Primeira causa de morte
Considerado como a principal causa de morte e de incapacidade permanente, o Acidente Vascular Cerebr

Estima-se que, todos os anos, ocorram cerca de 6,5 milhões de mortes por Acidente Vascular Cerebral, em todo o mundo. Em Portugal, por hora,  três portugueses sofrem um AVC, um dos quais resulta em morte. Metade fica com sequelas incapacitantes para o resto da vida.

Dados alarmantes que fazem desta doença a principal causa de morte e incapacidade no país.

“O AVC é uma doença súbita que afeta uma zona limitada do cérebro, causada pelo bloqueio ou rompimento de uma artéria cerebral, interrompendo o fornecimento de sangue ao cérebro”, começa por explicar o Professor José Castro Lopes, presidente da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral.

“A irrigação sanguínea do cérebro pode ser interrompida devido a um fenómeno isquémico (obstrução de uma artéria) ou a um fenómeno hemorrágico (rompimento de uma artéria)”, acrescenta adiantando que o AVC isquémico implica sempre um “entupimento” de um vaso sanguíneo que condicionará a chegada do sangue às células cerebrais, seja ele provocado por um trombo ou por um embolo.

“Já o AVC hemorrágico é causado por uma hemorragia, ou seja, pelo “rompimento” de um vaso sanguíneo dentro do cerébro”, afirma o neurologista.

De acordo com este especialista, os AVC hemorrágicos são menos comuns que os isquémicos, ocorrendo apenas em 15% dos casos, no entanto, a gravidade dos mesmos depende de vários fatores. “A cada área do cérebro corresponde uma função diferente: a função motora, o equilíbrio, a linguagem, a memória, a coordenação, a sensibilidade, entre outras. Neste contexto, as manifestações de um AVC e subsequentes sequelas vão depender da zona lesada e da extensão dos danos causados pela falta de irrigação”, justifica.

Deste modo, quanto menor for o período entre a ocorrência dos primeiros sinais de AVC e a chegada ao hospitral, maior será a probalibilidade de sobrevivência sem sequelas.

Afetanto, sobretudo, pessoas com mais de 65 anos, o Acidente Vascular Cerebral apresenta vários fatores de risco, sendo a hipertensão arterial um dos mais relevantes.

“Em Portugal, as elevadas taxas de AVC têm sido atribuídas a um fator de risco específico – a hipertensão arterial – que, por sua vez, tem como principal causa o consumo excessivo de sal”, refere o presidente da SPAVC.

No entanto, admite que não se devem menosprezar outros fatores que condicionam a doença. “No caso do AVC, existem fatores de risco modificáveis e não modificáveis. Fatores de risco não modificáveis são os que não são passíveis de qualquer tipo de intervenção”, explica. Fatores genéticos, hereditários ou individuais, idade, raça e sexo configuram nesta definição.

“Fatores de risco modificáveis são aqueles que, mediante controlo e tratamento adequados, podem ser minimizados e ter um impacto menos relevante no risco de AVC. É o caso, por exemplo, do sedentarismo, da obesidade, da hipertensão arterial, do tabagismo, da fibrilhação auricular, da diabetes mellitus, do consumo excessivo de bebidas alcoólicas”, descreve o especialista que defende a adoção de estilos de vida saudáveis como arma contra a doença.

A atividade física e uma dieta saudável são, deste modo, consideradas como importantes medidas de prevenção.

“Um estilo de vida inativo pode contribuir para a obesidade, fator de risco importante para o acidente vascular cerebral. A Sociedade Portuguesa do AVC aconselha a uma caminhada diária de pelo menos 30 minutos”, afirma advertindo, no entanto, que esta atividade deve ser adaptada às capacidades motoras e estilo de vida de cada um.

Por outro lado, “uma alimentação saudável contribui para a manutenção de um peso adequado e, consequentemente, para a prevenção de muitas das doenças crónicas não transmissíveis, entre as quais a obesidade, um já referido fator de risco para o AVC”.

“Uma dieta rica em gorduras faz com que o colesterol se acumule no sangue e estreite as artérias. Demasiado sal pode levar à pressão arterial elevada”, explica o Professor.  Deste modo, reforça a importância de adoptar um regime alimentar equilibrado, “rico em legumes frescos e frutas da época, pobre em gorduras, açúcares e sal, com consumo moderado de bebidas alcoólicas (no máximo de um copo standard de vinho por dia nas mulheres, e dois nos homens), sem esquecer a ingestão de água em quantidade suficiente (entre 8 a 10 copos por dia) para manter a hidratação”.

“Tempo é cérebro”

Os principais sinais de um Acidente Vascular Cerebral surgem de forma súbita e dependem do local e extensão do cérebro afetada. No entanto, eles podem ser lembrados como os “3F”: desvio da Face, dificuldade na Fala, falta de Força no braço.

De acordo com o presidente da Associação Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral basta um destes sinais aparecer para se suspeitar de um AVC, devendo ser accionado de imediato o serviço de emergência para que o doente receba o tratamento adequado, tão rápido quanto possível.

A verdade é que, quanto mais cedo o doente chegar ao hospital e quanto mais precoce for a administração da terapêutica de fase aguda, maiores são as hipóteses de sobrevivência e de minimização de sequelas.

“O tratamento só pode ser administrado nas primeiras horas após a instalação dos primeiros sintomas e é tanto mais eficaz e seguro quando mais cedo for iniciado. É caso para dizer que tempo é cérebro, pelo que o AVC tem que ser encarado como uma situação de emergência”, alerta o neurologista.

As sequelas da doença dependem de fatores, como a localização do AVC, a extensão das lesões e o período decorrente entre o aparecimento dos primeiros sintomas e a implementação da terapêutica em fase aguda. Elas podem ser reversíveis ou permanentes mas “sempre com impacto na qualidade de vida”.

“Afasia, disfagia, hemiparesia, ataxia, epilepsia, incontinência urinária e fecal ou alterações congnitivas (como a perda de memória e pensamento confuso) são algumas das complicações mais comuns.

Formar e informar a população

Apesar da gravidade da doença, na opinião de José Castro Lopes, os portugueses continuam a prestar pouca atenção ao sistema cerebrovascular, sendo por isso urgente, envidar esforços para sensibilizar a população para aquela que é a principal causa de morte e incapacidade.

“É necessário, e diria até mesmo urgente, um esforço conjunto, que envolva profissionais de saúde, população, comunicação social e decisores políticos, para reduzir o peso do AVC no nosso país”, refere o especialista.

“O problema reside em chegar à população em geral, apesar da múltiplas ações que vimos organizando, desde sessões abertas realizadas no âmbito do Congresso Português do AVC, a ações especialmente dirigias à comunidade geral, tais como rastreios e sessões de esclarecimento”, afiança acrescentado que se torna essencial formar e informar a população “no que respeita a uma doença que afeta três portugueses por hora. Mas, acima de tudo, é preciso educar as pessoas a adotar estilos de vida saudáveis desde muito cedo, praticando as medidas de prevenção durante toda a vida.

Para debater esta temática, decorre, entre 2 e 4 de Fevereiro, aquele que é considerado o grande fórum em Portugal da doença vascular cerebral.

O 11º Congresso Português do AVC levará a discussão temas como “Estilos de Vida na vanguarda do AVC”, “A importância do risco vascular na deterioração cognitiva” ou “Os aspetos do tratamento da fase aguda do AVC isquémico”, tendo como protagonistas vários especialistas nacionais e internacionais.

Para além das palestras, está prevista ainda uma Sessão de Informação à População que faz deste Congresso o único no mundo a promover um contato estreio com a população.

“Considerando a fraca participação na prevenção e no tratamento do AVC por parte da população geral, a SPAVC inclui sempre nas suas atividade científicas, finalizando-as, uma sessão com entrada livre destinada à população geral”, conclui José Castro Lopes.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Universidade do Minho
Uma equipa da Universidade do Minho conseguiu reverter parcialmente as limitações motoras de ratinhos com lesões na espinal...

Espera-se que estes avanços venham no futuro a ser aplicados em pacientes com lesões vertebro-medulares. O trabalho, publicado na revista “Biomaterials”, teve a colaboração das universidades de Toronto (Canadá) e Tulane (EUA) e foi financiado pelo Prémio Santa Casa Neurociências - Melo e Castro, atribuído pela Misericórdia de Lisboa.

