OMS
Os videojogos podem viciar da mesma forma que a cocaína ou o jogo, conclui a Organização Mundial da Saúde (OMS) numa...

"Depois de consultar especialistas em todo o mundo e rever as evidências de maneira exaustiva, decidimos que essa condição deveria ser acrescentada", disse à agência de notícias France Presse Shekhar Saxena, diretor do departamento de saúde mental e consumo de substâncias da organização Mundial de Saúde (OMS).

O "distúrbio de jogos" on-line e off-line é agrupado com os "transtornos relacionados ao uso de substâncias ou comportamentos viciantes" na 11ª edição da CID, a primeira grande revisão em quase três décadas.

A OMS anunciou em dezembro que o problema seria reconhecido como uma condição patológica. Os principais sintomas incluem "controlo deficiente" e incapacidade em parar de jogar. "A pessoa joga tanto que os outros interesses e atividades são ignorados, incluindo dormir e comer", comenta Saxena.

Sintomas devem perdurar durante um ano

Em casos extremos, os jogadores que não se conseguem distanciar de um ecrã desistem da escola, perdem empregos e ficam isolados dos amigos e família. A esmagadora maioria dos adeptos aos videojogos é jovem, muitos deles adolescentes, estima a OMS.

O comportamento sintomático deve continuar por "pelo menos um ano" antes de ser considerado perigosamente nocivo, frisa a nova classificação.

Cerca de 2,5 mil milhões de pessoas - uma em cada três no mundo - jogam algum tipo de jogo gratuito em ecrãs, especialmente em telemóveis, mas o distúrbio afeta apenas uma "pequena minoria", disse Saxena. "Não estamos a dizer que todo jogo é patológico".

A indústria dos videojogos arrecadou 108 mil milhões de dólares em todo o mundo em 2017, mais do que o dobro das bilheteiras de filmes, segundo a Superdata.

Quase 40% dessas vendas foram no leste da Ásia, especialmente na China e na Coreia do Sul. Outros mercados importantes incluem os Estados Unidos, o Reino Unido, França, Alemanha e Brasil.

Na Coreia do Sul e nos Estados Unidos já existem clínicas para tratar o vício em videojogos.

A inclusão do "distúrbio de videojogos" no catálogo revisto de doenças da OMS encontrou resistência, tanto da indústria como entre alguns especialistas."O processo da OMS carece de transparência, é profundamente defeituoso e carece de apoio científico", critica Michael Gallagher, presidente e CEO da Entertainment Software Association, em comunicado em março.

Num estudo a ser publicado no Journal of Behavioral Addictions, um grupo de 36 investigadores disse que havia evidências insuficientes para justificar a nova categorização

"Dada a gravidade da classificação diagnóstica e do seu impacto social mais amplo, pedimos aos nossos colegas da OMS para pecarem por excesso de precaução por enquanto e adiarem a formalização", escreveram num estudo que reviu a literatura académica.

O CID identifica cerca de 55.000 lesões, doenças, condições e causas de morte, e é amplamente utilizado como referência para diagnósticos e seguros de saúde.

"Isso permite-nos entender muito sobre o que faz as pessoas adoecerem e morrerem e tomar medidas para evitar o sofrimento e salvar vidas", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em comunicado.

OMS deixa de considerar a transexualidade como um distúrbio mental e passa a considerar o vício por videojogos como um.

No dia 18 de junho, a Organização Mundial de Saúde (OMS) deixou de considerar, na nova edição da Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID), a transexualidade como distúrbio mental.

Publicado esta segunda-feira, o relatório da OMS deixa de considerar a transexualidade como uma doença mental e passa a considerar o vício por videojogos como tal. No CID-10, abterior relatório da organização, a transexualidade era considerada ”transtorno de identidade de género”. Contudo, não deixa de ser mencionada no CID- 11, publicado esta segunda-feira, como “incongruência de género”. Isto para que as pessoas ainda possam receber apoio médico, por parte do Sistema Nacional de Saúde, “visto que é frequente pessoas lidarem com depressão ou ansiedade antes de lidarem com a transformação / aceitação”, indica o relatório citado pelo diário espanhol El País.

Após 28 anos desde a última revisão desta norma, especialistas analisaram vários casos de transexuais e pessoas com a pretensão de mudarem de sexo, de forma a criar uma base de argumentos válidos para que fossem aceites pelos profissionais de saúde da OMS, escreve o El País.

Até agora, quem não se identificava com o sexo que lhes foi atribuído à nascença era considerado doente mental. Transexual é uma pessoa que sente que o seu sexo não está de acordo com a sua identidade de género; “é a forma mais extrema da perturbação da identidade de género, em que as pessoas se identificam persistentemente como membros do sexo oposto ao que lhes foi atribuído ao nascimento e necessitam de adaptar a sua aparência física à sua identidade de género através de terapias hormonaise/ou procedimentos cirúrgicos (que não se limitam à cirurgia genital) ” segundo um relatório da associação ILGA Portugal sobre a transexualidade.

 As associações de apoio a comunidades LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) já lutavam contra este diagnóstico por parte da OMS para que saísse desta classificação, pois era considerada discriminativa.

O CID é uma listagem de todas as doenças, distúrbios, condições e causas de morte que é utilizada para fins estatísticos e preventivos.

 

Relatório
Os encargos com a contratação da prestação de serviços médicos ascendeu a 98,1 milhões de euros em 2017, mais 0,3% face ao ano...

“A atividade médica realizada sob a forma de prestação de serviços visa, maioritariamente, assegurar a prestação de trabalho em contexto de urgência, representando cerca de 62% do total de encargos, menos dois pontos percentuais do que no ano 2016”, refere o relatório, indicando que no total, em 2017, foram contratados 3,37 milhões de horas, no valor de 98,13 milhões de euros.

De acordo com o relatório, os gastos em contexto de urgência foram de 60,70 milhões de euros, com a contratação de 2,18 milhões de horas de prestações de serviços médicos, enquanto em contexto de consultas foram 519.593 as horas contratadas, no valor de 13,2 milhões de euros, representando 13% do total dos encargos, mais cinco pontos percentuais face a 2016.

Os restantes cerca de 24,23 milhões de euros foram gastos na contratação de prestação de serviços como bloco operatório, viaturas de emergência médica, meios complementares de diagnóstico, cuidados intensivos, internamento e outros.

Lisboa e Vale do Tejo foi a região de saúde onde se verificou o maior volume de encargos de trabalho médico realizado sob a forma de prestação de serviços (38%), seguida da região Norte (25%), Centro (15%), Alentejo (16%) e Algarve (4%).

Segundo o documento, a diminuição em cerca de 45% apresentada para a região do Algarve poderá não corresponder à realidade, porque “não foi validada a totalidade da informação relativa às prestações de serviço através de pessoas coletivas respeitante ao Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, EPE, pelo que os valores podem ser superiores aos apresentados”.

As cinco entidades que apresentam maior volume de horas de atividade médica realizada em regime de prestação de serviços foram o Centro Hospitalar do Médio Tejo, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, o Centro Hospitalar do Oeste, a Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano e o Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca.

Relativamente aos encargos assumidos com esta atividade, mantêm-se as mesmas entidades com a exceção da ARS Lisboa e Vale do Tejo que dá lugar ao Centro Hospitalar de Setúbal, refere o documento, adiantando que o Centro Hospitalar do Médio Tejo “figura como a entidade que regista o maior volume de despesa, tal como acontecia com as horas”.

