Entrevista
O Carcinoma de células de Merkel é um tipo de cancro de pele muito raro e agressivo que atinge sobre

O que é o carcinoma de células de Merkel (CCM) e qual a sua incidência?

O carcinoma de células de Merkel é um tumor maligno da pele, muito raro e agressivo, frequentemente associado ao vírus polioma. É um tumor imunogénico em que a via PD1/PDL1 encontra-se muitas vezes desregulada (superativada).

Nos EUA a sua incidência quintuplicou desde 1986 e atualmente ronda cerca de 2500 novos casos por ano. A mortalidade aos 5 anos é de 33-46%.

Quais as causas e principais grupos de risco?

As causas são desconhecidas. Em 95% dos casos o MCC aparece em caucasianos, com história de exposição solar prolongada, idade superior a 50 anos e imunodeprimidos (HIV+, LLC, doentes transplantados)

Quais as manifestações clínicas deste carcinoma? Quais as partes do corpo mais atingidas?

Geralmente apresenta-se como um nódulo cutâneo ou subcutâneo isolado, frequentemente em áreas expostas ao sol, como a face e membros.

Sendo frequentemente mal diagnosticado, o que contribui para o seu subdiagnóstico?

Não se trata de mal diagnosticado. O CCM é um tumor muito raro, cujo diagnóstico pode ser difícil. Exige patologistas experientes e diagnóstico diferencial com outros tumores, como o melanoma, linfoma entre outros.

Qual o tratamento? E que novidades existem nesta área?

O tratamento da doença localizada é cirúrgico, consistindo na excisão da lesão primária, por vezes seguido de radioterapia. Mais de 95% dos doentes fica sem doença detetável, mas cerca de metade dos casos reaparece.

A doença localmente avançada e / ou metastática tem um comportamento agressivo, mas na maioria dos casos responde bem à quimioterapia, só que infelizmente estas respostas não são duradouras e a doença volta rapidamente, levando à morte em poucos meses. A necessidade de obter terapêuticas mais eficazes levou à realização de vários ensaios clínicos com novos fármacos inibidores de diferentes check point imunológicos (anti PDL1 e anti PD1) que se revelaram promissores nesta indicação, com aumento da PFS, respostas duradouras e com um perfil de toxicidade favorável. Um destes medicamentos foi recentemente aprovado pela FDA e EMA em 1ª e 2ª linha para o tratamento da doença avançada e existem mais dois a aprovar num futuro próximo.

Decorrem outros estudos interessantes com estes agentes imunológicos também em adjuvância e neo-adjuvância, cujos resultados temos que aguardar.

Tratando-se de um cancro cutâneo raro e bastante agressivo, qual o seu prognóstico (com ou sem disseminação) O que pode condicionar o seu prognóstico?

A extensão da doença com envolvimento de vários órgãos tem pior prognóstico que a doença localizada e está associada a uma sobrevivência baixa.

É possível haver recidivas? Nestes casos, qual ou quais os tratamentos indicados? Podemos falar em cuidados paliativos?

Sim. O tratamento vai depender do tipo de recidiva e se há envolvimento sistémico, a nível de órgãos nobres. (por exemplo, pulmão, fígado, cérebro). Nestes casos o prognóstico é pior. Se a doença for oligometastática poderá haver hipótese de operar; de contrário teremos que recorrer à quimioterapia ou à imunoterapia.

Os cuidados paliativos devem ser parte integrante do tratamento de todos os doentes oncológicos em fase avançada, visando o controle dos sintomas e o conforto do doente.

No âmbito desta temática, quais as principais recomendações? Que mensagem gostaria de deixar?

O mais importante é a prevenção e deteção precoce à semelhança do que acontece nos tumores cutâneos mais frequentes. É importante evitar os comportamentos de risco como exposição solar crónica exagerada e intensa (12-16h) sobretudo na infância.

Pela sua raridade, o tratamento de eleição destes doentes deveria ser a sua inclusão em ensaios clínicos multicêntricos internacionais.

Acredito que a imunoterapia num futuro próximo vai melhorar a vida dos doentes com CMM, como acontece no melanoma avançado, no pulmão e em outros tumores.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Portugal entre os que mais recorrem à prática
O recurso à cesariana atingiu “proporções epidémicas” nos últimos 20 anos em Portugal e não está a diminuir como seria...

A prevalência desta prática obstétrica aumentou em todo o mundo neste período, “muito para além da frequência esperada das indicações clínicas” e Portugal não foi exceção, estando mesmos entre os países da Europa com mais alta prevalência, segundo o Relatório de Primavera 2018 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), que será hoje apresentado.

Nos hospitais públicos houve uma “modesta descida nas prevalências”, de 36,3% em 2010 para 27,6% em 2015. Contudo, “há uma diferença marcada entre a experiência de hospitais públicos e hospitais privados, que nenhuma regra de boas práticas ou combinação de risco poderá explicar”.

Apesar de a frequência de cesarianas ter descido ligeiramente nos hospitais privados neste período, de 67,5% e 63,4%, situa-se em valores que são o dobro dos verificados em hospitais públicos, sustenta o relatório.

Também a episiotomia, incisão na região do períneo, é mais frequente em Portugal do que nos restantes países europeus, com uma prevalência próxima dos 70% (a Dinamarca tem cerca de 4%).

Para os autores do relatório, as elevadas taxas destas duas práticas obstétricas, que representam “um fator de risco para a mãe e criança”, exigem estudos com profissionais e utentes que permitam “desenhar, testar e implementar formas de atuação sensíveis” à cultura do país, mas que “respeitem as boas práticas clínicas, assegurando às mulheres um conhecimento sólido das consequências imediatas e no curso de vida, da opção pelo parto cirúrgico ou por intervenções como a episiotomia”.

O relatório realça também a importância do aleitamento materno, enquanto estratégia para melhorar os resultados em saúde das crianças, observando que, enquanto em Itália existem 37 bancos de leite humano e em Espanha dez, em Portugal existe apenas um.

Entre 2000 e 2015 foram registados nos hospitais públicos do continente 1.668.132 internamentos, dos quais 79,7% corresponderam a nascimentos, 9% a situações de abortamento e gravidez ectópica e 1,5% a internamentos pós-parto ou pós-abortamento.

Ao longo deste período, nos hospitais públicos, o número de nascimentos diminuiu cerca de 30%, uma situação que se deve em parte ao “crescente peso dos partos” em instituições privadas, de 6.787 para 12.186 entre 2000 e 2015.