A espinal medula é uma espécie de autoestrada para o cérebro e o resto do corpo comunicarem entre si. Por aí passam impulsos nervosos que controlam todas as nossas tarefas. Quando por acidente há uma lesão vertebro-medular, a estrutura é afetada, destruindo as ligações nervosas e com consequências severas, como as motoras (locomoção). A maioria destas lesões tem um grau de recuperação muito reduzido, escreve o Sapo, pois o tecido nervoso possui baixa capacidade de regeneração.

A equipa da Universidade do Minho: Rui Lima, Nuno Silva, António Salgado, Eduardo Gomes e Rita Silvacréditos: Universidade do Minho

António Salgado, Nuno Silva, Eduardo Gomes, Rita Silva e Rui Lima, ligados ao Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (laboratório associado ICVS/3B’s) e à Escola de Medicina da UMinho, em Braga, conseguiram contornar a situação, desenvolvendo uma nova estratégia multidisciplinar para regenerar as lesões vertebro-medulares.

Esta estratégia consiste na transplantação de dois tipos de células (células estaminais do tecido adiposo e células gliais do bolbo olfativo), que são encapsuladas num hidrogel biodegradável. Este último protege as células no processo de transplantação, permitindo em simultâneo estabelecer novas estruturas nervosas, cujo crescimento é induzido pelas duas populações celulares utilizadas.

“Demonstrámos que é possível recuperar de forma parcial a funcionalidade do tecido nervoso presente na espinal medula e, com isso, induzir a recuperação motora do animal”, explica António Salgado.

A pesquisa envolveu ratinhos com a espinal medula parcialmente lesionada (hemi-secção). Os cientistas do ICVS estão agora a estudar modelos animais com a lesão total e por compressão/contusão. A equipa trabalha ainda em estratégias combinatórias, administrando conjuntamente terapias neuro-protetoras (fármacos) de forma a potenciar os resultados obtidos. Esta metodologia será depois avaliada em modelos animais de maior porte, para elevar esta possível terapia ao patamar mais próximo da aplicação clínica.

“Se no futuro esta estratégia inovadora for aplicada com sucesso em pessoas com lesões vertebro-musculares, isto poderá implicar melhorias do ponto de vista funcional (motor, sistemas gastrointestinal e urinário, entre outros) e também de qualidade de vida. No entanto, é de frisar que há ainda um vasto trabalho a realizar antes da possível aplicação clínica”, acrescenta António Salgado.

Estudo
Um grupo de investigadores do Imperial College de Londres, em Inglaterra, usou um tipo inovador de microscopia in vivo para...

Uma equipa de investigadores do Imperial College de Londres, em Inglaterra, que inclui o médico português Delfim Duarte, concluiu que as células de leucemia resistem à quimioterapia porque se movimentam de forma rápida na medula óssea, sem se fixarem numa área particular. A descoberta, publicada na revista Nature na reta final de 2016, possibilita novos tratamentos, que podem travar o movimento destas células, escreve o Sapo. “Sabia-se que, na medula óssea, as células estaminais que dão origem a todas as células do sangue são reguladas por microambientes”, refere Delfim Duarte.

“A grande questão era perceber se as células de leucemia são também dependentes destes nichos. Assim, estudámos um modelo de leucemia particularmente agressivo, a leucemia linfoblástica de células T, em ratinhos e confirmámos em amostras de pacientes”, acrescenta ainda o especialista luso, médico interno no Instituto Português de Oncologia do Porto e doutorando do programa GABBA, Graduado em áreas da Biologia Básica e Aplicada.

O que descobriam os especialistas?
“Ao utilizar um tipo inovador de microscopia in vivo que permitiu seguir as células de leucemia em tempo real durante várias fases da doença, verificámos que essas células, incluindo as que resistiam à quimioterapia, se distribuíam e proliferavam de forma aleatória e que as células de leucemia quimiorresistentes eram migratórias e rápidas. E verificámos que a leucemia destrói os microambientes que protegem as células estaminais normais”, refere Delfim Duarte.

Qual o potencial deste estudo?
“O nosso estudo sugere que a migração celular pode ser um alvo terapêutico importante no tratamento da leucemia linfoblástica de células T. Estamos neste momento a explorar os mecanismos que explicam o movimento destas células e formas de as conseguirmos parar. As nossas conclusões também apontam para a importância de proteger os osteoblastos, os tais microambientes, para manter a produção normal de sangue nestes doentes”, acrescenta ainda o especialista.

Descodificador:

- Leucemia linfoblástica de células T
Cancro do sangue especialmente frequente em crianças que se caracteriza por um aumento descontrolado do número de glóbulos brancos.

- Quimioterapia
Utilização de fármacos para eliminar as células cancerígenas.

Projeto Cancel Stem
Durante três anos, cientistas de três institutos em Portugal vão procurar novas estratégias de ataque às células estaminais do...

É um verdadeiro exército de conhecimento nas mais variadas áreas que se prepara para um ataque ao cancro. Os alvos são as células estaminais do cancro e o exército é formado por 75 investigadores do Porto, de Lisboa e Coimbra que, durante os próximos três anos, vão trabalhar juntos. Querem saber mais sobre estas células que existem em pequeno número nos tumores, mas que terão um papel decisivo na capacidade de um cancro formar metástases, reincidir e resistir a alguns fármacos. O consórcio chama-se Cancel Stem – Estaminalidade das Células do Cancro e envolve um investimento de 2,5 milhões de euros, financiados pelo programa Portugal 2020.

Nem todas as células estaminais são boas e sinónimo de regeneração. Além das células estaminais que contribuem para o nosso desenvolvimento embrionário, há ainda os pequenos reservatórios que mantemos no nosso organismo em idade adulta e que são chamados a atuar na regeneração de tecidos. Mas há também células estaminais do cancro. Representam uma percentagem baixa, que pode ir até aos 10 ou 20%, das células que existem num tumor mas, ainda assim, parecem desempenhar um papel importante nalguns dos aspetos mais críticos da doença: metastização, recidivas e resistência a fármacos.

“Estas células, devido às suas características muito semelhantes a células estaminais normais, têm algumas capacidades importantes como a capacidade de serem elas a induzir um tumor, de metastizar e, mais importante ainda, de serem capazes de resistir às terapias”, explicou ao jornal Público Joana Paredes, investigadora no I3S (Instituto de Investigação e Invocação em Saúde, ou I3S, no Porto) e coordenadora do Cancel Stem. “São células capazes de ser imortais e de resistir a tudo.”

No entanto, ainda se sabe muito pouco sobre estas células. O projeto que junta os esforços de três institutos em Portugal – o I3S, o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em Oeiras, e o Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), em Coimbra – quer ajudar a mudar isso. Este consórcio tem nove projetos de investigação e 18 equipas a trabalhar nos próximos três anos em várias frentes. Como é que estas células aparecem? Como é que se mantêm vivas? Como é que invadem outros tecidos no corpo? Como comunicam? Como as podemos destruir? Estas são apenas algumas das questões que vão desafiar os investigadores.

“Acho que nestes três anos vamos conseguir aumentar o conhecimento nesta área. Queremos publicações, patentes e talvez produtos. Sabemos que estas coisas levam tempo. Mas termos algum dinheiro e recursos humanos para trabalhar é um bom ponto de partida”, diz a coordenadora do Cancel Stem.

Da comunicação às nanopartículas
Joana Paredes, por exemplo, vai trabalhar em quatro projetos diferentes. “Tenho várias perguntas. Uma delas está relacionada com a metastização cerebral nos casos de cancro da mama. Com a investigação que já fizemos, percebemos que estas metástases são muito enriquecidas em marcadores de células estaminais, contrariamente ao tumor primário de onde vieram.”

A cientista Mónica Bettencourt Dias, do IGC, vai juntar o que sabe sobre o papel de algumas estruturas das células (centrossomas e cílios) ao que uma outra equipa do I3S, liderada por Sérgia Velho, sabe sobre o ambiente celular no cancro. “Queremos saber se estas estruturas que normalmente comunicam através de uma troca de sinais e de diferentes formas de contacto usam o mesmo tipo de comunicação num tumor e se isso contribui para o seu desenvolvimento”, resume ao jornal Público. Expectativas? “Se estas duas comunicações estiverem relacionadas, é muito interessante e teremos conhecimento para desenvolver e, eventualmente, utilizá-lo para evitar o desenvolvimento dessas características das células.”

João Nuno Moreira, do CNC, integra uma das equipas responsáveis por um ataque mais direcionado às células estaminais do cancro. “O desafio que temos é avaliar o impacto de uma determinada nanopartícula (que contém uma combinação de fármacos) na sobrevivência das células estaminais do cancro”, explica. Para já, as experiências serão feitas com linhas celulares de cancro da mama, mas o investigador admite que o produto possa ser usado noutros tumores.

