certificado no mesmo modelo em Portugal, mas num hospital privado.

Ao longo do ano de 2016, o Bloco Operatório do Centro Hospitalar Barreiro Montijo realizou 3536 cirurgias.

Excesso de sal
Cerca de 60% das crianças avaliadas num estudo do Hospital Senhora da Oliveira em Guimarães consomem mais sal do que os pais,...

A conclusão foi divulgada à agência Lusa pelo médico Jorge Cotter, coordenador do estudo, que acompanhou mais de 300 crianças entre os 10 e os 15 anos de uma escola básica 2,3 de Guimarães.

Em 2010 tinham sido analisadas crianças entre os 10 e os 12 anos da mesma escola EB 2,3 Prof. João de Meira, com resultados que foram apresentados em 2013, ano em que se iniciou novo estudo, do qual se começam agora a conhecer alguns dados.

A análise conhecida em 2013 mostrou consumo de sal em excesso, uma realidade que agora se repete e até com um ligeiro agravamento.

“A ingestão de sal continua a ser muito acima do que é recomendável e não há qualquer evolução positiva [entre os estudos de 2010 e 2013], antes pelo contrário há uma ligeira tendência para o aumento do consumo de sal”, afirmou Jorge Cotter.

No estudo de 2013 foram abrangidas mais de 300 crianças entre os 10 e os 15 anos, uma investigação mais lata da que havia sido feita em 2010, tendo-se ainda analisado a ingestão de sal pelos pais.

Além da determinação a excreção de sódio na urina de pais e crianças num período de 24 horas, é ainda avaliada a pressão arterial e o peso e altura das crianças. É sempre verificada se a recolha da urina foi feita de modo correto e pode ser validada, o que aconteceu em 85% dos casos.

Segundo Jorge Cotter, constatou-se que 60% das crianças ingerem mais sal do que os pais, um dado que vai ser divulgado no 11º Congresso Português de Hipertensão, que começa na quinta-feira em Vilamoura.

O investigador não consegue apresentar razões efetivas para esta diferença, mas alerta apenas que as recolhas de urina foram realizadas durante um fim de semana, para avaliar mais o ambiente familiar, o que impede de inferir conclusões ou atribuir responsabilidades à alimentação escolar.

“Isto mostra que tem falhado a mensagem para que, nas crianças, a ingestão de sal seja diminuída. E não só a mensagem como as medidas de ordem prática. Seguramente, entre 2010 e 2013, na nossa população, não deu resultado”, constatou o médio do Hospital Senhora da Oliveira.

Contudo, quanto à medição da pressão arterial nas crianças, a prevalência da hipertensão na população analisada neste estudo tende a parecer mais baixa do que noutros estudos.

Jorge Cotter considera que a intervenção para reduzir o consumo de sal nas crianças tem de ser ativa, prática e continuada no tempo, devendo começar precocemente e antes da adolescência.

Em 2010, no trabalho publicado em 2013, os investigadores criaram uma intervenção que passou por promover um clube de jardinagem no qual as crianças aprendiam, em termos práticos, a usar alimentos de forma mais saudável e ervas que ajudem a substituir o sal.

Essa intervenção, que foi avaliada seis meses depois, teve sucesso, uma vez que o consumo de sal “tinha descido de uma forma significativa”.

Menor reserva de óvulos
Um trabalho fisicamente exigente ou por turnos, à noite, pode diminuir a qualidade dos óvulos e estar associado à redução da...

Investigadores da Escola de Saúde Pública T.H. Chan, nos Estados Unidos, direcionaram o seu estudo para a 'reserva ovariana' (quantidade de óvulos que os ovários ainda armazenam) em 473 mulheres que frequentavam uma clínica de fertilidade.

A equipa analisou também a 'resposta ovariana' (o número de óvulos maduros capazes de desenvolver um embrião saudável) em 313 mulheres que completaram pelo menos um ciclo de fertilização 'in vitro' em dezembro de 2015.

As mulheres estudadas tinham, em média, 23 de índice de massa corporal (peso normal) e 35 anos de idade, e faziam parte de uma investigação, em curso, que se debruça sobre os fatores ambientais e alimentares que podem afetar a fertilidade.

No estudo, as mulheres foram questionadas sobre o nível de esforço físico necessário para executarem o seu trabalho, as horas e o regime de trabalho e o tempo que dedicavam a atividades de lazer.

Ao todo, quatro em cada dez mulheres responderam que o seu trabalho requeria que movimentassem ou levantassem objetos pesados com regularidade, com uma em cada quatro a afirmar que as tarefas eram moderadas ou muito exigentes em termos físicos.

