Em Beja
O Centro de Diagnóstico Pneumológico está a proceder ao rastreio dos trabalhadores e reclusos do Estabelecimento Prisional de...

“A única situação que se regista é a de um elemento do corpo da guarda prisional que deu positivo para a tuberculose e que se encontra, naturalmente, em tratamento e ausente do serviço”, refere, em comunicado, a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).

Na nota, a mesma fonte garante que não há qualquer surto no estabelecimento.

“Como está protocolado para estas situações, o Centro de Diagnóstico Pneumológico está a proceder ao rastreio dos trabalhadores e reclusos do Estabelecimento Prisional de Beja, sem que, até ao momento, nos tivesse sido comunicado qualquer outro caso de positividade para a tuberculose”, lê-se no documento.

Enfermagem
A violência contra crianças e adolescentes é um grave problema de saúde, portanto, deve ser identifi

Este artigo tem como objetivo apresentar/argumentar a enfermagem como campo crucial e facilitador na promoção e proteção dos direitos individuais, sociais, económicos, e culturais da criança e jovem, de forma a garantir o seu bem-estar e desenvolvimento integral. Centrar-nos-emos na pesquisa bibliográfica e da experiência profissional e ainda no trabalho enquanto presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Viseu. Iniciaremos por uma breve abordagem à Criança como Sujeito de Direitos, passando pelos vários patamares de intervenção na área da proteção e promoção dos direitos da criança, onde aludiremos à enfermagem como agente crucial e facilitador na intervenção na área dos maus tratos. Terminaremos com uma breve referência à experiência como presidente de uma CPCJ, apontando algumas sugestões de melhoramento para a intervenção e promoção dos direitos da criança.

Reconhecer, a criança como sujeito de direito, titular de direitos humanos, fundados na sua inalienável e inviolável dignidade, constitui o eixo central de todo o sistema. Para além dos direitos humanos, reconhecidos a qualquer pessoa, a criança é ainda titular de direitos humanos específicos, resultantes da sua condição de criança.

Entre as expressões mais significativas do reforço da afirmação da criança como sujeito autónomo de direitos, salientam‑se a Declaração dos Direitos da Criança, adotada pela Assembleia-Geral das Nações Unidas em 20 de Novembro de 1959, a Convenção dos Direitos da Criança, aprovada pela ONU, em 1989, e ratificada por Portugal em 12/09/90.

Podemos garantir que a nossa ordem jurídica dispõe de um assinalável conjunto de dispositivos jurídicos muito relevantes para o reconhecimento e a concretização dos direitos da criança. Dentro desses instrumentos mais significativos da ordem jurídica portuguesa importa considerar, nomeadamente, a Convenção dos Direitos da Criança, a Constituição da República Portuguesa e a legislação ordinária.

A Convenção impõe aos Estados deveres relativos ao reconhecimento e efetivação dos direitos da criança declarados na Convenção, sem prejuízo da aplicação de disposições mais favoráveis à realização dos direitos da criança que possam figurar na legislação do Estado ou no direito internacional em vigor nesse Estado.

No que respeita à Constituição da República Portuguesa, topo da hierarquia das leis, o reconhecimento da criança como sujeito autónomo de direito encontra consagração e reflexo (genericamente como cidadão que é, ou especificamente como criança) a dois níveis diferentes, mas complementares dos direitos fundamentais: ao nível dos direitos, liberdades e garantias pessoais e o reconhecimento da criança como sujeito autónomo de direito, consagrado constitucionalmente também ao nível dos direitos e deveres económicos, sociais e culturais.

A legislação ordinária é muito abundante, sendo de salientar as disposições de direito civil relativas ao direito de família, de que se destacam as do Código Civil e as diversas leis, de que se salientam, pela especial pertinência e relevância, a Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo (Lei n.º 147, de 01/09), que visa a promoção dos direitos e a proteção das crianças e jovens em perigo, por forma a garantir o seu bem‑estar e desenvolvimento integral, e a Lei Tutelar Educativa (Lei n.º 166/99, de 14/09), que tem como objetivo a educação do menor (com idade compreendida entre os 12 e os 16 anos que pratica facto qualificado como crime) para o direito e a sua inserção, de forma digna e responsável, na vida em comunidade.

Destas duas leis, resulta um sistema de tratamento das situações de crianças e jovens em perigo distinto do regime de intervenção nas situações da prática, por jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos, de facto qualificado pela lei como crime, sem prejuízo do dever de apensação de processos judiciais quando se cumulam essas situações entre si ou ainda com processos relativos a providências tutelares cíveis, nomeadamente as respeitantes à regulação do exercício do poder paternal, à inibição, total ou parcial, ou estabelecimento de limitações ao poder paternal, à tutela, à fixação de alimentos  (Lei n.º 147. de 01/09), art.º 81.º).

Como acabamos de referir, atualmente os Direitos da Criança estão definidos juridicamente, mas na realidade cada vez mais somos confrontados com crianças em risco, sendo esta uma realidade com dimensões e implicações gigantescas para a sociedade, à qual não se pode mostrar indiferença.

Para além da corresponsabilidade do Estado e da sociedade na promoção e defesa dos direitos de todas as crianças, impõe‑se ao Estado, central e local, às entidades com competência em matéria de infância e juventude, às Comissões de Proteção de Crianças e Jovens, ao Ministério Público, aos Tribunais e à Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco, responsabilidades específicas de atuação articulada face a crianças e jovens em risco e em perigo.

As situações de risco implicam um perigo apenas potencial, eventual, para a efetivação dos direitos da criança. Podem, naturalmente, ter vários graus e diversas expressões, mas não atingem o grau de perigo muito provável ou acentuadamente possível (embora não traduzido já em efetivo dano) que integra o conceito legal de perigo para a segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento da criança.

A intervenção, no domínio da Lei n.º 147/99, de 1 de setembro, processa‑se segundo o bem conhecido princípio da subsidiariedade [art.º 4.º, al. j), 8.º, 11.º, 67.º e 68.º - Lei 147/99 de 1 de setembro], ou seja, o princípio do primado da intervenção informal e de proximidade (intervenção na base, em primeira linha, das Entidades com Competência em Matéria de Infância e Juventude, situando‑se as Comissões de Proteção num segundo patamar e o Tribunal no topo da pirâmide do sistema.

Este princípio tem como fundamento essencial a constatação de que a intervenção mais informal envolve menores riscos de estigmatização e suscita mais facilmente as sinergias e responsabilidades comunitárias. Alicerçado nesta base, é fundamental a intervenção, de primeira linha, das entidades com competência em matéria de infância e juventude — nomeadamente o município, freguesia, serviços de educação, saúde, segurança social, organizações não-governamentais, misericórdias, instituições particulares de solidariedade social.

Ao falarmos do princípio da subsidiariedade (Lei 147/99 de 01/09, art.º 4º), isso implica um modelo integrado de intervenção, uma estratégia que procure coordenar o desenvolvimento e a implementação de políticas transversais a departamentos e agências, especialmente para abordar problemas sociais completos como a exclusão e pobreza, de uma forma integrada. É uma estratégia que procura juntar, não só os departamentos governamentais, mas também um conjunto de instituições privadas e de voluntariado, trabalhando transversalmente tendo em vista um objetivo comum (Bogdanor, 2005). Esta governação integrada pressupõe uma cultura de responsabilização, onde o “intervir” pressupõe um intervir de modo consensual com os pais, representante legal ou pessoa que tenha a guarda de facto da criança ou do jovem, utilizando recursos próprios e, sempre que conveniente, em parceria com outras entidades. Uma das formas de corresponsabilidade que o sistema pressupõe é o que constitui como funções das Comissões de Proteção, nomeadamente na modalidade alargada: sensibilização e possível promoção de apoios a essas entidades para o exercício da sua competência (Art.º 18º da Lei 147/99, de 1/09).

Em qualquer dos três patamares de intervenção referenciados, é essencial ter em especial consideração - numa perspetiva dinâmica e criativa de profunda e constante densificação, em geral e a propósito de cada caso - a enorme relevância dos princípios orientadores da intervenção constantes do art. 4.º da Lei 147/99 de 01/99, pelo repositório que significa de valores fundamentais a ter constantemente em conta na concretização do sistema centrado na criança como sujeito de direitos.

Segundo Magalhães (2010), os maus-tratos na criança e jovem resultam, essencialmente, de aspetos como as várias vertentes do conceito de maus-tratos, relacionados com os fatores culturais, socioeconómicos e com a área profissional ao nível da qual é feita a sua abordagem. Desta afirmação podemos concluir que os “maus-tratos” emergem fundamentalmente das várias vertentes do conceito de maus-tratos, relacionados com os fatores culturais, socioeconómicos; e com a área profissional ao nível da qual é feita a sua abordagem, para além das várias modalidades de abordagem da problemática, desde a intervenção (informal ou formal) à prevenção.

O dever ser, e o como intervir, são fundamentos importantes - na medida em que tendo por centralidade o respeito pelos direitos da criança ou do jovem que lhes são confiados para cuidar e proteger - sem no entanto esquecer que essa mesma criança ou jovem tem uma identidade, tem raízes, criou afetos e tem um contexto sócio familiar próprio que importa preservar, sempre que possível, bem como por configurar uma clara vinculação à garantia do direito à privacidade e ao respeito. Deste modo, o conceito da subsidiariedade constitui-se como o princípio de base, na medida em que supostamente todos os outros princípios da intervenção (Princípios orientadores da intervenção - art. 4.º da Lei 147/99 de 01/99) são cumpridos, pois diz que a intervenção deve ser feita sucessivamente pelas entidades com competência em matéria da infância e juventude, pelas comissões de proteção de crianças e jovens e, em última instância, pelos tribunais. Todos devem trabalhar de um modo consensual, e considerar a família como pilar de toda a intervenção.

Uma pergunta se poderá fazer: onde se poderá posicionar o profissional de enfermagem no Principio da Subsidiariedade?

Penso que é consensual que o profissional de enfermagem poderá ser interventivo ao nível de todos os patamares da pirâmide, uma vez que desde sempre a interação com as famílias esteve presente nos cuidados de enfermagem, e a formação específica na área de enfermagem dos sistemas familiares permite-lhe o contacto com um corpo extenso de conhecimentos que abrange a teoria dos sistemas familiares, a avaliação, da investigação na família à intervenção (Wright e Leahey, 2009). Nesta linha de pensamento, o enfermeiro integra equipas/entidades de primeira linha, entidades com competência em matéria de infância e juventude (ex. unidades de saúde, instituições particulares de solidariedade social, associações de Jovens...). Num segundo patamar, integrando as comissões de proteção (como representante de uma entidade ou como cooptado), e no topo da pirâmide colaborando com as equipas de assessoria ao tribunal.

