Causas, sintomas e tratamento
A neuropatia diabética (ND) é a complicação tardia mais frequente da diabetes mellitus, mas o diagnó

Como se define a neuropatia diabética?

É uma lesão dos nervos periféricos e do sistema nervoso autónomo, que ocorre nas pessoas com diabetes e que é denominada de neuropatia diabética (ND). A definição rigorosa de ND é motivo de discordância entre os especialistas, provocando algumas dificuldades no que respeita à definição das causas, ao diagnóstico diferencial com outras neuropatias não relacionadas com a diabetes, à história natural, à prevalência e às medidas terapêuticas.

Para os médicos, a ND é um estado clínico de lesão nervosa, que está associado a queixas (sintomas) como a dor e parestesias (perturbação anormal da sensibilidade- formigueiro, picada, adormecimento, etc). Pode ainda manifestar-se pela diminuição da sensibilidade ao nível das extremidades (pés e mãos).

A lesão do sistema nervoso autónomo (SNA) pode coexistir, e vai apresentar sintomas ou sinais relacionados com o funcionamento de sistemas que trabalham de forma autónoma, como o sistema cardiovascular. O SNA controla o coração, a bexiga, o estomago, os intestinos, os órgãos sexuais e os olhos, pelo que uma lesão poderá provocar falta de avisos das baixas de glicose no sangue (hipoglicemias), problemas na bexiga, alterações no ajustamento da visão, entre outros.

Prevalência da neuropatia diabética

Pode variar entre 10% a 80%, dependendo da definição utilizada. Mas, segundo um estudo nos EUA - o DCCT (Diabetes Control and Complications Trial) -, a prevalência nas pessoas com diabetes tipo 1, incluídas neste estudo, ultrapassa os 50%. Por outro lado, o estudo EURODIAB, realizado na Europa, mostrou uma prevalência de ND de 35% (diagnóstico baseado em sintomas e sinais físicos anormais. Esta discrepância de resultados pode ser uma consequência relacionada com problemas de definição ou diferenças nas populações que foram estudadas.

Em Portugal, está em curso o estudo PREVANEDIA, realizado pelo Grupo de Estudos de Neuropata Diabética (GRENEDI) da SPD (Sociedade Portuguesa de Diabetologia), que conta com a colaboração de médicos de Medicina Geral Familiar.

Diagnóstico da neuropatia diabética

Durante algum tempo poderá não haver sintomas, mas, posteriormente, poderá ser causa de grande sofrimento, não só pelas dores que provoca, como pela incapacidade física e pelas suas repercussões sobre o sistema nervoso autónomo. A neuropatia diabética manifesta-se através de sintomas como: dormência ou sensação de queimadura ou entorpecimento nos membros inferiores; formigueiro; picadas; choques; agulhadas nas pernas e pés; desconforto ou dor; e perda da sensibilidade táctil, entre outras.

A neuropatia sensitivo-motora é o principal fator de risco para o desenvolvimento de úlceras no pé diabético, que, por sua vez, são responsáveis por cerca de 85% das amputações ocorridas em pacientes diabéticos. Portanto, o investimento na sua prevenção é fundamental.

Na observação, o médico começa por fazer a história clínica da doença e das suas complicações. De seguida, será feita uma inspeção e uma avaliação da força muscular, dos reflexos tendinosos e da sensibilidade ao toque e à vibração (com um aparelho chamado diapasão). Durante o exame, o medico fará ainda a palpação dos pulsos arteriais (se estiverem diminuídos na amplitude, pode ser sinónimo de insuficiência arterial periférica). O médico pode fazer ainda alguns testes como:

  • Teste do monofilamento, que tem como objetivo ver se o doente tem sensibilidade, e se sente o toque na pele, através da passagem de um filamento de nylon em determinadas áreas do pé;
  • Sensibilidade vibratória, ao nível dos membros, bem como a sensibilidade às mudanças de temperatura local (com aparelhos próprios).

Poderá ainda ser necessário fazer um exame complementar chamado eletromiografia. Por outro lado, para avaliar a lesão do SNA, é necessário fazer alguns testes complementares, para determinar se a pressão arterial e a frequência cardíaca se alteram, por exemplo, com as mudanças de posição (deitado e de pé) ou com a respiração profunda.

Causas da Neuropatia diabética

As causas exatas da ND não são conhecidas. No entanto, o controlo eficaz da hiperglicemia pode retardar a progressão da ND, em pessoas com diabetes tipo 1, sendo os efeitos mais modestos nos diabéticos tipo 2. Estas diferenças têm motivado a comunidade científica a estudar as causas da ND. Os investigadores admitem que a hiperglicemia (o aumento da glicose no sangue) vai lesar os nervos e impedir que estes enviem os sinais próprios da sua função.

São considerados fatores de risco:

  • Mau controlo da glicose no sangue;
  • Duração da diabetes – se tiver diabetes há mais tempo, maior será a probabilidade de ter ND;
  • Doença dos rins - a diabetes pode afetar os rins, que poderão reduzir as suas funções, acumulando toxinas com efeitos lesivos para os nervos;
  • Sobrecarga de peso;
  • Ser fumador - o hábito de fumar pode diminuir o diâmetro das artérias, que podem ficar mais endurecidas, reduzindo o fluxo sanguíneo nas artérias.

Tratamento da Neuropatia diabética e medidas preventivas

O tratamento da neuropatia periférica deve ter em conta três elementos importantes:

  1. Controlo glicémico – primeiro, ver como está e, se for caso disso, corrigir o controlo da glicose. Há estudos que sugerem que os sintomas podem melhorar com o controlo glicémico mais rigoroso;
  2. Cuidados a ter com os pés - os pés das pessoas com diabetes devem ser inspecionados todos os dias, para ver e tratar algumas situações como: pele seca, gretas, calosidades, sinais de infeção entre os dedos e nas unhas. O exame regular dos pés é muito importante, mas se a pessoa com diabetes for portadora de ND, o exame será mais importante ainda, para se evitar úlceras, infeções e amputações. É também essencial a utilização de sapatos adequados ao pé, e evitar o uso botijas de água quente na cama, aproximar os pés dos aquecedores, e andar descalço (mesmo na praia);
  3. Tratamento da dor - nem todos os diabéticos têm dor associada à ND. Se tiverem dor, convém confirmar se está relacionada com a ND - a história clínica e o exame físico podem ajudar no diagnóstico diferencial com outras causas de dor. Compete ao médico atender à eficácia da medicação, aos efeitos adversos e às contraindicações dos fármacos. É ainda fundamental avaliar o efeito da dor no estado psicológico do paciente. Atuar a este nível pode melhorar a resposta do doente e a sua adesão ao tratamento, porque a ND pode estar associada a depressão e ansiedade.