Apesar de defender que a união de forças conseguida com este consórcio é “absolutamente fundamental” no combate ao cancro, João Nuno Moreira prefere não colocar a fasquia sobre os resultados demasiada alta: “Com os tumores não é possível falar de soluções. Um tumor é uma entidade demasiado inteligente para acharmos que vamos encontrar uma solução. Mas estou confiante de que vai sair daqui conhecimento relevante para poder ser levado para a prática.”

Estudo
Fumar custa muito dinheiro, sobretudo nos países em desenvolvimento, já que consome cerca de 6% dos gastos mundiais em saúde e...

Publicado na revista Tobacco Control, o estudo mostra que, em 2012, o custo total do tabagismo alcançava os 1,4 biliões de dólares no mundo todo, sendo que 40% desse valor correspondia aos países em desenvolvimento. Os investigadores analisaram dados de 152 países, que representam 97% dos fumadores do planeta.

Os cientistas avaliaram o custo do tabagismo incluindo os gastos diretos (hospitalização e tratamento) e os gastos indiretos (calculados com base na produtividade perdida por conta de doenças ou por morte prematura).

Em 2012, o tabagismo foi a causa de morte de mais de dois milhões de adultos entre os 30 e os 69 anos, ou seja 12% do total de mortes nessa faixa etária, relata o estudo.

As percentagens mais elevadas foram registadas na Europa (26%) e na América (15%), segundo os cientistas.

Nesse mesmo ano, segundo o Sapo, os gastos diretos de saúde relacionados com o tabagismo foram de 422 mil milhões no mundo, o que significa 5,7% dos gastos destinados à saúde, percentagem que aumenta para 6,5% nos países com rendimentos mais elevados.

Um quarto do custo económico total do tabagismo recai em quatro países: Brasil, China, Índia e Rússia.

Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) dos diferentes países, o tabagismo sai especialmente caro no Leste Europeu (3,6% do PIB), assim como nos Estados Unidos e no Canadá (3%). No resto da Europa esse número situa-se nos 2%, diante de 1,8% da escala mundial.

"O tabagismo representa um peso económico importante no mundo e especialmente na Europa e na América do Norte, onde a epidemia está mais avançada", assinalam os autores do estudo coordenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A OMS tem o objetivo de reduzir em um terço as mortes prematuras relacionadas com doenças não infecciosas, sobretudo o tabagismo, antes de 2030.

Para conseguir isso, os investigadores defendem a aplicação de "medidas globais" contra o tabagismo.

À espera de projetos de lei
O parlamento debate na quarta-feira uma petição a favor a despenalização da morte assistida, enquanto se aguarda o agendamento...

A petição do movimento cívico “Direito a morrer com dignidade” defende a despenalização da morte assistida, ou seja a eutanásia, e pede que a Assembleia da República legisle nesse sentido.

A morte assistida é um direito do doente, afirma-se na petição, assinada por mais de oito mil assinaturas, entregue a 26 de abril de 2016 na Assembleia da República, que foi baseada num manifesto assinado por uma centena de personalidades.

Os subscritores da petição pedem a “despenalização e regulamentação da morte assistida como uma expressão concreta dos direitos individuais à autonomia, à liberdade religiosa e à liberdade de convicção e consciência, direitos inscritos na Constituição”.

As petições dos cidadãos não são votadas na assembleia, tendo cada bancada parlamentar três minutos para o debate.

Em entrevista à TSF na segunda-feira, o novo bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, defendeu um referendo sobre o assunto, afirmando que deve ser debatido por toda a sociedade portuguesa e que o parlamento não tem competências para tomar uma decisão deste tipo.

Na frente parlamentar, o Bloco de Esquerda (BE) vai agendar para a próxima semana uma audição sobre o seu pré-projeto de lei, já com cerca de 25 artigos, seguindo-se debates pelo país com juristas, médicos e especialistas, contra e a favor da morte assistida, disseram fontes da bancada do BE.

Depois deste ciclo de debates, que o deputado bloquista José Manuel Pureza define de “período intenso de auscultação”, o BE apresentará o seu projeto de lei.

“É muito importante que o parlamento volte a fazer um debate que fez na altura do relatório e depois agendaremos o nosso projeto de lei, antecedendo esse agendamento por uma sessão pública muito alargada onde teremos a participação de um leque muito vasto de interlocutores”, justificou Pureza, a 12 de janeiro.

O PAN (Pessoas-Animais Natureza) também anunciou um projeto que dá às pessoas o direito “a escolher com dignidade” a sua vida, argumentando que não faz sentido que sejam terceiros a decidir como é que cada um pode ou deve morrer.

O projeto, como já explicou o deputado do PAN, André Silva, prevê que a morte assistida só seja possível com um consentimento consciente e reiterado de alguém com uma doença terminal, incurável e com um sofrimento atroz e inevitável.

O processo previsto pelo partido não é fácil, mas também não é moroso, segundo palavras do deputado: terá de ser analisado por um médico (médico de família, por exemplo), que terá de fazer uma segunda consulta (um especialista da patologia em causa) e depois uma terceira, no caso de um psiquiatra.

No projeto do PAN, menores e pessoas que não possam decidir conscientemente ficam de fora, e prevê-se também a criação de uma lista de médicos objetores de consciência.

A 23 de dezembro de 2015, em entrevista à RR, ainda enquanto candidato presidencial, Marcelo Rebelo de Sousa foi cauteloso na resposta à pergunta sobre o que faria se uma lei sobre morte assistida fosse aprovada pelo parlamento.

"Teria de olhar para a lei e ver se no quadro daquilo que eu entendo que é a conjugação da minha convicção, das minhas convicções, com a avaliação objetiva da realidade que ali me é apresentada se se justificava tomar uma posição positiva ou negativa", afirmou Marcelo que votou "não" nos dois referendos sobre o aborto.

“Há uma ponderação que é preciso fazer porque estamos perante uma realidade que é muito sensível, que é a vida humana, e depois outras realidades a que a sociedade contemporânea é crescentemente sensível, que são as realidades do sofrimento. Há, de facto, na sociedade contemporânea uma grande sensibilidade a essa realidade", disse à RR.

Ainda na frente parlamentar, a 09 de fevereiro, o PSD vai organizar um colóquio na Assembleia da República sobre morte assistida, que terá como primeiro objetivo esclarecer os deputados sociais-democratas numa matéria em que o partido dará liberdade de voto, a exemplo do que acontece com o PS.

Já em janeiro foi entregue mais uma petição no parlamento, com 14.196 assinaturas, mas contra a eutanásia e com o título “Toda a vida tem dignidade”, dinamizada pela Federação Portuguesa pela Vida. No texto, exige-se a reafirmação de que a sociedade e o Estado têm o dever de proteger toda a vida humana.

Opinião
Sobretudo a partir da idade adulta, são frequentes as queixas de pernas cansadas, inchadas, sensação

Esta doença é muito mais comum do que possa pensar, atingindo mais de 1/3 da população adulta portuguesa. Embora também afete os homens, é mais frequente na população feminina (7 em cada 10 mulheres com mais de 30 anos sofre deste problema).

Mas o que é a Doença Venosa Crónica?

Como o nome indica, é uma doença que afeta o sistema venoso. Mas para perceber melhor do que se trata, é importante reconhecer o papel do sistema venoso no nosso organismo.

O sistema venoso é o responsável pelo retorno do sangue ao coração. Para que tal aconteça ao nível dos membros inferiores é necessário contrariar a força da gravidade e, para isso, contribuem 3 elementos principais:

A sola dos pés, que impulsiona o sangue no sentido ascendente;

A musculatura das pernas, que ao contrair impulsiona o fluxo sanguíneo;

As válvulas venosas, que se encontram nas veias das pernas e garantem que o fluxo sanguíneo é unidirecional, isto é, que o sangue se desloca apenas no sentido ascendente, em direção ao coração, e impedem que o sangue regresse para os pés.

Quando este sistema não funciona corretamente, sobretudo por incompetência das válvulas venosas, a circulação do sangue para o coração é deficiente, acabando por se acumular nas pernas. Numa primeira fase, esta situação condiciona o aparecimento dos sintomas característicos (dor, formigueiro, sensação de pernas cansadas) e, mais tarde, o desenvolvimento de complicações: varizes, edema (pernas inchadas), alterações da cor da pele ou mesmo úlcera venosa.

É importante valorizar os sintomas

Por ser uma doença que se instala gradualmente, estar atento aos primeiros sintomas e valorizá-los é essencial para que se possam tomar medidas que previnam o desenvolvimento de complicações mais graves.

