Especialistas divididos
A hipótese de dar contraceptivo às raparigas logo que têm a primeira menstruação divide especialistas. Há quem defenda esta...

Num cenário de cor e de festa, várias raparigas entram na casa de banho acompanhadas de confettis. Entre saltos e gargalhadas, lançam os papelinhos sobre a amiga a quem acabou de aparecer a primeira menstruação. A imagem faz parte de um anúncio de há alguns anos a uma marca de pensos higiénicos, que tentou passar a ideia da naturalidade do momento. É com essa mesma normalidade que alguns especialistas internacionais defendem que os métodos contraceptivos devem ser introduzidos na vida das adolescentes, precisamente quando surge o primeiro período – para evitar o número de gravidezes indesejadas entre jovens.

Porém, especialistas portugueses consideram a ideia demasiado radical e defendem que, em Portugal, a existência do Serviço Nacional de Saúde aliada à educação sexual permitem que a escolha do contraceptivo seja feita de forma mais personalizada e na altura certa.

Para o ginecologista Christian Fiala, da Sociedade Austríaca de Planeamento Familiar, uma gravidez indesejada numa adolescente “é sempre mais errada do que proporcionar métodos contraceptivos antes das relações sexuais acontecerem”.

Em termos de dados portugueses, o estudo Health Behaviour in School-aged Children, conduzido por Margarida Gaspar de Matos junto de uma amostra de alunos do 8.º e 10.º ano, indica que mais de 80% dos inquiridos disseram nunca ter tido relações sexuais. Entre os que tiveram, 80% afirmaram que começaram com 14 ou mais anos, com 9% dos rapazes a referir que foi com menos de 11 anos, contra 2% nas raparigas. O preservativo esteve presente em quase todas as relações, com a pílula a reunir 37% das escolhas das raparigas.

Em relação aos motivos para começar a vida sexual, metade dos adolescentes responderam que queriam experimentar, 47% que estavam muito apaixonados, 28% que já namoravam há muito tempo, 18% admitiram que foi por acaso e 13% para que o parceiro não ficasse zangado. O mesmo trabalho mostrou, ainda, que os adolescentes que tiveram educação sexual até iniciaram a vida sexual tarde e são os que têm menos relações sexuais desprotegidas.

É precisamente no método a escolher que a presidente da Sociedade Portuguesa da Contracepção, Teresa Bombas, coloca a tónica, pois a toma não correcta compromete os resultados. Em mais de metade das gravidezes não planeadas as mulheres utilizavam algum tipo de contraceptivo. “Se vamos dar a pílula a uma rapariga, o que implica uma lembrança diária, e esta se esquecer então vamos estar a ser contraproducentes. Em termos de contracepção, a idade não é um marco mas sim a necessidade”, explica a médica, que lembra que a realidade de países nórdicos difere da portuguesa, onde o acesso gratuito a vários métodos contraceptivos tem permitido que a utilização seja proporcionalmente mais elevada em Portugal.

 

Em 2013
Os portugueses consumiram em 2013 quase três milhões de unidades de omeprazol, um medicamento para o tratamento da úlcera...

Dados da Consultora IMS Health, a que a Lusa teve acesso, revelam que no ano passado foram consumidas 2973591 unidades de omeprazol, no valor de 13,44 milhões de euros.

Nos últimos anos tem-se assistido a um crescimento acentuado do consumo deste fármaco, de tal forma que, em 2008, a autoridade que regula o sector (Infarmed) decidiu investigar o seu “consumo excessivo”.

Apesar deste aumento - o crescimento abrandou em 2010 - o valor gasto na compra destes fármacos baixou significativamente, passando de 77153835 euros por 2407520 unidades, em 2007, para 13447694 euros por 2973591 unidades, em 2013.

A diminuição do preço, associado a um desconhecimento sobre as verdadeiras indicações deste fármaco, bem como os riscos que podem resultar de uma toma prolongada, são razões apontadas por gastrenterologista Hermano Gouveia para o aumento deste consumo.

Este dirigente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) disse que a organização está atenta a este fenómeno e que há algum tempo estuda o seu impacto na saúde, sempre que a toma não tem justificação clínica.

“É um medicamento seguro, mas que está a ser sobreutilizado”, disse, afirmando que há quem o use como protector gástrico quando estão a tomar outros fármacos, mas sem necessidade, pois nem todos os medicamentos são lesivos para a mucosa do estômago.

Além disso, acrescentou, o facto de este fármaco ser um protector gástrico não significa que seja esta a sua indicação médica e muito menos como minimizador de efeitos associados a indisposições gástricas.

Um estudo recentemente publicado na revista científica da Associação de Médicos Americanos atribuiu à ingestão prolongada deste fármaco e de outros semelhantes uma carência da vitamina B12.

A investigação refere que as pessoas que tomaram diariamente um medicamento do grupo do omeprazol durante dois ou mais anos tinham 65% de probabilidades de ter níveis baixos de vitamina B12, que tem um papel importante na formação de novas células, do que os que não ingeriram o fármaco.

Confrontado com este estudo, o Infarmed indicou que “a possibilidade de redução da absorção da vitamina B12 em terapêuticas a longo prazo com omeprazol foi já identificada há vários anos, especificamente actualizada na informação do medicamento desde procedimento de arbitragem a nível europeu em 2010”.

“O omeprazol, como todos os medicamentos bloqueadores de ácido, pode reduzir a absorção de vitamina B12 (cianocobalamina) devido a hipo- ou acloridria. Isto deve ser considerado em doentes com reservas orgânicas reduzidas ou factores de risco para a absorção reduzida da vitamina B12 na terapêutica a longo prazo”, lê-se na informação de um destes fármacos.

Além desta carência vitamínica, Hermano Gouveia refere outros riscos da toma prolongada de omeprazol, como a osteoporose ou o retardamento de diagnósticos graves, por estes estarem “disfarçados” com o efeito do fármaco.

O especialista alerta ainda para o risco acrescido de infecções e, logo, maior incidência de sintomas como diarreias.

Para Hermano Gouveia, o medicamento pode e deve ser utilizado, mas desde que prescrito por médico após avaliação clínica e nunca por iniciativa da pessoa.

A este propósito, lembrou que, apesar de o omeprazol ser um medicamento de receita médica obrigatória, pode ser adquirido sem necessidade de prescrição em doses mais baixas, o que não diminui o risco.

 

Apesar da abertura de vagas
Governo abriu ontem 250 vagas para recém-especialistas e anunciou a chegada de mais 52 médicos cubanos. Mas défice de clínicos...

O Ministério da Saúde abriu ontem 250 vagas, 100 das quais na região de Lisboa e Vale do Tejo, para os médicos que terminaram em Abril o internato de Medicina Geral e Familiar. A tutela anunciou ainda que em breve os centros de saúde serão reforçados com 52 médicos cubanos.

Rui Nogueira, vice-presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, considerou positivas ambas as decisões, mas admite que não chega para tapar o buraco dos médicos que se estão a reformar. Só nos primeiros dois meses do ano reformaram-se 100 médicos e o desequilíbrio entre entradas e saídas deverá manter-se nos próximos dois anos. O especialista estima que o défice ronda 900 clínicos. Há médicos que pediram a reforma em 2012 e só agora estão a ver os pedidos desbloqueados, diz. “É sempre positivo entrarem médicos mas vão continuar a sair e ainda vamos manter o défice”, disse, admitindo que não bastaria a tutela abrir mais vagas pois não há médicos para concorrer.

Só em 2016 deverá passar a haver uma reposição de clínicos. Por agora, e sem concretização de medidas já anunciadas pela tutela como os médicos verem mais utentes ou deslocarem-se a diferentes centros de saúde em zonas menos povoadas, parece difícil ser cumprida a intenção de Paulo Macedo de garantir médico de família a todos os utentes até ao fim da legislatura.

Apesar de várias iniciativas como a actualização de lista de utentes e a transição de 732 médicos para as 40 horas, com listas de utentes maiores, no final de 2013 continuava a haver 1,1 milhão de portugueses sem médico, menos 500 mil do que em 2011 mas ainda 11,6% dos utentes. "Há cerca de 2000 internos em formação e todos os anos têm entrado mais 400. Este ano os finalistas no global deverão totalizar ainda 300", disse Nogueira, defendendo que seria benéfico agilizar o recrutamento dos recém-formados.

O facto de as admissões dependerem de despacho da tutela e autorização das Finanças é a razão da demora, mesmo que determine que os concursos devem ser simplificados. “Terminaram em Abril, pelo que o despacho com as vagas em zonas carenciadas que permite os concursos poderia ter aberto logo no início de Maio, da mesma forma do que os que terminarão em Outubro deveriam ter vagas logo em Novembro”. Entre a abertura de concursos e entrevistas devem passar mais três a quatro meses. “Só deverão começar a 1 de Outubro”.

Ontem a tutela admitiu que as 250 vagas para médicos deverão permitir alargar o acesso a mais de 300 mil utentes. Rui Nogueira está menos optimista: por um lado, só há 187 candidatos (os finalistas da primeira fase de 2014) e algumas vagas ficarão por preencher. Por outro, as aposentações impedem a soma directa.

A ACSS lembrou também que a 11 de Abril foram abertas outras 200 vagas para médicos de família a que puderam concorrer clínicos sem vínculo ao SNS. Até porque as regras acabaram por mudar e não existem muitos especialistas fora do sistema. Nogueira acredita que terão concorrido sobretudo médicos à procura uma oportunidade de mobilidade. “Mesmo que garantam resposta num novo centro de saúde até mais carenciado, ficarão lugares por preencher nos seus centros de saúde”. Este ano, o contingente cubanos foi seleccionado antes da vinda para Portugal numa colaboração entre ministério e Ordem dos Médicos, pelo que a sua colocação deverá ser mais rápida, segundo a tutela dentro de um a dois meses.

Estudo
Sintomas errados e tratamentos sem nexo são alguns dos erros detectados por uma equipa de cientistas que analisaram inúmeras...

De acordo com o trabalho publicado no The Journal of the American Osteopathic Association, em caso de doença, os doentes devem consultar o seu médico de família e não a enciclopédia online.

Os investigadores liderados por Robert Hasty, investigador na Wallace School of Osteopathic Medicine na Carolina do Norte, analisaram as entradas referentes às 10 doenças mais dispendiosas nos EUA, como o cancro do pulmão, doenças cardíacas, depressão e diabetes e, de seguida, compararam as entradas com as referências científicas de cada uma.

A conclusão a que chegaram não podia ser mais preocupante: Nove em cada 10 entradas na Wikipedia sobre estes temas contêm erros.

“Embora a Wikipedia seja uma ferramenta interessante ao nível da realização de pesquisas, no que à saúde pública diz respeito, os doentes não devem usá-la como principal recurso uma vez que esses artigos não passam pelo mesmo processo de revisão científica que passam os artigos publicados em jornais médicos”, salienta Robert Hasty.

A equipa adverte que estes resultados são ainda mais preocupantes se for tido em conta que 47% a 70% dos médicos e alunos de Medicina admitem usar esta fonte de informação como referência.

Face a estas conclusões, Robert Hasty não tem dúvidas: “A melhor fonte de informação para o doente é o seu médico”.

 

Estudo junto da população revela:
Estudo revela que 66% dos inquiridos conhecem os sintomas da doença e 57% o impacto negativo da doença na qualidade de vida. As...

