Opinião
Os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) desempenham um papel essencial no autocuidado,

A oferta crescente de MNSRM reflete mudanças nas dinâmicas da sociedade moderna, onde as pessoas procuram, cada vez mais, soluções rápidas e eficazes para problemas comuns de saúde. Estes medicamentos abrangem áreas como o alívio da dor, tratamento de sintomas de constipações e gripes, distúrbios digestivos ou alergias, entre outros. A conveniência e acessibilidade dos MNSRM são vantagens inegáveis, contribuindo para reduzir a pressão sobre os sistemas de saúde, sobretudo em situações onde uma consulta médica pode não ser necessária.

Além disso, os MNSRM contribuem para o empoderamento dos cidadãos em relação à sua própria saúde. A capacidade de identificar sintomas comuns e tomar medidas imediatas para aliviá-los ou tratá-los promove uma maior autonomia e responsabilidade individual.

No entanto, o fácil acesso a estes medicamentos pode levar, por vezes, a uma utilização inadequada ou excessiva, trazendo riscos para a saúde. O autocuidado não deve ser confundido com a automedicação irresponsável.

Neste sentido, as campanhas de sensibilização sobre o uso adequado dos medicamentos de venda livre têm um papel crucial. É fundamental que os consumidores sejam informados sobre os benefícios e limites destes medicamentos, bem como sobre a necessidade de ler atentamente o folheto informativo, seguir as posologias recomendadas e consultar o farmacêutico ou médico sempre que tiverem dúvidas. A educação em saúde é uma ferramenta poderosa para prevenir abusos e promover um uso seguro e eficaz dos MNSRM.

Outro desafio crescente no contexto do autocuidado é o aumento do recurso a plataformas digitais para a compra de medicamentos. Embora a venda online de MNSRM possa ser conveniente, há riscos associados como a possibilidade de adquirir produtos falsificados ou de qualidade duvidosa através de fontes não credenciadas. Neste sentido, é crucial que os consumidores saibam identificar farmácias online legítimas e certificadas, protegendo-se de possíveis riscos para a sua saúde.

Por fim, o papel dos MNSRM no autocuidado está intimamente ligado à responsabilidade individual. Um autocuidado eficaz depende de um equilíbrio entre a autonomia na gestão da saúde e a consciência dos limites da automedicação. Os medicamentos de venda livre são uma ferramenta valiosa para o alívio de sintomas e tratamento de problemas menores, mas não substituem o diagnóstico e acompanhamento médicos quando necessário. O uso responsável destes fármacos é, assim, essencial para uma abordagem preventiva da saúde, promovendo o bem-estar sem comprometer a segurança. Ao promover um uso informado e consciente dos MNSRM, é possível maximizar os benefícios desta forma de autocuidado, minimizando os riscos e contribuindo para uma sociedade mais saudável e autónoma.

Conclui-se, assim, que a nossa missão é crucial: ao fomentar a literacia em saúde, ajudamos os consumidores a tomar decisões mais informadas, incluindo quando é necessário procurar um profissional de saúde. Assim, contribuímos para um consumidor mais esclarecido e capacitado para fazer escolhas seguras e informadas sobre a sua saúde.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Prevenção e controlo da doença
Em Portugal, em 2021, cerca de 1,1 milhões de portugueses entre os 20 e os 79 anos tinham diabetes (

A diabetes é uma doença crónica que ocorre quando o organismo não consegue utilizar, de forma eficaz, a insulina que produz, sendo a insulina uma hormona que regula a glicemia (concentração de glicose no sangue). Os principais sintomas associados à doença são sede, cansaço, visão turva e perda de peso involuntária. 

As pessoas com diabetes apresentam um risco mais elevado de contrair doenças cardiovasculares. Alguns estudos sugerem ainda, um maior risco de desenvolver alguns tipos de cancro3. A adoção de um estilo de vida saudável é a estratégia mais eficiente para prevenir ou adiar o aparecimento de diabetes tipo 2. Também na diabetes tipo 1, a atividade física apresenta um efeito benéfico na expectativa de vida. 

“O exercício físico regular e uma alimentação equilibrada são pilares fundamentais não apenas para a prevenção da diabetes, mas também para garantir uma melhor qualidade de vida a longo prazo. No VivaGym, acreditamos que a adoção de hábitos saudáveis, como a prática de exercício físico, pode ajudar a combater essa doença silenciosa e promover bem-estar físico e mental para todas as faixas etárias”, afirma Daniel Galindo, Diretor do Departamento de Experience & Innovation do VivaGym. 

Alguns benefícios do exercício físico são: 

  • Aumento da sensibilidade do organismo à insulina, que permite às células dos músculos uma utilização mais eficaz da hormona e respetiva retenção durante e após o exercício; 
  • Regulação da pressão arterial, um fator importante na redução de complicações cardiovasculares.

Quanto à alimentação, os indivíduos com diabetes devem procurar ingerir alimentos ricos em fibras, proteínas magras e gorduras saudáveis como os cereais integrais, legumes, peixe, frango, frutas e bebidas vegetais. Alimentos como carnes processadas, doces e álcool, devem ser evitados. 

“Reconhecemos a importância de assinalar dias como este. Informar é o primeiro passo para prevenir e no caminho para uma vida saudável, cada passo conta. O VivaGym tem um compromisso que vai além do fitness. Queremos que as pessoas queiram cuidar da sua saúde”, acrescenta. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 30 minutos de atividade física moderada é suficiente para ajudar na prevenção da doença4

 

Referências: 

1 Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal. Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes (2023). [Consultado a outubro 2024 em: https://apdp.pt/3d-flip-book/relatorio-do-observatorio-nacional-da-diabetes/

2 Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares. Um PRR para a Diabetes – A Oportunidade é Agora (2021). 

3 Noto, H., Goto, A., Tsujimoto, T., Osame, K., & Noda, M. (2013). Latest insights into the risk of cancer in diabetes. Journal of diabetes investigation, 4(3), 225-232. 

4 https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/diabetes, Organização Mundial da Saúde [Consultado outubro 2024] 

Fonte: 
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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dados de relatório Ascendant da Minsait (Indra Group)
As empresas farmacêuticas já integraram a Inteligência Artificial no seu dia a dia: três em cada quatro empresas concebem os...

O mesmo relatório destaca ainda quais são as operações específicas onde as empresas estão a concentrar ou vão concentrar os seus esforços na utilização da Inteligência Artificial, o que implica melhorar significativamente a velocidade e a precisão na descoberta de compostos, a previsão de resultados em ensaios clínicos, a otimização de processos de fabrico e a gestão inteligente da cadeia de abastecimento.

Adicionalmente, 33% das empresas entrevistadas já aplicou IA na análise de doenças, e 29% no desenvolvimento e fabrico de medicamentos. Assim, a Inteligência Artificial funciona como uma calculadora para os profissionais de saúde preverem se um paciente com diabetes desenvolve outra doença, ou detetarem se uma pessoa com doença cardíaca piora. Quanto ao fabrico de medicamentos, o estudo menciona a instalação de câmaras de visão artificial para análise de qualidade, entre outras possibilidades.

Por outro lado, o relatório considera quatro grandes dimensões para analisar o grau de maturidade das empresas farmacêuticas na adoção da Inteligência Artificial, destacando a motivação e a adoção. No primeiro caso, as organizações expressam a excelência operacional como objetivo principal: sete em cada dez entrevistados procuram alcançar maior eficiência nas suas operações como uma alavanca fundamental para melhorar a sua competitividade. Outras duas motivações são a melhoria na tomada de decisão (34%) e a melhoria da experiência dos clientes e cidadãos com quem interagem (31%). No caso da adoção, as áreas da cadeia de valor com maior foco são as operações internas específicas do setor (65%) e a aplicação da IA ​​à gestão de riscos e à cibersegurança (54%).