No inquérito, nove em cada dez mulheres trabalhavam nas horas normais de expediente.

Segundo os investigadores, as mulheres com trabalhos fisicamente exigentes tiveram uma menor reserva de óvulos, sendo que nas mulheres com um ciclo de fertilização 'in vitro' completo o número de óvulos maduros caiu quase 14,5 por cento.

As que trabalhavam por turnos, à noite, e que tinham excesso de peso, a par de um emprego duro, também possuíam, em média, menos óvulos maduros.

Os autores advertem que o estudo, baseado em observações, não permite estabelecer uma relação direta causa-efeito, para a redução da fertilidade feminina, e os seus resultados não podem ser generalizados a mulheres que tentam engravidar naturalmente, mas sugerem que a "qualidade inferior dos ovócitos pode mediar a relação entre a elevada frequência com que são movimentadas ou levantadas cargas pesadas no trabalho e a fecundidade reduzida".

Na investigação não foram abordados fatores como a alternância de turnos, entre dia e noite, e o excesso de carga horária.

Estudo
Investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) criaram um novo método que, sustentam, consegue antecipar, num mês, o...

O método consiste num modelo matemático e computacional que cruza dados de diferentes fontes de informação, possibilitando calcular a probabilidade do começo do surto quando há mudanças no número de casos.

Atualmente, o método de vigilância usado nos países europeus, incluindo Portugal, apenas permite declarar o surto de gripe depois de, nomeadamente, terem sido confirmados laboratorialmente casos suspeitos reportados por médicos, com o alerta a ser dado "com alguma frequência" após o pico da infeção, disse hoje à Lusa a investigadora do IGC e coordenadora do trabalho, Joana Gonçalves-Sá.

O modelo matemático e computacional criado pelos investigadores do IGC acrescenta, para Portugal, aos dados oficiais, como a taxa de incidência da gripe e o número de casos suspeitos transmitidos pelos médicos e confirmados em laboratório, informações provenientes das pesquisas feitas no motor de busca Google para o termo 'gripe' e seus sintomas e das chamadas para a linha telefónica de triagem Saúde 24.

Segundo Joana Gonçalves-Sá, o novo método, ao calcular a probabilidade de início da epidemia gripal, quando o número de casos começa "a aumentar de uma forma mais consistente", permite antecipar os alertas oficiais e melhorar a resposta dos serviços de saúde no pico da infeção.

A coordenadora do Grupo de Ciência e Política do IGC sublinhou que, quando os alertas oficiais são emitidos, os hospitais estão em dificuldades, com as urgências sobrelotadas, porque não tiveram tempo para se preparar, reforçar as equipas de médicos e enfermeiros, vagar quartos, encomendar medicamentos.

O novo método poderá ser usado em vários países como complemento ao método de vigilância em vigor para a gripe, e servirá, de acordo com os seus autores, para antecipar o começo de outros surtos, como o da dengue ou o do calor, ao cruzar igualmente dados de diferentes fontes de informação.

Os resultados do estudo do Instituto Gulbenkian de Ciência foram recentemente publicados na revista científica PLoS Computational Biology.

Morte Assistida
O presidente do Conselho Nacional da Ética para as Ciências da Vida, Jorge Soares, defende um debate alargado sobre a morte...

“Os referendos são instrumentos da democracia, importantes quando se quer ouvir a opinião do maior número de pessoas sobre temas que têm especial complexidade e de especial sensibilidade como é o tema da morte assistida”, disse Jorge Soares, no final de uma audiência para apresentar cumprimentos a Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República.

Sem nunca defender diretamente um referendo sobre a eutanásia, já admitida pelo CDS-PP, Jorge Soares afirmou que não vê urgência na discussão da morte assistida e que é necessário, como já disse o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, um debate alargado sobre o assunto.

“Assuntos de especial complexidade devem ser abordados pelo maior número de pessoas, deve ser estimulada a reflexão e a decisão. Os assuntos têm que ser explicados de uma forma simples, as pessoas têm que perceber o que se trata. Quanto mais pessoas se pronunciarem, mais fácil é aos políticos tomarem as suas decisões”, disse.

O presidente do Conselho Nacional da Ética para as Ciências da Vida não vê urgência na discussão.

“Pode ter uma urgência política, mas não é um assunto que seja considerado urgente”, disse, dado que a “todo o tempo se colocou este problema”.