Para os autores do relatório, estes dados tornam “imperiosa a utilização de um sistema de recolha de informação comum” a todas as unidades hospitalares que realizam partos no país, porque de outro modo “é impossível conhecer a realidade da saúde e das condições que rodeiam o nascimento”

Recomendam ainda a realização de um Inquérito Perinatal Nacional, a cada cinco anos, que consideram indispensável para que “a vigilância da saúde perinatal se efetue de forma ativa, continuada e sistemática” e a concretização de inquéritos independentes e confidenciais a todas as mortes maternas e infantis e aos casos de morbilidade grave.

Relatório aponta falhas
O acesso a medicamentos na fase pós-‘troika’ teve um aumento significativo, levando a mais despesa do Serviço Nacional da Saúde...

“A fase pós-‘troika’ foi acompanhada por uma muito expressiva alteração do acesso a medicamentos no contexto hospitalar e em ambulatório, que representou um acréscimo na despesa com medicamentos no SNS”, refere o Relatório de Primavera 2018 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS).

Este aumento de encargos pode ser explicado, em parte, pelas novas moléculas comparticipadas em ambulatório, um total de cerca de 40 novas entre 2015 e 2017. Também a taxa média de comparticipação estatal cresceu, atingindo em 2017 o valor mais elevado dos últimos cinco anos (63,9%).

Um maior acesso a medicamentos exigiria, segundo o Observatório, “um acompanhamento por medidas assentes num quadro que sustentasse e promovesse a utilização e o uso responsável de medicamentos”.

Mas isso não aconteceu, bem pelo contrário, considera o relatório, indicando que se foi assistindo a um esvaziamento das instituições que eram os alicerces de “uma política sustentável e responsável na utilização dos medicamentos no SNS”.

O Observatório realizou uma análise regional sobre a despesa com medicamentos. A nível nacional, a despesa ‘per capita’ foi de cerca de 200 euros, com o Alentejo e a região Centro com valores superiores à média nacional. Já o Algarve surgiu como a região com menor despesa ‘per capita’.

Ao nível do que os cidadãos pagam diretamente com medicamentos, a média nacional situa-se nos 71 euros, sendo também o Alentejo e o Centro as regiões onde mais se gasta ‘per capita’ num ano nestas despesas a cargo das famílias.

As infeções associadas aos cuidados de saúde e resistência aos antimicrobianos também foram analisadas no relatório, que alerta para a necessidade de agir contra este "problema tão complexo e com impactantes implicações na saúde", com estratégias a curto, médio e longo prazo que contemplem ações alinhadas com as políticas de saúde nacionais e com as diretrizes das instituições internacionais.

"O mais importante já existe – profissionais de saúde com enorme resiliência e militância, dedicados e empenhados em dar o seu melhor no dia-a-dia em prol da prestação de cuidados de elevada qualidade e segurança", sublinha.

Os autores do relatório condenam "as medidas avulsas, os voluntarismos esporádicos ou intervenções, instrumentos legais e discursos pontuais e mediáticos, que têm dominado a intervenção nesta área" e deixam oito recomendações, entre as quais melhorar o conhecimento destas infeções e da resistência aos antimicrobianos com integração de informação nos cuidados de saúde primários e cuidados continuados e integrados e na rede de vigilância epidemiológica.

Aumentar o envolvimento dos doentes e das famílias na implementação de medidas de prevenção e controlo da infeção, através de programas de literacia em saúde, e criar políticas de incentivo e penalizações são outras recomendações do relatório.

Segundo o último relatório publicado pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, Portugal apresentava, em 2011, uma taxa de prevalência de IACS de 10,6%, quase o dobro da média dos restantes países europeus.

Relatório de Primavera 2018
A escolha das administrações dos hospitais mantém-se demasiado presa à confiança política e a avaliação dos conselhos de...

“Apesar da mudança na forma de seleção/nomeação dos membros dos conselhos de administração, o processo é praticamente o mesmo, mantendo-se o forte pendor de confiança política”, conclui o Relatório de Primavera 2018 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), que é hoje apresentado.

O documento lembra que a forma de seleção das administrações dos hospitais é “uma medida fundamental para a transparência do sistema” e para a “defesa do interesse público”.

Embora reconheça que a criação da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) veio acrescentar alguma transparência, o OPSS considera que o processo se manteve “praticamente inalterado”.

Quanto à avaliação de desempenho das administrações dos hospitais, os autores do relatório entendem-na como “imperativo fundamental”, mas que tem sido “sistematicamente descurado”.

“A avaliação do desempenho dos membros do conselho de administração, apesar da intenção política, parece não ter avançado. A avaliação é fundamental para consolidar/aprofundar a fiabilidade do sistema de seleção dos membros do conselho de administração, a garantia da eficiência das políticas públicas e a prossecução dos objetivos traçados, e a prestação de contas/responsabilização pelos resultados dos gestores públicos”, refere o relatório.

O Observatório Português dos Sistemas de Saúde é constituído por uma rede de investigadores e instituições académicas dedicadas ao estudo dos sistemas de saúde.

Tem como finalidade proporcionar a todos aqueles que podem influenciar a saúde em Portugal, uma análise precisa, periódica e independente da evolução do sistema de português e dos fatores que a determinam.

Estudo revela assimetrias no SNS
A despesa com recursos humanos na saúde em Portugal está abaixo da média dos países desenvolvidos, segundo um relatório, que...

“Não se gasta muito com recursos humanos na Saúde em Portugal, estamos abaixo de outros países desenvolvidos. Estamos na ordem dos 32%-34% enquanto os outros países estão na ordem dos 38%”, disse à agência Lusa o coordenador do capítulo “Recursos Humanos na Saúde” do Relatório de Primavera 2018, Tiago Correia, preparado pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde e que é hoje apresentado.

No período mais intenso da crise, entre 2010 e 2015, houve “uma quebra significativa” da despesa com recursos humanos em saúde na ordem dos 9%.

Desde essa altura, tem havido uma recuperação do número de efetivos e da despesa com estes profissionais, mas “os anos da crise foram anos bastante complicados para este processo de crescimento e de recuperação sobretudo do SNS”, adiantou o investigador do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.

Contudo, o crescimento do número de profissionais no SNS foi assimétrico: médicos (internos e especialistas), enfermeiros e técnicos superiores de saúde cresceram a um nível superior à média do crescimento do conjunto dos profissionais (respetivamente 7,1%, 7,2% e 6,9%)”, afirma o relatório do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), constituído por uma rede de investigadores e instituições académicas dedicadas ao estudo dos sistemas de saúde.

