Estudo
Um vasto estudo realizado na Suécia demonstrou que os genes são tão importantes como os factores ambientais na avaliação das...

Investigadores foram surpreendidos com a descoberta de que, no autismo, a hereditariedade contava com 50%, um peso inferior aquele que os estudos anteriores apontavam (80% a 90%) e que está ao mesmo nível dos factores ambientais, segundo um estudo publicado no Journal of the American Medical Association.

A descoberta está assente em dados relativos a mais de dois milhões de pessoas na Suécia, desde 1982 a 2006, e é a maior amostra no sentido de entender se os genes ou o ambiente contribuem para o autismo, distúrbio neurológico que afecta uma em cada 100 crianças a nível global e uma em 68 nos Estados Unidos.

“Ficámos surpreendidos pelas nossas descobertas, já que não esperávamos que os factores ambientais fossem tão fortes no autismo”, disse o autor do estudo Avi Reichenberg, do centro de pesquisa sobre autismo Mount Sinai, em Nova Iorque.

O estudo não aponta quais os factores ambientais em questão, mas refere genericamente que estes podem incluir o estatuto socioeconómico da família, complicações no parto, infecções ou medicamentos que a mãe tome durante a gravidez.

No entanto, são necessários mais estudos para provar as causas do autismo, que os cientistas não compreendem na totalidade. Estudos mais recentes apontam que o distúrbio terá origem pré-natal, durante o período enquanto o feto se desenvolve no útero.

 

Cigarros, álcool e sal são grandes inimigos
Cerca de 37 milhões de mortes prematuras poderiam ser evitadas até 2025 a nível mundial se a população adoptasse um modo de...

Os cientistas do Imperial College de Londres calculam que a eliminação ou a redução de seis factores de risco para a saúde poderá evitar ou retardar a morte prematura de 37 milhões de pessoas, de acordo com o estudo publicado na revista médica britânica The Lancet.

Os objectivos de vida mais saudável consistem em reduzir em um terço a metade o consumo do tabaco, limitar em 10% o álcool, diminuir em 30% a quantidade de sal consumida, reduzir em 25% o número de pessoas que sofrem de hipertensão e parar o aumento de obesos e diabéticos.

Este esforço permitiria evitar ou adiar, até 2025, mais de 16 milhões de mortes entre a população mundial entre os 30 e os 70 anos e evitar 21 milhões de óbitos prematuros depois dos 70.

Os dois elementos preponderantes para agir sobre a esperança de vida são o tabaco e a hipertensão arterial, que são um factor de risco importante para as doenças cardiovasculares e que podem ser combatidas através de medicamentos e da prática de exercício físico e redução do consumo de sal.

 

Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Todo o país, com excepção de Santa Cruz das Flores, no grupo Ocidental dos Açores, apresenta hoje risco muito alto de exposição...

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), as regiões de Beja, Aveiro, Bragança, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Guarda, Leiria, Penhas Douradas, Porto, Portalegre, Porto Santo, Sagres, Santarém, Setúbal, Sines, Viana do Castelo, Viseu, Vila Real, Horta, Angra do Heroísmo e Ponta Delgada apresentam hoje risco muito alto de exposição à radiação ultravioleta (UV).

Nestas regiões, o IPMA aconselha a população a utilizar óculos de sol com filtro UV, chapéu, t-shirt, guarda-sol e protector solar e a evitar a exposição das crianças ao sol.

A radiação ultravioleta pode causar graves prejuízos para a saúde se o nível exceder os limites de segurança, alerta o instituto.

O índice desta radiação apresenta cinco níveis, entre o baixo e o extremo, sendo o máximo o 11.

O IPMA prevê para hoje, no continente, céu pouco nublado ou limpo, temporariamente nublado por nuvens altas, apresentando-se muito nublado e com neblina ou nevoeiro na faixa costeira a norte de Sines até meio da manhã e para o final do dia.

A previsão aponta ainda para vento fraco, tornando-se do quadrante oeste a partir da tarde, e soprando moderado de noroeste na faixa costeira ocidental durante a tarde, vento moderado de sudoeste nas terras altas das regiões Norte e Centro e pequena descida da temperatura máxima nas regiões do litoral.

Quanto às temperaturas, em Lisboa prevê-se uma máxima de 28 graus Celsius, no Porto e em Ponta Delgada 20, em Faro, Braga, Portalegre e Bragança 27, Évora 30, Beja e Castelo Branco 29, na Guarda 24, Funchal 22, Santa Cruz das Flores e Angra do Heroísmo 19.

 

Identificadas pelas comissões de protecção
Mais de 12 mil crianças foram sinalizadas em 2013 pelas comissões de protecção por situações de negligência, o que representa...

De acordo com os dados do documento síntese da actividade das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) em 2013, as 35.766 situações de perigo, que se encontram dentro de um universo total de 71.567 processos acompanhados em 2013 pelas CPCJ, foram as que chegaram à fase de aplicação de medida de promoção e protecção.

De fora (35.801) ficam processos arquivados, seja porque se concluiu que não existia perigo ou risco, seja porque não houve consentimento dos pais para avançar com o processo e o caso seguiu directamente para tribunal.

Dentro de todas as situações de perigo identificadas, a negligência é a que assume maior expressão, tendo as CPCJ identificado 12.329 casos, o que representa 34,5% do total, ou seja, mais de uma em cada três.

Dentro da negligência, a maior parte dos casos (48,2%) relacionava-se com falta de supervisão ou acompanhamento, 21,1% por falta de acesso a cuidados de saúde, 16,7% por falta de acesso a educação, 8,7% estavam relacionadas com questões psicoafectivas e 5,4% com indiferença parental perante os comportamentos das crianças ou jovens.

Logo a seguir às situações de perigo relacionadas com negligência, surge a exposição a comportamentos que possam comprometer o bem-estar e desenvolvimento da criança, com 8.021 situações.

Dentro desta categoria, a quase totalidade dos casos (94,5%) prende-se com situações de violência doméstica. Houve também 1.307 situações de crianças ou jovens mal tratados fisicamente, dos quais 43,4% foram ofensas físicas em contexto de violência doméstica e 23,5% castigos corporais.

Por outro lado, em relação às situações de perigo com processo instaurado em 2013 - já que os casos referidos anteriormente podem vir de outros anos - a maioria teve que ver com exposição a comportamentos que possam comprometer o bem-estar e desenvolvimento da criança, com 8.620 casos, logo seguida pela negligência, com 6.407.

Comparando com 2012, verifica-se que o número de casos relativos a exposição a comportamentos que possam comprometer o bem-estar e desenvolvimento da criança sofre um aumento, passando de 7.896 para 8.620 em 2013.

Por outro lado, os casos de negligência diminuem, depois dos 7.336 registados em 2012.

Há, no entanto, um aumento exponencial em relação aos casos de abuso sexual, que passam de 693 situações detectadas em 2012 para 1.132 em 2013.

No total dos processos instaurados, e fazendo uma caracterização etária, mantém-se a tendência verificada em 2012,com a maioria (8.172) a ser relativa a jovens entre os 15 e os 18 anos, fenómeno explicado pelo aumento da escolaridade obrigatória até ao 12º ano, o que aumenta não só o universo de jovens, mas também as possíveis situações de perigo.

No que diz respeito à distribuição geográfica, Lisboa (17.485), Porto (12.461) e Setúbal (5.684) mantêm-se os distritos mais representativos no volume processual global nacional.