A Assembleia da República deverá discutir o tema da morte assistida ainda este ano, dado que vários partidos, como o Bloco de Esquerda e “Os Verdes”, já anunciaram a intenção de apresentar projetos de lei, ainda sem data anunciada.

Na semana passada, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu um debate amplo e o mais participado possível sobre a morte assistida, tendo-se recusado a pronunciar para não condicionar a discussão.

Investigação
Uma investigação da Universidade de Queensland, Austrália, identificou a forma como se espalham as células do melanoma, o mais...

O trabalho descobriu "o mecanismo através do qual as células do melanoma mudam comportamentos", sugerindo que prevenir esta mudança para um comportamento invasivo, "possibilita evitar que as metástases (células com mutações cancerígenas) se espalhem, no melanoma e potencialmente em outro tipo de cancros também", disse o cientista que liderou a investigação publicada na revista EBiomedicine.

Aaron Smith, da School of Biomedical Sciences (Escola de Ciências Biomédicas) da universidade australiana explicou que o cancro é caracterizado pelo crescimento descontrolado de células, mas se esse fosse o único problema, as células oncológicas podiam ser facilmente tratadas com cirurgia, na maior parte dos casos.

O que torna o cancro mortal é a sua tendência para mudar, invadir tecidos e deslocar-se para outras regiões do corpo, um processo chamado de metástases.

"Um melanoma com metástases é um dos tipos de cancro mais agressivos e difíceis de tratar", referiu.

Ao examinar amostras de tumores de melanoma, os cientistas observaram que algumas células estão primariamente proliferativas e algumas são mais invasivas e migratórias.

"Também sabemos que algumas células podem alternar entre estes dois comportamentos, ou seja, uma célula capaz de estabelecer um novo tumor no mesmo local pode tornar-se mais invasiva e facilitar a distribuição do cancro para outras partes do corpo. O que não sabíamos era que a razão por que isto acontecia", especificou Aaron Smith.

O que é?
Difícil de diagnosticar, a hipocondria tem associados elevados níveis de stress e ansiedade que pode

A hipocondria, ou nosomifalia, é hoje considerada uma verdadeira doença psiquiátrica, incluída no grande grupo dos “Transtornos de Sintomas Somáticos e Transtornos Relacionados” da mais recente classificação da Associação Americana de Psiquiatria, a DSM-5 (5ª Edição do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, publicada em 2013).

Por definição, um doente hipocondríaco é uma pessoa que se preocupa excessivamente com a sua saúde, valorizando demasiado um ou mais sintomas por si sentidos (aos quais atribui uma causa específica, geralmente grave) ou tendo o receio de ter ou de vir a ter uma doença, mesmo que não tenha qualquer sintoma suspeito dessa doença.

Para que se considere este diagnóstico, esta situação tem de durar mais de 6 meses, tem de ser realmente sentida pelo doente (não é fingida e não resulta de qualquer tipo de delírio ou alucinação) e não se enquadra no quadro clínico de qualquer outra doença mental.

Em geral, os hipocondríacos procuraram por todos os meios esclarecer as suas dúvidas e encontrar as doenças que pensam ter, através de múltiplas consultas médicas e de muitos exames complementares de diagnóstico, mas têm muita dificuldade em aceitar que não têm essas doenças, mesmo que os exames médicos concluam pela sua inexistência.

Pelo contrário, em vez de ficarem descansados, como sucede com a maioria das pessoas, os hipocondríacos sentem-se incompreendidos pelos outros, vivem muito perturbados e angustiados, continuam a achar que têm mesmo essas doenças e preocupam-se excessivamente com elas: estudam-nas exaustivamente na literatura ou na internet, procuram obsessivamente novos médicos para pedir mais exames, recorrem a medicinas alternativas, astrologia, cartomancia ou feitiçaria e muitas vezes tomam por iniciativa própria medicamentos que julgam ser úteis para tratar essas doenças.

Este percurso de sofrimento psicológico continuado leva os hipocondríacos a dedicar muito tempo, energia e dinheiro às suas preocupações com a saúde, condicionando a sua vida pessoal, familiar e social, desenvolvendo níveis elevados de ansiedade e chegando mesmo a entrar em depressão (por vezes com ideias suicidas como alternativa ao seu sofrimento).

São gerados níveis elevados de stress, que podem desencadear verdadeiras doenças psico-somáticas, como gastrites, úlceras, colites, “angina de peito”, hipertensão arterial e outras, mas é frequente que os hipocondríacos desvalorizem estas doenças, tal como normalmente não ligam a outros sintomas que possam sentir, deixando assim de identificar as doenças de que realmente sofrem e que deveriam ser tratadas.