Sete em cada dez indivíduos afirmam “já ter ouvido falar” da Zona, mas revelam grande desconhecimento em relação à doença. Mais concretamente, 75% não sabem que estão em risco de vir a desenvolver a doença, cerca de 6 em cada 10 desconhecem que a Zona é causada pela reactivação do vírus da varicela e 80% não sabem que a Zona pode ser prevenida. Estes são os principais resultados do inquérito “Zona e sua prevenção – O que sabem os Portugueses”, promovido pela Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), que teve como objectivo perceber o grau de conhecimento dos portugueses em relação à doença Zona.

O inquérito revela ainda que apenas 11% sabem que 1 em cada 4 pessoas irá desenvolver Zona ao longo da vida e 79% não sabem que o risco de um episódio de Zona mais do que duplica a partir dos 50 anos. No que respeita ao impacto que a Zona poderá ter na vida de uma pessoa, 43% desconhecem que a Zona pode provocar dor intensa com profundo impacto em termos de qualidade de vida.

Quando questionados sobre as causas da doença, 45% afirmam não saber as razões que dão origem à Zona, ainda assim 37% conseguem associar a reactivação do vírus da Varicela como causa da doença e 35% associam a dor crónica (durante meses ou anos) na área afectada, como a principal complicação da Zona.

Mais de metade não sabe como se trata a doença e o médico de família é o especialista de eleição a quem recorreriam num caso de suspeita de Zona.

Outro dado interessante prende-se com o facto de cerca de metade conhecer pessoas que já tiveram a doença.

Oito em cada dez dos inquiridos não sabem que a Zona pode ser prevenida e apenas 10% referem a existência de uma vacina como forma de prevenção. Quando questionados sobre o interesse em se vacinar, apenas 3% dos inquiridos afirmam não ter interesse na vacinação e 65% gostariam de receber mais informação.

Recorde-se que a primeira e única vacina para a prevenção da zona está disponível em Portugal desde Abril de 2014 para indivíduos acima dos 50 anos, mediante prescrição médica. A vacina está a ser administrada nos Estados Unidos desde 2006, no Canadá desde 2009 e desde 2013 faz parte do Programa Nacional de Vacinação do Reino Unido. Conta com mais de 20 milhões de doses já distribuídas desde o lançamento.

 

Sobre o Estudo percepcional:

O estudo foi elaborado através de um questionário online, recorrendo à comunidade youzz.net™. A recolha de dados decorreu entre os dias 14 e 24 de Abril de 2014, tendo sido definida uma amostra global composta por 5.452 indivíduos residentes em Portugal, membros da comunidade youzz.net™, o que corresponde a uma Margem de Erro de 1,33%, para um Intervalo de Confiança de 95%. 92% dos inquiridos são do género feminino e 95% têm idades compreendidas entre os 18 e os 65 anos.

 

Sobre a Zona

A zona é uma doença dolorosa e debilitante que afecta cerca de uma em cada quatro1,2 pessoas ao longo da vida. Qualquer pessoa que tenha tido varicela (95% da população Europeia)3 está, potencialmente, em risco, dado que esta doença resulta da reactivação do vírus da varicela, que a maioria das pessoas tem durante a infância. A Zona ocorre com maior frequência em indivíduos com mais de 50 anos.

A zona caracteriza-se por rash vesicular da pele extremamente doloroso e pode levar a complicações graves tais como a nevralgia pós-herpética, dor de longa duração, causada pela lesão dos nervos pelo vírus. O risco e a gravidade da zona e da nevralgia pós-herpética aumentam com a idade, sendo que 2/3 dos casos de zona ocorrem em pessoas com mais de 50 anos4.

 

Primeira vacina contra a Zona (herpes zoster) chega a Portugal

A Sanofi Pasteur MSD lançou este mês em Portugal a primeira e única vacina contra a Zona e nevralgia pós-herpética. A vacina está disponível nas Farmácias, para a vacinação de adultos a partir dos 50 anos, numa única administração, mediante prescrição médica.

A zona é uma doença dolorosa e debilitante que afecta cerca de uma em cada quatro1,2 pessoas ao longo da vida. Qualquer pessoa que tenha tido varicela (cerca de 95% da população Europeia)3 está, potencialmente, em risco, dado que esta doença resulta da reactivação do vírus da varicela (vírus varicela-zoster), que a maioria das pessoas tem durante a infância. Após a varicela, o vírus não é eliminado do organismo, permanecendo adormecido (latente) no sistema nervoso e pode ser reactivado a qualquer momento, provocando Zona. A vacina contra a Zona vai estimular o sistema imunitário contra o vírus varicela zoster. Como resultado, a vacina vai ajudar a bloquear a reactivação e replicação deste vírus, que está no adormecido no organismo e, assim, ajuda a prevenir o desenvolvimento da Zona.

A zona caracteriza-se por uma erupção cutânea unilateral e pode levar a complicações extremamente dolorosas como a nevralgia pós-herpética. A nevralgia pós-herpética (NPH) é uma condição de dor neuropática, de longa duração, causada pela lesão dos nervos pela acção do vírus. O risco e a gravidade da zona e da nevralgia pós-herpética aumentam com a idade, sendo que 2/3 dos casos de zona ocorrem em pessoas com mais de 50 anos4, devido ao enfraquecimento natural do sistema imunitário.

A dor causada pela Zona pode ter um impacto muito significativo na vida dos doentes. A maioria dos doentes relata um impacto negativo na sua qualidade de vida e sofre de perturbações do sono, trabalho ou vida social.

Anualmente, são diagnosticados cerca de 1,7 milhões de novos casos de Zona na Europa, atingindo particularmente pessoas acima dos 50 anos5.

A vacina contra a Zona ajuda a prevenir o risco de Zona no futuro, não sendo um tratamento para a Zona ou nevralgia pós-herpética. A vacina está aprovada para comercialização na Europa para a vacinação de adultos com mais de 50 anos e deve ser administrada numa só injecção. A segurança da vacina foi estudada em ensaios clínicos que envolveram mais de 32.000 pessoas. Mais de 20 milhões de doses já foram distribuídas em todo o mundo, desde o seu lançamento.

A vacina está a ser administrada nos Estados Unidos desde 2006, no Canadá desde 2009 e faz parte do Programa Nacional de Vacinação do Reino Unido desde 2013. Recentemente, as Autoridades Francesas recomendaram a vacinação por rotina de pessoas dos 65 aos 74 anos de idade.

 

Referências:

1. Bowsher D. The lifetime occurrence of Herpes zoster and prevalence of postherpetic neuralgia: A retrospective survey in an elderly population. Eur J Pain 1999 Dec ; 3 ($): 335-42

2. Miller E, Marshall R, Vurdien J. Epidemiology, outcome and control of varicella zoster infection. Rev Med Microbiol 1993: 4: 222-30

3. Johnson RW, Wasner G, Saddier P, Baron R. Postherpetic neuralgia: epidemiology, Pathophysiology and management. Expert Rev Neurother. 2007;7(11):1581-95.

4. Brisson M, Edmunds WJ, Law B, et al. Epidemiology of varicella zoster virus infection in Canada and the United Kingdom. Epidemiol Infect. 2001;127(2):305-14.

5. Johnson R, McElhaney J, Pedalino B et al.. Prevention of herpes zoster and its painful and debilitating complications. Int J Infect Dis 2007;11: S43-8

 

1. Bowsher D. The lifetime occurrence of Herpes zoster and prevalence of postherpetic neuralgia: A retrospective survey in an elderly population. Eur J Pain 1999 Dec ; 3 ($): 335-42

2. Miller E, Marshall R, Vurdien J. Epidemiology, outcome and control of varicella zoster infection. Rev Med Microbiol 1993: 4: 222-30

3. Johnson RW, Wasner G, Saddier P, Baron R. Postherpetic neuralgia: epidemiology, Pathophysiology and management. Expert Rev Neurother. 2007;7(11):1581-95.

4. Brisson M, Edmunds WJ, Law B, et al. Epidemiology of varicella zoster virus infection in Canada and the United Kingdom. Epidemiol Infect. 2001;127(2):305-14.

 

 

Projecto “Oceans of Hope”
No âmbito do Dia Mundial da Esclerose Múltipla de 2014 é lançada uma campanha mundial organizada pela Fundação “Sailing...

A iniciativa tem como objectivo mudar as percepções sobre as pessoas que vivem com Esclerose Múltipla (EM) através da sensibilização para a doença, mostrando as possibilidades que têm ao seu alcance quando são capazes de se comprometer com estilos de vida activos.

“Há mais de 30 anos, a Biogen Idec tem melhorado a vida de pessoas portadoras de EM através da ciência de ponta, que produziu várias terapias inovadoras e medicamentos em investigação”, afirma David Allsop, vice-presidente da Biogen Idec. “Mas o nosso compromisso para apoiar a comunidade da EM vai além disso e inclui iniciativas que têm como objectivo educar as pessoas sobre a doença e o impacto que esta tem nas suas vidas. Estamos orgulhosos por apoiar o “Oceans of Hope”, o Dia Mundial da Esclerose Múltipla e a comunidade de EM em todo o mundo”.

O projecto “Oceans of Hope” é liderado pelo Dr. Mikkel Anthonisen, fundador da SSF e especialista em EM no Hospital Universitário de Copenhaga, Rigshospitalet, na Dinamarca. Ele e outros membros da tripulação, incluindo portadores de EM, vão navegar à volta do mundo, transportando uma mensagem de força e proporcionando oportunidades para construir laços fortes entre a comunidade global com EM. A tripulação vai atracar em vários portos e será anfitriã de vários eventos para ajudar a mudar a percepção e sensibilizar para a EM. Cada um desses acontecimentos vai dar às pessoas que vivem com EM a oportunidade de ir para o mar, mostrando que, apesar da sua condição, podem estar activos.

“Estamos muito satisfeitos com a parceria com a Biogen Idec. O “Oceans of Hope” não só irá aumentar a sensibilização para a EM, como também irá levar o acesso, tema deste ano do Dia Mundial da EM, a todo o mundo, com o objectivo de construir laços mais fortes em toda a comunidade global de portadores de EM”, referiu o Dr. Anthonisen. “Como médico, vejo que cada pessoa que tem EM é única e precisa de ter acesso a diferentes recursos para tratar individualmente a sua doença.”

Hoje, o “Oceans of Hope” vai acolher um evento em Copenhaga, na Dinamarca, para batizar oficialmente o veleiro que fará a viagem de circum-navegação do globo, que receberá o nome do projecto, “Oceans of Hope”. A viagem iniciar-se-á em Copenhaga, a 15 de Junho, prosseguindo pela Europa e fazendo paragens em Kiel, na Alemanha, em Portsmouth, no Reino Unido, em La Rochelle (França) e em Lisboa. Depois da Europa, a embarcação vai continuar a viagem rumo a Boston, Massachusetts, nos EUA, onde acontecerá o maior evento científico do ano sobre EM, o ACTRIMS/ECTRIMS. Este encontro realizar-se-á entre os dias 10 e 13 de Setembro. A embarcação continuará a percorrer o mundo, com paragens planeadas na Austrália e África do Sul, antes de regressar à Europa para uma paragem no ECTRIMS 2015, que acontecerá em Barcelona (Espanha), entre os dias 7 e 10 de Outubro de 2015. O veleiro retornará posteriormente ao ponto de partida, Copenhaga, no final de 2015, para concluir a viagem.

