Entrevista
Constituída por várias associações de doentes, com representação de norte a sul do país, a Federação

Há quanto tempo foi constituída a Federação Portuguesa das Associações de Pessoas com Diabetes (FPAD) e quais a linhas que orientam o seu papel na defesa dos doentes diabéticos em Portugal?

A Federação Portuguesa das Associações de Pessoas com Diabetes (FPAD) teve início em 2000, estando agora com uma nova direção, desde 2007, empenhada em representar as pessoas com diabetes e dar-lhes voz, promovendo o espírito de união e associativismo, pois as associações locais têm valências que contribuem para que a proximidade seja um benefício para estas pessoas e participam no melhoramento da sua qualidade de vida.

Para este triénio temos linhas de ação comum muito importantes que são a Educação para a Saúde, a Prevenção e o Apoio Associativo. A informação e a formação são instrumentos fundamentais para as pessoas com diabetes poderem gerir a sua condição da melhor maneira e terem consciência dos seus direitos e deveres para o alcançar de uma melhor qualidade de vida.

Qual a missão da Federação e quais as suas associadas?

A Federação rege-se por um lema que, mais que um lema, é a nossa razão de ser: “pelas pessoas” e, portanto, a nossa missão é representar e defender essas pessoas junto das instituições decisoras, dando-lhes voz.

Esta direção é composta por pessoas com diabetes, que conhecem na pele esta realidade e estão muito empenhadas nesta causa. Uma vez que estamos – através das nossas associações – por todo o país, podemos ter uma noção do contexto local muito real e assim de todas as problemáticas, mas também das boas práticas na diabetes de modo a trabalhar para o melhoramento do que está menos bem e no replicar do que funciona muito bem.

São quinze as Associações que, neste momento, estão juntas para trabalhar nesta causa: a Associação Dos Diabéticos Do Concelho De Ovar, Associação De Diabéticos Da Zona Centro, Associação De Diabéticos Do Minho, Associação Diabético Feira, Associação De Diabéticos Da Região Autónoma Da Madeira, Associação De Diabéticos De São Miguel E Santa Maria (Açores), Totusalus – Associação de Apoio Terapêutico e Social, Associação dos Jovens Diabéticos de Portugal, Dimov – Associação Diabetes em Movimento, Associação De Diabéticos Do Distrito de Bragança, Associação Giro HC – Pessoas com Diabetes do distrito de Viseu, Associação De Diabéticos Todo O Terreno, Associação De Diabéticos Do Concelho De Alenquer, Associação de Diabéticos do Distrito da Guarda, Associação Diabretes.

Quem pode fazer parte da Federação?

À nossa federação podem juntar-se as associações, de facto ou de direito, que de alguma forma desenvolvam a sua atividade associativa em representação e defesa das pessoas com diabetes. De sublinhar que a FPAD está sempre aberta ao diálogo e a colaborar com todas as entidades que trabalhem a favor desta causa, pois a união e a partilha de conhecimentos estão na nossa génese.

Quais as grandes propostas, por assim dizer, da Federação? De que modo pode contribuir para melhorar as condições deste doentes?

A FPAD está atenta a várias áreas quer ao nível institucional, com melhoria da legislação, acesso a novas terapêuticas, quer ao nível da integração das pessoas com diabetes, e suas famílias.

A FPAD aposta bastante na Formação e na Informação: através das suas associações, dando-lhes instrumentos para que possam formar e informar os seus associados, para que possam fazer ações de formação nas escolas e seminários, assim como ter um contacto estreito com os profissionais de saúde da sua área, de modo a que o doente se sinta acompanhado e integrado na gestão da sua condição.

Achamos fundamental também que a nível institucional se promovam estas práticas não só para os profissionais de saúde, mas também para os profissionais da educação e os agentes sociais.

Muito se tem melhorado, mas ainda existem casos em escolas e de acompanhamento ao doente que não podem existir. A FPAD já se mostrou disponível para colaborar com todas as entidades governativas e institucionais para contribuir para esta melhoria.

Neste sentido, quais as principais dificuldades sentidas pelo doente diabético em Portugal?

Portugal tem visto grandes melhorias nos últimos anos em relação ao tratamento da diabetes e à integração das pessoas com diabetes, porém ainda muito há a fazer para que todas as pessoas com diabetes possam ter uma qualidade de vida sustentável.

Ainda uma grande percentagem das pessoas com diabetes tipo 1 não tem acesso à Bomba de Insulina pois, apesar de em 2017 a FPAD ter contribuído para o desbloquear de um processo que permite agora que todas as crianças até aos 19 anos tenha acesso a essa terapêutica, são ainda muitos os adultos que não têm este acesso.

O acesso a consultas de especialidade ainda não é uma realidade para todos os doentes e muitos ainda percorrem cerca de 200km para a terem. Outro problema é a Formação dos profissionais de saúde.

A diabetes é uma doença muito complexa mas é inadmissível que uma pessoa com diabetes ainda não seja orientada por profissionais conhecedores desta doença, dos seus vários tipos, dos avanços terapêuticos e tecnológicos e das regras básicas de convívio com um doente crónico.

Para os pais e cuidadores ainda não existe a proteção que deveria existir, quer ao nível da educação para a saúde, do acompanhamento psicológico, integrativo, escolar. Muitos pais e cuidadores sentem-se perdidos e não há ainda uma rede de apoio sustentada que se ocupe destas pessoas. Quando um diabético é diagnosticado muito da sua vida se altera e a informação deve ser partilhada com todos assim como a sua gestão também o deve ser, sem esquecer que os familiares e cuidadores mais próximos precisam também de ajuda! Por outro lado, também a comunicação social deve ser mais instruída para que a população não seja inundada com notícias alarmantes, exageradas e pouco reais e que moldam as representações sociais acerca da pessoa com diabetes, o que não ajuda à sua integração.

Na sua opinião que áreas podem beneficiar do trabalho da FPAD? A nível institucional, o que tem de mudar, no que diz respeito ao apoio a estes doentes?

A FPAD está bastante ativa e presente na vida das suas associadas e assim na vida das pessoas com diabetes e suas famílias, através de várias atividades e ações, quer a nível nacional quer internacional. Tem vários protocolos a decorrer com outras instituições e atividades ao nível da educação/promoção e prevenção para a saúde, quer através de medidas implementadas nas suas afiliadas segundo um plano de ação comum, quer em relação à sua participação em projetos, estudos e debates com entidades decisoras, governativas, da saúde e da educação.

Todas as áreas que dizem respeito à vida da pessoa com diabetes são beneficiadas com a existência da FPAD, uma vez que representamos já alguns milhares de diabéticos numa só voz perante as entidades que podem melhorar a nossa vida e se gera uma maior partilha de conhecimentos e boas práticas!

É muito importante que o doente se torne no ator principal da gestão da sua diabetes. Para isso é importante responsabilizá-lo, e isso só é possível se este estiver cada vez mais informado e do lado do seu médico assistente e da sua equipa de diabetes haja uma maior abertura para o conhecimento e partilha. Daí muito passar pela Formação e Informação, envolvendo toda a comunidade, médica e não médica.

Que iniciativas têm sido levadas a cabo pela Federação e que projetos existem para o futuro?

Desde 2017, ano em que a nova direção tomou posse, já tivemos várias intervenções a nível institucional que culminou em grandes conquistas para as pessoas com diabetes: falamos nas Bombas de Insulina, na comparticipação de novos dispositivos, em intervenções em estudos, debates e mesas de trabalho, mas também desenvolvemos com as nossas afiliadas atividades locais e nacionais de Tertúlias, encontros, grupos de pais, seminários e oficinais em b-Learning, em temas como as emoções, a contagem de hidratos de carbono, as tecnologias ou a sexualidade, as nossas afiliadas fazem formações nas escolas e estamos atentos a toda a investigação que se faz na diabetes. A prática desportiva também é muito importante e no próximo mês iremos representar Portugal num evento internacional de promoção da prática desportiva, levando uma comitiva de 20 atletas (todos com diabetes) e 2 peritos a Spoleto, Itália. Temos também outros projetos: promoção de teatro de inclusão para crianças com diabetes, cinema de animação, formação, campos de férias para jovens adultos, participação em vários estudos, criação científica… enfim, a FPAD não tem parado e está muito ativa!

Que balanço faz do trabalho desenvolvido pela FPAD?

