Do pré-escolar ao ensino básico
O Governo da Madeira vai generalizar e sistematizar as ações de vigilância e promoção da saúde nas escolas da região autónoma,...

"Educar para a saúde e pela saúde parece-nos ser um aspeto fundamental, por forma a contribuir para que a nossa população, neste caso os nossos alunos, possam crescer com práticas saudáveis e com acesso aos diferentes mecanismos e soluções que o sistema apresenta", disse o secretário Regional da Educação, Jorge Carvalho, após a assinatura de um protocolo com a Secretaria Regional da Saúde.

As duas entidades pretendem sistematizar práticas ao nível da sensibilização dos encarregados de educação e dos órgãos de gestão das escolas, bem como garantir a vigilância da saúde e a intervenção médica no meio estudantil.

As ações destinam-se a todo o sistema educativo, do pré-escolar ao ensino secundário, abrangendo um total de 35 mil alunos, e vão complementar os programas específicos já em vigor, como o da Saúde Oral, que está vocacionado para os 9 mil alunos do 1.º ciclo do Ensino Básico.

"Este protocolo permite que duas áreas que consideramos fundamentais - a educação e a saúde - possam estar mais próximas", disse Jorge Carvalho, vincando a importância das ações de sensibilização, sobretudo tendo em conta a má formação que afeta ainda um "número significativo" de encarregados de educação.

 

 

SNS
O Governo publicou ontem um despacho que prevê reforçar a assistência médica no Algarve até 30 de setembro, com base em...

O despacho, publicado em Diário da República, é justificado pela tutela com a necessidade de “reforçar, durante o período estival de 2018, a assistência médica no Algarve”, por se manterem os “motivos determinantes” que já tinham levado o Governo a publicar outro despacho, em 07 de junho, que previa um “modelo excecional de mobilidade do pessoal médico visando reforçar os cuidados de saúde no Algarve”.

A tutela pede à Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve para que “sinalize as necessidades prioritárias” e as publique, “assegurando a respetiva atualização, por forma a permitir, por um lado, que as necessidades sejam supridas em tempo útil e, por outro, avaliar o impacto das decisões que, neste âmbito, venham a ter de se tomar”.

Este procedimento, acrescenta, vai “agilizar a colocação dos trabalhadores médicos” que sejam “indispensáveis para a adequada cobertura de cuidados, bem como para assegurar a constituição de escalas de urgência”.

“Como aspetos principais, compete assinalar que a adesão ao regime que aqui designamos de reforço à assistência médica no Algarve durante o período de verão será também voluntária, dependendo sempre da apresentação de candidatura por parte do trabalhador médico interessado, e dispensa o acordo do órgão ou serviço de origem, conferindo ainda o direito ao pagamento das ajudas de custo e, no caso da mobilidade a tempo parcial, despesas de transporte”, determina o Governo no despacho.

Os médicos interessados em prestar serviço ao abrigo do presente despacho devem apresentar a sua candidatura” à ARS, que tem três dias úteis para decidir se há interesse na mobilidade do trabalhador.

A ARS tem depois de propor o pedido de deferimento à Administração Central do Sistema de Saúde, que deve, no prazo máximo de dois úteis, verificar os requisitos.

“O pagamento do trabalho prestado nos termos do presente despacho, incluindo, nos termos da lei, ajudas de custo e eventuais despesas de transporte, constitui encargo do serviço ou estabelecimento de saúde que beneficie da mobilidade”, precisa ainda o despacho, assinado pela secretária de Estado da Saúde, Rosa Zorrinho.

 

Relatório anual sobre drogas
Os medicamentos opioides, que matam mais do que qualquer outra droga, e a cocaína, cuja produção atinge recordes, são as...

No relatório anual sobre drogas da agência para as drogas e criminalidade, aponta-se que os opioides são responsáveis por 76% das mortes em que estiveram ligadas a drogas, com medicamentos como o Fentanyl e Tramadol, "vitais no tratamento da dor" a serem fabricados e usados ilegalmente.

Em 2016, foram apreendidas 87 toneladas de opioides em todo o mundo e praticamente a mesma quantidade de heroína. A produção de ópio aumentou 65% de 2016 para 2017, atingindo-se uma estimativa de 10.500 toneladas, a mais alta de sempre desde que começou a ser medida, no início do século XXI.

Só no Afeganistão, a produção de papoila de ópio cresceu para 9.000 toneladas em 2017, um aumento de 87% em relação ao ano anterior.

Na América do Norte, o Fentanyl é usado como base para misturar com heroína ou outras drogas.

Em África, o medicamento Tramadol é contrabandeado para vários países e daí chega ao Médio Oriente e ao norte do continente. Como não se trata de uma substância controlada internacionalmente, os consumidores encaram-na como uma espécie de impulso de energia, apesar de a droga levar a uma dependência física.

"Os mercados da droga estão em expansão, com a produção de cocaína e heroína a atingirem recordes e apresentando múltiplos desafios", afirmou o diretor executivo da agência, Yury Fedotov.

No que toca a cocaína, a produção em 2016 estimou-se em 1.410 toneladas, um aumento de 25% em relação a 2015 e uma inversão da tendência de queda registada entre 2005 e 2013.

No relatório aponta-se a canábis como a droga mais consumida em 2016, contando-se 192 milhões de pessoas que a consumiram pelo menos uma vez, um aumento de 16% em relação ao que se passava nos dez anos anteriores.

Destes consumidores, 13,8 milhões tinham entre 15 e 16 anos, indica a ONU, que salienta a vulnerabilidade desta faixa etária aos efeitos das drogas e à escalada de consumo.

Em todo o mundo, 275 milhões de pessoas consumiram drogas em 2016, um número que se mantém estável através dos anos e que abrange cerca de 5,6% da população global com idades entre os 15 e os 64 anos.

Entre estes utilizadores, há 35 milhões de pessoas com problemas de abuso de droga que precisam de tratamento.

O uso de drogas resultou em 450.000 mortes em 2015, mais de 167 mil por ‘overdose’ e o restante com doenças associadas ao consumo de drogas, incluindo hepatite e HIV pelo uso de seringas contaminadas.

De 2000 a 2015, as mortes por consumo de droga aumentaram 60%, registou a ONU.

A ONU salienta ainda que apesar de serem menos do que os homens, as mulheres a consumir droga enfrentam riscos especiais, notando-se padrões em que o consumo começa numa idade mais tardia mas a escalada para a dependência total é mais rápida.

O número de mulheres em tratamento por consumo de droga é apenas um quinto do total e os problemas com drogas costumam estar associados a outras perturbações, como o stress pós-traumático ou experiências de abuso sexual infantil, negligência ou outras adversidades.

