Semana Digestiva
A Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG), em parceria com a Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva e a Associação...

Trata-se do maior Encontro de Gastrenterologia realizado em Portugal.

O presidente da Semana Digestiva, Guilherme Macedo, considera o certame “um momento de reconhecimento da excelência e de afirmação da Gastrenterologia nacional” que conta ainda com speakers internacionais dos cinco continentes.

A Semana Digestiva vai promover um curso pós-graduado na área do Fígado - “Hepatologia, Ciência sem Fronteiras” – a que se seguirá um curso de formação avançado na área da Gestão e Liderança médicas, que resulta de uma parceria entre a SPG e a Organização Mundial da Gastrenterologia.

A qualidade e segurança em Endoscopia Digestiva são também temas que estarão em foco na Semana Digestiva.

O certame que espera reunir mais de 700 inscritos, espera ver reforçado o papel do gastrenterologista face aos grandes desafios que as sociedades ocidentais enfrentam: obesidade, alcoolismo, consumo de drogas, doenças víricas e as doenças oncológicas que mais matam em Portugal (do foro digestivo).

A SPG tem vindo a defender o reforço da qualidade dos programas de rastreio para deteção precoce de doenças com prevalência elevada em Portugal, mas também ao nível dos métodos de diagnóstico e da intervenção terapêutica.

A gastrenterologia portuguesa, pelo seu envolvimento na saúde digestiva, é uma das áreas de maior prestígio médico internacional, razão pela qual a semana digestiva tem o patrocínio científico do Colégio Americano de Gastrenterologia e da Organização Mundial da Gastrenterologia.

 

Entrevista
Tremores, espasmos, contrações involuntárias e posturas incomuns - como desvio no pescoço - são algu

O que é a Distonia? Quantos portugueses se estima que sofram desta doença do movimento?

A distonia é uma doença do movimento, com origem no cérebro, caraterizada por espasmos ou contrações musculares involuntárias, i.e., não controlados pelo doente, que podem manifestar-se com posturas ou movimentos anómalos, presentes em um ou mais segmentos do corpo afetados pela distonia. Estima-se que afeta cerca de 5.000 portugueses e, por ser ainda uma doença pouco conhecida, poderá estar subdiagnosticada.

O que pode causar a Distonia?

As causas de distonia são diversas. Quando surge de forma isolada num doente não está frequentemente associada a lesão cerebral visível nos exames de imagem (TAC ou ressonância de crânio). Mas, quando associada a outros sintomas neurológicos, como alteração da memória, lentidão dos movimentos, descoordenação, nestes casos significa frequentemente que existe uma alteração cerebral degenerativa subjacente. A distonia pode ainda surgir após um traumatismo crânio-encefálico ou resultar da toma de alguns medicamentos.

Tendo em conta que existem diferentes tipos de Distonia, quais os mais comuns e seus principais sintomas?

Os sintomas dependem da idade do doente e dos segmentos do corpo atingidos. Nos doentes mais jovens (< 25 anos) a distonia é geralmente generalizada, i. e., atinge simultaneamente várias áreas do corpo, nos doentes mais velhos, afeta 1 ou 2 segmentos corporais próximos, são as formas focais. As áreas mais vulgarmente afetadas são as pálpebras, o doente pode pestanejar repetidamente ou mesmo contrair as pálpebras de forma a não conseguir abrir os olhos, o que condiciona capacidade de ver e designamos de blefarospasmo. Quando o pescoço é o segmento atingido, este poderá rodar para a esquerda ou direita, ou mesmo ter tendência a ir para a frente ou para trás sem que o doente o consiga controlar e designa-se de distonia cervical. A distonia pode surgir associada, e dificultar, a execução de uma ação específica, como falar, escrever ou tocar um instrumento musical. As posturas anormais podem estar associadas a dor nessa região.

Como é feito o diagnóstico desta doença?

O diagnóstico da distonia é clínico, i. e., o médico observa os movimentos e/ou as posturas anormais do doente e faz o diagnóstico. Muitas vezes os exames requisitados são para excluir outras doenças/condições que possam estar associadas à distonia.

Em que consiste o tratamento?

Existem medicamentos orais, que são geralmente pouco eficazes no controlo dos espasmos musculares. Nas formas focais, que atingem uma área do corpo, como os olhos ou a região cervical, pode administrar-se toxina botulínica, em músculos selecionados, para reduzir os espasmos musculares na região afetada. É geralmente um tratamento bem tolerado e eficaz. A fisioterapia poderá ser um complemento à terapia com toxina botulínica. Em doentes selecionados a cirurgia de estimulação cerebral profunda é eficaz e deve ser equacionada.

Em que situações é recomendada a cirurgia? Quais os tratamentos cirúrgicos mais frequentes?

O tratamento cirúrgico mais frequente é a estimulação cerebral profunda, semelhante à do Parkinson. Doentes com distonia generalizada e nas formas focais, sobretudo a distonia cervical, que atinge o pescoço, que não respondem satisfatoriamente ao tratamento médico, são candidatos a cirurgia. Doentes em que a distonia está subjacente a um processo degenerativo no cérebro, ou com outras patologias médicas não controladas, não são geralmente considerados para este tratamento.

Qual o seu prognóstico?

O prognóstico depende da condição subjacente, dos segmentos atingidos e da intensidade/amplitude dos movimentos distónicos e da presença ou ausência de dor associada. Se a distonia está relacionada com uma doença degenerativa irá progredir com os outros sintomas da doença. No caso de distonias generalizadas sem outra causa aparente, esta poderá interferir de forma significativa nas atividades diárias. No caso de doentes com formas focais, que atinja olhos por exemplo, dependendo da intensidade do pestanejar ou encerramento das pálpebras, pode condicionar a capacidade de ver e limitar o doente de forma significativa na realização de atividades simples do dia-a-dia. Na distonia cervical, que atinge o pescoço, a dor associada pode ser incapacitante. Nas formas focais, existe a possibilidade de a distonia progredir para áreas próximas, por exemplo dos olhos, progredir também para a região da boca e/ou pescoço. Na distonia focal, dependendo da etiologia, a resposta à terapêutica com toxina habitualmente é boa e os doentes ficam significativamente melhor. Nas distonias generalizadas não é possível injetar com toxina botulínica todos os segmentos envolvidos e por isso o prognóstico é diferente, apesar de alguns doentes com estas distonias serem candidatos a cirurgia de estimulação cerebral profunda com benefício.

Qual o impacto desta doença tanto a nível pessoal quanto social?

O impacto da distonia varia de pessoa para pessoa e depende da forma como a distonia se manifesta. Uma pessoa com distonia generalizada pode ser independente nas suas atividades. Ao invés, um músico profissional em que a distonia só se manifesta durante o uso do instrumento musical pode ficar incapacitado para a sua atividade profissional.

Qual o papel dos cuidadores e familiares no âmbito desta doença?

A distonia é uma patologia crónica e como tal os cuidadores e familiares têm um papel importantíssimo no suporte não só das tarefas diárias como também a nível emocional na gestão do problema de saúde.

Sabendo que os seus sintomas são, muitas vezes, desvalorizados e que nem sempre se recorre à especialidade correta, o que falta fazer para que estejamos todos mais sensibilizados para este distúrbio?

O desconhecimento da doença é ainda uma realidade e que contribui muitas vezes para o atraso no diagnóstico. Para combater este desconhecimento todas as iniciativas que contribuem para esclarecimento da patologia, entre os profissionais de saúde e os doentes, cuidadores e população em geral, são muito relevantes. A informação é necessária visto que o conhecimento da doença permite um tratamento mais adequado, evita diagnósticos errados e reduz a descriminação que estes doentes ainda sofrem, porque ainda são vistos como simuladores de doença, dadas as bizarrias da doença. 

Para finalizar, que mensagem gostaria de deixar no âmbito desta temática?