Ainda que nos primeiros anos de vida a FPAD se tenha batido por questões mais do foro institucional e, portanto, menos visível à comunidade em geral, agora com uma nova direção e um novo contexto, temos tido grandes vitórias e temos uma equipa a crescer e com grande vontade de trabalhar em prol desta causa, por pura convicção, pois sabemos todos na pele o que é ter esta doença, todos os minutos dos nossos dias e isto faz toda a diferença! Tem sido muito gratificante trabalhar com esta equipa e vermos os bons frutos do nosso trabalho!

Para finalizar, que mensagem gostaria de reforçar?

Gostaria de reforçar a importância da união das pessoas. Só trabalhando juntos para um mesmo fim, pelas pessoas, com honestidade e convicção se conseguem alcançar os nossos mais nobres objetivos: dar à pessoa com diabetes uma vida cada vez mais longa e com qualidade. É necessário que toda a comunidade olhe para a diabetes com outros olhos, mais atentos e informados, e que integre as pessoas com diabetes sem quaisquer preconceitos e dando as mesmas oportunidades.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Especialista
Ambientes com níveis sonoros elevados podem causar perda auditiva temporária ou permanente. Num concerto, a pressão acústica...

Se é um fervoroso adepto de festivais de verão ou concertos no geral, saiba que se ainda não o faz, está na hora de ter atenção à saúde dos seus ouvidos, isto porque, “a exposição prolongada a ambientes com níveis sonoros elevados pode causar problemas e até a perda temporária ou permanente da audição.” Quem o afirma é a audiologista Alexandra Marinho, que alerta: “é preciso cuidado quanto ao volume e tempo de exposição a sons muito altos.” Por isso, a audiologista deixa seis dicas para prevenir problemas auditivos:

1 - Evite ficar próximo de colunas.

2 - Use protetores auditivos. Para além das opções standard, existem protetores auditivos personalizados, feitos à medida do canal auditivo, sendo que ambos garantem o timbre natural do som, sem distorções.

3 - Avalie o nível de som. Existem várias apps para smartphone que permitem medir o nível de intensidade do som. Num concerto, a pressão acústica atinge facilmente níveis superiores a 110 decibéis (dB). As lesões decorrentes da exposição prolongada a estes níveis de som podem, por isso, ser uma realidade, se tivermos em conta que a partir dos 80 dB o som é já prejudicial para os nossos ouvidos.

4 - Proteja também as crianças com protetores adequados, uma vez que, nesta fase de crescimento, os seus ouvidos necessitam de proteção para evitar problemas de futuro.

5 - Hidrate-se. A água, tal como a alimentação, tem um impacto na nossa audição, pelo que não se esqueça de bebê-la frequentemente.

6 - Procure um especialista se após o concerto o zumbido persistir durante vários dias. Se após os concerto, sentir um zumbido persistente e que dure vários dias, deverá procurar um médico especialista otorrinolaringologista.

 

Dicas da OMS para reuniões saudáveis
O guia foi elaborado pela Organização Mundial da Saúde e contempla sugestões sobre como tornar as reuniões de trabalho mais...

Se uma reunião tiver menos de quatro horas, devem ser feitas pausas de hora a hora, durante três a cinco minutos, ou de duas em duas horas, por cinco a dez minutos. Nesses intervalos, os participantes devem levantar-se, fazer alongamentos e mexer-se. Se durar mais de quatro horas, então deve haver uma pausa de meia hora, para que se possa caminhar ou fazer exercícios de relaxamento ou alongamentos. A sugestão, uma de muitas do guia “Planear reuniões de trabalho saudáveis e sustentáveis”, é do Comité Regional para a Europa da Organização Mundial da Saúde (OMS), escreve o Jornal Público.

Para incentivar a atividade física, há vários formatos de reuniões que podem ser aplicados, tendo em conta a duração e o tipo de participantes. Se for uma reunião curta, pode ser feita de pé. Ou, no caso de ser entre duas pessoas apenas, a sugestão é que seja feita a caminhar. O guia da OMS acaba de ser publicado.

Sobre a alimentação, as sugestões também são muitas (e concretas). Por exemplo, “as frutas frescas e vegetais da época devem sempre ser a base” dos snacks oferecidos; podem ser disponibilizados pauzinhos em vez de talheres para fazer com que as pessoas comam menos e mais devagar; e a água deve ser servida em abundância e pode juntar-se frutas frescas ou ervas aromáticas para lhe dar sabor. Além disso, devem eliminar-se as gorduras trans ao evitar produtos processados, fritos e bolos. Ler os rótulos é essencial “para assegurar que as gorduras trans e hidrogenadas não estão entre os ingredientes”.

Em celebrações da empresa pode organiza-se um bar de saladas e servir espetadas de fruta em vez de bolachas ou bolos.

O tabaco está fora de questão e o álcool também. Mas no caso de se querer servir bebidas espirituosas, então a OMS recomenda que se restrinjam as doses a apenas uma por pessoa e a ter sempre opções sem álcool.

Distribuir a comida que sobra
Quanto à sustentabilidade das reuniões, há vários aspectos a ter em conta. O local de reunião deve ser acessível de transportes públicos e bicicleta — e podem até organizar-se videoconferências para evitar deslocações desnecessárias. Importa também limitar a quantidade de papel utilizado, evitar servir as refeições em recipientes de plástico e preferir alimentos locais e sazonais. “Se as regulamentações do país permitirem, deve colaborar-se com as organizações locais para distribuir a comida que sobra.”

“Cada reunião de trabalho é uma oportunidade de chamar a atenção — a participantes, outros trabalhadores e fornecedores de serviços — para os benefícios de uma dieta saudável, da atividade física regular e da adopção de práticas sustentáveis e que protegem o ambiente”, conclui a OMS.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) já terá aplicado as recomendações da OMS num encontro em Évora, a 29 de Junho. No site da DGS pode ler-se que durante uma conferência sobre envelhecimento ativo, foram organizadas “duas sessões de atividade física” e um “coffee break ,composto por alimentos nutricionalmente saudáveis e equilibrados, tais como sandes em pão alentejano com queijo, ovo cozido, alface, tomate e queijo fresco; espetadas de fruta; e água, sumos naturais, café e chá”.

Relatório
O Tribunal de Contas recomenda ao Governo que dê financiamento adequado às necessidades dos hospitais e que zele para reduzir a...

Um relatório do Tribunal de Contas, recomenda aos ministros da Saúde e das Finanças que adeque “os níveis de financiamento às necessidades efetivas de produção dos centros hospitalares, de modo a interromper a expectativa que tem sido gerada nos conselhos de administração quanto a financiamentos extraordinários, cíclicos”.

Estes reforços, entende o Tribunal de Contas, têm sido feitos através de dotações de capital ou reforço de verbas destinados a pagamentos de dívidas aos fornecedores e “não têm contribuído para a redução da tendência de endividamento do Serviço Nacional de Saúde”.

O documento dá conta dos resultados de uma auditoria às práticas de gestão no Centro Hospitalar Lisboa Norte e no Centro Hospitalar de São João, no Porto, que analisou as estruturas de gestão e os resultados obtidos pelos dois centros hospitalares.

O Tribunal de Contas diz que o reforço de verbas destinados a pagar dívidas não têm servido para reduzir o endividamento nem o equilíbrio das contas dos hospitais, “em particular do Centro Hospitalar de Lisboa”, que é composto pelos hospitais Santa Maria e Pulido Valente.

O relatório recomenda ao Governo que dê “orientações claras e efetivas para contenção de práticas reiteradas de financiamento da atividade do SNS (…), através da acumulação de dívida aos fornecedores”.

Devem, assim, ser definidas metas objetivas de redução de montantes e do prazo médio de pagamentos, “em especial” para o Centro Hospitalar Lisboa Norte.

Ainda quanto ao reforço de verbas, o Tribunal entende que deve haver critérios mais transparentes na atribuição de financiamento extraordinário aos hospitais, lembrando que o Centro Hospitalar Lisboa Norte recebeu em 2014, 2015, 2016 um financiamento superior em 23% ao que foi atribuído ao Centro Hospitalar de São João.

Ainda assim, segundo o relatório, o desempenho do São João é mais favorável na generalidade dos indicadores analisados.

O São João apresentou custos operacionais inferiores (menos 211 milhões de euros, ajustados por doente padrão, entre 2014 e 2016), conseguindo produzir “mais cuidados de saúde com as instalações e equipamentos de que dispõe”.

Os utentes do São João esperaram, em média, menos tempo pela realização de consultas e de cirurgias.

Tribunal de Contas
O Centro Hospitalar de São João, no Porto, consegue produzir mais cuidados de saúde, com menos tempos de espera e com custos...