Relativamente às barreiras ou fatores que atrasam o caminho para a aplicação da Inteligência Artificial, o estudo menciona a escassez de competências e talento de profissionais especializados em IA (36%), a falta de visão estratégica por parte da gestão de topo (35% %) e a incerteza causada por um quadro regulamentar variável por geografia e setor na fase de desenvolvimento e implementação (31%).

Próximos passos para a indústria farmacêutica

O setor farmacêutico é um dos motores fundamentais da economia europeia, gera 300 mil milhões de euros e contribui com 175 mil milhões de euros para a balança comercial da UE. Lidera ainda o capítulo da inovação, com 41,5 mil milhões de euros investidos. Em Portugal, segundo dados de 2023 do Banco de Portugal, o setor farmacêutico representa um volume de negócios, superior a 15 mil milhões de euros.

O surgimento da Inteligência Artificial gerou elevadas expectativas no setor farmacêutico, onde a sua capacidade de automatizar tarefas sofisticadas e de alto valor acrescentado está a abrir possibilidades impensáveis, refere o relatório Ascendant. Neste sentido e de acordo com as conclusões do estudo, a IA surge como uma ferramenta essencial para acelerar o desenvolvimento de novos medicamentos, melhorar a eficiência operacional e responder aos grandes desafios do setor.

“Já não há dúvidas sobre o potencial da Inteligência Artificial para qualquer empresa, independentemente da sua dimensão e setor. Além de aumentar a competitividade, tem a capacidade de ajudar a integrar soluções que podem transformar produtos e serviços e, paralelamente, otimizar processos assim como ajudar na tomada de decisões estratégicas”, refere Luis Monção, diretor de Industria e Consumo da Minsait em Portugal. “Nos próximos anos o setor farmacêutico deverá realizar investimentos consideráveis na produção, digitalização, investigação e sustentabilidade, e a IA poderá ter um papel fundamental naquilo que se pode vir a alcançar”.

O Relatório Ascendant da Minsait aborda, na sua quinta edição em 2024, o contexto e o grau de adoção da inteligência artificial pelas empresas e administrações públicas. Para tal, foi analisada a informação facultada por mais de 900 organizações de vários países, incluindo Portugal, de 15 setores de atividade diferentes.

Quais os cuidados?
A queda de cabelo pode dever-se a muitas causas, embora a genética e as hormonas sejam as mais frequ

No outono é comum perceber-se uma queda maior do que o normal, o que se deve a várias razões e não tem de apontar um problema capilar. Retomar o trabalho e o ritmo habitual da vida após as férias de verão pode gerar um pico de stress que pode refletir-se na nossa saúde capilar. Além disso, a crença popular dá ao outono uma responsabilidade extra na queda de cabelo.

Mas o que realmente acontece é que nesta época do ano há uma renovação mais intensa. A explicação deve-se a que, no ciclo de vida do cabelo, primavera e outono correspondem às fases de maior telogénese (queda), que são seguidas por anagénese, em que o cabelo volta a crescer.

Para além destas considerações, as agressões sofridas pelo nosso cabelo durante o verão, com intensa exposição ao sol, cloro, sal marinho, areia, vento e humidade, também podem contribuir para a queda de outono.

Por isso, se vir mais pelos na escova ou no chuveiro do que o habitual, não fique alarmado. Pode ser uma queda totalmente natural. Os cerca de 100 cabelos perdidos por dia ao longo do ano, podem chegar ao dobro no outono. Claro que, se este ritmo continuar para além do que esta fase deve durar – cerca de três meses – o melhor é consultar um especialista.

O stress contínuo pode provocar a queda de cabelo para desencadear a chamada alopécia nervosa ou de stress. A boa notícia é que esta é um tipo de perda de cabelo temporária, que pode ser invertida se a causa que a gerou for eliminada, isto é, se o grau de stress for reduzido.

Assim, o nervosismo pode ser a causa do eflúvio, uma queda difusa que afeta principalmente as mulheres.

Depois de várias semanas de relaxamento habitualmente associado ao verão, sem horários marcados e com descanso e divertimento como única obrigação, o retorno pode levar a uma quebra significativa de humor. Nem sempre podemos voltar ao trabalho e à vida com elevados níveis de stress laboral de forma gradual, acabando a nossa saúde capilar e não só por sofrer.

Adaptar-se o mais rapidamente possível às rotinas pós-férias é fundamental para reduzir a quantidade de stress e, assim, não colocar o nosso cabelo em risco. Também é uma boa ideia refrescar o cabelo após o verão com um bom corte, assim como incorporar alimentos ricos em ferro, ácido fólico, magnésio, iodo, zinco, vitaminas B e colagénio na dieta.

Os champôs nutritivos e fortificantes, com a sua ação restauradora e regeneradora, são úteis. Quando os aplicar, massaje suavemente o couro cabeludo para promover a circulação sanguínea.

Além disso, a mesoterapia capilar poderá ser uma ajuda eficaz no estímulo e nutrição dos seus folículos para produzir cabelos de maior qualidade e mais resistentes. Além disso, o Plasma Rico em Plaquetas (PRP) com todos os fatores de crescimento derivados das plaquetas (células do sangue) ajuda a que as unidades foliculares produzam novamente o cabelo com qualidade e resistência.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Cerimónia da 68.ª edição dos Prémios Pfizer decorreu esta 4ª feira
Na 68.ª edição dos Prémios Pfizer, o mais antigo galardão na área da investigação biomédica em Portugal, destacaram-se as...

Os Prémios distinguem um projeto de investigação clínica e dois projetos de investigação básica, totalizando um montante de 60 mil euros. A entrega dos prémios decorreu numa cerimónia que contou com a presença da Secretária de Estado da Saúde, Ana Povo; da Presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, Maria do Céu Machado; e do Diretor Geral da Pfizer Portugal, Paulo Teixeira.

Paulo Teixeira, Diretor Geral da Pfizer Portugal, sublinha: "É com grande entusiasmo que celebramos mais uma edição dos Prémios Pfizer. Estamos profundamente convencidos de que Portugal possui um potencial notável para se estabelecer como um centro de excelência, apoiado na elevada competência dos nossos investigadores e na qualidade das nossas instituições. Os projetos distinguidos representam um contributo valioso para a melhoria da qualidade de vida das populações, reiterando a necessidade de que a saúde e a ciência permaneçam indissociáveis na procura por novas soluções terapêuticas”.

Trabalhos premiados revelam mecanismo que agrava o prognóstico do Cancro do Estômago, migração celular dos Fotorrecetores com impacto negativo na Retina Humana e transformação de Células Tumorais em Células Imunitárias. 

Syndecan-4: Compreensão de um mecanismo molecular que agrava o prognóstico do Cancro do Estômago

O Cancro do Estômago persiste como um desafio de saúde global, com mais de um milhão de novos casos diagnosticados anualmente. Trata-se de uma doença clinicamente desafiante por, frequentemente, apresentar apenas sintomas numa fase avançada da doença. Nos últimos anos, têm surgido evidências científicas de que certas proteínas modificadas com carboidratos complexos (incluindo a classe dos proteoglicanos), quando alteradas, podem desempenhar um papel determinante na progressão dos tumores.

O trabalho premiado, desenvolvido pela investigadora Ana Magalhães e pela sua equipa, identificou que o proteoglicano Syndecan-4 (SDC4) está muito presente em tumores do estômago do subtipo intestinal. O aumento da sua expressão está associado a uma maior invasão das células tumorais e a um pior prognóstico. O estudo demonstra ainda que o SDC4 é transportado por vesículas extracelulares, produzidas pelas células tumorais, e consegue direcioná-las para o fígado e para o pulmão, precisamente os órgãos onde é comum aparecerem metástases de Cancro do Estômago.

“Com estas descobertas, a nossa equipa de investigação contribuiu para a compreensão de um novo mecanismo de comunicação das células tumorais, identificando um potencial alvo para o desenvolvimento de novas terapias que possam travar a formação de metástases e melhorar o prognóstico de doentes com cancro do estômago”, refere Ana Magalhães, Investigadora do i3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde e Docente do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.