Já o número de técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica (3,2%) e assistentes operacionais (0,7%) cresceu abaixo da média e o dos assistentes técnicos diminuiu (-0,5%), adianta o relatório com o título “Meio caminho andado”, que analisou o período 2015-2017.

O crescimento das horas contratualizadas no SNS também apresenta assimetrias. O trabalho médico “aumentou significativamente (15,5%)”, enquanto o trabalho de enfermagem (0,1%) e dos técnicos superiores de saúde (0,8%) “praticamente estagnou”.

“Isto significa que o aumento nominal de enfermeiros (cerca de 3.000) e de técnicos superiores não teve reflexo no aumento real do trabalho”, afirma o relatório, que aponta como razão “mais plausível” para esta situação a redução de 40 horas para 35 horas semanais na Função Pública.

Nos casos dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, dos assistentes operacionais e dos assistentes técnicos houve mesmo uma redução das horas trabalhadas de 4%, 4,8% e 8,5%, respetivamente.

Para Tiago Correia, a “leitura integrada entre o número de profissionais e horas de trabalho é fundamental para perceber o que é que o Governo tem feito ao nível do esforço da contratação, mas também aquilo que precisa de fazer para conseguir equilibrar todo o ajustamento que foi acordado da passagem das 40 para as 35 horas semanais”.

Os números também revelam iniquidades na rede pública e ao longo do território nacional. Os autores concluem que, para responder às necessidades de saúde da população de forma efetiva e eficiente, é fundamental planear a força de trabalho necessária em Portugal para daqui a 5, 10 ou 15 anos.

Para este “planeamento racional” é importante saber que “sistema de saúde se pretende em Portugal”, que “valências de cuidados se deseja que sejam asseguradas no SNS e como os serviços serão organizados”, bem como estimar quantos profissionais serão necessários e com que competências.

“Essa informação deve permitir estimar a diferença entre a força de trabalho hoje em dia disponível e a desejada no futuro”, afirma o documento, acrescentando que cabe aos decisores políticos escolher as medidas e estratégias para corrigir essa diferença.

Desigualdades no acesso
O ano passado foi “o pior de todos os anos” na evolução das unidades de saúde familiar (USF), conclui o Observatório Português...

Segundo o Relatório de Primavera 2018 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), que será hoje apresentado em Lisboa, a limitação imposta por decreto à constituição de USF “prolonga desigualdades entre os portugueses no acesso a cuidados de saúde primários com qualidade”.

“O ano de 2017 foi o pior de todos os anos na evolução das USF”, refere mesmo o documento, estimando que em maio deste ano existiam 505 USF para uma necessidade estimada de 820 a 850.

O Observatório conclui que as USF “aumentam lentamente” e que, mesmo que atingissem o prometido crescimento de 25 novas unidades por ano, só em 2030 seria “atingida a equidade no acesso”.

Criadas em 2005, as USF foram fundadas como uma forma alternativa ao habitual centro de saúde, prestando também cuidados primários de saúde, mas com autonomia de funcionamento e sujeitas a regras de financiamento próprias, baseados também em incentivos financeiros a profissionais e à própria organização.

O relatório lembra que os cuidados de saúde primários são essenciais na melhoria da saúde da população e na luta contra as desigualdades em saúde, indicando que a reforma prometida “está longe de estar concluída”.

“Persistem grandes iniquidades no acesso a cuidados de saúde primários de qualidade entre pessoas, famílias e comunidades, consoante a região do país e, em cada região, dentro da mesma comunidade local”, aponta o documento.

Ainda quanto aos cuidados de saúde primários, o Observatório considera que os anos de 2017 e 2018 ficaram marcados “por uma prática dissonante do discurso oficial” de se encarar esta área como uma prioridade política do Governo.

Para o Observatório persiste ainda um problema de falta de autonomia de gestão nos centros de saúde, já que os agrupamentos têm dimensão e fluxos de dinheiro semelhantes a médias e grandes empresas, mas “estão sem capacidade de gestão”.

“São telecomandados por instâncias burocráticas, distantes, também elas sem grande autonomia”, refere ainda.

 

Dados do Observatório
Portugal desconhece o número de profissionais de saúde que estão efetivamente a trabalhar, o que ameaça “qualquer definição...

“Sabemos quantos estão habilitados para trabalhar, mas não sabemos quantos profissionais estão efetivamente a trabalhar”, à exceção dos farmacêuticos, porque “as ordens não facultam esses dados de forma pública ou porque não têm essa contabilização feita”, disse à agência Lusa o coordenador do capítulo “Recursos Humanos na Saúde” do relatório, Tiago Correia.

Segundo o relatório, que é apresentado hoje, o Ministério da Saúde tem esta informação mais controlada no Serviço Nacional de Saúde, mas pouco se sabe sobre o que se passa nos setores privado e social, pela inexistência de uma agregação semelhante de dados à realizada pela Administração Central do Sistema de Saúde para o SNS.

“A isto associa-se o multiemprego, que é estimado em níveis não menosprezáveis, tanto no setor privado como entre o setor público e privado, e as situações de prestação de serviço e trabalho por conta própria”, sublinha.

Para Tiago Correia, investigador do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, esta situação “ainda é mais importante e grave” porque “um número indeterminado de profissionais trabalha tanto no setor público como no setor privado”.

Segundo o investigador, “qualquer definição política de prioridades de recursos humanos está desde logo ameaçada”, porque não se consegue fazer “um bom diagnóstico se efetivamente faltam ou não faltam profissionais” e em que especialidades e valências.

Para ultrapassar esta situação, o relatório recomenda que seja implementada a lei de 2015 que criou o Inventário Nacional dos Profissionais de Saúde.

“Estamos em 2018 e não houve grandes desenvolvimentos a este respeito”, o que “também é ilustrativo do problema que o sistema de saúde tem”, afirma Tiago Correia.

Por um lado, há “um Serviço Nacional de Saúde que está definido na lei como uma peça pivot do sistema, o principal prestador e financiador de cuidados de saúde em Portugal”, mas quando o Ministério tenta obter informações sobre outros prestadores percebe-se que “há uma grande resistência” na obtenção desta informação, sendo argumentado que o SNS é um “concorrente e uma parte interessada” nesta informação.

“O ministro da Saúde não é, não pode ser à luz da lei, o ministro do Serviço Nacional de Saúde e, portanto, tem que ter acesso a esta informação e todos os prestadores públicos e privados devem reportar uma informação uniformizada, padronizada, regular e bastante aprofundada sobre os seus recursos humanos para que se possa definir, por exemplo, medidas de alargamento dos ‘numerus clausus’ ou o aumento do número de cursos ou a emissão de licenças profissionais ou a contratação de profissionais estrangeiros”, defendeu Tiago Correia.

