Grécia
No centro de Atenas, a comunidade policlínica e farmacológica já prestou nos últimos três anos assistência gratuita a mais de 7...

Constantine Kokossis, 65 anos, é um dos voluntários que trabalha desde o início nesta instituição, onde assegura o secretariado e assuntos administrativos. À entrada, três mulheres aguardam a vez para os dois dentistas de serviço. Nas paredes, cartazes de solidariedade em vários idiomas. O telefone toca incessantemente e Kokossis tentar solucionar diversos problemas burocráticos.

"Esta comunidade policlínica integra um conjunto de médicos, dentistas, farmacêuticos e outros voluntários, todos sem qualquer remuneração. Não somos uma ONG nem garantimos apoios periódicos, quer do Estado quer de outras organizações internacionais", assinala.

As doações provêm da Grécia, e do estrangeiro, através de pessoas ou instituições privadas. No total, 80 pessoas entre médicos, incluindo 30 dentistas, farmacêuticos e pessoal auxiliar garantem o funcionamento diário da policlínica, que disponibiliza várias especialidades médicas e estabelece alguns protocolos, em particular na área da oftalmologia, também para consultas gratuitas.

"Recebemos pessoas de toda a Grécia e sem distinguir entre gregos ou imigrantes, mesmo que tenham sido detidos ou sejam indocumentados. Desde 2012 já assistimos 7.000 pessoas".

A instituição funciona no terceiro andar de um prédio não longe da praça Omonia, conhecia pela sua concentração de imigrantes, que desde janeiro também passaram a ter acesso ao serviço nacional de saúde após decisão do Syriza, o partido da esquerda radical no poder.

"Logo após o início do mandato do Governo em janeiro foi decidido que todas as pessoas devem ter acesso aos serviços de saúde, sem discriminação entre gregos e estrangeiros. Tentaram restabelecer o serviço mas por razões técnicas falta dinheiro, entre outros problemas. Há um atraso, e por isso é necessário manter em funcionamento estas unidades policlínicas dirigidas à comunidade".

No entanto, o aumento exponencial da imigração em direção à Grécia desde o início de 2015 agravou o problema.

"Verificou-se um forte aumento na busca de cuidados de saúde primários. E nós somos a primeira instância a que recorrem", revela. "No passado isso não acontecia, porque a assistência médica estatal estava assegurada, mas foi entretanto desmantelada".

A Comunidade policlínica e farmacológica de Atenas está integrada numa rede mais ampla designada "Solidariedade para todos" (Solidarity4all), que no início forneceu as verbas necessárias para iniciar o projeto.

"Em 2012 foram os deputados do Syriza, então na oposição, que ofereceram parte do seu salário para ajudar neste esforço", indica Kokossis. A Policlínica garante ainda algum apoio monetário através de doadores particulares, decisivo após o colapso do Serviço nacional de saúde, "talvez a maior catástrofe em toda a história deste setor após serem aplicados cortes de 40%".

O responsável da instituição calcula que 2,4 milhões de pessoas, entre desempregados e migrantes, dependem destas instituições para os cuidados de saúde primários.

E a situação agravou-se após as pessoas com mais de três meses sem trabalho terem sido impedidas de acesso ao sistema de saúde estatal. À semelhança de muitos imigrantes (no total cerca de um milhão, 10 por cento da população do país), na maioria desempregados ou envolvidos na "economia paralela".

A aquisição de medicamentos é outro problema central desta policlínica, mas que tem sido minimizado pela "solidariedade dos cidadãos", como refere.

"Todas as manhãs vêm pessoas entregar-nos que os seus medicamentos por já não precisarem ou por terem alterado a prescrição. Cerca de 90% dos medicamentos são garantidos desta forma".

No espaço alugado pela instituição, e para além da sala dos dentistas e da reservada aos medicamentos, funciona uma sala de ginecologia "com material vindo da Alemanha", uma sala para pequenas cirurgias e outra para apoio psicológico.

"Há um grande número de pessoas que necessita de apoio psicológico. Somos um povo mediterrânico do ponto de vista sentimental e psicológico. Desde o início da crise é inacreditável o aumento no número de suicídios. Não havia números, antes eram muito reduzidos, agora são milhares de casos registados", assinala Constantine Kokossis.

"As instituições psiquiátricas foram o primeiro setor afetado pelos cortes no orçamento para a saúde", acrescenta, ao justificar a atenção dedicada a esta especialidade clínica.

E concluiu com uma certeza: "Perante a atual situação, esta policlínica vai continuar a funcionar num futuro previsível".