É também muito importante ter cuidados multifatoriais, que incluem: otimização dos fatores de risco cardiovascular, como o estilo de vida (vida sedentária, alimentação pouco saudável, hábito de fumar); atuação contra o aumento das gorduras do sangue (colesterol- (dislipidemia); tratamento da hipertensão arterial; correção da disfunção eréctil e o stress.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Inquérito
A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) realizou um inquérito a 85 diretores de serviço de Medicina Interna dos...

Até ao dia 29 de abril, responderam ao inquérito 63 dos 85 dos hospitais COVID. De acordo com a nota de imprensa enviada pela Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, foi possível apurar que os “especialistas e Internos de Formação Específica de Medicina Interna integraram todas as Unidades de Internamento COVID dos hospitais do país”.

Quanto à lotação de camas de enfermaria COVID, a SPMI faz saber que existiram um total de 1.963 cama disponíveis, tendo-se verificado uma taxa de ocupação de 48,8%. “Havia também 620 camas de Intensivos para doentes COVID, sendo a taxa de ocupação de 31,6%”, pode ler-se no documento.

Em 65% das Enfermarias COVID trabalharam em conjunto Especialistas de Medicina Interna e muitos outros Especialistas, enquanto em 35% a gestão foi integralmente assegurada por Internistas.

Foram contabilizados 327 Especialistas de Medicina Interna e 248 Internos de Medicina Interna em dedicação exclusiva ao tratamento dos doentes COVID (nas enfermarias e nas Unidades Intensivas).

Por outro lado, mostram os dados agora divulgados, “os Serviços de Medicina Interna asseguravam o tratamento em simultâneo a 3.157 doentes sem infeção COVID19”.

Para João Araújo Correia, Presidente da SPMI “estes resultados demonstram as vantagens inegáveis de ter um SNS forte, com capacidade de resposta a um acontecimento inesperado, com a magnitude desta pandemia. De facto, as taxas de ocupação das enfermarias COVID (48,8%) ou dos Cuidados Intensivos COVID (31,6%), demonstram que ficamos muito longe da rutura”.

“Estamos convencidos, que o facto de Portugal ter a Medicina Interna como a especialidade base do Sistema de Saúde no Hospital (14% do total dos especialistas hospitalares), contribuiu para termos uma resposta rápida, organizada e competente”, concluiu.

 

Doença moderada a grave
A Comissão Europeia (CE) concedeu autorização para a comercialização da formulação subcutânea (SC) de Vedolizumab, um biológico...

A colite ulcerosa e a doença de Crohn são duas das formas mais comuns de Doença Inflamatória Intestinal (DII) e afetam mais de dois milhões de pessoas na Europa. Esta decisão da CE significa que o vedolizumab está agora aprovado para uso em 27 estados membros da União Europeia e ainda Reino Unido, Noruega, Liechtenstein e Islândia.

“Estamos muito entusiasmados com a aprovação da formulação de vedolizumab pela Comissão Europeia. Esta aprovação permite aos médicos e doentes adultos escolherem a forma de administração que melhor se adequa a cada doente individualmente,” afirma Sónia Batista, Head da Unidade de Gastrenterologia, Takeda Portugal. “O compromisso da Takeda em tratar as doenças gastrointestinais significa que estamos sempre à procura de inovar para conseguirmos ir ao encontro das necessidades dos doentes que servimos.”

A aprovação pela CE foi baseada nos ensaios clínicos de fase 3 VISIBLE que avaliaram a segurança e eficácia de vedolizumab enquanto tratamento de manutenção em doentes adultos com colite ulcerosa ou doença de Crohn ativa moderada a grave que atingiram uma resposta clínica* à semana 6 após duas administrações de vedolizumab IV nas semanas 0 e 2. Os dados da análise interina do estudo de extensão sem ocultação, ainda em curso, de doentes dos ensaios VISIBLE 1 e VISIBLE 2 foram também considerados.

 

Dia da Saúde Digestiva dedicada ao tema
O microbioma intestinal, composto pelos genes de dezenas de triliões de micro-organismos que habitam no nosso intestino, foi o...

Sabe-se hoje, por exemplo, que o microbioma intestinal pode ajudar a prevenir e regular infeções em todo organismo, desde problemas respiratórios, doenças metabólicas, inflamatórias, trato urinário alergias, até a doenças do próprio intestino, de que é exemplo a síndrome do intestino irritável.

O objetivo da WGO é o de chamar a atenção para o papel que o microbioma intestinal tem na saúde humana em geral e de como desempenha uma função muito mais nobre do que apenas a de ajudar na digestão e na absorção de nutrientes. Por outro lado, pretende, com a escolha deste tema, estimular o conhecimento de uma área com um elevado potencial de investigação e aplicação clínica. Considera, por isso, que a modulação do microbioma intestinal pode constituir-se como uma ferramenta de diagnóstico e terapêutica que pode ser potenciada por várias especialidades e não apenas a de Gastroenterologia.

Cientistas do Harvard Medical School e do Joslin Diabetes Center acreditam que pode haver mais genes no microbioma humano do que estrelas observáveis no universo. No estudo que publicaram em agosto do ano passado, na revista Cell Host & Microbe, referem que a maior parte destas bactérias estão no intestino e que tem um perfil único em cada pessoa, ou seja, é a nossa impressão digital. O nosso microbioma intestinal pode ter mais de mil espécies de bactérias diferentes, mas apenas 150 a 170 predominam em cada pessoa, o que tem um impacto direto na saúde.

Prebióticos e probióticos são protetores

A composição do microbioma evolui ao longo de toda a nossa vida, desde o nascimento até a velhice e é o resultado de diferentes influências externas. Uma dieta diversificada, associada a hábitos de vida saudável, terá um impacto positivo no aparelho digestivo e no resto do organismo, favorecendo o aumento da presença de bactérias protetoras.

O consumo de prebióticos e probióticos otimiza o microbioma e corrige possíveis desequilíbrios. Os prebióticos são o alimento para os micro-organismos e estão naturalmente presentes em vegetais e frutas como alho, cebola, espargos, tomate, banana, ameixa e maçã; em grãos e cereais como farelo, nozes e amêndoas. Os probióticos são micro-organismos que conferem benefícios para a saúde, desde o conforto digestivo à regulação do sistema imunitário, compensando agressões externas como o stress, a má alimentação ou toma de antibióticos.

Muitos probióticos são provenientes de bactérias tradicionalmente usadas para fermentar alimentos. Estes micro-organismos podem ser encontrados em iogurtes e leites fermentados, ou em suplementos/medicamentos.

Pessoas com deficiência e jovens com necessidades educativas especiais
A Fundação AFID Diferença, instituída pela AFID - Associação Nacional de Famílias para a Integração da Pessoa com Deficiência -...

