Morte Assistida
O presidente do Conselho Nacional da Ética para as Ciências da Vida, Jorge Soares, defende um debate alargado sobre a morte...

“Os referendos são instrumentos da democracia, importantes quando se quer ouvir a opinião do maior número de pessoas sobre temas que têm especial complexidade e de especial sensibilidade como é o tema da morte assistida”, disse Jorge Soares, no final de uma audiência para apresentar cumprimentos a Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República.

Sem nunca defender diretamente um referendo sobre a eutanásia, já admitida pelo CDS-PP, Jorge Soares afirmou que não vê urgência na discussão da morte assistida e que é necessário, como já disse o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, um debate alargado sobre o assunto.

“Assuntos de especial complexidade devem ser abordados pelo maior número de pessoas, deve ser estimulada a reflexão e a decisão. Os assuntos têm que ser explicados de uma forma simples, as pessoas têm que perceber o que se trata. Quanto mais pessoas se pronunciarem, mais fácil é aos políticos tomarem as suas decisões”, disse.

O presidente do Conselho Nacional da Ética para as Ciências da Vida não vê urgência na discussão.

“Pode ter uma urgência política, mas não é um assunto que seja considerado urgente”, disse, dado que a “todo o tempo se colocou este problema”.

A Assembleia da República deverá discutir o tema da morte assistida ainda este ano, dado que vários partidos, como o Bloco de Esquerda e “Os Verdes”, já anunciaram a intenção de apresentar projetos de lei, ainda sem data anunciada.

Na semana passada, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu um debate amplo e o mais participado possível sobre a morte assistida, tendo-se recusado a pronunciar para não condicionar a discussão.

Investigação
Uma investigação da Universidade de Queensland, Austrália, identificou a forma como se espalham as células do melanoma, o mais...

O trabalho descobriu "o mecanismo através do qual as células do melanoma mudam comportamentos", sugerindo que prevenir esta mudança para um comportamento invasivo, "possibilita evitar que as metástases (células com mutações cancerígenas) se espalhem, no melanoma e potencialmente em outro tipo de cancros também", disse o cientista que liderou a investigação publicada na revista EBiomedicine.

Aaron Smith, da School of Biomedical Sciences (Escola de Ciências Biomédicas) da universidade australiana explicou que o cancro é caracterizado pelo crescimento descontrolado de células, mas se esse fosse o único problema, as células oncológicas podiam ser facilmente tratadas com cirurgia, na maior parte dos casos.

O que torna o cancro mortal é a sua tendência para mudar, invadir tecidos e deslocar-se para outras regiões do corpo, um processo chamado de metástases.

"Um melanoma com metástases é um dos tipos de cancro mais agressivos e difíceis de tratar", referiu.

Ao examinar amostras de tumores de melanoma, os cientistas observaram que algumas células estão primariamente proliferativas e algumas são mais invasivas e migratórias.

"Também sabemos que algumas células podem alternar entre estes dois comportamentos, ou seja, uma célula capaz de estabelecer um novo tumor no mesmo local pode tornar-se mais invasiva e facilitar a distribuição do cancro para outras partes do corpo. O que não sabíamos era que a razão por que isto acontecia", especificou Aaron Smith.

O que é?
Difícil de diagnosticar, a hipocondria tem associados elevados níveis de stress e ansiedade que pode

A hipocondria, ou nosomifalia, é hoje considerada uma verdadeira doença psiquiátrica, incluída no grande grupo dos “Transtornos de Sintomas Somáticos e Transtornos Relacionados” da mais recente classificação da Associação Americana de Psiquiatria, a DSM-5 (5ª Edição do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, publicada em 2013).

Por definição, um doente hipocondríaco é uma pessoa que se preocupa excessivamente com a sua saúde, valorizando demasiado um ou mais sintomas por si sentidos (aos quais atribui uma causa específica, geralmente grave) ou tendo o receio de ter ou de vir a ter uma doença, mesmo que não tenha qualquer sintoma suspeito dessa doença.

Para que se considere este diagnóstico, esta situação tem de durar mais de 6 meses, tem de ser realmente sentida pelo doente (não é fingida e não resulta de qualquer tipo de delírio ou alucinação) e não se enquadra no quadro clínico de qualquer outra doença mental.

Em geral, os hipocondríacos procuraram por todos os meios esclarecer as suas dúvidas e encontrar as doenças que pensam ter, através de múltiplas consultas médicas e de muitos exames complementares de diagnóstico, mas têm muita dificuldade em aceitar que não têm essas doenças, mesmo que os exames médicos concluam pela sua inexistência.

Pelo contrário, em vez de ficarem descansados, como sucede com a maioria das pessoas, os hipocondríacos sentem-se incompreendidos pelos outros, vivem muito perturbados e angustiados, continuam a achar que têm mesmo essas doenças e preocupam-se excessivamente com elas: estudam-nas exaustivamente na literatura ou na internet, procuram obsessivamente novos médicos para pedir mais exames, recorrem a medicinas alternativas, astrologia, cartomancia ou feitiçaria e muitas vezes tomam por iniciativa própria medicamentos que julgam ser úteis para tratar essas doenças.

Este percurso de sofrimento psicológico continuado leva os hipocondríacos a dedicar muito tempo, energia e dinheiro às suas preocupações com a saúde, condicionando a sua vida pessoal, familiar e social, desenvolvendo níveis elevados de ansiedade e chegando mesmo a entrar em depressão (por vezes com ideias suicidas como alternativa ao seu sofrimento).

São gerados níveis elevados de stress, que podem desencadear verdadeiras doenças psico-somáticas, como gastrites, úlceras, colites, “angina de peito”, hipertensão arterial e outras, mas é frequente que os hipocondríacos desvalorizem estas doenças, tal como normalmente não ligam a outros sintomas que possam sentir, deixando assim de identificar as doenças de que realmente sofrem e que deveriam ser tratadas.

Diagnosticar a hipocondria

A hipocondria pode surgir de forma “primária”, independentemente de qualquer outro problema psicológico, mas na maioria dos casos associa-se a outras perturbações ansiosas ou depressivas e é frequente encontrar na infância dos hipocondríacos situações stressantes, como abuso sexual, violência, morte de familiares ou preocupação mórbida com as doenças.

Esta doença surge habitualmente na adolescência ou no início da idade adulta, ocorre de igual modo no género masculino e feminino e distribui-se por todas as culturas, etnias e populações e por todos extractos sociais, embora seja um mais frequente nas pessoas com níveis de escolaridade e socio-económicos mais baixos.

Existem muitas pessoas com traços hipocondríacos (têm a “mania das doenças” e “vão muito ao médico”), mas a verdadeira hipocondria é relativamente pouco frequente, variando entre 1 e 7% da população, consoante os critérios de classificação usados, que têm mudado ao longo do tempo.