As conclusões constam de um relatório de uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas e que foi orientada para as práticas de gestão no Centro Hospitalar Lisboa Norte e no Centro Hospitalar de São João, no Porto, tendo sido analisadas comparativamente as estruturas de gestão e os resultados obtidos no triénio 2014-2016.

Segundo o relatório, “se o Centro Hospitalar Lisboa Norte alcançasse custos por doente padrão iguais aos do Centro Hospitalar de São João, teria obtido [em 2014-2016] uma poupança de 211 milhões de euros”.

Este valor seria suficiente para o Estado financiar, por exemplo, a realização de três milhões de consultas externas ou o tratamento de 30 mil doentes com hepatite C.

Um doente tratado na unidade de Lisboa ficou em média 26% mais caro do que no São João, mas ainda assim, as diferenças entre os dois centros hospitalares ao nível de custos por doente têm vindo a diminuir.

Entre 2014 e 2016, o Centro Hospitalar de São João apresenta custos operacionais inferiores e consegue produzir mais cuidados de saúde com as instalações e equipamentos de que dispõe.

Por exemplo, o São João produz por dia mais 35 TAC e mais 13 ressonâncias magnéticas do que o Lisboa Norte. Realizou ainda em 2014, 2015 e 2016 mais 74% de cirurgias do que o Lisboa Norte

Os utentes do São João esperam em média menos tempo para consultas (menos oito dias) e para cirurgias (menos 28 dias) do que os do Centro Hospitalar Lisboa Norte, que integra o Santa Maria e o Pulido Valente.

Mas a unidade de Lisboa teve melhor desempenho no cumprimento dos tempos de espera do serviço de urgência geral, ainda assim com utentes com menor nível de urgência do que os do São João.

O Tribunal de Contas salienta que a gestão do Centro Hospitalar de São João assenta em estruturas de gestão intermédias, com maior autonomia e com atuação mais proativa.

O São João revela ainda sistemas de informação de gestão que permitem um conhecimento mais rigoroso e ao momento dos custos operacionais e um conhecimento mais preciso das necessidades de financiamento.

Quanto aos pagamentos de dívidas, no Centro Hospitalar Lisboa Norte o prazo médio “ultrapassa, em muito, os 12 meses”. No São João, “pouco tem ultrapassado os três meses”.

Relatório revela
A dívida do Centro Hospitalar Lisboa Norte cresceu quase sete milhões por mês em 2017, com o Tribunal de Contas a considerar...

Segundo o relatório de uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas, entre dezembro de 2016 e novembro de 2017, a dívida do Centro Hospitalar, que integra o Santa Maria e o Pulido Valente, cresceu a um ritmo de quase sete milhões ao mês, “superior ao verificado em qualquer outro período similar, desde 2014”. O documento refere que os “esforços de recuperação económico-financeira” não estão a obter os resultados esperados.

Esta auditoria foi realizada antes da injeção de capital por parte do Estado nos hospitais decidida pelo Governo no final do ano passado.

O Tribunal de Contas refere que uma “parte substancial” do financiamento atribuído ao Centro Hospitalar Lisboa Norte “não teve contrapartida em cuidados de saúde prestados”, servindo para financiar as “ineficiências” e para fazer face “ao contínuo crescimento da dívida aos fornecedores”.

Em sede de contraditório, o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte referiu ao Tribunal de Contas que em março deste ano o valor da dívida “reduziu-se por força do aumento de capital, entretanto ocorrido”, esperando que no segundo semestre deste ano se verifique um cenário idêntico ao do primeiro semestre.

Ainda assim, o Tribunal de Contas refere que “as dívidas a fornecedores são um problema por resolver no Centro Hospitalar Lisboa Norte” e, considera que, independentemente das verbas dadas a título extraordinário, o ritmo de crescimento da dívida no ano passado “demonstra que o pagamento do ‘stock’ da dívida acumulada não resolverá o problema da necessidade de conter novos crescimentos do valor da dívida”.

O Tribunal de Contas já tinha avisado que há um “desequilíbrio estrutural acentuado” no Centro Hospitalar Lisboa Norte, que tem vindo a ser coberto por aumentos de capital da parte do Estado, mas que não têm contrapartida direta na prestação de cuidados.

O Tribunal de Contas entende que o Centro Hospitalar Lisboa Norte “tem evidenciado uma estrutura de endividamento totalmente dependente de fundos alheios”, o que o coloca “em falência técnica”.

Há ainda uma “clara subutilização dos equipamentos” neste Centro Hospitalar, um dos maiores do país.

Esta auditoria do Tribunal de Contas foi orientada para as práticas de gestão no Centro Hospitalar Lisboa Norte e no Centro Hospitalar de São João, no Porto, tendo sido analisadas comparativamente as estruturas de gestão e os resultados obtidos.

Em relação ao São João é referido que este centro hospitalar apresentou entre 2014 e 2016 uma “deterioração” de solvabilidade, mas apresenta fundos próprios suficientes para cobrir os créditos obtidos.

Comparando as duas estruturas, o Tribunal indica que, “se o Centro Hospitalar Lisboa Norte alcançasse custos por doente padrão iguais aos do Centro Hospitalar de São João, teria obtido [em 2014-2016] uma poupança de 211 milhões de euros”.

Este valor seria suficiente para o Estado financiar, por exemplo, a realização de três milhões de consultas externas ou o tratamento de 30 mil doentes com hepatite C.

EUA
O presidente norte-americano, Donald Trump, defendeu o uso de leite em pó, depois de uma reportagem acusar os Estados Unidos de...

Publicada pelo jornal "The New York Times", a reportagem diz que os representantes norte-americanos, numa reunião anual da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Genebra no mês de maio, tentaram eliminar um trecho da resolução sobre alimentação de bebés e crianças pequenas.

O trecho, segundo o Sapo, convidava os estados-membros a "proteger, promover e apoiar" o aleitamento materno localmente.

Os norte-americanos teriam feito pressão sobre o Equador a fim de que o país deixasse de propor a resolução. Caso os equatorianos tivessem renunciado, a Rússia teria sugerido uma resolução parecida com a de Quito.

Frase aprovada
A frase foi finalmente aprovada e figura num documento disponível na internet. "O artigo do New York Times sobre o aleitamento deve ser denunciado. Os Estados Unidos apoiam profundamente o aleitamento, mas nós pensamos que as mulheres não devem ser impedidas de usar o leite em pó. Muitas mulheres precisam dessa opção, devido à desnutrição e à pobreza", escreveu Donald Trump na sua conta no Twitter.

O Departamento de Estado americano qualificou como "falsa" a ideia de que Washington teria ameaçado um país parceiro. Entretanto, um representante diplomático concordou que os Estados Unidos estimam que "a resolução, tal como está redigida, convoca os Estados a colocar obstáculos às mães que gostariam de alimentar os seus filhos".

"Nem todas as mães podem amamentar por várias razões", adicionou o representante.

O Equador, por sua vez, diz ter lutado para que a resolução fosse aprovada. "Nós nunca sucumbimos aos interesses particulares ou comerciais, nem a nenhum outro tipo de pressão", declarou a ministra da Saúde, Veronica Espinosa.

Aleitamento materno exclusivo
A OMS incentiva o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida do bebé e o parcial quando a criança tem entre seis meses e dois anos ou mais, especialmente em países pobres, onde as mulheres amamentam mais frequentemente e durante mais tempo que nos países desenvolvidos.

Em 2015, o mercado do leite em pó foi avaliado em 47 mil milhões de dólares, segundo a Euromonitor International.

 

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Quatro distritos de Portugal continental apresentam hoje risco extremo de exposição à radiação ultravioleta e o resto do país...

Em risco extremo estão os distritos da Guarda, Portalegre, Évora e Beja, pelo que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) recomenda que nestas regiões se evite o mais possível a exposição ao sol.

O IPMA colocou também em risco muito elevado os distritos de Vila Real, Bragança, Viana do Castelo, Braga, Porto, Viseu, Aveiro, Coimbra, Castelo Branco, Leiria, Santarém, Lisboa, Setúbal e Faro no continente, o arquipélago da Madeira e as ilhas das Flores, Faial, Terceira e São Miguel nos Açores.

Para as regiões com risco muito elevado e elevado, o IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro ultravioleta (UV), chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre 1 e 2, em que o risco de exposição à radiação UV é baixo, 3 a 5 (moderado), 6 a 7 (elevado), 8 a 10 (muito elevado) e superior a 11 (extremo).

O IPMA prevê para hoje no continente céu pouco nublado ou limpo, apresentando-se em geral muito nublado no litoral oeste até meio da manhã, podendo persistir em alguns locais da faixa costeira.