Os estabelecimentos de ensino continuam a ser as entidades que mais sinalizaram situações de perigo (9.815), logo seguido das autoridades policiais (8.722) e dos pais ou pai e mãe (3.068).

À semelhança do que se passou em 2012, a maioria (89,7%) das medidas de promoção e protecção aplicadas pelas CPCJ corresponderam a medidas em meio natural de vida, ou seja, no apoio junto dos pais (76,3%) ou junto de outro familiar (11%), havendo 9,9% de casos em que as crianças ou jovens foram acolhidos em instituições.

Malo Clinic
A Ortodontia é a área da Medicina Dentária especializada no diagnóstico, prevenção e tratamento de a
Ortodontia

Os problemas de má oclusão (encaixe dos dentes superiores e inferiores) podem ser hereditários como adquiridos, quer por hábitos (o uso prolongado de chupeta ou a sucção do polegar, a interposição lingual, respiração oral,…), quer por perda precoce de dentes de leite ou definitivos, para além de outros fatores, em que o paciente pode apresentar diastemas, dentes apinhados, sobre mordida (dentes superiores cobrem grande parte dos inferiores), mordida aberta (dentes superiores e inferiores quase não se tocam), mordida cruzada,…

Atualmente a especialidade de Ortodontia dispõe de um conjunto de soluções de tratamento, removíveis e/ou fixas. Os aparelhos fixos, que podem ser totais ou parciais, são compostos por brackets ligadas entre si por arcos metálicos e elásticos e unidas aos dentes por intermédio de uma substância adesiva. Existem brackets em metal, brackets em cerâmica (em que a coloração do bracket se confunde com o próprio dente) e brackets aplicados por lingual (com efeito estético muito satisfatório pois o arco é colocado no interior da arcada dentária).

Alguns pacientes apresentam problemas dentários complexos que exigem que a prática ortodôntica seja articulada com outro tipo de intervenções como sejam, cirurgias, desvitalizações, restaurações, implantes ou tratamentos periodontais.

O tratamento ortodôntico em adultos é cada vez mais prática corrente, pois possibilita uma reabilitação oral de fundo, permitindo realizar um melhor trabalho em termos de colocação de implantes ou coroas, possibilitando não só um melhor resultado estético, mas também uma maior longevidade da reabilitação efetuada.

O tratamento ortodôntico permite melhorar a eficiência mastigatória, a respiração e a fonação, bem como a higiene oral, prevenindo em alguns casos danos na Articulação Temporomandibular. Por intervir na aparência dento-facial tem resultados igualmente visíveis ao nível estético, contribuindo para o aumento da autoestima do paciente.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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As infecções bacterianas podem ser adquiridas facilmente no dia-a-dia, mas são habitualmente de fáci
Ilustração de bactérias

As infecções bacterianas são doenças que ocorrem quando as formas prejudiciais de bactérias se multiplicam no interior do corpo. O prognóstico das infecções varia de leve a grave, dependendo muito do estado geral do hospedeiro. Embora as infecções bacterianas sejam uma das principais causas de morte na terceira idade, com destaque para a pneumonia, a maioria dos casos pode ser prevenido com a imunização, alguns cuidados gerais ou curadas com antibióticos. No entanto, a maioria das bactérias – que existem no solo, na água, no ar e mesmo no organismo de cada um de nós – são inofensivas e podem mesmo ser úteis.

Habitualmente, as infecções podem ser localizadas - limitada a uma pequena área – como uma ferida infectada, ou podem envolver um órgão interno, como uma infecção nos pulmões e, portanto, variar de gravidade. A principal complicação de uma infecção é a sua disseminação pelo organismo, com comprometimento de vários órgãos, sendo então denominada septicemia. A septicemia pode levar a um quadro de falência de diversos órgãos e à morte.

As bactérias são responsáveis por centenas doenças, algumas bem comuns como inflamações de garganta e ouvidos, outras mais raras como a tuberculose, a sífilis ou a cólera. Por isso os sintomas são variáveis mas geralmente incluem febre. Serão contudo mais exacerbados se o sistema imunológico estiver enfraquecido e originar as chamadas "infecções oportunistas".

A propagação das bactérias ocorre de diferentes formas e pode dar-se através de água ou de alimentos contaminados, através de contacto sexual, através do ar quando se espirra ou tosse, através do contacto com animais, através do toque pessoas infectadas ou mesmo a partir de uma parte do corpo, onde as bactérias estão inofensivas mas ao passar para outra parte causam doença. É o caso, por exemplo, da infecção urinária que ocorre a partir do intestino para o tracto urinário. 

Diagnóstico das infecções bacterianas

O diagnóstico precoce de uma infecção bacteriana é fundamental para assegurar o seu tratamento imediato. Uma infecção bacteriana é por vezes difícil de distinguir de uma infecção viral. Contudo, regra geral, as infecções bacterianas têm tendência para provocar mais febre (por vezes atingem os 41ºC) e provocam um aumento maior do número de glóbulos brancos.

Por isso, os especialistas, podem fazer testes sanguíneos, à expectoração, ou à urina para a evidência de bactérias nocivas. Se uma infecção pulmonar é suspeita, o médico pode pedir um raio-X ou fazer uma biopsia, retirada de células de uma área infectada para ser examinada. Se houver suspeita de meningite, pode ser feita punção lombar, utilizando uma agulha para obter uma amostra do fluido espinhal para teste. 

Prevenção das infecções bacterianas

A vacinação é um dos métodos mais eficazes na prevenção das infecções bacterianas. Existem actualmente no Programa Nacional de Vacinação várias vacinas administradas na infância que previnem, por exemplo, o tétano, a tosse convulsa, difteria. Existem outras, fora do plano de vacinação obrigatório, que imunizam contra a cólera, a meningite, infecções pneumocócicas ou a febre tifóide.

Por outro lado, existem cuidados de higiene diários que devem ser tido em conta para evitar estas infecções. Por exemplo, lavar as mãos antes de preparar os alimentos, antes de comer, depois de usar o WC, tocar em animais ou de ter tido contacto com pessoas infectadas, armazenar e cozinhar alimentos adequadamente para evitar intoxicações alimentares, evitar o consumo de carne crua ou mal cozinhada, lavar frutas e verduras antes de as consumir ou abster-se do contacto sexual sem o uso do preservativo

Tratamento das infecções bacterianas

A maioria das infecções bacterianas pode ser curada com antibióticos. Trata-se de uma classe de fármacos com pouca utilidade nas infecções virais, mas muito eficazes no tratamento das infecções bacterianas.

Como qualquer medicamento, deve ser utilizado com muito cuidado, e apenas por indicação do seu médico. Cada tipo de bactéria reage de forma diferente aos diferentes antibióticos. Por isso, o médico escolhe o medicamento em função da bactéria que pretende tratar, de forma a diminuir a resistência a estes fármacos. Este é actualmente um dos grandes problemas da utilização dos antibióticos.

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Infeções por bactérias multirresistentes matam 3 portugueses por dia

“A resistência bacteriana tem crescido acentuadamente”

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Milhares têm doenças do sono
Há várias e frequentes perturbações relacionadas com o sono, sendo a maioria delas reversíveis. Depois de se ter o diagnóstico...

São perturbações frequentes, podem ter diversas origens e afectam milhares de portugueses. As doenças do sono não se limitam às insónias. Também podem aparecer ‘em forma' de apneia ou de síndrome de pernas inquietas. Nas crianças, reflecte-se no sonambulismo, terrores nocturnos ou enurese (urinar involuntariamente) até idade tardia. Mas todos eles têm solução.