Pela sua própria natureza, a hipocondria é difícil de diagnosticar, porque os doentes não acham que sofrem de um problema mental e por isso não recorrem a consultas de psicologia ou de psiquiatria, preferindo consultar médicos generalistas ou especialistas das doenças físicas que pensam ter. No entanto, como em geral consultam muitos médicos ao longo dos anos, cada um deles não chega a perceber que está perante um hipocondríaco e aceita como adequada a preocupação com o sintoma ou a doença e pede os exames necessários para o seu esclarecimento.

É por isto que, na maioria dos casos, são os familiares e os amigos dos doentes que suspeitam do problema e conseguem que os hipocondríacos procurem ajuda adequada.

Tratar a hipocondria

A base do tratamento da hipocondria é psicológica (terapia cognitivo-comportamental, dessensibilização sistemática, abstração selectiva, psicoterapia analítica), procurando-se fazer uma espécie de reprogramação da forma como o doente interpreta os seus sintomas e receios e da maneira com se comporta perante eles, de modo a reduzir os níveis de ansiedade e de sofrimento psicológico que a hipocondria acarreta.

Não se pretende que o hipocondríaco deixe de sentir as suas queixas ou medos, mas sim que passe a aceitá-los como “naturais” e “funcionais” e não como sinónimo de doença grave. Deve promover-se a integração saudável do doente na vida familiar, social e profissional, reduzindo a abstenção escolar ou laboral e tornando o hipocondríaco numa pessoa mais sociável, que consiga estar com os outros sem estar permanentemente a falar das suas preocupações com a saúde.

 É fundamental que exista simultaneamente um acompanhamento por um médico assistente no qual o hipocondríaco confie (médico de família ou outro), que promova uma atitude tranquilizadora para o doente e esteja disponível para o atender quando necessário, sem descurar a necessária prevenção, rastreio e tratamento de outras doenças.

Deve tratar-se a ansiedade e a depressão associadas à hipocondria, se necessário com o recurso a ansiolíticos e anti-depressivos, sendo pouco frequente a necessidade de recorrer a medicação psicotrópica mais agressiva.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Doenças Respiratórias Crónicas
A RESPIRA - Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas, celebra dia 9 de Fevereiro dez...

A Associação RESPIRA foi constituída há dez anos, em Lisboa, por um pequeno grupo de pessoas com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, da qual fez parte o atual presidente e médicos pneumologistas, com o objectivo de combaterem uma lacuna existente ao nível da saúde respiratória em Portugal – uma instituição que representasse as Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas e defendesse os seus interesses.

O lema “Para que não se sinta só a respirar” reflecte a missão da Associação - contribuir para o conhecimento, prevenção e tratamento das doenças respiratórias crónicas e para a promoção e defesa dos direitos dos doentes.

“Lutamos desde 2007 pela prevenção primária e secundária do tabagismo, apontada como a principal causa da DPOC em Portugal, pela reivindicação do tratamento das doenças respiratórias baseado nas melhores práticas existentes, no desenvolvimento de

iniciativas de sensibilização junto da população e de escolas, motivando o incremento da formação e investigação sobre estas patologias e ainda na elaboração de brochuras ou guias práticos de apoio à família, cuidadores e pessoas portadoras de DPOC”, explica José Albino, Presidente e cofundador da Associação.

Segundo dados do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias da Direção-Geral da Saúde, a DPOC é, atualmente, considerada a 4ª causa de morte no mundo e um problema de saúde pública em Portugal e afecta cerca de 800 mil portugueses .

Esta patologia que está subdiagnosticada e subtratada tem um impacto considerável na qualidade de vida dos doentes, representando ainda um fardo económico ao nível do tratamento.

A Direcção da RESPIRA pretende que ao longo de 2017 sejam realizadas um conjunto de acções, que recordando o passado, o esforço e o apoio de tantos amigos, voluntários e patrocinadores, projete e dê a conhecer o trabalho que se pretende realizar na próxima década.

As iniciativas anuais da Associação RESPIRA podem ser acompanhadas pelo Facebook e Site Institucional e ainda pela Revista O2, uma edição trimestral distribuída gratuitamente pelos seus associados.

Todas as pessoas, doentes, familiares, cuidadores ou interessados pela área da saúde respiratória, poderão tornar-se associados e apoiar a missão da Associação em http://respira.pt/Default.aspx#/menu/Associados

Danos hepáticos
Um grupo de Investigadores da Universidade de Edinburgh, no Reino Unido, e de Oslo, na Noruega, descobriu que o paracetamol...

A descoberta deste estudo publicado na revista “Scientific Reports” pode abrir portas a novas terapias para combater o dano causado pelo fármaco que é a principal causa de insuficiência hepática aguda no mundo ocidental, informa o Science Daily.

Os cientistas liderados por Leonard Nelson estudaram o impacto do paracetamol nas células hepáticas em humanos e em ratinhos. Os testes demonstraram que, em determinadas circunstâncias, o paracetamol, mesmo em pequenas doses, pode danificar o fígado ao afetar as ligações estruturais vitais entre células adjacentes no órgão.

Quando estas ligações da parede celular, conhecidas como junções apertadas, são afetadas, a estrutura do tecido hepático é danificada, as células não são capazes de funcionar corretamente e podem morrer, descreve o Science Daily.

Segundo os cientistas, este tipo de lesão celular, que já se sabia que ocorria em doenças hepáticas, incluindo hepatite, cirrose e cancro, não estava até à data associada à alta toxicidade do paracetamol.

Leonard Nelson, líder do estudo e cientista do Laboratório de Hepatologia da Universidade de Edimburgo e do Instituto de Bioengenharia, recorda que o "paracetamol é o remédio de dor preferido do mundo, é barato e considerado seguro e eficaz na dose terapêutica".

"No entanto, os danos induzidos no fígado por fármacos continuam a ser um problema clínico importante e um desafio para o desenvolvimento de fármacos mais seguros, o que reforça a necessidade de vigilância no uso do paracetamol", conclui o investigador.

 

Complicações perinatais
Os bebés expostos a complicações antes ou durante o nascimento correm mais riscos de desenvolver transtornos do espectro...

Os cientistas da organização sem fins lucrativos Kaiser Permanente, na Califórnia, Estados Unidos, analisaram os registos médicos de 594.638 crianças nascidas entre 1991 e 2009. Ao longo deste período, 6.255 destas crianças foram diagnosticadas com transtornos do espectro autista, sendo que segundo os registos médicos 37% destes bebés sofreram complicações perinatais.

Pela análise de dados, os investigadores concluíram que as crianças expostas a complicações durante o parto apresentaram um risco 10% mais elevado de desenvolver autismo.

No que toca às crianças expostas a complicações antes do início do parto, estas tiveram esse risco aumentado em 22%.