De esperança. Em Portugal, ao contrário do que se possa pensar e relativamente a alguns países da Europa, existem todos os tratamentos disponíveis para a distonia. Cabe apenas melhorar o conhecimento da doença, entre profissionais de saúde, doentes e cuidadores, para melhor direcionar/orientar os doentes.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Mulheres são as que mais sofrem
Uma investigação sobre violência psicológica contra as pessoas idosas concluiu que 13% sofreram ameaças, agressões verbais ou...

Os dados são de um estudo, a que a Lusa teve hoje acesso, desenvolvido por Ana João Santos, no âmbito do Programa Doutoral em Gerontologia e Geriatria do Instituto de Ciências Biomédica Abel Salazar (ICBAS), sob a orientação de Óscar Ribeiro, do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde.

Os perpetradores de violência continuada são principalmente os cônjuges ou companheiros (54%). No entanto, 32% dos abusadores esporádicos ou menos frequentes (uma a dez vezes no último ano) são filhos ou netos.

Quando a violência consiste em ignorar ou deixar de falar, surgem também outros membros da família na lista, como irmãos, cunhados, sobrinhos ou primos, assim como a rede social informal (vizinhos, por exemplo).

A violência psicológica, que inclui insultos, ameaças, intimidação, humilhação, entre outros comportamentos abusivos, é considerada de mais difícil deteção porque pode não ser tangível, mas também devido a especificidades culturais, variações das próprias dinâmicas familiares e a diferentes formas de medir a violência.

O trabalho analisou a violência psicológica contra as pessoas idosas num total de 1.123 adultos com mais de 60 anos de idade, residentes em Portugal. Mais de metade (66,8%) eram mulheres, 48% tinham entre 60 e 69 anos e 60% tinham menos de cinco anos de escolaridade.

Segundo o investigador Óscar Ribeiro, o objetivo foi identificar os vários tipos de abuso existentes, incluindo as formas mais ligeiras de abuso, “até porque podem ser precursoras de formas mais graves”.

Os resultados obtidos revelaram que “o comportamento abusivo mais relatado pelos idosos é a agressão verbal, seguida pelo ato de ignorar ou recusa em falar e pelas ameaças”.

Entre os indivíduos mais velhos que sofreram pelo menos um ato de violência, cerca de 60% disseram ter sido ignorados e cerca de metade disse ter sido vítima de agressão verbal mais de dez vezes no último ano.

Além de determinarem a prevalência de abusos sobre os mais velhos, os investigadores pretendiam saber o perfil dos perpetradores dos abusos e o perfil das próprias vítimas.

Neste âmbito, conclui-se que as mulheres entre os 60 e os 69 anos de idade, com pouco suporte social e a residir nas próprias casas com o cônjuge ou companheiro e com os filhos são as que sofrem violência psicológica de forma mais frequente (mais de dez vezes no último ano).

Contudo, as mulheres entre os 70 e os 79 anos e com maior falta de suporte social são as que mais reportam este tipo de abusos, ainda que esporádicos.

O estudo tem como coautores Baltazar Nunes e Irina Kislaya do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, além de Ana Paula Gil, do CICS NOVA – Universidade Nova de Lisboa, tendo por base os dados do projeto “Envelhecimento e Violência”, coordenado por esta e desenvolvido entre 2011 e 2014 pelo Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde.

 

Instituto Gulbenkian de Ciência
Uma equipa de investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) descodificaram um programa genético que controla a...

Dos tumores cerebrais em adultos, o glioblastoma, com uma prevalência na população estimada em um por cada 100.000 habitantes, é o “mais frequente e aquele com pior prognóstico”, devido à capacidade que o tumor tem de invadir o tecido cerebral circundante, tornando a sua remoção por cirurgia “extremamente difícil”, podendo mesmo “invariavelmente reaparecer após cirurgia”, explica o IGC.

De acordo com o instituto, este reaparecimento deve-se ao facto de “as células cancerosas facilmente se misturarem com as células normais do tecido envolvente, dificultando o trabalho do cirurgião quando tenta remover todo o tumor”. Para além disso, o glioblastoma contém em si células ditas ‘estaminais’ do cancro, ou seja, estas têm a capacidade de originar um novo tumor, principalmente quando são “deixadas para trás”.

“A capacidade de invasão deste tipo de tumor é um assunto tão grave que muitos investigadores se dedicam a tentar compreender quais os mecanismos que permitem às células do glioblastoma invadir o tecido cerebral à sua volta”, diz Diogo Castro, investigador que liderou a equipa que realizou o estudo, citado num comunicado do IGC.

Uma molécula que se sabia estar implicada no processo de invasão do glioblastoma chama-se Zeb1. “A Zeb1 pertence a um importante grupo de moléculas reguladoras denominadas 'fatores de transcrição'. Estes atuam dentro das células da mesma forma que um maestro conduz a sua orquestra, dizendo aos músicos quando devem começar a tocar ou deixar de o fazer. Os 'fatores de transcrição' fazem a mesma coisa com os genes”, explica Pedro Rosmaninho, primeiro autor deste estudo e investigador no grupo de Diogo Castro.

De acordo com o comunicado, o investigador do IGC afirma que esta descoberta mostrou como a molécula Zeb1 “desempenha o seu papel dentro das células cancerosas quando permite que estas sejam capazes de invadir os tecidos do cérebro saudáveis à sua volta”, confirmando assim o papel crucial da molécula no glioblastoma.

Os investigadores utilizaram culturas de células criadas a partir de biópsias humanas e bases de dados que continham o perfil genético de centenas de tumores de glioblastoma, de forma a mapear no genoma humano quais os genes que são regulados pela Zeb1.

Essa experiência mostrou que "a molécula orquestra alterações importantes nas propriedades das células cancerosas, desempenhando um duplo papel, ou seja, a sua presença consegue ‘ligar’ ou ‘desligar’ simultaneamente um grande número de genes”. Isto acaba por alterar a interação entre as células cancerosas, conseguindo-se infiltrar no tecido cerebral no qual o tumor se desenvolve.

No comunicado divulgado hoje, Diogo Castro realça a importância desta investigação: “Quanto melhor percebermos como as células do tumor de glioblastoma invadem os tecidos envolventes, mais perto estaremos de um dia encontrarmos terapias eficazes que possam interromper este processo.”

A investigação foi conduzida no Instituto Gulbenkian de Ciência em colaboração com investigadores do Edinger Institute of Neurology (na Alemanha) e da McGill University (no Canadá) e foi financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), pela Deutsche Forschungsgemeinschaft (Alemanha) e pelo Canadian Institutes of Health (Canadá).

Distinção
O Prémio Daniel Serrão, que distingue o médico licenciado em 2017 com a melhor média final das três escolas médicas do norte do...

Fonte da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos (SRNOM), responsável pela distinção, disse hoje à agência Lusa que o prémio, no valor de 1.250 euros, será entregue na segunda-feira, na cerimónia comemorativa do Dia do Médico.

Miguel Antunes Saraiva, de 24 anos, é natural de Viseu e receberá o galardão que premeia a qualidade da formação pré-graduada nas três escolas médicas da região Norte: ICBAS e Faculdade de Medicina, da Universidade do Porto, e Escola de Medicina, da Universidade do Minho.

“A forte apetência para a área das ciências e o gosto em comunicar diretamente com pessoas, levou Miguel Saraiva a ingressar no Mestrado Integrado em Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto”, refere a Ordem dos Médicos/Norte, em comunicado.

Miguel Saraiva caracteriza o ICBAS e o Hospital de Santo António, a que aquele instituto está ligado, como “uma excelente escola médica” e destaca “a multidisciplinaridade da formação”.

Após terminar o curso e realizar a Prova Nacional de Seriação para integrar o Ano Comum, Miguel Saraiva optou por escolher um hospital na zona de Lisboa e está atualmente a trabalhar como médico interno no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca.

“A qualidade da formação e o futuro dos jovens médicos no nosso país é algo que o preocupa, principalmente a falta de vagas no acesso à formação específica, a rara abertura de concursos para médicos recém-especialistas e a gestão das horas de trabalho”, refere a SRNOM.