Peixe-Zebra e a Migração Celular dos Fotorrecetores: Implicações para a Retina Humana

O estudo liderado pela Investigadora Caren Norden analisou como a migração dos fotorrecetores – as células responsáveis por detetar a luz, capturar imagens e possibilitar a visão – contribui para o desenvolvimento saudável do olho.

Utilizando o peixe-zebra como modelo para estudar a organização da retina em vertebrados, os investigadores descobriram que os fotorrecetores se movem de forma coordenada: inicialmente afastam-se do local onde foram formados e, em seguida, regressam. Este movimento cria espaço para outras células em divisão e facilita o crescimento organizado da retina.

A migração dos fotorrecetores é impulsionada por diferentes mecanismos celulares, dependendo da direção do movimento. Se esses fotorreceptores não migrassem corretamente logo após a sua formação, poderia haver uma sobrelotação na retina. Isso, por sua vez, poderia interferir na divisão de outras células essenciais que também se dividem na superfície da retina para formar outros tipos de neurónios, resultando numa formação inadequada do tecido e numa retina sem função. Importa realçar que este fenómeno foi também observado em tecido humano e em organoides de retina, que são modelos cultivados a partir de células humanas.

Nos humanos, problemas na migração destes fotorrecetores podem causar doenças na retina ou problemas de desenvolvimento. Caren Norden, Investigadora principal na Fundação GIMM, sublinha que a “combinação do peixe-zebra com modelos de cultura celular humana permite uma melhor compreensão do desenvolvimento da retina humana, uma vez que os resultados obtidos com o peixe-zebra podem servir para tornar os estudos com tecido humano mais direcionados e comparativos. Juntas, estas pesquisas inter-espécies fornecem uma base para avançar na compreensão da biologia da retina, levando a novas estratégias terapêuticas”.

Resposta Imunitária contra o Cancro: Transformar Células Tumorais em Células Imunitárias

O nosso sistema imunitário trava uma batalha constante contra o cancro, recorrendo a mecanismos que lhe permitem identificar e eliminar as células tumorais. No entanto, estas células desenvolvem estratégias que lhes permitem escapar ao reconhecimento por parte do sistema imunitário, evitando assim a sua destruição. O sistema imunitário prevalece quando as suas células são capazes de reconhecer os antigénios presentes nas células tumorais — proteínas específicas na superfície celular que distinguem células saudáveis de células anormais.

Constituindo um tipo de células imunitárias com a capacidade de processar e apresentar antigénios, as células dendríticas coordenam a imunidade antitumoral. O estudo premiado fornece um novo trunfo para desenvolver uma resposta imunitária contra o cancro. A base desta investigação baseia-se na ideia de que é possível mudar a identidade celular – ou seja, uma célula pode ser transformada numa célula diferente através de um processo chamado reprogramação celular.

A obtenção de resultados prévios permitiu aos investigadores saber quais os reguladores que impunham uma identidade de célula dendrítica. Assim, neste estudo, foi possível reprogramar células de cancro (humanas e de ratinhos) em células que apresentam antigénios tumorais. “Os resultados foram promissores: quando as células reprogramadas foram injetadas em ratinhos com tumores, houve uma redução no crescimento dos tumores, um aumento na sobrevivência dos animais e uma melhor resposta a tratamentos de imunoterapia já existentes”, destacou Filipe Pereira, Investigador do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra. 

Estudo publicado na revista Cell
Segundo um estudo do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL, sigla em inglês), a carga microbiana é um fator...

Na doença ou na saúde, os milhares de milhões de microrganismos que habitam os nossos intestinos são nossos companheiros constantes ao longo da vida. Nas últimas décadas, os cientistas têm demonstrado que a natureza deste “microbioma” pode fornecer pistas valiosas sobre as doenças humanas e o seu tratamento.

Um novo estudo do grupo Bork do EMBL Heidelberg, recentemente publicado na revista Cell, refere que uma série de condições, como o estilo de vida e as doenças, afectam o número total de micróbios no intestino, o que faz com que esta métrica, frequentemente negligenciada, mereça uma avaliação mais aprofundada na investigação do microbioma intestinal.

Da composição às cargas

Ao estudar os microbiomas, os investigadores tendem a concentrar-se mais na composição microbiana - a proporção relativa de diferentes espécies de micróbios (geralmente bactérias e archaea, mas também protistas, vírus e outros microrganismos). Isto diz-nos, por exemplo, se o nível de uma espécie de bactéria aumenta ou diminui em comparação com outras espécies nos intestinos de determinados doentes.

Para ilustrar isto, imagine que apenas 1.000 bactérias vivem no seu intestino. Em indivíduos saudáveis, este número pode incluir 10 bactérias da espécie “vermelha” e 20 bactérias da espécie “azul”, pelo que poderíamos dizer que as bactérias vermelhas constituem 2% do microbioma e as azuis 5%. No entanto, em indivíduos que sofrem de uma determinada doença, podemos observar que as bactérias vermelhas constituem 4% do microbioma - um aumento relativo, enquanto as bactérias azuis permanecem nos 5%. Poderíamos então colocar a hipótese de as bactérias vermelhas estarem associadas a esta doença.

Por outro lado, a carga microbiana refere-se à densidade de micróbios no interior dos nossos intestinos. Experimentalmente, é determinada como o número de células microbianas por grama de fezes. Ao contrário da composição microbiana, é uma quantidade absoluta. No exemplo acima, imagine que o número total de bactérias desce para 500 em resultado de uma doença. Olhando para os números absolutos, é possível que o número de bactérias vermelhas tenha permanecido o mesmo, enquanto o número de bactérias azuis diminuiu.

Normalmente, os cientistas apenas têm em conta a composição microbiana quando realizam estudos do microbioma, porque os métodos experimentais actuais para medir as cargas microbianas são intensivos em termos de tempo e de custos.

Utilizar a aprendizagem automática para tornar os estudos do microbioma mais robustos

“Queríamos desenvolver um novo método que não exigisse métodos experimentais adicionais para quantificar a carga microbiana”, afirmou Suguru Nishijima, primeiro autor do estudo e pós-doutorado no Grupo Bork. “Tínhamos acesso a grandes conjuntos de dados com a composição microbiana e dados de carga microbiana medidos experimentalmente. Queríamos ver se podíamos utilizá-los para treinar um modelo de aprendizagem automática para estimar a carga microbiana tendo em conta apenas a composição microbiana”.

Os conjuntos de dados utilizados para este exercício provêm dos consórcios GALAXY/MicrobLiver e Metacardis - projectos de grande escala financiados pela UE para os quais o Grupo Bork já contribuiu anteriormente. Extraídos de mais de 3700 indivíduos, estes dados constituíram uma forma ideal de testar se um modelo de aprendizagem automática podia ser treinado para estimar o número total de micróbios numa amostra.

E, de facto, o modelo criado por Nishijima e os seus colegas conseguiu prever de forma robusta as cargas microbianas, que validaram utilizando um novo conjunto de dados que o modelo não tinha encontrado antes. Sabendo que o modelo funcionava, os investigadores aplicaram-no a uma enorme amostra de mais de 27 000 indivíduos, recolhida a partir de 159 estudos anteriores realizados em 45 países.

Descobriram que muitos factores podem influenciar a carga microbiana. Por exemplo, a diarreia pode reduzir o número de micróbios no intestino, enquanto a obstipação pode aumentá-los. As mulheres têm, em média, uma carga microbiana mais elevada do que os homens (talvez devido à observação de que as mulheres sofrem de obstipação com mais frequência do que os homens), enquanto os jovens têm uma carga microbiana média inferior à dos idosos. Muitas doenças, bem como os medicamentos utilizados para as tratar, alteram significativamente a carga microbiana.