Para mais informações sobre os pontos de paragem da embarcação ou se é portador de EM e gostaria de participar na campanha, visite por favor: http://www.sailingsclerosis.com/oceans-of-hope/application-form/. Para mais informações sobre a SSF visite: http://www.sailing-sclerosis.com/about-sailing-sclerosis/.

 

Sobre o Dia Mundial da EM

Lançado pela Federação Internacional da Esclerose Múltipla (MSIF) em 2009, o Dia Mundial da EM é uma campanha anual da comunidade da EM que visa sensibilizar para a doença, apoiar e ligar as pessoas portadoras desta doença em todo o mundo. Este ano, o tema do Dia Mundial da EM é o acesso, incluindo a necessidade de acesso aos tratamentos, a informação educativa sobre a doença e serviços que são essenciais para aqueles que vivem com EM. Para mais informações sobre o Dia Mundial da EM, visite por favor: http://www.worldmsday.org/.

 

Sobre a Esclerose Múltipla

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crónica, muitas vezes incapacitante, que ataca o sistema nervoso central, que é composto pelo cérebro, medula espinal e nervos ópticos. Os sintomas podem ser ligeiros ou graves, variando desde formigueiros nos membros inferiores até paralisia ou perda de visão. A progressão, gravidade e sintomas específicos são imprevisíveis e variam de pessoa para pessoa. A EM afecta mais de 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo[i], com mais de 500.000 doentes na União Europeia[ii]. A Esclerose Múltipla Surto-Remissão (EMSR) é a forma mais comum da doença, responsável por cerca de 85% dos casos, e é caracterizada por surtos agudos com recuperação total ou parcial com acumulação de incapacidade. [iii]

Formas reincidentes de EM incluem ainda EM recidivante-progressiva, que afecta 5 por cento das pessoas com EM, sendo caracterizada pelo constante agravamento da doença desde o início, com ataques agudos ocasionais, como as experimentadas por pessoas com EMSR. 4

 

Sobre a Biogen Idec

Através de ciência e medicina de ponta, a Biogen Idec descobre, desenvolve, investiga e disponibiliza aos doentes em todo o mundo terapêuticas inovadoras para o tratamento de doenças neurodegenerativas, hemofilia e doenças auto-imunes. Fundada em 1978, a Biogen Idec é a mais antiga empresa independente de biotecnologia do mundo. Doentes no mundo inteiro beneficiam das suas terapêuticas líderes para a Esclerose Múltipla. Para informações adicionais sobre as indicações terapêuticas dos produtos, comunicados de imprensa ou sobre a empresa, visite o site www.biogenidec.com.

A Biogen Idec está também no Twitter (@biogenidec): www.twitter.com/biogenidec .

 

Referências




[i] Multiple Sclerosis International Federation, Atlas of MS 2013. Epidemiology of MS. Page 8. Acedido a: 17 mar. 2014. http://www.msif.org/includes/documents/cm_docs/2013/m/msif-atlas-of-ms-2...

[ii] Multiple Sclerosis International Federation. Atlas of MS 2013. Epidemiology of MS. Acedido a: 17 mar. 2014. http://www.atlasofms.org/query.aspx

[iii] NMSS. Relapsing-Remitting MS. Acedido a: 17 mar. 17, 2014. http://www.nationalmssociety.org/What-is-MS/Types-of-MS/Relapsing-remitt...

4 NMSS. Progressive-Relapsing MS. Acedido a: 17 mar. 2014. http://www.nationalmssociety.org/What-is-MS/Types-of-MS/Progressive-relapsing-MS

 

Dívida do SNS ultrapassa os 743 milhões de euros
A dívida dos hospitais públicos às empresas de dispositivos médicos ascendia, no final do primeiro trimestre de 2014, a 743...

Confirma-se também que a lei dos compromissos não está a ser cumprida pela maioria dos hospitais, nomeadamente por parte dos maiores devedores, com o Centro Hospitalar Lisboa Norte a liderar a lista, com 25% do total da dívida do SNS e 828 dias de prazo de pagamento, seguido dos Centros Hospitalares de Setúbal, Baixo Alentejo, Médio Tejo, Baixo Vouga, Hospital Distrital de Santarém e a Unidade Local de Saúde do Nordeste.

A presente situação aliada aos cortes de preços introduzidos por via administrativa, através de despachos ministeriais, têm influenciado negativamente o sector. Algumas empresas, com tecnologias diferenciadas têm vindo a abandonar o mercado português ou a desistir do lançamento de novos produtos, privando assim os doentes portugueses das suas tecnologias inovadoras e fazendo correr o risco do SNS se afastar progressivamente dos níveis europeus de superior qualidade.

Embora preocupada com a situação descrita, a Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos (APORMED) manifesta a esperança de que as autoridades portuguesas consigam evitar medidas mais gravosas para o sector e resolver a situação incontornável da dívida do SNS que corre também o risco de constituir, a par da situação grega, um caso não resolvido na Europa.

Os dados agora divulgados são o resultado do inquérito efectuado pela APORMED junto dos seus associados (que representam cerca de 60% do mercado dos dispositivos médicos) e não incluem os valores de dívida e atrasos de pagamentos relativos aos hospitais das ilhas da Madeira e dos Açores.

 

Satisfação dos clientes com os Cuidados de Enfermagem de Reabilitação:
A satisfação do cliente constitui um indicador preponderante para aferir a qualidade dos cuidados de

Resumo

Contexto: A satisfação do cliente constitui um indicador preponderante para aferir a qualidade dos cuidados de enfermagem de reabilitação. A inexistência de um questionário para hétero-avaliar a prática da enfermagem de reabilitação contribuiu para a validação do SNQ-10 (Satisfaction with Nursing Questionnaire) com o intuito de avaliar a satisfação do cliente, sobre os cuidados de enfermagem de reabilitação (QSEnf-10 – Questionário de Satisfação com os cuidados de Enfermagem de Reabilitação).

 

Objetivos: Traduzir, adaptar transculturalmente e validar o SNQ-10 para a realidade Portuguesa.

 

Métodos: Estudo não experimental, de natureza quantitativa correlacional e transversal, aplicado a uma amostra de 115 clientes na Unidade Local de Saúde da Guarda (ULS-Guarda).

 

Resultados: O processo de adaptação à população portuguesa foi efetuado, obtendo-se um alfa de Cronbach de 0,85. Neste processo, a análise fatorial com rotação ortogonal do tipo varimax revelou a existência de 2 fatores, com raízes latentes superiores a 1, que explicam 52,74% da variância total.

 

Conclusão: O QSEnf-10 apresenta válidas características psicométricas que comprovam a adequada adaptação efetuada, demonstrando que a sua estrutura fatorial possui índices aceitáveis de validade e de fiabilidade, pelo que se aconselha a confirmação do mesmo através de uma análise fatorial confirmatória.

Palavras-chave: Satisfação do paciente, Enfermagem em Reabilitação, questionário SNQ-10.

 

Introdução

A satisfação do cliente é um indicador obrigatório da qualidade dos cuidados prestados. É um conceito de difícil operacionalização, dada a sua natureza multidimensional, pois existem vários fatores que o influenciam, tais como: as características do indivíduo, as experiências anteriores, as variáveis do contexto sociocultural e as expectativas dos sujeitos sobre as diferentes dimensões da satisfação (Santos et al., 2007; Lange e Yellen, 2009); envolve fatores físicos, emocionais, mentais, sociais e culturais (Athanasiou e Darzi, 2010).

A polissemia, no campo da avaliação, em Saúde é um facto retratado por diversos autores desta área. No caso das avaliações de satisfação do cliente, nos serviços de Saúde, reflete-se que, embora o termo “satisfação” esteja na ordem do dia, sendo referido em larga escala na literatura internacional, é um conceito cujos contornos se mostram vagos, reunindo realidades múltiplas e diversas (Esperidião e Trad, 2006).

Ao refletir sobre a problemática da satisfação do cliente com aos cuidados de enfermagem específicos de reabilitação, torna-se pertinente este estudo, pois apesar da existência de questionários de satisfação que materializam a satisfação do cliente e os cuidados de enfermagem, nenhum permite a avaliação de uma área essencial: a satisfação do cliente relativa aos cuidados de enfermagem de reabilitação. Nesta linha de orientação, este trabalho tem como objetivo, a adaptação e validação de um questionário para a avaliação da satisfação dos clientes, em relação aos cuidados prestados de enfermagem de reabilitação - SNQ-10 (Questionário de satisfação com os cuidados de enfermagem – 10).

Foi efetuada uma pesquisa exaustiva de instrumentos utilizados, na área da avaliação da satisfação do cliente, relativos aos cuidados de enfermagem de reabilitação, considerando-se, como demonstra a revisão da literatura, a aplicação do SNQ – 10 (Satisfaction with Nursing Questionnaire).

O estudo decorreu entre Outubro de 2011 e Fevereiro de 2012, sendo os objetivos deste trabalho: adaptar culturalmente para o idioma Português o SNQ – 10 e testar a versão adaptada, numa amostra de clientes da ULS-Guarda; avaliar a reprodutibilidade da escala; avaliar a consistência interna da escala adaptada e correlacionar os dados encontrados com a avaliação do SNQ-10.

 

Quadro Teórico

A satisfação do cliente tornou-se uma importante componente da qualidade do atendimento, no clima competitivo do mercado dos cuidados de Saúde, para a identificação e monitorização dos consumidores. Com efeito, a opinião do cliente tem vindo a ser cada vez mais ponderada no domínio científico (Gomes e Mendes, 2008; Charalambous, 2010).

Elevados níveis de satisfação dos clientes serão relacionados com cuidados de Saúde de alta qualidade e a consequente adesão ao regime terapêutico (Athanasiou e Darzi, 2010).

O conceito dos indicadores de satisfação, está associado à prestação positiva dos cuidados de enfermagem. Porém, as expectativas vão alterar com o tempo, devido ao conhecimento acumulado. Tem sido assinalado que a melhoria na qualidade dos cuidados aumenta os níveis de expectativas. Como resultado, é possível que o aumento de qualidade dos cuidados possa levar a uma redução paradoxal de satisfação (Athanasiou e Darzi, 2010).

Usando a revisão da literatura como orientação, elaborou-se um mapa sobre a satisfação do cliente, patenteado na Figura 1.

Figura 1. Satisfação do Cliente

A atividade dos enfermeiros é produzida em prol do cliente e do objetivo da disciplina, vinte de quatro horas por dia, permitindo ao mesmo, desenvolver perceções acerca da experiência hospitalar destes profissionais (Barker, 2009).

Em Portugal, não existe nenhum questionário capaz de avaliar a satisfação do cliente relativa aos cuidados de enfermagem de reabilitação, na sua generalidade.

Neste âmbito, a validação do SNQ-10, constituiu um instrumento, para a aquisição de informação acerca da satisfação do cliente, referente ao êxito dos cuidados de enfermagem de reabilitação.

Foi efetuada, uma revisão da literatura, com o desígnio de evidenciar as componentes de questionários validados acerca dos cuidados de enfermagem de reabilitação.

Primeiramente efetuou-se a pesquisa eletrónica no portal B-on, pois circunscreve os recursos disponíveis na Medline; PubMed; Annual Reviews; Elsevier (Scienc Direct); SpringerLink (Springer/Kluwer); Wiley Online Library (Wiley); Academic Search Complete (EBSCO); Web of Science (ISI); Current Contents (ISI); Repositório Cientifico de acesso aberto de Portugal (RCAAP); Scielo. Nas buscas foram considerados os seguintes descritores: escalas de satisfação (Patient satisfaction scales), combinada com enfermagem (nursing) 330 resultados; validar (validated) 227 resultados; reabilitação (rehabilitation) 535 resultados e enfermagem de reabilitação (nursing rehabilitation) 41 resultados. A indagação foi retrospetiva até 2005.