Sem ter estes dados, “neste momento fazemos um pouco uma navegação à vista”, considerou.

Relatório
Os hospitais públicos estão endividados e “à beira de um ataque de nervos”, mostrando que a crise económica continua no setor...

O Relatório de Primavera 2018 do OPSS, que é hoje divulgado, resume o setor hospitalar como “endividado e à beira de um ataque de nervos” e constata que os hospitais do Serviço Nacional de Saúde continuam marcados pela intervenção da ‘troika’, apesar de o país já não se encontrar sob intervenção externa.

O quotidiano dos hospitais é marcado pela ameaça de necessidade de injeção de dinheiro e há nas unidades do SNS falta de liquidez e um aumento do ‘stock’ da dívida a fornecedores, o que tem “conduzido à prática de entregas de verbas a título extraordinário aos hospitais”.

Segundo o documento, isto ocorre em grande parte porque a tesouraria dos hospitais é determinada centralmente pelo controlo de autorizações do Ministério das Finanças, enquanto o ciclo económico das unidades é estabelecido através de um orçamento preparado e monitorizado pelo Ministério da Saúde.

Os hospitais vivem, assim, limitados para realizar despesas correntes e de investimento.

“No país, a crise económica acabou, mas no setor hospitalar continua”, resume o relatório.

O Observatório identifica ainda uma estagnação da reforma hospitalar: “O tempo da reforma hospitalar foi afetado não só pelo quadro de restrições financeiras, mas também pela incerteza gerada pela solução governativa inovadora. O tempo de lançamento de reformas estruturantes, tipicamente no início das legislaturas, foi condicionado pela capacidade de obtenção de ganhos rápidos que justificassem a solidez dessa mesma solução”.

Foi criada uma coordenação nacional para a reforma dos cuidados de saúde hospitalares, mas não são conhecidos os resultados globais do seu funcionamento.

Sobre a política do medicamento, o relatório concluiu que os encargos com fármacos entre 2012 e 2016 não sofreram alterações significativas, enquanto os orçamentos da saúde sofreram significativos decréscimos.

Globalmente, a análise feita ao setor público da saúde nos últimos dois anos aponta para um setor hospitalar endividado, cobertura insuficiente pelos cuidados de saúde primários, medidas simples e efetivas de saúde pública ainda por tomar e cuidados continuados com pequenos desenvolvimentos.

O Observatório Português dos Sistemas de Saúde é constituído por uma rede de investigadores e instituições académicas dedicadas ao estudo dos sistemas de saúde.

Tem como finalidade proporcionar a todos aqueles que podem influenciar a saúde em Portugal, uma análise precisa, periódica e independente da evolução do sistema de português e dos fatores que a determinam.

Estudo
O diagnóstico da diabetes tipo 2 pode passar a fazer-se com uma única amostra de sangue, sugerem investigadores nos Estados...

Atualmente, nos Estados Unidos, faz-se um primeiro teste, que no caso de revelar níveis elevados de glicémia precisa de ser confirmado numa segunda consulta com um novo teste, o que gasta tempo e dinheiro e pode conduzir a diagnósticos errados.

"Os resultados do nosso estudo sugerem que dois testes feitos a partir de uma mesma amostra de sangue podem confirmar a diabetes, possibilitando uma grande simplificação das práticas clínicas atuais", afirmou a principal autora do estudo, Elizabeth Selvin, da escola de saúde pública Bloomberg, da universidade Johns Hopkins.

No caso de pessoas obesas, que têm vários fatores de risco para sofrer de diabetes, os médicos já pedem o teste duplo a partir de uma única amostra.

Quando o primeiro teste dá resultado positivo, isso tem "um alto valor previsivo para um diagnóstico posterior", afirmou Selvin.

Os investigadores olharam para dados recolhidos desde os anos 80 sobre mais de 13.000 pessoas e identificaram 383 que tinham tido resultado positivo no primeiro teste para todos os indicadores medidos, pelo que não teriam necessidade de fazer o segundo teste.

Quase todos vieram a desenvolver complicações associadas à diabetes, e a um ritmo mais rápido do que outros doentes.

"Espero que estes resultados levem a uma mudança nas diretivas clínicas que serão revistas no princípio de 2019, o que poderá permitir identificar a diabetes de uma forma mais eficiente", indicou Selvin.

Em Portugal a diabetes afeta mais de um milhão de pessoas e é diagnosticada a cerca de 200 novos doentes por dia. A este número juntam-se mais de dois milhões de pessoas com pré-diabetes.

 

À margem de debate
O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) disse ontem, em Coimbra, que a gestão centralizada dos ministérios da Saúde e das...

Num debate sobre "Regionalização ou Descentralização", organizado pela OM, Miguel Guimarães salientou que, em Portugal, não é possível existir uma boa gestão "ao nível dos Agrupamentos de Saúde (ACES) ou dos hospitais se as respetivas administrações não tiverem autonomia e capacidade de decisão dentro daquilo que é orçamento que lhes está atribuído".

"Os circuitos burocráticos são tão grandes que enquanto se faz um pedido para, por exemplo, fazer uma pequena obra, para contratar um assistente operacional ou um enfermeiro ou manter camas abertas em situações especiais, quando vier a autorização a necessidade já passou", salientou à agência Lusa o bastonário da OM.

Segundo o responsável, a diminuição da capacidade de resposta das unidades deixa as pessoas numa situação difícil, pelo que a "descentralização é obrigatória".

Relativamente à regionalização, Miguel Guimarães disse não ter a certeza sobre se o processo deve avançar, por temer que possa causar "desigualdades territoriais ainda maiores" e que Portugal possa passar a ter "vários Serviços Nacionais de Saúde".

A regionalização, acrescentou, pode "funcionar como um pau de dois bicos: se uma determinada região tem mais pujança, mais capacidade produtiva, mais recursos, hábitos diferentes de trabalho, e estiver independente das outras é capaz de se desenvolver bastante e as outras com menos capacidade podem ficar para trás".

"Tenho alguma dificuldade em defender num país tão pequeno como o nosso que exista a regionalização propriamente dita, sendo que a descentralização é obrigatória", disse o bastonário dos Médicos, que criticou o facto o financiamento 'per capita' na saúde não ser igual em todo o território.