Na maior parte das vezes, as perturbações são reversíveis. É o caso de ‘Maria' (nome fictício), de 64 anos, de Gondomar. Demorou anos até lhe diagnosticarem, correctamente, a síndrome de pernas inquietas. “Sempre acordei cansada. Quando vim para a aposentação, o sintoma agudizou-se”, revela. Seguida na consulta do sono do Hospital de Santo António, no Porto fez uma polissonografia (ver caixa em baixo). Foi medicada e hoje em dia já acorda “menos cansada” e consegue controlar a perna inquieta. Assim como este síndrome pode ter origem em muitas causas (falta de ferro, Parkinson, gravidez), o mesmo acontece com as outras perturbações. É por isso que o doente é seguido por um conjunto de especialistas médicos e psicólogos. Avaliam a qualidade do sono e, depois, como tratar a causa.

“O sono possui uma função biológica crucial. Qualquer interferência na qualidade ou quantidade de sono representa uma alteração importante na actividade diária das pessoas. A falta de sono pode conduzir à hipertensão arterial e ao aumento do risco de enfarte e de Acidente Vascular Cerebral (AVC)”, explica Ana Paula Santos, neurofisiologista e neurologista do Hospital da Lapa, no Porto.

 

Estudo revela
Uma dieta com farinha de banana verde pode impedir a inflamação intestinal em roedores. Esta é a conclusão de um estudo do...

Uma pesquisa realizada no Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu (SP), constatou a eficiência de produtos naturais derivados da flora brasileira no tratamento das doenças inflamatórias intestinais (DII), como a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn. O estudo apresenta ainda novos marcadores moleculares que podem ampliar a compreensão que se tem dessas doenças, cuja etiologia ainda é desconhecida.

“Trata-se de um projecto que consideramos audacioso por estudar tanto a doença em si, priorizando alvos moleculares da acção de fármacos clássicos, como alvos farmacológicos para novos produtos, como as cumarinas naturais e algumas plantas medicinais”, disse Luiz Claudio Di Stasi, responsável pela pesquisa “Doença inflamatória intestinal (DII): novos marcadores moleculares e actividade anti-inflamatória intestinal de fármacos e produtos de origem vegetal”, realizada com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Entre os principais resultados está a descoberta de que uma dieta com farinha de banana verde pode impedir a inflamação intestinal em roedores.

“Consideramos a importância da microbiota intestinal na protecção contra o processo inflamatório para propor o estudo de alguns produtos naturais adicionados à dieta, que reunissem a capacidade de modular a microbiota intestinal previamente e agissem na prevenção das recidivas dos sintomas da retocolite ulcerativa e da doença de Crohn”, disse Di Stasi.

O grupo coordenado pelo pesquisador estudou vários agentes prebióticos – fibras que servem de ‘alimento’ para as bactérias intestinais benéficas, ajudando a organizar a flora intestinal –, como a polidextrose e as fibras da banana nanica (Musa spp AAA) verde, do jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa) e da taboa (Typha angustifolia).

O extracto da casca do caule do jatobá-do-cerrado e a farinha da polpa da fruta apresentaram acção anti-inflamatória em ratos com inflamação intestinal induzida por ácido trinitrobenzeno sulfônico (TNBS). De acordo com os resultados publicados no Journal of Ethnopharmacology, “Os efeitos farmacológicos estão relacionados à presença de compostos antioxidantes no extracto, como flavonoides, taninos condensados e terpenos na casca e na polpa de frutos de jatobá-do-cerrado”.

O projecto também estudou várias concentrações da farinha produzida com o caule da taboa, planta aquática muito comum no Brasil, típica de brejos, manguezais e várzeas. Verificou-se que, quando a farinha compõe 10% da dieta, há uma redução na lesão provocada por DII, com efeitos nas aderências de órgãos adjacentes e na diarreia.

Esses efeitos estão relacionados à inibição de marcadores bioquímicos de inflamação colónica, como a actividade das enzimas mieloperoxidase, liberada em resposta a invasões microbianas, e fosfatase alcalina, que inibe o crescimento de bactérias intestinais que estimulam a inflamação e impedem a translocação de microrganismos para a corrente sanguínea, além de uma atenuação das actividades da glutationa, um antioxidante hidrossolúvel.

“A farinha do caule da taboa demonstrou ser tão eficaz quanto a prednisolona, fármaco do grupo dos anti-inflamatórios esteroidais utilizado actualmente no tratamento de DII, com a vantagem de não apresentar efeitos adversos e colaterais”, destacou Di Stasi. Os estudos com a planta foram descritos num artigo publicado na BMC Complementary and Alternative Medicine.

Noutro grupo de experiências, o projecto estudou diferentes cumarinas naturais isoladas e, entre os resultados, destacam-se os obtidos com a 4-metil-esculetina, princípio activo presente nas folhas e raízes de diversas espécies de plantas, entre as quais as do género Mikania, que incluem diferentes plantas conhecidas no Brasil como guaco.

A pesquisa, publicada nas revistas científicas Chemico-Biological Interactions e European Journal of Inflammation, demonstrou que a 4-metil-esculetina produz efeitos semelhantes aos da prednisolona, e seus efeitos protectores estão relacionados à capacidade de reduzir o stress oxidativo do cólon e inibir a produção de citocinas pró-inflamatórias. A administração de metil-esculetina nos modelos da pesquisa exerceu tantos efeitos preventivos como curativos, de acordo com o pesquisador.

 

Por ano
São mais de três milhões os portugueses que sofrem de doenças alérgicas, de acordo com um estudo revelado recentemente pela...

O número de doentes com alergias duplicou em pouco mais de uma década, e esta é já a 6ª doença mais frequente do mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Afectando cerca de um terço da população portuguesa, o tratamento das alergias e da asma implica uma administração de medicamentos e internamentos hospitalares que além de não tratarem definitivamente a doença, saem caro ao Serviço Nacional de Saúde. Mas há alternativas.

De acordo com Wenqian Chen, directora do Centro de Terapias Chinesas em Lisboa, o tratamento deve passar pelo tratamento do órgão fragilizado. “O nosso objectivo é que todo o organismo esteja saudável, e não apenas que lute contra a patologia em causa”, começa por explicar a especialista que abriu este centro em Lisboa há 22 anos e que recebe pessoas de todo o país e mesmo do estrangeiro (Angola é disso um forte exemplo, com muitos doentes que vêm de propósito para se tratar).

Algo que se explica porque acaba por ser “muito mais económico. O tratamento que fazemos, para começar, não precisa de exames que são caríssimos. Nós vamos tratar aquilo que está a provocar a patologia. E, no fundo, o que fazemos é que o corpo se volte a equilibrar para não ter fragilidades”, explica Chen.

A Medicina Ocidental faz um tratamento anti-alergias, mas as pessoas acabam por ter que tomar medicamentos a vida toda e a tendência para piorarem é grande, já que os anti-alérgicos diminuem a capacidade de defesa e de resposta do corpo. “Se o nariz espirra é uma defesa. Pode causar desconforto mas é uma forma de se defender. Ao contrariarmos esses sintomas não estamos a tratar, mas apenas a adiar a doença e a piorá-la”, explica a especialista que admite que a poupança é aquilo que mais tem movido os portugueses na procura da Medicina Chinesa, “porque o próprio tratamento depois pode até ser feito em casa. E a pessoa fica sem asma ou alergia. É um tratamento definitivo e sem efeitos secundários”.