O “Comunica-te” é apresentado pela AFID, em parceria com a Universidade Nova de Lisboa e com o Observatório dos Direitos Humanos, e destina-se a pessoas com deficiência e jovens com necessidades educativas especiais (NEE) e respetivos cuidadores.

O objetivo é “melhorar a comunicação, adaptabilidade e resolução de problemas, criando, ainda, estratégias comunicativas focadas no reconhecimento e na distinção entre a explicação e a narração, capacitando a intervenção técnica e especializada através de instrumentos ou ferramentas facilitadoras”.

O projeto encontra-se já na segunda fase da candidatura pelo que a Fundação AFID Diferença apela à ajuda de todos os que possam, através do voto, ajudar a que seja aprovada a candidatura. As votações decorrem até ao próximo dia 9 de junho.

Sediada em Alfragide, a AFID continua a prestar serviço à comunidade e a intervir na área da deficiência através do desenvolvimento de projetos inovadores destinados aos seus clientes

Dia Mundial Sem Tabaco
A Associação RESPIRA assinala Dia Mundial Sem Tabaco com uma sessão online sob o lema “Tabagismo: um fator de afirmação nos...

“O tabagismo é um grave problema de saúde pública, já que é responsável pela diminuição da qualidade e duração de vida. Tem ainda a agravante de ser um fator de risco, não só para o fumador, mas para todos aqueles que se encontram frequentemente expostos ao fumo passivo.

Mas é cada vez mais difícil passar a mensagem junto dos jovens, devido ao pouco investimento público em campanhas de prevenção, às fortíssimas campanhas da indústria tabaqueira para a divulgação das novas formas de tabaco e ao preconceito associado ao cigarro como instrumento de sociabilização e estatuto social”, alerta a Isabel Saraiva, Presidente da RESPIRA.

No âmbito da Campanha “DIZ NÃO AO TABACO”, a RESPIRA promove um webinar, no dia 29 de maio, pelas 16h30, com transmissão exclusiva no Facebook da Associação, com o tema “Tabagismo: um fator de afirmação nos jovens? – Tabaco Tradicional VS Tabaco Aquecido e Cigarros Eletrónicos”.

Esta sessão conta com a participação de Carlos Gonçalves, Membro do GRESP, Paula Rosa, Coordenadora da Comissão de Trabalho de Tabagismo da SPP, José Alves, Presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão e Isabel Saraiva, Presidente da RESPIRA.

“Está a aumentar o consumo do tabaco entre os adolescentes, nomeadamente através das novas formas de tabaco e junto do sexo feminino. Os fumadores de hoje serão, sem dúvida, os doentes de amanhã! O tabaco é responsável por 25 a 30% da totalidade dos cancros, 80% dos casos de DPOC, 90% dos casos de cancro do pulmão e 20% da mortalidade por doença coronária”, conclui Isabel Saraiva.

 

Tratamento
Trata-se de uma técnica minimamente invasiva para tratamento de hérnias dos discos, na região cervic

A dor lombar ou “dor de costas” é um dos sintomas com maior prevalência na população. Estima-se que cerca de 80% da população mundial, pelo menos uma vez na vida, apresente queixas de dores relacionadas com a coluna. Por vezes, é suficientemente intensa e incapacitante, com importante interferência na capacidade de trabalho e qualidade de vida.

As causas potenciais desta dor são diversas, tendo em consideração os elementos ósseos (as vértebras), os discos, os nervos, os ligamentos e as articulações vertebrais

Nas hérnias discais, a dor é secundária à doença dos discos (classificada na nomenclatura médica por “protrusões”, “procidências” ou “hérnias” discais), sobretudo nos segmentos lombar e cervical da coluna vertebral.

Os discos intervertebrais são estruturas flexíveis, localizados entre os corpos das vértebras que servem como “amortecedores”, permitindo movimentos da coluna, ao mesmo tempo que ajudam a absorver os impactos mecânicos e o peso do corpo.

Os discos intervertebrais podem deformar-se saindo parcialmente comprimindo e/ou provocando inflamações nas raízes nervosas e, originar para além de dor na coluna, dor nos segmentos dependentes das estruturas nervosas, traduzidos por dor, dormência ou fraqueza muscular no braço ou na perna (vulgo dor “ciática”). Nos casos mais graves, uma hérnia do disco pode comprimir os nervos que controlam a bexiga e o intestino, resultando em incontinência urinária e perda de controlo do intestino.

A mais recente inovação tecnológica

Recentemente, surgiu uma alternativa com taxas de sucesso elevadas que podem chegar aos 80% segundo estudos mais recentes: trata-se do laser eutérmico, que é aquele que mantém a temperatura do disco, sendo assim mais seguro.

O procedimento chama-se Nucleoplastia Percutânea por Laser Eutérmico, sendo uma técnica minimamente invasiva para tratamento de hérnias dos discos, na região cervical e lombar, e está a ser usado na Clínica PainCare.

Baseia-se na aplicação de uma fonte de laser de baixa temperatura através de uma fibra ótica introduzida por dentro de uma agulha, numa localização muito precisa do disco herniado, sob controlo de raio-x, sem lesão das estruturas perivertebrais e nervosas adjacentes.

Baseia-se na introdução de uma fibra ótica através de uma agulha no centro do disco intervertebral, cervical ou lombar sob controlo de um raio-x, específico para estes procedimentos, essa fibra ótica vai emitir um Laser de baixa temperatura, sem lesão das estruturas adjacentes como os músculos e outras estruturas, não havendo risco de fibrose periradicular.

O laser reduz a pressão do disco intervertebral levando a que a hérnia recue e volte a sua posição inicial, deixando de comprimir e inflamar a raiz nervosa. Também permite a regeneração do anel fibroso, reduzindo a possibilidade de recidiva, até agora não possível por nenhuma outra técnica minimamente invasiva, inclusive a cirurgia convencional.

Este tratamento é feito com uma sedação leve e com anestesia local numa sala preparada para o efeito com controlo de raio-x, em regime de ambulatório. Os resultados podem ser praticamente imediatos e o retorno à atividade profissional poder ser feita de forma rápida.

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Inquérito Serológico Nacional
O Inquérito Serológico Nacional Covid-19, Promovido pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), em...

Desenvolvido pelos departamentos de Epidemiologia e de Doenças Infeciosas do INSA, o Inquérito Serológico Nacional Covid-19, constituído por 5 estudos epidemiológicos, irá permitir conhecer a prevalência de anticorpos anti-SARS-CoV-2 de modo a determinar a extensão da infeção na população residente em Portugal, assim como determinar e comparar a seroprevalência de anticorpos em grupos etários específicos. O estudo pretende ainda estimar a fração de infeções subclínicas e assintomáticas e monitorizar a evolução distribuição de anticorpos ao longo do tempo.