 

Especialista
As infeções hospitalares por bactérias multirresistentes causam três mortes por dia em Portugal, ou mais de 1.100 por ano,...

"Números que já temos de estudos europeus e números que estão para sair nos próximos meses apontam para que, provavelmente, em Portugal, mais ou menos três pessoas por dia possam falecer por infeções por micro-organismos por bactérias multirresistentes, a nível hospitalar", afirmou o coordenador do grupo local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA) do centro hospitalar Barreiro-Montijo.

Paulo André Fernandes, que falava à agência Lusa à margem de um encontro com jornalistas sobre este tema, transmitiu preocupação já que o problema das bactérias resistentes aos antibióticos, nas suas principais facetas, "continua a agravar-se".

"Embora haja aspetos pontuais onde tenha havido evoluções positivas, há uma série de aspetos, nomeadamente os que têm a ver com as bactérias com resistências mais perigosas e resistentes a antibióticos de mais largo espetro, que continua a agravar-se", apontou o antigo diretor do PPCIRA.

A má utilização dos antibióticos, nomeadamente para situações em que não são necessários ou não são os mais indicados para a doença em causa, levou a que as bactérias fiquem mais resistentes, mais fortes, reduzindo as soluções eficazes para resolver estas infeções.

"Estamos a tratar muitas situações de infeção com antibióticos antigos que tínhamos deixado de usar porque são tóxicos, imprevisíveis no seu efeito e na sua ação", referiu Paulo André Fernandes.

No entanto, já existem "novos antibióticos menos tóxicos, mais previsíveis e mais eficazes e precisamos que sejam libertados [em Portugal], como já aconteceu em toda a Europa e em grande parte do mundo civilizado", acrescentou.

Para o especialista, justifica-se a preocupação por parte de todos os agentes da saúde e da sociedade em geral, ou seja, da tutela ao utente, passando pelos médicos e farmacêuticos.

Embora também afete os pacientes que estão em casa, este problema incide no ambiente hospitalar com "particular gravidade", descreveu.

É nos hospitais que "estão os agentes mais resistentes e que provocam infeções mais graves, mas é um problema transversal, incide sobre o hospital como incide na comunidade, incide sobre os mais velhos como sobre as crianças, portanto é um problema que diz respeito à comunidade em geral", realçou o médico.

Grande parte das pessoas internadas nos hospitais têm doenças que diminuem a sua imunidade como é o caso dos doentes submetidos a quimioterapia ou a cirurgias muito agressivas, os internados em medicina intensiva ou os bebés 'grandes prematuros'.

Estas situações colocam os doentes internados no hospital "em situação de particular risco para estas infeções mais graves, [mas] não quer dizer que todos as contraiam", disse ainda Paulo André Fernandes.

O coordenador no PPCIRA do centro hospitalar Barreiro-Montijo referiu que os hospitais "têm alguns meios e o 'know-how', os conhecimentos, para controlar este tipo de problema, o que acontece é que esses meios em grande dos casos são insuficientes".

Recordou que a resistência aos antibióticos já é discutida a nível internacional pelos altos responsáveis políticos, encarado como um problema de saúde pública e económico.

INE
A despesa das famílias com saúde desacelerou em 2017, depois de ter aumentado nos últimos três anos, segundo a Conta Satélite...

A despesa corrente das famílias aumentou 4,5% em 2016, reforçando o crescimento observado nos dois anos anteriores (3,6% em 2014 e 3,4% em 2015), refere o INE, adiantando que, para 2017, as estimativas preliminares apontam para uma desaceleração da despesa corrente das famílias em saúde (+1,1%).

“Os aumentos da despesa em prestadores privados de cuidados de saúde em ambulatório (+6,5%), em todas as outras vendas de bens médicos (+4,2%) e em farmácias (+3,0%) foram determinantes nesta evolução”, sublinha o documento.

Em 2016, as famílias concentraram a sua despesa nos prestadores privados (40,8% em prestadores de cuidados de saúde em ambulatório e 14,3% em hospitais), em farmácias (24,0%) e em todas as outras vendas de bens médicos (10,3%).

Segundo a Conta Satélite, a despesa com Saúde aumentou 3% em 2017, o que significa uma redução em relação aos dois anos anteriores, tendo atingido os 17,3 milhões de euros, que representam 9% do PIB e 1.683,9 euros per capita.

No ano passado a despesa corrente da Saúde teve um crescimento estimado de 3%, sendo inferior ao ritmo do aumento do Produto Interno Bruto (PIB), situado nos 4,1%.

Os dados adiantam que a estrutura da despesa corrente por prestador “não registou alterações significativas em 2016”, continuando a concentrar-se nos hospitais públicos e privados, nos prestadores de cuidados de saúde em ambulatório (públicos e privados) e em farmácias.

Nesse ano, o conjunto dos prestadores públicos representou 39,3% da despesa, referem os dados, adiantando que os hospitais com contrato de Parceria Público-Privada (PPP) representaram 20,3% da despesa dos hospitais privados

“Em 2016, a despesa dos hospitais públicos e dos prestadores públicos de cuidados em saúde em ambulatório cresceu mais do que nos prestadores privados. A conjugação do aumento do consumo intermédio (em produtos farmacêuticos e em material de consumo clínico) e dos custos com o pessoal (determinados, entre outros motivos, pela extinção da redução remuneratória, contratações excecionais e urgentes, alteração do regime contratual dos médicos) determinaram esta evolução”, refere o INE.

Nos prestadores privados, o documento destaca o aumento da despesa dos hospitais (4,6%) devido à abertura de novas unidades hospitalares e ao incremento da atividade.

Em 2016, a despesa corrente em saúde foi financiada, fundamentalmente, pelo Serviço Nacional de Saúde e Serviços Regionais de Saúde das Regiões Autónomas (57%) e pelas famílias (27,8%).

Os subsistemas de saúde públicos representaram 4,2%, as outras unidades da administração pública 3,9% e as sociedades de seguros 3,7%.

Tumores
Uma equipa do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) recebeu uma bolsa de 15 mil euros...

"O mieloma múltiplo é um tipo de tumor maligno, que origina lesões ou perda óssea. Essa perda óssea leva a um aumento do nível de fraturas e à uma diminuição da qualidade de vida dos doentes", disse à agência Lusa Maria Inês Almeida, investigadora do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S).

Com o financiamento proveniente da 2.ª edição da Bolsa de Investigação em Mieloma Múltiplo, promovida pela Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL), pela Sociedade Portuguesa de Hematologia (SPH) e pela Amgen Biofarmacêutica, a equipa pretende desenvolver uma nova linha de investigação, de forma a "desvendar os mecanismos subjacentes à doença óssea no mieloma múltiplo".