Diagnosticar a hipocondria

A hipocondria pode surgir de forma “primária”, independentemente de qualquer outro problema psicológico, mas na maioria dos casos associa-se a outras perturbações ansiosas ou depressivas e é frequente encontrar na infância dos hipocondríacos situações stressantes, como abuso sexual, violência, morte de familiares ou preocupação mórbida com as doenças.

Esta doença surge habitualmente na adolescência ou no início da idade adulta, ocorre de igual modo no género masculino e feminino e distribui-se por todas as culturas, etnias e populações e por todos extractos sociais, embora seja um mais frequente nas pessoas com níveis de escolaridade e socio-económicos mais baixos.

Existem muitas pessoas com traços hipocondríacos (têm a “mania das doenças” e “vão muito ao médico”), mas a verdadeira hipocondria é relativamente pouco frequente, variando entre 1 e 7% da população, consoante os critérios de classificação usados, que têm mudado ao longo do tempo.

Pela sua própria natureza, a hipocondria é difícil de diagnosticar, porque os doentes não acham que sofrem de um problema mental e por isso não recorrem a consultas de psicologia ou de psiquiatria, preferindo consultar médicos generalistas ou especialistas das doenças físicas que pensam ter. No entanto, como em geral consultam muitos médicos ao longo dos anos, cada um deles não chega a perceber que está perante um hipocondríaco e aceita como adequada a preocupação com o sintoma ou a doença e pede os exames necessários para o seu esclarecimento.

É por isto que, na maioria dos casos, são os familiares e os amigos dos doentes que suspeitam do problema e conseguem que os hipocondríacos procurem ajuda adequada.

Tratar a hipocondria

A base do tratamento da hipocondria é psicológica (terapia cognitivo-comportamental, dessensibilização sistemática, abstração selectiva, psicoterapia analítica), procurando-se fazer uma espécie de reprogramação da forma como o doente interpreta os seus sintomas e receios e da maneira com se comporta perante eles, de modo a reduzir os níveis de ansiedade e de sofrimento psicológico que a hipocondria acarreta.

Não se pretende que o hipocondríaco deixe de sentir as suas queixas ou medos, mas sim que passe a aceitá-los como “naturais” e “funcionais” e não como sinónimo de doença grave. Deve promover-se a integração saudável do doente na vida familiar, social e profissional, reduzindo a abstenção escolar ou laboral e tornando o hipocondríaco numa pessoa mais sociável, que consiga estar com os outros sem estar permanentemente a falar das suas preocupações com a saúde.

 É fundamental que exista simultaneamente um acompanhamento por um médico assistente no qual o hipocondríaco confie (médico de família ou outro), que promova uma atitude tranquilizadora para o doente e esteja disponível para o atender quando necessário, sem descurar a necessária prevenção, rastreio e tratamento de outras doenças.

Deve tratar-se a ansiedade e a depressão associadas à hipocondria, se necessário com o recurso a ansiolíticos e anti-depressivos, sendo pouco frequente a necessidade de recorrer a medicação psicotrópica mais agressiva.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Doenças Respiratórias Crónicas
A RESPIRA - Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas, celebra dia 9 de Fevereiro dez...

A Associação RESPIRA foi constituída há dez anos, em Lisboa, por um pequeno grupo de pessoas com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, da qual fez parte o atual presidente e médicos pneumologistas, com o objectivo de combaterem uma lacuna existente ao nível da saúde respiratória em Portugal – uma instituição que representasse as Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas e defendesse os seus interesses.

O lema “Para que não se sinta só a respirar” reflecte a missão da Associação - contribuir para o conhecimento, prevenção e tratamento das doenças respiratórias crónicas e para a promoção e defesa dos direitos dos doentes.

“Lutamos desde 2007 pela prevenção primária e secundária do tabagismo, apontada como a principal causa da DPOC em Portugal, pela reivindicação do tratamento das doenças respiratórias baseado nas melhores práticas existentes, no desenvolvimento de

iniciativas de sensibilização junto da população e de escolas, motivando o incremento da formação e investigação sobre estas patologias e ainda na elaboração de brochuras ou guias práticos de apoio à família, cuidadores e pessoas portadoras de DPOC”, explica José Albino, Presidente e cofundador da Associação.

Segundo dados do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias da Direção-Geral da Saúde, a DPOC é, atualmente, considerada a 4ª causa de morte no mundo e um problema de saúde pública em Portugal e afecta cerca de 800 mil portugueses .