Nos próximos dois anos
A farmacêutica Roche, que desenvolve atualmente mais de 50 ensaios clínicos em Portugal, anunciou que vai investir nesta área...

Em comunicado, a empresa refere que os 50 ensaios clínicos decorrem em 30 hospitais, 143 centros de ensaio, envolvendo 400 doentes em tratamento e mais de 500 profissionais de saúde, em 16 áreas terapêuticas.

“Os ensaios clínicos representam apenas uma fase em todo o processo de criação de um medicamento, já que desde a fase da descoberta da molécula até ao dia em que um novo fármaco chega aos doentes passam-se, em média, 12 anos, que correspondem a sete milhões de horas de trabalho, 6.585 experiências e ao envolvimento de uma equipa de 423 investigadores”, lê-se no comunicado.

O anúncio do investimento de 20 milhões de euros em Portugal foi feito no dia em que a Roche realiza uma conferência que pretende “promover o debate e apontar novos caminhos para a investigação clínica desenvolvida em Portugal”.

A conferência sobre novos caminhos da investigação clínica em Portugal contará com a presença do secretário de Estado Adjunto do ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, e da secretária de Estado da Ciência, Leonor Parreira.

O organismo que regula o setor do medicamento revelou, em maio, que estão atualmente a decorrer em Portugal 353 ensaios clínicos.

A Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) adiantou que “a grande maioria destes ensaios clínicos decorrem em hospitais e centros de ensaios” e que “as principais áreas terapêuticas de investigação destes ensaios clínicos são a oncologia, doenças do sistema nervoso e doenças infeciosas”.

Dos ensaios clínicos a decorrer, quatro por cento estão na fase um (avaliam a segurança e a tolerabilidade do fármaco e normalmente são feitos em humanos saudáveis) e 20 por cento na fase dois (calculam a eficácia terapêutica de um novo medicamento em doentes com a doença em estudo).

A maior parte dos ensaios em curso (72 por cento) decorre na fase três (comparam a eficácia de um fármaco com outro ou com um placebo) e quatro por cento estão na fase quatro, na qual se avaliam os riscos e os benefícios de um medicamento durante mais tempo e em mais doentes.

Para estes ensaios está prevista a participação de 12 mil pessoas. No entanto, o Infarmed ressalva que “não dispõe da informação relativa ao número de participantes efetivos, notando-se que este não atinge, frequentemente, o valor máximo planeado”.

Em outubro
O curso de Medicina em Cabo Verde, com o apoio de universidades portuguesas, já tem as condições reunidas para arrancar em...

Citado pela agência Inforpress, o professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) e também coordenador geral do curso na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), salientou que o processo avançou o suficiente no último ano e meio, estando praticamente na reta final.

O curso já está aprovado pela Uni-CV e o protocolo entre as duas universidades está assinado, envolvendo também o Hospital Agostinho Neto, o principal na Cidade da Praia, e a Ordem dos Médicos de Cabo Verde.

Sobre as instalações, Fernando Regateiro considerou que os laboratórios existentes na Uni-CV são "perfeitamente compatíveis" para lecionar algumas disciplinas das unidades curriculares, nomeadamente biologia e anatomia.

Questionado sobre o modelo de implementação do curso, explicou que vai ser no "sistema 3+2+1", ou seja, três anos de lecionação em Cabo Verde, dois na Universidade de Coimbra (Portugal) e o último ano em Cabo Verde.

Para o primeiro ano letivo, a iniciar em outubro próximo, o curso vai ser aberto a 25 alunos que, após os três primeiros anos em Cabo Verde, serão distribuídos por 15 turmas de aulas práticas na Universidade de Coimbra.

O plano de estudo vai ser idêntico ao existente em Coimbra, por forma a haver uma transição sem a necessidade de equivalência e também para que os alunos estejam sempre na mesma fase de aprendizagem.

Fernando Regateiro disse, contudo, que o curso está desenhado para dar aos alunos cabo-verdianos uma grande capacidade resolutiva, sendo que uma das apostas é a medicina comunitária, levando em conta as necessidades e exigências de Cabo Verde como um país insular.

Em 2014
O Agrupamento de Centros de Saúde Douro Norte ultrapassou, pela primeira vez em 2014, as 500.000 consultas, avançou o diretor...

Durante a apresentação do Relatório de Atividades 2014, em Vila Real, Armando Vieira frisou que das 500.000 consultas efetuadas nos Cuidados de Saúde Primários (CSP) do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Douro Norte, quase 60% foram isentas de qualquer taxa moderadora por parte dos utentes.