Miguel Guimarães lamentou que o financiamento seja diferente consoante "estiver na ARS Norte, Algarve, Lisboa e Vale do Tejo ou nas regiões autónomas".

"O financiamento devia ser igual porque qualquer cidadão devia ter os mesmos direitos das pessoas que vivem em Lisboa, no Algarve, no Porto ou noutro sítio qualquer do país", sublinhou o médico.

Presente no debate, o ex-bastonário da OM José Manuel Silva defendeu também a descentralização de competências, mas mostrou-se contra a regionalização, que, a acontecer, poderia permitir a "esquartejamento do Serviço Nacional de Saúde e a sua microprivatização".

"Dar passos em frente na descentralização de competências para as instituições faz sentido até para a melhoria de vida das pessoas", disse o atual vereador da Câmara de Coimbra, eleito por um movimento de cidadãos independentes.

O ex-secretário de Estado da Saúde Manuel Pizarro, atual vereador na Câmara do Porto, criticou a "alucinação burocrática" da atual gestão na saúde, que está a "levar o SNS à loucura e a destruí-lo".

Para o antigo governante, Portugal precisa de descentralizar para que "as instituições se possam governar com políticas de comunidade" e de regionalizar "porque o país é hoje mais desigual do que há 20 anos", quando se referendou a regionalização.

"Precisamos muito das coisas coisas em partes coincidentes e em partes distintas", sublinhou o médico.

No debate participaram ainda os médicos Graciela Simões, que integra a Assembleia Municipal de Lisboa, e Francisco Amaral, presidente da Câmara de Castro Marim.

 

Querem reduzir pegada ecológica
Uma start up de Santarém introduziu no mercado português pratos descartáveis biodegradáveis e comestíveis, para substituir os...

A ideia de produzir pratos a partir de farelo de trigo é polaca e foi trazida para Portugal por Pedro Cadete e Luís Simões, que começaram a comercializá-los há dois meses, mesmo antes de constituírem a empresa.

Os pratos, garantem, podem ser depositados num compostor em conjunto com os restos de comida, ao contrário, por exemplo, dos de papel, que "não podem ser reciclados depois de sujos", disse à agência Lusa Pedro Cadete.

Por serem biodegradáveis, ou compostáveis como preferem afirmar, também não têm custos associados à lavagem ou à produção de resíduos.

Com o intuito de reduzir ainda mais a pegada ecológica e os custos de transporte, a start up quer captar três milhões de euros de investimento para começar a produzir os pratos em Portugal e introduzir-lhes inovação tecnológica.

"Em Portugal também temos farelo de trigo, que é utilizado como ração ou adubo, sem qualquer outro aproveitamento, mas existem outros recursos, como a casca de arroz, em que existe produção excessiva, que são desperdiçados e podemos dar-lhes outro aproveitamento", referiu Pedro Cadete.

Os dois colegas de curso de marketing decidiram abandonar uma carreira de 16 anos a vender ideias inovadoras para começarem a produzir e comercializar as suas.

Luís Simões estava desempregado há três meses e Pedro Cadete precisou de mudar de vida por causa da família.

A start up quer "adaptar a Portugal tecnologias desenvolvidas no estrangeiro" e está a investir 50 mil euros no desenvolvimento de palhetas de mexer o café, produzidas com base em fibras vegetais, que deverão fazer chegar ao mercado no próximo Outono.

Na sua página oficial, as Nações Unidas (ONU) lembram que 80% da poluição dos oceanos é proveniente das pessoas e que oito milhões de toneladas de plástico acabam nos oceanos em cada ano, prejudicando a vida selvagem, a pesca e o turismo.

Os números da ONU estimam também que a poluição por plásticos custa a vida a um milhão de aves marinhas e a 100 mil mamíferos, também em cada ano.

E é também em cada ano que o plástico causa oito mil milhões de dólares (6,8 mil milhões de euros) de danos nos ecossistemas marinhos.

IPMA
Cinco concelhos do distrito de Faro apresentam hoje um risco máximo de incêndio, segundo o Instituto Português do Mar e da...

O IPMA colocou também 15 concelhos dos distritos de Viseu, Castelo Branco, Santarém, Portalegre e Faro em risco muito elevado de incêndio.

De acordo com o IPMA, há também mais de 50 concelhos dos distritos de Faro, Beja, Évora, Portalegre, Lisboa, Santarém, Castelo Branco, Guarda, Aveiro, Viseu, Braga, Bragança e Coimbra em risco elevado de incêndio.

O risco de incêndio determinado pelo IPMA engloba cinco níveis, que podem variar entre o reduzido e o máximo.

O cálculo é feito com base nos valores observados às 13:00 em cada dia relativamente à temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas.

O IPMA prevê para hoje na região norte do continente céu pouco nublado ou limpo, vento fraco, sendo temporariamente moderado do quadrante leste até final da manhã e soprando moderado a forte do quadrante leste nas terras altas até meio da manhã.

Está também prevista uma pequena descida da temperatura máxima no litoral.

Nas regiões Centro e Sul prevê-se céu pouco nublado, apresentando-se geralmente muito nublado na costa sul do Algarve até meio da manhã.

A partir da tarde, prevê-se um aumento temporário de nebulosidade, em especial nas regiões do interior, com condições favoráveis à ocorrência de aguaceiros e trovoada.

A previsão aponta também para vento fraco a moderado do quadrante sul, sendo do quadrante leste na região Centro até meio da manhã, e soprando moderado a forte nas terras altas.

O IPMA prevê uma pequena subida da temperatura mínima no litoral da região Centro e descida da mínima no interior Centro e na região Sul.

Está ainda prevista uma descida da temperatura máxima no litoral Centro e na região Sul.

No continente as temperaturas mínimas vão oscilar entre os 14 graus Celsius (em Bragança) e os 21 (em Castelo Branco e Portalegre) e as máximas entre os 26 graus (em Faro) e os 36 (em Santarém).

Administradores Hospitalares
Os administradores hospitalares consideram que o Relatório da Primavera, que será hoje divulgado, expressa o sentimento do...

De acordo com o relatório do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), os hospitais públicos estão endividados e “à beira de um ataque de nervos”, mostrando que a crise económica continua no setor hospitalar.

Contactado pela Lusa, o presidente da Associação Nacional dos Administradores Hospitalares (ANAH), Alexandre Lourenço, defende que o grau de centralização das despesas atualmente existente, além das dificuldades provocadas pelas restrições de tesouraria, prejudica a inovação nos hospitais.