A pesquisa foi aperfeiçoada, alargando o tempo de busca (1997) e utilizando os seguintes termos: validar escalas de satisfação (validated satisfaction scale), 496 resultados; construir escalas de satisfação (construct scale satisfaction) relacionado com enfermagem de reabilitação (nursin rehabilitation) 7 resultados; construção e medida (Construction measuring) articulado com instrumento de reabilitação (instrument rehabilitation) 12 resultados; validade de construto de enfermagem de reabilitação (construct validity of nursing rehabilitation) 139 resultados e construção de uma escala de satisfação do cliente (construct a scale of patient satisfaction) 232 resultados.

Os seguintes critérios de inclusão e exclusão foram estabelecidos para determinar a relevância do artigo:

 

Os critérios de inclusão

1) A população de estudo incluiu clientes de reabilitação;

2) O foco principal do artigo era sobre escalas de satisfação dos clientes face aos cuidados de reabilitação e assistência de enfermagem em reabilitação;

 

Os critérios de exclusão

1) O artigo centrado em clientes com patologias, sem ser enquadradas na reabilitação;

2) O artigo não continha dados originais, análise estatística e/ou resultados;

3) Os instrumentos foram utilizados no estudo como uma intervenção, isto é para medir a evolução do cliente;

4) O artigo não diz respeito a escalas de satisfação em enfermagem e/ou reabilitação.

 

Na Free Medical Journals a pesquisa foi efetuada até 2005, dos 2462 artigos potencialmente elegíveis, 20 foram selecionados e, através da análise minuciosa, um, preenchia os critérios intentados.

As características, dos estudos incluídos, no domínio das escalas de satisfação do cliente em enfermagem de reabilitação, são apresentadas na tabela seguinte (1).

As principais características dos artigos são apresentadas na tabela 1. Estes trabalhos provieram de Itália (2 artigo; Ottonelo, Benevolo, Zsirai, 2002 e Franchignoni et al 1997), Alemanha (1 artigo – Wressle et al, 2006), Suécia (1artigos – Öberg, 2002), Bélgica (1 artigo- Bouffioulx, Arnould e Thonnard, 2008) e Washington (1 artigo - Pasquina et al, 2008). Todos, utilizam metodologias distintas, como se elucida na Tabela 1.

Os procedimentos metodológicos são distintos em todos os escritos, como expõe a tabela 1, três descrevem minuciosamente a validade do constructo e dois apresentam a confiabilidade teste-reteste, (ICC = 0,98, p <0,001) (Ottonello, Benevolo, Zsirai, 2002; Wressle, 2006).

Pertencente aos aspetos éticos, nem todos os estudos abordam esta etapa essencial. Wressle (2006) refere ter obtido permissão do Comité de Ética da Faculdade de Ciências da Saúde Linko e alude ao anonimato, ao termo “consentimento livre e esclarecido”; Bouffioulx, Arnould e Thonnard (2008) apenas menciona a autorização pelo comité de ética da Universidade Catholique de Louvain e dos restantes manuscritos, não há referência às questões de natureza ética.

Relativamente aos instrumentos de colheita de dados, três estudos utilizaram concomitante com o questionário, entrevistas telefónicas e pesquisas baseadas na satisfação do cliente. Os demais, utilizaram apenas um método, o questionário.

A perceção do cliente, acerca dos cuidados de reabilitação, é preponderante para atingir a satisfação, melhorar a qualidade e garantir uma utilização adequada dos recursos de Saúde (Franchignoni et al., 1997; Öberg, 2002; Wressle et al., 2006; Pasquina et al., 2008). Assim, é adequado a elaboração de instrumentos de medida válidos e fiáveis, para avaliar a perceção do cliente aos cuidados de enfermagem de reabilitação.

Dos estudos selecionados, os vários autores apresentam fatores pertinentes nos estudos, que passaremos a analisar.

Franchignoni (1997) refere que os fatores relativos à satisfação do cliente são: 1) competência dos cuidados terapêuticos; 2) aspetos interpessoais (capacidade de fornecer informação e efetuar uma abordagem humana); 3) ambiente de cuidados; 4) disponibilidade e acessibilidade do serviço, assim como, continuidade do tratamento; 5) custos económicos do tratamento. Ainda neste âmbito, Öberg (2002), refere que os aspetos importantes que influenciam a perceção do cliente, correspondem às experiências anteriores de cuidado e doença; o desenvolvimento de Saúde percebido e antecipado; as suas características, personalidade, a interação entre clientes e profissionais perante a situação percebida e a continuidade dos cuidados.

 

O estudo de Wressle et al., 2006 transparece um questionário de 19 itens, abordando os seguintes fatores: 1) Informações (dar e receber informações sobre deficiências, procedimentos e intervenções); 2) Respeito e dignidade (ser visto, ouvido e respeitado); 3) Participação ativa (dada a oportunidade de influenciar as decisões); 4) Segurança (ter a oportunidade de conversar com o médico ou a equipa para discutir assuntos quando necessário); 5) Intervenções (intervenções de reabilitação e ajudas técnicas); 6) Ambiente físico (ambiente adequado às necessidades individuais); e 7) Planear a alta (questões práticas para garantir uma alta adequada e a continuidade do tratamento). Neste estudo obteve-se um coeficiente alfa de 0,79. O item de menor satisfação diz respeito ao ambiente físico (p <0,05). Comparações entre sexos revelam que os homens estavam menos preocupados no momento da alta, e que, estavam mais satisfeitos com os profissionais de Saúde, no que respeita à informação facultada, sobre as intervenções e sobre os efeitos do tratamento (p <0,05). Os resultados do estudo mostraram um elevado nível de satisfação com os cuidados recebidos.

 

Bouffioulx, Arnould e Thonnard (2008) efetuaram um questionário com 36 itens, de acordo com a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF), apresentando nove domínios: conhecimento de aprendizagem e aplicação, as tarefas e atividades gerais, comunicação, mobilidade, autocuidado, vida doméstica, relações interpessoais e relacionamentos; áreas principais da vida e da comunidade, vida social e cívica. Este questionário demonstra alta confiabilidade (r = 0,94) e boa reprodutibilidade ao longo do tempo (coeficiente de correlação intraclasse = 0,98).

Interessa ressalvar que, através da análise dos artigos, o questionário que apresenta melhores resultados e cujos objetivos se adequam ao presente estudo é o SNQ-10 (Satisfaction with Nursing Questionnaire), e está destinado a avaliar a satisfação dos clientes internados, face aos cuidados de enfermagem de reabilitação, mostrando como os profissionais de enfermagem podem melhorar a sua atuação e consequentemente a qualidade dos cuidados, auferida pelo descontentamento do cliente. O SNQ-10 está dividido em duas partes, a primeira constituída por respostas fechadas divididas por 10 itens que investigam aspetos importantes da qualidade dos cuidados de enfermagem; os clientes escolhem entre 4 níveis de satisfação (muito satisfeito, satisfeito, pouco satisfeito e muito insatisfeito). A segunda parte constituída por respostas abertas a 3 questões gerais. O questionário foi aplicado a 223 clientes. O coeficiente alfa de Cronbach foi de 0,94, a correlação entre cada item e a soma de todos os outros itens variaram de 0,67 (“Quantidade de informações que recebeu) para 0,87 (“Disponibilidade de tempo dedicado a si”). Teste-reteste, examinado por meio do cálculo do percentual de concordância e o índice K para cada item do questionário, variaram, respetivamente, de 87,5% a 100%, e de 0,77 para 1. O coeficiente de correlação intra-classe (ICC) para o score global foi 0,98. A análise fatorial apontou um único fator que explica 74% da variância da matriz global.

O SNQ-10 foi adaptado e validado para a língua portuguesa, atendendo aos direitos de autor, bem como, às questões éticas, constituindo o objetivo principal deste trabalho. Nesta linha de pensamento, constituirá uma mais-valia para a práticas dos cuidados de enfermagem de reabilitação, pois desta forma, será mais inteligível obter resultados concernentes à perspetiva do cliente e assim melhorar aspetos menos valorizados, com o intuito de atingir cuidados de reabilitação de excelência.

 

Em síntese, o cuidado em enfermagem de reabilitação devem ser personalizado de acordo com os valores e necessidades do cliente. Conceitos de decisão partilhada e estabelecimento de metas são princípios das práticas de reabilitação. O cliente é a fonte de controlo. O conhecimento deverá ser partilhado livremente entre os profissionais de Saúde, os clientes e familiares. A tomada de decisão será baseada na evidência. A segurança é uma propriedade do sistema. A transparência é necessária para assegurar o cumprimento e a conformidade dos processos. E desta forma, sustentada num suporte teórico fundamentado e recorrendo a várias escalas de medida, a reabilitação obterá sucesso e consequentemente clientes mais satisfeitos.

 

Metodologia

De acordo com a finalidade e objetivo delineados realizou-se um estudo metodológico de natureza quantitativa, correlacional e transversal, através da tradução, adaptação e validação de um instrumento de medida.

A validade de um instrumento de recolha e medição de dados é um componente metodológico fundamental para que a interpretação dos resultados da investigação seja adequada à natureza dos fenómenos e das relações estudadas.

A tradução e validação do SNQ-10 foram baseadas em orientações (Beato et al , 2000; WHO, 2011) que recomendam tradução, retrotradução (back-translation) e revisão por um painel de especialistas e adaptação cultural, como evidencia a figura 2.

Figura 2. Fluxograma das ações para validação do questionário

 

Para adequar o SNQ-10 à realidade da população portuguesa, chegando ao QSEnf -10, foi necessário submete-lo a várias etapas metodológica:

Equivalência de Conteúdo – Escolha do SNQ-10 e Adaptação Cultural do QSEnf -10, no âmbito da enfermagem de reabilitação e consulta da literatura;

Equivalência Semântica ou Linguística – Comparação das duas versões portuguesas traduzidas e comparação da retro-tradução com a original, na tradução sistemática do QSEnf-10 e adaptação linguística do SNQ-10;

Equivalência Conceptual – Adaptação cultural do QSEnf-10, através do quadro de especialista e o estudo da literatura.

 

Assim, com o objetivo de proceder à validação das propriedades psicométricas da versão Portuguesa do QSEnf-10, pois não existindo nenhum estudo em Portugal era imperioso que o fizéssemos para confirmarmos a adequação da escala na avaliação da satisfação dos clientes face aos cuidados de enfermagem de reabilitação.

A validade de um instrumento refere-se ao ato deste medir o que pretende medir (Fortin, 2009). No âmbito da saúde um dos primeiros testes de validade que é feito, é o da validade de conteúdo, que se refere ao carácter representativo dos enunciados utilizados num instrumento, para medir o conceito ou o domínio em estudo (Fortin, 2009). Nesta perspetiva a representatividade do enunciado que constitui o conceito a medir já foi efetuado pela autora, nomeadamente a escolha do SNQ-10 e adaptação cultural do QSEnf -10, no âmbito da enfermagem de reabilitação.

Neste estudo foi realizada a análise de fidelidade e validade tendo como objetivo encontrar uma solução fatorial que fosse coerente com as conceções teóricas subjacentes (validade de constructo) bem como uma análise de consistência interna (homogeneidade dos itens) para as dimensões da escala.