Os investigadores constataram ainda que as crianças expostas a complicações antes e durante o nascimento apresentavam um risco 44% maior de desenvolver transtornos do espectro autista.

"Apesar de não existir atualmente uma cura para os transtornos do espectro autista, a identificação precoce das crianças que se encontram em risco de desenvolver a doença é extremamente importante, uma vez que a investigação demonstra que as intervenções de tratamento precoces para as crianças com estas doenças podem melhorar bastante o seu desenvolvimento", comenta em comunicado Darios Getahun, líder do estudo.

De acordo com o referido estudo, as complicações perinatais mais associadas aos transtornos do espectro autista são a asfixia e pré-eclampsia, uma complicação da gravidez caracterizada pela pressão arterial elevada da progenitora.

 

Método com validade de 10 anos
Ciência dá mais um passo na criação de um método contraceptivo que bloqueia a passagem de espermatozóides.

A Fundação Parsemus, dos Estados Unidos, está cada vez mais confiante na criação e comercialização do tão aguardado método contraceptivo masculino.

Passados anos de especulação e tentativas científicas falhadas, a entidade norte-americana vem agora anunciar que o uso de Vasalgel – gel injetado (sob anestesia) e que tem um processo de bloqueio dos espermatozóides idêntico à vasectomia – foi testado com sucesso em macacos.

As conclusões desta experiência em primatas, realizada pela Universidade da Califórnia, foi publicada na revista Basic and Clinical Andrology e revela este método trata-se de uma ‘vasectomia reversível’, ou seja, os cientistas defendem que é um método de contracepção a médio-longo prazo e que será possível travar os efeitos do Vasalgel para que os homens possam ter filhos mais tarde, conta a BBC no seu site.

Para o estudo foram usados 16 macacos machos adultos, sendo que dez já tinham sido pais. O Vasagel foi injetado em todos e os macacos foram libertados para junto de fêmeas férteis, tendo acasalado. Nenhuma das fêmeas engravidou ao longo do estudo, que incluiu dos períodos de reprodução completos, diz a publicação.

Porém, os investigadores salientam que este tipo de contraceptivo masculino apenas serve para evitar a gravidez indesejada, não sendo eficaz na hora de proteger contra as doenças sexualmente transmissíveis, como a Sida.

Além disso, foram ainda notados alguns efeitos colaterais, se bem que poucos. O mais sonante diz respeito à necessidade de submeter um dos macacos a uma cirurgia, uma vez que a injeção afetou um dos tubos de passagem dos espermatozóides para o pénis.

Tal como noticiado há dois anos, este contraceptivo masculino poderá ter uma validade de dez anos e custar perto de 375 euros.

Saúde Mental
Um recente estudo levado a cabo por investigadores da Mayo Clinic Study of Aging, nos Estados Unidos, e publicado no passado...

O estudo olhou para a saúde mental de 1,929 participantes com 70 anos ou mais e conclui que treinar e incentivar o cérebro pode ajudar a prevenir o declínio mental em 20% e que existem exercícios bastante eficazes nesse sentido.

Numa primeira fase do estudo, em 2005 (um ano antes do estudo começar), os participantes tiveram que revelar informações sobre a própria saúde mental, tendo feito ainda um diagnóstico cognitivo por parte dos investigadores. Passados dez anos, já em 2016, os participantes - que foram monitorizados durante quatro anos - foram novamente avaliados.

O risco de disfunção cognitiva leve foi reduzido nas participantes que faziam uso de computadores, nos que alinhavam em atividades de artesanato, nos que se incluíam em atividades sociais e em todos os que participavam em jogos de brincar, como as cartas.

Tal como se lê no estudo, “os idosos cognitivamente normais que se envolveram em atividades cerebrais estimulantes específicas, têm, mesmo no fim da vida, um risco diminuído de comprometimento cognitivo leve.

 

Estudo
Cientistas revelam imagens a três dimensões do cérebro de ratinhos onde se vêem os pontos de contacto entre as células nervosas...

A observação do que se passa no cérebro durante o sono resultou em dois estudos publicados esta sexta-feira na revista Science que se centraram especificamente nas sinapses, as zonas de contacto entre os neurónios. Durante cerca de quatro anos, uma equipa de cientistas analisou e mediu 6920 sinapses no cérebro de ratinhos para constatar que encolhiam durante o sono tornando as ligações sinápticas mais fracas. Outra equipa esclareceu como é que isso acontecia a nível molecular e bioquímico, identificando alguns genes importantes para o funcionamento deste mecanismo.

Os dois estudos publicados agora levam-nos à velha questão sobre a função do sono. Para que serve? Sobre isto, há duas teorias principais. E o mais provável, tal como referem dois neurocientistas num comentário publicado também na revista Science, é que ambas estejam correctas. Assim, há quem defenda que o sono serve sobretudo para “restaurar” o nosso cérebro, reparando a maquinaria celular, repondo energias e eliminando o lixo químico que acumulamos. Uma espécie de processo de limpeza e arrumação, portanto. Depois, há cientistas que valorizam mais o processamento da informação que fazemos quando dormimos, numa tarefa que nos possibilita armazenar dados e consolidar memórias. Aqui, estaremos num mais complexo processo de arquivamento e selecção de informação. Tal como já referimos, o mais provável é o sono sirva para isso tudo, limpar e arquivar.

Independentemente do propósito do sono, sabe-se que o cérebro funciona de forma diferente quando dormimos. Uma das ideias que estes dois estudos fortalecem tem a ver com o enfraquecimento das ligações sinápticas que “descansam” à noite para compensar a intensa actividade que lhe exigimos quando estamos acordados. Num dos trabalhos, os cientistas recorreram à microscopia electrónica para analisar o tecido cerebral do córtex motor e sensorial de ratinhos e conseguiram reproduzir bonitas imagens tridimensionais das extensões dos neurónios que recebem os impulsos, conhecidas como espinhas dendríticas. Ao estudar milhares destas imagens, perceberam que as sinapses encolhiam durante o sono e que depois, durante o próximo período de vigília, voltavam a expandir-se e crescer.

Segundo explicam no artigo, as sinapses encolhem cerca de 20% durante o sono, criando espaço para o dia seguinte. Mas nem todas. É que estes pontos de contacto entre os neurónios não são todos iguais. As maiores e mais fortes e que os investigadores acreditam que estão associadas a memórias mais estáveis, parecem permanecer ilesas sem sinais de encurtamento das suas espinhas dendríticas. Ainda assim, cerca de 80% das sinapses encolhem, conclui o estudo.

Mas para quê?