"O nosso objetivo é, por um lado, travar o processo de proliferação das células do mieloma, que são malignas, ao mesmo tempo que iremos procurar encontrar terapias para essas lesões ósseas, de forma a aumentar a sobrevida dos doentes e a sua qualidade de vida", contou a investigadora.

Para tal, a equipa vai explorar o envolvimento dos microRNA's - pequenas moléculas que regulam os genes e que estão envolvidas no início e na progressão do mieloma múltiplo - na comunicação entre os diferentes tipos de células existentes no osso, em caso da doença.

As células do mieloma múltiplo, explicou, proliferam sem controlo e têm origem na medula óssea, sendo capazes de alterar o microambiente ósseo, causando um aumento da atividade das células responsáveis pela reabsorção do tecido ósseo.

Essa reabsorção do tecido ósseo, continuou, "não é acompanhada pela formação de novo osso, levando, assim, a um desequilíbrio do microambiente ósseo".

Segundo a investigadora, outro dos objetivos do projeto, que está na fase inicial, é utilizar os mircroRNAs como ferramentas de diagnóstico, recorrendo a amostras de doentes, nas das quais serão analisados os níveis dos microRNA's no sangue e na medula óssea.

Este segundo trabalho será realizado em colaboração com Herlander Marques, médico oncologista do Hospital de Braga e investigador do Cintesis - Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, e de Susana Santos e Mário Barbosa, ambos do i3S.

De acordo com Maria Inês Almeida, a bolsa atribuída vai permitir desenvolver uma nova linha de investigação, aliando o estudo da biologia e do microambiente ósseo à oncologia, numa lógica conjunta de terapia e de diagnóstico.

Ministro
O ministro da Saúde afirmou hoje que o número de consultas de oftalmologia aumentou nos últimos anos, mas reconheceu que o...

“Temos uma população muito envelhecida, temos uma população que carece muito do acesso nomeadamente a consultas de oftalmologia, temos de ter mais capacidade resolutiva dentro do próprio sistema e temos que encontrar, quando não a temos, respostas para esses cidadãos”, disse Adalberto Campos Fernandes aos jornalistas, a propósito da Estratégia Nacional para a Saúde da Visão, que hoje entra em discussão pública.

Os especialistas defendem na estratégia que, apesar do crescimento do número de consultas, a rede nacional de cuidados de saúde da visão, assente nos serviços de oftalmologia da estrutura hospitalar do Serviço Nacional de Saúde, tem “importantes insuficiências e constrangimentos”.

A Comissão responsável pela Estratégia Nacional para a Saúde da Visão sugere a criação de uma plataforma de cuidados primários para a saúde visual e defende um forte investimento e um alargamento estruturado da oferta a este nível.

“O alargamento e a estruturação da base de oferta de cuidados de saúde visual ao nível dos cuidados de saúde primários terão de ser um alicerce de toda a rede oftalmológica nacional”, refere.

Adalberto Campos Fernandes disse que acompanha as recomendações da estratégia e que já estão a ser desenvolvidas medidas.

“Identificamo-nos com as recomendações que são feitas na estratégia, estamos a fazê-las, aumentámos significativamente ao nível da criança os rastreios de saúde visual nos centros de saúde, introduzimos em todos os ACES a função de saúde visual, mas a população envelhecida é a que carece mais”, disse o ministro à margem do III congresso do SICAD - Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, que decorre até quarta-feira em Lisboa.

O ministro da Saúde disse ainda que o relatório de 2017 sobre o acesso às consultas de oftalmologia veio provar que o Serviço Nacional de Saúde “está a responder muito bem, melhor do que estava em 2016 e em 2015”.

“Falamos de 1,7%” do total dos cerca de 12.175.000 consultas hospitalares que são realizadas “e o ano passado foi o recorde absoluto de acesso”, disse Adalberto Campos Fernandes, esperando que em 2019, “não tendo os problemas todos resolvidos, possam haver “melhores resultados e melhores respostas”.

Em 2015 foram realizadas, no âmbito do SNS, 1.026.618 consultas de Oftalmologia, e, em 2017, 1.032.686 consultas, mais 0,6%. "Esta variação positiva, verificada nos últimos dois anos, a manterem-se a atual estrutura e os atuais recursos, terá uma margem de crescimento a tender para zero", lê-se no documento.

Refere ainda que "o desempenho cirúrgico dos serviços de Oftalmologia, revela um esforço ainda mais notório da parte dos serviços, como fica demonstrado pela variação muito positiva nos últimos anos", tendo aumentado de 152.617 cirurgias em 2015, para 181.464 em 2017 (18,9%), um aumento que, contudo, "parece difícil de manter sem prejuízo das outras atividades hospitalares".

"Apesar do excelente desempenho dos serviços de Oftalmologia do SNS, sustentado pelos números apresentados, a rede revela insuficiências crónicas materializadas no elevado número de pedidos de consultas pendentes e nos tempos de espera para essas consultas", sublinha o documento.

Posição
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, defendeu hoje que a utilização da canábis para outros fins sem ser...

Adalberto Campos lembrou o passo que foi dado pela Assembleia da República com a aprovação da regulação da canábis para fins terapêuticos, num “quadro de forte regulação e de supervisão pelas autoridades de saúde pública e pela autoridade nacional de medicamento”.

“Esse passo foi dado, agora há muito trabalho para fazer no plano da regulamentação, no plano legal”, disse o ministro da Saúde aos jornalistas, à margem do III congresso do SICAD - Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, que decorre até quarta-feira em Lisboa.

Mas outro tipo de abordagem, nomeadamente a futura utilização ou a abertura à utilização da canábis para outros fins que não os terapêuticos, “é uma matéria que carece de ponderação e de avaliação de experiências em curso”, disse, considerando que “a pior coisa que pode haver é voluntarismo, é precipitação”.

“Uma coisa é sermos ousados quando temos por detrás de nós a evidência e o conhecimento científico a apoiar-nos, outra coisa é darmos passos relativamente aos quais as consequências não conhecemos”, sublinhou o ministro.

Mas “felizmente neste domínio”, Portugal um papel de ‘pole position’ em termos mundiais. “Os nossos técnicos são reconhecidos, a nossa experiência é reconhecida e, portanto, seguramente Portugal vai estar, como tem estado até aqui, também num processo de liderança em relação a essas situações novas com as quais nos estamos a confrontar, rematou.

No dia em que se assinala o Dia Internacional contra o Abuso de Drogas e Tráfico Ilícito, Adalberto Campos Fernandes destacou o trabalho realizado nos últimos anos na área da toxicodependência, “uma das áreas que mais orgulha o país, de maior sucesso”, e que “fez de Portugal uma referência no mundo”.