Contudo, acrescenta, “acredita que é possível fazer uma carreira médica de qualidade em Portugal, destacando os recursos existentes e a competência dos profissionais de saúde e das instituições de ensino”.

Nas comemorações do Dia do Médico será também entregue o Prémio Corino de Andrade, que este ano foi atribuído à Escola de Medicina da Universidade do Minho em “reconhecimento pelo trabalho de qualidade desenvolvido na formação pré-graduada e pós-graduada em Portugal”.

Na ocasião serão igualmente homenageados os médicos que este ano completam 25 e 50 anos de inscrição naquela ordem profissional.

“A distinção com o Prémio Corino de Andrade representa o reconhecimento pelo trabalho de qualidade desenvolvido na formação pré-graduada e pós-graduada em Portugal e traduz-se num acréscimo de responsabilidade”, refere a Ordem dos Médicos/Norte.

O Prémio Corino de Andrade é uma distinção criada pela SRNOM em 2002 e visa galardoar pessoas singulares não médicas ou coletivas que se tenham destacado pela prestação de serviços relevantes à medicina e aos médicos portugueses.

O galardão já foi entregue a personalidades e instituições como a FMUP (2010), ICBAS (2016), I3S (2009), Apifarma (2006), 3B’s Research Group (2012), Maria de Belém Roseira (2015).

Clarificar a lei
A Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução (SPMR) acaba de lançar a petição “Pela Criação de Medidas Legislativas para a...

Como consequência do chumbo do Tribunal Constitucional das normas que impõe o fim da confidencialidade em todas as técnicas de PMA, ficam comprometidos os tratamentos de gestação de substituição, bem como as dádivas de embriões e gâmetas por dadores que as pretendessem efetuar em regime de anonimato.

Pedro Xavier, presidente da SPMR, defende que “é urgente uma clarificação da lei da PMA uma vez que as alterações levantam outras questões fundamentais”, nomeadamente:

- O que fazer aos gâmetas criopreservados que foram doados em regime de anonimato?

- Como garantir o direito dos dadores à manutenção do sigilo da sua identidade civil que vigorava à data da doação?

- Que impacto terá a obrigatoriedade de aplicação de um regime de não-anonimato nas doações já efetuadas ao Banco Público de Gâmetas, já de si tão carenciado dessas dádivas?

- Qual a solução para os beneficiários cuja única forma de concretizar o legítimo desejo de ter um filho seja o recurso à gestação de substituição?

Levar a Assembleia da República a adotar medidas legislativas urgentes é o objetivo da SPMR que defende um “regime de exceção” para concretizar as dádivas de embriões e de gâmetas criopreservados sob anonimato, mantendo a confidencialidade garantida pela lei vigente na altura da dádiva. No caso dos embriões, pela ausência de autorização da sua transferência num regime de não-anonimato, evitar-se-ia a sua descongelação e eliminação

A SPMR considera ainda necessário assegurar a manutenção da confidencialidade das dádivas de embriões e gâmetas, realizadas anteriormente à data do Acórdão.

 

Investigadora
Alguns bombeiros que combateram nos incêndios de 2017, nomeadamente no de Pedrógão Grande, apresentam sinais de stress pós...

A investigadora do Centro de Trauma da Universidade de Coimbra e estudante de doutoramento da Faculdade de Psicologia Joana Becker está a realizar trabalho no terreno, junto de bombeiros que participaram no combate às chamas em 2017, nomeadamente no grande incêndio de Pedrógão Grande.

Dos 32 questionários respondidos nas corporações de bombeiros de Castelo Branco, Cernache do Bonjardim (Sertã) e Pampilhosa da Serra, a investigadora identificou 23 bombeiros que "apresentam sinais de stress pós-traumático".

Os resultados dos questionários que já elaborou mostram uma "prevalência elevada" dos sinais de stress pós-traumático, acrescenta.

Depois de ter realizado um mestrado em torno do stress pós-traumático em veteranos da guerra colonial, Joana Becker está a desenvolver uma tese de doutoramento sobre o impacto da psicoterapia dinâmica (identifica e aborda emoções e processos inconscientes que resultam numa ampla gama de sintomas, como depressão, ansiedade e somatização) em bombeiros com sinais de stress.

O trabalho no terreno começou em abril, sendo que, para além de aplicar questionários, está a fazer consultas de psicoterapia uma a duas vezes por semana nas corporações de bombeiros de Cernache do Bonjardim e de Castelo Branco.

Até ao final deste ano, a investigadora pretende aplicar os questionários a 250 bombeiros da região Centro e, em 2019, pretende fazer atendimento em mais uma ou duas corporações da região Centro.

"Os bombeiros trabalharam muitas horas sem descanso e viram pessoas em sofrimento, que perderam tudo", disse à agência Lusa a investigadora, realçando o sentimento de impotência perante o descontrolo das chamas, a sua gravidade e extensão.

De acordo com Joana Becker, a maioria apresenta perturbação do sono, assim como stress e ansiedade ao se recordarem ou relatarem determinada situação no combate ao fogo, para além de haver um "sentimento de culpa, que é muito comum no caso de bombeiros".

"Os bombeiros estão acostumados aos incêndios florestais, mas este foi um fogo anormal", vincou.

Os bombeiros "têm uma profissão de risco e deveria haver uma atenção maior sobre o tratamento. Acho muito positivo a forma como os bombeiros e os comandantes viram o meu trabalho. Estão mais abertos para ouvir uma psicóloga e nota-se que se está a perder esse preconceito", sublinhou a investigadora do Centro de Trauma.

Saúde e bem-estar
O hospital de Santo André (HSA), em Leiria, vai ter um ginásio para os trabalhadores, no âmbito do Orçamento Partilhado,...

Dos 12 projetos finais que foram sujeitos à votação dos trabalhadores do hospital, o ginásio reuniu 119 votos, vencendo o Orçamento Partilhado, disse hoje à agência Lusa fonte do Gabinete de Comunicação, Relações Públicas e Imagem do Centro Hospitalar de Leiria (CHL).

"Trata-se do primeiro projeto deste género em hospitais, que quis dar voz” aos trabalhadores, valorizando as suas “ideias e contributos para a instituição”.

O projeto mais votado, da autoria da Comissão de Humanização, "pretende promover o bem-estar dos colaboradores do CHL, incidindo na importância da atividade física, através da reativação do Ginásio do HSA, com dinamização de aulas de grupo presenciais e virtuais com um monitor e equipamento de cardio, em parceria com um ginásio da região", revelou a mesma fonte.

Para o Gabinete de Comunicação, este é um projeto "que investe no bem-estar dos quase 2.000 colaboradores do CHL, que diariamente cuidam da saúde de mais de 400 mil habitantes".

"Se, por um lado, o CHL procura ser um dinamizador de iniciativas que promovem a saúde dos utentes, este é um projeto que, internamente, vai fomentar o exercício físico e, logo, a saúde dos colaboradores", salientou.

Os organizadores desta iniciativa pioneira consideram que as ideias apresentados "foram muito interessantes" e que "até podem vir a ser concretizadas de outras formas".

Além disso, "servem também para criar um 'brainstorming' interno que beneficia todos, colaboradores, utentes e restante comunidade, porque põe todos a pensar em soluções para diversos desafios".

"Foi um projeto que exigiu muito trabalho da nossa parte, mas que conseguiu 'tirar da gaveta' muitas ideias interessantes e sentimos que cumpriu o objetivo que era dar voz aos colaboradores, fazê-los sentir que eram escutados e que podem (e devem) participar ativamente na tomada de decisões dentro da instituição. Foi uma ideia de imediato apoiada pelo Conselho de Administração e estamos contentes com o resultado", reforçou o Gabinete de Comunicação.

Votaram cerca de 500 colaboradores ao longo de uma semana. Cerca de 40% dos votos são de pessoal de enfermagem e 22% de pessoal médico, "embora as categorias que mais aderiram à votação sejam os técnicos superiores (mais de 60% do total de profissionais desta categoria) e os técnicos superiores de saúde (mais de 50% do total de profissionais desta categoria)".