No tratamento das doenças crónicas como a asma ou alergia, a Medicina Chinesa procura uma eliminação permanente das mesmas, e não apenas um tratamento dos sintomas. Assim, combina a fitoterapia (plantas medicinais) que ajuda a eliminar a mucosidade, com a acupunctura e a moxabustão, apresentando taxas de sucesso muito elevadas de mais de 50% nos adultos, defende a especialista, e de 70% em crianças.

 

Via indústria para 2015
O Ministério da Saúde espera obter, em 2015, 200 milhões de euros em receitas adicionais no sector, nomeadamente na indústria...

O Documento de Estratégia Orçamental (DEO) 2014-2018 refere que, para os anos de 2014 e 2015, “e à semelhança do sucedido nos anos anteriores, o Ministério da Saúde encontra-se a negociar com a indústria farmacêutica a fixação de limites à despesa pública com medicamentos, com o intuito de alcançar os objectivos definidos no Memorando de Entendimento” de 1% do Produto Interno Bruto (PIB).

Apesar de dar “primazia à obtenção do acordo com a indústria farmacêutica”, o Ministério da Saúde “encontra-se a avaliar a implementação de medidas com efeito equivalente, nomeadamente através da aplicação de uma ‘clawback fiscal’ sobre a indústria farmacêutica, no caso de não ser possível alcançar o referido acordo”.

 

Para travar tentativas de suicídio
Mais de um quarto das acções dos psicólogos do Instituto Nacional de Emergência Médica no terreno foram para travar tentativas...

São apelos motivados por problemas variados: a mãe cujo filho toxicodependente ameaça matar-se, o doente psiquiátrico que quer saber a quantidade de insulina suficiente para morrer, a testemunha que dá conta de alguém que se quer lançar de uma ponte. Joana Anjos, uma das 12 psicólogas do centro de apoio psicológico e intervenção em crise do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), explica que por vezes basta um aconselhamento telefónico para evitar o pior, sem necessidade de deslocação ao local.

A estes profissionais - que trabalham 24 horas por dia - chegam chamadas encaminhadas pelos colegas do Centro de Orientação de Doentes Urgentes do INEM, que identificam a necessidade de intervenção a nível psicossocial.

“Muitas vezes recebemos pedidos de ajuda dos cuidadores, que estão no limite”, conta a psicóloga, adiantando que várias destas chamadas revelam a difícil história de muitas famílias. No ano passado, 85 das 315 saídas de psicólogos, ou seja, 27%, foram por causa de tentativas de suicídio. Os psicólogos chegam a ter de negociar com os suicidas a aceitação de ajuda.

“O objectivo destas pessoas é acabar com o sofrimento e não a morte em si. Vivem uma ambivalência”, refere Joana Anjos. Até ao momento, todas as intervenções no terreno nestes casos têm sido bem-sucedidas, explica: “Não podemos falhar. Nunca abandonamos a pessoa em risco”.

Contudo, as deslocações mais frequentes são as que envolvem morte inesperada, com familiares ou amigos no local. No ano passado, registaram-se 152, ou seja, 48% do total. Entre estas, estão alguns casos mais conhecidos como a tragédia com os estudantes na Praia do Meco, o acidente que há seis anos vitimou 17 pessoas da universidade sénior de Castelo Branco na A23, a morte de pescadores de Caxinas ou a recente queda de um muro junto à Universidade do Minho.

Para estas tragédias, não basta ser-se psicólogo. Por isso, estes profissionais têm uma formação específica em intervenção psicológica em crise, emergências psicológicas e intervenção psicossocial em catástrofe. No momento de apoiar um familiar ou amigo que presencia uma morte trágica, o seu grande objectivo é “minimizar o impacto da situação”.

Pelo telefone, a equipa de psicólogos do INEM intervém noutro tipo de situações, como crises de ansiedade ou ataques de pânico, violação, abuso sexual ou violência doméstica. Em 2013 registou-se um aumento de 60% de chamadas do CODU encaminhadas para os psicólogos: 5.465 em 2012 e 8.741 no ano passado. Apesar do número de intervenções presenciais ter também aumentado, em 73% dos casos a situação resolveu-se sem o envio de psicólogos ao local.

Joana Anjos não estabelece uma ligação directa entre o aumento de pedidos de ajuda e a actual crise, nem identifica um tipo de problema que tenha crescido de forma particular. A exigência de algumas situações a que são sujeitos médicos e enfermeiros do INEM leva a que os psicólogos prestem também apoio aos próprios colegas.

Sobre os casos mais difíceis, até os psicólogos preferem não falar: “Nem gostamos de nos lembrar deles. Trabalhamos para que eles desapareçam”.

 

Estudo da Universidade do Porto
Estudo da Universidade do Porto revela que a cerveja preta inibe em 53% as substâncias cancerígenas formadas pelo fumo.

Marinar a carne de porco em cerveja antes de a colocar na grelha é agora mais do que uma dica gastronómica. Investigadores do Porto provaram que reduz as substâncias cancerígenas do churrasco.

Os investigadores marinaram durante quatro horas várias amostras de carne de porco, escolhida por ser mais gordurosa, em cerveja preta, em cerveja sem álcool e em cerveja comum. Depois, colocaram as diferentes carnes a grelhar sobre as brasas de carvão. No final, pesquisaram a presença de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, substâncias presentes no fumo que passam para a carne - sobretudo a mais gordurosa - e são consideradas cancerígenas.

Feitas as análises, concluíram que a cerveja preta é a mais eficaz a inibir a formação destes hidrocarbonetos policíclicos aromáticos na carne de porco. A marinada de cerveja preta permitiu reduzir em 53% a acumulação daquelas substâncias químicas, a de cerveja sem álcool reduziu em 25% e a cerveja corrente diminuiu 13%.

 

Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica alerta
A concentração de pólenes no ar vai estar muito elevada em todo o território continental e em níveis baixos a moderados nas...

Segundo o Boletim Polínico da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), para a semana, até 9 de Maio, os níveis de pólenes vão estar muito elevados em todas as regiões do território continental.

Nos Açores e na Madeira os pólenes encontram-se em níveis baixos a moderados, com predomínio, nos Açores, para os pólenes de urtigas, pinheiro, plátano, cipreste e erva parietária e, na Madeira, para os pólenes de erva parietária, pinheiro, gramíneas e plátano.

A alergia ao pólen é causa frequente de manifestações alérgicas, que podem ser do aparelho respiratório (asma e rinite alérgica), dos olhos (conjuntivite alérgica) ou da pele (urticária e eczema).

O Boletim Polínico efectua a divulgação semanal sobre os níveis de pólenes existentes no ar atmosférico recolhidos através da leitura de vários postos que fazem uma recolha contínua dos pólenes em várias regiões do país

Organização Mundial da Saúde alerta
Infecções consideradas actualmente como menores podem voltar a matar se nada for feito com urgência a nível global para lutar...

No primeiro relatório sobre a resistência aos antibióticos a nível mundial, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que “esta grave ameaça já não é uma previsão, mas uma realidade em cada uma das regiões do mundo e todos, independentemente da idade e do país, podem ser afectados”.