“Foi no ano [2014] em que melhorámos em todos os indicadores de desempenho clinico e de gestão, aumentámos o acompanhamento dos doentes inscritos em programas de vigilância e diminuímos os custos em medicamentos, tanto das famílias como do Sistema Nacional de Saúde (SNS), mantendo o mesmo número de embalagens disponibilizado”, frisou.

Este agrupamento abrange os municípios de Alijó, Mesão Frio, Murça, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Sabrosa e Vila Real.

Armando Vieira realçou que o número de utentes consultados nos programas de planeamento familiar, diabetes, saúde materna e infantil, hipertensão e rastreio oncológico também aumentou.

Destes, o rastreio oncológico foi o que registou maior aumento passando de 19.555 consultas em 2013, para 33.558 em 2014, seguido da hipertensão que passou de 54.932, para 60.410.

O diretor executivo ressalvou que a proporção de fumadores com consulta tabágica subiu de 20 para 23%.

Também no que concerne aos jovens de 14 anos com consulta médica e Plano Nacional de Vacinação (PNV), o aumento foi de 3 pontos (60 para 63%).

Já a proporção de hipertensos com cálculo do risco cardiovascular passou de 17 para 52%, disse o responsável.

O número de utentes entre os 50 e 75 anos a realizar o rastreio de cancro colo-retal aumentou 19 pontos, passando dos 31 para os 50%.

Armando Vieira salientou ainda que a Rede de Cuidados Continuados e Integrados tem 726 utentes, entre os quais 293 têm idades entres os 75 e 85 anos, 142 tem mais de 85 anos e 139 estão entre os 65 e 75 anos.

“A nossa tarefa não se esgota em oferecer mais serviços utilizando menos recursos é, naturalmente, nosso objetivo contribuir para que a prestação de cuidados resulte em mais ganhos em saúde e maior prevenção da doença”, afirmou.

Associação para o Planeamento da Família
A Associação para o Planeamento da Família opõe-se à tentativa de mudança da lei do aborto e considera infundados os motivos...

Sobre o debate parlamentar, agendado para 3 de julho e que analisará propostas da iniciativa de cidadãos “Pelo Direito a Nascer”, a Associação para o Planeamento da Família (APF) diz opor-se a “qualquer tentativa de mudança da lei que seja aprovada no quadro do debate parlamentar”.

Em comunicado, a direção da APF sublinha que qualquer mudança na lei tem de ser baseada na audição prévia dos profissionais de saúde, da Direção-Geral da Saúde e das organizações da sociedade civil que têm estado envolvidas na problemática da interrupção voluntária da gravidez (IVG).

A associação frisa que a IVG não está a ser banalizada e que as mulheres portuguesas não estão a usar o aborto para substituir a contraceção.

“Os dados existentes revelam que nos últimos anos aumentou o uso de contracetivos em Portugal, aumentou o recurso às consultas de planeamento familiar e diminuiu o número de IVG realizadas”, indica o comunicado.

Acrescenta ainda que é muito reduzido o número de mulheres que repetem o aborto e que o recurso à IVG em Portugal é menor do que na maioria dos países da União Europeia.

A APF considera ainda infundados os argumentos do movimento de cidadãos que apresentou uma proposta de alteração à atual lei da IVG, nomeadamente no que se refere ao fim da equiparação entre IVG e maternidade para efeitos de prestações sociais e aplicação de taxas moderadoras.

“Os dados da Segurança Social revelam que é baixíssimo o número de mulheres que gozam baixas ou subsídios de maternidade em casos de IVG”, refere a associação.

Sobre a aprovação de taxas, o comunicado rejeita a instituição de barreiras ou punições às mulheres que pretendam abortar dentro do quadro legal: “a IVG não pode ser um ato médico considerado menor ou sujeito a punições e a outras formas de estigmatização”.

A APF mostra-se disponível para debater a aplicação de taxas moderadoras, mas considera que é um debate que deve ser feito noutras instâncias e não no contexto da proposta que vai ser discutida no parlamento.

Relativamente à proposta de ser apresentada uma ecografia à mulher que quer abortar, a associação de planeamento familiar entende ser “um procedimento maldoso, humano e eticamente inaceitável”.

“As propostas dos autores da petição constituem uma tentativa de obstaculizar o acesso das mulheres à IVG”, defende a associação, considerando que se propõe um “processo complexo e moroso que vai dificultar a resposta”.