“É importante notar que muitas espécies microbianas que se pensava estarem associadas à doença foram mais fortemente explicadas por variações na carga microbiana. Estes resultados sugerem que as alterações na carga microbiana, e não a doença em si, podem ser o fator determinante das mudanças no microbioma dos doentes”, afirmou Nishijima. “No entanto, certas associações doença-micróbio mantiveram-se, e isto mostra que são verdadeiramente robustas. Isto confirma ainda mais a importância de incluir a carga microbiana nos estudos de associação do microbioma para evitar falsos positivos ou falsos negativos.”

Graças ao novo modelo de aprendizagem automática que estes cientistas desenvolveram - o primeiro a prever cargas microbianas a partir de dados de composição - os cientistas podem agora incluir este importante fator em futuros estudos do microbioma intestinal. O modelo está disponível de forma livre e aberta para ser testado e reutilizado por investigadores de todo o mundo.

Isto pode também ter implicações muito para além do microbioma intestinal.

“Os nossos oceanos, solos, rios - estão todos repletos de micróbios, e a compreensão destes microbiomas pode produzir conhecimentos valiosos para ajudar a preservar a nossa saúde planetária”, afirmou Peer Bork, chefe de grupo e diretor do EMBL Heidelberg e autor principal do estudo. “Este estudo mostra-nos que a carga microbiana é uma medida importante que deve ser tida em conta nesses estudos. Assim, vamos trabalhar no sentido de traduzir o conhecimento sobre o microbioma intestinal para outros habitats”.

Inquérito elaborado pelo Medscape
Em que medida os médicos europeus confiam e utilizam a inteligência artificial (IA)? O que os preocupa e que futuro reserva a...

Com a inteligência artificial a ser disseminada de forma transversal entre várias áreas, incluindo a saúde, os portugueses são dos mais entusiasmados (54%) entre os médicos europeus inquiridos em relação ao futuro da IA no local de trabalho médico, seguidos pelos britânicos (50%) e pelos espanhóis (46%). Independentemente da forma como se sentem em relação à IA, mais de metade dos médicos inquiridos afirmou que é muito importante estarem informados sobre a IA e as suas aplicações nos cuidados de saúde.

Em termos das especialidades que mais se beneficiariam com a utilização desta tecnologia, existem dois vencedores claros para os médicos inquiridos: a radiologia e a clínica geral. De facto, 75% dos médicos portugueses revelam sentimentos positivos sobre o impacto da IA na interpretação de exames de radiologia, valor que contrasta com o sentimento negativo dos seus colegas espanhóis (75%).  Contudo, a maioria dos médicos entrevistados em todos os países participantes também consideraria, por exemplo, utilizar a IA para resumir o registo eletrónico de saúde de um paciente antes de uma consulta.

Outra das principais conclusões centra-se no potencial impacto da tecnologia na redução dos casos de negligência médica. Aqui, os médicos italianos (64%), espanhóis (61%) e portugueses (57%) acreditam que a IA irá reduzir estes casos. E em comparação com outros países, os médicos alemães (35%) são mais propensos a pensar que a IA não terá impacto nos casos de negligência e os médicos britânicos (40%) os mais propensos a pensar que o uso da IA irá fazer aumentar estes casos. Já quando se avalia a possibilidade de utilização desta tecnologia no tratamento de doentes, quase metade dos médicos inquiridos demonstra relutância e afirma não considerar esta possibilidade.

A IA é cada vez mais utilizada nos cuidados de saúde, mas enquanto alguns médicos a acolhem favoravelmente, outros – com os portugueses à cabeça –, temem que ela possa substituir o juízo clínico e o conhecimento médico. Os alemães são os menos temerosos, com 72% dos profissionais a dizer que estão "pouco preocupados" ou "nada preocupados", mas os médicos em Portugal representam a fação mais elevada (55%) dos que estão muito ou um pouco preocupados com esta possibilidade.

Por fim, chama atenção o interesse dos doentes na utilização da IA, tema também abordado no levantamento. Um total de 78% dos médicos em Portugal e 77% na Itália consideram que a opinião dos doentes é geralmente favorável à utilização desta tecnologia, embora a maioria dos inquiridos (mais de 79%) tenha manifestado o temor de que doentes que recorrem à IA generativa para obter informações médicas possam receber informações incorretas. Da mesma forma, cerca de 4 em cada 5 médicos em todos os países incluídos no levantamento estavam preocupados com o facto dos doentes que se autodiagnosticam por meio da IA poderem considerar este caminho mais a sério do que o conhecimento do próprio médico.

Agostinho Carvalho, Patrícia Maciel e Rui L. Reis vão participar em projetos de um milhão de euros cada
Agostinho Carvalho e Patrícia Maciel, do ICVS - Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho,...

O projeto de Agostinho Carvalho é financiado com um milhão de euros e em parceria com Vinod Kumar e Cioral Barbas, respetivamente das universidades de Radboud (Países Baixos) e San Pablo (Espanha). O fungo Aspergillus “anda” pelo ar e inalamo-lo diariamente, mas quem tem o sistema imunitário comprometido, devido por exemplo a transplante, tumor ou covid-19, pode desenvolver aspergilose pulmonar invasiva, que atinge dois milhões de pessoas por ano e 60 a 80% desses casos resultam em morte. Agostinho Carvalho vai agora explorar fatores genéticos que influenciam o risco de infeção em doentes imunodeprimidos, ou seja, ter novos biomarcadores para prever quem desenvolverá a doença e se poder personalizar o tratamento.

Patrícia Maciel também vai realizar o seu projeto no ICVS da Escola de Medicina da UMinho e contar com um milhão de euros, tendo a parceria de Fernanda Borges, do Centro de Investigação em Química da Universidade do Porto. A doença de Machado-Joseph é neurodegenerativa, hereditária, rara e ainda sem tratamento. Afeta uma/duas em 100.000 pessoas e deve-se à mutação da proteína ataxina-3, que se agrega e leva à disfunção dos neurónios e seu desaparecimento progressivo, causando descoordenação de movimentos, fraqueza nos membros e dificuldades na fala e deglutição. Patrícia Maciel vai desenvolver moléculas que consigam eliminar as proteínas mutantes que provocam aquela doença.

Já Rui L. Reis, professor catedrático do Grupo 3B’s e presidente do Instituto I3Bs – Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos da UMinho, com um contributo determinante do investigador principal do Grupo 3B’s, Ricardo Pires, é o parceiro do projeto coordenado por Pia Cosma, do Centro de Regulação Genómica de Barcelona (Espanha). Igualmente apoiado com um milhão de euros, o trabalho visa criar uma retina sintética que recupere a visão em casos de cegueira por retinite pigmentária. Esta patologia afeta uma em cada 3000 a 5000 pessoas, que perdem progressivamente os fotorreceptores da retina e, em fases avançadas, não existe cura. Os cientistas vão testar a terapia regenerativa em ratinhos com essa doença, para perceber se a visão pode ser eficazmente recuperada e, eventualmente, dar mais um passo num possível tratamento para vários tipos de cegueira.

O concurso “CaixaResearch de Investigação em Saúde 2024” teve 580 projetos biomédicos candidatos para serem executados nos próximos anos em centros científicos, hospitais e universidades de Espanha e Portugal. A Fundação “la Caixa” reconheceu 29 desses projetos de excelência e elevado impacto social, atribuindo um total de 25.7 milhões de euros. Três dos nove projetos portugueses selecionados tiveram o cofinanciamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

 
Opinião
A diabetes mellitus afeta 422 milhões de pessoas em todo o mundo e provoca 1,5 milhões de mortes anu

A diabetes caracteriza-se pelo aumento dos níveis de glicose no sangue e a sua relação com as doenças hepáticas revela uma ligação complexa que merece especial atenção. Existem vários tipos de diabetes, sendo os mais comuns a diabetes tipo 1 e a diabetes tipo 2, existindo também a diabetes gestacional e outros tipos menos comuns. A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que destrói as células produtoras de insulina no pâncreas. A diabetes tipo 2, por sua vez, está fortemente ligada a comportamentos e a dietas não saudáveis, e a diabetes gestacional ocorre durante a gravidez, normalmente resolvendo-se após o parto.