Contudo, e de acordo com o guia de orientações para os profissionais da saúde na abordagem de situações de maus-tratos ou outras situações de perigo, o enfermeiro, à semelhança de outro qualquer profissional com intervenção nesta área, deve ter em conta que:

  • Tem formação especializada e experiência na área específica da infância. A formação no domínio dos maus-tratos é necessária, na medida em que sensibiliza para a deteção dos casos e oferece ao profissional ferramentas para a compreensão e a abordagem destas situações;
  • Deverá atuar em relação à problemática dos maus-tratos numa perspetiva integral. Isto é, deve considerar a criança, tal como os restantes doentes, como um todo biopsicossocial, imerso num meio familiar, ambiental e social que é fulcral para o seu desenvolvimento e bem-estar.
  • Os maus-tratos têm origem psicossocial. Os maus tratos ocorrem em consequência de disfunções nas dinâmicas das relações criança - pais/prestador de cuidados. É muito frequente os sintomas que a criança apresenta, como comportamentos de oposição ou estados de “nervosismo”, deverem-se à situação sociofamiliar que está a viver e às relações em que se encontra imersa. Por isso, é conveniente uma abordagem ecossistémica considerando não só os sintomas que a criança apresenta, mas também as suas circunstâncias familiares e socioculturais. O aconselhamento, nestes casos, parece ser uma resposta importante (Pedreira, 1990).
  • O objetivo fundamental é a proteção da criança. A criança deve ser protegida, atendendo-se a uma das suas necessidades básicas que é a de poder estabelecer laços seguros e saudáveis com os seus cuidadores num ambiente familiar.
  • A criança é um indivíduo com direitos e as intervenções devem ser vocacionadas para a prevenção de todas as situações que sejam suscetíveis de violar os seus direitos e prejudicar o seu desenvolvimento.
  • É fulcral que desde o princípio estabeleça uma relação de confiança com os pais / cuidadores, motivando-os para uma intervenção do tipo psicossocial. A confiança e a motivação dos pais / cuidadores são fatores imprescindíveis para reconhecerem o problema de relação e abuso com os filhos, e para aceitarem a ajuda psicossocial.
  • É inevitável fomentar a coordenação com outros profissionais através de um enfoque interdisciplinar e intersectorial, para evitar a falta de respostas e / ou a duplicidade de intervenções.
  • Deverá facilitar a transmissão de informação integrando, sempre que possível, dados complementares recolhidos por outros profissionais. A informação transmitida deve ser fundamentada em afirmações precisas, apoiadas em dados médicos, e incluir uma avaliação dos fatores de risco psicossociais.
  • É crucial dispor de instrumentos que permitam recolher de forma ordenada e sistemática as características dos maus-tratos, bem como protocolos de intervenção que facilitem e sistematizem o tratamento destas situações.
  • Necessita de conceder tempo e tomar as precauções necessárias para estudar o caso (e.g.: reações da criança, da família, da relação pais - filhos) com objetividade e profundidade.
  • A criança maltratada tem necessidades emocionais importantes e requer uma atenção, cuidados e apoio especiais.

É notório que o enfermeiro, na área dos cuidados primários e serviços de pediatria, mantém um contacto constante e estreito com os pais e a criança. Este contacto periódico e estreito com os pais e a criança durante a infância, mais particularmente nos cuidados primários, permite ao enfermeiro efetuar um acompanhamento do desenvolvimento físico da criança, do seu nível de desenvolvimento geral e dos cuidados que recebe. Esse contacto próximo também permite ao enfermeiro observar disfunções nas relações pais / filho e investigar as situações em que existe suspeita de maus-tratos. Segundo Ferreira (2011), podemos dizer que a capacidade destes profissionais deverá assentar em três condições: responsabilização ética; competência técnica e exigência técnica; e sensibilização socioeducativa dos pais/cuidadores para estabelecer bases de educação adequadas e promover relações positivas entre pais e filhos.

  • Deteção de algum tipo de lesão ou sequelas resultante de abusos ou negligências.
  • Deteção de atrasos de desenvolvimento ou problemas comportamentais que não tenham uma etiologia orgânica diagnosticada.
  • Deteção de risco ou perigo devido à incapacidade temporária ou permanente dos seus pais / cuidadores, seja por abuso de substâncias ou devido a perturbações psicopatológicas, elevado nível de stress, problemas físicos ou comportamentais significativos na criança, etc.
  • Atenuação das crises de origem ambiental, encaminhando os pais / cuidadores para a Equipa Municipal de Serviços Sociais, que pode prestar ajuda económica, psicoterapêutica, habitacional, laboral, etc.
  • Colaboração na ação protetora dirigida por outros profissionais: facultando relatórios documentados sobre o estado de saúde da criança, informando sobre a origem das lesões, etc.; proporcionando informação periódica acerca da evolução da saúde da criança ao serviço territorial competente em matéria de proteção de crianças; participando na concretização dos objetivos da ação protetora, nomeadamente apoiando e ensinando os pais / cuidadores a satisfazer as necessidades físicas e emocionais do filho, e reforçando o seu envolvimento nos cuidados a prestar a este último, etc.

Podemos dizer que o profissional de enfermagem, principalmente nas áreas de pediatria e cuidados primários, tem grande comprometimento na prevenção e proteção do mau trato à criança e jovem. Contudo, e face às responsabilidades descritas anteriormente atribuídas a este profissional no âmbito da proteção e prevenção dos maus tratos à criança e jovem, acrescido de tempos marcados pela complexidade, com uma enorme frustração pela ausência de soluções definitivas para os principais problemas sociais e o condicionamento da crescente escassez de recursos, impõe-se o desafio de procurar novos caminhos.

No manifesto desta procura, impõe-se a qualquer técnico (com intervenção no grave problema de saúde “violência contra crianças e jovens”) uma capacidade crítica e um pensamento reflexivo, com impacto na responsabilidade social e na resposta profissional competente e de qualidade aos desafios da sociedade contemporânea, marcada pela globalização social.

Segundo Ferreira (2011), esta capacidade deverá assentar em três condições: responsabilização ética; competência técnica; exigência técnica, onde a responsabilização ética, com a introdução das novas tecnologias, obriga a repensar o modus de trabalho e as interações entre parceiros, e a reelaborar metodologias de intervir institucionalmente. No que se refere à competência técnica, pressupõe um maior conhecimento teórico por parte do profissional com intervenção na área dos maus tratos a crianças e jovens, tornando-se produtor de elementos essenciais à qualificação e requalificação dos quadros metodológicos de intervenção.

Relativamente à exigência técnica, flutua com a interdisciplinaridade (melhor dizendo, transição da multidisciplinaridade para a interdisciplinaridade), a qual implica uma metalinguagem que no seu princípio respeite a heterogeneidade dos saberes. Esta será visível no saber fazer...saber aprender... saber ser com o outro.

Em suma, face à conjetura que a atualidade impõe aos vários profissionais no âmbito do mau trato a crianças e jovens, há a necessidade permanente de introduzir novas tecnologias de informação e comunicação, adequar as metodologias de avaliação e intervenção no processo interventivo dos mesmos, obrigando estes profissionais a reequacionar teorias e metodologias de suporte à sua pratica, sem prejuízo do seu conteúdo teórico, epistemológico, metodológico, instrumental, analítico e qualitativo, enquanto bases históricas e culturais que constituem o fundamento e dimensão científica da sua profissão.

Lalayantes & Epstein (2005) referem que a intervenção com crianças vítimas de maus-tratos e negligência requere um conjunto alargado de profissionais com competências técnicas complementares, assim como a mobilização de diversos recursos da comunidade. O manifesto que subsiste a esta realidade leva-nos a refletir nalguns pontos com os quais hoje nos confrontamos enquanto presidente da Comissão de Proteção de Menores de Viseu e que passamos a expor seguidamente. 

Concordamos com Graças & Passos (2013), quando nos referem no seu estudo “O Papel da Liderança de Equipas no contexto das Comissões de Proteção de Crianças e Jovens”, que a liderança das equipas multidisciplinares, que intervém com crianças e jovens em risco, é crucial para melhorar a eficácia da sua intervenção que, por sua vez, tem impacto em toda a comunidade.” Dizemos mais: a eficácia das Comissões de proteção de crianças jovens, devido às suas características, têm um forte impacto a nível das crianças, jovens e família com quem intervêm, assim como as entidades e instituições que delas fazem parte e que nelas estão representadas. Por isso, é de extrema importância repensar o papel do presidente destas organizações, assim como da representatividade das entidades que se fazem afigurar sem descurar as características e a configuração como destacam o seu representante. No entanto, e num sentido construtivo a serem investigados e trabalhados, parece-me importante salientar algumas ideias resultantes da minha experiência como presidente, algumas das quais já foram também sentidas e salientadas por Ferreira (2011).

É intolerável que uma comissão com um volume processual na ordem dos 600 processos / ano trabalhe apenas com dois técnicos a 100%, e nove técnicos afetos um dia e meio por semana, sendo que nestes nove há uma rotatividade constante. É imprescindível que os tempos de afetação às comissões sejam revistos. Para além de “mais tempo nas comissões”, tem que haver uma maior articulação entre as entidades com competências em matéria de infância e juventude, a tão desejada governação integrada que se discute na atualidade. Há necessidade urgente de consciencializar as várias entidades parceiras e integrantes para a área dos menores, e que esta é de intervenção prioritária conforme refere o artigo 25º da Lei 147/99, de 01/09.

Não é tolerável que uma comissão não faculte recursos materiais e físicos que possibilitem a privacidade, segurança nas condições de trabalho e outros confortos que compensem e confortem aquelas situações mais difíceis por que passam os vários intervenientes.

Como trabalho desgastante e complexo que é, urge uma maior supervisão. Esta poderia passar por garantir uma maior proximidade com os tribunais de família e menores de forma a agilizarem procedimentos e a desburocratizarem a intervenção.

Na minha opinião, as Comissões deveriam ser um serviço com autonomia funcional, financeira e jurídica, com quadro de pessoal próprio e especializado. Não pode ser subsidiada pela cooptação ou, melhor dizendo, pela boa vontade individual. No formato atual de uma comissão, reina a burocracia em vez de reinar a ajuda, a operacionalização das respostas e a prevenção. Um dos nossos objetivos enquanto presidente da Comissão de Menores de Viseu é intensificar a atividade da comissão alargada e uma maior envolvência da comunidade. Se há campo onde poderemos aproveitar a boa vontade individual (e o voluntariado) é na área da prevenção da criança e jovem, a qual simultaneamente protege e promove os seus direitos. 