A validade de construto evidencia-se através da análise fatorial pelo método de componentes principais e as rotações ortogonais Varimax dos fatores de modo a tornar compreensíveis as soluções que emergem de cada análise.

O questionário aplicado era de autopreenchimento e foi estruturado em duas partes. A primeira, composta por 10 itens (perguntas fechadas) que pesquisam aspetos importantes da qualidade dos cuidados de enfermagem de reabilitação, o cliente escolhe entre quatro níveis de satisfação, através de uma escala tipo Likert de quatro pontos (muito satisfeito, satisfeito, pouco satisfeito, muito insatisfeito). A segunda parte, apresenta três perguntas gerais (abertas), o cliente pode expor quaisquer aspetos particulares em detalhe, tanto positivos como negativos, e fazer sugestões sobre os cuidados de enfermagem de reabilitação recebidos durante o internamento.

As características sociodemográficas (como idade, sexo) e patologia foram preenchidas pelo cliente. Todos os questionários foram aplicados, sobre supervisão no preenchimento, por uma enfermeira especialista em enfermagem de reabilitação, disponibilizando-se para qualquer informação técnica ou linguística solicitada por eles.

O Universo é representado pelos clientes da ULS-Guarda, que envolve o Hospital Sousa Martins - Guarda (HSM-Guarda) e o Hospital Nossa Senhora Assunção – Seia (HNSA-Seia). O processo de amostragem foi o não probabilístico e a amostra deste estudo é constituída por 115 clientes com um score de ≥ 24 no Mini Exame do Estado Mental, no período de 5 meses (entre 1 de Outubro de 2011 e 28 de Fevereiro de 2012).

 

Os critérios de inclusão dos clientes abordados foram os seguintes:

a) aceitarem participar na investigação;

b) ter uma pontuação ≥ 24 no Mini Exame do Estado Mental (MEM), atendendo à idade;

c) o exame clínico não tem prejuízo na compreensão e expressão verbal;

d) estejam internados há, pelo menos, 3 dias ou em ambulatório, com pelo menos 3 sessões de reabilitação, realizado pelo enfermeiro de reabilitação;

e) completar pelo menos 8 dos10 itens do questionário;

Foram excluídos clientes que apresentavam os seguintes critérios:

a) incapazes de responder/escrever a este tipo de questionário;

b) cujas patologias não necessitassem da intervenção dos cuidados de enfermagem de reabilitação.

 

Para aplicação dos questionários foi solicitada autorização à Comissão de Ética da Unidade Local de Saúde da Guarda, nos serviços propostos para o estudo e que se passam a enunciar: HNSA-Seia – Serviços de Medicina, Convalescença e Cinesiterapia Respiratória; HSM-Guarda – Serviços de Medicina, Cirurgia, Ortopedia e Pneumologia.

Após autorização para a aplicação dos questionários, foi requerida autorização ao sujeito do estudo através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Informado. Para promover a honestidade nas respostas, toda a informação foi recolhida de forma anónima. Desta forma, ficou garantida a confidencialidade dos dados, assegurando que os mesmos não seriam, em momento algum, transmitidos individualmente a terceiros.

Para o tratamento estatístico dos dados utilizou-se o programa SPSS versão 16, com recurso a estatística descritiva e testes paramétricos.

 

Resultados:

Para a caracterização dos sujeitos da amostra utilizaram-se as seguintes variáveis: idade, sexo e comorbilidade associada.

Relativamente à idade dos participantes neste estudo, verifica-se que a média de idades foi de 65,75 anos, isto é, 66 anos, sendo a idade mínima de 18 anos e a máxima de 89 anos. No que se refere ao sexo dos participantes, constatam-se: sexo feminino 70 (57,4%) e 45 (36,9%) masculino, observa-se predominância feminina da amostra.

A patologia mais manifesta foi a ortopédica 33 (27,0%), segue-se a pulmonar 25 (20,5%), depois a traumática com 23 (18,9%), a cerebrovascular 11 (9,0%); a cirúrgica 9 (7,4%), a cardíaca 8 (6,6) e por ultimo a reumática com 6 casos (4,9%).

A fidelidade do instrumento de medida corresponde ao grau de precisão e consistência dos resultados, relativamente às circunstanciais acidentais em que ocorre a medição.

Segundo Pestana e Gageiro (2008) e Filho e Junior (2010), considera-se como um bom indicador para o coeficiente de fiabilidade quando é superior a 0,80, presumindo-se que o instrumento gera poucos erros e é considerado altamente fiável.

A fidelidade pode ser estimada segundo quatro meios: 1) a estabilidade ou reprodutibilidade, 2) consistência interna, 3) a equivalência, 4) a harmonização das medidas dos diferentes observadores.

A fidelidade, em termos de estabilidade, referente à consistência entre dados de duas medições com o QSEnf-10 (confiabilidade teste-reteste), realizou-se nos mesmos sujeitos com um mês de intervalo.

A equivalência, para estimar a confiabilidade, utiliza a observação estruturada por dois observadores (fidelidade inter-juizes) (Polit, Beck e Hungler, 2004; Fortin 2009). Esta refere-se à concordância dos resultados registados por dois enfermeiros especialistas, em enfermagem de reabilitação independentes, que observaram o mesmo acontecimento junto dos participantes.

A fidelidade da versão Portuguesa do QSEnf-10, foi avaliada através da consistência interna usando o coeficiente alfa de Cronbach, que permite estimar a homogeneidade dos itens, isto é, averiguar a concordância existente entre todos os enunciados que compõem o instrumento de medida, fazendo a avaliação das correlações entre enunciados após a utilização da escala (Polit, Beck e Hungler, 2004; Fortin 2009).

Com base na correlação com o total da escala e o valor do coeficiente alfa, se apagado esse item, verificou-se que não havia itens problemáticos, pois como se pode verificar no quadro abaixo, no seu conjunto, os itens apresentaram um alfa superior a 0,6, com exceção do item 3 e 7. No entanto, a opção foi a sua permanência, porque o valor de alfa obtido (0,85) nos 10 itens foi elevado, permitindo afirmar que a escala é fiável e tem uma boa consistência interna, para medir a satisfação do cliente face aos cuidados de enfermagem de reabilitação.

Tabela 1. Resultado da análise de consistência interna, dos 10 itens, da escala pelo método de Chronbach.

 

A validade de construto reflete a força das correspondências lógicas esperadas, entre os domínios do instrumento e outras medidas de satisfação do cliente, relacionadas com os cuidados de enfermagem de reabilitação. Segundo Fayers e Machin (2007), a validade avalia todos os constructos que envolvem o instrumento e as suas relações. A validade de conteúdo refere-se ao carácter representativo dos enunciados utilizados num instrumento, para medir o conceito ou o domínio em estudo (Fortin, 2009).

A análise fatorial foi o método escolhido, para averiguar a validade do constructo, e consiste em atribuir uma medida (score) a fatores que não são diretamente observáveis (Moroco, 2003).

O total da variância explicada, segundo os critérios de normalização de Kaiser obtido, pela análise factorial dos componentes da escala, revela que os dois primeiros enunciados explicam 52,74% da variância da escala. O valor próprio inicial do 1º item foi 4,229 e a percentagem da variância de 42,30%; o valor próprio inicial do 2º item foi de 1,05 e a percentagem de variância de 10,45%.

Tabela 2. Matriz de saturação dos itens da análise fatorial das componentes da escala.

 

Salientamos que a medida KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) de 0,832 e o valor do teste de especificidade de Bartlett de X2 = 358,358; p=0.000, o que nos permite prosseguir a análise fatorial.

Fazendo a rotação, pelo método Varimax, dos itens da escala (Quadro 1) verificou-se que os mesmos se agrupam de modo diferente, do proposto no estudo original, criando duas dimensões distintas, como se apresenta no quadro seguinte.

Estes resultados colocam em questão a validade de construto do instrumento, pois a agregação dos itens parece obedecer a uma lógica nova: um componente agrega as questões 7, 5, 6, 9, 10, 4, 3 tendo-se designado esta dimensão por, Qualidade no Atendimento, o outro componente agrega os itens 1, 2 e 8 tendo sido designada esta dimensão por, Ambiente Terapêutico. De salientar que, o item 3 obteve um resultado muito semelhante nos dois componentes, podendo justificar-se esta duplicidade, pela ambiguidade conceptual implícita: o apoio que recebeu do enfermeiro especialista de enfermagem de reabilitação pode integrar a qualidade no atendimento ou o ambiente terapêutico estabelecido.

Quadro 1. Análise Fatorial de componentes principais Varimax com 2 fatores.

 

Discussão

Apesar de existirem, na literatura portuguesa, outros questionários de avaliação da satisfação dos clientes – ESCCE de Dias e Rodrigues (2003); SUCEH e SUCECS de Ribeiro (2005) e EORTC IN-PATSAT 32 de Martins (2009), o SNQ-10 foi utilizado no presente estudo, pois comporta um instrumento específico de linguagem simples, com tempo de aplicação viável e o original ter sido aplicado num hospital, cujos cuidados traduzem a reabilitação.

A importância da tradução e adaptação fizeram-se notar neste estudo, pois as várias reuniões com os peritos, contribuíram para um consenso de aplicação dos 10 itens e daí uma boa aceitação da população estudada, não havendo necessidade de alterações.

No que concerne aos índices de fidelidade, os fatores obtidos apresentam resultados psicométricos inferiores aos encontrados no estudo original que possui um alfa de 0,94. Neste estudo, constatou-se um alfa geral de 0,85, indicando que a medida de satisfação global de fiabilidade é boa (Hil e Hill, 2005; Pestana e Gageiro, 2008)

O QSEnf-10, na língua Portuguesa, mostrou resultados satisfatórios quanto à clareza e apresentou confiabilidade e validade adequadas, evidenciadas pelos coeficientes e cargas fatoriais resultantes, quando comparados à validação do instrumento original. É importante ressalvar que houve alteração na estrutura original. O artigo original de Ottonello, Benevolo, Zsirai (2002) demonstra apenas um fator, contudo, através da revisão da literatura patenteia-se que os questionários aceites para este estudo, apresentam vários fatores (Franchignoni et al., 1997; Öberg, 2002; Wressle et al., 2006; Pasquina et al., 2008). Os dois fatores explicam neste estudo 52,74% da variância, das variáveis originais, resultado inferior ao encontrado, no estudo original de 74% da variância, da matriz global. É necessário destacar que mesmo sendo uma percentagem inferior à escala original, é um valor importante e adequado, em termos, de poder explicativo. Corrobora Hair (2006) quando a informação é menos precisa, não é raro considerar uma solução, que explique 60% da variância total e em muitos casos menor que esta percentagem, como satisfatória.

Em suma, se analisarmos os resultados apresentados, quer da análise fatorial exploratória, quer da consistência interna, à luz dos critérios de determinação dos fatores estabelecidos, podemos afirmar que a adaptação do questionário, ao contexto português, da enfermagem de reabilitação possui razoáveis qualidades psicométricas iniciais. E, assim sendo, a sua estrutura deve ser alterada.

Com base nos pressupostos referidos, o terceiro item sugere ambiguidade, isto é, a “Capacidade de reconforto” avalia o que deve estimar?