A relação entre estas duas condições pode manifestar-se em ambos os sentidos. Primeiro, a diabetes pode surgir como uma complicação da cirrose hepática, pois a insuficiência hepática pode alterar o metabolismo da glicose (açúcares) e provocar diabetes.  A diabetes pode dificultar o tratamento de infeções e aumentar a morbimortalidade em doentes com cirrose. Além disso, a diabetes pode exacerbar a gravidade de doenças hepáticas como a doença hepática alcoólica e o cancro hepático.

Por outro lado, a diabetes tipo 2 é por si só um fator de risco significativo para o desenvolvimento de doença hepática. Os diabéticos tipo 2 frequentemente enfrentam problemas como obesidade, hipertensão e níveis elevados de gorduras no sangue. A resistência à insulina, uma característica da diabetes tipo 2, resulta na libertação de ácidos gordos que se acumulam nas células do fígado, levando à esteatose hepática, também conhecida como fígado gordo. Esta condição pode provocar inflamação crónica e evoluir para formas mais graves de doença hepática, incluindo cirrose e cancro do fígado.

O tratamento eficaz da diabetes em conjunto com as doenças hepáticas requer uma abordagem multidisciplinar que envolva especialistas em ambas as áreas. No entanto, a prevenção continua a ser a melhor estratégia, com a adoção de uma dieta saudável e a prática regular de exercício físico a desempenharem papéis cruciais na prevenção dessas condições interligadas.

No âmbito do Dia Mundial da Diabetes, assinalado a 14 de novembro, deixamos o lembrete para que reconheça a importância de uma abordagem integrada para o tratamento da diabetes e das doenças hepáticas, contribuindo para manter o equilíbrio e a saúde a longo prazo. A adoção de uma dieta equilibrada, a prática regular de exercício físico e a realização de consultas médicas periódicas são fundamentais para prevenir e gerir ambos os problemas.

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Curso online e gratuito
A “Mamãs Sem Dúvidas” promove, no próximo dia 19 de novembro, entre as 21h e as 22h, mais uma edição do Curso Flash, evento...

O curso terá início com uma sessão intitulada “É normal sentir-se ansiosa ou deprimida durante a gravidez?”, conduzida por Inês Melo, Psicóloga Clínica, que aconselhará as grávidas sobre a importância de cuidar da saúde mental ao longo da gestação, ajudando-as a identificar os sinais de ansiedade e depressão.

Para muitas mulheres, os meses de gravidez podem trazer desafios emocionais, e a depressão nesse período é uma condição capaz de apresentar riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, caso não receba o devido acompanhamento.

Esta sessão contará, ainda, com a participação de Maria Costa, Formadora do Laboratório BebéVida, que explicará a importância e os benefícios da recolha de células estaminais do cordão umbilical durante o parto, as aplicações terapêuticas dessas células e como as famílias podem beneficiar deste processo, que já é responsável pelo tratamento de mais de 80 doenças.

A inscrição para o evento é gratuita, mas obrigatória, podendo ser efetuada através do seguinte link: https://mamassemduvidas.pt/exercicio/

 
Espanha e Portugal
A Fundação “la Caixa” selecionou 29 projetos de investigação biomédica de excelência e com elevado impacto social no âmbito da...

Entre as iniciativas selecionadas encontram-se nove projetos de seis centros de investigação portugueses: Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier da Universidade Nova de Lisboa (ITQB NOVA), Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular (GIMM), Instituto de Biomedicina (iBiMED) da Universidade de Aveiro, Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho e Fundação Champalimaud. Estes nove projetos selecionados receberão um apoio superior a 7,6 milhões de euros.

A convocatória, que nesta sétima edição recebeu 580 propostas de investigação básica, clínica e translacional, está especialmente direcionada para enfrentar desafios de saúde nas seguintes áreas: doenças infeciosas (com 7 projetos selecionados, 5 dos quais em Portugal), oncologia (6 projetos selecionados, um deles em Portugal), doenças cardiovasculares e metabólicas (5 projetos selecionados, um deles em Portugal) e neurociências (5 projetos selecionados, um deles em Portugal). Além disso, 6 outras iniciativas selecionadas (1 das quais em Portugal) desenvolverão tecnologias facilitadoras num destes domínios.

A seleção conta com a contribuição da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), que financia com quase 2,5 milhões de euros 3 dos 9 projetos portugueses selecionados nesta edição.

Entre as iniciativas de ou Centros de Investigação, destacam-se, projetos que visam encontrar novas estratégias para combater as bactérias que causam a tuberculose; modular a ação dos linfócitos T e evitar respostas imunitárias hiperativas; compreender melhor o processo de formação de metástases de tumores da mama para as prevenir; desenvolver a deteção precoce de doenças neurodegenerativas; compreender como o parasita que causa a doença do sono consegue invadir os tecidos; ou desenvolver um tratamento para a doença de Machado-Joseph, uma doença neurodegenerativa hereditária rara.

Os apoios representam um suporte financeiro de até 500.000 euros para projetos apresentados por uma única organização de investigação e de até um milhão de euros para projetos apresentados por consórcios de 2 a 5 organizações de investigação. Todos eles terão até 3 anos para executar as suas investigações.

Os projetos apresentados em consórcio nesta edição envolvem grupos de investigação dos Países Baixos, Alemanha, Singapura, Itália, Israel e Austrália.

Uma convocatória competitiva e colaborativa

O CaixaForum Madrid acolheu esta terça-feira a cerimónia de entrega das ajudas, que contou com a presença de representantes da Fundação “la Caixa”, entre os quais o Diretor-Geral Adjunto, Juan Ramón Fuertes; o curador da Fundação e Presidente Honorário do BPI, Artur Santos Silva; o membro do Comité de Responsabilidade Social do BPI, José Pena do Amaral; a presidente do Conselho Diretivo da FCT, Madalena Alves; o presidente do Comité Científico da Fundação ”la Caixa”, Javier Solana; e o diretor da Área de Relações com Instituições de Investigação e Saúde também da Fundação ”la Caixa”, Ignasi López. Também estiveram presentes a presidente da Fundação Luzón, María José Arregui, bem como os investigadores e investigadoras responsáveis pelos projetos.

O CaixaResearch para a Investigação em Saúde é uma convocatória que conta com a participação de peritos internacionais de grande prestígio nas suas áreas de estudo para selecionar os projetos com maior excelência científica e impacto social.

Desde o início do programa em 2018, a dotação total da convocatória foi de 145,7 milhões de euros para 200 projetos, 63 dos quais liderados por grupos de investigação em Portugal. Esta é atualmente a maior convocatória filantrópica de investigação em biomedicina e saúde em Portugal e Espanha.

Os investigadores que pretendam candidatar-se a um financiamento no âmbito desta convocatória de 2025 podem apresentar os seus projetos até 20 de novembro deste ano. Como novidade, nesta edição em curso, as iniciativas centradas em doenças raras pediátricas e em diabetes tipo 1 terão a oportunidade de receber financiamento específico no âmbito de colaborações com a Fundação Breakthrough T1D e com a Fundação de Investigação Sant Joan de Déu, em Espanha. 

 
Cirurgião explica
As redes hemostáticas consistem suturas cirúrgicas estrategicamente aplicadas para aproximar as cama

Como Funcionam na Prática?

Durante o um facelift, o cirurgião disseca/separa os planos superficiais da face dos profundos. Esta técnica de rede hemostática funciona como uma "malha de segurança", colapsando o espaço morto e através da pressão que exerce, diminui o risco de hemorragia. Esta rede de pontos ajuda a manter a hemóstase da área intervencionada. Além da redução da frequência de hematomas, ainda minimiza a formação de seromas, reduzindo a necessidade de drenagem pós-operatória.