Para a concretização do primeiro estudo, serão selecionados 1.720 indivíduos com 10 ou mais anos de idade e 352 crianças até aos 9 anos de idade que recorram, durante as próximas três semanas, a um dos cerca de 100 laboratórios ou hospitais parceiros para a realização de análises laboratoriais de rotina. Além de autorizar a colheita adicional de uma pequena quantidade de sangue a ser analisada no INSA, a participação neste inquérito prevê ainda o preenchimento de um breve questionário para recolha de dados clínicos e epidemiológicos.

Os resultados deste primeiro estudo, que se constitui também como o estudo piloto deste inquérito serológico, vão ser conhecidos ainda durante o mês de julho.

Os estudos transversais subsequentes realizam-se cerca de cinco meses após o primeiro estudo e posteriormente de três em três meses até um ano (total de quatro estudos), podendo estes trabalhos de investigação ser ajustados de acordo com o curso da epidemia de modo a responder às necessidades de informação de cada momento.

A informação e as amostras recolhidas no âmbito do ISN Covid-19 serão codificadas no momento da recolha de modo a que os dados partilhados e divulgados não permitam a identificação individual do participante. A participação no inquérito não terá qualquer custo para os participantes, que poderão ter acesso aos seus resultados caso assim o entendam.

Todas as amostras vão ser processadas no Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios do INSA, onde são determinados os níveis de anticorpos contra o SARS-CoV-2 por análise laboratorial utilizando uma metodologia validada para este fim.

Dados DGS
Ao todo são 17549 pessoas que recuperaram da infeção provocada pelo novo coronavírus. Segundo o relatório publicado este...

Marta Temido aproveitou a conferência de imprensa que decorreu este fim-de-semana para explicar que o aumento no número de recuperados justifica-se com a contabilização de doentes curados que apenas estavam referenciados numa aplicação informática e que agora passam a ser dados como recuperados também através da plataforma Trace Covid-19.

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a média do Rt para os dias 17 a 21 de maio foi de 1.01, o que quer dizer que cada pessoa infetada contagia, em média, uma pessoa. Registam-se, no entanto, pequenas variações regionais, sendo que no Norte o Rt foi de 0.97 e na região de Lisboa e Vale do Tejo e no Centro foi de 1.02.

Este valor, explicou Marta Temido, “deve ser calculado de acordo com o avanço da epidemia e mede a transmissão ao longo do tempo”. “Em Portugal, desde o início da pandemia de Covid-19, a nossa estimativa de Rt já variou entre 0.81 e 2.33”, concluiu a Ministra da Saúde.

 

 

 

Regresso à rotina
As creches acabam de reabrir depois de os bebés terem estado dois meses em casa.

O medo coletivo, aliado à imperativa e vigilante prevenção, irá causar um período de adaptação caracterizado por três fases principais, relacionadas com as fases de preparação e resposta das famílias, nesta etapa que se avizinha de regresso às creches pós-confinamento: uma primeira fase de alarmismo, questionamento, dúvida e inquietude, de alerta-vermelho permanente; a fase da acalmia e da habituação a rotinas do dia-a-dia, que se verificam como funcionais e eficazes; a fase do relaxamento e da deslembrança motivados pela secundarização do medo, em primazia da busca de afetos e de necessidades, sem filtros ou impedimentos.

As principais preocupações dos pais prendem-se com a insegurança quanto à execução de medidas de limpeza, higiene, segurança, descontaminação e distanciamento, por parte dos agentes escolares, que interagem diariamente com os seus filhos e que são os principais responsáveis na precaução do risco pela transmissão vírica.

Prendem-se também com o impacto psicológico que poderá causar nos filhos a presente realidade, impeditiva de grandes e demoradas manifestações de proximidade e castradora de reações infantis espontâneas, sob pena da ocorrência de reprimendas incitadoras de códigos de conduta subordinados à sobrevivência num mundo doente. Apesar de as crianças mais novas não serem consideradas um grupo de risco para a COVID-19, e de serem também a faixa etária que apresenta menos complicações face a esta doença, o grande perigo são os assintomáticos que se poderão tornar veículos silenciosos de propagação do vírus. Os pais desconfiam e duvidam: será que existe uma forma de garantir a segurança das crianças desta idade? As instalações estão realmente preparadas para a reabertura com novas medidas de proteção de alunos e funcionários? Existem recursos humanos e materiais suficientes e suficientemente bem formados? A abertura das instituições vai aumentar a propagação do vírus e o meu filho poderá vir a ser um dos futuros contaminados?

As creches são lugares de afetos, de proximidade, de descoberta do mundo com a presença do outro, com o corpo, sobretudo a boca e as mãos. Pegar ao colo, olhar nos olhos, comunicar através da expressão facial, do toque são afetos que asseguram e consolidam as interações e o vínculo entre crianças e educadores e asseguram um desenvolvimento psiconeurológico salutar. Por isso, devemos reconhecer que, devido às características destas respostas e à maior dificuldade em aderir às medidas preventivas por parte das crianças deste grupo etário, existe potencial de transmissibilidade de SARS-CoV-2 nas creches, creches familiares e amas. Todavia, os pais devem manter-se informados, entre si em grupos de partilha de informação online, junto de fontes de informação credíveis e junto da comunidade escolar, no sentido de existir conciliação de procedimentos na articulação creche-casa (e vice-versa) e entre os vários elementos que compõem o grupo escolar, para que as famílias se sintam capazes de uma tomada de decisão informada e consciente.

Tendo em conta a idade das crianças (0-3 anos), irão comportar-se dentro dos limites físicos e de regulação comportamental permitidos e implementados pelos educadores e auxiliares e à forma como estes exercem uma atitude, ou distanciada, ou conscienciosa, perante esta nova normalidade. As crianças precisam de sentir controlo e confiança na atitude dos adultos que as querem proteger, que são capazes de criar condições para que se sintam seguras e que não acontece nenhuma desgraça se, no meio da brincadeira, derem as mãos ou até um beijo ou um abraço a um amigo. Não podemos estar à espera que crianças desta idade andem de máscara, se distanciem cerca de 2 metros dos colegas, respeitem as marcas de sinalização vincadas no chão, ou lavem as mãos antes e depois de tocarem numa superfície. Perante o impedimento de uma ação que era tida como habitual para a criança, p. ex. gatinhar entre diferentes espaços ou pegar aleatoriamente nos brinquedos e objetos, poderá reagir com choro, birra ou reação agressiva. No entanto, as crianças manifestam uma elevada capacidade de adaptação, primeiramente vão estranhar as máscaras, mas depois vão abstrair-se, vão conquistar o seu espaço perante um sem-número de cuidados e ralhetes, mas irão também aprender a relativizar e integrar os novos comportamentos. As crianças apoiam-se entre elas e irão revelar capacidade de ser ajustar dentro das novas dinâmicas planeadas pelos educadores e auxiliares.