“É preciso haver pioneirismo, é preciso haver coragem”, para avançar mesmo quando as soluções encontradas são criticadas e consideradas perigosas.

Sobre a criação de um novo modelo organizacional para a intervenção nesta área, o ministro disse que “os trabalhos de análise e ponderação estão concluídos” e que “dentro de breves dias” haverá trabalho específico com a equipa do SICAD.

“Temos de conjugar duas coisas: fazer com que o SICAD e o seu trabalho prossigam de uma forma ainda mais positiva, mais eficaz, mais competente, que o interesse público seja prosseguido e a capacidade que o país tem de regular esse mesmo interesse público, e que os profissionais ganhem um novo impulso, um novo ciclo de motivação”, adiantou.

Adalberto Campos Fernandes salientou o papel dos profissionais que “nunca deixaram de estar motivados, mesmo em condições difíceis”.

“Mesmo aquando das alterações estruturais por altura do programa de assistência externa financeira, fizeram, como diz o povo, das ‘tripas coração, e agarraram-se ao trabalho”, disse, acrescentando que “está na altura” de olhar para “esse esforço e reconstruir um caminho sobretudo de motivação e de ânimos para os desafios novos que há pela frente”.

INE
A despesa com Saúde aumentou 3% em 2017, o que significa uma redução em relação aos dois anos anteriores, tendo atingido os 17...

De acordo com o INE, no ano passado a despesa corrente da Saúde teve um crescimento estimado de 3%, sendo inferior ao ritmo do aumento do Produto Interno Bruto (PIB), situado nos 4,1%.

Os 17,3 milhões de euros estimados representam 9% do PIB e 1.683,9 euros per capita.

Em 2016, a despesa corrente em Saúde tinha crescido mais 1,2 pontos percentuais do que o PIB.

Os dados hoje divulgados avançam que a despesa corrente pública em Saúde cresceu, no triénio 2015-2017, mais do que a despesa corrente privada, “reforçando a sua importância relativa no financiamento do sistema de saúde português”.

 

Investigadores do Porto
O projeto científico “ProREGEN”, desenvolvido por Mónica Sousa, Sara Sousa e Ana Rita Pinto Costa, do Instituto de Investigação...

O “ProREGEN” apresenta-se como uma terapia para potenciar a regeneração do sistema nervoso, onde é necessária a reparação da medula, atuando em lesões do sistema nervoso e em doenças neurodegenerativas, através da proteína Profilin-1 (Pfn1) que regula o esqueleto celular. O júri destacou a sua originalidade, inovação, viabilidade de mercado e potencial criação de valor para a sociedade, razão pela qual lhe atribuiu o primeiro lugar entre os 23 projetos concorrentes.

A cerimónia de entrega do Prémio Inovação Bluepharma | Universidade de Coimbra 2017 realiza-se esta quinta-feira, dia 28 de junho, pelas 12 horas, na Sala do Senado da Reitoria da Universidade de Coimbra (UC).

Presidida pelo Reitor da UC, João Gabriel Silva, a cerimónia conta com a presença de Paulo Barradas, Presidente do Conselho de Administração da Bluepharma, empresa promotora do Prémio, e de Seabra Santos, Presidente do Júri, entre outras individualidades.

O projeto vencedor vai receber um prémio monetário de 20 mil euros para avaliar ‘in vivo’ (em ratos com lesão do nervo ciático ou com lesão medular) o potencial regenerativo da Profilin-1 (Pfn1), uma proteína que regula a dinâmica do esqueleto celular, ativa após lesão.

De acordo com os investigadores, resultados ‘in vitro’ demonstram já que a Pfn1 é promotora do crescimento do axónio, com efeitos «robustos e surpreendentes». Caso seja bem-sucedida ‘in vivo’, esta terapia poderá ainda ter aplicações em outras doenças, nas quais a regeneração é necessária. O apoio monetário poderá ainda traduzir-se num investimento suplementar de 30 mil euros, uma vez provada a sua viabilidade de mercado.

Os responsáveis pelo ProREGEN notam que, apesar do «progresso considerável» no que respeita aos procedimentos médicos, cirúrgicos e de reabilitação, «não existem tratamentos eficazes para a recuperação neurológica». Consideram, por isso, essencial, a identificação de terapias que promovam recrescimento do axónio (prolongamento do neurónio que estabelece a sua ligação a uma célula-alvo) e a reparação da medula, atuando em lesões do sistema nervoso e em doenças neurodegenerativas.

Com periodicidade bienal, o Prémio Inovação Bluepharma | Universidade de Coimbra visa distinguir projetos científicos de excelência ao nível internacional na área das Ciências da Saúde, que apresentem elevado potencial de transformação em produtos ou serviços, com real interesse para a sociedade.

O júri deste concurso, formado por alguns dos melhores investigadores do país, Carlos Faro (Biocant), Luís Almeida (Universidade do Porto e Blueclinical), Miguel Botto (Portugal Ventures), Sérgio Simões (Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e Bluepharma) e Fernando Seabra Santos (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra), considerou ser este o melhor projeto, tendo em conta critérios de avaliação como o mérito, a originalidade, a inovação, o potencial contributo e impacto do projeto científico, e a sua diferenciação face à concorrência.

Universidade Federal de São Paulo alerta
Um estudo desenvolvido pela Universidade Federal de São Paulo, no Brasil, aponta para uma relação entre o consumo de adoçante e...

O adoçante é visto como uma opção mais saudável, substituindo o açúcar, mas uma pesquisa conduzida por vários investigadores do Brasil revela que o uso deste impõe barreiras às mulheres que tentam engravidar. A investigação ainda não chegou a conclusões muito elaboradas, mas até agora tudo aponta para a relação entre o adoçante e a má qualidade dos óvulos.

Os detalhes do estudo brasileiro ainda não foram totalmente revelados, tendo sido apenas  estudada uma amostra pequena da população feminina brasileira. Neste país, a probabilidade de uma gravidez ser bem-sucedida por conceção natural é de 30%.

 

 

 

Ficaram por realizar 638 consultas por dia
Mais de 233 mil consultas de oftalmologia ficaram por fazer em 2017, segundo dados do relatório Estratégia Nacional para a...

No total foram 233.228 consultas da especialidade de oftalmologia que ficaram por realizar, o que corresponde a um aumento de 29% em comparação com o ano de 2016. O valor dá uma média de 638 consultas por dia, por realizar.

O relatório Estratégia Nacional para a Saúde da Visão é apresentado esta terça-feira em Lisboa. Para minimizar os efeitos de uma consulta por realizar, o documento propõe uma estratégia de criação de pontos de realização de primeiras consultas para cuidados de saúde primários (vulgo centros de saúde), para libertar os hospitais, e recomenda o alargamento e uniformização dos rastreios de saúde visual infantil e da retinopatia diabética.