Considerados pela OMS como um dos pilares da saúde, os antibióticos permitem-nos viver mais tempo e com melhor saúde, mas a sua utilização incorrecta tornou-os praticamente ineficazes em algumas décadas.

Por falta de médico
Uma semana depois da publicação da portaria que atribui aos directores das urgências a responsabilidade pelas escalas das...

Um homem morreu no Centro Hospitalar das Caldas da Rainha sem ter tido acesso aos cuidados da viatura médica de emergência e reanimação (VMER). O Centro Hospitalar das Caldas da Rainha confirma à TSF que apesar da taxa de operacionalidade estar perto dos 100%, na última segunda-feira, entre as 08:00 e as 10:00, a VMER das Caldas da Rainha esteve inoperacional por falta de médico.

Confirma ainda que o utente chegou ao hospital transportado numa ambulância dos bombeiros e que o óbito foi confirmado no serviço de urgência. A autópsia irá apurar as causas da morte.

O hospital adianta também que para cumprir a portaria do Ministério da Saúde está a fazer o levantamento dos recursos humanos existentes com a formação exigida.

A portaria publicada na semana passada afirma que os directores das urgências têm de garantir 100% de operacionalidade das VMER e que, em casos excepcionais, qualquer profissional com formação do INEM pode integrar as escalas.

 

Saiba tudo sobre
A OMS estima que ocorrerão 20 milhões de mortes por doença cardiovascular em 2015, o que representa

Na Europa as doenças cardiovasculares causam 4.3 milhões de mortes por ano. A evolução das tendências de prevalência e incidência de doença cardiovascular está diretamente relacionada com a presença de factores de risco relacionados com estilos de vida tão diversos como a alimentação, o tabaco, a actividade física, o álcool ou factores psicossociais, ou a factores biológicos como a hipertensão arterial, a obesidade, a hipercolesterolemia ou a diabetes mellitus.

 

Doença cardiovascular em Portugal
As Doenças Cardiovasculares (DCV), com destaque para o Acidente Vascular Cerebral (AVC), são a principal causa de morte no país, de internamento hospitalar, incapacidade e invalidez e de anos potenciais de vida precocemente perdidos. Um em cada quatro portugueses tem uma elevada probabilidade de morrer de causa cardiovascular nos próximos 10 anos, segundo informações preliminares do Estudo VIVA.

Portugal apresenta uma das taxas mais elevadas de AVC em todo o mundo, onde 30% dos doentes com AVC morrem no prazo máximo de um ano. Os AVCs levam a mais de 25 mil internamentos por ano e representa um custo anual absoluto de cerca de 2,5 mil milhões de euros (sendo Portugal o sexto país da Europa que mais gasta com esta doença). Estima-se que um em cada cinco portugueses morra na sequência de um AVC e que cerca de 50% dos AVCs causem algum tipo de incapacidade.

Sabendo-se que, depois dos acidentes cardiovasculares acontecerem, dificilmente podem ser revertidos, a solução passa pela prevenção.

É importante agir nos fatores de risco como a diabetes, a dislipidemia, o tabagismo e, muito em particular, a hipertensão arterial (HTA), que devem ser alvo de ações preventivas. Segundo dados da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, reduzir o consumo de sódio em 0,8g representaria, ao final de 5 anos, uma redução da taxa de AVC em 30 a 40%.

Uma pequena mudança poderia ter grandes resultados

Se cada pessoa ingerisse menos 2g de sal/ dia, em 5 anos, a taxa de AVC cairia 30 a 40%

  • Menos de 1g de sal/ dia = menos 2640 mortes/ ano
  • Menos de 4 g de sal/ dia = menos 7000 mortes/ ano

Prevenção da Doença Cardiovascular
A doença cardiovascular resulta da acumulação de vários factores de risco ao longo da vida. A prevenção pode levar à diminuição de casos de eventos cardiovasculares graves e com sequelas, além da redução de probabilidade de morrer por estas causas. A maioria dos factores de risco inicia-se na adolescência e incluem o tabaco, os comportamentos alimentares e o excesso de peso e obesidade, aos quais se junta, na idade adulta, a hipertensão arterial, a dislipidemia e a diabetes mellitus.

A OMS defende que a redução de risco pode ter benefícios imediatamente na década seguinte aos esforços iniciados.

A Hipertensão Arterial
A Hipertensão Arterial é uma doença crónica que atinge cerca de 42,2% dos portugueses (mais de 3,5 milhões), embora mais de metade dos casos não esteja controlado. Entre os diversos factores de risco, estão estilos de vida pouco saudáveis, nomeadamente o teor de sódio excessivo ingerido diariamente, ao longo do tempo. Em Portugal, os adultos consomem duas vezes mais e as crianças quatro vezes mais sal do que a recomendação diária da Organização Mundial de Saúde.

A tensão arterial elevada é o principal factor de risco de morte prematura. A hipertensão arterial contribui para 13,5% do total de mortes anuais e está implicada em 54% dos AVCs, 47% dos casos de cardiopatia isquémica e 25% de outras doenças cardiovasculares. A hipertensão arterial é uma doença grave e tão comum que atinge a nível mundial cerca de 25% da população adulta, o que corresponde a 1.56 biliões de pessoas e, segundo estimativas, a sua prevalência será de 60% da população mundial em 2025.

O consumo excessivo de sal, em particular de uma das suas moléculas constituintes, o sódio, numa concentração de 40%, é um dos principais factores de risco de HTA e de AVC e está associado a 2.3 milhões de mortes por ano em todo o mundo.

As abordagens terapêuticas não farmacológicas da hipertensão arterial têm vindo a assumir um papel incontornável e a sua aplicação como terapêutica única ou adicionada aos medicamentos antihipertensores deve ser considerada em todos os doentes.

Relação sal/sódio e doença cardiovascular
O consumo de sal parece ter uma relação linear com o aumento da pressão arterial e está claramente associado à ocorrência de AVC e hipertrofia ventricular esquerda. Mas, para sermos mais corretos, o verdadeiro problema está no sódio. O sódio é um dos principais constituintes do sal tradicional (constituindo 40% da sua composição) e é ele que efetivamente está relacionado com um maior efeito hipertensor.

Está provado que uma redução modesta de ingestão de sódio por um período de apenas quatro semanas tem um efeito estatisticamente significativo na redução da pressão arterial, evidente em indivíduos com e sem hipertensão, sugerindo que ligeiras diminuições de sódio na dieta poderão significar uma diminuição de AVC, enfartes do miocárdio e insuficiência cardíaca. Quanto maior for a redução de sódio, maior é a redução na pressão arterial.

Na Finlândia, têm sido realizadas várias intervenções para a redução de ingestão de sal/sódio nos últimos 30 anos que contribuíram para uma redução dos valores de pressão arterial médios e para uma impressionante diminuição de ¾ na mortalidade por AVC e por cardiopatia isquémica em indivíduos com menos de 65 anos. A redução de sal terá aumentado em mais de 5 a 6 anos a esperança média de vida naquele país. Dados da Sociedade Portuguesa de Hipertensão indicam que se cada português reduzir em 0,8g o consumo diário de sódio isso terá um impacto real de 30 a 40% menos acidentes vasculares cerebrais em 5 anos.

Relação sal/sódio e outras doenças
Embora demonstrem uma relação inequívoca com as doenças cardiovasculares, atualmente, as evidências científicas sobre o impacto do consumo excessivo de sal/sódio na saúde vão mais além. Cada vez mais tem-se evidenciado outro tipo de impacto, nomeadamente no que respeita ao cancro gástrico e a algumas doenças autoimunes.