"A administração irá disponibilizar do seu orçamento 20 mil euros mais IVA", explicou à Lusa Helena Vasconcelos, coordenadora do Gabinete organizador e também diretora do serviço de Gastrenterologia do Hospital de Santo André, quando a iniciativa foi lançada.

Helena Vasconcelos considerou que esta é uma medida positiva para o Conselho de Administração, que fica a "perceber as falhas que existem".

 

Investigação
Novas vacinas e tratamentos para a cólera, uma das doenças infecciosas mais mortais, foram ontem anunciadas pela Associação...

Apesar de já haver terapias eficazes para reidratar as vítimas e vacinas orais, a doença, que provoca diarreia, vómitos e tem uma taxa de mortalidade de cerca de 50 por cento, ainda abunda em muitos países em desenvolvimento, como o Haiti e o Iémen, devido à falta de infraestruturas e condições de higiene e salubridade.

Numa das experiências divulgadas hoje, foi usada uma versão mais fraca da doença, responsável por uma epidemia no Haiti, para fabricar uma vacina oral que foi testada em coelhos jovens que foram depois expostos a doses mortais de cólera.

Mais animais sobreviveram e a doença não foi tão grave nos que foram vacinados, o que, transpondo para uma simulação de 100.000 humanos infetados, levou os cientistas a concluir que uma vacinação rápida poderia evitar milhares de infeções.

Em outra experiência, usou-se uma bactéria intestinal inofensiva, que se encontra em produtos lácteos fermentados e produz um ácido a que a bactéria que provoca a cólera é sensível.

Os investigadores deram esta bactéria intestinal a ratos bebés e verificaram que combateu a reprodução da bactéria da cólera nos intestinos, aumentando a probabilidade de sobrevivência.

 

 

SNS
O Centro Hospitalar Tondela-Viseu (CHTV) vai continuar a receber novos doentes oncológicos, contrariamente ao que tinha...

A 23 de maio, o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, disse que o CHTV ia vai deixar de receber novos doentes oncológicos a partir desta sexta-feira, uma situação que classificou de “enorme gravidade”.

“Não se confirma essa situação, vamos continuar a receber novos doentes”, assegurou hoje o conselho de administração.

Segundo a mesma fonte, “tudo continua como tem funcionado, sendo que o conselho de administração está empenhado na resolução dos problemas que afetam o serviço”.

Carlos Cortes tinha criticado o facto de a oncologia ser “um serviço completamente esquecido daquele hospital”, onde a partir de junho haveria apenas dois médicos, além de que os espaços para o tratamento dos doentes oncológicos “são extremamente reduzidos, sem nenhuma condição” para os receber.

O responsável adiantou que a Ordem foi informada pelos diretores das especialidades cirúrgicas de que “todos os meses estão a sair à volta de cem doentes, em média, daquele hospital, simplesmente por razões economicistas”.

“Significa que existe a capacidade técnica dos cirurgiões para intervencionarem esses doentes, mas por decisão do conselho de administração, que entende que é mais barato esses doentes serem operados fora daquele hospital, esses doentes não são operados” no CHTV, adiantou.

Para Carlos Cortes, quando se começa “a pensar desta forma o serviço público de saúde, então significa que é o princípio do fim do SNS [Serviço Nacional de Saúde]”.

 

Associação
A Associação Amigos dos Queimados (AAQ) afirmou que o tratamento após alta hospitalar das vítimas do grande incêndio de...

"Em Pedrógão Grande, há os Médicos do Mundo, há equipas comunitárias [de saúde mental]. Na maior parte dos casos, é zero. Pedrógão Grande pode ser um bom exemplo de boas práticas" que deveria ser aplicado a todos os casos em Portugal de pessoas vítimas de queimadura, seja de feridos de outros incêndios ou de um homem que caiu na lareira na semana passada, frisou hoje o presidente da AAQ, Celso Cruzeiro.

O cirurgião falava aos jornalistas durante a conferência de imprensa de apresentação do XI Congresso Nacional dos Queimados, que vai decorrer no fim de semana, em Pedrógão Pequeno (Sertã), intitulado "Renascer, Um Ano Depois".

Celso Cruzeiro realçou que o que se passa em Pedrógão Grande - seja o acompanhamento psicológico dos feridos seja a comparticipação para tratamentos - é "uma discriminação positiva, mas não deixa de ser uma discriminação".

Um dos principais fármacos usados por vítimas de queimaduras no tratamento posterior à alta são cremes - "dos mais caros que existem" - e não há "um cêntimo de comparticipação", sendo que o Governo abriu uma exceção para as vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande, realçou Carlos Canais, também da direção da AAQ.

"Vemos tudo o que é oferecido às vítimas de Pedrógão Grande e depois pensamos no senhor que se queimou na semana passada. Esquecemo-nos de todos os outros queimados", notou.

Para o presidente da associação, Celso Cruzeiro, é necessário garantir o estatuto de doente crónico aos queimados, que, assim que saem do hospital, "perdem todos os apoios que têm", havendo grandes lacunas na reinserção laboral, social e familiar do ferido.

"A pessoa está curada, sai do hospital e o Serviço Nacional de Saúde fica feliz. Mas começou uma história completamente diferente da sua vida, com necessidade de medicamentos sucessivos, apoio psicológico, internamentos vários e prolongados e intervenções cirúrgicas. E isso é para toda a vida. Para nós, o queimado deve ser inserido" na classificação de doente crónico, por forma a garantir apoios nas consultas, transporte e outros benefícios, defendeu.

No âmbito do congresso, a associação pretende também criar o Dia Nacional do Queimado, a 17 de junho, dia do grande incêndio de Pedrógão Grande, referiu Celso Cruzeiro.

Durante o congresso que se realiza este fim de semana, a associação vai também abordar os direitos que os doentes têm - que muitas vezes não têm consciência dos mecanismos a que podem ter acesso -, bem como a necessidade de haver uma unidade pediátrica de queimados.

O evento vai contar com a presença do diretor do Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais, Xavier Viegas, do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e de membros do Governo, assim como a participação de vítimas de queimaduras que vão relatar as dificuldades que tiveram na sua reintegração.

"Isto mexe com a nossa identidade. Tem que se aceitar, ganhar autoestima e esse é um processo que não acontece de um dia para o outro. O médico diz que está bom para ir trabalhar, mas psicologicamente a pessoa não está bem", alertou Diana Afonso, também membro da direção da associação.

O XI Congresso Nacional de Queimados, que se realiza no fim de semana, assinala o incêndio ocorrido há um ano em Pedrógão Grande, mas quer também debater a reinserção e futuro das vítimas queimadas.

 

OMS
Um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), no qual participou o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto ...

Segundo um comunicado do ISPUP a que a agência Lusa teve hoje acesso, os resultados deste trabalho demonstram que o estireno - usado no fabrico de polímeros e de plásticos reforçados -, a quinolina (solvente) e o 7,8 óxido de estireno são "provavelmente carcinogénicos para os humanos".

Esta conclusão foi avançada por um grupo de trabalho da Agência Internacional para a Investigação do Cancro (IARC), da OMS, composto por 23 cientistas de 12 países, que, em março passa, se reuniram em Lyon (França), para ajudar a identificar substâncias químicas, usadas na indústria, com potencial de aumentar o risco de cancro no ser humano.

Apesar dos benefícios associados à utilização do estireno, o grupo reconhece que o aumento da sua produção e utilização e a disseminação da sua aplicação, "poderão potenciar efeitos adversos na saúde humana, dadas as suas características físico-químicas e toxicológicas", explicou o investigador do ISPUP João Paulo Teixeira, que integrou a equipa.

De acordo com o próprio, apesar da "limitada evidência científica", resultados de estudos epidemiológicos em humanos, estudos laboratoriais com animais e outros dados relevantes apontam para a probabilidade de o estireno ser carcinogénico para os humanos, pertencendo, assim, ao grupo 2A da classificação da IARC (classificação que divide os agentes em diferentes grupos, desde carcinogénicos a não carcinogénicos).