Durante a tarde, está previsto um aumento de nebulosidade nas regiões do interior Norte e Centro com condições favoráveis à ocorrência de aguaceiros e trovoada.

A previsão aponta ainda para vento fraco a moderado do quadrante oeste, soprando moderado de nordeste nas terras altas do interior Norte e Centro até ao início da manhã e neblina ou nevoeiro matinal.

As temperaturas mínimas no continente vão variar entre os 16 graus Celsius (em Beja) e os 19 (em Faro, Lisboa, Castelo Branco e Aveiro) e as máximas entre os 25 (no Porto e em Viana do Castelo) e os 36 graus (em Castelo Branco).

Para o arquipélago da Madeira o IPMA prevê períodos de céu muito nublado e vento fraco a moderado do quadrante norte, sendo do quadrante oeste nas terras altas.

No Funchal e no Porto Santo as temperaturas vão oscilar entre os 20 e os 25 graus Celsius.

No grupo ocidental dos Açores (Flores e Corvo) prevê-se céu muito nublado com boas abertas e vento fraco a bonançoso de nordeste.

Para o grupo central (Graciosa, Faial, Pico, Terceira e São Jorge) prevê-se céu muito nublado com boas abertas, possibilidade de aguaceiros fracos e vento fraco.

O IPMA prevê para hoje no grupo oriental (São Miguel e Santa Maria) céu muito nublado com boas abertas, possibilidade de aguaceiros fracos e vento fraco a bonançoso de leste, rodando para nordeste moderado.

Em Santa Cruz das Flores as temperaturas vão oscilar entre 20 e 25 graus Celsius, na Horta entre 19 e 25 e em Angra do Heroísmo e São Miguel entre os 18 e os 24.

Estudo
Cientistas do Instituto Gulbenkian de Ciência afirmam num novo estudo ter descoberto como se formam diferentes tipos de cílios...

Na investigação publicada no boletim Nature Cell Biology, a equipa conseguiu perceber como é que as células usam os mesmos materiais biológicos de formas diferentes para dar funções diversas aos cílios, que recebem sons, cheiros, luz e podem também ajudar as células a mover-se, como no caso dos espermatozoides.

A coordenadora do estudo, Mónica Bettencourt-Dias, afirmou que a descoberta pode explicar doenças genéticas chamadas ciliopatias, que acontecem em apenas alguns tecidos com cílios.

"Muitos componentes importantes à construção dos alicerces dos cílios estão presentes em diferentes proporções e diferentes alturas no espaço e tempo, apenas em alguns tecidos e não em outros, as suas mutações, que acontecem nas doenças genéticas, só mostrarão sintomas alguns dos tecidos", afirmou a investigadora.

Por exemplo, uma pessoa pode ser cega sem ser infértil ou ser infértil sem ser obeso.

Na investigação foram recolhidas imagens com super-resolução para conseguir ver os cílios, que são 100 vezes mais pequenos que a ponta de um cabelo.

 

Estudo
Uma equipa de investigadores da Universidade Autónoma de Barcelona encontrou a cura para a obesidade e para diabetes tipo 2 em...

O estudo foi apresentado pela equipa de investigação numa conferência de imprensa realizada hoje no campus da Universidade Autónoma de Barcelona (UAB) em Bellaterra, onde o grupo de investigadores, liderado pela professora Fátima Bosch, esteve presente.

Com a introdução, numa única injeção, de um vetor viral adeno-associado (AAV) portador do gene FGF21, Fator de Crescimento de Fibroblastos 21, que permite a manipulação genética do fígado, tecido adiposo ou músculo-esquelético, o animal produz continuamente a proteína FGF21.

Trata-se de uma hormona produzida naturalmente por vários órgãos e que atua em muitos tecidos para regular o funcionamento correto no nível de energia, induzindo assim a sua produção por terapia genética, e levando a que o animal reduza o seu peso assim como a resistência à insulina.

No que diz respeito à obesidade, a terapia aplicada através do projeto de pesquisa foi testada com sucesso em dois modelos da doença, induzidos tanto geneticamente como por dieta.

Os investigadores perceberam que a administração da terapia genética em indivíduos saudáveis causa igualmente um envelhecimento mais saudável e protege-os do excesso de peso e resistência à insulina relacionados com a idade.

Após o tratamento com AAV-FGF21, e durante o ano e meio em que os animais foram seguidos, os ratos perderam peso e reduziram o acúmulo de gordura e a inflamação no tecido adiposo.

A deposição de gordura (esteatose), a inflamação e fibrose no fígado (NASH) também foram neutralizadas, enquanto a sensibilidade à insulina e a saúde geral aumentaram à medida que envelheceram, sem terem sido observados efeitos colaterais.

A partir de todo o processo, os resultados foram reproduzidos pela manipulação genética de vários tecidos para produzir a proteína FGF21, seja o fígado, o tecido adiposo ou o músculo.

“Isso dá uma flexibilidade muito grande à terapia, já que permite selecionar o tecido mais apropriado e, caso haja alguma complicação que previna a manipulação de qualquer um dos tecidos, pode ser aplicada a qualquer um dos outros", disse a professora responsável pelo estudo.

Fátima Bosch acrescentou que quando um desses tecidos produz a proteína FGF21 e a coloca na corrente sanguínea, a mesma é distribuída por todo o corpo e destacou a relevância dos resultados perante o aumento dos casos de diabetes tipo 2 e da obesidade em todo o mundo.

Segundo os investigadores, a obesidade aumenta o risco de mortalidade e representa um fator de risco para doenças cardiovasculares, doenças imunes, hipertensão, artrite, doenças neurodegenerativas e alguns tipos de cancro.

"Esta é a primeira vez que a obesidade e a resistência à insulina a longo prazo foram neutralizadas pela administração de uma única sessão de terapia genética no modelo animal, que mais se assemelha à obesidade e diabetes tipo 2 em humanos", explicou a primeira signatária do artigo, a pesquisadora da UAB Verónica Jiménez.

Os resultados do estudo mostram também como a administração de terapia genética tem um efeito protetor contra o risco de formação de um tumor quando o fígado é submetido a uma dieta altamente calórica por um longo período de tempo.

ASAE
A ASAE anunciou hoje que instaurou 75 processos de contraordenação a operadores que desenvolvem a sua atividade económica em...

Nesta operação, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) fiscalizou 446 operadores económicos e detetou 75 infrações, que correspondem a uma taxa de incumprimento de 17%.

Entre as principais infrações detetadas estão o incumprimento de procedimentos relacionados com o protocolo de segurança alimentar, a falta de licenciamento/registo ou mera comunicação prévia, o incumprimento de requisitos de higiene ou dos relativos a infraestruturas dos estabelecimentos de restauração e bebidas, a falta ou incorreções da lista de preços e o desrespeito pela regulamentação das vendas com redução de preço.

Nesta operação foram também apreendidas 10.482 unidades de gelados, por uso indevido da menção "artesanal", um instrumento de pesagem, por falta de controlo metrológico, e 21 quilogramas de moluscos bivalves vivos.

“As apreensões ascendem ao montante que ronda os 18 mil euros”, destacou a entidade, salientando que se verificou ainda a suspensão da atividade de um apoio de praia pela falta de requisitos de higiene e de uma empresa de animação turística, por inexistência de licença/registo.

A ação de fiscalização foi direcionada aos operadores económicos que desenvolvem a sua atividade económica junto às áreas balneares, designadamente apoios de praia, empresas de animação turística, atividades marítimo-turísticos e geladarias.

A operação decorreu a nível nacional e contou com a participação da ASAE, da Inspeção Regional das Atividades Económicas, da região Autónoma dos Açores e da Autoridade Regional das Atividades Económicas da Região Autónoma da Madeira.

Na vertente dos apoios de praia, a operação decorreu também, em simultâneo, em diversos países membros do Fórum das Inspeções de Segurança Alimentar e Atividades Económicas dos países da CPLP, designadamente IGA (Angola), ARFA e IGAE (de Cabo Verde), IGAC (Guiné Bissau), INAE (Moçambique), DNIAE (São Tomé e Príncipe) e AIFAESA (Timor-Leste).

 

Estudo
Quase 400 adultos saudáveis e 72 macacos foram sujeitos a testes de uma vacina experimental anti-VIH. A vacina provocou...

Estima-se que cerca de 37 milhões de pessoas no mundo vivam com VIH e que haja 1,8 milhões de novos casos de infecção no mundo a cada ano. Contudo, ainda não existe uma vacina que evite a infecção deste vírus. Esforços não têm faltado e a última edição da revista The Lancet traz novidades. Uma vacina experimental contra o VIH-1 teve respostas imunitárias “robustas” contra o vírus em adultos saudáveis. Observou-se ainda que protegeu macacos Rhesus de um vírus semelhante ao VIH. Neste momento, já decorre uma nova fase do ensaio clínico para se perceber se esta vacina experimental consegue proteger os humanos do VIH.