“O relatório veio de certa forma expressar o sentimento do setor, sobretudo no que se relaciona com a restrição de tesouraria nos hospitais e com o adiamento administrativo da despesa, dada a política de gestão administrativa do Ministério das Finanças”, afirmou Alexandre Lourenço.

O documento do OPSS, que é hoje apresentado, diz que o quotidiano dos hospitais é marcado pela ameaça de necessidade de injeção de dinheiro e que há nas unidades do Serviço Nacional de Saúde falta de liquidez e um aumento do ‘stock’ da dívida a fornecedores, o que tem “conduzido à prática de entregas de verbas a título extraordinário aos hospitais”.

Em declarações à agência Lusa, Alexandre Lourenço considerou que a centralização da despesa condiciona também o desenvolvimento do Serviço Nacional de Saúde, que se faz “de forma descentralizada e pela inovação realizada pelos profissionais de saúde em cada ponto da rede” e que, depois, as boas práticas são “disseminadas pelas organizações”.

Só assim se consegue “uma mudança estrutural no sistema”, defendeu o presidente da APAH, dando o exemplo do que aconteceu com a cirurgia de ambulatório.

“Quando temos uma centralização demasiado elevada, dificilmente o setor consegue desenvolver-se e criamos um mau estar generalizado entre os profissionais e isto leva a uma deterioração da qualidade de serviço”, acrescentou.

Alexandre Lourenço apontou ainda outro ponto destacado no relatório, como a questão das 35 horas, frisando que o documento do Observatório dos Sistemas de Saúde “destaca claramente que esta matéria não ficou resolvida com a contratação de pessoas”.

“Hoje, nos hospitais, temos menos recursos do que teríamos em 2016 em termos de disponibilidade de profissionais. Além disso, grande parte das contratações realizadas na área médica são feitas a prestações de serviços, algo que também é contrário à própria lei do Serviço nacional de Saúde e que não leva a uma prestação de atos de saúde com elevada qualidade”, explicou.

Outra matéria sublinhada pelo presidente da Associação Portuguesa dos Administradores, que é igualmente destacada no relatório, é a dependência política nas nomeações dos gestores hospitalares e a falta de profissionalização e avaliação destes gestores.

“Existe uma grande dependência política dos conselhos de administração, é algo que temos vindo a alertar. O sistema de saúde só se desenvolve quando tiver gestores capacitados e com competência e gestores que também sejam avaliados de forma transparente” afirmou o responsável, sublinhando que a APAH tem vindo a insistir na necessidade de “mecanismos de avaliação da gestão”.

“Isto não está atualmente garantido e há uma elevada dependência de confiança politica e nós precisamos de gestores profissionais que criem condições para os profissionais de saúde melhorarem a prestação de cuidados”, disse.

Meteorologia
Quase todas as regiões do país apresentam hoje um risco muito elevado de exposição à radiação ultravioleta (UV), segundo...

De acordo com o IPMA, todas as regiões do país apresentam hoje risco muito elevado, com exceção das ilhas do Porto Santo (arquipélago da Madeira) e ilha das Flores (Açores), que estão com níveis moderados.

Para as regiões com risco muito elevado e elevado, o IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre 1 e 2, em que o risco de exposição à radiação UV é baixo, 3 a 5 (moderado), 6 a 7 (elevado), 8 a 10 (muito elevado) e superior a 11 (extremo).

O IPMA prevê para hoje na região norte do continente céu pouco nublado ou limpo, vento fraco, sendo temporariamente moderado do quadrante leste até final da manhã e soprando moderado a forte do quadrante leste nas terras altas até meio da manhã.

Está também prevista uma pequena descida da temperatura máxima no litoral.

Nas regiões Centro e Sul prevê-se céu pouco nublado, apresentando-se geralmente muito nublado na costa sul do Algarve até meio da manhã.

A partir da tarde, prevê-se um aumento temporário de nebulosidade, em especial nas regiões do interior, com condições favoráveis à ocorrência de aguaceiros e trovoada.

A previsão aponta também para vento fraco a moderado do quadrante sul, sendo do quadrante leste na região Centro até meio da manhã, e soprando moderado a forte nas terras altas.

O IPMA prevê uma pequena subida da temperatura mínima no litoral da região Centro e descida da mínima no interior Centro e na região Sul.

Está ainda prevista uma descida da temperatura máxima no litoral Centro e na região Sul.

As temperaturas mínimas vão oscilar entre os 14 graus Celsius (em Bragança) e os 21 (em Castelo Branco e Portalegre) e as máximas entre os 26 graus (em Faro) e os 36 (em Santarém).

Na Madeira prevê-se céu geralmente muito nublado, com abertas nas vertentes sul, possibilidade de ocorrência de aguaceiros fracos até final da manhã nas vertentes norte e terras altas e vento fraco a moderado do quadrante norte.

No Funchal, as temperaturas vão oscilar entre os 20 e os 23 graus.

Para o grupo ocidental (Flores e Corvo) dos Açores prevê-se períodos de céu muito nublado, tornando-se encoberto, chuva fraca ou chuvisco, condições favoráveis à formação de neblinas

e vento sudoeste moderado a fresco com rajadas até 50 quilómetros por hora, tornando-se oeste bonançoso para o final do dia.

No grupo central (S. Jorge, Terceira, Pico, Faial e Graciosa) prevê-se períodos de céu muito nublado com boas abertas, aumentando de nebulosidade ao longo da tarde e vento fraco a bonançoso de sul, rodando para sudoeste.

O IPMA prevê ainda para o grupo oriental (Santa Maria e S. Miguel) períodos de céu muito nublado com boas abertas e vento fraco, sendo nordeste bonançoso na ilha de Santa Maria.

Em Santa Cruz das Flores as temperaturas vão variar entre os 20 e os 26 graus, na Horta e em Ponta Delgada entre os 20 e os 25, em Angra do Heroísmo entre os 20 e os 24 graus.

Estimativa
O Ministério da Saúde estima que no final deste ano desça para 4% a percentagem de portugueses sem médico de família e prevê...

No final de um encontro com dirigentes do Ministério da Saúde, o ministro Adalberto Campos Fernandes mostrou-se satisfeito com os indicadores do Serviço Nacional de Saúde (SNS) relativos a 2017 e destacou que o país tem hoje “a percentagem mais baixa de portugueses sem médico de família”.

“No final deste ano prevemos ficar com 4% de utentes sem médico de família”, disse aos jornalistas, lembrando que no ano passado eram 7% os utentes sem clínico de família atribuído. No final da legislatura, em 2019, o Ministério tem prometido atingir a cobertura total.