É normal que as crianças manifestem níveis mais elevados de stress, agitação, irritabilidade e instabilidade no sono e na alimentação, sobretudo depois de um longo período de confinamento, junto das principais figuras de vinculação. As crianças da creche não percebem o porquê de não se poderem abraçar e tocar ou pedir colo e mimos e nem devem ser ensinadas a proceder de forma oposta àquela que é genuína da natureza humana. Uma criança de máscara não consegue brincar livremente, porque está a assumir uma responsabilidade que não é sua.

Se vamos ter que viver com o vírus durante muito tempo, então mais do pensar em não o contrair, precisamos de pensar em não o deixar destruir a nossa saúde mental, sobretudo, a daqueles que não se sabem defender.

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Falta de comparticipação
A linha telefónica gratuita 1400 começou esta segunda-feira a informar os cidadãos quanto aos serviços farmacêuticos em risco...

Com a Pandemia COVID-19, as farmácias comunitárias estão a dispensar medicamentos a milhares de doentes com cancro, sida, esclerose múltipla e outras doenças, que antes eram forçados a deslocar-se aos hospitais. Há casos de doentes dos Açores e do Algarve que faziam deslocações regulares a Lisboa. A primeira experiência em que foi dada aos doentes a liberdade de escolher a sua farmácia abrange 150 doentes com VIH-Sida. Começou há quatro anos, mas até ao momento o Estado não investiu um único cêntimo no serviço, apesar da satisfação manifestada pelos utentes e as suas associações representativas.

 As 160 farmácias filiadas na Associação de Farmácias de Portugal (AFP) também vão suspender a sua atividade na próxima quarta-feira, entre as 15h e as 15h23, juntando-se às 2.750 da Associação Nacional das Farmácias. A plataforma de dispensa de receitas médicas eletrónicas será suspensa durante os 23 minutos reservados pela Assembleia da República para debater a petição “Salvar as Farmácias, Cumprir o SNS”.

 

Covid-19
O Health Cluster Portugal (HCP) está a dinamizar o projeto CovidVentilSupport, uma solução integrada para suporte clínico...

Esta solução digital integra uma plataforma de conteúdos técnicos online e uma linha telefónica dedicada para esclarecimento de questões relacionadas com ventiladores. Desta forma, os profissionais de saúde têm a oportunidade de obter formação e esclarecer dúvidas sobre a operação destes equipamentos de forma remota, recorrendo a uma bolsa de médicos especializados nos diferentes modelos disponíveis. No Serviço Nacional de Saúde existem ventiladores de diversos fornecedores e modelos, tornando complexa a rotatividade na sua operação.

A utilização dos equipamentos de ventilação mecânica invasiva, que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, se prevê necessária em cerca de 5% dos casos da COVID-19, requer recursos humanos adequadamente habilitados e treinados, num processo que pode ser longo e exigente. De acordo com Patrícia Patrício, Knowledge and Intelligence Manager do HCP, “este projeto surgiu como resposta a uma necessidade transversalmente identificada pelos profissionais de saúde na linha da frente do combate à COVID-19 - a da operação de ventiladores - numa altura em que se colocava a possibilidade de exaustão de recursos humanos devidamente treinados. No atual contexto a utilidade desta solução continua a ser validada pelos profissionais enquanto ferramenta instrumental de prevenção para eventuais novas vagas, por exemplo.”

Os testes de implementação do projeto estão a ser desenvolvidos pelo 2CA-Braga e envolvem profissionais de saúde que estão a colaborar com o Centro de Medicina Digital P5, responsável pelo desenvolvimento da solução integrada. O projeto foi recentemente financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian no âmbito do Fundo de Emergência COVID-19.

O HCP, no seu papel de agregador das entidades do setor da saúde, e tendo a área da saúde digital como uma das suas apostas estratégicas, foi capaz de, também neste contexto da pandemia de COVID-19, promover sinergias entre muitos dos seus associados, nos domínios das tecnologias médicas e de saúde digital para responder às necessidades identificadas no âmbito da COVID-19.

O projeto é promovido pelo HCP e desenvolvido pelo Centro de Medicina Digital P5 e 2CA-Braga, contando ainda com a participação dos parceiros, associados do HCP, Fraunhofer Portugal, Promptly, Centro Hospitalar Universitário São João, Plux, Medtronic e HealthySystems.

Estudo
O artigo sobre “Marcadores séricos de ativação de células B na gravidez durante o fim da gestação, parto e período pós-parto”,...

Este ranking agora revelado destaca a elevada qualidade do artigo e da investigação que está na sua base - um estudo inovador por ter sido o primeiro a reportar aumentos em vários marcadores de ativação de células B, como o BAFF, durante a gravidez e no período pós-parto.

De acordo com Jorge Lima, Coordenador da Unidade de Alto Risco Obstétrico do Hospital CUF Descobertas e um dos investigadores deste estudo, “é um motivo de orgulho para a nossa Unidade poder fazer investigação translacional, uma vez que a atividade de investigação é algo que deve ser indissociável da parte clínica, especialmente quando os resultados beneficiam a mesma”.

Uma gravidez bem-sucedida requer uma grande regulação do sistema imunológico materno, sem comprometer o seu papel na proteção da mãe ou do feto. As células B desempenham um papel importante na gravidez porque são essenciais para a atividade imunológica/produção de anticorpos, que também estão implicados na evolução normal da gravidez. No entanto, as células B, através da produção de autoanticorpos, podem estar envolvidas em complicações obstétricas, como a perda gestacional, a pré-eclâmpsia, a restrição do crescimento intrauterino, e o parto pré-termo.

“A descoberta mais óbvia a emergir deste estudo é que a ativação das células B é um evento imunológico na gravidez, mas que continua no período pós-parto afetando a secreção de várias classes de anticorpos, o que pode explicar o aparecimento ou agravamento de algumas doenças autoimunes no pós-parto”, revela Jorge Lima.

Este estudo fornece também informações importantes sobre o papel dos linfócitos B na imunomodulação da gravidez normal e pode explicar a suscetibilidade às infeções observada na gravidez.

Jorge Lima, relembra ainda que “outra implicação teórica deste estudo é que o papel da placenta como órgão imunológico pode ser importante para uma investigação mais aprofundada no contexto de doenças autoimunes, tais como o Lupus Eritematoso Sistémico, que além de terem um aumento de surtos na gravidez estão muitas vezes associadas a desfechos obstétricos adversos, como perda gestacional, a  restrição de crescimento fetal, a pré-eclâmpsia e o parto prematuro”.