Cerca de 52% dos encargos da atividade médica realizada em regime de prestação de serviços é assegurada através de empresas, o que representa um decréscimo quando comparada com a percentagem apresentada em 2016 (64%).

Por outro lado, os prestadores a título individual representam 37% do total de encargos em 2017, representando um aumento de 12 pontos percentuais face ao ano 2016 (25%).

O relatório ressalva que “os valores indicados para o volume de horas realizadas não constituem a totalidade da atividade médica contratada”, uma vez que não incluem a totalidade da contratação realizada sob a forma de “pagamento ao ato” por ausência de informação, em alguns casos, relativa a número de horas.

 

ADSE perdeu mais 22.224 beneficiários
O número de beneficiários da ADSE (sistema de saúde dos funcionários públicos) caiu 1,8% no primeiro trimestre devido à redução...

O número tem vindo a cair nos últimos anos e, segundo o balanço relativo ao primeiro trimestre, a ADSE perdeu mais 22.224 beneficiários até março, para um total de 1.189.756 pessoas.

A queda ficou a dever-se, sobretudo, à redução do número de familiares dos titulares que caiu 6,4% nos primeiros três meses do ano, para 354.950 beneficiários.

Por outro lado, o número de titulares (trabalhadores e aposentados) cresceu 0,2%, atingindo 834.806, destacando-se entre estes o aumento de 5,8% dos beneficiários isentos de contribuições para o sistema de saúde que, em março, totalizavam 57.211.

Estão isentos da contribuição mensal para a ADSE os titulares cuja aplicação da taxa de desconto (de 3,5%) resulte numa pensão de valor inferior ao salário mínimo nacional (580 euros).

No primeiro trimestre registaram-se ainda 208 renúncias contra 242 no período homólogo.

O documento mostra que os descontos dos beneficiários da ADSE diminuíram 0,8% no primeiro trimestre face ao mesmo período do ano anterior, atingindo em março 127,4 milhões de euros.

As contribuições dos trabalhadores e aposentados representam a maior fatia da receita total da ADSE no primeiro trimestre, valor que atingiu os 137,3 milhões de euros em março. Por outro lado, as despesas do sistema de saúde atingiram 132,45 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, o que resultou num excedente de 4,9 milhões de euros.

O documento revela ainda que as juntas médicas e verificação domiciliária da doença da ADSE totalizaram 8.879 no primeiro trimestre, ligeiramente inferior (158) ao verificado no período homólogo.

A proposta do conselho diretivo da ADSE para alargar o sistema de saúde da função pública aos contratos individuais do Estado, aos que, entretanto, saíram do sistema e que querem voltar e aos que falharam o prazo de inscrição está a ser avaliada pelos ministérios das Finanças e da Saúde.

Em declarações à Lusa, José Abraão, membro do Conselho Geral e de Supervisão da ADSE e dirigente da Federação Sindical da Administração Pública (FESAP), considerou "urgente o Governo avançar com o alargamento a novos beneficiários, mesmo que de forma cautelosa, uma vez que está em causa a sustentabilidade do sistema".

 

Ministério da Saúde
Os hospitais do Serviço Nacional de Saúde tinham no final do ano passado mais 1.854 profissionais que em 2016, tendo crescido o...

Segundo o Relatório Social do Ministério da Saúde, hoje publicado, havia nos hospitais um total de profissionais superior a 125 mil, sendo que o aumento de trabalhadores “mais significativo” ocorreu nos enfermeiros, com um acréscimo de 1.090 profissionais, seguidos dos médicos, com mais 938 profissionais do que em 2016.

Já os assistentes profissionais, os técnicos, os técnicos superiores de saúde e os técnicos de diagnóstico diminuíram em 2017.

Ao todo, existiam no Serviço Nacional de Saúde (SNS) no ano passado 43.559 enfermeiros, 28.609 médicos, sendo que cerca de um terço eram médicos internos, ou seja, ainda em formação.

O número de horas suplementares feitas pelos profissionais de saúde cresceu 5% no ano passado, em comparação com 2016, sendo que os médicos realizaram 5,7 milhões de horas suplementares e os enfermeiros 2,5 milhões.

Considerando o número de médicos que realizou trabalho suplementar em 2017, o documento do Ministério constata que cada profissional realizou uma média de 314 horas suplementares.

Numa comparação entre as duas maiores categorias profissionais do SNS, o relatório mostra que há 1,52 enfermeiros por cada médico.

O SNS registou ainda a aposentação de 829 profissionais. Por outro lado, os médicos aposentados que quiseram regressar ao trabalho e se encontravam em funções nas unidades públicas era de 344 em 2017, um acréscimo de 14,3% face ao ano anterior.

A região com maior número de profissionais nesta situação é a de Lisboa e Vale do Tejo e é na medicina geral e familiar que mais se contabilizam regressos de médicos.

Ao nível da distribuição regional de profissionais em todo o SNS, Lisboa e Vale do Tejo e do Norte concentram mais de 70% dos profissionais, seguindo-se o Centro (19,2%), o Alentejo (4,9%) e o Algarve (4,5%).

 

Dia Mundial da ELA assinala-se a 21 de Junho
Os doentes com esclerose lateral amiotrófica (ELA) gastam até 300 euros mensais em suplementos alimentares, necessários para a...

A propósito do Dia Mundial da Esclerose Lateral Amiotrófica, que se assinala na quinta-feira, a Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica (APELA) defende “a criação de um regime especial de comparticipação” para estes doentes, como disse à Lusa Filomena Borges, da APELA.

Em comunicado, citando o presidente da organização, Pedro Souto, a APELA também diz que no âmbito da efeméride se pretende “dar enfoque à necessidade da criação de um regime especial de comparticipação da suplementação nutricional”.

É que, explica, os suplementos são essenciais para doentes com ELA, porque a doença acelera o metabolismo (os doentes são hipercatabólicos e precisam de mais calorias) e ao mesmo tempo torna difícil o processo de alimentação (dificuldade em engolir, risco de engasgue), além de provocar uma fraqueza muscular progressiva.

Na quinta-feira a APELA organiza uma ação em Lisboa dedicada à alimentação, sabor e nutrição, destinada a doentes, cuidadores e profissionais de saúde, mas também a políticos e académicos e sociedade em geral. Além de se falar dos sintomas da doença e de formas de a minimizar a associação quer partilhar ideias e preocupações, de doentes, familiares e cuidadores.

A ELA é uma doença incapacitante, caracterizada pela fraqueza e atrofia musculares progressivas, tendo os doentes uma esperança de vida que ronda os cinco anos. A ação da APELA tem dois painéis de debate uma peça de teatro improvisada.

De acordo com Filomena Borges há em Portugal cerca de 800 pessoas diagnosticadas com ELA, uma doença com cerca de 200 novos casos em cada ano.

A responsável diz que a desnutrição é comum nestas pessoas e realça a importância de garantir que o doente não perde massa muscular, pelo que os próprios médicos muitas vezes sugerem os suplementos alimentares, que “noutros países europeus são comparticipados”.

A APELA é uma organização não governamental sem fins lucrativos fundada em 1997 que pretende a promoção e divulgação da natureza da doença e apoiar os doentes e respetivos familiares.