Principais Vantagens das Redes Hemostáticas

  • Redução de hematomas: o hematoma é a complicação mais frequente após um lifting cervico-facial. Na publicação de 2011 do Dr. Auersvald demonstrou a diminuição de hematoma na população estudada de 17% vs 0% nos pacientes em que utilizou rede hemostática
  • Melhores cicatrizes: Ao ajudar a “segurar” os tecidos superficiais aos profundos, esta técnica pode melhorar as cicatrizes cirúrgicas uma vez que há menos tensão sobre os cicatrizes-
  • Redução na necessidade de drenos: uma vez que a rede colapsa os vasos sanguíneos e diminui o espaço morto, muitos cirurgiões deixaram de aplicar drenos após o facelift
  • Menor tempo de recuperação: dado diminuir o edema e o espaço morto, as pessoas retomam a vida habitual mais rapidamente

Principais Desvantagens das Redes Hemostáticas

  • Atrasos na cicatrização: Os pontos hemostáticos têm o reverso da medalha. Ao causarem pressão nos tecidos podem causar necroses cutâneas e atrasos na cicatrização, especialmente em pacientes fumadores
  • Despigmentação permanente: Outra desvantagem que tem vindo a ser apontada com frequência são as alterações da coloração da pele, que podem ocorrer após esta sutura.

Conclusão

Face ao exposto, na minha prática clínica opto pela utilização destas suturas hemostáticas por vezes. Considero ser uma ferramenta valiosa em casos em que temos uma grande dissecção cirúrgica (em que separámos muitos os tecidos superficiais dos profundos) e em pacientes com bom potencial de cicatrização. Estas suturas são perigosas em pacientes fumadores, uma vez que já têm um risco aumentado de necrose da pele, e causar mais pressão sobre os retalhos cutâneos só multiplica exponencialmente este risco. Existem ainda vários estudos a demonstrarem que uma quantidade significativa de pacientes podem ficar com alterações da cor da pele onde foram dados estes pontos. Por isso, na minha prática clínica opto pela realização da sutura hemostática em paciente selecionados e em zonas da face em que quero dar mais definição, como é o caso do bordo mandibular. Como todas as técnicas, é importante conhecer as suas vantagens e desvantagens para podermos retirar o melhor proveito e conseguir ter os melhores resultados para os nossos pacientes!

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Saúde Oral e Diabetes
Dados da International Diabetes Federation (IDF) revelam a magnitude do desafio: em 2021, 537 milhõe

A diabetes e a saúde oral estão intrinsecamente ligadas. Cuidar do sorriso é fundamental para o bem-estar geral. A periodontite, uma inflamação gengival que pode levar à perda dos dentes, é uma preocupação significativa, especialmente para as pessoas com diabetes. A hiperglicemia dificulta o combate a infeções, tornando as gengivas mais vulneráveis. A periodontite, por sua vez, pode dificultar o controlo da glicemia, criando um círculo vicioso prejudicial.

Por isso, manter uma boa higiene oral é a primeira linha de defesa. Neste contexto, a Clínica Médis destaca alguns hábitos essenciais:

  • Escovar os dentes: duas vezes ao dia com uma pasta de dentes com flúor.
  • Usar fio dentário e escovilhão: diariamente.
  • Visitar o médico dentista regularmente: para consultas de rotina e rastreio.

Recomendações para pessoas com diabetes:

  • Controlar a glicemia: manter os níveis de açúcar no sangue controlados é fundamental para a saúde oral e geral.
  • Informar o médico dentista sobre a doença: uma comunicação honesta é fundamental. É essencial partilhar informações sobre o tratamento, níveis de glicemia e outras condições de saúde relevantes.
  • Evitar o tabaco: o tabagismo é das principais causas de periodontite e agrava outras complicações da diabetes.
  • Alimentação saudável: uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais e nutrientes, contribui para a saúde oral e o controlo da glicemia.
  • Atenção aos sinais de alerta: o sangramento na gengiva, mau hálito persistente e mobilidade dos dentes podem ser sinais de periodontite.

A saúde oral é parte integrante da saúde geral. Investir na prevenção e tratamento da periodontite dos diabéticos é investir em qualidade de vida.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Dia Internacional da Medicina Física e de Reabilitação | 13 de novembro
Comemora-se, dia 13 de novembro, o Dia Internacional da Medicina Física e de Reabilitação, iniciativ

A Medicina Física e de Reabilitação é, também, em Portugal, uma Área da Saúde designada pela OMS igualmente como a “Reabilitação Médica”. A Reabilitação é um direito universal e o acesso aos seus cuidados de Saúde deve ser defendido, protegido e desenvolvido, ao nível dos Cuidados de Saúde Hospitalares (CSH), Cuidados de Saúde Primários (CSP), Cuidados de Ambulatório externos aos CSH (Unidades de MFR) e na Comunidade.

A comemoração mundial deste dia, destaca a importância da Medicina Física e da Reabilitação, como uma Especialidade Médica holística, integradora, mas também a sua inclusão nas Equipas Multiprofissionais e Multidisciplinares de Reabilitação [compostas por Médico Fisiatra, Fisioterapeuta, Terapeuta Ocupacional, Terapeuta da Fala, Enfermeiros de Reabilitação, Técnicos Ortoprotésicos, Psicólogos, Assistentes Sociais, …], em colaboração com as outras especialidades médicas e cirúrgicas. O foco está nas pessoas com limitações funcionais e incapacidades físicas e cognitivas, permanentes ou temporárias, nos seus familiares e cuidadores. A pessoa é vista como um todo, não apenas em relação às queixas e áreas especificas que se refere.

A Medicina Física e de Reabilitação intervém na Promoção da Saúde, Prevenção da Doença, Diagnóstico, Terapêutica-Reabilitação (com uma larga variedade de intervenções e tratamentos), Recapacitação (são fornecidos ao doente meios para potenciar as suas capacidades, por exemplo produtos de apoio, como cadeiras de rodas, canadianas, andarilhos, talas /ortóteses...) e Paliação (permite manter qualidade nos estádios mais severos e terminais).

A Medicina Física e de Reabilitação intervém ao longo de todas as idades, em várias doenças e condições de saúde, desde agudas, subagudas ou crónicas, quando as pessoas experimentam situações de limitação funcional (perda de mobilidade articular, força muscular, equilíbrio, capacidade de marcha…), com grande impacto na sua vida do dia a dia, na realização das suas atividades como o vestir, despir, alimentar-se, fazer a higiene, comunicar, andar e na participação familiar e social.

Atendendo ao impacto das doenças e condições de saúde que são motivo de atuação da Medicina Física e de Reabilitação e das suas Equipas de Reabilitação é urgente que o Sistema de Saúde crie respostas adequadas a estas necessidades, melhore o acesso e a equidade dos cidadãos à Medicina Física e de Reabilitação, aumente os serviços com qualidade, segurança e eficiência clínica (e de custos), nas várias instituições da Saúde.

A Rede de Unidades de Medicina Física e de Reabilitação convencionadas com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) cobre uma área geográfica alargada e presta cuidados de reabilitação a milhares de doentes por ano. Estes cuidados incluem consulta médica, avaliação funcional pelos elementos da equipa durante a execução dos tratamentos, realização do plano individual de reabilitação com vários tipos de tratamentos e intervenções médicas e técnicas e a educação ao doente, familiares e cuidadores.

A melhoria da rede de cuidados de reabilitação externos a instituições de Saúde (Serviços de Medicina Física e de Reabilitação Hospitalares, Centros Especializados Regionais de Reabilitação, Unidades de Cuidados Continuados) assenta na melhora da oferta aos doentes, da ligação entre as Unidades Locais de Saúde (Serviços de Medicina Física e de Reabilitação CSH, Cuidados de Medicina Física e de Reabilitação /Reabilitação nos CSP) e as Unidades Convencionadas com o SNS.