 

Fármaco alivia sintomas graves e muito graves
As autoridades norte-americanas aprovaram o primeiro medicamento derivado da canábis, o Epidiolex, que será usado para tratar...

O Epidiolex contém canabidiol purificado, o CBD, que é um dos mais de 80 componentes ativos da planta de canábis. "Este é um importante avanço médico", anunciou o comissário Scott Gottlieb, da agência americana de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês).

"Mas também é importante notar que esta não é uma aprovação da maconha ou de todos os seus componentes. É a aprovação de um medicamento específico de CBD para um uso específico", acrescentou.

O medicamento foi aprovado para tratar as síndromes de Lennox-Gastaut (LGS) e de Dravet, tipos de epilepsia que causam convulsões graves em pacientes de dois ou mais anos de idade, aponta a FDA.

Fármaco alivia sintomas graves e muito graves

A síndrome de Dravet é uma rara condição genética que causa convulsões frequentes relacionadas com a febre, espasmos musculares involuntários e contínuas convulsões potencialmente mortais, que requerem atenção médica de emergência.

As crianças que padecem da doença "tipicamente experimentam um desenvolvimento deficiente da linguagem e das habilidades motoras, uma hiperatividade e dificuldades para relacionar-se com outras pessoas", disse a FDA.

Assim como a síndrome de Dravet, a de Lennox-Gastaut também começa na infância e causa múltiplos tipos de convulsões. A maioria das crianças afetadas têm problemas de aprendizagem, deficiência intelectual e precisam de ajuda com suas atividades diárias.

"Para aqueles que vivem com convulsões intratáveis causadas pelas síndromes LGS e Dravet, o Epidiolex representa um verdadeiro avanço médico", disse Philip Gattone, presidente e CEO da Fundação para a Epilepsia.

Antes de o medicamento ser comercializado, a FDA deve reclassificar o CBD, que é considerado uma droga com alto risco de abuso e sem valor médico porque deriva da maconha.

Espera-se que este procedimento seja realizado em 90 dias, segundo o GW Pharmaceuticals, que comercializará o medicamento através de sua subsidiária Greenwich Biosciences.

A Agência Europeia de Medicamentos atualmente revisa o uso do Epidiolex para tratar convulsões vinculadas às síndromes LGS e Dravet e sua decisão está prevista para o ano que vem.

A efetividade do Epidiolex foi estudada em três testes aleatórios com 516 pacientes com uma das síndromes, a fim de comparar o uso do medicamento com o de um placebo.

Bactérias
Investigadores do Porto estão a desenvolver um produto para incorporar em rações de aquacultura, composto por bactérias que...

"A aquacultura é a indústria de produção animal com maior crescimento a nível mundial, representando cerca de 50% do pescado destinado ao consumo humano. Contudo, a ocorrência frequente de doenças bacterianas nestes animais representa perdas económicas globais superiores a 3,5 milhões de euros", disse à agência Lusa a investigadora Rafaela Santos, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR).

Essas doenças bacterianas, referiu, estão associadas ao uso inadequado de antibióticos, podendo resultar na acumulação de bactérias em produtos para consumo humano, provocando, assim, problemas de saúde pública.

"Aproveitando a coleção bacteriana do CIIMAR, composta por organismos potencialmente probióticos, de diferentes espécies de peixes de aquacultura", os responsáveis pelo projeto SNACk descobriram "novas bactérias probióticas, capazes de antagonizar os mais importantes organismos patogénicos causadores de doenças de peixes".

Compostos naturais capazes de combater bactérias

As bactérias probióticas são, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), "organismos vivos que, quando adicionados à dieta, em quantidades adequadas, fornecem benefício para a saúde do hospedeiro", indicou a também investigadora da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).

Essas bactérias produzem compostos naturais antimicrobianos capazes de combater as doenças bacterianas "mais importantes dos peixes de aquacultura, como a vibriose, a furunculose ou a pseudo-tuberculose, entre outras, e são facilmente incorporáveis em rações para peixe", contou.

Além disso, originam estruturas de elevada resistência, denominadas de esporos, permitindo que as mesmas "consigam sobreviver às elevadas temperaturas e pressões aplicadas nos processos de produção de ração para peixes, bem como atravessar todo o trato gastrointestinal, até ao intestino, sem perder as suas características".

Segundo a responsável, estes resultados, "em consonância com a investigação internacional mais atual", podem ter "um forte impacto económico e ambiental" na indústria da aquacultura, diminuindo a carga de surtos bacterianos e o uso de antibióticos.

As moléculas produzidas por estas bactérias, continuou, poderão ser também aplicadas em agentes de biocontrolo da água.

Com este projeto, a equipa espera então criar um produto que aliviará a carga de doenças bacterianas e aumentará as opções dos aquacultores europeus, "atualmente limitados a um probiótico aprovado para uso em aquacultura de peixes, que não visa resolver os problemas das doenças bacterianas".

Rafaela Santos disse ainda que, para que estes probiótocos sejam incorporados nas rações, será necessário realizar testes ‘in vivo' em três espécies de peixes diferentes e em condições de cultivo também diferentes, nomeadamente no que diz respeito à salinidade e temperatura da água da aquacultura.

"Só depois será possível elaborar um dossiê para submeter à aprovação pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA), permitindo a sua incorporação em dietas comerciais", acrescentou.

O SNACk é um projeto do grupo NUTRIMU, do CIIMAR, liderado pelo professor Aires Oliva-Teles, estando na base do doutoramento de Rafaela Santos e do pós-doutoramento das investigadoras Paula Enes e Cláudia Serra.

Em Diário da República
O documento, publicado em Diário da República, vem estabelecer as condições de acesso, os direitos e deveres das entidades...

Foi publicado esta terça-feira o Decreto Regulamentar Regional sobre o regime de celebração de acordos de facturação de prestação de cuidados de saúde dos beneficiários do Serviço Regional de Saúde (SESARAM) em Diário da República.

O Decreto Regulamentar Regional, agora publicado em Diário da República, refere a importância de se instituir no SESARAM um quadro legal “que presida à consagração normativa dos acordos de faturação” dotando-os de  “estruturas e elementos técnicos e dos instrumentos jurídicos indispensáveis” na Região.

Neste decreto está consagrado entre outras coisas “as condições de adesão, os direitos e deveres das entidades contratualizadas e o respetivo acompanhamento e controlo” de maneira a trazer “maior equidade e melhor qualidade no acesso dos utentes aos cuidados de saúde”, refere o documento.

O documento consagra como princípios a “liberdade de escolha dos prestadores pelos beneficiários”, a “equidade no acesso aos cuidados de saúde, a “complementaridade na garantia das prestações de cuidados de saúde” e a “garantia de adequados padrões de qualidade na prestação de cuidados de saúde”.