Dado os resultados encontrados com o item 3, nomeadamente: peso fatorial abaixo no fator “Ambiente Terapêutico” (0,440); existência de cross-loading com o fator “Qualidade no atendimento” com um peso fatorial de 0,344 (diferença inferior a 0,15); a consistência interna do fator “Ambiente terapêutico” reduz uma milésima se o item for eliminado (de 0,793 para 0,792); podemos analisar a hipótese de eliminação do item em questão, mas, na eliminação, a consistência interna no questionário para N=115 é 0,84 ao invés é 0,85, logo, considerada boa (Pestana e Gageiro, 2008; Filho e Júnior, 2010).

Mediante o exposto, a solução de eliminação do terceiro item só deve ser colocado depois de uma análise fatorial confirmatória, com o intuito de verificar a existência dos mesmos problemas. Assim, nesta fase preliminar, propomos a revisão do valor semântico-lexical dos itens em causa.

 

Conclusão

Este estudo demonstrou que o Questionário de Satisfação com os Cuidados de Enfermagem-10, aplicado ao contexto da reabilitação (QSEnf-10), é uma medida com índices fatoriais aceitáveis de validade e fiabilidade. Como tal, parece-nos razoável afirmar que o QSEnf–10 poderá ser utilizado, com relativa confiança, na avaliação das necessidades dos clientes, no contexto da Enfermagem de Reabilitação. A consistência interna do questionário 0,85 indicou uma boa correlação e homogeneidade entre todos os itens. No entanto, os resultados da análise dos componentes principais mostraram não existir sobreposição aos obtidos no artigo original.

O Enfermeiro Especialista em Reabilitação deve conhecer a satisfação do cliente, bem como, os fatores que a influenciam, para obter do cliente uma avaliação positiva do cuidado que promove.

A investigação, em enfermagem de reabilitação, contribui grandemente para pensar a ação na perspetiva de cuidar, permite igualmente que o investigador seja capaz de obter maior compreensão, para avaliar as situações humanas, na sua singularidade e complexidade. Portanto, a divulgação deste estudo torna-se relevante, fomentando o interesse por questões aliciantes, para continuidade em futuras investigações, nomeadamente: realizar estudos da satisfação dos clientes com os cuidados de enfermagem de reabilitação, em cada serviço, anualmente, verificando o impacto das mudanças propostas; aplicar o questionário no início da prática clínica e no final, explanando as expectativas dos clientes e melhorar a qualidade dos serviços.

 

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Joana Lopes, Enfermeira

Nota: Este texto foi escrito pela autora ao abrigo do novo acordo ortográfico.

 

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Estudo
Mais de metade da população dos países da OCDE e uma em cada cinco crianças têm excesso de peso ou obesidade, revela a...

Publicados como uma actualização do relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) “Obesidade e a Economia da Prevenção”, de 2010, os novos dados revelam que os níveis de obesidade continuaram a crescer nos últimos cinco anos na maioria dos países, mas a um ritmo mais lento do que antes.

A obesidade praticamente estabilizou no Reino Unido, Itália, Coreia e EUA, mas aumentou dois a 3% na Austrália, Canadá, França, México, Espanha e Suíça, conclui a organização, sediada em Paris.

Nenhum dos 34 países da OCDE registou até hoje uma inversão da tendência de crescimento desde que começou a epidemia da obesidade.

A OCDE sublinha ainda que a crise económica terá contribuído para aumentar a obesidade e o excesso de peso, já que muitas famílias, especialmente nos países mais atingidos, foram forçadas a cortar nas despesas com alimentação, o que muitas vezes incentiva os consumidores a mudar para alimentos mais baratos, mas menos saudáveis.

Durante a crise de 2008-09, exemplifica a OCDE, os lares do Reino Unido diminuíram as despesas com alimentação em 8,5%, havendo “alguma evidência de um aumento da ingestão de calorias”: a densidade calórica dos alimentos adquiridos aumentou 4,8%

Também as famílias gregas, irlandesas, italianas, portuguesas, espanholas e eslovenas diminuíram ligeiramente os gastos em fruta e vegetais entre 2008 e 2013, acrescenta a OCDE.

Recordando que a obesidade representa entre um e três por cento das despesas com saúde na maioria dos países -- 05 a 10% nos EUA -, o que tenderá a aumentar à medida que as doenças da obesidade se forem instalando, a OCDE considera evidente que é preciso tomar medidas para abordar o problema.

As análises da OCDE têm demonstrado o potencial dos impactos para a saúde e a economia de uma série de políticas, como a introdução de mais impostos sobre os alimentos e bebidas calóricos, a melhoria da etiquetagem dos alimentos ou uma regulação mais apertada da publicidade alimentar.

Segundo os números da OCDE, em média os 34 países da organização têm 18,4% de adultos obesos, taxa que nos EUA atinge os 35,3%. No Brasil, 15,8% dos adultos sofrem de obesidade, enquanto em Portugal a doença atinge 15,4%.

 

28 de Maio - Dia Mundial da Esclerose Múltipla
65% dos doentes com esclerose múltipla referem já ter tido problemas de acesso no âmbito da doença, sendo os mais frequentes os...

Estes dados foram apurados pela Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), que promoveu um estudo inédito sobre o acesso e consumos de informação junto da comunidade portadora de esclerose múltipla (EM). O acesso é o tema escolhido pela Federação Internacional de EM (MSIF) para o Dia Mundial da EM, que este ano se assinala, hoje, 28 de Maio.

Além dos problemas de acesso a apoios sociais, os inquiridos referiram ainda sentir-se afectados por problemas de acessibilidade física (28,7%), problemas de acesso a consultas médicas (22,7%) e problemas para levantar a medicação (22,5%).

Estes problemas de acesso fazem sentir-se de forma diferente nas várias regiões de Portugal. Se no Grande Porto são os problemas de acesso a apoios sociais que predominam (39,6%), os problemas de acesso a consultas médicas fazem sentir-se mais no Sul e Ilhas (27,3%). Os inquiridos mais idosos (idade superior a 60 anos) são, de forma destacada, aqueles que referiram sentir problemas de acessibilidade com maior frequência (41,9%).

O inquérito tinha também como objectivo avaliar as necessidades de informação e os hábitos de pesquisa de informação sobre a EM. Assim, foi possível apurar que 84,6% dos inquiridos procuram com informação sobre a EM e 71,1% aconselha-se junto do “Dr. Google” e faz as suas pesquisas através da internet. As informações sobre novos tratamentos são aquilo que, indiscutivelmente, maior número de doentes procura habitualmente na Internet. 84,3% dos inquiridos referiram utilizar a Internet para procurar saber mais sobre as novas terapêuticas.

Fátima Paiva, presidente da SPEM, considera que “numa altura em que os problemas de acesso a tratamentos, consultas e apoios sociais se acentuam para os portadores de EM em Portugal, a SPEM procurou saber mais sobre estes problemas mas também sobre o acesso à informação: que tipos de informação procuram e que meios utilizam as pessoas que sofrem desta patologia. Mediante os resultados deste estudo, vamos procurar disponibilizar cada vez mais e melhor informação, no nosso site, uma vez que a internet é um dos meios mais utilizados para pesquisas sobre a EM”.

Este estudo foi desenvolvido pela Spirituc Investigação Aplicada para a SPEM com o apoio da Biogen Idec.

 

Dados sobre o estudo “Esclerose Múltipla: Canais de Comunicação e Informação Desejada”:

Universo: Portadores de Esclerose Múltipla de ambos os géneros, residentes em território nacional, com idade igual ou superior a 18 anos.

Metodologia: Estudo de natureza quantitativa através de uma metodologia mista com recurso a questionários online em sistema Computer Assisted Web Interview (CAWI) e questionários em papel através de um processo de auto-preenchimento.

Amostra: Foram realizados um total de 422 questionários (325 recolhidos via online e 97 recolhidos via auto-preenchimento em papel);

Margem de erro e intervalo de confiança: À amostra global do estudo corresponde uma margem de erro de ± 4,77% para um intervalo de confiança de 95%.

Período de realização: O trabalho de campo decorreu nos meses de Março e Abril de 2014.

 

SNS:
O Hospital Júlio de Matos acusa o Ministério da Justiça de dever 5 milhões de euros pelo tratamento de inimputáveis, mas este...

Actualmente existem 34 inimputáveis que estão a cumprir medidas de segurança (designação oficial das penas) nas instalações do Hospital Júlio de Matos, nomeadamente no Serviço Regional de Psiquiatria Forense do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL).

Ficam em média 12 anos na instituição e os crimes que cometeram conduziriam a penas iguais ou superiores a cinco anos, mas como os tribunais justificaram o ilícito com a doença mental, foram encaminhados para este serviço forense.

“Nós facturamos à Direção Geral dos Serviços Prisionais a diária destes utentes, que está consagrada em portaria, actualizada todos os anos pelo Ministério da Saúde, como se de um serviço se tratasse”, explicou a presidente do conselho de administração do CHPL, Isabel Paixão. A gestora garante que desde final de 2009 que a instituição não é ressarcida dos serviços prestados.

“A justiça diz que não lhes compete. O Ministério da Saúde não tem esse entendimento” e a Inspecção Geral das Actividades em Saúde (IGAS) “entende que é nosso dever enquanto instituição accionar todos os meios que estão ao alcance da instituição para reaver o que nos é devido e que se situa nos cinco milhões de euros, que representa 30% do nosso orçamento”.

Contactada pela agência Lusa, fonte da Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) esclareceu que a justiça está a seguir o consagrado no Regulamento Geral dos Estabelecimentos Prisionais e o Código da Execução das Penas e Medidas Privativas da Liberdade.

“É garantido ao recluso o acesso a cuidados de saúde em condições de qualidade e continuidade idênticas às que são asseguradas a todos os cidadãos”, refere um dos artigos do normativo legal, segundo o qual “o recluso é, para todos os efeitos, utente do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

A DGRSP entende que “a responsabilidade pelos inimputáveis internados no SNS, ou em entidades convencionadas, está cometida ao SNS”, mas a IGAS concluiu que o que leva ao internamento não é a prestação de cuidados de saúde ao agente, mas antes o seu estado de perigosidade criminal e a necessidade de garantir que não volta a cometer factos ilícitos.

É neste sentido que a IGAS recomenda ao CHPL que utilize todos os meios legais, inclusive judiciais, para a recuperação do montante em dívida, sugerindo ainda que a estes sejam acrescidos de juros de mora.

A justiça também não tem efectuado os pagamentos em outras instituições de saúde que tratam inimputáveis, nomeadamente à unidade de Sobral Cid, em Coimbra, onde se encontram perto de 100 doentes, totalizando a dívida à saúde cerca de 20 milhões de euros.

Para o director do Programa Nacional para a Saúde Mental, Álvaro Carvalho, este é “um processo obviamente desagradável, que está a ser resolvido pelas duas tutelas”.

“Uma coisa é um internamento e uma cirurgia que se possa fazer - uma apendicite, uma perna partida, um estômago operado, um tumor - isso é saúde. Agora, quando estão aqui em causa medidas de segurança, essas não competem à saúde”, defendeu.

“Há aqui um acerto que seguramente vai ter de ser encontrado junto dos responsáveis da saúde e da justiça”, concluiu.

 

Conferência
A falta de desejo sexual é um problema crescente nos homens portugueses. De acordo com o urologista Nuno Monteiro Pereira, a...

Ainda que o problema das ejaculações precoce seja mais divulgado, é menos expressivo do que a falta de desejo. Segundo um estudo do mesmo responsável, realizado em 2005, a falta de desejo afectava na altura 15% dos homens portugueses e é um problema crescente. “Todas as semanas recebo casos no consultório, muitas vezes empurrados pelas mulheres”, afirmou à mesma publicação.