Este artigo está entre os mais lidos no American Journal of Reproductive Immunology .

Webinar
A Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória (APCA) vai promover uma sessão online gratuita, no próximo dia 4 de junho,...

“O Ministério de Saúde Espanhol para além da atividade cirúrgica programada em regime de internamento, prepara-se também para retomar a Cirurgia de Ambulatório. Com esta iniciativa online pretendemos que sejam discutidos os consensos comuns aos da APCA e apontar as diferenças que existem na estratégia implementada pelo Ministério de Saúde Espanhol”, explica Carlos Magalhães, presidente da APCA.

E acrescenta: “O documento “Recomendações Nacionais - Retorno da Atividade Cirúrgica na Era Covid-19”, que contou com o contributo de várias associações e sociedades científicas, tem como objetivo reunir regras, estratégias e metodologias a adotar em todas as etapas do processo da Cirurgia Ambulatória: pré-operatório, admissão de doentes nas unidades de cirurgia ambulatória, peri-operatório, recobro/alta e pós-operatório. Porém, verificámos que Espanha adotou algumas medidas diferentes.

O Webinar que tem como tema “A Retoma da Atividade Cirúrgica na Era COVID – Experiência de Portugal e Espanha” conta com várias Sociedades Científicas de Portugal e Espanha, nomeadamente Carlos Magalhães, Presidente da APCA, Silva Pinto, Vogal da APCA de Lisboa, Célia Castanheira, Secretária da APCA do Porto, que serão os moderadores da sessão que contará com palestras, entre outros, dos Presidentes da Sociedade Portuguesa de Cirurgia, Gil Gonçalves, e da Asociación Española de Cirujanos (AEC), Salvador Morales.

Para mais informações e inscrições, consulte: http://bit.ly/webinarapca2.

 

XIX Congresso de Nutrição e Alimentação
Nos dias 9 e 10 de setembro realiza-se o XIX Congresso de Nutrição e Alimentação, no Centro de Congressos de Lisboa, que...

Entre outros temas, vão ser debatidos o Impacto da COVID-19 na vida dos portugueses e as alterações provocadas na alimentação e no estilo de vida, bem como os desafios da alimentação para uma população em crescimento e da adoção de dietas saudáveis de baixa pegada de carbono, com o objetivo de alcançar o desenvolvimento sustentável e a estabilidade climática.

Temas abordados por especialistas das áreas da Alimentação, Saúde Pública e Sustentabilidade Alimentar. Destacam-se nomes como Maria João Gregório, Diretora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde, Henrique Barros, Presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, Conceição Calhau, professora da NOVA Medical School, Vítor Hugo Teixeira, da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, entre muitos outros.

Durante dois dias serão debatidos não só os principais desafios atuais, mas sobretudo qual caminho a traçar para se implementarem medidas necessárias para construir um amanhã assente numa sociedade mais sustentável e consciente do valor da saúde do planeta e do impacto da alimentação na saúde da população.

 

 

Entrevista
Apesar de as complicações cardiovasculares serem uma das principais causas de morte entre os doentes

A doença cardiovascular é a principal causa e morbilidade e mortalidade na diabetes, nomeadamente na diabetes tipo 2. É, contudo, uma doença subavaliada e subdiagnosticada, logo subtratada. O que pode explicar a falta de diagnósticos ou o diagnóstico tardio?

Adianto dois motivos. O primeiro. O foco glucocêntrico. Estamos muito focados no controlo da glicemia, quer médicos quer as pessoas com diabetes. O médico com a HbA1c e o doente com os valores das “picadas”. Sendo a prioridade “glucocêntrica” é mais difícil a orientação de esforços para as outras faces da diabetes como a doença cardiovascular. O segundo. A dificuldade diagnóstica da DCV. Os meios mais acessíveis detetam já em estádios mais avançados, logo, para a maioria da pessoa com diabetes, a DCV está distante, apesar de provavelmente já estar a viver com ela.

Como é a doença cardiovascular nos diabéticos? Quais a principais complicações?

Numa palavra, Insidiosa. A principal complicação é como todos sabemos a morte. Lentamente a aterosclerose vai entupindo os leitos vasculares até que algum órgão nobre sofra e sucumba, e aí temos o enfarte do miocárdio, o acidente vascular cerebral, a falência renal…

Quais os fatores de risco para o desenvolvimento de doença cardiovascular em pessoas com diabetes?

A aterosclerose na diabetes é mais acelerada pois as “gorduras do sangue” de uma pessoa com diabetes acumulam-se com maior facilidade. Mas temos de nos lembrar que uma pessoa com diabetes pode ter também outros problemas, genéticos, comportamentais que aceleram o processo, tais como hipertensão, tabaco, sedentarismo… e a idade, pois quanto maior a idade, mais tempo as “gorduras” tiveram para se depositarem

Quais os sintomas associados às doenças cardiovasculares a que as pessoas com diabetes devem estar atentas?

Lembro duas que sendo frequentes são muitas vezes negligenciadas. A impotência sexual que pode significar o entupimento dos pequenos vasos sanguíneos do pénis. Há que estar atento pois pouco tempo após ocorrer impotência poderão vir entupimentos de vasos maiores como os cardíacos e ocorrer um enfarte. A “doença das montras” também é um caso interessante. Falo da doença arterial periférica em que a pessoa ao caminhar seguidamente tem dor intensa na “barriga das pernas”, mas se andar pouco de cada vez, como “quem vai ver as montras” a doença pode não se mostrar. O sedentarismo esconde esta doença! Atenção, se ocorrer dor na região dos gêmeos enquanto se caminha há que descartar a doença arterial periférica.

Estudos randomizados e observacionais mostram que a prevalência da doença coronária nos diabéticos é, no sexo masculino, cerca do dobro em relação aos não diabéticos. No sexo feminino, sobre para 4 a 5 vezes. O que explica que as mulheres diabéticas tenham maior probabilidade de desenvolver esta doença?

Estes dados fazem-nos estar alerta para o risco de doença coronária, ou seja, enfarte e doença anginosa, nas pessoas com diabetes. E pensar que as mulheres após a menopausa passam a ter risco aumentado pois perdem algum efeito protetor das hormonas.

Na mulher as manifestações são mais graves e a mortalidade maior. As causas são:

  • As queixas da mulher são menos típicas, por isso a mulher é menos estudada e a doença é identificada tardiamente.
  • Os fatores de risco cardiovascular são menos valorizados na mulher, o que leva a que não sejam devidamente tratados e corrigidos;
  • As artérias mais finas e a maior tendência para as hemorragias na mulher aumentam as complicações dos tratamentos.

Que doentes devem ser investigados e como se identificam os doentes assintomáticos?