O farmacêutico pode ajudá-lo a reconhecer os sintomas de alerta, informá-lo sobre as alternativas terapêuticas disponíveis e, caso necessário, fazer encaminhamento para o nível de cuidados adequado.

No âmbito de uma campanha de sensibilização que decorre até maio nas farmácias, será possível realizar a avaliação da circulação venosa através de um método simples. A obtenção do resultado no momento, permitirá identificar potenciais situações de risco e promover o seu tratamento ou encaminhamento para consulta médica.

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Universidade de Aveiro
Um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro criou um sistema capaz de simular o impacto de um objeto quando colide com...

Pensado para testar a eficácia de uma nova geração de capacetes com revestimento de cortiça e mais exato do que os testes de colisão feitos com bonecos, o projeto pode ser também aplicado na medicina forense na hora, por exemplo, da reconstrução de acidentes ou de crimes.

O “Yet Another Head Model (YEAHM)”, projeto do Centro de Tecnologia Mecânica e Automação (TEMA) do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Aveiro (UA) despertou já o interesse da Faculdade de Medicina do Porto e da Universidade de Stanford (EUA) que pretendem usar o modelo, respetivamente, no ensino de medicina forense, e na avaliação de concussões em jogadores de futebol americano. A Federação Portuguesa de Desportos de inverno está também a avaliar a possibilidade de ter o YEAHM ao serviço do desenvolvimento de capacetes desportivos mais seguros para os esquiadores.

O YEAHM foi desenvolvido a partir de imagens médicas obtidas por TAC e ressonância magnética, das quais resultou “um modelo numérico com uma geometria em tudo fiel ao crânio e cérebro humano”.

Para testar as consequências na massa encefálica, ossos e tecidos, os investigadores apenas têm de programar, entre outras variáveis, força, ângulo e localização dos impactos consoante desejam simular, por exemplo, um acidente rodoviário e a eficácia do capacete, ou um golpe criminoso na cabeça.

“Este modelo pode e deve ser utilizado em situações onde interessa avaliar a existência de risco de lesões na cabeça”, diz o investigador Fábio Fernandes, do TEMA, que aponta as diversas aplicações do modelo, seja “na otimização de equipamento de segurança, desde capacetes ao interior dos automóveis e ‘airbags’”, seja na “reconstrução de acidentes e crimes onde se pode tornar uma importante ferramenta forense”.

“Face aos modelos já desenvolvidos por outros grupos, este destaca-se por ter um cérebro com uma geometria muito precisa, estando presentes os sulcos e os giros. A modelação destes é muito importante na previsão de determinados tipos de lesão, como é o caso da concussão cerebral”, explica o professor Ricardo Sousa, coordenador do projeto.

Intolerância à lactose
O valor nutricional do leite de vaca é sobejamente conhecido e fomos habituados a acreditar que o se

Estima-se que cerca de 5 a 10% da população da Europa Ocidental seja intolerante à lactose e que, em algumas áreas da Ásia e da África, essa intolerância atinja mais de 70%. A assimilação da lactose (açúcar do leite e de outros lacticínios) efectua-se pelo nosso organismo graças a um enzima intestinal: a lactase.

Esta intolerância é causada por uma deficiência ou ausência de lactase. Sem este enzima a lactose não pode ser digerida e surgem sintomas como ventre inchado, gases, diarreia, cólicas e dores abdominais.

A intolerância difere de pessoa para pessoa e depende da quantidade de leite ingerida. Alguns intolerantes ainda conseguem beber um copo de leite, enquanto outros nem sequer toleram uma gota. A lactose faz parte da composição de muitos géneros alimentícios e mesmo de medicamentos, pelo que deve estar atento à lista de ingredientes.

Diferente da intolerância à lactose é a alergia ao leite de vaca. Esta alergia, frequente nos bebés, é uma reacção do sistema imunitário às proteínas do leite de vaca e manifesta-se por sintomas como erupções cutâneas, dificuldades respiratórias, vómitos, problemas digestivos e intestinais.

Normalmente, as pessoas que a demonstram devem banir da alimentação todos os produtos à base de leite de vaca.

Actualmente, as pessoas que não podem ou não querem beber leite, não necessitam de ser privadas de alguns prazeres culinários, pois os lacticínios podem ser substituídos com bastante facilidade.

Devido à crescente necessidade, os produtores viram-se forçados a apresentar alternativas ao leite e, assim, têm surgido nos últimos anos, bebidas elaboradas à base de soja, aveia, cereais, arroz, amêndoa, etc.

Também surgiram tipos de leite de vaca cujo teor de lactose foi reduzido (em cerca de 80%) para que a sua digestão seja mais fácil.

Como alternativa mais completa, destaca-se sem dúvida, o “leite” de soja pelas propriedades benéficas.

À semelhança da carne, a soja é rica em proteínas e contém todos os aminoácidos essenciais. Este grão é rico em ácidos gordos essenciais, nomeadamente poliinsaturados. Fornece igualmente vitaminas e minerais e é isenta de colesterol, pelo que se revela um alimento a utilizar na prevenção das doenças cardiovasculares.

A soja contém um razoável teor de fibras e é rica em fitoquímicos, em especial as isoflavonas, que parece ajudarem na prevenção de doenças como o cancro e na menopausa.

Ao compararmos o valor energético do leite de vaca e do “leite” de soja, verifica-se que o primeiro apresenta cerca de 64Kcal/100ml, enquanto o segundo apenas tem 36Kcal/100ml.

No que respeita o teor de ácidos gordos poliinsaturados o leite de vaca apenas tem 3% enquanto o de soja contém 62%.

Como já referi, o “leite” de soja é desprovido de colesterol (0mg/100ml). Em comparação, 100ml de leite de vaca têm 10mg mas, se se tratar da mesma quantidade de leite de vaca meio gordo, contém 5mg.

Quanto à lactose, o leite de vaca possui cerca de 4,5g/100ml, enquanto o de soja é isento.

Em relação ao cálcio, o leite de vaca possui cerca de 120mg/100ml enquanto o de soja apenas apresenta cerca de 20mg/100ml, mas a maior parte das marcas de “leites” de soja adiciona-lhes cálcio.

Tal como o leite de vaca, o de soja não deve ser dado a lactentes sem indicação médica.

A bebida de soja é elaborada a partir de grãos de soja inteiros, demolhados e moídos. Depois de cozida, esta massa é filtrada e obtém-se o “leite” de soja.

Como para algumas pessoas, o seu sabor não é muito agradável, surgiram “leites” de soja com sabores a chocolate, morango, baunilha, banana, etc.

Para além de bebidas, existem ainda outros produtos elaborados a partir de soja (tofu, sobremesas, cremes, etc.) que podem integrar a alimentação daqueles que não desejem ingerir lacticínios.

Por último, chamo a atenção para o facto de existirem algumas bebidas que têm soja na sua composição, mas numa quantidade ínfima e nem sempre extraída de grãos de soja inteiros… Escolha um verdadeiro “leite” de soja, de preferência com cálcio adicionado e de agricultura biológica e ficará surpreendido…

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Centro Hospitalar Lisboa Norte
Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte quer apostar na investigação e internacionalização. Está previsto um plano de...

Os objetivos para este ano do conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, que inclui Santa Maria e Pulido Valente, é conseguir proveitos no valor de 400 milhões de euros. A maior parte do valor, admite o presidente Carlos Martins, será através do contrato-programa, mas haverá aposta na venda de serviços. Prevê um plano de investimento de 90 milhões de euros, perto de metade através de fundos comunitários. No Pulido Valente mantém-se a transformação em Parque Saúde. Às criticas de profissionais e doentes diz que não houve redução de serviços, escreve o Diário de Notícias.

"Para este ano temos de conseguir proveitos de 400 milhões de euros. Sabemos que grande parte será o contrato-programa e adendas", mas fará parte do trabalho para chegar a este valor cobrar créditos, terminar a renegociação do plano de equilíbrio financeiro e ter atividade diversificada: "vender serviços a outras instituições e ter atratividade para conseguir outras atividades na área da investigação e internacionalização", diz.

Carlos Martins tem previsto um plano de investimento de 90 milhões de euros, 40 milhões dos quais através de candidaturas a fundos comunitários. "Entregámos uma candidatura de eficiência energética no valor 15 milhões de euros, outra na área das tecnologias e renovação de equipamento e equipamento de ponta de 20 milhões de euros. Temos mais uma de tecnologia de informação de 5 milhões de euros. Já temos uma candidatura aprovada para a Faculdade no projeto do Centro de Simulação Avançado. A maior parte dos pontos do plano já tem projetos e candidaturas comunitárias", diz, salientando a articulação que tem sido feita com outras unidades como IPO, Centro Hospitalar Lisboa Central ou Instituto de Medicina Molecular na utilização de equipamentos pesados.