“Embora as terapias anti-retrovirais sejam um sucesso tanto para o tratamento como para a prevenção da infecção do VIH-1, uma vacina segura e eficaz seria necessária para alcançar o fim prático e duradouro da pandemia global de VIH-1”, escrevem os autores logo no início do artigo científico. Contudo, são muitos os desafios a enfrentar, como a grande diversidade genética do vírus. Quanto às vacinas, os cientistas também identificam no artigo o principal problema: “A maior limitação no campo da vacinação do VIH-1 até à data tem sido a falta de comparabilidade direta entre os estudos pré-clínicos e os ensaios clínicos, em termos de vacinas, regimes, programas e análises usadas.”

Nos últimos 35 anos, apenas quatro abordagens de uma vacina do VIH foram testadas em humanos e só uma provou ter alguma eficácia na proteção contra o vírus. Testada na Tailândia durante três anos, os resultados da vacina experimental RV 144 contra o vírus da sida foram apresentados em 2009. Na altura, os resultados dividiram os especialistas e, no comunicado da The Lancet sobre este recente trabalho, destaca-se que a vacina RV 144 “reduziu a taxa de infecção humana em 31%, mas o efeito foi considerado demasiado baixo para que se avançasse para o uso comum da vacina.”

Agora, uma equipa liderada por Dan Barouch, da Faculdade de Medicina de Harvard (Estados Unidos), desenvolveu uma nova candidata a vacina contra o VIH-1. “A vacina contém um mosaico criado a partir de muitas estirpes de VIH e tem antigenes do VIH Env/Gag/Pol, distribuídos através de um vírus comum não-replicante (Ad26)”, refere-se no comunicado.

Para o estudo, entre Fevereiro e Outubro de 2015, foram recrutados 393 adultos (entre os 18 e os 50 anos) saudáveis e sem VIH de 12 clínicas do Leste africano, África do Sul, Tailândia e dos Estados Unidos. Nesse período, esses voluntários receberam aleatoriamente uma de sete combinações de vacinas ou um placebo. Em 48 semanas, foram sujeitos a quatro vacinações.

Os resultados mostram que todos os regimes de vacinação testados (dos sete existentes) são capazes de gerar uma resposta imunitária contra o VIH. Os efeitos secundários mais comuns nos participantes foram dores leves a moderadas no sítio da injeção, que variou entre 69% e 88% entre os grupos que receberam os regimes de vacinação e de 49% no grupo que foi sujeito ao placebo. Apenas cinco participantes relataram efeitos mais adversos como dor abdominal, diarreia, indisposição ou dores nas costas.

Cautela nas interpretações
Num outro estudo, a mesma equipa testou a vacina experimental em 72 macacos Rhesus ,(Macaca mulatta) ,para perceber se protegia estes símios do SHIV, um vírus que é uma combinação de genes do VIH e do SIV (a versão deste vírus em símios). “A vacina deu 67% de protecção contra esse vírus nos macacos”, refere Dan Barouch. Ou seja, cerca de dois terços dos macacos ficaram protegidos.

“Este estudo demonstra que o mosaico Ad26/Env da vacina candidata contra o VIH provocou respostas imunitárias robustas e comparáveis em humanos e macacos”, resume ao jornal Público Dan Barouch. “Todos os regimes de vacinação demonstraram confiança favorável e tolerabilidade”, assinala-se no artigo.

Estes resultados levaram a uma nova fase do ensaio clínico: o ensaio de eficácia chamado “HVTN705”, que irá determinar se a vacina protege os humanos de adquirirem VIH. Neste momento, essa nova fase já começou e a vacina está a ser testada em 2600 mulheres em situação de risco nos países do Sul de África. Mas Dan Barouch avisa que só haverá resultados em 2021 ou 2022.

“Estes resultados representam um marco importante”, considera o cientista. Mas, ao mesmo tempo, adverte: “Precisamos de ser cautelosos na interpretação destes resultados, porque não sabemos se a protecção nos macacos poderá ser transferida para os humanos.” Além disso, apesar de se ter observado respostas imunitárias nos humanos, não quer dizer que fiquem protegidos do vírus e ainda se sabe muito pouco sobre o mecanismo de protecção observado.

Num comentário na mesma revista, George Pavlakis e Barbara Felber, do Instituto Nacional do Cancro em Frederick (Estados Unidos), também destacam a importância de uma vacina para o VIH: “Novas abordagens de vacinas estão em desenvolvimento e podem progredir para ensaios eficazes, o que é um processo importante, uma vez que o desenvolvimento de uma vacina contra a sida é urgente. Embora haja avanços inéditos no tratamento do VIH e na profilaxia, o número de pessoas a viver infectadas com VIH continua a aumentar no mundo.” Por isso mesmo, consideram que Dan Barouch e a sua equipa já deram uma ajuda para que um dia esse objectivo seja atingido.

Sociedade Portuguesa de Reumatologia
A Sociedade Portuguesa de Reumatologia relembra que, embora algumas patologias do foro reumático se manifestem maioritariamente...

Desde sempre que se tem associado o conjunto de doenças reumáticas à população mais envelhecida. Em parte, esta associação pode estar correta, por exemplo, no caso da Osteoporose, que está ligada à perda de massa óssea intrínseca à idade e às alterações hormonais por ela causadas. No entanto, estas doenças podem surgir nas mais variadas alturas da vida, sendo que as Artrites Idiopáticas Juvenis, por exemplo são, tal como o nome indica, típicas da infância e juventude.

Por causa do desconhecimento e falsas assunções sobre estas patologias, grande parte dos doentes encontrasse subdiagnosticada, o que representa uma ameaça para a saúde, uma vez que o atraso no diagnóstico e tratamento vai comprometer em muito o prognóstico. Na verdade, apesar de mais de metade dos portugueses apresentar pelo menos um sinal de doença reumática, pouco mais de 20% têm um diagnóstico ou estão a ser seguidos por um especialista.

Esta situação é grave na medida em que, embora não haja cura, o tratamento adequado proporciona uma melhoria dos sintomas e uma evolução mais positiva da doença. O facto de se associar estas doenças aos idosos e de sobre elas haver um enorme nível de iliteracia por parte dos portugueses, leva a uma desvalorização generalizada de sinais e sintomas típicos.

A Artrite Reumatóide, que tem uma prevalência muito representativa no nosso país, surge normalmente entre os 30 e os 50 anos, limitando em muitos aspetos a vida de quem com ela vive diariamente. O LES (Lúpus Eritematoso Sistémico), mais comum no sexo feminino, tende a afetar indivíduos entre os 20 e os 30 anos.

A Espondilartrite Anquilosante, por sua vez inicia-se de forma geral durante a juventude, entre os 15 e os 30 anos. É, como tal, da maior importância que se comece a dar visibilidade a este problema, que afeta cada vez mais pessoas em idade produtiva, permitindo-lhes uma integração numa sociedade que ainda entende estas doenças como típicas de idosos.

A prevalência deste tipo de patologias que surgem na juventude ou no início da vida adulta vem provar que tem de haver uma mudança de mentalidade no que às doenças reumáticas diz respeito. A Sociedade Portuguesa de Reumatologia reforça, por isso, a importância da valorização dos sintomas, ainda que sucedam em pessoas jovens. Nunca é demasiado cedo para evitar os fatores de risco associados a estas doenças e começar a pensar mais na saúde!

Doença coronária pode ocorrer durante todo o ano
A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular vai promover uma campanha de sensibilização para a prevenção da doença...

“Mesmo em tempo de férias, é preciso manter os cuidados regulares com o coração, praticar exercício físico, evitar o álcool, não fumar e controlar a alimentação, optando por não consumir em excesso alimentos ricos em açúcar e gordura. As pessoas não devem abusar só porque estão de férias, colocando assim o coração em risco”, explica João Brum Silveira, presidente da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC).

O cardiologista refere ainda que “As principais doenças coronárias, como o enfarte agudo do miocárdio, ocorrem durante todo o ano, e o verão não é uma exceção. Isso obriga-nos a manter o nosso alerta para a importância de um estilo de vida saudável, como forma de prevenção e proteção da saúde do coração, mas também queremos que as pessoas continuem a valorizar e reconhecer os sintomas a que devem estar atentas, como a dor no peito, por vezes com irradiação ao braço esquerdo, costas e pescoço, acompanhada de suores, náuseas, vómitos, falta de ar e ansiedade. Neste tipo de situação deve-se ligar imediatamente para o número de emergência médica – 112 e esperar pela ambulância que estará equipada com aparelhos que registam e monitorizam a atividade do coração e permitem diagnosticar a presença de um enfarte, por exemplo”.