É consensual, entre a maior parte dos técnicos com os quais convivemos periodicamente, que é urgente e necessário criar maior espírito de prática em equipa multidisciplinar a tempo inteiro, e criar instrumentos de recolha de informação mais simplificados e eficazes.

Para terminar, anuímos com Auslooc que “o profissional necessita de apreender a valorizar e a reconhecer os processos de mudança mínima, atribuindo à família capacidades para aprender e / ou responder a melhorar a sua qualidade de vida” (Auslooc 1996).

Conclusão

Podemos garantir que a nossa ordem jurídica dispõe de um assinalável conjunto de dispositivos jurídicos muito relevantes para o reconhecimento e a concretização dos direitos da criança. Dentro desses instrumentos mais significativos da ordem jurídica portuguesa importa considerar, nomeadamente, a Convenção dos Direitos da Criança, a Constituição da República Portuguesa e a legislação ordinária.

A intervenção no domínio da Lei 147/99 de 1/09 processa‑se segundo o princípio da subsidiariedade, ou seja, o princípio do primado da intervenção informal e de proximidade (intervenção na base, em primeira linha, das Entidades com Competência em Matéria de Infância e Juventude, situando‑se as Comissões de Proteção num segundo patamar e o Tribunal no topo da pirâmide do sistema) [1] Cf. os arts. 4.º, al. j), 8.º, 11.º, 67.º e 68.º, todos Lei 147/99 de 1/09. É fundamental a intervenção, de primeira linha, das Entidades com competência em matéria de infância e juventude.

A intervenção com crianças vítimas de maus tratos e negligência requere um conjunto alargado de profissionais com competências técnicas complementares, assim como a mobilização de diversos recursos da comunidade.

Foi consensual que o profissional de enfermagem, principalmente o que exerce funções nas áreas de pediatria e cuidados primários, tem grande comprometimento na prevenção e proteção do mau trato à criança e jovem.

Por fim, a eficácia das Comissões de proteção de crianças jovens, devido às suas características, tem um forte impacto a nível das crianças, jovens e família nas quais intervém, assim como as entidades e instituições que dela fazem parte e que nela estão representadas.

Referências Bibliográficas

Ausloos, Guy (1996), A Competência das Famílias – Tempo, Caos, Processo. Lisboa. Climepsi Editores.

Bogdanor, V. (ed) 2005). Joined.up Government, Oxford University Press.

Convenção sobre os Direitos da Criança , de 20 de Novembro de 1989, adoptada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (BOE núm. 313, de 31 de Dezembro de 1990).

Diretrizes das Nações Unidas para a prevenção da delinquência juvenil, de 14 de Dezembro de 1990 (Diretrizes de Riade).

Ferreira, Jorge M. L. (2011). Serviço Social e Modelos de Bem-Estar para a Infância: Modus Operandi do Assistente Social na Promoção da Proteção à Criança e à Família. Lisboa, Quid Juris.

Graças, Ana Margarida Graça & Passos, Ana Margarida (2013)-Crianças em risco e perigo, contextos, investigação e intervenção: O papel da liderança de equipas no contexto das comissões de proteção das crianças e jovens. Lisboa, Edições Silabo, Lda.

Lalayantes, M. & Epstein, I. (2005). Evaluating multidisciplinar child abuse and neglect teams: A research agenda.Child Welfare, 84.433-458.

Magalhães, T. (2010). Violência e abuso - Estado da Arte. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra.

Pedreira, J.L. (1990). Aproximación sociopsicológica a los malos tratos a la infancia. Pediatría Infanto Juvenil, 4. 250-258.

Recomendação R (90) 2 do Comité de Ministros aos Estados-Membros sobre medidas sociais relativas à violência no seio da família.

Soriano, F. Javier Romeu et all (2004). Promoção e Proteção dos Direitos das Crianças: guia de orientações para os profissionais da saúde na abordagem de situações de maus tratos ou outras situações de perigo. Generalitat Valenciana

Ramião, Tomé D´ Álmeida (2014). Lei de Proteção de crianças e Jovens em Perigo – Anotada e Comentada 7.ª Edição (revista e atualizada. Lisboa, Quid Juris.

 

António Manuel da Costa Fernandes

Enfermeiro especialista em saúde infantil e pediátrica no CHTV, serviço de Neonatologia e Vmer.

Presidente da CPCJ de Viseu.

Licenciatura em enfermagem (1997).

Mestrado em Saúde Infantil e Pediátrica.

Mestrado em Intervenção Psicossocial em Crianças E Jovens em Perigo.

A Frequentar o Doutoramento em Serviço Social (iscte-iul).

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Prevenção e tratamento de tromboembolismo venoso em doentes com cancro
A Bayer HealthCare e seu parceiro de desenvolvimento Janssen Pharmaceuticals, Inc. anunciou o início do Programa de...

Em doentes com cancro ativo, o risco de tromboembolismo venoso (TEV) é 4 a 7 vezes maior do que em pessoas da mesma idade sem cancro. De salientar que a quimioterapia aumenta significativamente o risco até 6,5 vezes. Apesar disso, nenhuma das atuais orientações clínicas recomendam a prevenção de TEV, por rotina, na maioria dos doentes com cancro em ambulatório. Em relação ao uso da terapêutica anticoagulante para o tratamento e prevenção secundária do TEV, as recomendações clínicas atuais são baseadas em poucos e pequenos ensaios clínicos.

"Hoje em dia, existem evidências e orientações limitadas sobre o uso por rotina de anticoagulantes para o tratamento a longo prazo e prevenção de embolia pulmonar e trombose venosa profunda em doentes com cancro, apesar do tromboembolismo constituir a principal causa de morte nos doentes com cancro, além da própria doença", disse o Professor Guy Meyer, da Université Paris Descartes, European Hospital Georges Pompidou, de Paris, França, e um dos principais investigadores no âmbito do Programa CALLISTO. "Estou otimista que os resultados do Programa CALLISTO irão fornecer importantes insights clínicos no sentido de ajudar a reduzir o risco de embolia pulmonar e trombose venosa profunda, condições que podem ser tratadas e prevenidas."

O Programa CALLISTO será a primeira iniciativa de investigação clínica prospetiva, multi-ensaios destinada à descoberta de novas evidências para ajudar na gestão da Trombose Associada ao Cancro (CAT). O programa será composto por nove iniciativas no seu total, compreendendo os estudos clínicos e os registos, e envolverá mais de 4.000 doentes em todo o mundo.

Eurobarómetro
Um em cada quarto portugueses (25%) é fumador, mais dois pontos percentuais do que em 2012, 12% deixaram de fumar e quase dois...

Na União Europeia (UE), a média de fumadores é de 26%, uma quebra de dois pontos na comparação com o inquérito de 2012.

Em Portugal, fumam mais os homens (34%) do que as mulheres (18%), em linha com a média da UE: 31% e 22%, respetivamente.

É na faixa 25-39 anos que se concentra a maior percentagem de fumadores portugueses (38%), seguindo-se a dos 40-54 (35%), a dos 15-24 (22%) e mais de 55 anos (13%).

Na UE, a faixa 40-54 é a que apresenta maior quota de fumadores (34%), seguindo-se a 25-39 (33%), 15-24 (25%) e mais de 55 (17%).

Em Portugal, 32% dos fumadores já tentaram abandonar o hábito (UE 59%), 9% dos quais no último ano (UE 19%), contra um total de 68% que responderam nunca terem tentado deixar de fumar (UE 40%).

Os cigarros de maço são o produto de tabaco mais fumado, fazendo as preferências diárias de 83% dos consumidores portugueses (UE 76%), seguindo-se os de enrolar, para 16% (UE 24%).

As cigarrilhas são fumadas diariamente por 4% dos portugueses (UE 4%), os charutos por 3% (UE 4%) e o tabaco de cachimbo por 1% (UE 1%).

Os cigarros eletrónicos são a escolha de 2% dos fumadores portugueses, em linha com a média da UE, sendo que 1% responderam ter usado e desistido (UE 3%) e 3% experimentaram e desistiram (UE 7%).

No total, 6% dos portugueses já experimentaram o cigarro eletrónico (UE 12%), mais os homens (PT 7%, UE 13%) do que as mulheres (PT 4%, UE 10%).

A maioria dos fumadores em Portugal (55%) começou na faixa entre 15 e os 18 anos, 21% começaram a fumar antes dos 15 anos e 20% entre os 19 e os 25.

Na UE, 53% dos fumadores começaram entre os 15 e os 18 anos, 22% entre os 19 e 25 e 19% antes dos 15 anos.

Em relação ao fator que determina a escolha de uma marca de cigarros, o sabor é a escolha de 93% dos fumadores portugueses (UE 87%), seguindo-se o preço (PT 90%, UE 69%), a marca (PT 84%, UE 66%), o teor de alcatrão, nicotina e monóxido de carbono (PT 71%, UE 47%) e a embalagem (PT 50%, UE22%).

O inquérito Eurobarómetro sobre as atitudes dos europeus face ao tabaco foi realizado no âmbito do Dia Mundial Sem Tabaco, que se assinala no domingo.

Dia Mundial da Criança
A Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros assinala o Dia Mundial da Criança com iniciativa que envolve cerca de 3 mil...

O Conselho de Enfermagem Regional do Norte e a Mesa do Colégio de Especialidade de Saúde Infantil e Pediátrica da Ordem dos Enfermeiros comemoram o Dia Mundial da Criança nos distritos do Porto, Bragança e Vila Real. Realizada em parceria com as Câmaras Municipais, esta ação de proximidade da Secção Regional do Norte (SRN) da Ordem dos Enfermeiros (OE) junto dos mais novos envolve ainda outras instituições como os agrupamentos de centros de saúde, agrupamentos escolares e instituições académicas.

No dia 1 de junho – das 9h30 às 13h00, na ‘Zona Verde’ de Mirandela, e das 9h30 às 16h00, no Jardim Público de Chaves – serão promovidas diferentes atividades dirigidas às crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico e pré-escolar. As iniciativas pretendem Desmistificar os medos dos profissionais de saúde’ convidando as crianças envolvidas a serem ‘Enfermeiros por um dia’. Além do contacto com os instrumentos de trabalho dos profissionais de Enfermagem, as crianças irão participar ativamente na Formação sobre Suporte Básico de Vida. No dia 4, a iniciativa acontecerá em Gondomar, na Escola Básica de Gens, entre as 9h30 e as 12h30.