De acordo com os dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) hoje apresentados, em 2017 havia 711 mil utentes sem médico de família, quando em 2016 eram mais de 767 mil e em 2015 ultrapassavam um milhão.

Quanto à evolução das unidades de saúde familiares (USF), em 2017 havia 495 unidades constituídas e o Ministério estima que até ao fim deste ano passem a existir 532, um acréscimo de 37.

De 2016 para 2017, só foram constituídas 16 novas USF, que são unidades com um modelo de gestão e assistencial mais evoluído.

No ano passado, menos de 60% dos utentes estavam inscritos em USF.

Para o final da legislatura, no final de 2019, o Ministério da Saúde prevê ter 549 USF formadas, que será a única forma de cumprir um dos compromissos estabelecidos no programa do Executivo de ter mais 100 USF do que em 2015.

Dos vários indicadores hoje divulgados pelo Ministério, o ministro da Saúde destacou que “demonstram mais atividade, mais acesso, mais respostas e um SNS melhor”.

“Estamos muito satisfeitos. Apesar das dificuldades, o SNS tem respondido muito bem”, disse.

“Temos uma história positiva para contar. Hoje o SNS aproxima-se de um número histórico de profissionais, praticamente 140 mil. O segundo maior serviço público, com maior número de efetivos. (…) Estamos a conseguir alcançar o objetivo que é deixarmos em 2019 um SNS melhor do que aquele que encontrámos”, afirmou no encontro com dirigentes do Ministério da Saúde, que hoje decorreu em Lisboa, na véspera da divulgação do Relatório de Primavera 2018 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde.

 

Alimentação saudável
O PAN (Pessoas-Animais-Natureza) entregou hoje na Assembleia da República dois projetos de lei que visam "impossiblitar a...

O deputado e líder do PAN (Pessoas-Animais-Natureza), André Silva, entregou hoje na Assembleia da República dois projetos de lei que visam banir as carnes processadas e o leite achocolatado das refeições escolares. Ou mais concretamente, “impossiblitar a disponibilização” de carnes processadas nas refeições escolares e “determinar a não distribuição de leite achocolatado às crianças”.

“Tendo por base o relatório apresentado pela Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC) que demonstra claramente os riscos associados ao consumo de carne processada, consideramos que esta não deveria ser disponibilizada às crianças e jovens nos refeitórios escolares”, defende o PAN, relativamente às carnes processadas.

“Não existindo evidências sobre a existência de uma dose segura, isto é, que não causa danos para a saúde e sabendo nós que as consequências associadas ao consumo terá impactos significativos na vida das crianças e jovens, com consequências também para a sua vida na fase adulta, consideramos essencial que, atendendo aos princípios de qualidade e variedade a que devem obedecer as refeições servidas nos refeitórios escolares, se impeça a disponibilização nestes de refeições que na sua composição contenham carnes processadas”, sublinha o projeto de lei.

“Cabe ao Estado, enquanto defensor da saúde pública, sensibilizar os portugueses para esta problemática, incentivando-os a adotarem estilos de vida mais saudáveis, devendo este também, em primeira linha, dar o exemplo, promovendo uma alimentação saudável e equilibrada nas cantinas escolares, o que só será possível se forem excluídos das mesmas alimentos que em nada contribuem para tal objetivo, como as carnes processadas”, conclui.

No que respeita ao leite achocolatado, “vemos a não distribuição de leite com chocolate nas escolas como uma importante medida de salvaguarda da saúde pública e como uma medida pedagógica, transmitindo claramente à população informação sobre os alimentos que são saudáveis e os que não são, incentivando o consumo dos primeiros”, argumenta o PAN.

“No seguimento das políticas de saúde definidas pelo Governo […], bem como das recomendações da Ordem dos Nutricionistas, propomos que se impeça a distribuição de leite com chocolate às crianças do ensino pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico, no âmbito do Programa de Leite Escolar, garantindo a distribuição de opções mais saudáveis, preferencialmente sem adição de açúcar”, defende.

Efeito protetor
Uma equipa da Universidade do Minho concluiu que a extração da enzima phospholipase D (PLD) poderá ter um "efeito protetor...

Em comunicado enviado à Lusa, a Universidade do Minho (UMinho) explica que o trabalho conduzido pelos investigadores do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) Francisca Vaz Bravo e Tiago Gil Oliveira é um "primeiro passo para perceber os efeitos que a ablação [extração] da PLD pode ter no controlo ou reversão de fenótipos patológicos".

O texto refere ainda que este foi também o primeiro trabalho em Caenorhabditis elegans (um nemátodo, um tipo de minhoca, que tem tido um importante papel no avanço da investigação fundamental) utilizado para investigação científica que estudou a ablação da PLD.

"Surgiu a ideia de estudarmos o papel desta enzima num modelo diferente, e foi aqui que pensámos na C. elegans. Aqui nós queríamos estudar fisiologicamente o que acontecia quando tirávamos a PLD num contexto basal, ou seja, num contexto sem doença", explica no comunicado Francisca Vaz Bravo.

A UMinho explica que, "recorrendo ao uso de um modelo genético da doença de Alzheimer, foi observado que a diminuição dos níveis de PLD reduz a suscetibilidade a convulsões induzidas farmacologicamente".

A importância desta enzima, lê-se, "é destacada por a phospholipase D ser parte do grupo de phospholipases que modulam os lípidos de sinalização do nosso cérebro - que é constituído, em mais de 50%, por lípidos", daí que, explana o texto "juntamente com estudos anteriores, se associe a desregulação destas vias lipídicas a doenças neurodegenerativas".

A investigadora refere, no entanto, que "ainda há poucos estudos sobre os lípidos neste tipo de doenças"

O "próximo objetivo" aponta a instituição minhota, "é tentar perceber por que motivo a retirada da PLD tem um efeito protetor, por forma a poder detalhar esta relação".

 

Perturbação de Pânico
Já alguma vez teve medo ou sentiu que o perigo estava próximo?
Homem a agarrar fortemente o peito

O que é um ataque de pânico?

Define-se ataque de pânico todo o episódio em que, perante um medo intenso e inesperado, o nosso corpo reage com níveis extremos de ansiedade, acompanhados por um conjunto de sintomas físicos similares aos que ocorrem durante um enfarte agudo do miocárdio. Este tipo de ataques carateriza-se ainda pela inexistência de um perigo que justifique o estado de medo provocado no indivíduo.