A doença coronária carateriza-se pela acumulação de depósitos de gordura no interior das artérias que fornecem sangue ao coração. Esses depósitos causam um estreitamento ou obstrução das artérias o que provoca uma diminuição dos níveis de oxigénio e nutrientes que chegam às células do músculo cardíaco. As principais doenças coronárias são a angina de peito e o enfarte agudo do miocárdio.

A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), uma entidade sem fins lucrativos, tem por finalidade o estudo, investigação e promoção de atividades científicas no âmbito dos aspetos médicos, cirúrgicos, tecnológicos e organizacionais da Intervenção Cardiovascular. Para mais informações consulte: www.apic.pt.

 

Nutricionistas saúdam governo pela implementação de ferramenta contra a desnutrição no SNS
A Ordem dos Nutricionistas saúda o Ministério da Saúde pela publicação do despacho que determina a obrigatoriedade da avaliação...

O despacho, publicado esta sexta-feira, 6 de julho, responde a uma proposta feita pela Ordem dos Nutricionistas, em 2016, para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Neste sentido em 2017 o Ministério da Saúde criou um grupo de trabalho com o objetivo de garantir o fornecimento de uma alimentação nutricionalmente adequada. Este grupo teve a incumbência de elaborar as recomendações para a avaliação do risco nutricional.

“Este despacho é mais uma vitória para a saúde dos portugueses e espelha o trabalho que os nutricionistas têm vindo a desenvolver na luta contra a desnutrição hospitalar”, afirma Alexandra Bento, Bastonária da Ordem dos Nutricionistas.

A partir de agora, todos os hospitais devem aplicar ferramentas de identificação do risco nutricional, desenvolver um modelo uniforme de identificação deste risco, e promover o suporte nutricional adequado à recuperação dos doentes. Todos estes processos deverão ser realizados com trabalho de equipa entre os diferentes profissionais.

Para Alexandra Bento “se a desnutrição for precocemente diagnosticada e fizermos uma intervenção nutricional atempada, vamos reduzir complicações, tempos de internamento e custos.”

A Ordem dos Nutricionistas tem vindo a alertar para a necessidade de implementação efetiva do rastreio do risco nutricional em doentes internados, considerando que a desnutrição é um grave problema de saúde, com implicações na recuperação, na duração do internamento e nos seus custos associados.

Recorde-se que, em junho, a Ordem lançou uma Norma de Orientação Profissional (NOP) para avaliar o estado nutricional das crianças nos hospitais e intervir adequadamente, lembrando que mais de metade destes utentes em internamento hospitalar poderão estar em risco nutricional.

Já esta semana, o governo publicou um outro despacho que estipula que todas as unidades de saúde do SNS deverão ter um serviço de nutrição.

 

Saiba tudo
As varizes produzem-se quando, por alguma razão, as veias dos membros não são capazes de reconduzir
Pernas de mulher a ilustrar as varizes

Circulação venosa dos membros inferiores

Os membros inferiores contam com dois sistemas venosos: o sistema venoso profundo, que é o mais importante e é formado por uma série de veias que circulam entre as massas musculares e o sistema venoso superficial, que compreende outras veias situadas imediatamente por baixo da pele. Ambos os sistemas estão ligados por um conjunto de vasos, as veias comunicantes, que se originam no sistema venoso superficial, passam por entre as massas musculares e terminam no sistema venoso profundo, conduzindo o sangue apenas num único sentido. Desta forma, as veias superficiais escoam o seu conteúdo para as veias profundas, que levam o sangue para a veia cava, de modo a que prossiga o seu percurso para o coração. Quando nos deitamos, o sangue que se encontra no interior dos vasos venosos dos membros inferiores não encontra dificuldades para regredir para o coração, porque a pressão a que circula, embora seja baixa, é superior à que existe no interior da aurícula direita em determinados momentos do ciclo cardíaco - o sangue destas veias é simplesmente aspirado pelo coração. No entanto, quando nos levantamos, a força da gravidade representa um obstáculo para o regresso do sangue dos membros inferiores ao coração. É então que ganha importância um outro mecanismo considerado como "bomba venosa": o vigor muscular e a contracção intermitente das massas musculares dos membros inferiores ao estar de pé e ao caminhar impulsionam o sangue em direcção ao coração. Além disso, as veias dos membros inferiores contam no seu interior com válvulas de forma semiesférica que garantem, em condições normais, através dos vasos comunicantes, a circulação do sangue no sentido ascendente do sistema venoso superficial para o profundo.

Tipos de varizes

As varizes podem adoptar várias formas, consoante a sua gravidade e a sua localização.

  • Varícolas

​São dilatações das finas vénulas superficiais dos membros inferiores, que se apresentam como uma rede de pequenas linhas de tonalidade avermelhada ou roxo-azulada e não provocam manifestações nem complicações.

  • Varizes serpentinas

As dilatações das veias adoptam uma forma sinuosa. Constituem a forma mais habitual do problema, nas fases mais avançadas e produzem-se quando, devido ao grande volume de sangue que se acumula no sistema venoso superficial, as veias dilatam, alargam e descrevem sinuosidades.

  • Varizes saculadas

As dilatações venosas são mais pequenas e circunscritas, adoptam a forma de um saco ou globo e localizam-se na zona mais próxima das virilhas.

  • Varizes cilíndricas

As veias afectadas dilatam-se, mas não se alargam, adoptando assim uma forma tubular que provoca um relevo na pele, mas que não descreve sinuosidades.

Segundo a causa desta incapacidade venosa nos membros inferiores, distinguem-se três tipos de varizes: as primárias, as secundárias e as que aparecem ao longo da gravidez.

Varizes primárias

Constituem o tipo mais comum, provocadas por uma insuficiência nas válvulas venosas devido a factores nem sempre conhecidos. A insuficiência valvular localiza-se, sobretudo, no sistema venoso profundo ou nos vasos comunicantes. Caso a insuficiência ocorra no sistema venoso profundo, o sangue, devido à força da gravidade, tende a penetrar nos vasos comunicantes no sentido inverso e desagua no sistema superficial, provocando a dilatação das suas veias. Existem diversas circunstâncias que aparentemente favorecem esta insuficiência valvular. A mais provável é uma predisposição genética, que provoca a debilidade constitucional das paredes das veias dos membros inferiores. A obesidade e a permanência em pé durante algumas horas por dia, como é típico em algumas actividades profissionais, também podem ser responsáveis pelo problema. Habitualmente, esta patologia apresenta-se nos membros inferiores.

Varizes secundárias

Neste caso, o problema deve-se à obstrução total ou parcial do fluxo sanguíneo do sistema venoso profundo, em que o sangue apenas pode regressar ao coração pelo sistema venoso superficial, que acaba por se dilatar. Na prática, as varizes secundárias costumam constituir a sequela de uma tromboflebite de uma veia profunda dos membros inferiores. Nestes casos, normalmente, as varizes apenas comprometem um dos membros inferiores.

Varizes da gravidez

Aproximadamente cerca de 50% das mulheres grávidas evidenciam, durante os últimos meses de gestação, um certo grau de dilatação das veias superficiais dos membros inferiores, embora estas varizes tendam a desaparecer após o parto. O problema é provocado por um duplo mecanismo. Por um lado, o crescimento do útero provoca a compressão das veias abdominais que drenam o sangue proveniente dos membros inferiores, o que dificulta a subida do sangue para o coração. Por outro lado, ao longo da gravidez, o organismo feminino segrega consideráveis quantidades de progesterona, uma hormona que, entre outros efeitos, provoca o relaxamento das paredes venosas. As varizes da gravidez costumam afectar os dois membros inferiores.