De salientar ainda o contributo do sal/sódio nas doenças renais e hepáticas, indicando-se, na maioria das vezes, dietas muito restritivas no que respeita à quantidade de sal/sódio para estes doentes.

Dose Diária Recomendada
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a ingestão máxima de 5g de sal por dia, o que corresponde a 2g (40%) de sódio diários. A população portuguesa consome cerca de 10,7g de sal e 4,3g de sódio por dia, ou seja, o dobro do limite máximo preconizado pela OMS. Estima-se que as crianças portuguesas estejam a consumir quatro vezes mais sódio do que o recomendado pela OMS.

Factos

  • O consumo excessivo de sódio é um dos principais fatores de risco de HTA e de AVC e está associado a 2,3 milhões de mortes por ano em todo o mundo.
  • A prevenção primária e secundária da HTA passa pela redução do consumo de sal e, em particular, de sódio.  
  • Estima-se que 42% da população portuguesa sofre de hipertensão.
  • A OMS recomenda o consumo máximo de 5g de sal e 2g de sódio por dia mas os portugueses consomem o dobro (10,7g e 4,3g respetivamente).
  • Portugal está no topo dos países europeus em que é maior a relação entre a mortalidade por AVC e a ingestão média diária de sal e sódio.
  • Reduzir o consumo de sódio em 0,8g (2g de sal), representaria, ao final de 5 anos, uma redução da taxa de AVC em 30 a 40%.

Curiosidades
A maioria do sal que consumimos (75%) provém de alimentos processados. Por isso, é importante aprender a ler os rótulos dos produtos. É preciso evitar produtos que contenham mais de 100mg de sódio (ou seja, 5% da dose diária recomendada) por dose.

O sal pode aparecer nos rótulos sob diversos nomes: “sal”, “sódio”, “cloreto de sódio”. A saber: 1g de sódio corresponde a 2,5g de sal (a dose diária recomendada é de 5gr).

O sódio está naturalmente presente em vários alimentos, como o leite e os ovos (80mg/100g). Encontra-se em proporções bem maiores em alimentos processados como o pão (250mg/100g), bacon (1500mg/ 100g), snacks como pretzels e pipocas (1500mg/100g) e molhos como o de soja (7000mg/ 100g) e caldos de tempero (20000mg/100g) – in dados OMS

Reduzir o consumo de sal

  • Leia os rótulos. Antes de comprar qualquer produto, analise o seu rótulo e evite alimentos com altos teores de sódio (alimentos com 5% ou mais da dose diária recomendada).
  • Prefira refeições caseiras. Os pratos pré-cozinhados contêm muito sódio, de modo a potenciar o sabor. Cozinhar as suas refeições, permite-lhe ter controlo sobre a quantidade de sal colocada.
  • Evite alimentos ricos em sódio, como queijos gordos, enchidos, pão, sopas em pó, caldos de tempero, molhos asiáticos, azeitonas, batatas fritas e biscoitos aperitivos.
  • Use ervas aromáticas e especiarias, substituindo assim o sal. As ervas aromáticas e especiarias, além de inúmeras vantagens para a saúde, dão sabor aos seus cozinhados.
  • Aposte no melhor sal. Se não conseguir abdicar totalmente do sal, opte pela opção mais saudável. Existem no mercado algumas variedades de sal com quantidades reduzidas de sódio. Mas não descore na quantidade de potássio porque, em excesso, também é muito prejudicial.
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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Cuidados com a alimentação
Hoje, as crianças têm, cada vez mais cedo, doenças consideradas de adultos, como, por exemplo, hiper
Criança indecisa entre donuts e maçã

Isto não significa que a comida não deve ter sabor, pelo contrário. A refeição deve ser saborosa e, para isso, para além de variar os ingredientes na preparação da sopa, é preciso incluir temperos frescos, como ervas aromáticas, cebola, alho e azeite, ou substituir o sal de cozinha por outro cem por cento natural, com cinco vezes menos sódio do que o tradicional.

 

A ingestão diária de sal/sódio feita pelos portugueses está acima do recomendado. Como tal, é muito importante reduzir a sua ingestão diária. Para isso, deve ter em conta três fontes principais destes elementos:

O sal que adicionamos às nossas refeições – Reduza gradualmente a quantidade de sal que adiciona às refeições. Lembre-se que a dose máxima recomendada é de cerca de uma colher de sobremesa (cinco gramas de sal)… por dia! As papilas gustativas vão “educar-se” em pouco tempo.

Alimentos naturalmente ricos em sal/sódio – Estes alimentos devem ser evitados. Aqui ficam alguns exemplos:

• Produtos de salsicharia, charcutaria e alimentos fumados (ex.: fiambre, presunto, chouriços, alheiras, bacon);

• Rissóis, croquetes, chamuças, bolinhos de bacalhau, panados, folhados...

• Margarinas, manteiga com sal e outras gorduras para barrar.

• Aperitivos salgados (como azeitonas, amendoins, cajus e outros).

• Alguns tipos de queijos, em especial os curados.

Alimentos processados ou enlatados (por exemplo, batatas fritas de pacote, refeições precozinhadas, sopas de pacote, molhos embalados, entre outros) – Este tipo de alimentos, juntamente com as refeições que se fazem fora de casa, são responsáveis por 77 por cento de todo o sódio que ingerimos diariamente. Geralmente, têm grandes concentrações de sal/sódio, que é utilizado para intensificar o sabor ou ajudar à conservação durante mais tempo. Neste caso, é muito importante saber ler os rótulos, verificando o respetivo teor de sal/sódio, e estar atento porque, em muitos casos, o rótulo não tem indicação de sal, mas sim de NaCl (cloreto de sódio), simplesmente sódio ou elementos que o têm na sua composição, como é o caso do bicarbonato de sódio ou o glutamato monossódico. Se encontrar uma destas situações, em que a rotulagem apenas tem a quantidade de sódio, prefira os produtos que têm menos de cinco por cento da dose diária recomendada.

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Perguntas e respostas
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1. Quais os produtos alimentares que contêm mais sal na sua? Devemos preferir os alimentos que contenham até quantas mg de sal por 100 g?
O sal e, em particular o sódio podem ser encontrados em vários alimentos nomeadamente os alimentos embalados ou pré-confecionados. Como exemplos podemos apontar as batatas fritas de pacote, aperitivos salgados, enchidos, sopas instantâneas, refeições enlatadas, produtos de salsicharia, charcutaria e alimentos fumados, alguns tipos de queijo, azeitonas, molhos. É importante tomar atenção aos rótulos e procurar, não só a quantidade de sal mas também de sódio (Na): em excesso constitui o verdadeiro inimigo público. Uma regra que pode ser utilizada na seleção dos alimentos é preferir aqueles que não ultrapassam 5% da dose diária recomendada de sal ou sódio (6/2,4 g) por porção.