 

Poluição
Brinquedos de plástico e até casacos de lã podem poluir as casas com minúsculas partículas de plástico. Sem que ninguém dê por...

As investigações mais recentes mostram que muitos dos microplásticos que se encontram nos corpos das pessoas vêm do ar que se respira e não apenas da água engarrafada que se bebe ou peixe que já sai poluído dos oceanos. Devido ao seu tamanho minúsculo, os microplásticos podem ser inalados e induzir uma enorme variedade de doenças, incluindo as respiratórias, as cardiovasculares e até mesmo o cancro, revela o World Economic Forum.

Mais de 300 milhões de toneladas de plástico são produzidas todos os anos. Metade desse plástico torna-se lixo em menos de um ano: apenas 9% são reciclados e os restantes 91% entram no ar, na terra e na água como lixo. Algum desse desperdício acaba nos pulmões, ali permanecendo no tecido pulmonar ou entrando na circulação sanguínea, dado que o corpo humano não consegue livrar-se naturalmente das minúsculas particulas.

Os bebés que rastejam pelo chão são os mais vulneráveis, e logo a seguir aparecem as crianças, dado que os seus sistemas respiratórios ainda estão em desenvolvimento. Até já foram encontrados microplásticos em placentas.

As investigações permitem concluir que o microplásticos se encontram tanto no ar que circula dentro das construções, como no ar livre. No entanto, a concentração no ar interior das casas é maior do que no ar livre, segundo um estudo de 2018 da École Nationales des Ponts et Chaussées.

Os microplásticos no ar interior resultam da fragmentação através do atrito, do calor ou da luz de objetos plásticos que se encontram em todas as casas: brinquedos, móveis, sacos de plástico, cosméticos, creme dental, esfoliantes, etc., etc., etc.. Tomar banho apenas com uma esfoliação corporal pode liberar 100 mil contas de microplástico no sistema de esgoto e no ar, diz o Comité de Auditoria Ambiental na Grã-Bretanha.

A maioria dos microplásticos encontrados no ar interior dos edifícios, no entanto, vem de fibras plásticas liberadas de roupas sintéticas e têxteis usados ​​em móveis domésticos. Essas fibras de microplástico tendem a ser mais longas e portanto mais prejudiciais quando inaladas. Hoje, materiais sintéticos, como acrílico, nylon e poliéster, representam cerca de 60% da produção têxtil mundial.

Ao lavar estes têxteis, as fibras de microplástico são libertadas e acabam no efluente devido à falta de bons filtros. A lavagem de uma camisola de lã, por exemplo, liberta até 250 mil fibras de microplástico no efluente, de acordo com um estudo de 2016 da Bren School of Environmental Science & Management da Universidade da Califórnia em Santa Barbara. Infelizmente, a maioria das instalações de tratamento de águas residuais também não possui filtros para remover os microplásticos da chamada água ‘tratada’.

Os efeitos dos microplásticos que entram no sistema respiratório ainda não estão totalmente analisados, mas as investigações provam que a ameaça à saúde humana é de elevado risco. Uma vez inaladas, estas pequenas partículas entram no pulmão profundo, onde podem induzir lesões nos sistemas respiratórios. As partículas mais pequenas também podem passar para a corrente sanguínea e causar doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, induzir cancro e afetar o sistema imunitário e nervoso humano. Microplásticos encontrados no tecido pulmonar indicam que o corpo não é capaz de se livrar de todas as partículas – ou seja, que os microplásticos são bio-persistentes.

Os microplásticos aerotransportados também podem transportar outros poluentes tóxicos encontrados no ar, de bactérias para as emissões do trânsito, para a corrente sanguínea e para os pulmões.

Mais investigação são necessárias para os cientistas entenderem totalmente o impacto da poluição do ar na saúde humana. Em dezembro de 2017, as Nações Unidas assinaram uma resolução para interromper o fluxo de resíduos plásticos para os oceanos. O seu próximo e talvez maior desafio é persuadir os Estados-membros a assinarem uma nova resolução para impedir o fluxo de lixo plástico para o ar.

Pré-proposta
A “pré-proposta” da nova Lei de Bases da Saúde prevê um limite ao valor máximo das taxas moderadoras a pagar por cada prestação...

Segundo a “pré-proposta”, apresentada hoje pela Comissão de Revisão da Lei de Bases da Saúde, presidida por Maria de Belém Roseira, "a lei deve estabelecer limites ao montante total de taxas moderadoras a pagar por prestação e por ano, com o objetivo de proteger os beneficiários do pagamento excessivo por prestações públicas de saúde".

“Queremos taxas moderadores inteligentes, taxas moderadoras que sejam capazes de acompanhar e de constituir um instrumento de política de saúde e taxas moderadoras que não contribuam para o empobrecimento da população e, por isso, prevemos a estipulação de um teto na regulamentação do regime que venha a acontecer”, afirmou Maria de Belém Roseira na apresentação da proposta, que aconteceu três dias antes do debate no plenário da Assembleia da República de um projeto de lei do Bloco de Esquerda sobre a nova Lei de Bases da Saúde.

O documento, que vai entrar em consulta pública, prevê também o funcionamento das instituições em rede e que as carreiras dos profissionais de saúde assentem no mérito e na progressão através de provas públicas, com incentivos à produtividade.

Relativamente ao financiamento dos estabelecimentos e serviços de saúde, a proposta defende que seja feito através da contratualização, com vista à obtenção de “ganhos em saúde e mais qualidade na prestação” de cuidados.

Maria de Belém Roseira defendeu também “uma gestão competente e qualificada”, frisando que “o setor da saúde é extraordinariamente exigente, complexo, sofisticado e tem que ter os melhores profissionais”.

“Temos que ter profissionais motivados, aos quais é reconhecido o mérito, e aos quais o Estado também proporciona formação adequada, não apenas colaborando numa formação pré-graduada, que os habilite com novas competências, com novas capacidades de comunicação e relação e também uma formação ao longo da vida”, adiantou a antiga ministra da saúde, num encontro com jornalistas.

A responsabilidade do Estado na investigação também faz parte da proposta. “Aqui tem que ser muito forte a articulação com as universidades e com as unidades privadas que desenvolvem investigação.

Como o Serviço Nacional de Saúde (SNS) poderá não conseguir prestar todos os cuidados "em termos adequados”, a nova lei prevê “princípios de articulação e relação entre os vários setores, com todos os prestadores”, ao contrário do que acontece na Lei de Bases ainda em vigor, que assume um regime de concorrência entre o sistema público de saúde e o setor privado.

Para a comissão, “todos os prestadores de saúde constituem e integram o sistema de saúde”.

Esta articulação deve ser feita, disse Maria de Belém Roseira, segundo princípios de "separação com cooperação, transparência na relação e com prestação de contas e eficiência nas escolhas que são feitas na aquisição de serviços", com “regulação forte por parte do Estado e das ordens profissionais”.

Quanto ao financiamento do SNS, a "pré-proposta" defende que deverá ser plurianual no planeamento dos recursos humanos, das infraestruturas e equipamentos e também deve visar uma aproximação relativamente ao financiamento médio per capita existente na União Europeia.