Esta patologia que está subdiagnosticada e subtratada tem um impacto considerável na qualidade de vida dos doentes, representando ainda um fardo económico ao nível do tratamento.

A Direcção da RESPIRA pretende que ao longo de 2017 sejam realizadas um conjunto de acções, que recordando o passado, o esforço e o apoio de tantos amigos, voluntários e patrocinadores, projete e dê a conhecer o trabalho que se pretende realizar na próxima década.

As iniciativas anuais da Associação RESPIRA podem ser acompanhadas pelo Facebook e Site Institucional e ainda pela Revista O2, uma edição trimestral distribuída gratuitamente pelos seus associados.

Todas as pessoas, doentes, familiares, cuidadores ou interessados pela área da saúde respiratória, poderão tornar-se associados e apoiar a missão da Associação em http://respira.pt/Default.aspx#/menu/Associados

Danos hepáticos
Um grupo de Investigadores da Universidade de Edinburgh, no Reino Unido, e de Oslo, na Noruega, descobriu que o paracetamol...

A descoberta deste estudo publicado na revista “Scientific Reports” pode abrir portas a novas terapias para combater o dano causado pelo fármaco que é a principal causa de insuficiência hepática aguda no mundo ocidental, informa o Science Daily.

Os cientistas liderados por Leonard Nelson estudaram o impacto do paracetamol nas células hepáticas em humanos e em ratinhos. Os testes demonstraram que, em determinadas circunstâncias, o paracetamol, mesmo em pequenas doses, pode danificar o fígado ao afetar as ligações estruturais vitais entre células adjacentes no órgão.

Quando estas ligações da parede celular, conhecidas como junções apertadas, são afetadas, a estrutura do tecido hepático é danificada, as células não são capazes de funcionar corretamente e podem morrer, descreve o Science Daily.

Segundo os cientistas, este tipo de lesão celular, que já se sabia que ocorria em doenças hepáticas, incluindo hepatite, cirrose e cancro, não estava até à data associada à alta toxicidade do paracetamol.

Leonard Nelson, líder do estudo e cientista do Laboratório de Hepatologia da Universidade de Edimburgo e do Instituto de Bioengenharia, recorda que o "paracetamol é o remédio de dor preferido do mundo, é barato e considerado seguro e eficaz na dose terapêutica".

"No entanto, os danos induzidos no fígado por fármacos continuam a ser um problema clínico importante e um desafio para o desenvolvimento de fármacos mais seguros, o que reforça a necessidade de vigilância no uso do paracetamol", conclui o investigador.

 

Complicações perinatais
Os bebés expostos a complicações antes ou durante o nascimento correm mais riscos de desenvolver transtornos do espectro...

Os cientistas da organização sem fins lucrativos Kaiser Permanente, na Califórnia, Estados Unidos, analisaram os registos médicos de 594.638 crianças nascidas entre 1991 e 2009. Ao longo deste período, 6.255 destas crianças foram diagnosticadas com transtornos do espectro autista, sendo que segundo os registos médicos 37% destes bebés sofreram complicações perinatais.

Pela análise de dados, os investigadores concluíram que as crianças expostas a complicações durante o parto apresentaram um risco 10% mais elevado de desenvolver autismo.

No que toca às crianças expostas a complicações antes do início do parto, estas tiveram esse risco aumentado em 22%.

Os investigadores constataram ainda que as crianças expostas a complicações antes e durante o nascimento apresentavam um risco 44% maior de desenvolver transtornos do espectro autista.

"Apesar de não existir atualmente uma cura para os transtornos do espectro autista, a identificação precoce das crianças que se encontram em risco de desenvolver a doença é extremamente importante, uma vez que a investigação demonstra que as intervenções de tratamento precoces para as crianças com estas doenças podem melhorar bastante o seu desenvolvimento", comenta em comunicado Darios Getahun, líder do estudo.

De acordo com o referido estudo, as complicações perinatais mais associadas aos transtornos do espectro autista são a asfixia e pré-eclampsia, uma complicação da gravidez caracterizada pela pressão arterial elevada da progenitora.

 

Método com validade de 10 anos
Ciência dá mais um passo na criação de um método contraceptivo que bloqueia a passagem de espermatozóides.

A Fundação Parsemus, dos Estados Unidos, está cada vez mais confiante na criação e comercialização do tão aguardado método contraceptivo masculino.