2. Tendo em conta uma pessoa que está agora a iniciar uma redução de sal na sua alimentação, para começar, qual a quantidade diária de sal que deve adicionar aos seus cozinhados? Quais as ervas aromáticas e especiarias que podem ser boas substitutas do sal?
A quantidade de sal que se deve utilizar nas confeções quando tomamos a decisão de reduzir o sal no nosso dia-a-dia depende muito do ponto de partida. Quem está habituado a confecionar com grandes quantidades terá mais dificuldade em habituar-se ao sabor das refeições sem adição de sal. O importante é ter em mente que mais de 80% de todo o sal que consumimos já se encontra nos alimentos e que, por isso, não haverá necessidade de adicionar durante a confeção. É este o objetivo final. Para o conseguirmos sem que sintamos que estamos a comer comida sem sabor, o sal pode, e deve, ser substituído por ervas aromáticas e especiarias que irão salientar o sabor dos alimentos. O tipo de ervas aromáticas e especiarias a utilizar depende muito do gosto de cada um, mas podemos salientar para a carne o manjericão, o tomilho e o cominho, para o peixe o colorau e o pimentão. O aipo, a hortelã e o louro são ótimos para os estufados ou guisados; os coentros dão um ótimo sabor às marinadas e os orégãos às saladas de alface e tomate.

3. Para quem almoça fora quase todos os dias, levar comida de casa pode ajudar a controlar a ingestão de sal? Se não for possível levar o seu próprio almoço que tipo de alimentos/pratos costumam conter maiores quantidades de sal no restaurante?
Sempre que podermos ser nós a confecionar as refeições tanto melhor porque controlamos perfeitamente as quantidade, sabemos o que precisamos, o que gostamos e o que colocamos em cada confeção. Por isso, sim, levar comer de casa será, com certeza uma excelente ajuda. Se não tivermos essa possibilidade e tivermos que ir a um restaurante, sugerimos que se prefira pratos simples como, por exemplo, carne ou peixe grelhado. Este tipo de prato é feito no momento e podemos dar indicação para não ser adicionado sal durante a confeção. Pelo contrário, os guisados ou estufados são confecionados em maiores quantidades e iguais para todos os clientes pelo que se torna difícil conseguir obter uma refeição sem adição de sal. Outros alimentos a evitar são, claramente, os fritos, os enchidos e aqueles aperitivos tão típicos: o queijo curado, as azeitonas…

4. Li que existem alimentos em que não é necessário usar sal (embora tenhamos esse hábito). Acha uma boa estratégia, por exemplo, sugerir que se elimine o sal de uma salada de tomate e pepino – os únicos frutos em que adicionamos sal sem necessidade?
Na verdade, nenhum alimento precisa ser adicionado de sal. Os alimentos têm o seu próprio sabor, só é necessário habituarmo-nos a ele. As ervas aromáticas e as especiarias são ótimas para salientar o sabor natural dos alimentos sem prejudicar a saúde e é por isso que recomendamos a sua utilização. Outra alternativa é o de adicionar sal natural, com menor teor de sódio como é o caso de SAL&VIDA®.

5. Qual a importância de uma alimentação rica em produtos frescos (não processados) na redução do consumo de sal e porquê? É verdade que o consumo de alimentos ricos em potássio facilita a eliminação de sal do organismo? Recomenda o consumo destes alimentos?
Cerca de 80% do sal ou sódio que ingerimos é proveniente dos alimentos processados e apenas 10% provem dos alimentos frescos. Os alimentos frescos têm naturalmente menores concentrações de sal que, nos alimentos processados é utilizado para dar sabor e para conservar. Fica claro que aumentar o consumo de alimentos frescos em detrimento dos processados é, por si só, reduzir a quantidade de sal que ingerimos e, por isso, é uma excelente opção.

Todos os nutrientes, nas quantidades certas, são necessários ao normal funcionamento do organismo. O potássio é um deles. É verdade que o potássio tem um efeito benéfico na eliminação do sódio e bastará uma dieta equilibrada, rica em legumes, verduras e leguminosas para atingirmos a dose diária recomendada de potássio (4,8g) e assim usufruirmos dos benefícios deste nutriente.

6. Dentro dos tipos de sal existentes (grosso, fino, flor de sal, sal marinho...) qual o menos prejudicial à saúde (por exemplo, existe algum que dado a sua composição nos leve a usar em menor quantidade)? O que devemos privilegiar (e evitar) na sua composição (rótulo)?
Na verdade não existem diferenças significativas entre os vários tipos de sal referidos no que respeita à quantidade de sódio (que é o verdadeiro responsável pelos malefícios do sal). A opção, nomeadamente para quem não se consegue habituar ao sabor das refeições sem adição de sal, pode passar pela utilização de sais com menor quantidade de sódio. SAL&VIDA® é uma boa opção já que é um sal natural que, pela sua origem tem também naturalmente menor quantidade de sódio.

7. Para quem tem dificuldade em reduzir a quantidade de sal na alimentação considera que os novos substitutos de sal são uma boa opção? Devemos começar por utilizá-los como: na confeção dos alimentos ou no prato? Existem critérios a ter em conta na escolha deste tipo de produtos e na sua utilização? Quais?
Os substitutos de sal, como o próprio nome indica, não são propriamente sal. São produtos químicos, na maioria das vezes produzidos pela substituição de sódio por potássio que, embora na dose diária recomendada, seja benéfico, em excesso pode ser muito prejudicial à saúde. O que sugerimos, nestes casos, é a utilização de sais naturais com menor quantidade de sódio. As confeções devem ser feitas sem qualquer adição de sal e recorrendo, como dissemos anteriormente, à utilização de ervas aromáticas e especiarias. No final, e já à mesa, caso ainda sinta necessidade do sabor salgado, cada pessoa deve adicionar, no seu prato, um pouco deste sal. Desta forma mantemos o sabor diminuindo os riscos para a saúde.

8. Quanto tempo é que o nosso organismo (papilas gustativas) demora a desabituar-se do sal? Em que tipo de cozinhados é mais fácil abdicar da adição de sal (por exemplo, sopas, estufados, assados?)?
Não é fácil determinar quanto tempo as papilas gustativas demoram a habituar-se a novos sabores porque isto depende muito de pessoa para pessoa. Sabe-se que, se reduzirmos 20 por cento de sal que ingerimos, em dois ou três meses habituamo-nos a esse nível de sal. Nas confeções que tenham algum tipo de caldo ou molho é mais fácil abdicar do sal porque também é mais fácil adicionar vários ingredientes, ervas aromáticas e especiarias que vão dar sabor à refeição o que fará com que não nos apercebamos da inexistência de sal.

9. Para uma pessoa que pretende reduzir o consumo de sal em que altura aconselha retirar o saleiro da mesa?
Saliento que nem todas as pessoas o conseguirão fazer em oitos dias. Este é um processo mais ou menos demorado dependendo dos hábitos e da força de vontade de cada uma; haverá aqueles que não se habituam (alternativa: adicionar sal natural com menor teor de sódio) e acabam por desistir, e, aqueles que tomam a decisão de deixar de cozinhar com sal em, a partir daquele momento, não o voltam mesmo a fazer. Dito isto, uma das primeiras coisas a fazer é exatamente retirar o saleiro da mesa. A exceção será quando optamos por utilizar um sal natural com baixo teor de sódio. Aí faz sentido colocá-lo na mesa, até porque temos um maior controlo em relação à quantidade que utilizamos em cada prato e damos a possibilidade de cada pessoa adicionar a quantidade que pretende.

10. Existe mais alguma estratégia importante para a redução de sal que ainda não tenhamos aqui focado? Se sim, diga-nos qual/quais e porque é/são importante(s)?