Um relatório oficial divulgado este mês confirma mais uma vez a tendência de queda do número de interrupções da gravidez (IG) que se vem verificando desde 2012, sendo que no ano passado se realizaram 16.589 abortos (por todos os motivos), menos 1.692 do que em 2013 (total de 18.281), o que traduz uma descida de 9,3%.

Avaliando apenas as IG “por opção da mulher” (representam 97% do total e realizam-se até às 10 semanas de gestação), em 2014 realizaram-se 16.039, menos 9,5% do que em 2013 (17.728).

Governo da Madeira
O conselho do Governo Regional da Madeira decidiu reforçar em 150 mil euros o apoio social para ajudar à aquisição de...

Esta é uma das deliberações que constam do comunicado com as conclusões da reunião semanal do executivo madeirense, que decorreu sob a presidência do chefe do Governo insular, Miguel Albuquerque.

O reforço financeiro será atribuído através do Instituto de Segurança Social da Madeira, constituindo um “apoio na área social, para atribuição de subsídios eventuais às famílias, através do auxílio na aquisição de medicamentos destinados à população mais vulnerável, idosa e/ou com carências sociais”, pode ler-se no documento.

O executivo regional também aprovou uma linha de crédito bonificado “para financiar a compra de cana-de-açúcar a efetuar pelos industriais para o fabrico de rum agrícola e mel de cana-de-açúcar durante a campanha de 2015”, tendo a porta-voz da reunião, a secretária da Inclusão e Assuntos Sociais, Rubina Leal, adiantado que envolve um teto máximo de 2,5 milhões de euros.

O Governo insular também aprovou o diploma que permite a adaptação à Madeira do regime jurídico da exploração dos estabelecimentos de alojamento local, destacando a sua pertinência com a “importância do setor turístico para a Região e a necessidade de estabelecer a correspondência orgânica entre o previsto no diploma nacional e os correspondentes serviços da orgânica do Governo Regional”.

O comunicado refere nesta matéria que era também preciso determinar “o destino das coimas a aplicar pelos respetivos órgãos de fiscalização regional”, determinando as características dos estabelecimentos de alojamento local, “proibindo-se agora, expressamente, a exploração daqueles que reúnam os requisitos para serem considerados empreendimentos turísticos (mais de 9 quartos)”.

Entre outros aspetos, “este novo regime consagra ainda a possibilidade de os estabelecimentos de hospedagem poderem utilizar a denominação hostel quando a unidade de alojamento, única ou maioritária, seja o dormitório e preencham alguns requisitos adicionais”, menciona o comunicado.

O documento conclui que o conselho do governo regional aprovou a proposta de Decreto Legislativo Regional que adapta à Região Autónoma da Madeira o Decreto-Lei n.º 37/2015, de 10 de março, que estabelece o regime de acesso e exercício de profissões e de atividades profissionais.

Doença inflamatória crónica
A Rosácea é uma doença de pele comum, cujos sintomas envolvem áreas de vermelhidão na pele e lesões

Existem vários tipos de tratamentos possíveis para a Rosácea, dependendo do subtipo da doença e da sua gravidade. Porém existem diversos cuidados gerais que pode manter para tentar minimizar e controlar a doença.

  • Utilizar uma loção de limpeza suave para limpar a pele de manhã e à noite, usando as pontas dos dedos para aplicar em todo o rosto.
  • Evitar produtos com ingredientes irritantes e que provoquem sensação de ardor, queimadura ou que causem vermelhidão: álcool, hamamélis, mentol, hortelã-pimenta, óleo de eucalipto ou óleo de cravo.
  • Utilizar produtos sem perfume e de elevada tolerância. Se se optar pela utilização de produtos com perfume, é necessário verificar se o perfume se encontra no fim da lista de ingredientes, pois deste modo o produto terá menor conteúdo da fragrância.
  • Enxaguar o rosto com água morna para remover a loção de limpeza e utilizar uma toalha de algodão grosso para secar.
  • Esperar alguns minutos antes de aplicar qualquer medicamento ou produto para cuidado da pele, para que a pele do rosto seque completamente. Em caso de aplicação de algum medicamento tópico, esperar 5 a 10 minutos para que este seque, antes de aplicar qualquer creme hidratante fotoprotetor ou maquilhagem.
  • Os homens devem utilizar preferencialmente máquina de barbear elétrica em vez de uma lâmina e devem evitar utilizar loções de barbear ou aftershaves.
  • Manter a pele hidratada e fotoprotegida todo o ano.