“Isto mostra, de forma estruturalmente inequívoca, que o equilíbrio do tamanho e da força das sinapses é perturbado durante o tempo que estamos acordados e restabelecido pelo sono”, refere Chiara Cirelli, investigadora no Centro do Sono e da Consciência da Universidade de Wisconsin, nos EUA, e uma das autoras do trabalho, num comunicado sobre o estudo. E acrescenta: “É impressionante que a maioria das sinapses no córtex passe por uma mudança tão grande de tamanho em poucas horas de vigília e sono.” 

Giulio Tononi, investigador da mesma universidade, faz a leitura que faltava: “Extrapolando dos ratinhos para os humanos, os nossos resultados significam que todas as noites, milhões de milhões de sinapses no nosso córtex podem ficar 20% mais fracas.”

A outra equipa de cientistas (da Universidade Johns Hopkins, nos EUA) que publica um artigo na mesma revista não só confirma este enfraquecimento das sinapses, como ajuda a explicar como acontece. Usando análises bioquímicas e moleculares, o estudo identifica um gene (homerla) importante para desencadear este enfraquecimento das sinapses durante o sono.

Apesar de os dois estudos confirmarem que a estrutura das sinapses muda durante o sono, ainda há muita coisa que fica por esclarecer, tal como constatam László Acsády (da Academia de Ciências Húngara) e Kenneth Harris (da University College de Londres), dois neurocientistas que escreveram um comentário na Science sobre estes trabalhos. “Apesar de termos mais provas sobre as mudanças na força sináptica durante o dia, a função precisa destas alterações permanece tão misteriosa como sempre”, referem. Ou seja, as sinapses mudam de tamanho, mas para quê?

A verdade é que o mistério do sono é, sem dúvida, sedutor para os cientistas. Numa rápida pesquisa sobre artigos centrados no sono nos últimos dias vemos, por exemplo, que um estudo em ratinhos demonstrou que a privação do sono prejudica a capacidade do cérebro em formar novas memórias. Ou que, num outro estudo que envolveu apenas mulheres na pós-menopausa, os problemas no sono podem interferir na qualidade da vida sexual. Ou ainda uma investigação que aconselha as pessoas que têm dificuldades em dormir a fazer um fim-de-semana de campismo no Verão para acertar o “relógio” biológico, comprovando que os nossos ritmos e hábitos “electrónicos” de vida nos podem tirar o sono. 

Principais mitos
Em Portugal, as mulheres ainda estão pouco informadas a respeito dos métodos contraceptivos de longa

Entende-se por contracepção de longa duração todo o método contraceptivo com duração de ação igual ou superior a três meses e cuja administração pode ser vigiada e controlada por uma equipa de saúde.

Sendo mais eficazes que os anticoncepcionais orais, ainda existem, no entanto, alguns mitos que impedem que mais mulheres optem por eles.

“Os principais receios das mulheres são que estes métodos possam vir a diminuir a fertilidade”, começa por dizer a especialista em ginecologia e obstetrícia, do Hospital Lusíadas Porto, Paula Ramôa.

No entanto, tal como explica, assim que “o DIU/SIU são retirados ou o implante removido, a mulher pode engravidar de imediato”.

“Os métodos de longa duração estão entre os métodos mais eficazes que existem. Sempre que um método contém uma hormona, o ciclo óvarico natural é interrompido e o útero obedece unicamente à quantidade de hormona presente no organismo. Portanto, não menstruar não significa um efeito adverso do método ou doença, mas ó um efeito colateral que desaparece mal o método é suspenso”, justifica.

De acordo com Paula Ramôa, estes métodos podem ser utilizados por qualquer mulher, sobretudo, “por quem tenha contraindicação para outros métodos, quem tem dificuldade em tomar a pílula todos os dias e por portadoras de algum grau de deficiência mental ou cognitiva”.

Não obstante, a escolha do método contraceptivo deve ter em conta inúmeros fatores e é importante que as mulheres estejam devidamente informadas sobre cada um deles.

“O conhecimento sobre todos os meios contraceptivos permite ao médico aconselhar o método mais apropriado para uma determinada pessoa ou casal”, sendo o método ideal aquele que está de acordo com o estilo de vida e que respeita as crenças pessoais “de forma a ser usado com sucesso e com baixa taxa de abandono”.

Deste modo, importa ter em conta eficácia, conveniência, duração de ação, reversibilidade, efeito sobre período menstrual, tipo e frequência dos efeitos colaterais e eventos adversos, custo, acessibilidade, proteção contra doenças de transmissão sexual, benefícios não contraceptivos e contraindicações médicas absolutas e relativas.

Alternativa à pílula

“É considerada contracepção de longa duração o Dispositivo Intrauterino de cobre (DIU) ou o Sistema Intrauterino com uma hormona chamada levonorgestrel (SIU)”, começa por enumerar a ginecologista.

“Temos também o Implante com levonorgestrel que se coloca debaixo da pele. Uma outra opção é a ampola injetável de medroxiprogesterona com duração de três meses. Os três últimos têm uma eficácia superior à pílula”, refere.

De acordo com especialista, o Dispositivo Intrauterino de cobre tem uma eficácia de 99,2% na utilização corrente, garantindo a contracepção entre cinco a sete anos, “ou até mais, dependendo dos casos”.

O DIU trata-se de um dispositivo em forma de T ou S inserido pelo especialista diretamente no útero. “Contém uma pequena porção de cobre que desencadeia um processo inflamatório no endométrio impedindo a nidificação, ou seja, a implantação do embrião”, explica.

Uma vez que não se trata de um método hormonal, pode ser utilizado em qualquer idade. “Só perde eficácia se se deslocar. Os ciclos mantêm-se com os intervalos anteriores à sua colocação”, adianta.

Como efeitos colaterais estão descritos o aumento da dores menstruais e do fluxo sanguíneo. Por outro lado, obriga a exames regulares para verificar se se mantém na posição correta e está desaconselhado “no caso de existirem múltiplos parceiros sexuais pelo facto de facilitar o aparecimento de doença inflamatória pélvica”.

“Está contraindicado em mulheres com alergia ao cobre, com malformações uterinas ou doença inflamatória pélvica”, afirma Paula Ramôa.

Combinando um dispositivo intrauterino, semelhante ao DIU, com uma hormona– levonorgestrel - que é libertada ao longo do tempo, o SIU (Sistema Intrauterino) é um método mecânico e hormonal que apresenta uma eficácia de 99,9%.

“Pode ser utilizado por todas as mulheres, em qualquer faixa etária. Os períodos menstruais tornam-se mais curtos ou mesmo ausentes, o que traz qualidade de vida e não tem contraindicações”, refere a médica especialista.

No entanto, por vezes pode ocorrer alguma retenção hídrica, caso se trate de um SIU com maior dosagem.

“Tal como o DIU não deve ser utilizado em mulheres com malformações uterinas e com doença inflamatória pélvica”, adverte.