Deste modo podem todos as pessoas que necessitem de cuidados de reabilitação, independentemente da sua doença e estado de saúde, da sua localização geográfica, beneficiar dos ganhos de novo ou da manutenção do seu estado e qualidade de vida com a Medicina Física e de Reabilitação.

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Francisco Miranda Rodrigues envia uma carta de balanço ao primeiro-ministro
O Bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), Francisco Miranda Rodrigues, enviou uma carta ao Primeiro-Ministro,...

“Peço-lhe que continue o investimento nos serviços públicos e nos serviços disponibilizados gratuitamente aos cidadãos, particularmente quanto à presença de psicólogos, mas que simultaneamente a sua presença seja mais dignificada e valorizada, de modo que a sua atividade profissional neste sector seja sustentável”, alerta o Bastonário da Ordem dos Psicólogos.

Numa referência ao que se passa no setor social, “muito dependente do financiamento público”, Francisco Miranda Rodrigues avisa que “urge tomar medidas que permitam a sustentabilidade das respostas sociais, cada vez mais necessárias em termos de elevada especialização”.

Na reta final de mandato, o Bastonário diz ter testemunhado nos últimos anos “o crescente reconhecimento da psicologia como ciência e profissão essencial para o desenvolvimento integral da nossa sociedade”. “Através do trabalho dedicado de milhares de psicólogos, contribuímos para a prossecução dos objectivos de desenvolvimento sustentável, da promoção da saúde, e da saúde psicológica em específico, ao bem-estar no trabalho e nas organizações e à sua maior produtividade, passando pela qualidade da educação para maior coesão social”, acrescenta.

Na carta enviada ao Primeiro-Ministro, Francisco Miranda Rodrigues partilha ainda o papel que os psicólogos podem ter nos novos desafios que são colocados para o país, como o populismo, a cibersegurança, a crise climática ou a integração de migrantes.

“A psicologia, com o seu profundo entendimento dos comportamentos humanos e dos processos mentais, tem um papel crucial na prevenção dos efeitos destes fenómenos (desinformação e populismo). Podemos contribuir para o desenvolvimento de estratégias que promovam o pensamento crítico, a literacia mediática e a resiliência psicológica dos cidadãos face à manipulação”, escreve o Bastonário.

Quanto à cibersegurança, recorda que “as vulnerabilidades não estão apenas nos sistemas, mas também nas pessoas que os utilizam e os riscos mais desafiantes são os comportamentais. Aqui, a psicologia pode auxiliar na compreensão e mitigação dos comportamentos de risco, promovendo práticas seguras e conscientes no ambiente digital”.

Já a pobreza e a exclusão social continuam a ser desafios prementes. “Ao trabalhar diretamente com populações vulneráveis, os psicólogos podem facilitar a criação de redes de apoio e estratégias de resiliência que capacitam os indivíduos a superar adversidades. Podem, também, através da ciência psicológica contribuir para o desenho de políticas públicas eficazes, que previnem a manutenção de ciclos de pobreza, e mitigar os seus impactos nas pessoas, comunidades e sociedade”, acrescenta. 

O Bastonário diz ainda ser “imperativo que, enquanto nação, reconheçamos a importância de investir no capital psicológico dos cidadãos portugueses. A promoção da saúde mental não é apenas uma questão de bem-estar individual, mas um alicerce para uma sociedade mais justa, produtiva e resiliente. Programas de prevenção, intervenções comunitárias e políticas públicas integradas podem fazer a diferença na vida de milhões de portugueses”. 

Disponível o 3º episódio deste ciclo de "Com a saúde não se brinca"
O ciclo de webinars “Com a saúde não se brinca”, promovido pela Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde (SPLS), realiza mais...

Neste episódio, o foco será a saúde mental, com a participação especial do psiquiatra Pedro Morgado, que irá partilhar a sua experiência e conhecimento sobre a importância de cuidar da saúde psicológica e emocional. Entre os temas abordados estarão a gestão do stress, a prevenção e estratégias para o bem-estar mental, com recomendações práticas que podem ser aplicadas no dia a dia. 

“A saúde mental é uma área fundamental do bem-estar e merece uma atenção contínua, especialmente num tempo em que o stress e a ansiedade estão presentes na vida de tantas pessoas. Com esta iniciativa, pretendemos capacitar os cidadãos para que reconheçam a importância de procurar ajuda quando necessário e saibam cuidar da sua saúde mental”, destaca Cristina Vaz de Almeida, presidente da SPLS. 

A SPLS vê neste evento uma oportunidade para sensibilizar a população para o impacto da saúde mental na vida de cada um e desmistificar algumas ideias preconcebidas sobre o tema. “Esperamos que este webinar ajude a quebrar o estigma e inspire as pessoas a adotar medidas preventivas que contribuam para uma melhor qualidade de vida”, sublinha Cristina Vaz de Almeida. 

O programa completo, o formulário de inscrição e o link para o YouTube da SPLS encontram-se no website oficial da sociedade científica, aqui.

 
3º Congresso de Psico-Oncologia
A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) reúne os melhores especialistas em Psico-Oncologia num Congresso que vai ter lugar nos...

Aproximadamente um terço dos doentes com cancro apresenta sintomas clinicamente significativos de perturbação psicológica – ansiedade, depressão e outras -, e mais de metade manifesta um acentuado sofrimento emocional capaz de afetar a capacidade para lidar eficazmente com a doença e com os efeitos secundários dos tratamentos. Também em cuidadores, os desafios e tarefas associados ao ato de cuidar conduzem a níveis de sofrimento emocional clinicamente significativos.

A reflexão sobre o papel das intervenções psicoterapêuticas dirigidas aos doentes oncológicos e suas famílias é cada vez mais relevante para uma resposta integrada às suas necessidades ao longo do curso da doença.

Em Coimbra, serão discutidas as abordagens mais tradicionais, bem como as intervenções mais recentes, designadamente a terapia psicológica adjuvante, terapia focada nas emoções e terapia existencial, terapias de terceira geração, intervenções integrativas, terapias centradas no significado e terapia da dignidade.

 
Fator hormonal pode ser crucial desde a vida fetal até à vida adulta
Um fator hormonal crucial na regulação do stress estará significativamente associado ao risco de obesidade e de doenças...

Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) desenvolveram um estudo de revisão acerca das mais recentes descobertas sobre os efeitos da hormona libertadora de corticotrofina (CRH) no ganho de peso desde o útero materno.

Os resultados deste trabalho, publicado na revista científica Obesity Reviews, apontam para a existência de uma relação perigosa entre este fator hormonal libertado no cérebro e o desenvolvimento de obesidade em diferentes fases da vida.

“A hormona libertadora de corticotrofina parece-nos um mediador importante entre a obesidade materna e o risco de obesidade dos filhos, tendo, por isso, repercussões desde a vida fetal até à vida adulta”, afirma Carmen Brás Silva, professora da FMUP e autora principal deste estudo.

Como explicam os autores, “a CRH é libertada no cérebro e promove a produção da principal hormona de stress, o cortisol. O cortisol tem diversos efeitos metabólicos. Atua, nomeadamente, no fígado, promovendo a disponibilidade de glicose como fonte de energia e a acumulação de gordura no tecido adiposo”.

De acordo com os investigadores da FMUP, “a CRH atua como sinalizador de stress em resposta a vários fatores stressores, como a restrição de nutrientes e a infeção durante a gestação ou a depressão e a ansiedade da mãe” durante a gravidez. Assim, por exemplo, “num ambiente in utero em que os nutrientes são restritos, há um condicionamento dos fetos para o armazenamento de energia, de forma que se possam preparar para um ambiente pós-natal de escassez”.

Mas o que acontece, na prática, pode ser bem diferente. Após o nascimento, o bebé recebe, frequentemente, alimentos e nutrientes em abundância. A “programação” para a escassez e para o armazenamento de energia, que tinha sido estimulada pela CRH dentro do útero, acaba por ser desadequada. O resultado pode ser a obesidade, uma doença crónica complexa muito comum e com múltiplos fatores intervenientes.