Passados anos de especulação e tentativas científicas falhadas, a entidade norte-americana vem agora anunciar que o uso de Vasalgel – gel injetado (sob anestesia) e que tem um processo de bloqueio dos espermatozóides idêntico à vasectomia – foi testado com sucesso em macacos.

As conclusões desta experiência em primatas, realizada pela Universidade da Califórnia, foi publicada na revista Basic and Clinical Andrology e revela este método trata-se de uma ‘vasectomia reversível’, ou seja, os cientistas defendem que é um método de contracepção a médio-longo prazo e que será possível travar os efeitos do Vasalgel para que os homens possam ter filhos mais tarde, conta a BBC no seu site.

Para o estudo foram usados 16 macacos machos adultos, sendo que dez já tinham sido pais. O Vasagel foi injetado em todos e os macacos foram libertados para junto de fêmeas férteis, tendo acasalado. Nenhuma das fêmeas engravidou ao longo do estudo, que incluiu dos períodos de reprodução completos, diz a publicação.

Porém, os investigadores salientam que este tipo de contraceptivo masculino apenas serve para evitar a gravidez indesejada, não sendo eficaz na hora de proteger contra as doenças sexualmente transmissíveis, como a Sida.

Além disso, foram ainda notados alguns efeitos colaterais, se bem que poucos. O mais sonante diz respeito à necessidade de submeter um dos macacos a uma cirurgia, uma vez que a injeção afetou um dos tubos de passagem dos espermatozóides para o pénis.

Tal como noticiado há dois anos, este contraceptivo masculino poderá ter uma validade de dez anos e custar perto de 375 euros.

Saúde Mental
Um recente estudo levado a cabo por investigadores da Mayo Clinic Study of Aging, nos Estados Unidos, e publicado no passado...

O estudo olhou para a saúde mental de 1,929 participantes com 70 anos ou mais e conclui que treinar e incentivar o cérebro pode ajudar a prevenir o declínio mental em 20% e que existem exercícios bastante eficazes nesse sentido.

Numa primeira fase do estudo, em 2005 (um ano antes do estudo começar), os participantes tiveram que revelar informações sobre a própria saúde mental, tendo feito ainda um diagnóstico cognitivo por parte dos investigadores. Passados dez anos, já em 2016, os participantes - que foram monitorizados durante quatro anos - foram novamente avaliados.

O risco de disfunção cognitiva leve foi reduzido nas participantes que faziam uso de computadores, nos que alinhavam em atividades de artesanato, nos que se incluíam em atividades sociais e em todos os que participavam em jogos de brincar, como as cartas.

Tal como se lê no estudo, “os idosos cognitivamente normais que se envolveram em atividades cerebrais estimulantes específicas, têm, mesmo no fim da vida, um risco diminuído de comprometimento cognitivo leve.

 

Estudo
Cientistas revelam imagens a três dimensões do cérebro de ratinhos onde se vêem os pontos de contacto entre as células nervosas...

A observação do que se passa no cérebro durante o sono resultou em dois estudos publicados esta sexta-feira na revista Science que se centraram especificamente nas sinapses, as zonas de contacto entre os neurónios. Durante cerca de quatro anos, uma equipa de cientistas analisou e mediu 6920 sinapses no cérebro de ratinhos para constatar que encolhiam durante o sono tornando as ligações sinápticas mais fracas. Outra equipa esclareceu como é que isso acontecia a nível molecular e bioquímico, identificando alguns genes importantes para o funcionamento deste mecanismo.

Os dois estudos publicados agora levam-nos à velha questão sobre a função do sono. Para que serve? Sobre isto, há duas teorias principais. E o mais provável, tal como referem dois neurocientistas num comentário publicado também na revista Science, é que ambas estejam correctas. Assim, há quem defenda que o sono serve sobretudo para “restaurar” o nosso cérebro, reparando a maquinaria celular, repondo energias e eliminando o lixo químico que acumulamos. Uma espécie de processo de limpeza e arrumação, portanto. Depois, há cientistas que valorizam mais o processamento da informação que fazemos quando dormimos, numa tarefa que nos possibilita armazenar dados e consolidar memórias. Aqui, estaremos num mais complexo processo de arquivamento e selecção de informação. Tal como já referimos, o mais provável é o sono sirva para isso tudo, limpar e arquivar.