As causas são difíceis de apontar sem uma análise ao sujeito mas o stress, medicação como antidepressivos, receio de compromisso ou a emancipação da mulher pode estar a contribuir para homens mais inseguros.

No que toca às mulheres, estima-se que a falta de desejo afecte cerca de 30% mas, ao contrário dos homens, há sinais de diminuição.

“Pensa-se que as razões serão culturais, em que os homens parecem estar a reagir pior e a haver uma inversão de papéis. Mas há indícios a nível internacional de uma baixa hormonal nos homens, que pode até vir a ter impacto a nível de fertilidade”, sustentou Nuno Monteiro Pereira.

 

Sexualidade
Estudos recentes estabelecem uma relação directa entre problema sexual e doenças cardiovasculares.

13% dos homens portugueses sofrem de disfunção eréctil, ou seja, a incapacidade persistente de conseguir ou manter uma erecção do pénis que permita uma actividade sexual satisfatória. Graças aos avanços da medicina, hoje é possível afirmar, com algum grau de certeza, que existe uma relação entre a disfunção eréctil e as doenças cardiovasculares, escreve o Correio da Manhã Online.

“Estudos recentes vieram colocar a hipótese destas doenças terem uma génese comum, a disfunção endotelial, que consiste numa alteração da função da camada mais interna dos vasos sanguíneos”, explica Fábio Almeida, urologista da Imagem Médica da Lapa, no Porto. Ora, “como o pénis é essencialmente constituído por vasos sanguíneos e músculo liso, qualquer alteração no funcionamento dos vasos sanguíneos vai igualmente prejudicar a sua função sexual”, acrescenta.

Assim, a incapacidade de conseguir uma erecção pode ser um sinal de alarme. “Um dos primeiros sinais de uma doença cardiovascular (cardíaca ou neurológica) pode ser mesmo a disfunção eréctil. Nos doentes com doença cardiovascular ‘oculta', a disfunção eréctil pode preceder um enfarte agudo do miocárdio ou um acidente vascular cerebral entre dois a cinco anos. Pode ser considerado um sinal de alerta para uma avaliação global e preventiva do aparelho cardiovascular”, sublinha o especialista.

Embora os conhecimentos sobre esta doença sejam cada vez mais amplos, a vergonha e o preconceito ainda têm um peso determinante na hora de procurar ajuda especializada, levando a que muitos homens sofram no silêncio da sua intimidade.

“Muitas vezes, a disfunção eréctil é esquecida em doentes com doenças cardiovasculares e eles não vêem qualquer progresso no regresso a uma vida sexual saudável. O tema deve ser abordado em todas as consultas da especialidade, porque muitos doentes não falam deste problema”, alertou Fábio Almeida.

 

PANGEA VII
Esteve em curso a maior operação internacional de sempre no combate aos medicamentos falsificados. O Infarmed revela em nota de...

Entre 13 e 20 de Maio de 2014, cerca de 200 agências de 111 países estiveram envolvidos na maior operação internacional (Pangea VII) de sempre, dedicada ao combate aos medicamentos falsificados e ao alerta para os perigos associados à compra destes medicamentos através da internet, que culminou com a detenção de 239 indivíduos e a apreensão, em todo o mundo, de 7.636.826 unidades de medicamentos falsificados, potencialmente letais e com um valor estimado de 29.861.350 dólares (cerca de 21.811.400 euros).

Esta operação foi coordenada pela INTERPOL com o apoio da Organização Mundial das Alfândegas (World Customs Organization – WCO), representada em Portugal pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) e com a colaboração das agências do medicamento, em Portugal o INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (Infarmed), da Europol, contando ainda com as seguintes agências: Permanent Forum of International Pharmaceutical Crime (PFIPC), Heads of Medicines Agencies Working Group of Enforcement Officers (WGEO), Pharmaceutical Security Institute (PSI), Europol, com o apoio de Center for Safe Internet Pharmacies (CSIP) e empresas do sector privado como Microsoft, G2, Visa, Mastercard, American Express, PayPal and LegitScript.

Durante as acções de fiscalização foram inspeccionadas 543.531 encomendas postais, das quais 19.618 ficaram aprendidas por conterem medicamentos ilegais e/ou falsificados.

Adicionalmente, foram também identificados e desmantelados 3 laboratórios ilícitos na Colômbia. Esta operação visou também as principais áreas exploradas pelo crime organizado no tráfico ilegal de medicamentos, por exemplo, os sistemas electrónicos de pagamento e serviços de distribuição.

 

Resultados da Operação Pangea VII em Portugal

A nível nacional, a AT e o Infarmed associaram-se, mais uma vez, a esta iniciativa através de uma operação conjunta no terreno para detecção da entrada de potenciais medicamentos falsificados.

Da operação desenvolvida entre a AT e o Infarmed, concretizada através da presença de equipas conjuntas na central das encomendas postais e na área da carga expresso de Lisboa, bem como através dos controlos desenvolvidos pela AT na área da carga expresso do Porto, alfândegas do Funchal e Ponta Delgada, resultou a apreensão de 53 encomendas postais de um total de 6364 encomendas inspeccionadas.

Do conjunto de encomendas apreendidas foi possível impedir a entrada em Portugal de 4972 unidades de medicamentos ilegais com um valor estimado de cerca de 19.912€. A maioria das encomendas apreendidas durante a operação em Portugal continha medicamentos destinados ao tratamento da disfunção eréctil, emagrecimento e esteróides anabolizantes.

Em resultado da participação da AT e do Infarmed neste tipo de operação, e de outras acções desenvolvidas por estas duas entidades, conclui-se que, apesar dos alertas, os portugueses continuam a comprometer gravemente a sua saúde ao adquirirem medicamentos pela internet em websites não autorizados.

A participação na operação PANGEA VII, e a colaboração entre as entidades envolvidas em Portugal (AT e Infarmed) ao longo do ano, demonstra que é necessário dar continuidade aos alertas públicos e às acções de cooperação, a nível nacional e internacional, para combater estas situações ilegais tendo em vista a protecção da saúde pública.

 

Notas Editoriais

Quais são os perigos dos sites não autorizados?

Quem compra medicamentos fora dos canais licenciados e controlados pelo Infarmed, corre riscos graves e desnecessários. Eis alguns:

- Mesmo que o site tenha uma aparência credível, isso não significa que esteja autorizado a vender medicamentos pela internet, não reunindo assim as condições para assegurar a segurança, qualidade e eficácia dos medicamentos;

- Os medicamentos podem ser falsificados ou contrafeitos, terem a composição alterada, estarem fora do prazo ou terem sido transportados sem quaisquer precauções. Como consequência, podem não fazer o efeito pretendido ou causar efeitos secundários inesperados;

- Muitos sites vendem medicamentos sem que haja a intervenção de um profissional de saúde, sem conhecerem a história clínica ou a existência de outras doenças, aumentando o risco para quem os toma;

- O medicamento encomendado pode não chegar a ser enviado ou ficar retido na alfândega;

- Alguns sites não garantem a confidencialidade dos dados pessoais.

 

Quem pode dispensar medicamentos no domicílio?

As farmácias e os locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica (nestes últimos apenas para os medicamentos que não exijam receita), desde que estejam registados no Infarmed para a entrega de medicamentos ao domicílio.

 

Como poderá ser feito o pedido de dispensa de medicamentos ao domicílio?

O pedido poderá ser feito nas farmácias ou nos locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica, através do sítio electrónico do estabelecimento ou do seu correio electrónico, telefone ou telefax.

 

Todos os sites portugueses estão autorizados?

Não. O facto de um site estar sediado em Portugal ou ser escrito em português não significa que esteja autorizado a utilizar a Internet para receber encomendas de medicamentos.

 

Não há perigo de os consumidores confundirem esta possibilidade de encomenda através da internet com os sites ilegais?

Sim, daí a importância de pesquisar os sites autorizados, através do site do Infarmed (www.infarmed.pt).

 

Que perigos incorrem os consumidores ao não utilizar sites autorizados?

A compra através de sites não autorizados não garante o acesso a medicamentos com qualidade, segurança e eficácia, sendo uma forma de comercializar medicamentos falsificados. Comprar medicamentos via Internet, sem ser pelos canais licenciados previstos na lei, põe em risco a saúde dos cidadãos (sem garantia sobre a sua verdadeira composição e condições de conservação, nem de acompanhamento médico ou farmacêutico).

A Autoridade Tributária e Aduaneira, abreviadamente designada por AT, tem por missão exercer o controlo da fronteira externa da União Europeia e do território aduaneiro nacional, para fins fiscais, económicos e de protecção da sociedade, bem como administrar os impostos, direitos aduaneiros e demais tributos que lhe sejam atribuídos, de acordo com as políticas definidas pelo Governo e o Direito da União Europeia.

 

O Infamed

O INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. sob a tutela do Ministério da Saúde, é a autoridade reguladora nacional que avalia, autoriza, regula e controla os medicamentos de uso humano, bem como os produtos de saúde, designadamente os dispositivos médicos e os produtos cosméticos e de higiene corporal. A sua principal missão é garantir a qualidade, a segurança e a eficácia dos medicamentos e dos produtos de saúde, prevenindo os riscos decorrentes da sua utilização, assegurando os mais elevados padrões de saúde pública e a defesa dos interesses do consumidor.

 

Águas residuais mostram
...

De Lisboa a Estocolmo – este é o maior projecto europeu até agora realizado no novo domínio científico da análise de águas residuais com o objectivo de calcular que drogas, em que quantidades e em que dias da semana andam os europeus a consumir. Porque as drogas que se usam são libertadas na urina. E acabam nos esgotos.
As águas residuais provenientes de cerca de 8 milhões de pessoas, de 42 cidades, de 21 países, foram submetidas a análises que procuravam vestígios de cinco drogas ilícitas: anfetaminas, cannabis, cocaína, ecstasy e metanfetaminas. As regras de recolha do projecto SCORE foram iguais em todos os países. Nas águas recolhidas em Lisboa foram detectadas cocaína (mais aos fins-de-semana do que durante a semana) e, em menor quantidade, ecstasy.
As conclusões do estudo, que já tinha sido aplicado em 2012 e foi repetido em 2013, foram apresentadas nesta terça-feira, pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, a propósito do Relatório Europeu sobre Drogas 2014: Tendências e Evoluções.
De resto, os vestígios de cocaína são mais elevados nas águas das cidades ocidentais e em algumas cidades do Sul da Europa, mas mais reduzidos nas cidades do Norte e do Leste.
Os níveis mais elevados de consumo de anfetaminas, “embora distribuídos de forma relativamente uniforme, foram registados no Norte e no Noroeste da Europa”.
Por fim, o consumo de metanfetaminas, geralmente baixo e tradicionalmente concentrado na Europa Central parece estar a expandir-se. E aparece nas águas do Leste da Alemanha. Não há registo de anfetaminas ou de metanfetaminas nas águas portuguesas analisadas.
Nem sempre os resultados das análises às águas coincidem com outros recolhidos de outras formas. Por exemplo: Itália e República Checa apresentam, nos estudos de prevalência, os maiores consumos de cannabis, o que não é confirmado pelas análises à água.
Examinados os padrões semanais de consumo de droga constatou-se que, na maioria das cidades, os níveis de cocaína e de ecstasy aumentam ao fim-de-semana e que o consumo de metanfetaminas e cannabis parece estar distribuído de forma mais uniforme ao longo da semana.
 