Para as crianças, em que tudo é cor, alegria, sorrisos, imaginação, fantasia e brincadeira é fácil imaginar o quanto assustador poderá ser entrar num hospital, ou consultório, um espaço que dita silêncio, frio, “sofrimento”, equipamentos estranhos e assustadores. A doença, independentemente da gravidade e provável hospitalização da criança, apresenta-se como uma situação de crise. As instituições de saúde são encaradas como lugares misteriosos e, por isso, como fonte de stress. Desse modo, o brincar é uma excelente forma de auxiliar a libertar o medo.

As crianças envolvidas, “pequenos enfermeiros” por um dia, vestidos a rigor, vão poder experimentar o dia-a-dia de uma profissão que está tão presente nas suas vidas. Sempre a fingir, vão poder cuidar dos seus “doentes” que serão submetidos a administrações de medicação e diferentes tratamentos. Palhaços vestidos de enfermeiros também vão animar o dia dos mais pequeninos com diferentes brincadeiras.

Além dos ensinamentos sobre o recurso ao 112 em caso de Emergência Médica e o Suporte Básico de Vida, a SRN da SRN da OE irá promover a realização de diversos jogos divertidos com vista a promover o contacto com a atividade da Enfermagem. Os enfermeiros presentes prestarão todas as informações aos mais novos relativas às suas diversas áreas de atuação.

Um dos objetivos desta iniciativa passa também pela promoção de saúde através de informação relativa a áreas como: higiene corporal e oral, alimentação saudável, vacinação e outras. Com pequenas brincadeiras “faz de conta” teremos uma forte componente pedagógica de educação para saúde.

Estudo
Uma investigação científica demonstrou uma relação entre a exposição a níveis elevados de certos contaminantes orgânicos nas...

Segundo este estudo, liderado pela Universidade de Granada e pelo Instituto de Investigação Biomédica (ibs.Granada"), a exposição a níveis elevados de alguns destes contaminantes duplica o risco de hipertensão nas pessoas obesas, independentemente de outros fatores, como a idade ou o consumo de álcool ou tabaco, noticia a agência espanhola Efe.

Esta constatação está enquadrada num estudo mais vasto denominado “GraMo”, no qual participaram, voluntariamente, mais de 300 pessoas de ambos os sexos, que, durante os anos de 2003 e 2004, iam ser operadas no Hospital Universitário San Cecilo e no Hospital Santa Ana de Motril, ambos em Granada, informou hoje a instituição académica.

Todos os participantes doaram amostras de sangue e gordura, para ser analisada a exposição acumulada a vários pesticidas e compostos industriais conhecidos como poluentes orgânicos persistentes (POPs), devido à sua resistência à degradação.

Passados dez anos do recrutamento dos voluntários para o estudo, foram registadas as doenças previstas para cada participante durante este período.

Os resultados obtidos demonstraram que os POPs associados com a hipertensão incluíam hexaclorobenzeno, um antigo fungicida que atualmente se liberta em processos industriais e, “y-HCH”, um composto relacionado com o pesticida lindano, que foi amplamente usado na agricultura e em produtos de higiene pessoal.

Também havia três bifenilos policlorados (PCBs), usados em diversas aplicações industriais, como é o caso dos transformadores elétricos, isolantes ou em "líquidos de intercâmbio de calor".

O autor principal do estudo, Juan Pedro Arrebola, destacou que o uso de todos estes compostos mencionados está atualmente proibido em Espanha, ainda que, contudo, a totalidade da população do estudo apresentasse resíduos de algum deles no seu organismo, já que são muito resistentes à degradação.

Além disto, existem PCBs em equipamentos industriais obsoletos e em certos edifícios antigos, além de pesticidas armazenados em depósitos que, muitas vezes, não cumprem normas de segurança, pelo que continuam a libertar estes contaminantes para o meio ambiente.

Juan Arrebola apontou que o estudo contribui para a melhoria do conhecimento sobre a possível relação entre contaminação ambiental e a incidência de doenças crónicas, especialmente as relacionadas com a síndrome metabólica.

Os mecanismos de ação destes compostos não se conhecem em profundidade, mas podem incluir interação com certos recetores hormonais ou da produção de radicais livres, estes são átomos ou moléculas produzidos de forma contínua durante os processos metabólicos.

XXI Congresso Nacional de Medicina Interna
Muitos hipertensos mal controlados e uma elevada taxa de mortalidade e morbilidade provocada por AVC em Portugal são as...

Um estudo epidemiológico sobre hipertensão realizado em 2013 junto de 2,639 milhões de portugueses com idade ≥ 18 anos (58,1% de mulheres) pelo Departamento de Qualidade e Programa Nacional das Doenças Cérebro-Cardiovasculares da Direção-Geral da Saúde e pelo Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) comprova a necessidade de um maior melhor acompanhamento dos doentes hipertensos no nosso país. O controlo adequado da hipertensão arterial foi encontrado em somente 33% da amostra estudada.

O AVC é também motivo de preocupação para os internistas portugueses. Um estudo sobre a epidemiologia desta doença em Portugal demonstra que esta causa de morte ainda é particularmente expressiva quando comparada com outros países da Europa, embora se registem ganhos significativos nas últimas décadas. O envelhecimento demográfico combinado com uma eventual transição relativa entre as dimensões morbilidade e mortalidade proporcionam uma mudança no paradigma de saúde pública.

Os especialistas presentes terão também oportunidade de atualizar os seus conhecimentos na área das doenças autoimunes, diabetes, VIH e hepatite C, algumas das doenças mais prevalentes em Portugal e que são acompanhadas pelos internistas. O flagelo das infeções hospitalares, os cuidados paliativos e a importância da promoção da investigação médica serão também temas em destaque neste segundo dia de trabalhos.

“Os Elos da Medicina Interna” foi o tema escolhido para este congresso. A ideia dos elos remete posição nuclear no hospital que a Medicina Interna ocupa enquanto especialidade que coordena e articula a intervenção das outras, a sua capacidade de agregar outras áreas do saber, lembrando também a importância de reforçar os elos com parceiros como as associações de doentes, os clínicos gerais e a academia.

Após 30 anos de existência dos Narcóticos Anónimos em Portugal
Os Narcóticos Anónimos fazem 30 anos em Portugal e, apesar dos número de adictos a pedir apoio ter diminuído, a organização...

Em declarações, Pedro (nome fictício), voluntário dos Narcóticos Anónimos (NA) em Portugal explicou que as reuniões começaram em Lisboa há 30 anos, tendo o crescimento da organização sido “exponencial nos primeiros anos”, mas que terá abrandado depois, tendo havido até “algum retrocesso”.

“No início da nossa existência tínhamos 200 grupos e, neste momento temos 130 grupos a funcionar numa base semanal em todo o país. Se me perguntar se o número de pessoas diminuiu, digo que não, o número de pessoas a precisar de ajuda é o mesmo. Em determinada altura podia haver fenómenos que levavam as pessoas a aderir mais”, explicou o voluntário dos NA, que este fim de semana se reúnem em convenção.

Pedro reconheceu que o número atual de reuniões semanais de ajuda que ocorre atualmente (130) “se ajusta mais à dimensão do país, comparado com o resto da Europa, do que os 200 que chegaram a ter.

No sábado arranca em Vila do Conde, Porto, a 25ª convenção anual dos Narcóticos Anónimos em Portugal, para celebrar a recuperação da adição ativa e transmitir a mensagem de que isso é possível.

A organização do evento, que decorrerá no Cine Teatro Municipal de Vila do Conde, destaca esta realização por se tratar da celebração dos 30 anos da instalação da organização NA em Portugal e será subordinada ao tema “30 anos a mudar vidas”.

Pedro explicou ainda que o organismo não faz qualquer distinção em relação às drogas, álcool incluído, sobre as quais os adictos vão pedir ajuda para “travar o vício”, reconhecendo que não tem dados sobre quais são aquelas que trazem mais adictos à organização.

“Dedicamos e recebemos da mesma forma qualquer pessoa que venha ter connosco por sentir que tem um problema com drogas, incluindo as legais, como os medicamentos. Há pessoas que abusam de determinado tipo de fármacos e assistem regularmente às nossas reuniões e se mantêm limpas e abstinentes”, explicou Pedro.

Os NA são uma organização mundial e uma associação sem fins lucrativos com estatuto de utilidade pública, composta por adictos que se reúnem de forma regular com o objetivo "de se ajudarem mutuamente a manterem-se abstinentes das drogas através da partilha de experiências pessoais de força, fé e esperança".

A organização garante o anonimato, o sigilo e a igualdade para quem frequenta as reuniões e procura a recuperação através do método dos 12 passos, que seguem um conjunto de princípios comuns, adaptados dos Doze Passos e das Doze Tradições de Alcoólicos Anónimos.

O programa de 12 passos foi criado nos Estados Unidos em 1935, por Bill W. e Dr. Bob S., inicialmente para o tratamento do alcoolismo e mais tarde estendido para praticamente todos os tipos de dependência química e constitui a estratégia central da grande maioria dos grupos de mútua-ajuda para o tratamento de dependências químicas ou compulsões.

Um estudo de 2013, realizado pelos Narcóticos Anónimos da Região Portuguesa revela que a forma como os adictos conheceram a organização foi através dos centros de tratamento (37%), enquanto 22% revela que ficou a par do trabalho do organismo através de amigos e 18% através de familiares.

Com a percentagem mais baixa surgem os hospitais, sistema judicial, os meios de comunicação e o médico de família, apenas com um por cento.

A maior parte dos participantes no inquérito, que teve como objetivo uma caracterização dos membros e a forma e o impacto que a mensagem dos Narcóticos Anónimos tem na comunidade, encontrava-se abstinente entre um e três anos – 21 % - enquanto quatro por cento estava há menos de seis meses.

No entanto, revela o estudo que 17% estavam há mais de 15 anos abstinentes de qualquer tipo de drogas, 16% entre cinco e dez anos e 13% entre dez e 15 anos.

79% dos adictos tinham um grupo de base, contra 21% que não pertenciam a nenhum, sendo que 47% assistia entre quatro ou menos reuniões por mês, enquanto a grande maioria das pessoas inquiridas, 25%, participava entre cinco e oito.

O inquérito teve como amostra 280 questionários de adictos que participaram na 23ª convenção portuguesa.