“Este financiamento adicional deve ser canalizado para fazer acontecer aquilo para que a lei de bases aponta: integração de cuidados, reconhecimento do mérito, modernização dos sistemas de informação ao serviço dos modelos de funcionamento em rede”, defendeu.

Maria de Belém disse que a proposta hoje apresentada visa “garantir ganhos em saúde, colocando as pessoas no centro do sistema e o seu acompanhamento a longo da vida, assegurando cuidados de saúde humanizados e de qualidade, permitindo e garantindo a promoção da saúde e prevenção da doença, vidas com mais e melhor saúde, mais participativas, mais realizadas, mais produtivas e mais felizes”.

O período de discussão da proposta com entidades institucionais e agentes do setor e a discussão pública vão decorrer até “meados de julho” e o documento final será entregue ao Governo na primeira quinzena de setembro, no aniversário do SNS.

Distinção
Um projeto que visa desenvolver terapias contra a dor lombar, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade...

O financiamento obtido para o projeto, que conta com a participação dos investigadores do i3S Joana Caldeira, Raquel Gonçalves, Mário Barbosa e Carla Oliveira e de Paulo Pereira e Rui Vaz (diretor), ambos do Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar S. João, vai permitir melhorar as terapias com células estaminais já existentes, utilizando tecnologias inovadoras para regenerar o disco intervertebral.

Os investigadores salientam que a dor lombar, que afeta a maioria da população em algum momento da sua vida, é causada frequentemente pela degeneração do disco intervertebral que ocorre com o envelhecimento.

As opções de tratamento existentes passam por medicamentos para controlar a dor ou cirurgias bastante invasivas e que, em grande parte dos casos, não apresentam soluções a longo prazo.

O projeto “Repurposing CRISPR for disc regeneration” é liderado pela investigadora Joana Caldeira, do grupo “Microenvironments for New Therapies”.

A ideia do projeto é “adaptar uma tecnologia de edição de genes (CRISPR-Cas9) à regeneração do disco”, disse.

Joana Caldeira explicou que o objetivo é “utilizar esta ferramenta inovadora para recriar um microambiente fetal, que já se provou ter maior potencial regenerador”.

“Deste modo, acreditamos ser possível melhorar as terapias já existentes com células estaminais, providenciando-lhes um ambiente ‘mais acolhedor’ para sobreviverem e desempenharem a sua função terapêutica”, referiu.

De acordo com a investigadora, apesar de não ser mortal, a dor lombar é a principal causa de invalidez/incapacidade em Portugal e responsável número um pela perda de anos de vida útil, à frente de outras situações como HIV, acidentes rodoviários, tuberculose, cancro de pulmão ou mesmo complicações associadas à gravidez e pós-parto.

“Por todas estas razões, tem um impacto socioeconómico tremendo devido aos elevados custos associados ao tratamento e absentismo”, frisou.

A equipa de investigadores refere “o elevado valor terapêutico desta estratégia para a medicina” e aponta “o tremendo potencial de impacto no dia-a-dia de muitas pessoas, numa era em que o envelhecimento da população já foi identificado como o problema de maior relevo para a sociedade europeia”.

Ministro da Saúde
O ministro da Saúde considerou hoje ser impossível resolver em dois anos os problemas acumulados no setor e questionou como se...

Adalberto Campos Fernandes falava aos jornalistas no final da apresentação, em Lisboa, do relatório do Observatório Português dos Sistemas de Saúde, que indica que os hospitais públicos ainda não saíram da crise económica e estão “à beira de um ataque de nervos”.

“Os cidadãos sabem que não passámos de dificuldades para o país das maravilhas. Há ainda dificuldades. Mas imagine o que seria em 2012, com menos oito mil profissionais, menos 700 milhões de euros de transferências correntes, menos mil milhões de euros de capital estatutário [de reforço nos hospitais públicos]”, afirmou.

O ministro vincou que o Governo “sempre tem dito” que está a trabalhar “ao ritmo que o país permite”.

“Nós gostaríamos de resolver em dois anos os problemas acumulados há oito ou nove anos, mas não conseguimos, é impossível. Estamos a fazê-lo, com prudência”, declarou.

Campos Fernandes recordou, durante a apresentação do relatório, que Portugal viveu “quatro a cinco anos de privação extrema e humilhante para a soberania nacional” e considerou “insensato” julgar-se que em dois anos era possível “repor os défices de investimento que se acumularam” durante vários anos, estimando que sejam precisos entre seis ou sete anos de trabalho no setor da saúde.

Questionado pela Lusa, o ministro admitiu que as críticas feitas sobre o setor estejam relacionadas com a expectativa que se criou com o atual Governo, em funções há mais de dois anos.

“Quando se faz política pensando no curto prazo não se serve o país. É preferível que os governos tenham ciclos de menos popularidade e até de alguma incompreensão, mas que fixem o seu pensamento no médio e longo prazo”, disse.

O ministro aludiu ainda ao relatório sobre o acesso ao Serviço Nacional de Saúde em 2017 para sublinhar que “o SNS estava melhor em 2017 do que em 2016 e 2015”.

Mais profissionais, mais acesso ao medicamento, mais cirurgias e consultas ou “a maior vaga de investimento em curso” é o cenário traçado por Campos Ferreira em relação aos dois anos de governação.

Sobre o Relatório de Primavera de 2018 do Observatório dos Sistemas de Saúde, o ministro considerou-o “não uma fotografia, mas um filme”, entendendo que quando se analisa a fotografia do setor é preciso ver como estava há dois, três ou quatro anos.

Ainda assim, saudou o documento, sobretudo por “ter uma aproximação científica aos problemas” e considerou mesmo que é um relatório “que apetece ler”.

O Relatório de Primavera 2018, do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), hoje divulgado, diz que os hospitais públicos estão endividados e “à beira de um ataque de nervos” e continuam marcados pela intervenção da ‘troika’, apesar de o país já não se encontrar sob intervenção externa.

O Observatório Português dos Sistemas de Saúde é constituído por uma rede de investigadores e instituições académicas dedicadas ao estudo dos sistemas de saúde.

Campanha "Dê troco a quem precisa"
O Programa Abem, da Associação Dignitude, sediada em Coimbra, angariou 35.737 euros na campanha "Dê troco a quem precisa...

Em comunicado, a associação salienta que 60.023 pessoas participaram na campanha, que decorreu em 650 farmácias aderentes de todos os distritos e regiões autónomas do país, entre 14 e 25 de maio.

O programa Abem, lançado em maio de 2016, já assegurou a compra de 96.233 medicamentos, ajudando 2.552 famílias na aquisição dos fármacos de que necessitam, "o que se traduz em 5.031 beneficiários".

"De acordo com estudos recentes, uma em cada dez pessoas não adquire os medicamentos de que necessita por falta de dinheiro e, nas famílias de menores rendimentos, vivem-se muitas vezes situações limite, em que o cumprimento da terapêutica receitada perde prioridade para outros bens de primeira necessidade, como rendas, água e alimentos", refere o comunicado.

A Associação Dignitude, uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sem fins lucrativos, é responsável pelo desenvolvimento, operacionalização e gestão do programa "Abem" - Rede Solidária do Medicamento, que tem como objetivo permitir o acesso, de forma digna, aos medicamentos prescritos a quem não tem capacidade financeira para os adquirir, cobrindo, no receituário, o valor não comparticipado pelo Estado.