 

Polémica
António Alvim denunciou que os médicos das USF de modelo B recebem mais quase 1.800 euros para atenderem mais doentes, mas...

Um médico da Unidade de Saúde Familiar (USF) Rodrigues Miguéis, em Benfica, foi alvo de uma tentativa de expulsão por ter denunciado que o Estado está a pagar suplementos remuneratórios a médicos de família por 40 horas de trabalho e pelo atendimento de mais doentes, mas sem que estes cumpram as contrapartidas previstas.

O caso foi denunciado pelo Jornal Económico e, em consequência, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) garantiu que iria fazer uma auditoria. Só que, entretanto, o médico António Alvim, que protagonizou a denúncia, foi alvo de um conselho geral convocado pelo coordenador da unidade da USF onde exerce com vista à sua expulsão.

Numa nota enviada aos médicos da USF Rodrigues Miguéis, a que o Jornal Económico teve acesso, o coordenador da USF, o médico Paulo Eiras, justifica a intenção de expulsão com prejuízos para a imagem e bom nome da unidade e dos médicos que nele exercem, resultantes, depois da notícia do Jornal Económico, de uma entrevista concedida por António Alvim, que é militante do PSD, à Rádio Renascença.

Na nota, Paulo Eiras elenca os “danos” causados pela entrevista de António Alvim, relacionando-os com “a imagem da USF a nível local e do país, ao identificá-la fotograficamente; a imagem da USF a nível local e do país, ao expô-la na comunicação social e no Facebook; a imagem da USF, enquanto organização para a prestação de cuidados de saúde; a utilização não autorizada das instalações da USF para fins alheios à sua atividade normal (entrevista concedida à RR); a idoneidade dos profissionais médicos, seus pares dentro da USF, ao afirmar que trabalham menos do que deviam trabalhar e que ganham mais do que deviam ganhar; a imagem que deixa dos seus colegas, junto da população ao proferir declarações graves e falsas, devidamente publicitadas na comunicação social e nas redes sociais; a prestação de informações falsas sobre o desempenho dos seus colegas médicos; as eventuais consequências/problemas que as prestações de informações falsas podem determinar junto dos utentes, pondo em causa a relação destes com a USF e respetivos profissionais; a perturbação no normal funcionamento da USF e; o mau ambiente por si criado no seio da equipa e que se considera inultrapassável”.

O conselho geral, que reúne representantes de todos os grupos profissionais que exercem atividade na USF Rodrigues Miguéis decorreu a 22 de junho, tendo a maioria dos conselheiros aprovado a exclusão de Alvim. Foram contabilizados 12 votos a favor da expulsão, 8 contra, e a abstenção do visado. A decisão não é vinculativa, porque tal só seria possível com uma maioria qualificada de dois terços, o que não aconteceu.

Mais utentes, mais dinheiro, as mesmas horas

Em causa, na denúncia de António Alvim, está o pagamento aos médicos das USF de modelo B de uma contrapartida de 1.794 euros para que passem a atender uma lista de 1.750 utentes, em vez de 1.550 euros regulares, o que implicaria uma adaptação do horário de base de 35 horas semanais. Só que, na prática, o que está a acontecer é que os médicos mantêm o horário de 35 horas semanais, mesmo com o acréscimo das suas listas de utentes. De acordo com António Alvim, quando aceitam aumentar o número de utentes das suas listas, os médicos deveriam também aumentar o número de horas de trabalho, que no caso foram fixadas em mais 9 horas.

Refira-se que, além do acréscimo salarial resultante do aumento das listas de utentes, os médicos que exercem em USF B, recebem, entre outros, incentivos de desempenho, retribuição pela orientação de internato médico e realização de domicílios. Acresce um subsídio de exclusividade que a própria lei atribui, mas sem a exigir.

Alvim aponta que, tudo somado, estes médicos auferem, em média, cerca de 7.000 euros mensais ilíquidos, bastante mais do dobro do que os seus colegas que com a mesma categoria e o mesmo número de utentes também acumulam as funções de orientadores de internato e fazem domicílios, mas que estão em USF do Modelo A ou em Unidades de Cuidados de Saúde Primários, no regime de 40 horas semanais. E ganham três vezes mais do que os médicos que estão em regime de 35 horas simples.

Segundo os dados apurados pelo Jornal Económico, neste modelo privilegiado, sem paralelo em toda a função pública, encontram-se neste momento certa de 1.700 médicos, todos os que exercem um USF de modelo B.

Os demais profissionais das USF – enfermeiros e secretários clínicos – também auferem cerca do dobro do salário que ganhariam se exercessem noutras unidades dos cuidados de saúde primários, que não as USF do modelo B. Beneficiam atualmente desta situação cerca de 1.700 enfermeiros e 1.300 secretários clínicos.

Suplemento remuneratório para 28 horas de consultas

No caso específico da USF Rodrigues Miguéis, a situação tem ainda o exemplo do próprio coordenador da unidade, Paulo Eiras, que, segundo António Alvim, tem no seu horário “três tardes livres, em que os seus utentes a ele não podem aceder” e apenas 28 horas de agenda para consultas, a que se juntam três horas não assistenciais (Gestão Clinica). “No total, trata-se de um horário de 35 horas por semana, sendo que duas delas estão alocados a domicílios que o Estado – utentes/contribuintes – pagam à parte, pelo que estão a ser pagas duas vezes”, aponta. “Este médico, com este horário, ganha ilíquido mais do que 7.000 euros, ganha mais do que o primeiro-ministro, incluindo neste as ajudas de custo, sem ter que fazer noites nem fins de semana, sem levar preocupações para casa, sem uma atividade médica stressante como se fosse neurocirurgião ou cirurgião cardíaco”, afirma Alvim.

O primeiro-ministro, António Costa, recebe 75% do salário do Presidente da República, o que representa cerca de 4.900 euros brutos mensais, a que acrescem 40% em despesas de representação. No total, são cerca de 6.860 euros brutos.

O Jornal Económico pediu ao Ministério da Saúde um esclarecimento sobre este caso, tendo o gabinete do ministro Adalberto Campos Fernandes remetido para a ARSLVT. A administração regional informou que após a publicação, pelo Jornal Económico, de uma notícia denunciando a situação, decidiu avançar com uma auditoria para averiguar a existência de eventuais irregularidades nos horários dos médicos de família que exercem em USF de modelo B. “Para que não haja dúvidas, a ARSLVT decidiu avançar com uma auditoria, facto que transmitiu ao Ministério da Saúde”, disse fonte oficial.

Proposta
A Estratégia Nacional para a Saúde da Visão, que hoje entra em discussão pública, define como prioritárias as crianças...