"Temos um conjunto de instituições que vão investir no Pulido Valente", refere ainda o responsável, sobre a transformação do hospital em Parque Saúde: "No conjunto das intervenções do Instituto Português do Sangue e Transplantação, SUCH - Serviço de Utilização Comum dos Hospitais, Administração Regional de Saúde, Santa Casa da Misericórdia, Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências e ministério, vamos ter 25 milhões de investimento".

Tem havido críticas de profissionais a algumas mudanças no Pulido Valente e um grupo de doentes do hospital de dia de oncologia de pneumologia fizeram uma petição contra a mudança de instalações. Carlos Martins refuta as criticas: "Não houve redução da capacidade nem cortes. Este conselho criou o departamento do tórax e o serviço de cirurgia torácica, o hospital de dia está no dobro da área que tinha, com proximidade do serviço de pneumologia, passamos a ter consultas de psiquiatria e pedopsiquiatria no Pulido Valente", afirma.

Esta década
Portugal duplicou o valor da exportação de medicamentos desde o início desta década: passou de 444 milhões de euros em 2010...

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) enviados ao Diário de Notícias, o aumento foi também significativo quando comparado com 2015: mais 13,8%. Nesse ano, as exportações valeram 799 milhões de euros. Entre os principais países compradores estão os Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido.

Nos últimos anos, na lista de produtos exportados estão vacinas, antibióticos, analgésicos, medicamentos para o sistema nervoso central, cardiovasculares, epilepsia. Genéricos, produção de substâncias ativas para outros laboratórios e também produtos inovadores, como é o caso da Bial. A farmacêutica assinou recentemente um acordo com o Estado no valor de 37 milhões de euros com o objetivo de aumentar a investigação e o desenvolvimento da empresa nas áreas dos sistemas nervoso central e cardiovascular.

Os dados do INE - 2015 ainda são provisórios e os do ano passado preliminares - mostram que a lista dos cinco principais compradores a Portugal se tem mantido estável, com os Estados Unidos à cabeça, desde 2014. No ano passado os norte-americanos compraram 221 milhões de euros a Portugal, valor que tem vindo sempre a crescer, e que representa 24% do total das vendas. Segue-se a Alemanha (com 16% do total das vendas), Reino Unido (12%), Irlanda (9%) e Angola (5,5%). A zona do Médio Oriente, para onde partem hoje uma delegação da Associação Empresarial de Portugal e 13 empresas do setor da Saúde para participar numa feira, no Dubai, é outra das apostas. Apesar do aumento das exportações, os valores ainda estão longe do que o país gasta em compras nesta área. Entre janeiro e novembro do ano passado foram 1,7 mil milhões de euros.

Em entrevista ao Diário de Notícias, o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, salienta as indicações "muito boas" das exportações na área da saúde. "Não só das exportações de medicamentos e produtos farmacêuticos, mas também os princípios base de produtos farmacêuticos e dispositivos médicos estão a ter um crescimento muito interessante, que pode ser superior a 10% ao longo do ano. Penso que em 2016 - os dados ainda não estão fechados - os produtos de saúde deverão ultrapassar os 1,3 mil milhões de euros de exportações", refere o responsável, estimando que no total das exportações o peso da saúde seja pelo menos de 1,5%. "Um aspeto muito interessantes é a expansão que está a acontecer de produtos de inovação de base portuguesa, nomeadamente os da Bial, no mercado dos Estados Unidos que é o maior mercado do mundo em consumo de medicamentos. O setor dos produtos de saúde inclui também dispositivos médicos e hospitalares e há também nessa área várias empresas a fazer investimento e a aumentar a capacidade de produção".

Receita para o futuro: inovação
Em 2000 a companhia suíça OM Pharma decidiu deslocalizar parte da produção para Portugal. Hoje a fábrica de Lisboa assegura parte significativa da produção da empresa e exporta para 65 países. E estão a construir uma nova fábrica em Alfragide para a produção de um novo medicamento para todo o mundo, à exceção dos Estados Unidos. "Produzimos duas vacinas para infeções respiratórias e urinárias que são os principais produtos para exportação e um anti-hemorrágico. Depois para Portugal temos o Aero-OM", diz António Jordão, diretor-geral da OM Pharma Portugal & Head of Southern Europe Vifor Pharma, que salienta que os números das exportações devem ser lidos com cautela, há valor gerado através da exportação paralela e não por criação de valor no país.

Feita a ressalva, salienta o desenvolvimento que o país tem registado e que contribuiu para a subida do valor das exportações. "Temos muitas empresas como a Bial que está na área dos inovadores e tem vindo a crescer, há uma parte importante de produção para terceiros e outra de genéricos. Temos uma estrutura de custos de produção muito equilibrada, com pessoas com muita qualidade e experiência e custos de produção mais baixos que outros países, cumprimos prazos. Foi isso que nos permitiu ganhar o concurso para a nova fábrica", explica, referindo que os principais mercados de exportação da empresa são a Europa, principalmente Itália, América-Latina, Médio Oriente e alguns países da Ásia, tendo também contacto com os países africanos de língua portuguesa. A receita para o futuro é "apostar em inovação e em investigação para se chegar a preços mais competitivos e fazer crescer o valor do mercado de exportações".

Para Joaquim Cunha, diretor executivo da associação Health Cluster Portugal, o aumento das exportações "é o resultado do trabalho feito ao longo dos últimos anos, que demora a aparecer pelo processo de desenvolvimento dos medicamentos inovadores, a própria afirmação externa é um processo lento de consolidação". "Uma vez que a máquina comece a funcionar, anda por ela. Estamos a tirar benefícios disso", diz, salientando a exigência de mercados tão grandes como o dos Estados Unidos, que se torna também "um bom cartão de visita" da capacidade portuguesa. Quanto ao futuro, fala de dois objetivos: "Olhar para a saúde como um setor que gera riqueza, como motor de desenvolvimento de emprego, de exportação. Outro é trabalhar a imagem externa do país no seu todo, a reputação da prestação de cuidados, a produção científica, mostrar que a saúde é uma aposta do país."

Relatório revela
Com base em dados da Organização Mundial de Saúde de Julho de 2016, a Health Consumer Powerhouse analisou em que países o...

Portugal está, por isso, assinalado a "verde" no relatório desta organização de origem sueca, que é divulgado nesta segunda-feira. A Health Consumer Powerhouse (HCP) utiliza uma escala de cores, de vermelho a verde, para assinalar os pontos fracos e fortes de cada sistema nacional de saúde em 35 países.

À cabeça surgem a Bulgária, a Roménia, a Estónia e a Hungria, seguidas da Suécia, com mais de 300 interrupções voluntárias de gravidez (IVG) por mil nados-vivos, uma situação que os responsáveis da HCP lamentam. Do lado oposto, aparecem a Croácia, a Suíça, a Eslováquia, a Alemanha e a Holanda, escreve o jornal Público.

A análise deste indicador é complexa, porque há vários países onde a IVG não é permitida a pedido da mulher (ao contrário do que acontece em Portugal, onde esta prática está despenalizada até às 10 semanas de gravidez). É o caso do Chipre, da Irlanda, de Malta e da Polónia. Também é impossível obter dados fiáveis da Áustria, uma vez que as mulheres não interrompem voluntariamente a gravidez nos hospitais púbicos, e do Luxemburgo, porque estas vão muitas vezes abortar noutros países.

Holanda em 1º lugar
A Holanda é o país com a melhor classificação numa avaliação dos sistemas de saúde de 35 países europeus, do ponto de vista do...

Portugal subiu, de 2015 para 2016, seis posições num ranking internacional, o Euro Health Consumer Index (que compara o desempenho dos sistemas de saúde de 35 países europeus) e ficou, pela primeira vez, à frente do Reino Unido e de Espanha. Efetuada por uma organização sueca numa perspetiva diferente da habitual (a do consumidor), esta avaliação anual coloca Portugal em 14.º lugar, com 763 pontos em mil possíveis.

Na edição de 2016, a Holanda voltou a ser o país que reuniu mais pontos nos 48 indicadores avaliados, conseguindo uma classificação de 927 em 1000, por oposição à Roménia, que se ficou pelos 497 pontos. A Health Consumer Powerhouse (HCP) faz esta análise desde 2005, escreve o jornal Público.