João Paulo Teixeira, referido na nota informativa, indicou que se deve evitar ou reduzir a utilização desses agentes a nível laboral, substituindo-os por produtos, misturas ou processos que "não sejam perigosos" ou que "impliquem menor risco para a segurança e a saúde dos trabalhadores".

De acordo com o investigador, a organização do trabalho, técnicas de conceção, utilização e controlo, bem como sistemas e equipamentos de proteção são outras das medidas preventivas (ou corretivas) que podem ser aplicadas.

Neste contexto, continuou, a monitorização biológica, que consiste na quantificação e avaliação do agente químico ou do seu metabolito em meios biológicos, tais como o sangue, a urina ou o ar expirado, "assume particular relevância".

"A monitorização ambiental pode e deve ser complementada com a monitorização biológica para alguns dos agentes químicos", frisou.

O investigador disse ainda que esta informação poderá ser utilizada pelas agências nacionais de saúde como suporte científico ou referencial de orientação das suas ações, no sentido de prevenir a exposição a agentes nocivos para a saúde.

Periodicamente, são analisados e discutidos novos dados acerca da exposição ao estireno e outras substâncias, os seus efeitos na saúde humana e animal, bem como os mecanismos que estão na base destes efeitos, sendo essa reavaliação "essencial para uma análise e gestão do risco em matéria de saúde", acrescenta o comunicado no ISPUP.

Os resultados deste estudo, que deu origem a um artigo recentemente publicado na revista científica The Lancet Oncology, integrarão o volume 121 da Monografia da IARC.

As monografias da IARC identificam fatores ambientais que podem aumentar o risco de cancro nos humanos, como compostos químicos, agentes físicos e biológicos ou misturas complexas, lê-se ainda na nota.

Desde 1971, a IARC avaliou acima de mil agentes, dos quais mais de 400 foram identificados como carcinogénicos, provavelmente carcinogénicos ou possivelmente carcinogénicos para humanos.

Estudo
Cientistas identificaram um possível alvo para uma vacina contra a sífilis em proteínas da bactéria que causa a doença...

A sífilis, a segunda maior causa de abortos espontâneos e nados-mortos no mundo, tem sido uma doença difícil de estudar porque, ao contrário de outras patologias provocadas por bactérias, não pode ser reproduzida em laboratório em placas de Petri ou em ratinhos.

Além das pessoas, o único animal suscetível à doença é o coelho, que elimina rapidamente a infeção, pelo que novos coelhos têm de ser regularmente infetados para manter ativa uma estirpe da "Treponema pallidum", a bactéria que causa a sífilis.

Por outro lado, explica em comunicado a universidade norte-americana de Connecticut, que liderou a investigação, a bactéria na origem da doença, transmissível por contacto sexual, é muito delicada, sendo por isso difícil de manobrar em laboratório.

No novo estudo, divulgado na publicação digital da especialidade mBio, uma equipa de microbiólogos analisou geneticamente a bactéria da sífilis recolhida de amostras de doentes da Colômbia, de São Francisco (Estados Unidos) e República Checa, concluindo que as estirpes bacterianas eram bastante semelhantes, havendo entre elas poucas diferenças genéticas.

Os cientistas suspeitaram que os poucos genes mutantes da bactéria expressavam o tipo de proteínas que andavam à procura - as que habitualmente estão na membrana externa de uma bactéria e que são a forma de o sistema imunitário reconhecer um invasor bacteriano.

Usaram então um programa de modelação computacional para conceber um modelo das proteínas que os genes mutantes expressam e depois produziram-nas em laboratório.

Posteriormente, criaram os anticorpos para essas proteínas e verificaram, sem o comunicado da Universidade de Connecticut especificar como, que estes anticorpos atacavam a membrana exterior intacta da bactéria "Treponema pallidum".

Na etapa final do estudo, a equipa partiu da pista dada pelos genes mutantes para procurar e encontrar os genes que codificam para proteínas da membrana exterior da bactéria que nunca se alteram.

Para os cientistas, tal é importante, pois proteínas que sofrem muitas mutações para se esconder do sistema imunitário não são boas candidatas a uma vacina.

Num próximo passo, os investigadores pretendem usar estas proteínas para imunizar coelhos e ver se podem funcionar como uma vacina contra a sífilis, doença que se não for tratada pode causar demência e outras patologias neurológicas.

Em Portugal, o mais recente Inquérito Serológico Nacional, de 2015-2016, apontou uma prevalência da sífilis em 2,4% dos adultos portugueses com 18 ou mais anos.

O inquérito do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, que incluiu pela primeira vez o estudo da prevalência de infeções sexualmente transmissíveis, contou com a participação de 4.866 pessoas e foi apresentado em outubro, atualizando os dados de 2001-2002.

A região da Guarda apresenta hoje risco extremo de exposição à radiação ultravioleta (UV) e o resto do país está com níveis...

A Guarda está hoje em risco extremo de exposição à radiação UV, segundo o IPMA, que recomenda que se evite o mais possível a exposição ao sol.

As restantes regiões do continente e os arquipélagos dos Açores e Madeira apresentam hoje níveis muito elevados de exposição à radiação UV.

Para as regiões com risco muito elevado e elevado, o IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre 1 e 2, em que o risco de exposição à radiação UV é baixo, 3 a 5 (moderado), 6 a 7 (elevado), 8 a 10 (muito elevado) e superior a 11 (extremo).

O IPMA prevê para hoje no continente céu pouco nublado, apresentando períodos de maior nebulosidade no litoral da região Centro até meio da manhã, neblina ou nevoeiro matinal e pequena subida da temperatura máxima nas regiões do interior e na região sul.

A previsão aponta ainda para vento fraco a moderado do quadrante norte, soprando moderado a forte na faixa costeira ocidental, em especial durante a tarde.

Nas terras altas, o vento vai soprar fraco a moderado do quadrante norte, sendo moderado a forte de nordeste até ao início da manhã e a partir do final da tarde.

As temperaturas mínimas no continente vão variar entre os 10 graus (em Bragança) e os 17 (em Portalegre e em Faro) e as máximas entre os 22 (em Viana do Castelo, Porto e Leiria) e os 31 (em Faro, Évora e Beja).

Na Madeira prevê-se céu geralmente muito nublado, com abertas nas vertentes sul e vento moderado de nordeste, soprando forte nas terras altas e no extremo leste da ilha, em especial a partir da tarde.

No Funchal, as temperaturas vão oscilar entre os 18 e os 23 graus.

Para os Açores prevê-se períodos de céu muito nublado com boas abertas, condições para a formação de neblinas na madrugada e início da manhã e vento fraco a moderado.

Em Santa Cruz das Flores as temperaturas vão variar entre os 20 e os 27 graus, na Horta entre os 19 e os 25, em Angra do Heroísmo entre os 20 e os 26 e em Ponta Delgada entre os 19 e os 25.

Risco de morte duplica
O especialista em cardiologia Victor Gil fala-nos de fibrilhação auricular.

As contrações cardíacas responsáveis pelo bombeamento do sangue para todo o corpo, são desencadeadas por estímulos elétricos originados numas células especiais localizadas na aurícula direita – o nó sinusal - que percorrem um caminho através de vias especiais (o tecido de condução) até estimular as células musculares cardíacas (os miocitos). Durante esse trajeto, passam por uma estrutura situada entre as aurículas e ventrículos – o nó auriculo-ventricular – onde a sua propagação sofre ligeiro atraso, permitindo a contração sequencial da aurícula e do ventrículo e depois, através dos ramos direito e esquerdo do feixe de His, que se situa no septo entre os dois ventrículos, atingem as fibras de Purkinge que se ramificam até atingir e estimular os miocitos. Podem ocorrer múltiplas perturbações deste complexo sistema. Algumas correspondem a dificuldade na geração ou passagem dos estímulos elétricos, originando pausas ou bloqueios que por vezes necessitam da implantação de um pace-maker como alternativa para assegurar a integridade do sistema de condução elétrico. Noutros casos, ocorrem estímulos elétricos em excesso que originam o sintoma frequente de palpitações e que nalguns casos podem estar associados a risco de situações graves como a síncope ou mesmo a morte súbita.