“O Implante é um dispositivo de plástico flexível, de quatro centímetros de comprimento e dois milímetro de espessura. É colocado pelo médico debaixo da pele, geralmente no braço não dominante, usando um anestésico local. Contém um progestativo que se vai libertando lentamente, mantendo-se ativo ao longo de três anos”, explica Paula Ramôa acrescentando que este deve ser substituído ao fim deste período.

O Implante tem uma eficácia de 99,9% “independentemente do perfil da utilizadora”. Não perde eficácia quando há problemas gastrointestinais e pode ser utilizado por mulheres com contraindicação à toma de estrogénios.

“As contraindicações são idênticas às dos contraceptivos por via oral só com progestativo, ou seja, em mulheres portadoras de doença hepática grave, doença cardíaca isquémica, acidentes vasculares cerebrais e episódio agudo de tromboembolismo”, explica.

Como reação adversa, a especialista refere a irregularidade na menstruação, a retenção de hídrica e acne. 

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Prémios e Galardões
As Medalhas de Honra das Mulheres da Ciência, que são hoje entregues, em Lisboa, distinguiram quatro investigadoras, por...

A distinção, que na prática é uma bolsa de investigação, foi atribuída a Maria Inês de Almeida (i3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde), Isabel Veiga (Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde - Universidade do Minho), Ana Rita Marques (Instituto Gulbenkian de Ciência) e Patrícia Baptista (IN+ - Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento).

Maria Inês de Almeida está a trabalhar sobre a regeneração dos ossos e Isabel Veiga sobre a resistência do parasita da malária a fármacos, enquanto Ana Rita Marques está a estudar a estabilidade dos centríolos (estruturas celulares mais finas do que um fio de cabelo) e Patrícia Baptista a desenvolver uma ferramenta de avaliação de rotas numa cidade, consoante o tipo de utilizador e modo de transporte.

Cada uma das cientistas vai receber 15 mil euros. As Medalhas de Honra das Mulheres da Ciência, que vão na 13.ª edição, são promovidas pela L'Oréal Portugal, Fundação para a Ciência e Tecnologia e Comissão Nacional da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

As quatro premiadas foram selecionadas entre 80 candidatas, cujos projetos de investigação foram avaliados por um júri presidido pelo investigador e deputado Alexandre Quintanilha.

Em declarações à Lusa, a cientista Maria Inês de Almeida disse que vai testar uma nova terapia para a regeneração dos ossos, em alternativa às próteses, manipulando as moléculas de ácido ribonucleico (ARN) que não codificam proteínas.

A parte do ARN que não sintetiza as proteínas, em particular os microARN, consegue regular o funcionamento das células, a sua "proliferação, diferenciação", pelo que a sua manipulação pode regenerar o tecido ósseo em caso de dano, sustentou a investigadora do i3S, no Porto.

"Quando temos um defeito ósseo, há uma reação inflamatória, há uma proliferação e diferenciação das células do osso", assinalou.

No seu trabalho, Maria Inês de Almeida vai extrair microARN de culturas de células ósseas humanas e administrá-los, em diferentes níveis, a ratinhos, para induzir e acelerar a regeneração do osso com defeito.

Isabel Veiga, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde, da Universidade do Minho, quer "perceber os mecanismos que o parasita da malária desenvolve" para que o medicamento artemisinina, atualmente usado no tratamento da doença, nem sempre surta efeito.

Para isso, a cientista vai modificar geneticamente o parasita para analisar, ao pormenor, as proteínas que existem nas células com capacidade para transportar os fármacos, as designadas 'proteínas transportadoras'.

Consoante as variações genéticas, estas proteínas são mais ou menos eficientes no transporte dos medicamentos para as células, esclareceu.

Os centríolos, que estão na base do estudo de Ana Rita Marques, do Instituto Gulbenkian de Ciência, "são importantes para que as células se consigam dividir corretamente", e, por conseguinte, são essenciais para o estudo da regeneração de tecidos e do cancro, de acordo com a investigadora.

Em concreto, a cientista vai analisar, socorrendo-se da mosca da fruta como modelo, os mecanismos de funcionamento de uma proteína, a polo, que regula o revestimento protetor dos centríolos.

Para desenvolver uma ferramenta de avaliação do trajeto mais adequado numa cidade, a investigadora Patrícia Baptista propõe-se construir uma base de dados com as variáveis utilizador e modo de transporte, partindo do caso de estudo de Lisboa.

A base de dados permitirá, por exemplo, comparar trajetos alternativos em função do tempo de viagem, do esforço físico da pessoa, da inalação de poluentes, do consumo de energia e da emissão de gases das viaturas ou do declive do terreno, explicou a cientista do IN+ - Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento, no Instituto Superior Técnico, em Lisboa.

A ferramenta, que poderá ser uma aplicação para telemóvel, possibilitará ao utilizador, em especial com dificuldades de mobilidade, "fazer escolhas mais informadas no planeamento das suas deslocações, conhecendo previamente a rota mais adequada ao seu objetivo", esclareceu à Lusa.

As Medalhas de Honra das Mulheres da Ciência destinam-se a doutoradas, com menos de 36 anos, que realizam investigação em Portugal nas áreas da saúde e do ambiente.

Desde que foi lançada em 2004, a iniciativa apoiou 41 investigadoras.

A distinção é entregue hoje às quatro premiadas, numa cerimónia onde é esperada a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

 

Investigação
Investigadores norte-americanos criaram um "chip" eletrónico que pode ser usado como um laboratório de diagnóstico em...

O estudo dos cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, na Califórnia, foi publicado hoje na revista da Academia Nacional das Ciências norte-americana.

O "laboratório num 'chip'" pode permitir diagnósticos médicos mais rápidos e mais baratos, beneficiando sobretudo países em desenvolvimento, onde poderão ser descobertos precocemente casos de cancro, malária, tuberculose ou VIH, cuja mortalidade é superior do que em países desenvolvidos.

Segundo o bioquímico e geneticista Ron Davis, este método poderá significar "uma revolução no diagnóstico médico" semelhante à que significou a descoberta da sequência do genoma humano.

O sistema usa microfluidos, eletrónica e impressão a jato: parte-se de um recipiente de silicone que pode conter células e de uma faixa eletrónica reutilizável.

Depois, a impressora de jato de tinta é utilizada para imprimir a faixa eletrónica numa lâmina de poliéster com uma tinta especial com nanopartículas.

"Desenhámo-lo para não ser preciso ter instalações esterilizadas e pessoal treinado para o fabricar: Cada 'chip' pode ser fabricado em 20 minutos", afirmou Rahim Esfandyarpour, o principal redator do estudo.

O “laboratório” pode ser usado para analisar tipos de células diferentes sem serem precisas etiquetas magnéticas ou fluorescentes normalmente usadas para as controlar.