Entre os sintomas psicológicos mais comuns estão a ansiedade constante e exacerbada, a sensação de perigo, e o medo de morrer. No que concerne aos sinais físicos, pode testemunhar-se a existência de dores abdominais e/ou torácicas, dificuldade de respiração, ritmo cardíaco acelerado, transpiração, calafrios, tonturas, náuseas, entre outros.

Geralmente estes ataques tendem a surgir cerca de uma a duas vezes no decorrer da vida do indivíduo. Contudo, caso ocorram com frequência, podemos estar perante uma perturbação de pânico.

Acredita-se que as causas para esta condição possam ter origem em períodos de maior stress, na genética, em alterações ocorridas em algumas zonas do cérebro, assim como nalgumas doenças psiquiátricas, tais como a fobia social, o stress pós-traumático e a depressão.

Quais as suas implicações para a vida da pessoa?

Na presença de perturbação de pânico, e mesmo após um primeiro episódio em que esta se manifesta, pode verificar-se a ocorrência de algumas alterações no comportamento da pessoa, que advêm do medo de voltar a ter uma experiência como a anterior. Estas passam maioritariamente pela tentativa de evitar situações e lugares que o indivíduo acredita serem impulsionadores de um novo ataque, ou que de alguma forma o façam sentir inseguro.

Esta realidade acaba por se tornar um problema crescente para as várias instâncias da vida da pessoa, levando ao isolamento social, ao surgimento de fobias e/ou depressão, ou até mesmo à dependência de substâncias como o álcool e as drogas. Torna-se assim imprescindível efetuar um diagnóstico atempado e, posteriormente, um tratamento adequado.

Como combater o problema?

Sempre que estiver perante um conjunto de sintomas sugestivos da ocorrência de um ataque de pânico, é importante:

Perceber a natureza dos sintomas. No caso de dúvida, e sobretudo quando se trata de uma primeira experiência de pânico, é crucial não desvalorizar os sintomas e procurar assistência médica.

No caso das pessoas com historial de episódios semelhantes, deve-se aprender a identificar os sintomas e agir em conformidade, tendo sempre em mente que a ansiedade não mata: aumenta, atinge um pico e, invariavelmente, após alguns minutos, acabará por desaparecer.

O controlo da respiração é fundamental, recomendando-se uma respiração lenta e profunda (respirar para dentro de um saco de papel pode ajudar neste processo).

Procurar um local onde se sinta mais calmo/a e seguro/a, afastando-se dos contextos/situações que identifique como perturbadoras.

Procurar ajuda médica. A perturbação de pânico é uma perturbação psiquiátrica e carece de tratamento, seja ele psicoterapêutico, psicofarmacológico ou uma combinação de ambas as modalidades.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
A partir dos 80 decibéis o som começa a ser prejudicial
Portugal é um país de amantes de festivais de música e, em especial, festivais de verão. Mas será que temos noção do impacto...

Todos sabemos que o volume do som nos concertos é sempre elevado. O que talvez não tenhamos noção é que a partir dos 80 decibéis (dB) o som começa a ser prejudicial para os nossos ouvidos. Ora, se tivermos em conta que a pressão acústica em concertos pode ser facilmente superior a 110 dB, o impacto negativo na nossa saúde auditiva poderá ser uma realidade, até porque é ultrapassado aquilo a que se chama limiar de conforto ou limiar de dor.

A diretora-geral da GAES expõe algumas lesões decorrentes desta exposição. “No início, é observada uma perda auditiva com recuperação após horas de repouso. Se a exposição continuar, instala-se uma perda auditiva progressiva e irreversível, denominada perda de audição induzida por ruído (PAIR). Os sinais mais frequentes de dano auditivo por ruído são dores de ouvido, zumbido, irritação com sons altos, redução da capacidade auditiva, transtornos de atenção, ansiedade e nervosismo. O incómodo pode ser grande a ponto de causar dores de cabeça e efeitos psicológicos. Se a perda auditiva for considerável, o indivíduo pode se isolar socialmente pela dificuldade de comunicação.”

Verão e festivais andam de mãos dadas no nosso país. É uma relação que veio para ficar e que os portugueses abraçam abertamente. Há muito para ouvir de norte a sul do país, mas Dulce Martins Paiva alerta que “a proteção é possível e recomendável. Atualmente existem várias opções de proteção auditiva, que garantem o timbre natural do som, sem distorções. Soluções standard ou personalizadas, como o caso de protetores feitos à medida do canal auditivo.” E o melhor é que, seja qual for a sua escolha, a garantia é de que não vai precisar de os tirar para ouvir o que lhe dizem e muito menos para ouvir a sua banda preferida.

 

 

Balanço
A Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) aprovou nos últimos dois anos 111 medicamentos inovadores,...

Na apresentação do balanço de 2017 e das áreas de desenvolvimento até 2019, o Infarmed revelou também que em abril o mercado dos genéricos chegou a 48,4% do mercado total, o valor mais alto já atingido. A utilização de medicamentos biossimilares (medicamento biológico semelhante a outro) também aumentou.

O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, salientou a aposta nos medicamentos inovadores e disse que na área da prevenção e luta contra o HIV Portugal está “muito bem posicionado em termos internacionais”, afirmando depois que o Governo quer alargar às farmácias o fornecimento de outros medicamentos até agora apenas disponíveis nas farmácias hospitalares, seguindo o exemplo do que aconteceu com os medicamentos para o HIV.

Garantindo que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está hoje mais forte e a responder melhor às necessidades dos portugueses, e que na área do medicamento os acessos também melhoraram, o ministro disse esperar deixar no próximo ano (fim da legislatura) um SNS “muito melhor” do que aquele que encontrou.

Questionado no final da sessão sobre a proposta polémica de transferência do Infarmed para o Porto, Adalberto Campos Fernandes disse que uma decisão só será tomada depois de concluído o relatório que está a ser feito por um grupo de especialistas com “liberdade total”.

A presidente do Infarmed, Maria do Céu Machado, disse à Lusa que no ano passado a instituição evoluiu em todas as áreas, nomeadamente na avaliação de medicamentos, em toda a parte de farmacovigilância e na ligação ao resto da União Europeia.

Como desafios futuros a responsável salientou, em declarações à Lusa, a parte informática, como uma nova plataforma que contemple todo o ciclo de vida do medicamento, e as áreas da avaliação dos medicamentos e dos ensaios clínicos.

Segundo dados do Infarmed foram aprovados só no ano passado 60 novos medicamentos inovadores comparticipados pelo SNS, 49 de uso hospitalar e 11 de ambulatório.

Na área da hepatite C foram aprovados quatro novos medicamentos e para doenças raras foram aprovados e financiados sete novos medicamentos.

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