A resposta é fácil, todos, pois todo o doente com diabetes tem alto risco para doença cardiovascular. A dificuldade é como e quando. Sem sintomas é difícil, mas quem tem diabetes há mais anos, colesterol elevado, história de tabaco, hipertensão arterial… tem mais risco e tem de estar atento a sintomas e disposto a tratar de si, cumprindo as orientações dos profissionais de saúde e fazendo as vigilâncias regulares.

Quais os principais cuidados, ou alterações ao estilo de vida, que estes doentes devem ter para prevenir o desenvolvimento da doença cardiovascular?  

Diria “Corpo são, mente sã”. Na USF João Semana temos um programa em conjunto com a Câmara Municipal de Ovar de “caminhadas orientadas” por professores de educação física, 2 vezes por semana, em que de forma descontraída, as pessoas com e sem doenças, se juntavam (até à era da COVID) para dar saúde ao corpo e à mente. Exercício na diabetes reduz a resistência à insulina, reduz a inflamação vascular e tem efeito benéfico na aterosclerose. O Homem é um “animal social” e deve socializar com atividades físicas, pois socializar à mesa é agradável, mas potencialmente fatal!

Qual o papel do médico de família nesta relação tão perigosa associada à diabetes?

A equipa de saúde dos CSP (médico e enfermeiro) são os treinadores da maratona da vida. Não vão correr com a pessoa, mas estão lá para dar as orientações, a motivação e o abraço, a repreensão e o ombro amigo, mas quem corre e correrá será sempre a pessoa com diabetes.

Quais as principais dificuldades no controlo da diabetes e prevenção de comorbilidades, no âmbito dos cuidados de saúde primários?

A diabetes trata-se com 4 coisas, alimentação, exercício, medicação e o QUERER. A doença é “chata” pois interfere com hábitos e gostos, e ainda por cima, é crónica. O “QUERER mudar” e o “QUERER manter a mudança” são os principiais problemas pois a medicina que temos hoje em Portugal: acesso, profissionais e terapêutica inovadora, conseguem fazer qualquer pessoa com diabetes correr a maratona da vida sem cair.

Que mensagem gostaria de deixar no âmbito desta temática?

Nos cuidados de saúde primários temos uma ferramenta de monitorização, BICSP, que mostra que, a nível nacional só cerca de 35% das pessoas com diabetes têm o colesterol mau (LDL) abaixo de 100mg/dL (atenção que a maioria das pessoas com diabetes deverão ter abaixo de 70). Temos de ser mais exigentes! O valor de referência nos boletins de análises não se deve aplicar neste assunto do colesterol e diabetes!!! Para reduzir a doença cardiovascular na pessoa com diabetes é obrigatório que médicos e doentes tratem as “gorduras” como tratam o “açucar”. Devem QUERER baixar o colesterol até ao alvo ideal. O primeiro passo é saber qual o alvo ideal para cada pessoa. QUEIRA saber o seu e atinga-o com precisão.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
APDP compara situação em Portugal
A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) alerta para os resultados de uma avaliação do Serviço Nacional de...

“A pandemia da COVID-19 afeta todos de forma diferente e este é mais um estudo que veio demonstrar que há evidência de um maior risco de morte e morbilidade nas pessoas com diabetes. A APDP tem estado na linha da frente para encontrar novas soluções e para conseguir manter um acompanhamento regular de todos as pessoas com diabetes. Afinal, pensa-se que o risco de pessoas com diabetes face à COVID-19 está em linha com o risco adicional analisado com outras infeções, como, por exemplo, a pneumonia. Deriva da diminuição da capacidade de resposta à infeção com a descompensação da diabetes” refere José Manuel Boavida, presidente da APDP.

O estudo realizado no Reino Unido revela que a mortalidade aumenta com a idade (a percentagem abaixo dos 40 é diminuta) e que a taxa geral de pessoas com diabetes duplicou durante o período inicial de pandemia, principalmente em comunidades mais carenciadas. E que, tanto na diabetes tipo 1 como na tipo 2, as pessoas com doença renal preexistente e insuficiência cardíaca estavam em maior risco.

José Manuel Boavida defende que este estudo não pode ser negligenciado e afirma que “estes dados comprovam a grande preocupação da APDP com as pessoas com diabetes em que, apesar de não terem maior probabilidade de contrair infeção por SARS-Cov-2, apresentam maior risco de complicações se infetadas. O NHS do Reino Unido adotou uma série de medidas como a criação de uma linha de apoio, alargou as medidas de apoio às pessoas com diabetes, e desenvolveu ferramentas digitais para ajudar as pessoas a gerirem a diabetes durante a pandemia. Medidas que a APDP já adotou desde o início do confinamento” e menciona que “a comunidade inglesa vai também receber apoio adicional para a autogestão da diabetes, através de serviços de educação online. Precisamos deste apoio, interesse e envolvimento por parte do Serviço Nacional de Saúde. Estamos disponíveis para lançar um programa de educação nos cuidados primários para todos os novos diagnosticados: o ABC Diabetes”

“Desde o início da pandemia que a APDP implementou um sistema de teleconsultas, contactos diários aos seus utentes para dar uma palavra de conforto, elaborou um manual de apoio para as pessoas com diabetes após resultado positivo de COVID-19, um manual com as mesmas indicações partilhadas atualmente pelo NHS do Reino Unido, criou a Linha de Apoio Diabetes (21 381 61 61) para prestar aconselhamento especializado, criou um serviço domiciliar de entrega de medicamentos e forneceu as ferramentas necessárias para a autogestão de cuidados”, afirma João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP.

Estudo
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) está a promover um estudo para avaliar o impacto da Covid-19 na saúde...

Os dados obtidos vão permitir definir recomendações que contribuam para a melhoria de respostas dos serviços de saúde aos problemas de saúde mental das populações.

Coordenado pelo Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças Não Transmissíveis do INSA, o projeto «Saúde Mental em Tempos de Pandemia (SM-COVID19)» pretende avaliar aspetos considerados relevantes em saúde mental, como bem-estar geral, auto-percepção do estado de saúde, stress, ansiedade, depressão, stress pós-traumático, consumos e adições, resiliência, presentismo, burnout e acesso aos serviços.

Segundo o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, a recolha de dados do projeto vai ocorrer em três momentos distintos, entre maio e julho, através do preenchimento de um questionário online, disponível no site do projeto.

Composto por 52 itens, o questionário não demora mais de 20 minutos a preencher, e é “garantida a confidencialidade e a anonimização de todas as respostas”, assegura o INSA. Ao longo do trabalho, vão ser disponibilizados dados e análises preliminares no site do projeto.