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido também por “trombose” é um grave problema de saúde pública entre nós onde atinge taxas que nos colocam nos lugares cimeiros da Europa.  O AVC é uma das principais causas de mortalidade em Portugal, com uma taxa de 200 mortes em cada cem mil habitantes e é além disso responsável pelo internamento de mais de 25 mil doentes por ano e por incapacidade permanente em 50 por cento dos sobreviventes. As consequências do AVC, muitas vezes devastadoras, incluem perda de fala, de visão, de coordenação ou de compreensão bem como diminuição da força ou mesmo paralisia muscular nos membros superiores ou inferiores, muitas vezes na inteira metade do corpo. Além disso, 20% dos sobreviventes acaba por morrer ao fim do primeiro mês, percentagem que aumenta para 30% ao fim do primeiro ano.

Embora se possa dever a uma hemorragia, na maior parte dos casos o AVC deve-se a uma oclusão duma artéria responsável pela irrigação duma determinada zona do cérebro, quer pela formação dum coágulo local (“trombo”, daí a designação “trombose”) quer pelo deslocamento dum coágulo formado nas carótidas, localizadas no pescoço, ou mesmo no coração (esse coágulo designa-se por “êmbolo”). Privadas de circulação que assegura o oxigénio e nutrientes necessário para se manterem vivas, as células cerebrais irrigadas pela artéria que ocluiu morrem, com correspondente perda da função que comandavam (por exemplo se eram relacionadas com o controlo da fala, o doente perde essa função).

É do conhecimento geral, a associação entre alguns factores como a Hipertensão, a Diabetes mas também o colesterol elevado e o tabaco ao risco de AVC e de facto a elevada prevalência de hipertensão entre nós bem como o seu incompleto controlo na maior parte dos casos é um problema da maior importância, devendo mobilizar quer profissionais de saúde quer a sociedade em geral (promoção de hábitos de vida saudável com destaque para a diminuição do consumo de sal). Do mesmo modo, o tratamento do colesterol elevado com dieta e fármacos, a abstenção de fumar e a prática regular de exercício, são recomendações que nunca é de mais lembrar. As artérias cerebrais mas também as carótidas podem vir a sofrer das alterações degenerativas progressivas (aterosclerose) a que os factores de risco se associam.

No entanto, um em cada cinco AVC têm outra causa, dita tromboembólica, a partir de coágulos que se formam no coração e que se deslocam pela corrente sanguínea até entupir uma artéria do cérebro. Embora possa relacionar-se com determinadas doenças cardíacas das válvulas ou mesmo do músculo cardíaco, a causa mais frequente é a ocorrência duma arritmia, muito frequente em idades mais avançadas, que se designa por “Fibrilhação Auricular”. O que se passa nessa arritmia é que as aurículas (câmaras cardíacas que recebem o sangue do corpo e dos pulmões para o injectarem nos ventrículos que depois o bombeiam para os pulmões e o corpo) perdem a sua capacidade de contrair e ficam a “tremer” anarquicamente e com muita rapidez, ao passo que os ventrículos contraem de forma arrítmica (“desencontrada”) e geralmente rápida. O sangue fica “parado” nas aurículas o que pode facilitar a formação de coágulos.

A Fibrilhação Auricular (FA) atinge 2.5% de toda a população, percentagem que pode atingir 10% aos 80 anos. A FA aumenta cinco vezes o risco de AVC e nos doentes com FA que sofrem AVC, o risco de morte duplica. A FA pode aparecer só ocasionalmente (paroxística) ou ser permanente, sendo que o risco de AVC é igual para ambas as formas. Não obstantes, o risco de AVC pode ser minimizado se o doente for tratado com fármacos que contrariam a formação de coágulos . Uma vez que esses fármacos podem estar associados os risco de hemorragias, o controlo da sua utilização tem que ser feito com rigor. No caso dos anticoagulantes que atuam por antagonismo duma vitamina indispensável ara se formarem no nosso organismo fatores da coagulação sanguínea – a vitamina H - (Varfine e Sintrom), o seu uso implica análises regulares para avaliar o estado de hipocoagulação do sangue. O incómodo da necessidade dessas análises (geralmente feitas com periodicidade mensal) e a dificuldade de controlo adequado em muitos casos devido a interferência de múltiplos alimentos no seu mecanismo de ação, levou a desenvolverem-se novos fármacos (os chamados anticoagulantes orais diretos – DOAC),  que  dispensam a necessidade de controlo e não são influenciados por alimentoscom semelhente (ou maior) grau de eficácia que os fármacos tradicionais, tendo vir a substituir aqueles na maior parte das circunstâncias. Atualmente, só se continuam a usar os antagonistas da vitamina K para próteses cardíacas mecânicas e para a s situações hoje raras de aperto grave da válvula mitral, sequela de febre reumática. Alguns casos de FA não necessitam terapêutica com anticoagulantes, existindo um conjunto de factores associados ao risco tromboembólico (idade avançada, diabetes, hipertensão, insuficiência cardíaca, AVC prévio) que permitem calcular uma pontuiação que a partir de determinado valor justifica a prescrição de anticoagulantes.

Além do risco de AVC, esta arritmia está muitas vezes associada a sintomas como palpitações, cansaço, falta de ar ou desmaios,  existindo fármacos que conseguem evitar o seu aparecimento nalguns casos e outras técnicas que podem estar indicadas em casos refractários. Entre elas, a “ablação” é efectuada em Centros especializados e consiste em “queimar” com aplicação localizada de energia, através de cateteres introduzidos através da virilha, zonas das veias pulmonares geralmente relacionadas com os circuitos eléctricos que dão origem à arritmia. Existem também actualmente dispositivos também introduzidos sem cirurgia, por picada na virilha, que podem encerrar o “apêndice auricular”, que é uma espécie de pequeno saco ligado à aurícula esquerda, onde se formam preferencialmente os coágulos.

Em conclusão: a fibrilhação auricular é uma arritmia frequente, casusadora de um em cada 5 AVC,  muitas vezes responsável também por sintomas que limitam muito a capacidade funcional. É possível, pelo tratamento adequado reduzir o risco de AVC associado (anticoagulantes) ou os sintomas relacionados com esta situação. 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Testada em ratos
Uma equipa de investigadores nos EUA conseguiu que ratos de laboratório exibissem um comportamento menos ansioso e stressante,...

A imunização através de certas bactérias benéficas pode ter efeitos anti-inflamatórios de longa duração no cérebro, tornando-o mais resistente aos efeitos físicos e comportamentais do stress. Esta é a conclusão de um estudo recente da Universidade do Colorado, em Boulder (CU Boulder), nos EUA.

De acordo com os cientistas, as conclusões da investigação, realizadas em ratos, podem ser aplicadas em ensaios clínicos e criar novos tipos de imunização baseadas em probióticos para proteger as pessoas contra a ansiedade e o transtorno pós-traumático (TEPT). A partir das descobertas do estudo foi possível perceber também que podem ser criados novos fármacos para a depressão, revela a universidade em comunicado.

«Descobrimos que nos ratos a bactéria Mycobacterium vaccae muda a perceção do cérebro perante um estado anti-inflamatório», explicou o principal autor, Matthew Frank, investigador do Departamento de Psicologia e Neurociência da universidade norte-americana. «Caso fosse possível utilizar a bactéria nas pessoas, tal poderia ter várias implicações em diversas doenças neuro inflamatórias», continuou. Um facto muito importante para o avanço da medicina, uma vez que a ansiedade, o TEPT e outros transtornos mentais relacionados com o stress afetam um em cada quatro indivíduos ao longo da vida.