Independentemente do propósito do sono, sabe-se que o cérebro funciona de forma diferente quando dormimos. Uma das ideias que estes dois estudos fortalecem tem a ver com o enfraquecimento das ligações sinápticas que “descansam” à noite para compensar a intensa actividade que lhe exigimos quando estamos acordados. Num dos trabalhos, os cientistas recorreram à microscopia electrónica para analisar o tecido cerebral do córtex motor e sensorial de ratinhos e conseguiram reproduzir bonitas imagens tridimensionais das extensões dos neurónios que recebem os impulsos, conhecidas como espinhas dendríticas. Ao estudar milhares destas imagens, perceberam que as sinapses encolhiam durante o sono e que depois, durante o próximo período de vigília, voltavam a expandir-se e crescer.

Segundo explicam no artigo, as sinapses encolhem cerca de 20% durante o sono, criando espaço para o dia seguinte. Mas nem todas. É que estes pontos de contacto entre os neurónios não são todos iguais. As maiores e mais fortes e que os investigadores acreditam que estão associadas a memórias mais estáveis, parecem permanecer ilesas sem sinais de encurtamento das suas espinhas dendríticas. Ainda assim, cerca de 80% das sinapses encolhem, conclui o estudo.

Mas para quê?

“Isto mostra, de forma estruturalmente inequívoca, que o equilíbrio do tamanho e da força das sinapses é perturbado durante o tempo que estamos acordados e restabelecido pelo sono”, refere Chiara Cirelli, investigadora no Centro do Sono e da Consciência da Universidade de Wisconsin, nos EUA, e uma das autoras do trabalho, num comunicado sobre o estudo. E acrescenta: “É impressionante que a maioria das sinapses no córtex passe por uma mudança tão grande de tamanho em poucas horas de vigília e sono.” 

Giulio Tononi, investigador da mesma universidade, faz a leitura que faltava: “Extrapolando dos ratinhos para os humanos, os nossos resultados significam que todas as noites, milhões de milhões de sinapses no nosso córtex podem ficar 20% mais fracas.”

A outra equipa de cientistas (da Universidade Johns Hopkins, nos EUA) que publica um artigo na mesma revista não só confirma este enfraquecimento das sinapses, como ajuda a explicar como acontece. Usando análises bioquímicas e moleculares, o estudo identifica um gene (homerla) importante para desencadear este enfraquecimento das sinapses durante o sono.

Apesar de os dois estudos confirmarem que a estrutura das sinapses muda durante o sono, ainda há muita coisa que fica por esclarecer, tal como constatam László Acsády (da Academia de Ciências Húngara) e Kenneth Harris (da University College de Londres), dois neurocientistas que escreveram um comentário na Science sobre estes trabalhos. “Apesar de termos mais provas sobre as mudanças na força sináptica durante o dia, a função precisa destas alterações permanece tão misteriosa como sempre”, referem. Ou seja, as sinapses mudam de tamanho, mas para quê?

A verdade é que o mistério do sono é, sem dúvida, sedutor para os cientistas. Numa rápida pesquisa sobre artigos centrados no sono nos últimos dias vemos, por exemplo, que um estudo em ratinhos demonstrou que a privação do sono prejudica a capacidade do cérebro em formar novas memórias. Ou que, num outro estudo que envolveu apenas mulheres na pós-menopausa, os problemas no sono podem interferir na qualidade da vida sexual. Ou ainda uma investigação que aconselha as pessoas que têm dificuldades em dormir a fazer um fim-de-semana de campismo no Verão para acertar o “relógio” biológico, comprovando que os nossos ritmos e hábitos “electrónicos” de vida nos podem tirar o sono. 

Principais mitos
Em Portugal, as mulheres ainda estão pouco informadas a respeito dos métodos contraceptivos de longa

Entende-se por contracepção de longa duração todo o método contraceptivo com duração de ação igual ou superior a três meses e cuja administração pode ser vigiada e controlada por uma equipa de saúde.

Sendo mais eficazes que os anticoncepcionais orais, ainda existem, no entanto, alguns mitos que impedem que mais mulheres optem por eles.

“Os principais receios das mulheres são que estes métodos possam vir a diminuir a fertilidade”, começa por dizer a especialista em ginecologia e obstetrícia, do Hospital Lusíadas Porto, Paula Ramôa.

No entanto, tal como explica, assim que “o DIU/SIU são retirados ou o implante removido, a mulher pode engravidar de imediato”.

“Os métodos de longa duração estão entre os métodos mais eficazes que existem. Sempre que um método contém uma hormona, o ciclo óvarico natural é interrompido e o útero obedece unicamente à quantidade de hormona presente no organismo. Portanto, não menstruar não significa um efeito adverso do método ou doença, mas ó um efeito colateral que desaparece mal o método é suspenso”, justifica.