 

Fonte: 
Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Inflamatória, não contagiosa mas crónica
A Rosácea é uma doença da pele não contagiosa caracterizada por vermelhidão nas bochechas, nariz, qu
Mulher com o rosácea a ver-se ao espelho

Depois de pela primeira vez se comemorar o Mês de Sensibilização da Rosácea, um grupo de especialistas levou a cabo um estudo - Face Values: Global Perceptions Survey – com o objectivo de avaliar o impacto psicológico do eritema facial da rosácea, quer do ponto de vista pessoal, quer do ponto de vista da repercussão externa.

“Os seus resultados não só confirmam que a doença tem uma repercussão negativa na vida social, profissional e emocional dos doentes, como salienta a opinião desfavorável que a população pode ter de uma pessoa com o rosto vermelho, nomeadamente no que toca a sua personalidade e competências profissionais”, refere Ana Fidalgo, Dermatologista na Fundação Champalimaud e na Clínica Dermatológica Sequine.

A Rosácea é uma doença cutânea crónica comum que afecta principalmente a pele do rosto e caracteriza-se por um conjunto de sinais e sintomas, que incluem flushing, eritema persistente, pápulas inflamatórias e pústulas, sensação de calor ou ardor, nas áreas afectadas. Pode ocorrer igualmente aumento de volume localizado (designado por alterações fimatosas), que com mais frequência envolve nariz, região frontal, queixo (mento) ou pálpebras”, explica Ana Fidalgo.

Em Portugal, comenta a especialista, “não existem estudos aprofundados sobre a prevalência da doença, porém, estima-se que a doença afecte cerca de 45 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo mais frequente em populações com tom de pele mais claro. Ou seja, mais sensível ao sol, e em mulheres de meia-idade”.

Não existe nenhum teste de diagnóstico específico para a rosácea. Geralmente, o dermatologista faz o diagnóstico através da observação da pele afectada. A esta observação juntam-se normalmente algumas perguntas ao doente, sobre familiares que tenham rosácea, medicação que estejam a fazer, entre outras.

As causas exactas da doença não são ainda conhecidas, mas na opinião da dermatologista “são seguramente multifactoriais”

“De uma forma simples, admite-se que seja uma resposta anómala e heterogénea do sistema vascular da pele, associado à susceptibilidade genética individual, e a factores ambientais desencadeantes, tais como o calor, sol, bebidas quentes, álcool”, refere Ana Fidalgo acrescentando que “outros factores, igualmente importantes relacionam-se com os estímulos neurogénico (ansiedade) e hormonal. A interacção destes factores conduz à vasodilatação anormal dos vasos superficiais do rosto, inicialmente de forma transitória e que, com o passar do tempo, se torna persistente. São sobretudo os factores externos, nomeadamente, exposição inadequada ao sol, ambientes ou alimentos quentes, álcool, que são mais fáceis de evitar e controlar”.

Nessa medida convém que os doentes com Rosácea evitem os principais factores de agravamento da doença:

  • Ambientes quentes,
  • Mudanças súbitas de temperatura,
  • Exposição solar exagerada e não protegida,
  • Stress,
  • Ingestão de alimentos picantes,
  • Bebidas quentes
  • Bebidas alcoólicas,
  • Uso de cremes com elevado potencial irritativo.

Impactos da rosácea

Apesar da sua benignidade, a Rosácea tem um impacto muito significativo na imagem pessoal e auto-estima, e pode ter importantes repercussões na vida profissional e social dos doentes, fomentando a insegurança e o medo de exposição. Este impacto emocional foi avaliado numa pesquisa realizada pela National Rosacea Society, que incluiu mais de 500 pessoas com rosácea, e 42% relataram sentir-se tristes ou deprimidas com a aparência da sua pele.

Ana Fidalgo salienta que, “a sociedade actual não só sobrevaloriza a imagem como delineia padrões de perfeição, nos quais um doente com rosácea não se enquadra”.

Os resultados do estudo Face Values: Global Perceptions Survey demonstram que as pessoas em geral, e os próprios pacientes com Rosácea, têm tendência para julgar negativamente as pessoas com eritema facial no seu dia-a-dia. Os pacientes que participaram no estudo afirmaram que a doença tem impactos negativos a nível emocional, social e no local de trabalho.

Um total de 6.831 pessoas, de oito países, participaram no estudo em que observaram fotografias de faces com e sem eritema. As fotografias de pessoas sem vermelhidão facial foram fortemente associadas a traços positivos, como “relaxado” ou “saudável”, enquanto as pessoas com eritema foram mais associadas a uma situação menos saudável e a traços de personalidade negativos, como “doente”, “stressado” e “inseguro”.