Segundo o documento, divulgado no ‘site’ da Direção-Geral da Saúde (DGS), é proposta a definição como prioritários dos doentes que têm distúrbios visuais neurológicos, que inclui os que têm paralisia cerebral (portadores de défice visual em mais de metade dos casos), e das crianças prematuras com alto risco de desenvolver retinopatia da prematuridade, com consequências drásticas e risco de cegueira irreversível.

É proposta a reformulação, até final de 2019, da urgência metropolitana de Lisboa, replicando o modelo do Porto, e a criação de um polo de urgência oftalmológica no Algarve “que funcione de forma continua”.

A Comissão responsável pela Estratégia Nacional para a Saúde da Visão sugere a também criação de uma plataforma de cuidados primários para a saúde visual e defende um forte investimento e um alargamento estruturado da oferta a este nível.

“O alargamento e a estruturação da base de oferta de cuidados de saúde visual ao nível dos cuidados de saúde primários terão de ser um alicerce de toda a rede oftalmológica nacional”, refere.

Os especialistas defendem que, apesar do crescimento do número de consultas, a rede nacional de cuidados de saúde da visão, assente nos serviços de oftalmologia da estrutura hospitalar do Serviço Nacional de Saúde, tem “importantes insuficiências e constrangimentos”.

“O número crescente de pendências em termos de consultas e o não cumprimento dos Tempos Máximos de Resposta Garantida (TMRG) são dois exemplos da necessidade de intervenção estratégica ao nível dos cuidados de saúde visual em Portugal”, refere o documento.

 

Artigo de Opinião
Bactérias resistentes aos antibióticos habitualmente usados, causadoras de infeções graves, difíceis

Infelizmente, embora haja diversas formas de lidar com esta situação, os principais responsáveis pela sua implementação parecem tardar em acordar verdadeiramente para o problema, cuja gravidade aumenta diariamente. É uma epidemia silenciosa, que deverá estar a matar perto de três portugueses todos os dias, 1100 por ano, longe das primeiras páginas dos jornais.

A resistência dos micróbios é um fenómeno natural de adaptação. Já o aumento e disseminação global de estirpes resistentes aos antibióticos habitualmente usados na terapêutica das infeções, deve-se à utilização, principalmente se inapropriada, destes fármacos.

Na segunda metade do século XX foram descobertos, e utilizados com êxito, um elevado número de antibióticos. Infeções fatais passaram a ser tratadas, gerando uma enorme confiança neste tipo de medicamentos. À medida que novos antibióticos foram descobertos, mais potentes e seguros, mais frequente e incorreta se tornou a sua utilização.

Esta tendência gerou o aparecimento de novos mecanismos de resistência bacteriana, contra os quais novas classes de antibióticos foram descobertas e utilizadas, numa perigosa espiral de aumento de resistências e utilização de antibióticos.

Nos primeiros anos deste século, profundas alterações nas regras de comercialização de medicamentos e na epidemiologia global das infeções levaram a que a investigação e desenvolvimento de novos antibióticos conhecesse um acentuadíssimo abrandamento. Compreensivelmente, as resistências aos antibióticos existentes continuaram a aumentar, conduzindo a uma situação na qual dispomos de poucos ou nenhuns antibióticos para tratar algumas das bactérias mais resistentes. 

Em Portugal, o fenómeno apresenta contornos semelhantes, embora com algumas particularidades justificando preocupação. Como em todo o mundo, pode afetar crianças e adultos, pessoas doentes mas também saudáveis, incidindo nos hospitais mas também na comunidade.

Na maior parte das bactérias habitualmente estudadas, Portugal integra o grupo dos países europeus com maior percentagem de estirpes resistentes. Ainda que em algumas destas bactérias a situação tenha melhorado nos últimos anos, o quadro continua a ser muito preocupante.

Merece particular cuidado a evolução que se regista na bactéria Klebsiella pneumoniae, cujas estirpes mais perigosas podem ser resistentes a quase todos ou todos os antibióticos habitualmente disponíveis. Embora não integre o grupo de países europeus mais afetados, Portugal integrava já, em 2016, um grupo intermédio, mercê do nítido aumento desta estirpe verificado nos últimos anos. Tudo leva a crer que os números continuem a aumentar, aguardando-se com expetativa a divulgação dos números de 2017, prevista para novembro.

Uma das principais formas de atacar o problema é reduzir a pressão geradora de resistências, utilizando os antibióticos menos e melhor, principalmente os de mais largo espetro.

Também neste ponto a situação em Portugal justifica preocupação. Depois de uma nítida redução em 2013, o consumo de antibióticos tem vindo a subir, com particular expressão nos cuidados primários de saúde. Embora o consumo hospitalar dos antibióticos de mais largo espetro tenha vindo a diminuir, continuávamos, em 2016, a ser o segundo país da europa que mais consumia este grupo de antibióticos.

Outra das estratégias fundamentais para reduzir a prevalência de microrganismos resistentes é o cumprimento de boas práticas de prevenção e controlo da transmissão da infeção nas unidades de saúde. Também nesta área persistem importantes carências, quer a nível das estruturas, insuficientemente dotadas de meios e empoderadas, quer dos processos, com obstáculos a todos os níveis à ação dos profissionais que exercem funções nesta área.

A resistência aos antibióticos não está a ter a atenção que necessita por parte dos setores mais afetados e dos decisores aos vários níveis. A continuar assim, não só as infeções serão muito mais difíceis de tratar, como perderemos doentes que frequentemente sofrem infeções, como os grandes prematuros, os submetidos a grandes cirurgias, a terapêuticas imunodepressoras como quimioterapia, e os internados em cuidados intensivos, entre outros. Toda a Medicina moderna, um dos pilares da civilização, será posta em causa.

Estudos recentes permitem calcular que cerca de três pessoas morrem em Portugal, todos os dias, por infeções provocadas por microrganismos multiresistentes. São 1100 mortos por ano. E ninguém, em posição de fazer a diferença, se preocupa verdadeiramente. Como é possível?       

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Angra do Heroismo
A presidente do conselho de administração da Saudaçor (Sociedade Gestora de Equipamentos e Recursos de Saúde nos Açores), Luísa...

“Foram reestruturados financiamentos, nomeadamente em termos de alargamento de prazos, melhores ‘spreads’ e obtenção de aval nalgumas operações onde não havia, e as contas de 2016 evidenciam uma redução de gastos financeiros de 7 milhões, o que permitiu libertar esta verba para hospitais e unidades de saúde de ilha”, adiantou, em declarações aos jornalistas.