11 milhões de pessoas em 3 anos
A Organização Mundial de Saúde defendeu o aumento dos impostos sobre o tabaco, estimando que aumentá-los em 50% permitiria...

A propósito do Dia Mundial Sem Tabaco, que se assinala a 31 de Maio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lembra que a cada seis segundos alguém morre devido ao consumo de tabaco. “O tabaco mata até metade dos seus utilizadores. Também representa custos consideráveis para as famílias, as empresas e os governos”, recorda a organização, sediada em Genebra. Para a organização, aumentar os impostos sobre o tabaco encoraja os fumadores a deixarem o vício e previne novas dependências.

Com base em dados de 2012, a OMS estima que, se todos os países aumentassem os impostos sobre o tabaco em 50%, reduziriam o número de fumadores em 49 milhões nos próximos três anos e acabariam por salvar 11 milhões de vidas.

“Aumentar os impostos sobre o tabaco é a forma mais eficaz de reduzir o consumo e salvar vidas”, disse a directora-geral da OMS, Margaret Chan. “Uma acção determinada na política de impostos sobre o tabaco atinge a indústria onde dói”, acrescentou.

A OMS argumenta que os preços elevados são particularmente eficazes para desencorajar os jovens, que normalmente têm menos recursos do que os adultos, de começar a fumar. Também encorajam os jovens fumadores a reduzir o consumo ou a deixar de fumar.

“As políticas fiscais são controversas, mas este é o aumento de impostos que todos podem suportar. À medida que os impostos sobre o tabaco aumentam, as mortes e as doenças diminuem”, disse por seu lado o director do departamento para a prevenção das doenças não transmissíveis na OMS, Douglas Bettcher.

A OMS exemplifica com os casos de França e das Filipinas, países que já comprovaram os benefícios de impostos elevados sobre o tabaco. Em França, onde o preço do tabaco ajustado à inflação triplicou entre o início dos anos 1990 e 2005, as vendas diminuíram em mais de 50% e o número de jovens a morrer de cancro do pulmão começou a diminuir. Nas Filipinas, um ano após aumentar os impostos, o Governo recolheu mais receitas do que previa e tenciona agora usar 85% destas verbas nos serviços de saúde.

Segundo a OMS, o consumo de tabaco é a principal causa de morte evitável no mundo, matando quase seis milhões de pessoas todos os anos, entre as quais 600 mil não-fumadoras. Se nada for feito, o tabaco vai matar mais de oito milhões de pessoas por ano até 2030, 80% dos quais nos países de médio e baixo rendimento.

 

Arranca hoje
O Instituto Português do Sangue e da Transplantação lança hoje em todo o país mais uma campanha de apelo à dádiva de sangue dos...

A campanha, que resulta de uma parceria entre o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) e a área farmacêutica da empresa 3M Portugal, inclui a colocação de cartazes, anúncios televisivos, distribuição de folhetos e presença nas redes sociais.

Durante os meses de Junho e Julho, a campanha vai contar com vários pontos de recolha de sangue fixos e sete unidades móveis do IPST, decoradas com uma imagem criada especialmente para a campanha, para fazer a recolha de norte a sul do país.

 

Estudo revela
Três em cada quatro portugueses desconhecem que estão em risco de desenvolver zona e cerca de 60% não sabem que a doença é...

O estudo "Zona e sua prevenção - O que sabem os portugueses" decorreu entre 14 e 24 de Abril e foi elaborado através de um questionário que envolveu 5452 portugueses com idades entre os 18 e os 65 anos. Promovido pela Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, o inquérito online teve como objectivo perceber o grau de conhecimento dos portugueses em relação à zona, uma doença dolorosa e debilitante que afecta cerca de uma em cada quatro pessoas ao longo da vida.

Segundo o inquérito, sete em cada dez portugueses afirmam "já ter ouvido falar" da zona, mas revelam grande desconhecimento em relação à doença, 80% não sabe que pode ser prevenida e apenas 10% refere a existência de uma vacina como forma de prevenção.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Teixeira Veríssimo, explicou que a zona é causada pela reactivação do vírus da varicela, sendo a complicação da doença "a dor difícil de suportar". "Perturba muito a qualidade de vida das pessoas e, muitas vezes, não fica apenas por uns dias ou uns meses. Em muitas situações dura anos", disse Teixeira Veríssimo.

O especialista de Medicina Interna sublinhou que "essa é a grande complicação da zona, que pode ser prevenida com a vacina", aconselhada a partir dos 50 anos, idade em que "a doença começa a aparecer com maior prevalência". De acordo com o estudo, apenas 11% dos inquiridos disseram saber que uma em cada quatro pessoas irá desenvolver a doença ao longo da vida e 79% não sabem que o risco de um episódio de zona mais do que duplica a partir dos 50 anos.

Relativamente ao impacto que a zona poderá ter na vida de uma pessoa, 43% desconhece que pode "provocar dor intensa com profundo impacto em termos de qualidade de vida". Quando questionados sobre as causas da doença, 45% dos inquiridos disseram desconhecer as razões que dão origem à zona, mas 37% consegue associar a reactivação do vírus da varicela como causa da doença e 35% associa a dor crónica (durante meses ou anos) na área afectada como a principal complicação da patologia.
Mais de metade não sabe como se trata a doença e o médico de família é o especialista de eleição a quem recorreriam num caso de suspeita de zona, refere o estudo, acrescentando que cerca de metade dos inquiridos disse conhecer pessoas que já tiveram a doença. Sobre o interesse na vacinação, apenas 3% afirmou não ter interesse e 65% disse que gostaria de receber mais informação.

Anualmente, são diagnosticados cerca de 1,7 milhões de novos casos de zona na Europa, sendo que dois terços dos casos ocorrem em pessoas com mais de 50 anos.

 

 

 

Relatório alerta
O relatório europeu da droga alerta para a crescente preocupação com o consumo injectado de várias drogas ilícitas estimulantes...

Os especialistas da agência europeia de monitorização do fenómeno da droga (EMCDDA) chamam a atenção para este comportamento, “observado em subgrupos de homens que têm relações sexuais com outros homens”, e sublinham a importância de monitorizar rigorosamente este problema, que é “uma prioridade de saúde pública”.

Até agora, refere o documento, este novo comportamento tem sido registado em algumas grandes cidades.

A cocaína continua a ser o estimulante ilícito mais consumido na Europa, embora os consumidores se concentrem num pequeno número de países ocidentais da União Europeia. Estima-se que cerca de 14,1 milhões de adultos europeus (entre os 15 e os 64 anos) já tenham consumido esta droga, 3,1 milhões dos quais no último ano.

Dados recentes sugerem que o consumo de cocaína está a baixar, tendo 11 dos 12 países que realizaram inquéritos entre 2011 e 2013 assinalado uma diminuição da prevalência entre os jovens adultos (entre os 15 e os 34 anos).

O relatório destaca também os receios suscitados pelo ressurgimento de pós e comprimidos de ecstasy (MDMA) de alta qualidade, lembrando que as apreensões e as notificações de efeitos adversos para a saúde levaram a Europol e o EMCDDA a emitir uma advertência conjunta sobre a disponibilidade no mercado de produtos extremamente potentes contendo MDMA.

A Europol comunicou em 2013 o desmantelamento na Bélgica das duas maiores instalações de produção de droga alguma vez descobertas na União Europeia, com capacidade para produzir em muito pouco tempo grandes quantidades de MDMA.

Segundo o documento, entre 2005 e 2013, foram detectadas mais de 50 substâncias derivadas de catinonas sintéticas (estimulantes) através do Sistema de Alerta Rápido da UE (EU--EWS). Estas substâncias podem ser inaladas sob a forma de pó ou ingeridas em comprimidos, mas a atenção do EMCDDA está hoje focada nos “preocupantes surtos de consumo injectado”. Embora o consumo de catinonas injectadas não esteja muito disseminado na Europa, já foi assinalado como um problema localizado em grupos de consumidores de droga de alto risco em alguns países (República Checa, Alemanha, Irlanda, Espanha, Áustria, Polónia, Finlândia, Suécia e Reino Unido).

 

Cannabis já é primeira causa de pedidos de ajuda em centros de tratamento

O presidente do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) revelou que a Cannabis já é a primeira causa de pedidos de ajuda aos centros de tratamento de toxicodependência em Portugal, a seguir à heroína.

“A cannabis suplantou a heroína, em Portugal, nos pedidos de ajuda”, disse João Goulão no final da apresentação do relatório europeu sobre drogas 2014, acrescentando que tal se deve ao aumento da potência da resina (haxixe) importada.

Os dados disponíveis permitem também concluir que as emergências médicas relacionadas com a cannabis parecem ser um problema cada vez maior em alguns países com prevalência elevada, revela o relatório.

 

Delegado de saúde regional de Lisboa e Vale do Tejo alerta
Os casos de exaustão entre os profissionais de saúde estão a crescer com a crise, à medida que aumentam os pedidos de ajuda das...

António Tavares disse num encontro da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública que as situações de stress ocupacional são já uma realidade verificada nos centros de saúde em Portugal. Segundo o delegado de saúde, os profissionais de saúde, nomeadamente os médicos, estão a ser solicitados a dar respostas que outros organismos não dão. Isso obriga os clínicos a intervir também em situações do foro social, “com empenho e sacrifício pessoal redobrado”.

“Há processos de exaustão por parte dos profissionais porque não conseguem, muitas vezes, ajudar a resolver os problemas das pessoas, porque não são apenas problemas de saúde”, explicou António Tavares.

Com a incapacidade de dar respostas a certos problemas, com o aumento do trabalho e problemas nas próprias instituições de saúde (por vezes de carácter organizacional), os profissionais, que ganham menos e trabalham mais, entram em situações de exaustão.

A partilha dos seus problemas com outros colegas é essencial para travar e ultrapassar estas situações de exaustão, acredita António Tavares, que considera que a própria tutela devia incentivar espaços de partilha.

Na região de Lisboa e Vale do Tejo, a crise fez também crescer o número de crianças com baixo peso à nascença e o número de recém-nascido pré-termo.

“Há uma dificuldade maior de aderir a programas de vigilância pré-natal e também surgem casos de deficiências ao nível da alimentação. Uma das causas é sem dúvida a crise”, indicou.

Neste encontro, os médicos alertaram para a importância das doenças transmitidas por vectores (mosquitos), considerando-as uma preocupação para a saúde pública, como afirmou Mário Jorge Santos, presidente da Associação. Maria João Alves, do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), lembrou que actualmente têm aparecido doenças “do nada” em locais onde não existiam.

Estas doenças vectoriais são potenciadas pelas alterações climáticas e também, de forma acentuada, pela globalização e pelos aumentos de viagens no mundo actual, acrescentou a especialista.

Em relação ao dengue, relativamente ao qual houve um surto na ilha da Madeira em 2012, todos os anos surgem em Portugal casos importados.

Entre 2006 e 2011, 37% dos casos de dengue importados registados em Portugal tinham origem no Brasil e no ano passado quase 90% foram casos importados de Angola.

Em Portugal, desde o início do programa Rede de Vigilância de Vectores, em 2008, foram colhidos e identificados 192 mil mosquitos, segundo o relatório que contém dados até ao final de 2013. “A actividade viral detectada nestes anos tem-se limitado a flavivírus específicos de insecto não patogénicos para o homem”, refere o relatório do INSA.

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