Na edição de 2016, Portugal ultrapassou o Reino Unido por uma margem estreita, numa “escalada” que é destacada no relatório da HCP, divulgado nesta segunda-feira. Mas têm sido oscilantes as classificações obtidas por Portugal ao longo dos últimos anos neste ranking — do 25.º lugar, em 2012, passou para o 16.º no ano seguinte, subindo para o 13.º em 2014 e caindo para o 20.º lugar, em 2015, uma queda que, lê-se no estudo, se ficou a dever à perceção menos “positiva dos doentes sobre os tempos de espera”.

A avaliação é feita a seis áreas distintas. As áreas em que Portugal pontua pior, e em que deveria investir mais, são a da “acessibilidade” — devido às listas de espera — e a “diversidade e abrangência dos serviços prestados”. Em contrapartida, conseguimos melhor classificação na área dos direitos dos doentes, dos resultados dos tratamentos e na prevenção.

Portugal fica também bem colocado, nesta espécie de fotografia, no que diz respeito à relação entre os gastos em saúde e os resultados obtidos, uma análise do custo-eficiência dos cuidados de saúde que é designada “Bang for the buck”. Posiciona-se aqui no 10.º lugar, à frente da Holanda. Quando fala em resultados, a HCP refere-se, por exemplo, a sobrevivência ao cancro, mortalidade por doenças cardiovasculares e mortalidade infantil.

Mas ainda é longo o caminho a percorrer. Os principais problemas nacionais observados neste estudo não constituem surpresa, na maior parte dos casos. A HCP utiliza uma escala de cores para assinalar pontos fracos e fortes nos diferentes países, que vai de vermelho a verde, passando pelo amarelo. Portugal surge a vermelho no que diz respeito à elevada taxa de cesarianas, à extrema dificuldade de acesso a cuidados de saúde oral (estamos no segundo pior lugar, a seguir à Letónia) e ao problemático acesso direto a consultas com médicos especialistas.

A vermelho são igualmente assinalados os elevados tempos de espera para exames de diagnóstico em situações não agudas e a alta prevalência de infeções hospitalares por Sptaphylococcus aureus resistente aos antibióticos mais comuns (neste caso, estamos no segundo pior lugar, a seguir à Roménia).

Em contrapartida, o país aparece a verde em vários indicadores, como a queda na mortalidade por enfarte, o rácio de cirurgias às cataratas na população idosa (estamos em segundo lugar, a seguir à França) e a boa taxa de vacinação.

A amarelo destacam-se, entre outros indicadores, a acessibilidade a médicos de família e a disponibilidade de camas em lares de idosos e cuidados continuados por 100 mil habitantes.

Holanda e Suíça na liderança
No grupo dos 35 países, a Noruega regista o melhor resultado nas áreas dos direitos dos doentes e informação e na prevenção, enquanto a Holanda e a Suécia se destacam na diversidade e abrangência dos serviços e tratamentos disponibilizados, com a pontuação máxima (125). Os melhores resultados em saúde (“outcomes”) foram encontrados na Finlândia, Islândia, Alemanha, Holanda, Noruega e Suíça.

A Bélgica, a Macedónia e a Suíça estão na liderança no que à acessibilidade diz respeito. Já nos aspetos relacionados com medicamentos, os melhores resultados são obtidos pela França, Alemanha, Irlanda, Holanda e Suíça.

No cômputo geral, a organização conclui que os sistemas de saúde europeus estão a melhorar e que o direito à escolha e o envolvimento dos doentes também. Pela primeira vez, acentua, há dois países (a Holanda e Suíça) que ultrapassam a barreira dos 900 pontos em mil. Mas os responsáveis da organização lamentam a persistente desigualdade entre os melhores classificados e os piores (Roménia, Montenegro, Bulgária, Albânia e Polónia).

Um exemplo que merece destaque, pela positiva, é o da Macedónia, que mudou radicalmente de posição no que à acessibilidade diz respeito, por ter posto em prática um sistema de registo eletrónico dos doentes a aguardar tratamento, o que permitiu quase eliminar as listas de espera.

Resultados devem ser vistos com “cautela”
Compilado a partir de estatísticas públicas, de informação de organizações de doentes e de investigação independente, este ranking tem motivado algumas críticas de especialistas, que põem em causa o rigor dos seus resultados. A própria organização sublinha, aliás, que os resultados devem ser olhados com “cautela”, devido aos problemas da “qualidade da informação” que é fornecida. No entanto, as autoridades de saúde dos diversos países enviam dados e informações para este projeto. Em Portugal, a Direcção-Geral da Saúde colabora desde 2009.

Num comentário feito por escrito aos resultados desta classificação, Catarina Sena, da Direcção-Geral da Saúde, considera que Portugal ficou à frente de Inglaterra e de Espanha “porque está melhor classificado no que respeita à acessibilidade, sendo, entre outros aspetos, valorizada a possibilidade de marcação de uma consulta nos cuidados de saúde primários no próprio dia”.

Nota, porém, que a pontuação de Portugal é “penalizada” porque este estudo “parte de um diferendo ideológico face ao nosso sistema, ou seja, privilegia o acesso indiscriminado aos cuidados de saúde, sendo que Portugal, ao seguir o modelo de Beveridge (também seguido no Reino Unido), parte de uma conceção de referenciação prévia, habitualmente via cuidados de saúde primários [médico de família]”.

Tratamentos estéticos
Os tratamentos estéticos vaginais são cada vez mais populares, o que levanta questões sobre a perceção da "normalidade...

Em 2015, mais de 95 mil labioplastias (cirurgia e/ou injeções nos pequenos lábios vaginais) e mais de 50 mil vaginoplastias foram praticadas no mundo inteiro, de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Estética (ISAPS).

Praticamente inexistentes há cinco anos, estes procedimentos ocupam agora o 19º e 22º lugar no ranking das operações mais praticadas. Só no ano passado, segundo o Sapo, foram realizadas nos Estados Unidos cerca de 9 mil labioplastias, o que se traduz num aumento de 16% face ao ano anterior.

Esta intervenção consiste, geralmente, em reduzir o tamanho dos pequenos lábios a laser (fala-se também de ninfoplastia).

"Se me tivessem falado neste tipo de procedimento durante os anos 80, eu teria dito que estava tudo louco", admite Renato Saltz, cirurgião plástico perto de Salt Lake City (EUA) e presidente da ISAPS, entrevistado pela Agência France-Presse (AFP).

"As mulheres preocupam-se muito mais com a aparência dos seus genitais", observa Nolan Karp, cirurgião em Nova Iorque membro do conselho da ISAPS, que reconhece a influência da Internet neste fenómeno.

"Antes da era da Internet, quantas mulheres é que viam outra pessoa do sexo feminino completamente nua?", pergunta Karp. De acordo com o cirurgião, hoje em dia as pessoas "compreendem melhor o que é normal, o que é belo e aquilo que não é".

Uma "normalidade" difícil de estabelecer, uma vez que a aparência desta parte da anatomia feminina pode variar.

Se considerarmos como "normal" uma vagina onde os pequenos lábios "não ultrapassam" os grandes lábios, então apenas 20% das mulheres satisfaz este critério, reconhece Nicolas Berreni, ginecologista-obstetra em Perpignan, durante o congresso de medicina estética IMCAS em Paris.

"Uma vagina de Barbie"
Esta busca pela anatomia "perfeita" é "preocupante", considera Dorothy Show, ex-presidente da Sociedade de Obstetras e Ginecologistas do Canadá (SOGC).

A vagina apresentada como modelo "não tem nenhum pelo e é muito plana", como a das crianças. Uma aparência distante da realidade, diz à AFP.

Ela teme que as adolescentes, cujo desenvolvimento físico ainda não está completo, recorram a esta prática. É comum, durante a puberdade, que os pequenos lábios se tornem mais proeminentes do que os outros.

De acordo com um estudo publicado em 2005, com base numa amostra de apenas 50 mulheres, o comprimento dos pequenos lábios variava de 2 a 10 cm e sua largura de 0,7 a 5 cm.

Além disso, "é surpreendente ver cirurgiões afirmarem que uma operação destas pode permitir obter uma vagina de aparência 'normal'", sublinham os autores, convidando outros profissionais a divulgar estes resultados junto das mulheres que ponderam fazer uma intervenção cirúrgica.

Mas a mania parece que está para ficar, e se algumas mulheres sofrem mesmo com a fricção dos pequenos lábios hipertrofiados, este argumento é muitas vezes uma desculpa para preocupações estéticas.