Luísa Melo Alves falava à margem de uma audição na Comissão Eventual de Inquérito ao Setor Público Empresarial Regional e Associações Sem Fins Lucrativos do Parlamento açoriano, que demorou cerca de três horas, em Angra do Heroísmo.

No final de 2017, a dívida da Saudaçor rondava os 647 milhões de euros, o que segundo a presidente do conselho de administração se justifica pela transformação da dívida comercial vencida dos hospitais em dívida financeira, com o objetivo de ser “negociada com condições centralizadas pela Saudaçor”.

“Todos os anos a Saudaçor tem vindo a recorrer à banca no sentido de que temos vindo sempre a reestruturar os financiamentos existentes, a maior parte em que não há aumento de capital em dívida”, salientou, alegando que em 2018 foi possível reduzir o ‘spread’ de 4,4% para 1,7%, o que permitirá uma poupança na ordem dos “1,8 milhões de euros”.

O deputado Carlos Silva, do PS, perguntou pelas mais-valias da centralização da dívida e sobre a sua evolução, mas o deputado Artur Lima, do CDS-PP, defendeu que a Saudaçor foi criada para “pagar a dívida dos hospitais e transformar o Sistema Regional de Saúde numa coisa gerível”.

Também o deputado António Vasco Viveiros, do PSD, perguntou se a empresa pública foi utilizada como um “instrumento financeiro” para assumir o passivo de “instituições subfinanciadas”, enquanto o deputado Paulo Mendes, do BE, perguntou se um dos objetivos da criação da Saudaçor foi a possibilidade de a dívida dos hospitais deixar de ser direta, apesar de continuar a integrar o perímetro consolidado da dívida da região.

Luísa Melo Alves destacou ainda o papel da Saudaçor na criação de uma central de compras de medicamentos para as unidades de saúde da região, alegando que entre 2010 e 2017 foram obtidas “poupanças estimadas de 13 milhões de euros”.

Entre as principais críticas ao desempenho da empresa pública, esteve o processo de informatização das unidades de saúde da região, que decorre há mais de uma década e previa o acesso a informação única a partir de qualquer centro de saúde e hospital.

Segundo a presidente do conselho de administração, inicialmente estava prevista a aquisição de um sistema próprio, mas entretanto a empresa optou pela melhoria dos sistemas existentes, sendo já possível aceder a uma informação única nos centros de saúde, mas não nos hospitais.

O deputado do CDS-PP questionou ainda Luísa Melo Alves sobre a aquisição de serviços de benchmarking (análise comparativa), num investimento de cerca de 200 mil euros, em quatro anos, mas a gestora realçou as suas vantagens.

“Nesta fase, é a única ferramenta que nos dá informação uniformizada para os hospitais, com o mesmo bilhete de identidade para cada indicador, com o mesmo modo de ir à fonte e ler os dados que foram codificados pelos médicos no âmbito de toda a sua atividade”, frisou, acrescentando que foi o hospital de Ponta Delgada que recorreu primeiro a estes serviços nos Açores.

Esta foi a primeira audição da Comissão Eventual de Inquérito ao Setor Público Empresarial Regional e Associações Sem Fins Lucrativos, requerida por CDS-PP, PSD e PPM e criada em fevereiro de 2018.

A Saudaçor é uma das empresas que o Governo Regional pretende extinguir até 2019.

Questionada pelo deputado do PPM, Paulo Estêvão, sobre o processo de extinção e sobre os pareceres dados pela empresa, a presidente do conselho de administração disse que haverá internalização das funções, dos trabalhadores e da dívida, acrescentando que o processo será liderado pelo Governo Regional e que não foram pedidos pareceres à Saudaçor, apesar de essa possibilidade ter sido anteriormente debatida.

O diretor-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), João Goulão, defende que o...

Regular o uso da canábis para uso social e recreativo é “uma discussão que está a ocorrer um pouco por todo o mundo” e que deve acontecer num curto prazo em Portugal, tendo já havido algumas tentativas tímidas de discutir esta questão a par do seu uso para fins terapêuticos, disse João Goulão à agência Lusa, considerando que foi “um ganho significativo” ter-se separado essa discussão.

Para o especialista, essa discussão deve englobar todas as substâncias ilícitas.

“Quando fomos pioneiros e tomámos a opção de alterar o quadro legal de uso de substâncias em Portugal, fizemo-lo para todas as substâncias e foi com uma inspiração humanista de restituir aos utilizadores de substâncias ilícitas a mesma dignidade que têm pessoas com outras doenças", afirmou João Goulão, à margem do III Congresso do SICAD, que decorre até quarta-feira em Lisboa.

Agora devia haver “o mesmo tipo de abrangência”, disse, explicando que “se a lógica que presidiu à descriminalização de todas as substâncias foi de considerar que aquilo que verdadeiramente importa é a relação que o cidadão estabelece com a substância e não a substância ela própria, não vejo porque motivos havemos de conferir aos produtos de canábis um estatuto diferente dos das outras substâncias e isto porque não acredito, e cada vez mais a evidência científica aponta para isso, que a designação de drogas leves e drogas duras não faz sentido”.

Para João Goulão, trata-se de “uma questão filosófica”, mas também de discutir o papel que o Estado deve assumir na limitação do acesso a determinadas substâncias ou se deve deixar “ao arbítrio do cidadão supostamente informado essa capacidade”.

“É para esse tipo de discussão que este tema nos remete”, disse o médico, sublinhando que não tem “uma posição fechada” sobre o assunto.

“Não tenho uma posição fechada, longe de mim, acredito na bondade da regulação em alguns aspetos, nomeadamente no controlo da qualidade, mas também receio que venhamos a incluir na panóplia de substâncias disponíveis mais uma ou mais várias sem sabermos exatamente que impactos isso venha a ter”, frisou.

O médico aconselhou uma “atitude de prudência” e de acompanhamento das experiências que estão a acontecer noutros países, como no Uruguai ou no Canadá, e ter prova científica acerca dos impactos ao nível da saúde individual e coletiva.

“Hoje não estamos pressionados para mudar a todo o custo, temos de ter tempo para criar alguma distância e acompanhar essas experiências”, disse, salientando que quando o consumo de drogas foi despenalizado em 2000, Portugal estava “perante uma situação catastrófica, não é o caso hoje”.

O que está em discussão é perceber se é mais eficaz um quadro de regulação ou um quadro de liberalização como o que existe agora em que “a compra e a venda de canábis só dependem das leis do mercado sem que haja qualquer interferência a regular essa relação”, salientou.

Trata-se de perceber se conferir à canábis, ou a outras substâncias, um estatuto semelhante àquele que tem o tabaco ou o álcool, em que “o Estado interfere, controla a qualidade, regula os pontos de venda, as idades, as formas de acesso às substâncias”, tem um impacto positivo ou negativo no seu uso.

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