O programa assenta numa rede de parcerias que assegura o circuito solidário do medicamento, no qual qualquer pessoa em situação de carência pode ser referenciada pelas entidades locais, que vão desde juntas de freguesia e câmaras municipais, a IPSS e outras instituições da área social.

Segundo a Dignitude, existem atualmente, em todo o país, 440 farmácias aderentes e 77 entidades referenciadoras, que abrangem 80 concelhos do país.

A criação da associação, em novembro de 2015, foi promovida pela Associação Nacional de Farmácias, Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica, Cáritas e Plataforma Saúde em Diálogo e resulta de várias parcerias instituídas com entidades a nível local, autarquias, Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e outras instituições da área social.

Bastonária dos Enfermeiro
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros considerou hoje que o relatório do Observatório dos Sistemas de Saúde "põe a nu&quot...

Em declarações à agência Lusa, Ana Rita Cavaco referiu não ter ficado surpreendida com as conclusões do Relatório de Primavera 2018 do Observatório dos Sistemas de Saúde porque este diz precisamente aquilo que a Ordem dos Enfermeiros tem vindo a relatar sobre as condições de funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A bastonária dos enfermeiros aludiu ainda ao facto de o SNS estar hoje transformado numa "espécie de castelo onde os príncipes e as princesas com cartão partidário" arranjam o lugar que não lograram alcançar na Função Pública, naquilo que reconheceu ser um novo paradigma de "jobs for the boys".

Em sua opinião, esta utilização do SNS para tais propósitos alheios ao interesse público "tem criado muitos constrangimentos nos serviços de saúde".

Quanto aos enfermeiros, Ana Rita Cavaco notou que existem 4,5 enfermeiros por mil habitantes no SNS, uma proporção que classificou de "baixíssima", insistindo que o relatório evidencia esta e outras situações preocupantes do SNS.

Outro dado que considerou extremamente preocupante - disse - é o endividamento do SNS, matéria também contida no relatório, com Ana Rita Cavaco a observar que a dívida do SNS é hoje maior do que aquela que existia quando a ‘troika’ chegou a Portugal em plena crise financeira.

"Neste momento é um buraco negro e tem que ter um fim", advertiu a bastonária dos enfermeiros.

Segundo o relatório hoje divulgado, os cuidados de saúde primários revelam carências estruturais, os hospitais continuam em crise e estão à “beira de um ataque de nervos”.

O relatório procurou analisar o meio caminho percorrido pela atual equipa governativa da saúde e diz ter encontrado “muitas pedras” do setor.

A aposta na reforma do SNS “está longe de estar ganha”, com os cuidados de saúde primários a revelarem “carências estruturais”, o que deixa dúvidas ao Observatório quanto “ao grau de prioridade desta área para o Governo”.

Na área hospitalar, os resultados da reforma “são inexistentes” e “prevalece uma clara crise no setor”. Segundo o Observatório, os hospitais públicos estão endividados e ainda não saíram da crise económica. O documento diz mesmo que o setor hospitalar está endividado e "à beira de um ataque de nervos".

Também nos cuidados continuados integrados, apesar da abertura de camas nas áreas metal e pediátrica, o país está “longe de atingir a cobertura da população” e falta uma aposta nos cuidados domiciliários.

Sobre os recursos humanos na área da saúde, o relatório diz que é frágil a informação sobre os profissionais, o que pode explicar a dificuldade em definir as necessidades de médio e longo prazo.

Ainda assim, os números sugerem que a despesa com profissionais de saúde está abaixo da média dos países desenvolvidos e que existe falta de equidade ao longo do país.

Na área do medicamento, o Observatório concluiu que há assimetrias geográficas na despesa com fármacos. A despesa nacional ‘per capita’ foi de cerca de 200 euros, baseada em preços de venda ao público, e a despesa diretamente paga pelas famílias rondou uma média de 71 euros.

O Alentejo e o Centro surgem como as regiões que mais gastam em medicamentos, sendo que a diferença “não é inteiramente explicada pela composição demográfica das regiões”.

Ainda na política do medicamento, o relatório reconhece que no período pós-‘troika’ aumentou o acesso a fármacos, mas considera que faltam medidas de uso racional de medicamentos em Portugal.

O relatório conclui que o processo de seleção dos membros das administrações das unidades de saúde continua demasiado preso à confiança política e refere que devia avançar a avaliação de desempenho dos conselhos de administração.

Na gestão do acesso aos cuidados de saúde, o Observatório mostra que gerir as listas de espera “exige novas abordagens políticas”. O relatório indica que as últimas iniciativas governamentais para melhorar o acesso atempado aos cuidados ainda não tiveram impacto direto.

O Relatório de Primavera debruça-se ainda sobre a saúde materna e infantil, alertando que Portugal está entre os países da Europa com mais alta prevalência de cesarianas - 60% nos hospitais privados. No caso das episiotomias (incisão para ampliar o canal do parto), a frequência desta prática em Portugal é de 70%, quando comparada a países como a Dinamarca ronda os 4%.

O Observatório Português dos Sistemas de Saúde é constituído por uma rede de investigadores e instituições académicas dedicadas ao estudo dos sistemas de saúde.

"Diabetes no Centro"
No dia 22 de junho a Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) e o Programa Regional da Diabetes da ARS do Centro organizam,...

A Sociedade Portuguesa de Diabetologia e a UCFD do ACeS Pinhal Interior Norte convidam os médicos e enfermeiros da região a saber mais sobre a prevalência da diabetes em Portugal, bem como o estado dos planos nacionais para o diagnóstico, tratamento/acompanhamento e prevenção desta patologia que atinge já mais de um milhão de portugueses.

Neste ciclo de reuniões, os profissionais de saúde poderão aprofundar os seus conhecimentos sobre as complicações associadas à diabetes, os novos tratamentos para a diabetes e a temática “Diabetes em Portugal”. “O coração do diabético” será um dos temas centrais destas sessões uma vez que, segundo Hélder Ferreira, vice-presidente da SPD e coordenador do Programa da Diabetes da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro “os problemas cardiovasculares que surgem associados à diabetes representam 50% das causas de morte nos doentes com diabetes tipo 2 – e podem representar a perda de 12 anos de vida”.

Hélder Ferreira explica ainda que “as novas terapêuticas para tratar a diabetes atuam particularmente na redução do risco cardiovascular nas pessoas com diabetes e introduziram um novo paradigma de tratamento, sendo por isso necessário conhecer e debater o impacto positivo destas mudanças na prática clínica de médicos e na vida dos doentes e cuidadores”.

“A pessoa com diabetes é por norma um paciente com multimorbilidade, o que implica polimedicação, com todos os benefícios e eventuais interações e efeitos secundários dos fármacos”. Muitos medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada, levando à toma de forma incorreta e utilização de fármacos sem evidência científica. “O conhecimento das interações medicamentosas, a reconciliação terapêutica e a correção da inércia terapêutica são atividades que visam aumentar a segurança do doente”. 

 

 

Declaração conjunta
A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e a sua congénere espanhola, a Sociedade Espanhola de Medicina Interna (SEMI)...

A sociedade está a mudar, resultado do aumento da esperança de vida, que se traduz no aumento do número de idosos, com mais necessidades na área da saúde. Sucedem-se as ameaças à sustentabilidade dos sistemas de saúde, situação que Portugal partilha com os vizinhos espanhóis.