Nos últimos 2 anos
A venda de produtos para ajudar a deixar de fumar caiu mais de 30% entre 2012 e 2014, uma acentuada descida que contraria a...

Segundo estes dados, divulgados a propósito do Dia Mundial Sem Tabaco, que se assinala no domingo, em 2012 foram vendidas 216.107 unidades de produtos antitabágicos, mas dois anos depois (2014) já só foram vendidas 149.810 unidades, menos 66.297.

Esta queda vem inverter a subida verificada no ano anterior (entre 2011 e 2012), quando a venda de produtos para deixar de fumar disparou de cerca de 153 mil para as 216 mil unidades.

No entanto, o estudo revela que entre 2008 e 2011, a venda destes produtos conheceu uma diminuição constante, tendo caído quase para metade.

Segundo a IMS Health, em 2008, ano em que entrou em vigor a lei do tabaco, houve um pico de vendas (227.393 mil unidades de produtos antitabágicos), mas logo a seguir, e até 2011, foram diminuindo até as 153.565 mil unidades.

Ou seja, assistiu-se a uma diminuição de 73.828 unidades de produtos antitabágicos no espaço de três anos.

Em valores financeiros, a quebra de vendas sofrida entre 2008 e 2011 traduziu-se em menos um milhão de euros (de 4.614.465 euros para 3.613.473 euros).

No ano seguinte (2012), a subida das vendas de produtos antitabágicos correspondeu a mais 558.221 euros, num total de 4.171.694 euros.

O estudo permitiu ainda verificar que as pessoas que consomem produtos antitabágicos compram-nos principalmente nas farmácias (85%) e só 15% se dirige às parafarmácias para os comprar.

O Dia Mundial Sem Tabaco ficará marcado pelo lançamento da linha de apoio à cessação tabágica, que não será apenas de aconselhamento e encaminhamento, mas terá uma atitude pró-ativa, fazendo ela própria chamadas de acompanhamento da evolução e dependência tabágica do utente até o levar a deixar de fumar.

Uma das possibilidades em estudo pelo Ministério da Saúde é a da comparticipação destes medicamentos no âmbito das consultas de apoio à cessação tabágica na Linha saúde 24, como forma de incentivo e de compensação, a todos os fumadores que se mantenham a ser seguidos neste serviço.

Organização Mundial da Saúde
A Organização Mundial da Saúde alertou que o consumo de tabaco e derivados pode causar a morte de mil milhões de pessoas...

Citada pela Rádio da Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a "epidemia" do tabaco "é uma das piores ameaças globais de saúde pública, e mata 6 milhões de pessoas anualmente".

Segundo a agência da ONU, "se nada for feito, o número de mortes por ano deve chegar aos oito milhões até 2030".

O alerta foi dado a poucos dias do Dia Mundial sem Tabaco, comemorado a 31 de maio, cujo foco este ano é o combate ao comércio ilegal dos produtos derivados do tabaco.

A OMS calcula que "um em cada 10 cigarros consumidos no mundo" seja ilegal, sendo estes produtos vendidos a preços "muito mais baixos, consequentemente aumentando o consumo".

"Aproximadamente 80% de um total de mil milhões de fumadores" vivem em países de baixo ou médio Produto Interno Bruto 'per capita', onde a proporção de mortes relacionadas com o tabaco é "muito maior".

A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, apelou a que os países assinem o Protocolo para Eliminar o Comércio Ilegal de Produtos de Tabaco, que determina a criação de "um sistema de rastreamento dos produtos e a imposição de sanções penais contra os responsáveis pelo comércio ilegal", criminalizando a produção ilegal e o contrabando.

Apenas oito países ratificaram até hoje o documento, sendo necessárias 40 ratificações para que este entre em vigor e se torne lei internacional.

Governo
A secretária de Estado da Ciência afirmou que a obtenção de fundos para a investigação científica em 2014 reflete um sistema ...

"Foram resultados históricos que mostram em primeiro lugar que, em 2014, o primeiro ano do Horizonte 2020, temos um sistema mais forte, mais competitivo e capaz de ir à luta na Europa e de ganhar projetos", disse Leonor Parreira.

A governante realçou que "foi a primeira vez que Portugal conseguiu obter mais fundos" do que aqueles que pagou para pertencer ao Horizonte 2020.

Os Estados membros pagam uma quota à Comissão Europeia para participar nos programas europeus e o valor transferido por Portugal tem sido superior àquele que tem recebido.

"Até agora, tínhamos sido sempre contribuintes líquidos para a Europa, ou seja, Portugal estava a pagar a ciência dos países ricos e, pela primeira vez, conseguimos 117% do dinheiro que lá colocamos", explicou a secretária de Estado.

Segundo informações do Ministério da Educação e Ciência, Portugal terá investido 120 milhões para o orçamento do Horizonte 2020, em 2014, tendo ido buscar, de acordo com os resultados disponibilizados pela Comissão Europeia, 140,30 milhões de euros, correspondentes a 290 projetos aprovados e a quase o dobro do montante obtido no período 2007-2013.

Uma das áreas destacadas por Leonor Parreira, por considerar "uma grande surpresa", foi a saúde, incluindo centros de investigação e empresas, o que representa "uma mudança muito grande relativamente" ao anterior programa quando o setor era "muito pouco competitivo".

Atualmente, a saúde é uma área "muito robusta e foi uma das que mais subiu" em número de propostas aprovadas e em financiamento conseguido, concluiu, acrescentando que, neste setor, a taxa de sucesso de Portugal em 2014 está muito acima da taxa média da Europa.

A secretária de Estado da Ciência disse ainda que o desempenho de Portugal significa que as candidaturas foram boas e 71% destes fundos, de 140 milhões de euros, em 2014, foram obtidos por universidades ou por centros de I&D (investigação e desenvolvimento).

A governante insistiu na necessidade de as empresas investirem em investigação e inovação, nomeadamente através da contratação de doutorados, e recordou que a taxa de sucesso na captação de fundos nesta vertente tem sido inferior no setor empresarial quando comparada com o sistema científico.

Leonor Parreira salientou ainda que o valor de 140 milhões de euros inclui 31 milhões conseguidos por 17 investigadores em nome individual a trabalhar em Portugal, que ganharam bolsas do 'European Research Council' (Conselho Europeu de Investigação).

No ano passado, Portugal submeteu 2.030 propostas a concurso, no total de 7,9 mil milhões de euros, tendo a taxa de captação de fundos se situado em 1,76%, "a maior alguma vez alcançada em qualquer um dos anos do anterior programa" de fundos comunitários para a ciência, enaltece uma nota do ministério divulgada na segunda-feira.

Estudo
A Ordem dos Médicos denunciou que faltam mais de 450 anestesiologistas em Portugal, um número que poderá diminuir em dois...

Os números constam do Censos Anestesiologia - 2014, um estudo elaborado pelo colégio de especialidade de Anestesiologia, com o objetivo de conhecer a realidade desta especialidade médica em Portugal, que foi  apresentado.

Os diretores dos serviços de anestesiologia dos hospitais públicos, num total de 52 instituições, afirmam que ao todo existem menos 467 anestesiologistas do que os necessários para cobrir os cuidados anestésicos do país, “valor esse que se prevê possa ser reduzido em cerca de dois terços até 2020”.

No entanto, para alcançar este número, tem que estar reunido um conjunto de premissas: a aposentação dos especialistas aos 66 anos de idade, a entrada na especialidade de 64 internos por ano, a não saída de anestesiologistas dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para o estrangeiro ou para os privados nos próximos cinco anos.

Contempladas estas condições, em 2020 haverá “mais 300 anestesiologistas que os atuais 1.254, aumentando assim em cerca de 25% os atuais recursos humanos desta especialidade nos hospitais do SNS”.

O problema é que é precisamente a ausência destas premissas que está a funcionar como um entrave à existência de mais especialistas destes no SNS.

Segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, a falta de condições nos hospitais públicos tem levado médicos a saírem às centenas com reformas antecipadas mesmo com penalização.

Além disso, os profissionais são aliciados a ganhar mais no privado, pelo que “é preciso aliciar os profissionais a ficar no SNS, acrescentou, referindo ainda que “é preciso estancar a emigração”.

O responsável sublinhou que o Governo pressiona para haver maior formação de anestesiologistas – o que demonstra consenso sobre o défice destes profissionais – “mas não cria condições competitivas para ficarem no SNS”.

No próximo ano haverá 80 novos anestesiologistas que estão agora a acabar a especialidade, mas “o Estado demora muito a coloca-los no mercado”.

“A máquina governativa e do Estado não é capaz de dar resposta eficaz e urgente” a estes jovens, acrescentou.

O estudo aponta para a necessidade de alargar a área de intervenção de anestesiologistas para além do bloco operatório, principalmente na área da medicina da dor, da medicina de emergência e intensiva, e nos cuidados pós-operatórios.

A mortalidade pós-operatória continua a ser uma importante preocupação de saúde pública, já que 30% a 50% dessas mortes seriam evitáveis, destaca.

Os dados relativos à organização e recursos humanos constantes do estudo referem-se à semana entre 12 e 18 de maio de 2014, enquanto os resultados operacionais se reportam ao ano 2013.

Neste âmbito, o censos registou 595.185 cirurgias realizadas nas 52 instituições públicas, das quais 82,8% foram programadas e, destas, 43,5% em regime de ambulatório.

Realizaram-se ainda 110.668 procedimentos com anestesia fora do bloco operatório, 279.205 consultas de anestesia (que representam 60% de toda a cirurgia programada) e 99.153 consultas de dor crónica.

Foram ainda identificadas 44.956 analgesias de parto, que corresponderão a cerca de 65% dos partos ocorridos nos serviços de obstetrícia.

O estudo destaca ainda a atual taxa de feminização na área de anestesia (75% são mulheres), em linha com o que se vem verificando em toda a medicina.

Em Portugal
Quase todas as crianças portuguesas (93%) ingerem sal acima das recomendações da Organização Mundial da Saúde e 25% consome...

Uma das conclusões do estudo sobre hábitos alimentares das crianças portuguesas indica que 93% das crianças ingere sal a mais do que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e que 54% ingere sal acima do máximo tolerável, tendo apenas 8% das crianças ingerido as quantidades de potássio (legumes e fruta) necessárias.

O "campeão do consumo excessivo" de sal foi um menino que consumiu 15 gramas de sal e uma menina que chegou a 17 gramas de sal, contou, em entrevista telefónica, Pedro Moreira, coordenador do estudo da Universidade do Porto, que contou com a colaboração da Direção-Geral da Saúde e foi solicitado pela OMS.