"Em 40% dos casos, as mulheres que procuram uma ninfoplastia por se queixarem de dor estão a mentir", assegura o Dr. Berreni. "O que elas querem é uma vagina de Barbie, onde não se consegue ver os pequenos lábios", acrescenta.

A operação não está isenta de riscos: dor crónica, hemorragias, infeções. "Durante a cicatrização, há o risco de que as terminações nervosas se encontrem no tecido cicatricial, causando dor", diz Dra. Shaw.

De acordo com o guia de boas práticas da estética genital da SOGC, publicado em 2013, não há nenhuma evidência de que estas intervenções melhorem a satisfação sexual ou a auto estima.

O documento apela para que todos os médicos responsáveis assegurem que a prática não seja semelhante a uma mutilação genital.

O Dr. Berreni enfatiza que, aparentemente, "as vaginas submetidas a uma ninfoplastia envelhecem muito mal", com casos de tecidos fibrosos, retrátil e de aparência inchada.

Uma alternativa menos arriscada passa pela injeção de ácido hialurónico para aumentar os grandes lábios, que vão acabar por cobrir os pequenos, acrescenta.

Estudo
Um novo estudo sugere que a Doença de Alzheimer, uma patologia neudegenerativa comum, pode ter origem durante o desenvolvimento...

A doença de Alzheimer pode afinal surgir antes do nascimento, ainda no útero das mulheres, quando as progenitoras não ingerem frutas e legumes suficientes durante a gravidez, de acordo com um novo estudo.

Segundo os cientistas da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, um dieta pobre em vitamina A pode ser responsável pelos primeiros passos no desenvolvimento da doença. Por outro lado, escreve o Sapo, a mesma investigação descobriu que o início desta doença neurodegenerativa pode ser retardado por uma dieta rica em suplementos durante a gravidez.

"O nosso estudo mostra claramente que a deficiência marginal de vitamina A, na gravidez, tem um efeito prejudicial sobre o desenvolvimento do cérebro e tem um efeito duradouro que pode facilitar a doença de Alzheimer", conclui Weihong Song, investigador da Universidade da Colúmbia Britânica.

Entre os alimentos mais ricos em vitamina estão a batata doce, tomate, espinafre, repolho, cenoura, alface, uva, manga, melancia e damasco. Outras boas fontes de vitamina A são o óleo de fígado de bacalhau e fígado. Pequenas quantidades desta vitamina podem ser encontradas na manteiga, produtos lácteos gordos, peixes e ovos.

Weihong Song, professor de psiquiatria, baseou-se em estudos anteriores que relacionavam baixos níveis de nutrientes com deficiências cognitivas para chegar a estas conclusões.

Em experiências conduzidas em ratos, a equipa deste médico descobriu também que apenas uma ligeira deficiência de vitamina A aumentava a produção de proteínas beta-amilóide no cérebro, a principal causa da doença de Alzheimer.

Estas proteínas são conhecidas por formar placas que sufocam e destroem os neurónios, levando à perda de memória e confusão.

Os resultados da investigação foram publicados na revista médica Acta Neuropathologica.

A partir desta semana
A tributação dos refrigerantes e das bebidas açucaradas vai aumentar a partir de quarta-feira, uma subida prevista na lei do...

A título de exemplo, uma garrafa de refrigerante vai ficar 15 cêntimos mais cara se tiver um teor de açúcar de até 80 gramas por litro e vai encarecer 30 cêntimos se o teor de açúcar for acima daquele valor, aumentos que já incluem o IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado).

Uma das novidades criadas com o Orçamento do Estado para 2017 foi a tributação dos refrigerantes e das bebidas açucaradas em sede de Imposto sobre o Álcool e as Bebidas Alcoólicas (IABA), o que mudou o nome do imposto, que passou a ser imposto sobre o álcool, as bebidas alcoólicas e as bebidas adicionadas de açúcar ou outros edulcorantes.

A partir de quarta-feira, segundo o Sapo, ficam sujeitas a este imposto as bebidas não alcoólicas destinadas ao consumo humano adicionadas de açúcar ou de outros edulcorantes, as bebidas com um teor alcoólico superior a 0,5% vol. e inferior ou igual a 1,2% vol. (como os vinhos de uvas frescas, os vermutes, a sidra e o hidromel).

Também bebidas não alcoólicas como águas, incluindo as minerais e as gaseificadas, adicionadas de açúcar ou de outros edulcorantes ou aromatizadas passarão a ser tributadas, sendo a receita consignada à sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde.

Quanto às taxas do imposto a que estes produtos vão ficar sujeitos, será de 8,22 euros por hectolitro (100 litros), no caso das bebidas cujo teor de açúcar seja inferior a 80 gramas por litro, e de 16,46 euros por hectolitro para as bebidas cujo teor de açúcar seja igual ou superior àquele limite.

Estudo
O número de mulheres entre os 19 e os 34 anos a realizar este tipo de intervenções aumentou 41%. O objetivo é evitar marcas e...

As gerações mais novas acreditam que quanto mais cedo se começar a aplicar botox, melhor se vai conseguir prevenir o surgimento de marcas que ainda nem sequer apareceram no rosto.

Os últimos dados levantados pela International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS) contaram 20 milhões de intervenções realizadas em todo o mundo só em 2014. Desses 20 milhões, quase oito correspondem aos chamados tratamentos flash anti-idade: a toxina butulínica (botox) e os preenchimentos de ácido hialurónico. Dois anos depois, os números serão muito superiores e, em conjunto, essas intervenções representam o primeiro lugar das mais realizadas no mundo nos dias de hoje, escreve o Observador.

Numa cultura assente na imagem corporal, poderemos estar a alimentar uma tendência perigosa?

O botox pode reduzir sintomas de depressão ou, afinal, é um vício?

No início de 2016, um estudo realizado pela universidade de Texas-Austin trouxe a público uma teoria positiva: 9 em cada 10 participantes mostraram sinais de redução nos sintomas de transtornos de depressão após injeções de botox.

No entanto, novos dados tornados públicos este mês vieram contradizer este estudo e alertam para os perigos de estarmos perante uma nova obsessão: a idade. De acordo com os dados da American Society for Aesthetic Plastic Surgery, o número de mulheres entre os 19 e os 34 anos a realizar este tipo de intervenções aumentou 41 por cent0 desde 2011, tendo também sido visível um aumento por parte dos homens que, agora, representam 10 por cento do total de utilizadores de botox.

Citada pelo jornal britânico The Guardian, Dana Berkowitz, professora de sociologia da Universidade do Estado do Louisiana e autora do livro Botox Nation: Changing the Face of America (Geração Botox: Mudando a Cara da América) defende que as mulheres estão erradas quando acreditam que o botox é preventivo e que, para piorar, os próprios médicos estão a fomentar esta ideia. Berkowitz questiona mesmo se os médicos estarão a criar comportamentos viciantes ao sugerirem a sua aplicação cada vez mais cedo.

“O problema é que o botox só dura entre quatro a seis meses, uma vez que se uma pessoa começa a ver linhas, vai voltar imediatamente ao cirurgião para repetir. As mulheres que entrevistei falaram sobre o viciante que se torna”, diz Berkowitz ao The Guardian.

Mas há ainda uma outra parte do problema, ainda mais grave: o universo da cosmética (dermatologistas, cirurgiões, influentes digitais) está a fomentar a ideia de que quanto mais cedo se começar a aplicar botox, melhor se vai conseguir prevenir o surgimento de marcas que ainda nem sequer apareceram no rosto. Berkowitz destaca uma frase que a impressionou: “É como quereres limpar o quarto antes que fique demasiado sujo”.

Em Portugal, os preços para cada sessão de botox rondam os 300 a 400 euros e, atualmente, vemos cada vez mais jovens com pouco mais de 20 anos com o rosto já “artilhado” para o futuro.

“Eu uso botox porque é preventivo. Tenho uma amiga que começou a usar aos 22 anos e, assim, as rugas nem sequer se formam” é uma outra citação que Berkowitz retirou das suas entrevistas.

Para juntar ao problema, num artigo publicado em agosto de 2016, o Observador já tinha falado dos perigos destas intervenções a preço de saldo e dos cuidados que são necessários perante as “festas do botox”, um conceito famoso que também já existe em Portugal, muito apelativo para os mais jovens e onde se chegam a dar injeções a 25 euros.

No seu livro, Dana Berkowitz critica este conceito preventivo porque é perigoso: continua a criar nas mulheres a ideia de que não correspondem a um qualquer padrão e que a idade, ao invés de ser natural, é algo de que devemos fugir a sete pés.