Embora a CRH seja apontada como “um mediador importante na programação fetal para o risco de obesidade futura”, falta agora saber como e quando intervir sobre a hormona em causa. 

“Neste momento, não existem estudos de intervenção no controlo desta hormona com os objetivos de prevenção e tratamento da obesidade. A nossa esperança é que, com este conhecimento, se invista em projetos que permitam não só compreender melhor estas associações, mas também avaliar que tipo de intervenções tem maior sucesso nestes doentes”, sublinham os autores do artigo.

São igualmente essenciais novos estudos que avaliem os “períodos críticos para o desenvolvimento de obesidade”, com o objetivo de se conseguir “uma intervenção mais eficaz”.

Uma das maiores dificuldades poderá ser o acompanhamento das crianças ao longo da vida, algo tido como “essencial para um melhor entendimento do real impacto da CRH no risco de obesidade a longo prazo, e tendo sempre em conta outros fatores intervenientes, tais como fatores ambientais e sociais e a presença de outras doenças”.

Financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e por uma Bolsa Marie Skłodowska-Curie, esta investigação teve também a autoria de Inês Vasconcelos e Madalena von Hafe (estudantes do Programa Doutoral em Ciências Cardiovasculares e Respiratórias da FMUP), e de Rui Adão e Adelino Leite Moreira, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto/RISE-Health.

Novembro | Mês de Sensibilização para o Cancro Pancreático
O cancro do pâncreas é uma das doenças oncológicas mais desafiantes e agressivas, apresentando uma

O que é o Cancro do Pâncreas?

O pâncreas é uma glândula localizada atrás do estômago, responsável por funções fundamentais no corpo, como a produção de enzimas digestivas e a regulação dos níveis de açúcar no sangue através da produção de insulina. O cancro do pâncreas ocorre quando as células deste órgão sofrem mutações e começam a multiplicar-se descontroladamente, formando tumores que podem interferir com estas funções vitais.

Fatores de Risco

Ainda que qualquer pessoa possa desenvolver cancro do pâncreas, alguns fatores aumentam a probabilidade de desenvolvimento da doença:

  • Idade: A maior incidência ocorre em pessoas com mais de 60 anos.
  • Histórico familiar: Indivíduos com casos de cancro do pâncreas na família, especialmente em parentes próximos, têm maior risco.
  • Tabagismo: Fumar é um dos principais fatores de risco e está associado a cerca de 20 a 30% dos casos de cancro pancreático.
  • Obesidade e dieta pouco saudável: Uma dieta rica em gorduras e açúcar pode aumentar o risco.
  • Diabetes: Estudos sugerem que pessoas com diabetes de longa duração têm um risco ligeiramente maior de desenvolver este tipo de cancro.
  • Pancreatite Crónica: Inflamações crónicas do pâncreas, em particular as associadas ao consumo excessivo de álcool, também representam um fator de risco.

Sintomas e Sinais de Alerta

O cancro do pâncreas é conhecido por não manifestar sintomas claros nos estágios iniciais. Por isso, é essencial estar atento aos sinais que, ainda que comuns a outras condições, merecem atenção especial se forem persistentes:

  • Dores abdominais e lombares: Um dos sintomas mais comuns, com dores no abdómen que irradiam para as costas.
  • Icterícia (amarelecimento da pele e dos olhos): A obstrução dos canais biliares causada pelo tumor pode provocar icterícia, geralmente acompanhada por comichão intensa.
  • Perda de peso e falta de apetite: Uma perda de peso inexplicável e falta de apetite podem ser sinais preocupantes.
  • Fadiga e cansaço excessivo: A fraqueza sem causa aparente é comum em casos de cancro avançado.
  • Alterações no trânsito intestinal: Diarreia frequente, fezes gordurosas e de coloração mais clara podem indicar disfunções no pâncreas.
  • Diabetes de diagnóstico recente: O aparecimento súbito de diabetes em pessoas sem histórico familiar pode ser um sintoma inicial de cancro pancreático.

Importância do diagnóstico precoce

Detetar o cancro do pâncreas numa fase inicial pode fazer toda a diferença, aumentando as opções de tratamento e melhorando as probabilidades de sobrevivência. Infelizmente, como a maioria dos sintomas surge em fases mais avançadas, o diagnóstico precoce é um grande desafio. Exames de imagem, como a tomografia computadorizada (TC), a ressonância magnética (RM) e a ecografia endoscópica, são métodos utilizados para detetar a doença. Em pessoas com histórico familiar, recomenda-se conversar com o médico sobre a possibilidade de uma monitorização regular, especialmente a partir dos 50 anos.

Prevenção e Estilo de Vida

Não é possível prevenir completamente o cancro do pâncreas, mas é possível reduzir o risco através de um estilo de vida saudável:

  • Não Fumar: Deixar de fumar é uma das principais formas de reduzir o risco de cancro pancreático.
  • Manter um peso saudável: A obesidade está associada a um risco acrescido, pelo que manter o peso dentro dos valores adequados é fundamental.
  • Praticar uma alimentação saudável: Uma dieta equilibrada, rica em frutas, legumes, cereais integrais e pobre em alimentos processados e ricos em açúcar, ajuda a proteger o organismo.
  • Reduzir o consumo de álcool: O consumo excessivo de álcool pode contribuir para a pancreatite, que, por sua vez, aumenta o risco de cancro do pâncreas.

 

Fontes:
CUF. Cancro do Pâncreas: O que é, sintomas e tratamento. https://www.cuf.pt/saude-a-z/cancro-do-pancreas
European Society for Medical Oncology (ESMO). Cancro do Pâncreas: um guia para o doente. https://www.esmo.org/content/download/101559/1796949/file/ESMO-ACF-Cancro-do-Pa%CC%82ncreas-Um-Guia-para-o-Doente.pdf
 
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Decisão do Ministério da Saúde saudada pela APDP
De acordo com o anúncio feito pela Secretária de Estado da Saúde, Ana Povo, as bombas automáticas de insulina vão ser...

O presidente da APDP, José Manuel Boavida, lembra que “o acesso às bombas automáticas de insulina é uma luta antiga da associação que há um ano entregou uma petição assinada por 25 mil cidadãos para que as mais de 5.000 crianças e jovens com diabetes tipo 1 tivessem acesso aos novos dispositivos”, acrescentando que “a dispensa das bombas automáticas nas farmácias foi, também, um apelo da APDP, pois esta é a forma mais eficaz de agilizar o acesso.”

“Na véspera do Dia Mundial da Diabetes de 2024, esta é sem dúvida uma ótima notícia para quem vive com diabetes tipo 1. A utilização destas bombas automáticas de insulina torna a gestão e controlo da diabetes bastante mais fácil, sendo o controlo fundamental para quem irá viver muitos anos com esta doença”, conclui José Manuel Boavida.

A utilização destas bombas pode proporcionar uma melhor compensação, assim como uma redução em 80% do número de picadas nos dedos e 95% do número de injeções que uma pessoa com diabetes tipo 1 tem de dar por ano, contribuindo para uma melhoria significativa da qualidade de vida.

Em Portugal, calcula-se que serão mais de 30.000 as pessoas que vivem com diabetes tipo 1, 5.000 das quais serão crianças e jovens. O diagnóstico e a intervenção precoce são, por isso, imperativos para a mudança na gestão da diabetes tipo 1. As estatísticas revelam que 90% dos novos casos surgem sem ligações familiares, o que reforça a importância de um rastreio mais alargado.

A DT1 é uma doença autoimune, em que o sistema imunológico da própria pessoa compromete o funcionamento das células do pâncreas que produzem insulina. Pessoas com diabetes tipo 1 necessitam de terapêutica com insulina para toda a vida porque o pâncreas deixa de a poder fabricar. A causa deste tipo de diabetes não é, ainda, plenamente conhecida, mas sabe-se que existe um componente genético e não está diretamente relacionada com hábitos de vida ou de alimentação menos corretos. 

 

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