Sintomas das varizes

A manifestação mais característica corresponde à própria presença das varizes, facilmente perceptíveis como proeminências azuladas ou negras, imediatamente por baixo da pele. A sua localização mais frequente é à volta dos tornozelos, na barriga da perna e na face interna das pernas e das coxas. As varizes podem dilatar-se e tornar-se mais proeminentes com a passagem dos anos. De início, não são muito evidentes e apenas aparecem após uma longa permanência de pé, em dias de muito calor e nos dias anteriores à menstruação. Além disso, normalmente, nas primeiras fases da sua evolução, desaparecem quando nos deitamos com as pernas elevadas e após o sono. Mais adiante, costumam estabelecer-se de forma permanente e praticamente já não se reduzem. Por vezes, são acompanhadas por alguns sinais e sintomas, entre os quais destacam-se a sensação de fadiga ou dor nas pernas e nos pés. Um dado relevante é que a intensidade destes sintomas não está relacionada com o grau de dilatação das varizes: de facto, existem varizes muito desenvolvidas que são pouco assintomáticas, enquanto que outras varizes, embora não tão perceptíveis, provocam uma grande fadiga nos membros inferiores. De qualquer forma, estes sintomas costumam, mais tarde ou mais cedo, manifestar-se em quase todos os casos e tendem a intensificar-se com os anos. Outros sintomas frequentes são a sensação de pernas pesadas e ardor nas zonas da pele que revestem as varizes.

Complicações das varizes

Nas fases mais avançadas, como resultado da dificuldade existente no escoamento venoso dos membros inferiores, é habitual surgirem alterações tróficas da pele e faneras, facto que se pode traduzir em várias complicações. Uma das mais habituais é o inchaço das pernas e dos pés, devido a uma infiltração de líquido (edema), que se costuma evidenciar especialmente ao final do dia. O défice de irrigação costuma normalmente provocar a atrofia progressiva da pele, que se torna seca e frágil, ao mesmo tempo que vai adoptando uma tonalidade acastanhada, o que faz com que qualquer fricção (por exemplo, devido ao roçar nos bordos dos sapatos), em fases mais avançadas, possa provocar lesões cutâneas. Nesta altura, é provável que se produza erosão da pele, uma úlcera varicosa que, normalmente, se localiza por cima do tornozelo e tem uma tonalidade avermelhada ou azulada. Trata-se de uma lesão rebelde ao tratamento, pois tende a não cicatrizar com facilidade.

Tratamento das varizes

O tratamento inclui uma série de medidas com o objectivo de aliviar os sintomas e travar a evolução do problema e técnicas mais específicas para solucionar o problema quando este já estiver muito avançado.

Tratamento conservador

Uma das medidas mais importantes é a utilização de meias elásticas de contenção para reduzir o inchaço e a dilatação venosos. É muito importante que o médico indique ao paciente o tipo de meia elástica mais conveniente para o seu caso em particular e explique detalhadamente a sua forma de utilização. Normalmente, as meias elásticas devem colocar-se imediatamente após acordarmos e antes de nos levantarmos da cama, mantendo as pernas elevadas para que as varizes fiquem "vazias" de sangue. É também muito recomendável a prática regular de exercício físico moderado, como é o caso das caminhadas ou da prática de natação ou de ciclismo, na medida em que fortalece a bomba venosa dos membros inferiores e favorece o retorno do sangue para o coração. De qualquer forma, é o médico que deve aconselhar o paciente, em cada caso específico, tendo em conta que existem algumas situações nas quais o exercício físico pode estar contraindicado. Também é muito conveniente evitar a permanência de pé durante longos períodos de tempo, assim como o repouso periódico, mantendo os membros inferiores elevados, de modo a evitar, o máximo possível, a sensação de fadiga. Por fim, recomenda-se a redução de peso, se o paciente em causa for obeso, evitar a exposição a um calor excessivo e não usar roupas ou calçado demasiado apertados.

Tratamento avançado

As medidas citadas apenas conseguem aliviar os sintomas, mas frequentemente é necessário recorrer a uma intervenção cirúrgica para que o problema seja definitivamente resolvido, sobretudo nas fases mais avançadas. A técnica mais utilizada é a excisão da veia, que consiste na extracção cirúrgica das veias afectadas em que as válvulas apresentam uma insuficiência. Por outro lado, caso se desenvolva uma úlcera varicosa, é muito importante efectuar o cuidadoso tratamento higiénico da zona, evitar as fricções e não coçar a lesão. Normalmente, também são indicados antibióticos para prevenir ou tratar infecções adicionais e produtos cicatrizantes para favorecer a cura. Caso o problema circulatório persista, a úlcera pode perpetuar-se, sendo necessário o recurso a uma intervenção cirúrgica para reparar a lesão.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Serviço Nacional de Saúde
Muitos hospitais já encaminharam tantos doentes para os convencionados em seis meses como em todo o ano passado.

Os hospitais públicos prepararam-se este ano para bater o recorde de doentes enviados para serem operados no privado. Se em 2017, o número de vales cirurgia passados pelo Serviço Nacional de Saúde já subiu em flecha, fontes do setor realçam ao Diário de Notícias que na primeira metade de 2018 os pedidos chegaram a ser diários e que muitas unidades encaminharam tantas pessoas para os convencionados em seis meses como em todo o ano passado. Uma subida muito assinalável em termos absolutos, mas que não tem a mesma correspondência percentual nas cirurgias realmente realizadas: no ano passado, só foram feitas 20% das operações enviadas para o privado através dos cheques, taxa ainda menor do que em 2016.

Razões emocionais - doentes que preferem esperar e continuar a ser seguidos no mesmo hospital - e logísticas - unidades à escolha que ficam muito longe das áreas de residência dos utentes - são as causas mais apontadas para justificar números tão discrepantes. Mas a essas pode juntar-se uma outra, mais controversa, apontada pelos administradores hospitalares: os hospitais privados rejeitarem operações mais complicadas.

"A emissão de cheques cirurgia aumentou de facto muito, mas só cerca de 20% são cativados, porque os privados não querem fazer as cirurgias mais complicadas. Preferem as de baixo valor, sem grandes complicações, mesmo assim com margens de lucro significativas", explica o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, que vai ainda mais longe. "O que se nota é que quando há complicações acabam nas urgências dos hospitais públicos. E não sabemos sequer se os requisitos mínimos de equipas e segurança são cumpridos, no privado, enquanto num hospital público se faltarem membros da equipa cirúrgica a operação é adiada. Há falta de escrutínio do regulador em relação ao setor privado", critica Alexandre Lourenço.

Mas foi a própria Entidade Reguladora da Saúde quem, num estudo de 2014, veio dar força aos argumentos dos administradores, ao constatar que nos hospitais do SNS verificou-se "uma maior percentagem de episódios prioritários relativamente ao número total de episódios", o que poderá evidenciar, admitia na altura o regulador, uma casuística de maior complexidade. "Não conheço nenhum caso desses e acho mesmo muito estranho", espanta-se o presidente da Associação de Hospitalização Privada. Óscar Gaspar até admite que Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (o SIGIC, criado em 2004 para atacar o problema das listas de espera) é pouco atrativo para os convencionados, mas pelos atrasos nos pagamentos. "Temos hospitais convencionados que fizeram cirurgias no início do ano passado e que ainda não receberam. Isto porque tem de ser o hospital de origem a validar o envio, que depois vai à respetiva Administração regional de Saúde, para depois voltar novamente ao hospital de origem". Entre burocracias, há dezenas de milhões de euros a haver pelas unidades privadas, estima o ex-secretário de Estado da Saúde, que vai ter amanhã uma reunião no Ministério da Saúde para discutir este problema.

Pressão nos tempos e nas contas
Mas numa coisa, tanto Óscar Gaspar como Alexandre Lourenço estão de acordo: o número de vales cirurgia passados pelos hospitais públicos está como nunca esteve. "Aumentou no ano passado e continua a subir este ano, recebo todos os dias informações de que os prestadores privados não têm mãos a medir com pedidos de unidades públicas", informa Óscar Gaspar. "E os envios vão aumentar ainda mais, porque os tempos máximos de resposta garantidos foram apertados pelo governo. Temos hospitais que já enviaram mais doentes para os convencionados em meio ano do que no total do ano passado", confirma Alexandre Lourenço.

Um recurso que vai criar pressão nas contas das unidades públicas, porque é o hospital de origem que tem de pagar essa despesa. Os pagamentos têm por base a tabela de preços do Serviço Nacional de Saúde. Em caso de complicações e se, por exemplo, o doente tiver de ficar nos cuidados intensivos, os três primeiros dias são custeados pelo convencionado. A partir daí passa para a responsabilidade do SNS. Na semana passada, em declarações ao Diário de Notícias, uma fonte ligada à governação na área da Saúde já se tinha mostrado pouco preocupada com esta aparente dependência em relação aos privados. Isto porque, apesar das 25 mil cirurgias feitas por convencionados em 2017, "no contexto global são apenas 4% dos operados" e o SNS "tem capacidade para subir essa produção".