“São valores absolutamente astronómicos (…). Para além destes 93% estarem a ingerir sal acima dos valores recomendados pela OMS, há 25% de crianças que consomem quantidades astronómicas de sal”, ou seja 12,5 gramas os rapazes e 11,7 ou mais as raparigas, concretizou o especialista.

A ingestão de sal recomendada pela OMS é “até cinco gramas por dia”, mas há crianças em Portugal a consumir 17 gramas de sal por dia, ou seja a mais que triplicar os valores aconselhados.

O estudo realizado a 163 crianças (81 meninos), com idades entre oito e dez anos e a frequentar escolas públicas do ensino básico do Porto foi feito com base na recolha de urina durante 24 horas e respetivo doseamento de sal (sódio), tendo sido também avaliado o consumo de potássio, que se encontra nos legumes e fruta e contraria os efeitos indesejáveis do excesso de sal.

Em termos globais, os resultados estavam “maus nas duas vertentes: sódio a mais que é a parte má do sal, e os valores de ingestão de potássio eram muito baixos” ou seja as crianças estão a comer poucos legumes e frutas para combater os malefícios do sal, disse o investigador.

Pedro Moreira, que é professor e diretor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, alerta que o perigo de as crianças consumirem sal em excesso, pois podem transformar-se em crianças com maior “vulnerabilidade a mais pressão arterial, que depois evoluem para um maior risco de hipertensão arterial e respetivas doenças associadas”.

Relatórios recentes indicam que um consumo excessivo de sal dentro da região europeia, sendo estimado que reduzir a ingestão de sal, pela metade, levaria a uma queda dramática na doença cardíaca coronária.

A OMS estabeleceu com a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, um contrato para realizar uma análise transversal que avaliasse o consumo de sal em grupos vulneráveis, como as crianças.

O investigador refere que este estudo é o primeiro trabalho publicado em crianças portuguesas destas idades avaliando simultaneamente a ingestão de sódio e potássio através da excreção urinária.

Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde vai voltar, a curto prazo, a contratar médicos individualmente em regime de prestação de serviços,...

“Há uma boa notícia: depois de conversar com os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde [SPMS], os médios vão poder novamente ser contratados individualmente no regime de prestação de serviços”, disse José Manuel Silva, durante a apresentação de um estudo sobre a especialidade de anestesiologia.

O bastonário lembrou que a contratação de médicos a empresas não permitia integrar os profissionais nas equipas, os hospitais não sabiam a qualidade dos médicos, além de que muitas vezes era suposto apresentarem-se ao trabalho e não apareciam.

“Finalmente o Ministério da Saúde reconheceu o erro e deu um passo atrás”, afirmou, acrescentando, contudo, que “a contratação individual é uma volta atrás, mas não cobre o mal que se fez para trás”.

Como exemplo do que afirma, referiu que “há serviços de anestesiologia em risco grave”, porque a contratação de tarefeiros levou muitos destes especialistas a saírem das instituições, deixando-as com carência de formadores.

“Geralmente, os tarefeiros têm remuneração superior aos contratados pelas administrações hospitalares, mas estes não podem ser formadores, o que cria constrangimentos na idoneidade formativa dos serviços”, disse.

Referindo o caso da Grande Lisboa, sublinhou que “os anestesistas graduados que poderiam dar formação aos mais novos estão a ir embora e os que ficam não têm idoneidade formativa”. E reiterou que “o mal está feito”.

Agora, a SPMS está a alterar as regras para poder ser possível a contratação individual, e a introduzir critérios de qualidade, explicou.

O bastonário disse que ainda não há data para se iniciar este regime de contratações, mas assegurou que será “a curto prazo”.

"O ideal - num serviço que funciona bem - seria não haver necessidade de recorrer a mão-de-obra contratada através de empresas", afirmou José Manuel Silva.

O bastonário acredita, no entanto, que será sempre necessária a contratação destes serviços para casos pontuais, mas "haverá uma tendência progressiva para recorrer cada vez menos a tarefeiros, que põem em causa os serviços, porque não estão integrados neles".

Treatment of Advanced Squamous Non-Small Cell Lung Cancer in Previously-Treated Patients
Bristol-Myers Squibb Company (NYSE: BMY) today announced that the Committee for Medicinal Products for Human Use (CHMP) of the...

“We are moving at a ground-breaking pace to deliver on a mission that looks to transform cancer treatment options for patients,” said Michael Giordano, senior vice president, Head of Development, Oncology. “Last month, we received a CHMP positive opinion for nivolumab for the treatment of advanced melanoma. Today’s announcement of a positive opinion for nivolumab in NSCLC brings us closer to delivering on our promise of changing the standard of care for lung cancer.”

Positive Opinion based on CheckMate -017 and -063
The CHMP positive opinion is based on data from CheckMate -017 and CheckMate -063, two trials that demonstrated the efficacy and safety of nivolumab in patients with advanced or metastatic squamous NSCLC who had progressed following previous chemotherapy treatment. CheckMate -017 was a Phase III, randomized, open-label trial that included patients who had experienced disease progression during or after one prior platinum doublet-based chemotherapy regimen.

Results from a prespecified interim analysis of CheckMate -017, demonstrated significantly superior overall survival (OS) with nivolumab vs. docetaxel, with a 41% reduction in the risk of death (hazard ratio: 0.59 [95% CI: 0.44, 0.79; p=0.00025]). This benefit was observed regardless of PD-L1

expression status. The estimated one-year survival rate was nearly doubled with nivolumab (42% [95% CI: 34, 50]) compared to docetaxel (24% [95% CI: 17, 31]). The median OS was 9.2 months in the nivolumab arm (95% CI: 7.3, 13.3) and 6 months in the docetaxel arm (95% CI: 5.1, 7.3).

A second study, CheckMate -063, was a Phase II single-arm, multinational, multicenter trial that included patients with metastatic squamous NSCLC who had progressed after receiving a platinum-based therapy and at least one additional systemic treatment regimen (65% of patients had received ≥ 3 prior therapies). In CheckMate -063, confirmed objective response rate, the study’s primary endpoint, was 14.5% (17/117) (95% CI = 8.7, 22.2) with an estimated one-year survival rate of 40.8% (95% CI: 31.6, 49.7) and median overall survival of 8.2 months (95% CI: 6.1, 10.9).

In both CheckMate -017 and -063, there was consistent nivolumab dosing of 3 mg/kg every two weeks. The safety profile of nivolumab has been evaluated in thousands of patients enrolled in the broader clinical program and treatment-related adverse events (AEs) were generally managed using established safety algorithms. In CheckMate -017, the safety profile of nivolumab was consistent with prior studies and favorable versus docetaxel. Treatment-related adverse events occurred less frequently with nivolumab than docetaxel (grade 3–4, 6.9% vs. 55%, respectively).

About Nivolumab
Bristol-Myers Squibb has a broad, global development program to study nivolumab in multiple tumor types consisting of more than 50 trials – as monotherapy or in combination with other therapies – in which more than 8,000 patients have been enrolled worldwide.

Nivolumab became the first PD-1 immune checkpoint inhibitor to receive regulatory approval anywhere in the world on July 4, 2014 when Ono Pharmaceutical Co. announced that it received manufacturing and marketing approval in Japan for the treatment of patients with unresectable melanoma. In the U.S., the U.S. Food and Drug Administration (FDA) granted its first approval for nivolumab for the treatment of patients with unresectable or metastatic melanoma and disease progression following Yervoy (ipilimumab) and, if BRAF V600 mutation positive, a BRAF inhibitor. On March 4, 2015, nivolumab received its second FDA approval for the treatment of patients with metastatic squamous non-small cell lung cancer (NSCLC) with progression on or after platinum-based chemotherapy.

In addition, nivolumab is being investigated in patients with advanced non-squamous NSCLC. On April 17, 2015, an open-label, randomized Phase III study (CheckMate -057) evaluating nivolumab versus docetaxel in previously treated patients with advanced non-squamous NSCLC was stopped early because an assessment conducted by the independent Data Monitoring Committee (DMC) concluded

that the study met its endpoint, demonstrating superior overall survival in patients receiving nivolumab compared to docetaxel. The company plans to share these data with health authorities.

About Lung Cancer
Lung cancer is the leading cause of cancer deaths globally, resulting in more than 1.5 million deaths each year, according to the World Health Organization. NSCLC is one of the most common types of the disease and accounts for approximately 85 percent of cases. Survival rates vary depending on the stage and type of the cancer when it is diagnosed. Globally, the five-year survival rate for Stage I NSCLC is between 47 and 50 percent; for Stage IV NSCLC, the five-year survival rate drops to two percent.

Important Safety Information

Immune-Mediated Pneumonitis

  • Severe pneumonitis or interstitial lung disease, including fatal cases, occurred with OPDIVO treatment. Across the clinical trial experience in 691 patients with solid tumors, fatal immune-mediated pneumonitis occurred in 0.7% (5/691) of patients receiving OPDIVO; no cases occurred in Trial 1 or Trial 3. In Trial 1, pneumonitis, including interstitial lung disease, occurred in 3.4% (9/268) of patients receiving OPDIVO and none of the 102 patients receiving chemotherapy. Immune-mediated pneumonitis occurred in 2.2% (6/268) of patients receiving OPDIVO; one with Grade 3 and five with Grade 2. In Trial 3, immune-mediated pneumonitis occurred in 6% (7/117) of patients receiving OPDIVO, including, five Grade 3 and two Grade 2 cases. Monitor patients for signs and symptoms of pneumonitis. Administer corticosteroids for Grade 2 or greater pneumonitis. Permanently discontinue OPDIVO for Grade 3 or 4 and withhold OPDIVO until resolution for Grade 2.

Immune-Mediated Colitis

  • In Trial 1, diarrhea or colitis occurred in 21% (57/268) of patients receiving OPDIVO and 18% (18/102) of patients receiving chemotherapy. Immune-mediated colitis occurred in 2.2% (6/268) of patients receiving OPDIVO; five with Grade 3 and one with Grade 2. In Trial 3, diarrhea occurred in 21% (24/117) of patients receiving OPDIVO. Grade 3 immune-mediated colitis occurred in 0.9% (1/117) of patients. Monitor patients for immune-mediated colitis. Administer corticosteroids for Grade 2 (of more than 5 days duration), 3, or 4 colitis. Withhold OPDIVO for Grade 2 or 3. Permanently discontinue OPDIVO for Grade 4 colitis or recurrent colitis upon restarting OPDIVO.