A pesquisa sugere que a inflamação cerebral induzida pelo stress pode aumentar o risco desses distúrbios, devido à influência dos neurotransmissores (noradrenalina ou dopamina) na mudança de humor. De acordo com o autor do estudo, existe uma corelação entre a indução imune às inflamações e o desenvolvimento rápido de doenças mentais, tais como depressão e ansiedade. Também os traumas, as doenças ou as cirurgias podem sensibilizar certas zonas do cérebro, criando uma resposta inflamatória capilar aos fatores de stress e que podem causar transtornos de humor e declínio cognitivo.

«Descobrimos que a Mycobacterium vaccae bloqueou também os efeitos sensibilizadores do stress, criando um fenótipo [termo genético utilizado para descrever as características observáveis de um indivíduo resultantes da interação dos fatores epigenéticos (características de organismos unicelulares e multicelulares) com o genótipo (conjunto completo de genes herdados dos pais) e os fatores  resistente ao stress prolongado no cérebro», esclareceu Matthew Frank.

Num anterior estudo da CU Boulder, publicado na revista ‘Proceedings’ da Academia Nacional de Ciências (PNAS, sigla em inglês), descobriu-se que os ratos injetados com uma mistura de substâncias químicas, incluindo a bactéria M. vaccae, e depois expostos, durante 19 dias, a um rato macho agressivo demonstravam menores níveis de ansiedade e eram menos propensos a sofrer colite ou inflamação nos tecidos periféricos.

Neste novo estudo, o autor principal e o autor sénior, Christopher Lowry, professor de Fisiologia Integrativa, o objetivo passava por descobrir o que esta bactéria faz exatamente ao cérebro. Para isso, estudaram o comportamento de ratos após três injeções da bactéria nestes animais, com um período de intervalo de uma semana. Verificaram que os ratos apresentavam níveis significativamente mais altos da proteína anti-inflamatória interleucina-4 no hipocampo (região do cérebro responsável por modular a função cognitiva, a ansiedade e o medo) 8 dias após a última injeção.

Depois de os exporem a fatores de stress, os animais imunizados também mostraram níveis mais baixos de proteína induzida pelo stress – a HMGB1 – que, segundo os autores e investigadores, ajuda na sensibilização do cérebro à inflamação. Tal como no primeiro estudo, os ratos imunizados exibiram um comportamento menos ansioso após os testes de stress.

«Se olharmos para o campo dos probióticos em geral, eles mostraram ter fortes efeitos nos domínios da função cognitiva, da ansiedade e do medo», disse Christopher Lowry. «Este estudo ajuda a sustentar essa teoria, sugerindo que esses micróbios benéficos ou que os sinais derivados desses micróbios chegam ao hipocampo e induzem os animais num estado anti-inflamatório», acrescentou.

O cientista Christopher Lowry prevê que um dia a M.Vaccae seja administrada em pessoas com alto risco de TEPT, como soldados ou trabalhadores dos pronto-socorro, para que essas mesmas pessoas vejam os efeitos do stress do seu dia-a-dia desvanecerem-se.

Entretanto, o investigador está numa outra investigação, em conjunto com uma equipa de cientistas da Universidade do Colorado, em Denver, nos EUA, na qual procuram perceber se os veteranos com TEPT podem beneficiar de um probiótico oral que consiste numa estirpe bacteriana diferente, o Lactobacillus reuteri.

Contudo, finaliza, dizendo que existe a necessidade de fazer mais pesquisa e investigação, «mas é possível que outras bactérias benéficas ou probióticos possam ter um efeito similar no cérebro».

Cardiologia
O serviço vai funcionar no Laboratório de Hemodinâmica e Cardiologia de intervenção do Hospital Dr. Nélio Mendonça.

A partir desta quarta-feira vai ser possível fazer estudos eletrofisiológicos e de ablação no Serviço Regional de Saúde (SESARAM), reforçando a oferta da cardiologia, possibilitando também aos utentes que não se tenham que se deslocar para fora da Região para efetuar estes estudos.

Os Estudos de Eletrofisiologia Cardíaca e Ablação vão decorrer no Laboratório de Hemodinâmica e Cardiologia de Intervenção do Hospital Dr. Nélio Mendonça, e vão contar com o contributo do especialista em cardiologia do SESARAM, Nuno Santos.

A Eletrofisiologia Cardíaca inclui o diagnóstico e o tratamento das arritmias cardíacas, num ambiente informal de normal funcionamento dos laboratórios de hemodinâmica.

Vão também deslocar-se à Região Pedro Adragão, chefe de Serviço de Cardiologia, responsável pelo Centro do Ritmo Cardíaco do Hospital da Luz e Unidade de Arritmologia e “Pacing” do Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, Pedro Carmo, cardiologista e eletrofisiologista, do mesmo Hospital, e Ricardo Bernardo, técnico de cardiopneumologia.

 

 

Contra desperdício alimentar
Mais do que uma ideia ou vontade, a cooperativa Fruta Feia foi uma resposta ao desperdício alimentar, salvando, em quatro anos...

"Se no início era uma ideia, uma vontade, havia um risco associado, não sabíamos se a coisa ia resultar. Chegar às mil toneladas, aos 11 trabalhadores, aos 11 pontos de entrega e aos cinco mil associados, significa que não somos só uma ideia, é mesmo um modelo que funciona, uma proposta de consumo em que muita gente se revê e que tem provado a sua sustentabilidade tanto social, como financeira", disse à agência Lusa Isabel Soares, uma das mentoras do projeto.

A cooperativa Fruta Feia, que tem hoje 158 agricultores como parceiros, resulta de uma ideia de quatro amigos para aproveitar cerca de um terço da fruta e vegetais que os supermercados desperdiçam, por considerarem que não têm o aspeto perfeito que os consumidores procuram ou o calibre necessário.

Isabel Soares explicou que com o dinheiro das receitas a Fruta Feia paga os custos de funcionamento, "um valor justo aos agricultores pelos seus produtos" e "um salário justo" aos trabalhadores, que possuem um contrato sem termo.

"É essa a prova de que o modelo funciona. É que mil toneladas já é muita fruta, não é 'salvamos uns quilinhos do lixo'. Não é isso, já dá que pensar e há muita gente que se está a interessar pelo nosso modelo", frisou.

É por isso que a Fruta Feia tem recebido muitos visitantes estrangeiros que querem replicar o modelo "inovador e que foi pensado do zero", explicou Isabel Soares, avançando que já houve quem se inspirasse, apesar de ser uma empresa com fins lucrativos e não uma cooperativa, como o projeto português.

"Todo o dinheiro que fazemos é para pagar os nossos custos, não há lucro para ser repartido pelos fundadores da cooperativa. Nos Estados Unidos foi criada uma empresa, estiveram connosco uma semana para ver como funcionávamos e levaram o modelo com eles", contou.

Isabel Soares reconhece que no início teve medo que o projeto não funcionasse, até porque era para ajudar os agricultores e a sua primeira reação "não foi muito boa", por não acreditarem na sua veracidade.

"Comecei a pressentir que ia correr bem quando abrimos inscrições e em menos de uma semana já tínhamos mais de 100 inscrições. Tivemos de limitar o arranque a 120 pessoas quando o modelo estava pensado para 40", contou.

Foi então que começou a sentir a adesão dos consumidores e a achar que iria correr bem, mas nunca ao nível do que acontece hoje, quando se chega às 1.080 toneladas de frutas e legumes salvos do lixo.

Neste momento, a Fruta Feia tem cinco mil associados e são salvas 15 toneladas por semana do desperdício. De acordo com Isabel Soares, há agricultores que só com o dinheiro da Fruta Feia conseguiram contratar mais um funcionário.

"Há muitos agricultores que através de nós, a maior parte mesmo, escoam tudo o que é 'feios'. Isso é ótimo, sentir que há coisas que não estão a ir para o lixo por uma razão estética porque nós estamos lá e estamos a agir", acrescentou.