Parece-me que já abordámos os temas principais. Em jeito de resumo, é importante:

  • Diminuir gradualmente (até abolir) a quantidade de sal que se adiciona durante a confeção das refeições;
  • Não levar o saleiro para a mesa ou temperar com um sal com menor teor de sódio;
  • Substituir o sal usado na confeção das refeições por ervas aromáticas, especiarias ou sumo de limão;
  • Ler os rótulos dos alimentos, comparar e optar por alimentos que tenham, no máximo, 5% da dose diária recomendada de sal e de sódio (tabelas do site “Menos sal mais sabor a Vida”);
  • Evitar consumir alimentos com elevado teor de sal.
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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Instituto do Sangue e Transplantação
Dados do Instituto do Sangue e Transplantação ainda são parciais, mas fase de quebra acentuada desta actividade estará superada

O número de transplantes realizados em Portugal no primeiro trimestre deste ano aumentou 18,5% face a igual período do ano passado, o que se traduziu em mais 31 transplantes realizados, refere o relatório do Instituto do Sangue e Transplantação, que diz que estes dados, ainda parciais, colocam Portugal nos níveis de 2009, quando batia recordes em número de dadores cadáver e órgãos colhidos, escreve o Público Online.

Os dados são apenas de Janeiro, Fevereiro e Março deste ano e apontam para 75 dadores, quando no mesmo período do ano passado tinham sido 66, o que se traduz num aumento de 14%, refere o balanço trimestral. Com estes números, o Ministério da Saúde considera que o período de intensa quebra desta actividade deverá ter sido ultrapassado.

Portugal teve em 2009 um recorde de 329 dadores de órgãos (uma taxa de 31 dadores por milhão de habitantes). Desde então este número não parou de descer, com a queda mais acentuada a acontecer em 2012, ano em que apenas houve 252 dadores (uma taxa de 23,9 dadores por milhão de habitantes), o que se traduziu na colheita de 749 órgãos para transplantes (entre rins, fígado, coração, pâncreas e córneas). A descida foi atribuída, em parte, ao corte dos chamados "incentivos", verbas que são atribuídas pelo Ministério da Saúde aos hospitais como pagamento dos transplantes efectuados, e a um desinvestimento na colheita de órgãos.

Os números do ano passado já apontavam para a inversão da descida, com um aumento em 15% em número de transplantes realizados. Estes números trimestrais parecem vir confirmar esta tendência. O presidente do Instituto do Sangue e Transplantação, Hélder Trindade, disse à Lusa que o aumento do número de dadores e de doações, em média, de 14% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, se deveu ao empenho não só dos hospitais, mas também dos coordenadores hospitalares de doação, dos gabinetes coordenadores de colheita e transplantação, além do próprio instituto e do ministério.

O maior aumento de transplante de órgãos foi feito em doentes dos pulmões, e o número de cirurgias deste género cresceu 80%. No caso dos transplantes de pâncreas, o aumento foi superior a 50%, enquanto os doentes renais viram o número de transplantes subir em quase um terço. No final do ano passado havia em Portugal 1910 pessoas à espera de um transplante de rim, um número que tinha diminuído em 67 face a 2012.

“Toda a estrutura hospitalar começa a estar desperta para um cadáver que poderá ser potencial dador de órgãos antes de ser enterrado e toda a mensagem permite que dentro do hospital quem não esteja ligado a este processo possa estar desperto para referenciar os dadores e não deixar que este se perca”, explicou Hélder Trindade.

Para que os cirurgiões possam transplantar órgãos há um complexo processo que começa numa urgência de um hospital ou numa unidade de cuidados intensivos, onde vão parar os doentes em estado crítico que poderão ser potenciais dadores de órgãos. Quem tem de detectar e sinalizar estes casos são as equipas destes serviços. O hospital que detecta estes casos terá, depois do diagnóstico de morte cerebral, de manter o doente ventilado durante pelo menos 24 horas para que a colheita se possa fazer.

 

OMS alerta
A disseminação de super bactérias que escapam até aos mais poderosos antibióticos já não é uma previsão futura — está a...

A resistência aos antibióticos pode afectar qualquer pessoa, de qualquer idade, em qualquer país, refere o relatório intitulado Resistência Antimicrobiana – Relatório Global sobre Vigilância. É agora uma grande ameaça de saúde pública, cujas “implicações serão devastadoras”. “O mundo está a caminhar para uma era pós-antibióticos, em que as infecções comuns e os pequenos ferimentos, tratáveis há décadas, podem voltar a matar”, diz Keiji Fukuda, subdirector para a área da segurança na saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), noticia o Público Online.

No seu primeiro relatório global sobre resistência antimicrobiana, com dados de 114 países, a OMS diz que já se encontram em todas as regiões do mundo super bactérias capazes de escapar até aos antibióticos mais poderosos — uma classe de fármacos chamada “carbapenémicos”.

A resistência aos medicamentos é provocada pelo mau uso e uso excessivo de antibióticos, o que encoraja as bactérias a desenvolverem novas formas de sobreviver a esses tratamentos. Apenas uma mão-cheia de antibióticos foram desenvolvidos e chegaram ao mercado nas últimas décadas, e é uma corrida contra o tempo encontrar mais antibióticos à medida que as bactérias que provocam infecções evoluem para “supermicróbios” resistentes às terapias mais poderosas usadas como último recurso e reservadas para os casos extremos.

Estima-se que uma das super bactérias mais conhecidas — a MRSA, sigla em inglês de estafilococo áureo (Staphylococcus aureus) multirresistente — mate sozinha cerca de 10 mil pessoas todos os anos nos Estados Unidos, o que é muito mais do que o vírus da sida. Na Europa os números são semelhantes e em Portugal este problema é bastante grave.

A OMS diz que nalguns países, devido à resistência, os carbapenémicos já não funcionam em mais de metade das pessoas com infecções hospitalares comuns causadas pela bactéria Klebsiella pneumoniae, como pneumonia, infecções sanguíneas, infecções em recém-nascidos e em doentes nos cuidados intensivos.

A resistência a um dos antibióticos mais utilizados no tratamento de infecções urinárias causadas pela bactéria Escherichia coli — as fluoroquinolonas — também se encontra disseminada, refere o relatório. Na década de 1980, quando estes fármacos foram introduzidos no mercado, a resistência era virtualmente nula, acrescenta o documento. Mas agora há países em muitas regiões do mundo em que os medicamentos são ineficazes em mais de metade dos doentes.

“Se não houver iniciativas significativas para melhorar os esforços que previnam as infecções e também mudar a forma como produzimos, prescrevemos e usamos os antibióticos, o mundo irá perder cada vez mais estes benefícios na saúde pública e as implicações serão devastadoras”, diz Keiji Fukuda.

Laura Piddock, directora do grupo britânico Antibiotic Action e professora de Microbiologia na Universidade de Birmingham, no Reino Unido, considera que o mundo tem de responder à resistência das bactérias aos antibióticos da mesma maneira que fez com a crise da sida na década de 1980.

“Acabar com a resistência aos fármacos irá exigir vontade política, empenhamento de todas as partes, considerável investimento na investigação científica e programas de vigilância e supervisão”, sublinha Laura Piddock.

Jennifer Cohn, da organização internacional Médicos sem Fronteiras, concorda com esta avaliação feita pela OMS e confirma que o problema chegou a muitos cantos do mundo: “Vemos taxas horrorosas de resistência aos antibióticos onde quer que vamos nas nossas operações no terreno, incluindo crianças admitidas nos centros de nutrição no Níger e pessoas nas nossas unidades de cirurgia e tratamento de traumatismos na Síria.”

 

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