“Portugal e Espanha pretendem demonstrar como a medicina interna pode garantir um sistema de saúde mais equilibrado”, esclarece João Araújo Correia, presidente da SPMI. Das dez diretrizes apontadas na Declaração dos Açores, uma das de compreensão mais imediata é a importância de, nos internamentos hospitalares, haver sempre um médico com conhecimentos alargados (o Internista) que se responsabilize pela articulação dos cuidados médicos para cada doente. Seja nos serviços médicos ou nos cirúrgicos, onde tradicionalmente apenas se encontram os médicos que operam os pacientes, é fundamental garantir a segurança de todos os doentes até à alta hospitalar.

Sendo Espanha e Portugal dos países em que os cidadãos mais recorrem aos Serviços de Urgência, as Sociedades Ibéricas apontam soluções alternativas, em que a Medicina Interna poderá encaminhar os doentes para circuitos mais eficazes, mais baratos e menos desgastantes para as pessoas e para o Sistema Nacional de Saúde.

Também para os doentes crónicos, este documento defende mecanismos de articulação entre os cuidados hospitalares e os cuidados primários, com programas de gestão mais eficientes e com menos perdas de informação, além de uma otimização da integração com o Serviço Social, que tem um papel muito importante na resolução integral dos problemas das pessoas.

Algumas destas estratégias já estão a ser implementadas em Espanha, e outras em Portugal, com um impacto positivo no sistema. Com a Declaração dos Açores, a SPMI e a SEMI pretendem alertar para a importância do apoio das principais entidades da área da Saúde à participação crescente da Medicina Interna neste tipo de estratégias, visando em Portugal a construção de um SNS que dê a melhor resposta às necessidades da população.

 

 

Encontro
O dia 20 de maio marca a data em que James Lind, em 1747, terá começado o primeiro ensaio clínico. Para assinalar o Dia...

A sessão contou com a presença de diferentes intervenientes relacionados com a prática de ensaios clínicos em Portugal: doentes que já participaram em ensaios clínicos, médicos de vários Centros Hospitalares onde decorrem ensaios clínicos, representantes da Celgene e oito associações de doentes de diferentes patologias: a Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas (APLL), a Associação Todos com a Esclerose Múltipla (TEM), a Liga Portuguesa contra as Doenças Reumáticas (LPCDR), a Europacolon Portugal - Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo, a Associação Nacional de Esclerose Múltipla (ANEM), a Associação Portuguesa para as Doenças Congénitas da Glicosilação e outras Doenças Metabólicas Raras (APCDG), a Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) e a European Patients Academy on Therapeutic Innovation - EUPATI Portugal.

Decorrem, atualmente, 137 ensaios clínicos em Portugal, um número abaixo da média europeia, denotando-se um elevado desconhecimento dos doentes sobre o que é um ensaio clínico, onde é que estes que se realizam, bem como a forma de aceder à informação existente. Foi, por isso, iniciada a reunião com a  apresentação da EUPATI Portugal para divulgar as iniciativas desta associação no desenvolvimento de ferramentas destinadas a aumentar a literacia da sociedade em relação ao processo de investigação e desenvolvimemto de medicamentos e ensaios clínicos.

Foi consensual que o formato atual do formulário de consentimento informado do doente se apresenta com demasiadas páginas e numa linguagem científica, nem sempre compreensível para o doente. Foi também discutida a viabilidade e vantagem de desenvolver um modelo de consentimento informado complementado por ferramentas disponibilizadas por via eletrónica, em avaliação  em alguns países e que visa possibilitar uma transmissão de conhecimento mais eficaz ao doente, pela presença de vídeos, animações e várias secções de informação.

No final da sessão, foi identificado um conjunto de soluções possíveis para colmatar as várias dificuldades verificadas em Portugal em relação à literacia sobre ensaios clínicos, como a organização de workshops com equipas multidisciplinares para o esclarecimento de dúvidas; campanhas de sensibilização com cartazes descritivos dos estudos nos centros de investigação e formação dos representantes das associações sobre os ensaios clínicos usando as ferramentas disponibilizadas pela EUPATI para capacitar as associações a responder as questões colocadas pelos doentes e familiares.

 

Reação
O bastonário da Ordem dos Médicos considera que o Relatório de Primavera 2018, que aponta diversas lacunas ao nível da saúde,...

“O relatório vem apenas demonstrar o que tem sido referido por diversas vezes pelos parceiros sociais da saúde”, disse Miguel Guimarães, dando como exemplo os hospitais, que estão, segundo o documento, “à beira de um ataque de nervos” por causa das dificuldades de tesouraria.

“Os hospitais têm um problema muito grande ainda não resolvido. Diz o relatório que estão à beira de um ataque de nervos e é verdade, estão suborçamentados e é verdade”, afirmou o bastonário, exemplificando: “Hoje, uma direção num hospital sabe que vai ter dinheiro para pagar aos recursos humanos até ao fim do ano, mas sabe que, à partida, não vai ter dinheiro a partir de determinado mês (junho/julho) de pagar os medicamentos”.

“Isto fora todas as outras coisas (…) [os hospitais] não têm capacidade da renovar equipamento, não têm capacidade para fazer contratações nem para ter flexibilidade na gestão. Estão completamente aprisionados pelas ARS [administrações regionais de saúde], as ARS estão aprisionadas pelo Ministério da Saúde e o Ministério da Saúde está totalmente aprisionado pelo Ministério das Finanças”, afirmou.

O Relatório de Primavera 2018, do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), hoje divulgado, diz que os hospitais públicos estão endividados e “à beira de um ataque de nervos” e continuam marcados pela intervenção da ‘troika’, apesar de o país já não se encontrar sob intervenção externa.

“É uma situação grave e que não permite aos hospitais como um todo darem a resposta adequada às necessidades que os doentes têm e à variabilidade que pode acontecer na capacidade de resposta”, afirma Miguel Guimarães.

O bastonário diz ainda que “quanto mais longe do poder central mais este efeito se nota”.

“As direções dos hospitais mais centrais dialogam diretamente com o Ministério da Saúde, mas os que estão mais longe não”, afirmou, sublinhando: “Não se compreende que não haja mais investimento na saúde. O Serviço Nacional de Saúde está a afundar-se”.

Outras das questões apontadas no Relatório de Primavera têm que ver com o facto de as nomeações dos conselhos de administração dos hospitais continuarem a ser políticas e com a falta de uma reforma hospitalar efetiva.

A este respeito, Miguel Guimarães lembra que “a avaliação do desempenho do que é a atividade dos hospitais nunca chegou a avançar”, lembrando o grupo criado para o efeito, mas que nunca apresentou resultados.

“Se a reforma dos Cuidados de Saúde primários ficou congelada, a reforma hospitalar nunca chegou a avançar (…). Não há perspetivas, não há uma ideia nova, não há discussão e isto tem de mudar”, acrescentou.

Sobre o recurso às cesarianas, que o relatório do OPSS diz ter atingido “proporções epidémicas” nos últimos 20 anos em Portugal, o bastonário da Ordem dos Médicos defende que a questão está centrada na literacia em saúde.