Immune-Mediated Hepatitis

  • In Trial 1, there was an increased incidence of liver test abnormalities in the OPDIVO-treated group as compared to the chemotherapy-treated group, with increases in AST (28% vs 12%), alkaline phosphatase (22% vs 13%), ALT (16% vs 5%), and total bilirubin (9% vs 0). Immune-mediated hepatitis occurred in 1.1% (3/268) of patients receiving OPDIVO; two with Grade 3 and one with Grade 2. In Trial 3, the incidences of increased liver test values were AST (16%), alkaline phosphatase (14%), ALT (12%), and total bilirubin (2.7%). Monitor patients for abnormal liver tests prior to and periodically during treatment. Administer corticosteroids for Grade 2 or greater transaminase elevations. Withhold OPDIVO for Grade 2 and permanently discontinue OPDIVO for Grade 3 or 4 immune-mediated hepatitis.

Immune-Mediated Nephritis and Renal Dysfunction

  • In Trial 1, there was an increased incidence of elevated creatinine in the OPDIVO-treated group as compared to the chemotherapy-treated group (13% vs 9%). Grade 2 or 3 immune-mediated nephritis or renal dysfunction occurred in 0.7% (2/268) of patients. In Trial 3, the incidence of elevated creatinine was 22%. Immune-mediated renal dysfunction (Grade 2) occurred in 0.9% (1/117) of patients. Monitor patients for elevated serum creatinine prior to and periodically during treatment. For Grade 2 or 3 serum creatinine elevation, withhold OPDIVO and administer corticosteroids; if worsening or no improvement occurs, permanently discontinue OPDIVO. Administer corticosteroids for Grade 4 serum creatinine elevation and permanently discontinue OPDIVO.

Immune-Mediated Hypothyroidism and Hyperthyroidism

  • In Trial 1, Grade 1 or 2 hypothyroidism occurred in 8% (21/268) of patients receiving OPDIVO and none of the 102 patients receiving chemotherapy. Grade 1 or 2 hyperthyroidism occurred in 3% (8/268) of patients receiving OPDIVO and 1% (1/102) of patients receiving chemotherapy. In Trial 3, hypothyroidism occurred in 4.3% (5/117) of patients receiving OPDIVO. Hyperthyroidism occurred in 1.7% (2/117) of patients, including one Grade 2 case. Monitor thyroid function prior to and periodically during treatment. Administer hormone replacement therapy for hypothyroidism. Initiate medical management for control of hyperthyroidism.

Other Immune-Mediated Adverse Reactions

  • In Trial 1 and 3 (n=385), the following clinically significant immune-mediated adverse reactions occurred in <2% of OPDIVO-treated patients: adrenal insufficiency, uveitis, pancreatitis, facial and abducens nerve paresis, demyeliniation, autoimmune neuropathy, motor dysfunction, and vasculitis. Across clinical trials of OPDIVO administered at doses 3 mg/kg and 10 mg/kg, additional clinically significant, immune-mediated adverse reactions were identified: hypophysitis, diabetic ketoacidosis, hypopituitarism, Guillain-Barré syndrome, and myasthenic syndrome. Based on the severity of adverse reaction, withhold OPDIVO, administer high-dose corticosteroids, and, if appropriate, initiate hormone- replacement therapy.

Embryofetal Toxicity

  • Based on its mechanism of action, OPDIVO can cause fetal harm when administered to a pregnant woman. Advise pregnant women of the potential risk to a fetus. Advise females of reproductive potential to use effective contraception during treatment with OPDIVO and for at least 5 months after the last dose of OPDIVO.

Lactation

  • It is not known whether OPDIVO is present in human milk. Because many drugs, including antibodies, are excreted in human milk and because of the potential for serious adverse reactions in nursing infants from OPDIVO, advise women to discontinue breastfeeding during treatment.

Serious Adverse Reactions

  • In Trial 1, serious adverse reactions occurred in 41% of patients receiving OPDIVO. Grade 3 and 4 adverse reactions occurred in 42% of patients receiving OPDIVO. The most frequent Grade 3 and 4 adverse drug reactions reported in 2% to <5% of patients receiving OPDIVO were abdominal pain, hyponatremia, increased aspartate aminotransferase, and increased lipase.
  • In Trial 3, serious adverse reactions occurred in 59% of patients receiving OPDIVO. The most frequent serious adverse drug reactions reported in ≥2% of patients were dyspnea, pneumonia, chronic obstructive pulmonary disease exacerbation, pneumonitis, hypercalcemia, pleural effusion, hemoptysis, and pain.

Common Adverse Reactions

  • The most common adverse reactions (≥20%) reported with OPDIVO in Trial 1 were rash (21%) and in Trial 3 were fatigue (50%), dyspnea (38%), musculoskeletal pain (36%), decreased appetite (35%), cough (32%), nausea (29%), and constipation (24%).

Please see US Full Prescribing Information for OPDIVO. 

Ordem dos Nutricionistas
O problema da insegurança alimentar, que remete para a falta de disponibilidade e para as dificuldades no acesso ao alimento, é...

Foi divulgada ontem, 27 de maio, a última edição do relatório da ONU "O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2015", que aponta para 795 milhões o número de pessoas com fome no mundo.

Em Portugal, também a Ordem dos Nutricionistas tem manifestado a sua preocupação sobre o estado da insegurança alimentar no país. Os dados oficiais mais recentes mostram que um pouco mais de metade da população portuguesa (50,7%) se encontra em situação de insegurança alimentar e que mais do que um quarto da população (27,3%) revelam terem alterado o consumo de alimentos considerados essenciais.

A Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, considera que “é alarmante pensar que cerca de metade dos portugueses se encontra em situação de insegurança alimentar e que há alimentos essenciais à rotina alimentar de cada um que as famílias deixaram de adquirir devido a dificuldades económicas.”

Os mesmos dados apontam que a insegurança alimentar é agravada nas faixas etárias mais elevadas, essencialmente porque a condição física e económica dos idosos se revela mais suscetível a limitações relativas à sua situação alimentar. Da mesma forma, é na população com menor escolaridade, famílias mais numerosas e desempregados que prevalece uma maior insegurança alimentar.

A Bastonária explica que a literacia alimentar é fundamental, particularmente nestes casos de insegurança alimentar mais flagrantes. Alexandra Bento refere que é possível comer bem com menos dinheiro e que há várias estratégias que os cidadãos aprenderiam se houvesse uma maior aposta em ações de economia familiar, tais como: um planeamento das refeições para o dia, um bom aproveitamento dos alimentos e um reaproveitamento das sobras; o recurso a alimentos da época; a realização de listas de compras; a atenção aos rótulos e aos preços de produtos semelhantes; uma atenção redobrada aos gastos energéticos e a utilização de equipamentos que tornem o consumo mais eficiente; uma correta organização da despensa e do frigorífico.

Para a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas “a alimentação e a nutrição deverão estar presentes de uma forma transversal nas políticas e programas nacionais de saúde”. A Ordem dos Nutricionistas defende o investimento em medidas de apoio que promovam o acesso a alimentos de qualidade e em ações de educação alimentar por parte de instituições de ensino, instituições de solidariedade social, e em todas as demais entidades que lidam com a população em maior risco de insegurança alimentar (crianças, idosos, desempregados).

A Ordem dos Nutricionistas alerta que as instituições que lidam com a população em risco deveriam, obrigatoriamente, ter nutricionistas para auxiliar no diagnóstico de insegurança alimentar e na intervenção nesta população. Apela ainda a que as autoridades nacionais coloquem rapidamente dentro das suas prioridades, no âmbito das políticas de saúde, a realização de ações que reduzam a insegurança alimentar.

Aumento da incidência de alguns tipos de cancro
É do conhecimento geral que nas últimas décadas a oncologia sofreu uma grande evolução técnica e cie

Mas, em paralelo com a inovação, assistimos à tendência para o aumento da incidência de alguns tipos de cancro, como consequência de alterações significativas da estrutura da pirâmide populacional, e de alterações do estilo de vida, com elevadas taxas de mortalidade associadas a alguns deles.

A sobrevivência, as recidivas, as alterações da imagem, os tipos e duração de tratamentos, a forma como influência as atividades de vida individuais e familiares, fazem do cancro uma doença que exige o envolvimento de uma equipa multidisciplinar e multiprofissional em atualização permanente, por forma a responder às necessidades da Pessoa.

Um indivíduo com cancro não é simplesmente alguém com um corpo doente, é uma Pessoa em constante crescimento, com uma mente e um espírito vivo, que mantém relações com sua família e amigos, com atitudes e habilidades, interesses, sonhos e expectativas.

É neste contexto que me parece clara a necessidade e a propriedade da intervenção do enfermeiro, especialmente vocacionado para cuidar e responder às cada vez mais complexas necessidades da Pessoa com cancro.

O enfermeiro na equipa de saúde tem um papel especial, enfatizando a prevenção de complicações, detetando e controlando os efeitos colaterais, prestando cuidados diferenciados / especializados, e incorporando nos cuidados os aspetos psicossociais da Pessoa e sua família, para obter cuidados abrangentes que respondam às necessidades dos mesmos.

Cuidado de Enfermagem com respeito pela dignidade humana

O cuidado de Enfermagem deve ser exercido com respeito pela dignidade humana e por todos os outros valores que lhe estão subjacentes, como a autonomia, a justiça, a equidade e a solicitude num contexto de prática interrelacional, que confere responsabilidade e visa sempre o benefício da Pessoa cuidada e dos cuidadores.

Trata-se atualmente, é certo, de uma prática que utiliza tecnologia de ponta mas que deve estar sempre associada a um cuidado humanizado, um cuidado em que o doente é o verdadeiro centro da sua acção. Esta prática inclui ouvir, observar, refletir e agir, planeando os cuidados em conjunto com a Pessoa, respeitando o seu querer, os seus valores e hábitos, expandindo a sua capacidade de se cuidar, resgatar ou manter a sua saúde.

Num tempo de mudança em que se pretende melhorar o funcionamento dos serviços de saúde, em que se comenta a escassez de recursos, terão os enfermeiros no dia-a-dia esta prática incorporada?

Os cuidados humanizados pela voz de doentes e familiar

Fomos procurar a opinião de duas doentes em tratamento no IPO de Coimbra e da familiar de um doente.