Especialistas defendem
Investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde alertaram para a necessidade de pacientes com...

A recomendação já tinha sido feita por sociedades científicas nacionais e internacionais, mas “faltava informação relativamente aos custos que a aplicação desta medida acarretaria para os Sistemas de Saúde”, afirmou o investigador do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (Cintesis) e clínico no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra, Miguel Areia.

Agora, sublinhou, já é possível avançar que o custo associado desta política de saúde pública é de “pouco mais de 18 mil euros por ano de vida salvo”, sendo assim “considerado comportável” pelo Sistema Nacional de Saúde.

“O cancro gástrico representa um problema de saúde a nível global. As elevadas taxas de incidência e de mortalidade desta patologia fazem dela o quinto tumor mais comum e a terceira causa de morte por cancro”, referiu Miguel Areias.

Em Portugal, este tipo de cancro é especialmente prevalente na zona Norte do país, afetando 13 por cada 100 mil habitantes, um nível considerado muito acima dos padrões europeus.

De acordo com o especialista, há fatores ambientais que contribuem para esta realidade, nomeadamente o consumo excessivo de sal, de fumados e os hábitos tabágicos. Há ainda uma componente genética que não deve ser esquecida.

Acresce que 80% dos portugueses estão infetados pelo ‘helicobacter pylori’ – uma bactéria que se instala no estômago podendo, com o decorrer dos anos, facilitar o aparecimento de doenças do foro digestivo.

A bactéria existe em níveis elevados entre a população do Norte de Portugal, logo aos 20 anos de idade, esclarece o gastrenterologista, que sublinha que é mais tarde, sobretudo depois dos 50 anos, que os sintomas gástricos se manifestam.

Mário Dinis-Ribeiro, líder do grupo de investigação em cancro do estômago do Cintesis e médico no IPO do Porto, referiu também que “a maioria dos casos está relacionada com infeção por ‘helicobacter pylori’ e outros agentes ambientais e, portanto, a incidência aumenta com a idade”.

Segundo adiantou, “devido ao envelhecimento das populações, nomeadamente em Portugal, estima-se que a incidência e a mortalidade associadas a cancro gástrico aumentem nos próximos 20 anos”.

De acordo com os especialistas, o cancro do estômago pode ocorrer após vários anos de progressão de uma condição benigna como a gastrite. A endoscopia é o primeiro exame a ser efetuado para o diagnóstico destas condições pré-malignas que devem ser avaliadas e graduadas, sendo que só as mais severas têm necessidade de ser seguidas.

Defendem, por isso, que “os médicos devem ser ensinados a fazer esta triagem de forma eficiente para se garantir que os doentes em maior risco são, efetivamente, vigiados de mais perto”.

A endoscopia digestiva alta é “o procedimento de eleição para diagnosticar as doenças do sistema digestivo que envolvem o esófago, o estômago e o duodeno. É um método disponível na maioria das instituições de saúde, preciso e relativamente pouco invasivo, mas os seus custos de utilização impedem que seja adotado como ferramenta de triagem para o cancro gástrico na maioria dos cenários clínicos”.

Além de Miguel Areia e Mário Dinis-Ribeiro, o trabalho contou com a colaboração de Francisco Rocha Gonçalves, investigador do Cintesis e membro do IPO do Porto.

Agência Portuguesa do Ambiente
Uma avaliação aos solos na área do hospital CUF Descobertas, em Lisboa, concluiu não haver riscos para a saúde e ambiente, mas...

"De acordo com a avaliação preliminar já feita, é possível apontar a ausência de riscos para a saúde pública e para o ambiente, fruto desta obra" do parque de estacionamento do hospital, localizado no Parque das Nações, refere uma nota enviada à imprensa pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Os trabalhos de remoção dos solos remanescentes na obra "só poderão ser retomados após autorização da CCDR-LVT [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo], comprovados os requisitos que forem essenciais na defesa do ambiente de acordo com a legislação em vigor", avança a APA.

Em meados de janeiro, moradores da freguesia do Parque das Nações denunciaram um cheiro a gás proveniente da construção do parque de estacionamento subterrâneo do hospital CUF Descobertas e, na quinta-feira, anunciaram que iriam exigir análises à qualidade do ar, ponderavam recorrer aos tribunais e queixavam-se da falta de resposta das autoridades públicas às suas preocupações.

Num memorando enviado à Câmara Municipal de Lisboa (CML), o grupo José de Mello Saúde, dono da obra, refere terem sido encontrados solos contaminados, classificados tanto como perigosos, como não perigosos, dependendo da concentração de hidrocarbonetos (por já ter existido ali uma refinaria), que foram encaminhados para aterros.

Agora a APA vem esclarecer que a construção promovida pela José de Mello Saúde está devidamente licenciada do ponto de vista urbanístico pela CML, tendo sido realizadas as análises aos solos adequadas pelo dono da obra.

"Tal como determinam as leis e regulamentos em vigor, estes solos têm sido encaminhados para local de destino adequado e licenciado para o efeito", garante.

A CCDR-LVT efetuou uma ação de fiscalização à obra e pediu à empresa José de Mello Saúde que garantisse a apresentação de "evidências da não contaminação do solo imediatamente subjacente à área de construção" e que realizasse uma caracterização da qualidade do ar no local, através de um laboratório acreditado, para avaliar a concentração de compostos orgânicos voláteis.

Ajuda ao desenvolvimento
Um grupo de voluntários com mais de 55 anos, de áreas como a saúde e a educação, decidiram criar uma associação à qual chamaram...

A associação, que hoje vai ser apresentada publicamente, inspira-se no Projeto Mais-Valia, apoiado pela Fundação Gulbenkian, que decorreu entre 2012 e 2016 enquanto programa de bolsas de voluntariado para profissionais experientes com mais de 55 anos na área da cooperação para o desenvolvimento nos PALOP.

Em declarações, a presidente da associação, que fez três missões no âmbito do projeto da Gulbenkian, explicou que o objetivo é dar continuidade, criando uma bolsa de voluntários mais alargada para o desenvolvimento de iniciativas, não só nos países de língua oficial portuguesa, mas também em Portugal.

Os membros da bolsa nem sempre têm capacidades físicas para ir para África, sendo por isso importante poderem desenvolver as suas competências em Portugal ou noutros países da Europa.

Na verdade, adiantou Maria França, a população com mais de 55 anos é cada vez mais jovem e não quer deixar de estar ligada à sua profissão, sentindo-se capaz de usar essas competências e pô-las ao serviço dos outros.

Mafalda França foi educadora de infância na Misericórdia de Lisboa e deu formação nesta área. Enquanto voluntária no âmbito do projeto “Mais Valia”, uma das vezes em Moçambique, teve como missão o reforço das capacitações técnicas das pessoas que trabalham com crianças.

O objetivo destes voluntários, frisou, nunca foi substituir as pessoas locais, mas sim reforçar as competências dos que trabalham nas organizações. Não ocupar postos de trabalho, mas ser um reforço para o desenvolvimento dos projetos locais.

Há três áreas nas quais a associação espera vir a trabalhar: educação, saúde e direitos sociais, procurando agora parceiros. As organizações não-governamentais de desenvolvimento e as instituições estatais ou privadas podem agora contar com esta bolsa de voluntários como uma mais-valia e um reforço dos projetos e nunca como substitutos.

Com o fim do projeto desenvolvido pela Gulbenkian, os voluntários sentiram necessidade de dar continuidade a uma iniciativa que era já “uma mais-valia” e em coordenação com a fundação, que apoia agora o nascimento desta associação, cerca de 40 voluntários deram corpo a um desejo.

Maria Hermínia Cabral, diretora do Programa Gulbenkian Parcerias para o Desenvolvimento e responsável pelo Projeto Mais-Valia (2012-2016), disse que é gratificante para todos quando um projeto pontual se autonomiza desta forma.

O projeto que coordenou, explicou, foi uma ideia que veio colmatar uma necessidade efetiva e que agora é posta em prática de uma forma institucionalizada, ajudando na construção de soluções da comunidade, quer em Portugal quer noutros países, em áreas como a saúde, educação ou gestão.

O protocolo de colaboração entre a fundação Calouste Gulbenkian e a recém-criada Associação Ser Mais Valia será assinado hojedurante uma conferência intitulada “O que fazemos com o tempo? Trabalho, voluntariado e envelhecimento ativo”, na qual participará Helena André (Organização Internacional do Trabalho) e Susana Réfega (Fundação Fé e Cooperação).

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