É o próprio 'chip' que separa as células diferentes, tornando o processo mais preciso e rápido.

Casos de cancro poderão ser identificados detetando células que circulam na corrente sanguínea, por exemplo.

Estudo
Cientistas desenvolveram uma tecnologia que permite que uma prótese de braço possa detetar os sinais nervosos da espinal medula...

Para controlar a prótese robótica o paciente tem de pensar como se estivesse a controlar um braço fantasma e imaginar alguns movimentos simples, como beliscar com dois dedos. Sensores integrados na prótese interpretam os sinais elétricos, emitidos pelos neurónios da espinal medula, como uma ordem.

As próteses de braço atualmente no mercado são controladas pelo paciente através dos músculos que tenha no ombro ou no braço e que muitas vezes estão danificados. É uma tecnologia que apenas permite um ou dois movimentos de segurar, o que faz com que cerca de metade das pessoas a rejeite.

A equipa de investigadores que publica hoje o estudo na revista Nature Biomedical Engineering, disse que detetar sinais de neurónios motores espinais (na base do controlo dos músculos) em partes do corpo não danificadas pela amputação, em vez de usar fibras musculares remanescentes faz com que mais sinais possam ser detetados e mais comandos possam ser programados na prótese robótica, tornando-a mais funcional.

Dario Farina, do Imperial College London, departamento de bioengenharia, explicou que quando há uma amputação de um braço as fibras nervosas e os músculos também são cortados pelo que é muito difícil obter sinais para fazer uma prótese funcionar.

“Tentámos uma nova abordagem, movendo o foco dos músculos para o sistema nervoso. Isto significa que a nossa tecnologia pode detetar e descodificar sinais de forma mais clara, abrindo a possibilidade para próteses robóticas que podem ser mais intuitivas e úteis para os pacientes. É um momento muito interessante para se estar neste campo da pesquisa”, disse o responsável.

Os investigadores fizeram experiências em laboratório com seis voluntários que tinham sido amputados do ombro para baixo ou logo acima do cotovelo. E depois de algum treino de fisioterapia os pacientes conseguiram fazer uma mais ampla gama de movimentos do que nos casos do uso de uma prótese robótica clássica.

Os voluntários conseguiram mover a articulação do cotovelo e mesmo fazer movimentos radicais, movendo o pulso de um lado para o outro, ou até fechar a mão.

Ainda que seja necessário aprimorar e tornar a tecnologia mais robusta, os cientistas admitem que o modelo atual poderá estar no mercado nos próximos três anos.

Um milhão de euros
Um teste de picada no dedo que permite diagnosticar rapidamente uma infeção bacteriana e determinar se o paciente pode ser...

O teste, que apresenta o resultado em menos de dez minutos e deverá ser comercializado no próximo ano, foi desenvolvido pela Minicare HNL, um consórcio de investigação formado pela P&M Venge AB, da Suécia, e a Philips Electronics, da Holanda.

O prémio distinguiu um diagnóstico rápido e eficaz da natureza viral ou bacteriana das infeções com o objetivo de reduzir o uso de antibióticos pelos pacientes, tendo a Minicare batido as outras duas finalistas: a PulmoCheck, que está a desenvolver um dispositivo que reage num espaço de dois a seis minutos aos fluidos corporais resultantes de uma infeção bacteriana e a ImmunoPoc, que está a trabalhar num teste de picada no dedo que permitirá diferenciar as infeções bacterianas das virais num espaço de 15 minutos.

O prémio Horizonte 2020 para uma melhor utilização dos antibióticos, atribuído pela Comissão Europeia, foi entregue, na Universidade de Louvaina, pelo comissário da Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas.

Na mesma ocasião, o comissário europeu para a Saúde, Vytenis Andriukaitis, entregou os três prémios europeus da saúde para as organizações não-governamentais que lutam contra a resistência aos antibióticos no valor de, respetivamente, de 20 mil, 15 mil e 10 mil euros.

O primeiro prémio, no valor de 20 mil euros, foi atribuído à organização de consumidores europeus BEUC pela sua campanha de sensibilização “From Farm to You” que chamou a atenção para as causas da resistência aos antibióticos.

O segundo prémio, no valor de 15 mil euros, foi atribuído à Alliance to Save our Antibiotics pela campanha “Compassion in World Farming and the Soil Association” e o terceiro prémio, no valor de 10 mil euros, à World Alliance Against Antibiotic Resistance pela sua campanha “Acting to Preserve Antibiotics”.

A resistência aos antibióticos, causada pelo uso sistemático destes medicamentos, é uma grande preocupação de saúde pública na Europa e no mundo.

Nos EUA
Uma equipa de investigadores norte-americanos desenvolveu um método para identificar o cancro do pâncreas em fases iniciais,...

A técnica baseia-se na deteção de vesículas extracelulares, partículas formadas por uma camada lipídica e emitidas pela maioria das células vivas.

A equipa do investigador Tony Hu, do centro de diagnósticos personalizados da Virginia, Estados Unidos, criou um método para detetar as vesículas extracelulares derivadas de tumores que carregam uma proteína, conhecida como EphA2, que poderá permitir diagnosticar os sinais mais precoces de cancro do pâncreas.

"O cancro do pâncreas é um tipo de cancro em relação ao qual precisamos desesperadamente de um biomarcador de sangue precoce”, afirma Tony Hu, lembrando que é difícil neste tipo de tumor captar um sinal de diagnóstico quando não há sintomas.

O cancro do pâncreas mata anualmente cerca de 358 mil pessoas em todo o mundo.

Comissão Europeia
A Comissão Europeia considerou hoje que a qualidade do ar continua uma preocupação, com custos de saúde de 4.000 milhões de...

"A emissão de vários poluentes atmosféricos diminuiu significativamente" e as emissões atmosféricas situam-se dentro dos valores-limite nacionais, mas "a qualidade do ar em Portugal continua a ser motivo de preocupação", segundo a análise da aplicação da política e regras ambientais europeias por cada Estado membro, hoje divulgada.

Para 2013, a Agência Europeia do Ambiente estimou que "cerca de 6.070 mortes prematuras eram imputáveis às concentrações de partículas, 420 à concentração de ozono e 150 às concentrações de dióxido de azoto, o que se deve também a excedentes acima das normas de qualidade do ar da União Europeia" e em 2014, registaram-se excedentes de dióxido de azoto (NO2) acima das normas da UE nas zonas do Porto, Braga e Lisboa, recordou a Comissão Europeia (CE).

"Estima-se que os custos externos relacionados com cuidados de saúde decorrentes da poluição atmosférica em Portugal ultrapassem 4.000 milhões de euros por ano", nomeadamente devido dias de trabalho perdidos ou à necessidade de cuidados de saúde, avança.