Uma segunda (ou terceira) oportunidade
"Desta vez, o caso sou eu". Mais acostumado a falar dos problemas dos outros do que dos seus, a cara do Movimento dos Utentes da Saúde no norte do país sabe bem o que é esperar demasiado tempo por uma operação. Seguido no Centro Hospitalar Gaia/Espinho a uma hérnia enguinal, Manuel Villas-Boas, 78 anos, aguarda desde o ano passado por uma cirurgia. "É como noutros hospitais do país", justifica, "têm falta de camas e de profissionais".

Oito meses depois de ter entrado em lista de espera continuava sem ter resposta. "Felizmente é uma doença benigna, mas ainda perdi alguma capacidade de mobilidade e até a conduzir o carro." Ao fim desse tempo, em vez da convocatória para a cirurgia recebeu um vale para ir ao privado. Que rejeitou. "As hipóteses que me davam eram Barcelos, Esposende e Braga. Tudo fora da minha área de residência, que é em Gaia. Respondi a dizer isso e decidi esperar". Decisão que resultou num segundo cheque, recebido há dois meses, agora com opções já perto de casa. "Desta vez decidi aceitar e vou ser operado num hospital privado no Porto".

Tal como Manuel Villas-Boas, também Cristina Viegas, 49 anos, já rejeitou ser operada no privado. E tal como ele, a distância foi decisiva. Cristina mora em Setúbal e colocou um stent na uretra em outubro de 2017, para desfazer uma pedra no rim. O prazo para o retirar era de três a seis meses. Expirou em março e a intervenção era urgente, porque a pedra do rim ainda não saiu.

Recebeu dois cheques cirurgia, sempre para o mesmo local: a clínica privada da Marinha Grande. "Não punha mesmo a hipótese de ir à Marinha Grande. Além de ser longe, mesmo assim ainda tinha que ficar à espera. Mas também por uma questão de princípio. Não se justifica eu ter que ir ao centro do país aqui com tantos hospitais próximos. O stent foi colocado em Lisboa, em São José".

Depois de meses a dizerem-lhe que há uma lista de espera enorme na urologia em São Bernardo, por falta de médicos anestesistas, acabou por receber a convocatória para o hospital de Setúbal precisamente na última semana. Mas nem sabe se vai ser operada ainda durante o verão.

Atividade física e rastreios à DVC pelas ruas de Guimarães
Iniciativa inserida no 18º Congresso da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular pretende pôr vimaranenses a...

Vários participantes juntaram-se em Guimarães para a “Caminhada Contra o Sedentarismo”, uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV), à qual se juntou como parceira a Câmara Municipal de Guimarães. A iniciativa, que incluiu também uma ação de rastreio à Doença Venosa Crónica (DVC) no Centro Cultural Vila Flor para toda a população, faz parte da campanha de prevenção “Alerta Doença Venosa” lançada pela SPACV para sensibilizar para esta patologia que atinge cerca de 3 milhões de portugueses.

Inserida no 18º Congresso da SPACV, que decorreu este ano em Guimarães, a caminhada partiu do Centro Cultural Vila Flor. Médicos especialistas em Cirurgia Vascular e participantes no congresso juntaram-se à população, percorrendo os 3 quilómetros de percurso pelo Centro Histórico de Guimarães. Para sensibilizar os habitantes de Guimarães para esta doença crónica, evolutiva e com um diagnóstico muito subestimado, a organização proporcionou a oportunidade de se saber um pouco mais sobre a saúde das pernas num rastreio à DVC que ocorreu antes e durante a caminhada.

A Doença Venosa Crónica é uma doença que afeta cerca de 30% da população portuguesa. Sinais como pernas pesadas, inchadas, cansaço são sinais de DVC. Muitos portugueses conhecem estes sintomas, mas tendem a desvalorizá-los. Esta doença tem um impacto significativo na qualidade de vida das pessoas podendo mesmo, em estádios mais avançados, evoluir para situações mais graves – como é o caso das úlceras venosas. Com o objetivo

de sensibilizar, diagnosticar precocemente e tratar adequadamente a DVC, a SPACV lançou, com o apoio da Servier, a campanha “Alerta Doença Venosa” que pretende chamar a atenção para uma patologia que muitos desconhecem e cujos sintomas subvalorizam.

Para mais informações sobre esta campanha: http://www.alertadoencavenosa.pt/

 

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Seis distritos de Portugal continental apresentam hoje risco extremo de exposição à radiação ultravioleta e o resto do país...

Em risco extremo estão os distritos Vila Real, Bragança, Guarda, Portalegre, Évora e Beja, pelo que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) recomenda que nestas regiões se evite o mais possível a exposição ao sol.

O IPMA colocou também em risco muito elevado os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Viseu, Aveiro, Coimbra, Castelo Branco, Leiria, Santarém, Lisboa, Setúbal e Faro no continente, o arquipélago da Madeira e a ilha das Flores, no grupo ocidental dos Açores.

As ilhas do Faial e Terceira, no grupo Central e São Miguel no grupo oriental dos Açores estão com níveis elevados.

Para as regiões com risco muito elevado e elevado, o IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro ultravioleta (UV), chapéu, ‘t-shirt’, guarda-sol e protetor solar, além de desaconselhar a exposição das crianças ao sol.

Os índices UV variam entre 1 e 2, em que o risco de exposição à radiação UV é baixo, 3 a 5 (moderado), 6 a 7 (elevado), 8 a 10 (muito elevado) e superior a 11 (extremo).

O IPMA prevê para hoje no continente céu pouco nublado ou limpo, apresentando-se em geral muito nublado no litoral oeste até meio da manhã, podendo persistir em alguns locais da faixa costeira. Durante a tarde, aumento de nebulosidade nas regiões do interior Norte e Centro com possibilidade de ocorrência de aguaceiros e trovoada.

A previsão aponta para vento fraco, soprando moderado de noroeste no litoral oeste a sul do Cabo Carvoeiro durante a tarde e de nordeste nas terras altas do Norte e Centro até meio da manhã e para o final do dia.

Está ainda prevista neblina ou nevoeiro matinal e pequena subida de temperatura.

As temperaturas mínimas vão oscilar entre os 15 graus (em Évora e Beja) e os 20 (em Faro) e as máximas entre os 26 (em Aveiro e no Porto) e os 35 (em Évora e Beja).

Para a Madeira prevê-se céu muito nublado e vento fraco a moderado de nordeste. No Funchal as temperaturas variam entre os 20 e os 25 graus Celsius.

O IPMA prevê para hoje no grupo ocidental (Flores e Corvo) períodos de céu muito nublado com boas abertas e vento leste bonançoso, enfraquecendo.

Para o grupo central (Graciosa, S. Jorge, Faial, Pico e Terceira) prevê-se céu muito nublado com abertas, aguaceiros e vento leste fraco a bonançoso.

Para o grupo oriental (São Miguel e Santa Maria) está previsto céu muito nublado com abertas, aguaceiros geralmente fracos e vento leste bonançoso a moderado, enfraquecendo.

Em Santa Cruz das Flores e na Horta as temperaturas vão oscilar entre os 18 e os 25 graus e em Angra do Heroísmo e Ponta Delgada entre os 18 e os 24.

 

Infarmed
Os portugueses compraram diariamente mais de 16 mil embalagens de anti-histamínicos no ano passado, em média, o que representa...

Segundo dados oficiais da Autoridade do Medicamento (Infarmed) divulgados ontem, a propósito do Dia Mundial da Alergia, em 2017 foram dispensadas 6.127.288 embalagens de anti-histamínicos, sendo os meses de janeiro a maio os que apresentam maior nível de consumo.

Ainda assim, no ano passado registou-se um decréscimo ligeiro na utilização de anti-histamínicos.

Contudo, no período entre 2010 e 2017 o consumo de anti-histamínicos foi quase sempre aumentando, com o último ano analisado a apresentar apenas uma pequena diminuição.

Segundo os dados do Infarmed, entre 2010 e 2013 a despesa com anti-histamínicos diminuiu e a partir de 2014 começou a crescer, atingindo 31,5 milhões de euros no ano passado.

O crescimento da despesa entre 2014 e 2017 deve-se, segundo a Autoridade do Medicamento, à comparticipação de novos medicamentos, à maior utilização de substâncias ativas já comparticipadas e também ao recurso a anti-histamínicos não sujeitos a receita médica.

Mais de 90% dos anti-histamínicos no mercado português são sujeitos a receita médica e 77% são comparticipados pelo Estado a 37%.

Em termos de análise regional, a tendência de consumo é comum a todas, mas Lisboa e Vale do Tejo destaca-se por apresentar consumos mais elevados por mil habitantes, enquanto o Centro é a que mostra menor consumo por mil habitantes.

 

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