De acordo com Paula Ramôa, estes métodos podem ser utilizados por qualquer mulher, sobretudo, “por quem tenha contraindicação para outros métodos, quem tem dificuldade em tomar a pílula todos os dias e por portadoras de algum grau de deficiência mental ou cognitiva”.

Não obstante, a escolha do método contraceptivo deve ter em conta inúmeros fatores e é importante que as mulheres estejam devidamente informadas sobre cada um deles.

“O conhecimento sobre todos os meios contraceptivos permite ao médico aconselhar o método mais apropriado para uma determinada pessoa ou casal”, sendo o método ideal aquele que está de acordo com o estilo de vida e que respeita as crenças pessoais “de forma a ser usado com sucesso e com baixa taxa de abandono”.

Deste modo, importa ter em conta eficácia, conveniência, duração de ação, reversibilidade, efeito sobre período menstrual, tipo e frequência dos efeitos colaterais e eventos adversos, custo, acessibilidade, proteção contra doenças de transmissão sexual, benefícios não contraceptivos e contraindicações médicas absolutas e relativas.

Alternativa à pílula

“É considerada contracepção de longa duração o Dispositivo Intrauterino de cobre (DIU) ou o Sistema Intrauterino com uma hormona chamada levonorgestrel (SIU)”, começa por enumerar a ginecologista.

“Temos também o Implante com levonorgestrel que se coloca debaixo da pele. Uma outra opção é a ampola injetável de medroxiprogesterona com duração de três meses. Os três últimos têm uma eficácia superior à pílula”, refere.

De acordo com especialista, o Dispositivo Intrauterino de cobre tem uma eficácia de 99,2% na utilização corrente, garantindo a contracepção entre cinco a sete anos, “ou até mais, dependendo dos casos”.

O DIU trata-se de um dispositivo em forma de T ou S inserido pelo especialista diretamente no útero. “Contém uma pequena porção de cobre que desencadeia um processo inflamatório no endométrio impedindo a nidificação, ou seja, a implantação do embrião”, explica.

Uma vez que não se trata de um método hormonal, pode ser utilizado em qualquer idade. “Só perde eficácia se se deslocar. Os ciclos mantêm-se com os intervalos anteriores à sua colocação”, adianta.

Como efeitos colaterais estão descritos o aumento da dores menstruais e do fluxo sanguíneo. Por outro lado, obriga a exames regulares para verificar se se mantém na posição correta e está desaconselhado “no caso de existirem múltiplos parceiros sexuais pelo facto de facilitar o aparecimento de doença inflamatória pélvica”.

“Está contraindicado em mulheres com alergia ao cobre, com malformações uterinas ou doença inflamatória pélvica”, afirma Paula Ramôa.

Combinando um dispositivo intrauterino, semelhante ao DIU, com uma hormona– levonorgestrel - que é libertada ao longo do tempo, o SIU (Sistema Intrauterino) é um método mecânico e hormonal que apresenta uma eficácia de 99,9%.

“Pode ser utilizado por todas as mulheres, em qualquer faixa etária. Os períodos menstruais tornam-se mais curtos ou mesmo ausentes, o que traz qualidade de vida e não tem contraindicações”, refere a médica especialista.

No entanto, por vezes pode ocorrer alguma retenção hídrica, caso se trate de um SIU com maior dosagem.

“Tal como o DIU não deve ser utilizado em mulheres com malformações uterinas e com doença inflamatória pélvica”, adverte.

“O Implante é um dispositivo de plástico flexível, de quatro centímetros de comprimento e dois milímetro de espessura. É colocado pelo médico debaixo da pele, geralmente no braço não dominante, usando um anestésico local. Contém um progestativo que se vai libertando lentamente, mantendo-se ativo ao longo de três anos”, explica Paula Ramôa acrescentando que este deve ser substituído ao fim deste período.

O Implante tem uma eficácia de 99,9% “independentemente do perfil da utilizadora”. Não perde eficácia quando há problemas gastrointestinais e pode ser utilizado por mulheres com contraindicação à toma de estrogénios.

“As contraindicações são idênticas às dos contraceptivos por via oral só com progestativo, ou seja, em mulheres portadoras de doença hepática grave, doença cardíaca isquémica, acidentes vasculares cerebrais e episódio agudo de tromboembolismo”, explica.

Como reação adversa, a especialista refere a irregularidade na menstruação, a retenção de hídrica e acne. 

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