As "violações persistentes" dos requisitos de qualidade do ar, que têm graves efeitos negativos na saúde e no ambiente, estão a ser fiscalizadas pela CE através de processos de infração que abrangem todos os Estados-Membros em falta, incluindo Portugal.

A CE sugere que Portugal deve manter as tendências decrescentes das emissões de poluentes, para cumprir os valores limite e reduzir os impactos adversos da poluição atmosférica na saúde, ambiente e economia.

Reduzir as emissões de óxidos de azoto para cumprir os valores limite nacionais de emissão atualmente em vigor e reduzir o dióxido de azoto e as concentrações de ozono, nomeadamente através dos transportes, em especial nas zonas urbanas, é outro conselho listado.

Quanto ao ruído, Portugal deve concluir a elaboração dos mapas e planos de ação para a gestão do ruído nas zonas urbanas.

"A aplicação da Diretiva Ruído Ambiente em Portugal está consideravelmente atrasada" e a elaboração de mapas de ruído "para a mais recente ronda de comunicação de dados", em relação ao ano de referência de 2011, "está concluída em apenas 33 % para as aglomerações, 68 % para os principais eixos rodoviários e 47 % para os principais eixos ferroviários", realça a CE.

A definição de mapas de ruído para os principais aeroportos "está 100% completa".

Foram aprovados planos de ação para a gestão do ruído para apenas 17% das aglomerações, 5% dos principais eixos rodoviários e nenhum para os principais eixos ferroviários.

"Relativamente aos aeroportos, as autoridades portuguesas cumpriram todas as suas obrigações", referiu a CE que diz ter contactado Portugal sobre os mapas de ruído e planos de ação em falta e "continua a acompanhar a situação".

O relatório salienta que o transporte individual "agrava os problemas sazonais associados à qualidade do ar e ao congestionamento do tráfego nas principais áreas metropolitanas portuguesas", como Lisboa e Porto, o que "conduz a custos de saúde e económicos".

O documento defende a necessidade de avançar uma "abordagem global para equacionar esta questão e, assim, gerar vantagens em termos ambientais, económicos e sociais", reduzindo, por exemplo, o número de camiões nos centros urbanos, referindo que o Compromisso para o Crescimento Verde já estabelece como objetivo o aumento da utilização dos transportes públicos.

Instituto Português do Sangue e da Transplantação
Mais de 2.000 doentes aguardam por um transplante renal, um aumento que se regista em Portugal, mas também um pouco por todo o...

João Almeida e Sousa falava aos jornalistas no final da apresentação dos dados da doação e transplantação de órgãos em 2016.

Estes dados indicam que o número de órgãos colhidos para transplante em 2016 foi o maior de sempre, tendo-se registado pela primeira vez transplantes com órgãos de dadores em paragem circulatória (“coração parado”).

Neste período registou-se um aumento de órgãos colhidos de dador falecido, que subiram de 896 em 2015 para 936 no ano passado. Destes, foram transplantados 784 órgãos, o que reflete uma taxa de utilização de 84% (79% no ano anterior).

Na sua intervenção após a apresentação destes indicadores, João Almeida e Sousa referiu que “a existência de listas de espera obriga a que se faça sempre melhor”.

“Não é admissível o desperdício de órgãos”, afirmou, considerando que “ainda existe nos hospitais portugueses um potencial de crescimento de doação”.

Para a coordenadora nacional da transplantação, Ana França, os dados de 2016 são muito positivos.

A responsável sublinhou as diferenças entre os dadores atuais e os de há 15 ou 20 anos. No passado, eram essencialmente doentes em morte cerebral que tinham sofrido um acidente de viação. Atualmente, são mais idosos e com situações de Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Apesar deste aumento da idade dos dadores, com maiores probabilidades de doenças associadas, o número de órgãos colhidos tem subido.

Para o ministro da Saúde, presente na apresentação destes dados, os mesmos revelam “um sucesso”.

“É preciso agora apurar o nível de coordenação e melhorar estas metas que nos deixam orgulhosos”, disse

Dos 864 órgãos transplantados em 2016, o maior número ocorreu na transplantação renal (499), seguindo-se a hepática (272), a cardíaca (42), a pulmonar (26) e a pancreática (25).

Segundo a Coordenação Nacional da Transplantação, estes dados representam o “maior número de transplantes hepáticos e pulmonares de sempre” e refletem um “aumento da transplantação renal para valores superiores aos dos últimos quatro anos (2012-2016)”.

Pela primeira vez registaram-se transplantes de dadores em paragem circulatória, conhecidos como dadores de coração parado, num total de dez.

Estes dadores são pessoas falecidas a quem foi declarada a morte com base em critérios circulatórios, verificando-se a cessação irreversível das funções cardiocirculatórias. Os primeiros transplantes em paragem cardiocirculatória ocorreram em janeiro de 2016, no Hospital de São João (Porto).

Os dadores falecidos, os que se encontram em morte cerebral na altura da colheita do órgão continuam a representar a esmagadora maioria: 327, sendo 10 os dadores em paragem circulatória.

Bienio 2017-2018
O Prof. Manuel Monteiro-Grillo, diretor da Clínica Universitária de Oftalmologia da Faculdade de Medicina de Lisboa, foi...

A nova direção é, de resto, composta pelos oftalmologistas Elisabete Maria Vieira Brandão (Vice-Presidente), João Pereira Figueira (Tesoureiro) João Henriques Feijão (Secretário-Geral), Mário André Corrêa da Silva Melo Ornelas (Secretário-Geral Adjunto), Andreia de Faria Martins Rosa (Vogal) e João Nuno Melo Beirão (Vogal).

O novo presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) é doutorado em medicina e cirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde atualmente desempenha o cargo de professor auxiliar. Desempenhou vários cargos e funções relacionados com a sua atividade, em 2004 foi membro do Grupo de Estudos para o Plano Nacional da Visão e desde 2005 é membro da Comissão Coordenadora para o Plano Nacional para a Saúde da Visão, ambos no Ministério da Saúde, para além de múltiplas atividades nomeadamente na Sociedade Portuguesa de Oftalmologia

Segundo o Prof. Monteiro-Grillo, “a nova direção da SPO quer divulgar as atividades científicas da Oftalmologia portuguesa não só a nível nacional, mas também internacional. Pretende ainda dar a conhecer a SPO à população em geral e esclarecê-la sobre a importância do oftalmologista e dos seus parceiros (enfermeiros e técnicos de ortóptica) na saúde visual de quem o procura”.

A SPO foi fundada em 1939 com o objetivo de promover e contribuir para o desenvolvimento da oftalmologia nos seus diferentes aspetos: científico, pedagógico, informativo e de apoio à investigação, com respeito pela ética e deontologia profissional.

Colangite biliar primária
Já ouviu falar de colangite biliar primária? Provavelmente não. Paula, de 37 anos, também desconhecia esta doença rara de...