Ainda existem agricultores interessados em participar no projeto, mas que, apesar de cumprirem o requisito de não terem práticas agressivas com o meio ambiente, têm de ficar de fora, já que a Fruta Feia segue uma política de consumo de proximidade e a cooperativa não se desloca mais de 70 quilómetros dos pontos de entrega para ir buscar os 'feios'.

Nos últimos três anos, e devido a um projeto da União Europeia, foi possível abrir oito pontos de entrega, sendo Braga e Amadora os últimos dois e aqueles que vão agora necessitar de consolidação.

Para o futuro, Isabel Soares espera continuar a abrir delegações, embora a um ritmo "menos desenfreado", lembrando que ainda há agricultores a precisar de ajuda e 14 mil pessoas em lista de espera.

Atualmente, as cestas de 'fruta feia' -- pequenas (três/quatro quilos e cinco a sete variedades) e a grande (com seis/oito quilos e sete a nove variedades) -- podem ser recolhidas em Lisboa (quatro pontos), Porto, Braga, Amadora, Parede, Matosinhos, Vila Nova de Gaia e Almada. Os cabazes são compostos por frutas e hortaliças, que variam semana a semana conforme a altura do ano.

"Gente bonita come fruta feia" é o lema do projeto, que pretende associar "bons ideais às pessoas que estão dispostas a comer" esta fruta não normalizada, para evitar o desperdício alimentar, concluiu Isabel Soares.

Perigos para a saúde
Cerca de metade dos panos analisados, depois de um mês de utilização, continham bactérias nocivas para o ser humano, revela um...

Todos temos e todos usamos panos de cozinha. Apesar de menos higiénicos do que o tradicional rolo de papel, os panos de cozinha permitem poupar mais e em alguns casos podem ser mais eficazes. Mas quão limpos estarão?

Um estudo da Universidade da Maurícia alerta para os fatores que aumentam os riscos de contaminação deste utensílio e deixa algumas recomendações básicas para quem o usa.

Depois de analisar 100 unidades de pano de cozinha utilizados durante um mês, os investigadores concluíram que a probabilidade de encontrar bactérias nocivas aumentava quando se utilizava o mesmo pano para várias funções, como limpar a louça, enxugar o banca ou secar as mãos.

Coliformes, bactérias do intestino e das fossas nasais

De acordo com a análise, metade dos panos recolhidos continham bactérias - destes, 36,7% tinham coliformes, 36,7% Enterococcus (bactérias com origem no intestino) e 14,3% Staphylococcus aureus (bactérias com origem nas vias respiratórias).

"O nosso estudo demonstra que a composição da família e as práticas de higiene na cozinha afetam a carga microbiana dos panos de cozinha", disse Susheela D Biranjia-Hurdoyal, principal autora do estudo.

O estudo foi apresentado na reunião anual da Sociedade Americana de Microbiologia, em Atlanta, nos Estados Unidos.

"Também descobrimos que a dieta, tipo de utilização e a humidade nos panos de cozinha podem ser muitos importantes na promoção do crescimento de agentes patogénicos responsáveis por intoxicações alimentares", concluiu a cientista.

Segundo o estudo, manter os panos secos, usar panos diferentes para diferentes funções e mantê-los afastados de carne são comportamentos que podem ajudar a diminuir a probabilidade de contaminação.

 

 

Albinismo
O Albinismo é uma condição de natureza genética que se caracteriza pela ausência completa ou parcial

O albinismo oculocutâneo engloba um grupo de doenças genéticas hereditárias que condicionam pouco pigmento, ou seja, em que há uma hipopigmentação difusa pela ausência parcial ou total do pigmento melanina na pele, folículos pilosos e olho, apesar do número de melanócitos (células produtoras de melanina) ser normal.

Importa notar que as diferenças na coloração da pele não são devidas a uma variação no número de melanócitos mas sim ao seu grau de actividade (síntese de melanina e melanossomas - organelos citoplasmáticos onde o pigmento melanina é sintetizado, depositado e transportado). Os melanócitos da epiderme são células que se encontram na camada basal e num segundo passo há transferência da melanina para os queratinócitos, as células que maioritariamente formam a epiderme. Este processo é bastante complexo e envolve a formação de proteínas estruturais e a ação de uma enzima designada tirosinase, fundamental na transformação do aminoácido tirosina em melanina.

Estima-se que na população em geral ocorra 1 caso de albinismo oculocutâneo por cada 20 000 indivíduos. Estão descritos vários tipos de albinismo oculocutâneo (do tipo 1 ao tipo 7), predominantemente com padrão de hereditariedade autossómico recessivo (em que ambos os sexos podem ser igualmente afectados e o indivíduo com a doença tem pais sem doença mas ambos portadores da mutação em causa). Existe também um tipo de albinismo designado albinismo ocular, quando a hipopigmentação envolve primariamente o epitélio pigmentar da retina, sendo a forma mais comum a forma recessiva ligada ao cromossoma X.

Estima-se que cerca de 40% dos doentes tenha albinismo oculocutâneo tipo 1 (OCA1) e aproximadamente 50% tenha albinismo oculocutâneo tipo 2 (OCA2).

No OCA1 as mutações afectam o gene TYR (cromossoma 11) cujo produto é a enzima tirosinase. Este tipo de albinismo oculocutâneo divide-se em dois subtipos clínicos, consoante a actividade da enzima tirosinase esteja completamente ausente e não haja produção de melanina (OCA1A) ou reduzida (OCA1B).

No OCA1A os melanócitos da pele, pêlos e olho não sintetizam melanina, por isso os indivíduos têm cabelo/pêlos brancos, pele muito clara e olhos azuis-acinzentados à nascença. Com a idade, o cabelo pode adquirir uma tonalidade amarelada devido ao processo de desnaturação das queratinas do cabelo. Estes indivíduos têm uma sensibilidade extrema à luz ultravioleta e uma forte predisposição para cancro cutâneo. O nível de redução da acuidade visual é mais grave, com cegueira em alguns doentes.

No OCA1B, como o nível de actividade da enzima tirosinase pode variar, os doentes têm pouco ou nenhum pigmento quando nascem, mas na primeira e segunda décadas de vida vão adquirindo alguma pigmentação dos cabelos e dos pêlos e também da pele. Fazem queimaduras solares com facilidade e, frequentemente, está presente algum grau de translucência da íris. Existe um subgrupo de OCA1B com um fenótipo sensível à temperatura, em que a enzima tirosinase tem uma actividade normal aos 35ºC mas perde a sua actividade acima desta temperatura, por isso a síntese de melanina não ocorre nas áreas mais quentes do corpo - os pêlos axilares e o cabelo permanecem brancos durante a puberdade mas os pêlos dos membros superiores adquirem uma tonalidade ruiva-acastanhada e os pêlos dos membros inferiores ficam castanhos.

No OCA2 as mutações estão relacionadas com a perda de função do gene OCA2 (cromossoma 15) o qual codifica a proteína P, proteína transmembranar do melanossoma, cujas possíveis funções incluem a regulação do pH do melanossoma, facilitar a acumulação vacuolar da glutationa e o processamento e transporte da tirosinase. O espectro da doença vai desde a mínima diluição do pigmento no cabelo, na pele e na íris até níveis moderados. Com a maturidade, a quantidade de pigmento tende a aumentar um pouco e podem surgir nevos melanócitos pigmentados e lentigos nas áreas foto-expostas.

O desenvolvimento físico e intelectual destes indivíduos é normal, sendo preconizado um acompanhamento dermatológico e oftalmológico adequados.

Apesar de não existir tratamento específico, e como os indivíduos com albinismo oculocutâneo têm um risco acrescido de carcinogénese induzida pela radiação ultravioleta, os cuidados de fotoproteção (evicção e proteção solar, protetores solares, vestuário adequado, chapéu e óculos com protecção ultravioleta, entre outros) são fundamentais. Relativamente à fotocarcinogénese cutânea, os tumores cutâneos malignos são uma causa significativa de morbilidade e mortalidade desde cedo, sendo extremamente importante a sua detecção precoce.

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