Desenvolvido em colaboração com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e com a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, este estudo vai também identificar fatores de proteção e/ou fragilização da saúde mental e bem-estar, através de questões sobre a situação individual face à pandemia, conciliação trabalho-família, situação face ao trabalho e rendimento, desempenho profissional e segurança laboral, atividades de lazer e estilos de vida e expectativas face ao futuro.

A pandemia de Covid-19 tem impacto na saúde mental e bem-estar, podendo conduzir a ansiedade e depressão ou eventualmente ao suicídio, assim como ao aumento de vulnerabilidade social. De entre os fatores que conduzem à fragilização da saúde mental incluem-se medo, isolamento, frustração, falta de bens essenciais, informação desadequada, perda de rendimentos ou do emprego e estigma, destaca o INSA.

Universidade de Coimbra
Com a possibilidade de se recorrer a aplicações móveis (apps) para auxiliar no combate à pandemia de COVID-19, é possível...

Apesar dos riscos inerentes à utilização destas tecnologias, se forem devidamente observadas as regras éticas já desenvolvidas e recomendadas pela União Europeia, no final, acredita, toda a sociedade ganha com a interrupção das cadeias de transmissão e a limitação da propagação do vírus.

No estudo intitulado “Questões ético-jurídicas relativas ao uso de apps geradoras de dados de mobilidade para vigilância epidemiológica da Covid-19. Uma perspetiva Europeia”, Alexandra Aragão contextualiza a Recomendação (UE) 2020/518 da Comissão Europeia relativa à utilização de tecnologias e dados para combater a COVID-19 através de aplicações móveis e da utilização de dados de mobilidade anonimizados, de 8 de abril de 2020, e apresenta os requisitos desejáveis dessas apps na União Europeia.

Face à crise pandémica, a especialista da FDUC considera que as aplicações móveis que produzem dados de mobilidade anonimizados e agregados para auxiliar as autoridades públicas competentes nos seus esforços de contenção da propagação do vírus «são muito vantajosas, ajudando a compreender a forma como o vírus se propagará, avaliar a eficácia das medidas de distanciamento social, modelizar a dinâmica espacial das epidemias (limitações de deslocamentos, encerramentos de atividades não essenciais, confinamento total, etc.) e modelizar também os efeitos económicos da crise».

Para os cidadãos, salienta, as vantagens da utilização de apps multifuncionais «são igualmente significativas. Por exemplo, as funções de autodiagnóstico e de controlo de sintomas podem ser especialmente importantes para a estabilização emocional dos utilizadores infetados ou com receio de o estarem. As funções de alerta e de rastreio através de dados de proximidade (bluetooth) podem desempenhar um papel fundamental na identificação de contactos sociais».

Portanto, acrescenta, «o “se” da aceitação das novas tecnologias de comunicação para alcançar os mais importantes desígnios sociais, como a proteção da saúde, não parece estar em discussão. Aquilo que está em causa são as condições de segurança na produção, acesso e utilização da informação produzida, processada, armazenada e transmitida».

Por isso, no que concerne aos riscos resultantes da produção de dados pessoais e de localização por aplicações móveis ligadas a redes de vigilância epidemiológica, a também docente da FDUC sublinha que «o risco mais grave é a cibercriminalidade entendida em sentido amplo».


A investigadora Instituto Jurídico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC), Alexandra Aragão

No entanto, os riscos decorrentes do uso de aplicações móveis ligadas a redes de vigilância epidemiológica «são uma realidade comum a outras aplicações, plataformas ou serviços digitais que contenham ou possam aceder a informações pessoais, como o Tinder, o Find my friends ou o Snapchat, todas elas já existentes, instaladas no mercado e com milhões de utilizadores».

A investigadora nota que estão em causa vários direitos fundamentais, tais como a liberdade de reunião (se a app for usada para detetar antecipadamente agrupamentos de pessoas); liberdade de deslocação (para sinalizar trajetos ou destinos desaconselháveis); intimidade da vida privada (se a app for usada para identificar comportamentos indesejáveis, nomeadamente de proximidade social); dignidade humana (se o confinamento puser em causa o acesso à alimentação ou outros direitos fundamentais).

Por tudo isto, percebe-se a «preocupação da União Europeia com a segurança dos sistemas e a confiança dos utilizadores», refere Alexandra Aragão, realçando que os princípios que a Comissão Europeia apresentou no passado mês de abril relativos às aplicações móveis de alerta e prevenção da COVID-19 «pretendem assegurar que as tecnologias de geolocalização e de comunicação digital garantem um ambiente confiável no qual os cidadãos têm poder de decisão sobre os dados que fornecem online e offline».

Considerando todas as regras estabelecidas na Recomendação (UE) 2020/518, a especialista conclui que «todas as condições estão reunidas para avançar, com segurança e confiança, para o futuro, o nosso futuro digital comum».

Iniciativa
Com esta paragem simbólica de 23 minutos, as farmácias alertam a sociedade portuguesa e o poder político sobre a urgência de...

É já na próxima 4ª feira, pelas 15 horas, que as farmácias vão suspender o seu funcionamento durante os 23 minutos reservados pela Assembleia da República para debater a petição “Salvar as Farmácias, Cumprir o SNS”. A plataforma informática de dispensa das receitas eletrónicas ficará 23 minutos inativa.

Entre segunda e quarta-feira, a linha telefónica 1400 irá esclarecer os cidadãos quanto aos serviços farmacêuticos que terão de ser suspensos por falta de comparticipação do Estado. As chamadas são gratuitas e os portugueses poderão continuar a usar esta linha para fazer as suas encomendas de medicamentos.

De acordo com a nota de imprensa, na última década, “a rede de farmácias tem sido alvo de uma série de medidas de austeridade que conduziram ao colapso da sua sustentabilidade económica”.

Segundo os dados avançados pela ANF, “há 702 farmácias alvo de processos de penhora e de insolvência, o que corresponde a 24% da rede”.

O Estado tem iniciado várias experiências de serviços farmacêuticos críticos para a Saúde dos portugueses, “mas esses processos arrastam-se no tempo, sem decisão ou qualquer investimento público”.

Há ainda 250 doentes com VIH-Sida seguidos há quatro anos nas farmácias comunitárias sem que o Estado assuma qualquer responsabilidade por esse serviço, avança a ANF que com esta iniciativa pretende apelar ao Estado pela manutenção dos serviços prestados à população.

“A indecisão do Estado deixa os farmacêuticos comunitários entre a espada e a parede. Por um lado, a sua consciência profissional impede-os de deixar de servir um único doente. Por outro, a sobrevivência das farmácias proíbe-os de continuar a prestar serviços gratuitamente, sem qualquer comparticipação por parte do Estado”, declara Paulo Cleto Duarte, presidente da ANF, que reúne 2.750 farmácias.

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