Depois de 20 anos sem qualquer inovação no tratamento desta patologia, a Agência Europeia do Medicamento aprovou recentemente um novo tratamento - o ácido obeticólico - que representa uma nova esperança para os cerca de 40% doentes que não respondem à terapêutica tradicional. A colangite biliar primária (CBP) era conhecida até 2015 como cirrose biliar primária, mas a sua designação foi alterada porque, erradamente, era associada do consumo de álcool, escreve o Diário de Notícias. Para desmistificar e divulgar a CBP junto da população e da comunidade médica, a Raríssimas tem a decorrer o projeto - (In)Forma Rara.

A CBP é causada por uma reação autoimune, que provoca uma inflamação constante nos pequenos canais biliares do fígado. "Se progredir sem tratamento, pode evoluir para cirrose ou mesmo cancro do fígado", diz Helena Cortez-Pinto, especialista em Gastrenterologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte/HSM. Afeta sobretudo mulheres - em cada dez doentes, nove são do sexo feminino - e entre os 40 e os 60 anos. Tem a particularidade de ter sintomas pouco específicos, que facilmente são confundidos com os de outras doenças.

Segundo a professora da Faculdade de Medicina de Lisboa, o tratamento que existia - o ácido ursodeoxicólico (UDCA) - "era bastante eficaz para a maioria dos doentes, mas existia uma percentagem - entre 30 a 40% - que não respondia". No ensaio clínico com o ácido obeticólico, metade desses doentes respondeu. "É uma nova esperança. Quando os doentes não respondiam ao tratamento, a progressão era rápida e muitos tinham que ser transplantados", destaca a especialista.

Ainda não é conhecida a causa da doença, mas sabe-se que é "mais frequente nos países mais desenvolvidos e em zonas fabris", em fumadores e nas pessoas com o sistema imunitário debilitado.

Falta de informação
Sem conseguir encontrar informação clara sobre a doença na internet, Paula, analista financeira, procurou apoio e esclarecimentos junto da Raríssimas, que tem agora a decorrer um projeto sobre a doença. "Mais informação significa melhor diagnóstico e melhor acesso à terapêutica", afirma Joana Neves, representante da associação.

Segundo a coordenadora da Linha Rara, foi feito material informativo para distribuir pelos doentes com CBP, folhetos e cartazes para deixar nas unidades de saúde e está a ser feito um vídeo para divulgação junto dos profissionais de saúde. Além disso, está a ser organizado um encontro de doentes. Para Paula, que hoje consegue viver o dia a dia normalmente, é importante "haver uma maior partilha de experiências e informação."

Segundo Joana Neves, doentes e familiares têm estado a "acolher muito bem" o projeto, que também visa acabar com o preconceito associado à doença.

Direção Geral do Orçamento
O Serviço Nacional de Saúde fechou o ano passado com um saldo negativo de 199 milhões de euros, uma melhoria de 172 milhões em...

De acordo com a explicação da execução orçamental de dezembro de 2016, a variação positiva da receita resultou principalmente do acréscimo de transferências correntes. Miguel Santos, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, afirma que "é preciso ver o que está por trás dos números" e que 2015 agravou-se em dezembro, no primeiro mês de gestão do atual governo.

Segundo a Execução Orçamental a variação positiva da receita registada em dezembro, em relação ao mês anterior, resultou principalmente de transferências vindas do Orçamento de Estado, referindo 301 milhões de euros, a que se somam as receitas das vendas de bens e serviços correntes. Do lado da despesa, o aumento deveu-se a custos com a reposição de vencimentos e mais profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Também subiram os encargos com exames, atenuado com a redução dos encargos com as parcerias público-privada.

No Parlamento, em janeiro, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, reafirmou que ia "ter o melhor saldo do SNS desde sempre. Nós não nos engamos 12 vezes, não passamos de 30 milhões de euros para menos 372 milhões de euros". Comparando com dados até 2010, à exceção de 2012 e 2013 em que o SNS fechou com saldo positivo - houve uma transferência de verbas para pagamento de dívidas em atraso superior a mil milhões de euros - este é para já o melhor défice.

Contudo, também é possível perceber na análise das execuções orçamentais que os valores são revistos a cada ano, resultando em melhorias ou agravamentos. Alguns substanciais como o de 2015, primeiro com um défice de 259 milhões de euros que passou a ser de 371 milhões.

O Diário de Notícias questionou o Ministério da Saúde sobre os valores conseguidos em 2016 , mas não obteve respostas.

No final de setembro, o ministério publicou um despacho que determinava que as administrações hospitalares pedissem autorização antes de assumirem compromissos financeiros. Manuel Delgado, secretário de Estado da Saúde, explicou então que o objetivo era evitar aceleramentos e derrapagens da despesa no final do ano.

Miguel Santos, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD e membro da Comissão Parlamentar de Saúde, não questiona o saldo do SNS de 2016, mas afirma que "é preciso interpretar os dados e o que está por trás dos números". "O saldo de 2015 agravou-se durante dezembro, o primeiro mês de governação deste governo. Uma das primeiras decisões que tomaram foi antecipar para dezembro custos de 2016 e que diziam respeito ao medicamento inovador da hepatite C e por outro lado, havia receita que devia ter sido registada em dezembro e só foi registada em fevereiro de 2016, notas de crédito da indústria farmacêutica. Isso permitiu uma almofada para 2016 e mesmo assim, chegaram ao final do ano com um défice superior a 400 milhões de euros. Em dezembro receberam uma receita extraordinária das finanças de 200 milhões de euros e por isso o governo apresenta um resultado final de menos 199 milhões."

Miguel Santos acredita que este ano não trará melhores resultados. Pelo contrário: "Acho que há divida assumida que irá aparecer em 2017 e que se chegará ao final do ano com um défice de 400 milhões. O ministro prometeu que terminava 2016 com um número recorde de inovadores aprovados. Cumpriu, mas foram todos aprovados em dezembro. Agora vem a fatura. Isto é uma bola de neve e não sei se o governo tem noção do impacto financeiro que vai ter", aponta o deputado do PSD.

O economista da saúde Pedro Pita Barros considera que "no caso do SNS, a lógica de olhar para o saldo financeiro é pouco relevante". "Os objetivos do SNS são definidos em termos assistenciais e as decisões são de como cumprir esses objetivos dadas as limitações financeiras que são fixadas. Assim, o défice financeiro deve ser visto não como uma medida de desempenho e sim como um indicador sobre a qualidade da gestão micro e macro. Tem-se um problema de gestão micro se o orçamento global do SNS for à partida adequado para os objetivos traçados e acabar por se gastar mais. Tem-se um problema de gestão macro quando se sabe à partida que a verba para o SNS é incompatível com os objetivos que lhe são traçados", explica.

Páginas