Ana

Foi um momento difícil. Não posso esconder que, quando apalpei a minha mama e encontrei um nódulo, fiquei muito assustada. Depois de contar aos meus filhos de 12 e 14 anos e ao meu marido, a primeira coisa que fiz no dia seguinte foi procurar a “minha” enfermeira do Centro de Saúde (…).

Chamo-lhe sempre o “Meu Anjo da Guarda”, pois nesse mesmo momento, nessa mesma hora pediu para que fosse ter com ela, para poder ver e apalpar e sem pôr qualquer tipo de entrave dirigiu-se à médica de família para que também esta visse e mandasse fazer os exames necessários (…).

(…) Esta enfermeira levou os exames e encaminhou-me para a médica, a qual me deu à escolha o hospital onde queria ser tratada; escolhi o IPO de Coimbra, por todas as boas referências que tenho tido.

Os dias que passei internada não foram fáceis, mas também não posso dizer que foram horríveis, todos, mas todos, os enfermeiros foram sempre atenciosos, simpáticos, meigos. A sua voz, a sua meiguice, o seu tempo para connosco foi muito importante para eu perceber que o mundo não tinha acabado, e que eu ia ficar bem para criar os meus filhos.

 (…) Sei que vou ser tratada por mais alguns anos. Para já está tudo a correr bem, os senhores enfermeiros, penso que são escolhidos “a dedo”, são pessoas extraordinárias, numa das profissões mais difíceis do mundo. Obrigada por tudo, sem vocês não sei, se teria as forças e a coragem necessária para enfrentar esta doença.

Manuela

Uma nova etapa do meu percurso. Foi necessário uma cirurgia aos 35 anos e ficar com uma ostomia para fezes.

Ter que procurar força para viver com alguma qualidade de vida.

Encontrei o Gabinete de Estomaterapia no IPO de Coimbra, com grandes profissionais de saúde. Foi a relação com as enfermeiras que me ajudaram a ultrapassar muitas barreiras psicológicas, físicas e emocionais.

O seu profissionalismo e carinho fizeram com que eu fosse uma nova pessoa.

A presença de uma ostomia requer na pessoa algumas adaptações, a necessidade de saber lidar com a colocação do saco no abdómen, vários ensinamentos como a higiene, a técnica de irrigação. Neste sentido, o apoio emocional também são importantes para poder viver a nossa vida com qualidade entre família, amigos e até retomar o trabalho.

Todas estas orientações e ensinos foram muito úteis para poder ultrapassar esta fase inicial, de me ver com uma ostomia. Aceitá-la, e poder perceber que esta cirurgia com recurso a ostomia foi para me salvar a vida (…).

(…) Agradeço todo o apoio dado pela equipa de enfermagem do Gabinete de Estomaterapia do IPO de Coimbra.

Um especial agradecimento à senhora Enfermeira (…). Tem sido a minha ajuda e confidente das minhas adversidades de vida.

Cristina

Sou filha de um doente oncológico, e digo-vos que estou a viver um pesadelo desde outubro de 2014, altura em que foi detetado um cancro nos intestinos ao meu pai. O meu sentimento é de revolta e desânimo, diria mesmo de impotência para lutar contra uma doença tão terrível como esta… No entanto, tento todos os dias concentrar-me no que é importante, ajudar e cuidar do meu pai. Para que isso seja possível tive de ter uma aprendizagem, no meu caso com a Enfermeira (…) do Gabinete de Estomaterapia. Digo que este processo é muito difícil, eu diria mesmo doloroso, para nós familiares, e para os utentes em questão, que ficam totalmente fragilizados (…).

Quero agradecer toda a ajuda do vosso Gabinete, e dizer-vos o quanto foram e estão a ser importantes nesta luta. Sem a vossa dedicação e apoio eu não teria conseguido ajudar o meu pai (…). Gosto particularmente do perfecionismo e dedicação da Enfermeira (…). É uma pessoa muito humana e preocupada com os seus utentes.

A conclusão deixo-a para si caro leitor.

 

Bibliografia

DGS. Portugal Doenças Oncológicas em números – 2014. Programa Nacional para as Doenças Oncológicas. Novembro de 2014

 

Maria da Soledade Correia Neves, nascida a 31 de Dezembro de 1958, natural de Castelo Branco, foi nomeada Enfermeira Diretora, em 2003, cargo que desempenha atualmente como vogal do Conselho de Administração do IPO de Coimbra FG, EPE.

Tem como habilitações literárias o Curso Complementar dos Liceus.

Frequentou o curso de Enfermagem Geral, o curso de Especialização em Enfermagem Médico-Cirúrgica e o curso de Estudos Superiores Especializados em Administração dos Serviços de Enfermagem.

Concluiu o XVIII Programa de Alta Direção de Instituições de Saúde (PADIS) da AESE – Escola de Direção e Negócios.

Iniciou funções no IPO de Coimbra, em setembro de 1981, como Enfermeira, sendo detentora da categoria de Enfermeira Chefe desde 1997.

Desempenhou funções nos Departamentos de Radioterapia e Oncologia Médica, nas Consultas Externas e no Serviço de Cuidados Paliativos.

 

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Cientistas espanhóis
Cientistas espanhóis desenvolveram uma técnica que analisa, por ressonância magnética nuclear, as partículas de sangue que...

Esta investigação é um dos temas que concentra o interesse dos 400 cientistas que participam no XXVIII Congresso Nacional da Sociedade Espanhola de Arteriosclerose, a decorrer desde terça-feira em Logronho, Espanha, e que termina na sexta-feira.

Segundo Luis Masana, catedrático de medicina na Universidade Rovira e Virgili, de Tarragona, esta nova técnica apresenta “muitas vantagens” no que diz respeito aos parâmetros utilizados atualmente pelos médicos para caracterizar o risco de enfarte ou cardiovascular dos pacientes, noticia a agência Efe.

Luis Masana afirmou que esta tecnologia, que possibilita mais do que a simples medição do colesterol, estava implantada há muitos anos no Japão e em Nova Iorque, mas que agora foi melhorada do ponto de vista tecnológico.

O colesterol, afirmou Luis Masana, "não depende só das suas concentrações, mas também da forma como se agrega ao plasma", orginando as lipoproteínas, que "podem variar em tamanho, concentração e forma", acrescentando que, "até agora não era possível determinar estas particularidades" e que com esta nova técnica obtem-se uma visão mais ampla e, sobretudo, melhoria da deteção do risco cardiovascular num paciente.

Durante o congresso, Masana, destacou ainda a oportunidade que os médicos têm de utilizar esta técnica, que “não é excessivamente cara”, é muito prática e dá uma imagem clara do que ocorre com a gordura do sangue.

Durante o congresso trataram-se diferentes aspetos relacionados com a arteriosclerose, que se origina quando o excesso de colesterol que circula no sangue tende a depositar-se nas paredes das artérias, explicou à Efe o presidente do comité organizador deste encontro científico, Ángel Bre, referindo que, em função da localização das artérias afetadas, esta doença origina variados problemas, como, por exemplo, anginas de peito, enfartes do miocárdio, tromboses cerebrais, doença arterial periférica, aneurisma aórticos, isquemia intestinal, entre outros.

Este conjunto de processos domina-se doenças cardiovasculares ateroscleróticas.

A Organização Mundial de Saúde estima que 4,4 milhões morram no mundo por ter níveis de colesterol total elevados.

IV Congresso Veterinário Noroeste
De 5 a 7 de junho decorre a IV Edição do Congresso Veterinário Noroeste, no Palácio da Cultura Pontevedra, Galiza, evento...

O encontro reúne profissionais internacionais da área e conta com a participação de veterinários de Portugal, Espanha e Itália para abordarem vários temas na área da saúde animal relacionados com a Pediatria.

O Hospital Veterinário Montenegro tem promovido o desenvolvimento na área de veterinária na componente técnico-científica e, em parceria com o Colégio Oficial de Veterinários de Pontevedra, organiza desde 2012 o Congresso Veterinário do Noroeste.

Luís Montenegro, diretor clínico do Hospital de Referência Veterinária Montenegro afirma que “este congresso pretende ser um momento de atualização dos profissionais da área sobre as boas práticas e o que de melhor se faz em Pediatria animal na Europa.”

Durante o congresso serão discutidos temas como dermatofitose nos cachorros, reanimação pós-cesariana, cardiopatias e doenças neurológicas congénitas, patologia neonatal, patologias músculo esqueléticas pediátricas, patologia pós-parto na mãe que afeta os recém-nascidos, entre outros.

O programa deste congresso também integra seis workshops sobre microscopia, cirurgia sem sangramento, iniciação à ecografia, anestesia, ecografia avançada e ecocardiografia.

Participarão neste evento, como palestrantes, veterinários de renome internacional, tais como, Giordana Zanna (Responsável científica e Oradora do Itinerário Didático de Dermatologia da Escola de Formação Pós-Universitária Italiana), Domenech Tomás (Especialista em Cardiopatias Congénitas na Clínica Veterinária Survet de Barcelona e no Instituto Veterinário de Novara, em Itália), Josep Arus Martí (Veterinário diplomado pelo European College for Animal Reproduction), Begoña Martinez Astor (Membro da ESVO Sociedade Europeia de Oftalmologia Veterinária), Patrícia Soares (Veterinária no Hospital de Referência Veterinária Montenegro com interesse nas áreas de cirurgia, reprodução e neonatologia) e Ana Celeste Martins Bessa (Responsável da Área Clínica de Animais de Companhia do Hospital Veterinário da UTAD e do Serviço de Medicina de Reprodução).

Para mais informação, pode visitar ainda a seguinte página: http://congreso.congresovetnoroeste.es/moodle/

Relatório da OCDE
A metodologia de ensino da Medicina seguida na Universidade da Beira Interior merece destaque no relatório “Reviews of Health...

O relatório revela que, dentro das oito escolas de medicina existentes em Portugal, duas têm abordagens diferentes, a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior e a sua congénere de Braga. Ambas as unidades foram criadas em 1998 e têm vindo a desenvolver um ensino inovador, baseado na resolução de problemas, com integração multidisciplinar e um sistema mais interativo e baseado em tutorias. A preparação dos alunos de medicina para trabalharem em saúde comunitária é igualmente elogiada no relatório.

O estudo realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) conclui que uma “das características mais marcantes da resposta do sistema de saúde português à crise tem sido o compromisso com a qualidade e a preservação de um sistema universal financiado publicamente”. O sistema de informação existente merece também um elogio dos peritos da OCDE, que consideram que “Portugal tem uma impressionante quantidade de informação” sobre cuidados de saúde primários e hospitalares, bem como sobre indicadores de saúde da população.

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