“A educação para a saúde é fundamental”, alerta Miguel Guimarães, sublinhando que só com melhor informação e com medidas de saúde pública que façam chegar a informação às grávidas, dizendo que é muito melhor para a sua saúde ter um parto normal do que uma cesariana, é que a questão se pode minorar.

O bastonário recorda a taxa de cesariana no setor privado, que é o dobro da do público e ultrapassa já os 60%, e defende que, neste caso, “o Governo não tem feito nada para corrigir a situação”.

“O Ministério da Saúde tem de ter o ponto de situação dos profissionais que trabalham no setor privado e social, como estão distribuídos e o que fazem (…). O ministro não é ministro do Serviço Nacional de Saúde, mas sim ministro da Saúde. É responsável pela política do SNS, mas também tem responsabilidades de regulação do setor privado e social”, disse.

Para o bastonário, “a política de saúde está a ser desastrosa para o SNS e, se não acautelarmos a situação, valorizando a saúde dos portugueses e passando a ver a saúde como um investimento e não como uma despesa (…) o SNS fica descaracterizado”.

“Se isto não acontecer, o que tem sido caracterizado como uma as principais conquistas da democracia, a par da liberdade de expressão, fica seriamente afetada”, concluiu.

Universidade de Coimbra
Um projeto internacional para estudar doenças neuropsiquiátricas liderado pela Universidade de Coimbra (UC) recebeu um...

O Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da UC “recebeu 3.885.000 euros da Comissão Europeia para coordenar o projeto internacional ‘Syn2Psy’, uma rede europeia de formação avançada no estudo dos processos celulares e moleculares em doenças neuropsiquiátricas”, afirma a UC, numa nota enviada hoje à agência Lusa.

O ‘Syn2Psy’, aprovado no âmbito das Ações Marie Curie do programa comunitário de investigação e inovação Horizonte 2020, foi “o único projeto liderado por uma instituição portuguesa num concurso internacional com mais de 1.600 candidaturas” e no qual foi registada uma “taxa de sucesso de aprovação de apenas 7,4%”, salienta a UC.

Esta rede vai apostar, adianta a instituição, em “14 jovens cientistas para investigar as alterações no desenvolvimento cerebral, plasticidade sináptica e na conectividade dos circuitos neuronais em doenças como autismo e esquizofrenia”.

Ana Luísa Carvalho, coordenadora do projeto e docente no Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, sublinha, citada pela UC, que “este estudo internacional contribuirá para identificar e sinalizar mecanismos celulares e moleculares associados a doenças neuropsiquiátricas e, a partir daí, abrir a possibilidade para o desenvolvimento de novas terapias”.

A equipa portuguesa conta com a participação dos investigadores Carlos Duarte, João Peça, Luísa Cortes, Paulo Pinheiro e Ramiro Almeida, do CNC.

No consórcio participam também cientistas do Instituto do Cérebro e da Mente da École Polytechnique Fédérale de Lausanne (Suíça), do Instituto Interdisciplinar de Neurociências de Bordéus e do Instituto de Biologia Paris-Seine do Centre National de la Recherche Scientifique (França), do Centro de Fisiologia Integrativa da Universidade de Edimburgo e do Imperial College London (Reino Unido), refere a UC.

A rede inclui parcerias com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), a clínica PIN/Progresso Infantil e com as empresas Lundbeck, Eurotrials e Zeiss, acrescenta.

A companhia de teatro Marionet (criada em 2000, em Coimbra) também integra o projeto com a “proposta inovadora de promover o treino de jovens cientistas em comunicação ao público”.

As redes europeias de formação avançada apoiam programas de formação e investigação com uma "abordagem inovadora, internacional e intersetorial, com a perspetiva de melhorar a empregabilidade de cientistas no espaço europeu e no mundo".

Reportagem
O Hospital Pediátrico Dona Estefânia, em Lisboa, tem uma escola primária oficial com duas professoras que diariamente ensinam...

Num dos corredores labirínticos do 2.º andar do hospital pediátrico deixam de se ouvir os sons dos equipamentos médicos e das conversas sussurradas entre enfermeiras e médicos. As enfermarias dão vez a uma escola quase centenária onde só vai às aulas quem quer.

A funcionar desde 1926, muitas crianças aprenderam ali a ler e a escrever. Isabel Almeida, uma das professoras, vivenciou essa experiência.

“Houve uma criança que esteve aqui três ou quatro meses e chegou sem saber ler e, no final, a mãe dizia-me ´Oh professora, valeu a pena. Esteve doente mas saiu daqui a saber ler e a escrever”, recorda.

Contudo, nem todos os dias são fáceis. Trabalhar numa escola onde os alunos estão doentes é um desafio profissional e psicológico.

“A experiência foi chocante. Nos primeiros 15 dias, fui todos os dias para casa a chorar”, diz Isabel Almeida ao lembrar os primeiros tempos na Escola Dona Estefânia, há onze anos.

O dia das professoras começa na sala onde está o placard com todos os nomes das crianças internadas. Só depois da reunião com as enfermeiras é que sabem quem serão os seus alunos: Da interminável lista, há quem tenha tratamentos programados e quem, simplesmente, não queira ter aulas.

Os alunos que não se podem deslocar à escola por questões de saúde, têm aulas no quarto ou numa das salas da enfermaria.

Ema é um desses casos. Uma queimadura na mão obrigou-a a trocar a sua casa em Olhão pelo hospital em Lisboa, onde está há quatro semanas. Desde então passou a ser uma das alunas da professora Armanda Nunes.

A menina de nove anos, cabelos longos e encaracolados com uma coroa de flores na cabeça, sabe que não pode sair da enfermaria por risco de infeção, mas admite que gostava de estar integrada numa turma.

“Aqui sou só eu, por um lado é mais sossegado, mas por outro eu gosto de estar com colegas”, diz, sentada ao lado da professora, na única secretária que há na sala.

Para saberem que matérias devem ensinar às crianças, as professoras do Dona Estefânia contactam as docentes da escola de origem destes miúdos.

Alguns professores disponibilizam-se mesmo para fazer uma ligação por ‘skype’ para que as crianças do hospital pediátrico possam conversar com os colegas e assistir às aulas. Nesses momentos, as professoras acreditam que os meninos conseguem “sair do hospital” e viver uma vida normal.

Uma ideia que é confirmada pela administradora hospitalar, Helena Gonçalves, que realça a importância de “esquecerem um bocadinho aquela rotina hospitalar”.

Além disso, a direção do hospital garante que também os adolescentes podem continuar a ter aulas enquanto estão internados e a manter viva “a fantasia que é a escola e os colegas”.

A mãe de Ema, Alda Grilo, é da mesma opinião: “É importante para não perderem a matéria que aprenderam ao longo do ano e acaba por ser um meio de se distraírem e esquecerem um bocadinho que estão aqui no hospital”.

Nesta escola, conta Armanda Nunes, “nunca há um dia igual”, tanto podem ser apenas um como dez alunos na sala. E todos os dias as professoras percorrem os corredores das enfermarias para os ir buscar, um a um.

Muitos ficam espantados quando descobrem que vão para a escola de pijama. Outros admiram-se com o tamanho da escola: É apenas uma sala com estantes carregadas de livros de todas as cores e feitios, com vários copos com lápis de colorir, com computadores e até um quadro com projetor.

Bruna já está habituada à sala de aula. A menina de nove anos, que fez um transplante de medula óssea no ano passado, está há quatro meses no Dona Estefânia.

No início, tinha aulas no quarto. Agora, já aprende na sala de aula: “Gosto mais daqui, porque é mais giro. Tenho mais companhia”, resume a menina de Portimão de nove anos, acabando por admitir que o que gosta mais na escola “é das professoras”.

Às vezes as aulas são interrompidas para irem fazer exames outras vezes o telefone toca para avisar que está na hora de alguém tomar um medicamento, conta Armanda Nunes.

Ser professora numa pediatria é um desafio, porque as crianças estão doentes e muitas vezes sem capacidade para trabalhar, mas as professoras garantem que é um trabalho gratificante, sublinhando que a relação que criam com os alunos e pais "é para sempre".

Análise ao setor
Os cuidados de saúde primários revelam carências estruturais, os hospitais continuam em crise e estão à “beira de um ataque de...

O Relatório de Primavera 2018 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde procura analisar o meio caminho percorrido pela atual equipa governativa da saúde e encontra “muitas pedras no caminho”, como vai sendo referido ao longo do documento, que é hoje apresentado em Lisboa.

A aposta na reforma do Serviço Nacional de Saúde (SNS) “está longe de estar ganha”, com os cuidados de saúde primários a revelarem “carências estruturais”, o que deixa dúvidas ao Observatório quanto “ao grau de prioridade desta área para o Governo”.

Na área hospitalar, os resultados da reforma “são inexistentes” e “prevalece uma clara crise no setor”. Segundo o Observatório, os hospitais públicos estão endividados e ainda não saíram da crise económica. O documento diz mesmo que o setor hospitalar está endividado e "à beira de um ataque de nervos".

Também nos cuidados continuados integrados, apesar da abertura de camas nas áreas metal e pediátrica, o país está “longe de atingir a cobertura da população” e falta uma aposta nos cuidados domiciliários.

Sobre os recursos humanos na área da saúde, o relatório diz que é frágil a informação sobre os profissionais, o que pode explicar a dificuldade em definir as necessidades de médio e longo prazo.

Ainda assim, os números sugerem que a despesa com profissionais de saúde está abaixo da média dos países desenvolvidos e que existe falta de equidade ao longo do país.

Na área do medicamento, o Observatório concluiu que há assimetrias geográficas na despesa com fármacos. A despesa nacional ‘per capita’ foi de cerca de 200 euros, baseada em preços de venda ao público, e a despesa diretamente paga pelas famílias rondou uma média de 71 euros.

O Alentejo e o Centro surgem como as regiões que mais gastam em medicamentos, sendo que a diferença “não é inteiramente explicada pela composição demográfica das regiões”.

É analisado o caso específico da diabetes, sendo apontada a necessidade de “monitorizar e compreender a utilização, muito superior à média de diversos países europeus, de medicamentos mais onerosos”.

Ainda na política do medicamento, o relatório reconhece que no período pós-‘troika’ aumentou o acesso a fármacos, mas considera que faltam medidas de uso racional de medicamentos em Portugal.

O Observatório dedica um capítulo do Relatório de Primavera 2018 a analisar as infeções associadas à resistência a antimicrobianos (como antibióticos), sublinhando a necessidade de definir uma estratégia a curto, médio e longo prazo, que contraste com “as medidas avulsas” e os discursos pontuais e mediáticos.

Dados de 2011 indicam que Portugal apresentava quase o dobro (10,6%) da taxa de prevalência de infeções associadas aos cuidados de saúde do que média europeia.

De volta à área hospitalar, incidindo na governação da saúde no SNS, o relatório conclui que o processo de seleção dos membros das administrações das unidades de saúde continua demasiado preso à confiança política e refere que devia avançar a avaliação de desempenho dos conselhos de administração.

Na gestão do acesso aos cuidados de saúde, o Observatório mostra que gerir as listas de espera “exige novas abordagens políticas”. O relatório indica que as últimas iniciativas governamentais para melhorar o acesso atempado aos cuidados ainda não tiveram impacto direto.

O Relatório de Primavera debruça-se ainda sobre a saúde materna e infantil, alertando que Portugal está entre os países da Europa com mais alta prevalência de cesarianas - 60% nos hospitais privados. No caso das episiotomias (incisão para ampliar o canal do parto), a frequência desta prática em Portugal é de 70%, quando comparada a países como a Dinamarca ronda os 4%.

O Observatório Português dos Sistemas de Saúde é constituído por uma rede de investigadores e instituições académicas dedicadas ao estudo dos sistemas de saúde.

Relatório
Os lugares nos cuidados continuados integrados aumentaram 1.048 nos últimos três anos, mas perderam-se mais de 650 camas nos...

Os dados constam do Relatório de Primavera 2018, do Observatório Português dos Sistemas de Saúde, que analisou a evolução das camas/lugares da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) entre 2015 e 23 de março de 2018, a partir dos dados publicados pelo Governo no Retrato da Saúde 2018.

O relatório, que é apresentado hoje, constata que houve um aumento de camas de internamento em 2016 e uma descida no ano seguinte. Até março de 2018 voltou-se a verificar um aumento, traduzindo-se o balanço num saldo positivo de 1.048 lugares.

Nos cuidados domiciliários verificou-se o inverso, com “uma perda de lugares mais ou menos acentuada”, menos 655 camas entre 2015 e março de 2018, uma diminuição de cerca de 10%, demonstrando que um dos objetivos centrais da reforma da RNCCI, que era “privilegiar a domiciliação e as respostas comunitárias, não foi ainda alcançado”.

As metas estabelecidas apontavam para um acréscimo de 9% dos lugares de internamento e de cuidados domiciliários em 2017, que resultaria em 8.843 camas, no final do ano. Contudo, os números revelam que “se ficou aquém, em mais de 500 camas”, refere o documento, que aponta como justificações possíveis as restrições financeiras na saúde nesse ano.

A região de Lisboa e Vale do Tejo é a que apresenta o maior tempo de espera entre a referenciação e a identificação de vaga para as Unidade de Média Duração e Reabilitação e Unidade de Longa Duração e Manutenção, com 66,2 e 37,2 dias, respetivamente.

Os cuidados pediátricos em ambulatório na região norte (67,9 dias) são os que apresentam o mais elevado tempo de espera de todas as tipologias, observa o documento.

Os hospitais foram os que referenciaram mais utentes para a rede (65,5%), a maioria (81%) para unidades de internamento, e os Cuidados de Saúde Primários 34,5%.

Sobre as taxas de ocupação, o relatório indica que são maioritariamente superiores a 90% nas unidades de internamento, enquanto nos cuidados domiciliários nunca atingem os 75% da capacidade oferecida em cada região.

Os autores do relatório concluem que “se está perante uma rede ‘internamentocêntrica’” e questionam os objetivos da reforma dos cuidados continuados integrados ao pretender “privilegiar a domiciliação e as respostas comunitárias da rede, quando esta tipologia de resposta nunca atingiu os 75% de ocupação”.

“Se é certo que a mudança de paradigma nunca ocorre num tempo curto (internamento versus domiciliação), também é certo que a ação governativa parece sustentar este ‘internamentocentrismo’ da rede, já que ao longo do período analisado os lugares/camas de cuidados domiciliários têm vindo a descer ao contrário dos de internamento, que têm continuado a aumentar”, sustentam.

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