Quando confrontados com estas fotografias, a maioria dos participantes mostrou maior tendência para, numa situação laboral, contratar pessoas sem eritema facial – contratariam 85% das pessoas sem vermelhidão versus 70% das pessoas com eritema. No que toca às relações pessoais, as diferenças mantiveram-se: os inquiridos consideraram que poderiam ser amigos de 58% das pessoas com eritema, versus 71% das pessoas sem.

Também os pacientes com Rosácea que participaram neste estudo mostraram-se insatisfeitos com a aparência da sua pele e afirmaram sentir-se julgados injustamente no seu dia-a-dia: 36% dos inquiridos com eritema facial afirmaram sentir-se desconfortáveis ao conhecer outras pessoas, enquanto 77% afirmou que a aparência da sua pele tem um impacto emocional, indo desde o constrangimento (46%) até ao sentir-se triste/deprimido (22%).

Perto de metade dos participantes no estudo já experienciaram reacções directas de outras pessoas quando confrontadas com o seu eritema: 15% já ouviram dizer que bebem demais ou que têm acne, e 26% foram alvo de recomendações para cuidados específicos que deveriam ter com a pele.

Tratamento da rosácea

Com frequência os doentes tentam resolver o problema da vermelhidão com todos os tipos de produtos, em particular os que permitem um disfarce imediato, como bases, maquilhagem corretora ou mais recentemente os cremes BB. “Infelizmente, nem sempre os mais adequados para a sua doença”, comenta a dermatologista, sublinhando que apesar disso, “é importante passar a mensagem de que a doença pode ser controlada, existindo actualmente diversas terapêuticas acessíveis e eficazes, que permitem reduzir bastante o eritema facial. Para tal é importante reconhecer a doença e procurar ajuda especializada”.

Não só porque cada um doente é um caso, como também pelo facto de existirem vários subtipos clínicos de rosácea, “os tratamentos são variados e incluem medicamentos tópicos, sistémicos - orais, e laser (vascular e outros)”.

Mas de uma forma global, Ana Fidalgo recomenda “o uso de fotoprotecção de largo espectro, os cuidados de higiene com produtos de limpeza suaves, a aplicação de hidratantes com baixo potencial irritativo e com acção nos vasos cutâneos, são recomendações comuns a todos os doentes com rosácea”.

Por expressa opção do autor, o texto não respeita o Acordo Ortográfico

Artigos relacionados

Os vários tipos de rosácea

Conselhos para melhorar a Rosácea

Rosácea afeta mais as mulheres

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
3.º país da União Europeia a ratificar protocolo
Protocolo da Organização Mundial da Saúde, sobre a eliminação do comércio ilícito do tabaco, ratificado no dia 22 de junho.

Portugal ratificou, no dia 22 de junho, o protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a eliminação do comércio ilícito do tabaco, sendo o 3.º país da União Europeia, a seguir à Áustria e à Espanha, a ratificar este documento.

O protocolo, aprovado na 5.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde para o Controlo do Tabaco, em Seul, em 12 de novembro de 2012, tem como objetivo contribuir para a supressão de todas as formas de comércio ilícito de tabaco, através do estabelecimento de mecanismos de cooperação administrativa, científica e jurídica, de âmbito internacional.

O comércio ilícito de tabaco engloba vários fenómenos que incluem o contrabando internacional de produtos do tabaco, o contrabando internacional de produtos de contrafação e a produção e a distribuição ilegais sem o devido pagamento de impostos. Segundo a OMS, um em cada 10 cigarros e outros produtos do tabaco, consumidos em todo o mundo, são ilegais. A indústria do tabaco e os grupos ligados à criminalidade organizada estão entre aqueles que mais lucram com o comércio ilícito de tabaco.

Acresce que os produtos do tabaco de origem ilícita são geralmente produzidos sem observância dos requisitos da legislação europeia e nacional relativa aos produtos do tabaco, não contendo muitas vezes as advertências de saúde, nem respeitando os teores máximos de monóxido de carbono, nicotina e alcatrão, permitidos por esta legislação.

Sabendo-se que o preço é um determinante de grande importância no acesso aos produtos do tabaco, a entrada no mercado paralelo destes produtos a baixo preço constitui um incentivo ao seu consumo, em especial entre os grupos mais vulneráveis, como os jovens e as pessoas com menores rendimentos.

Deste modo, o comércio ilícito de tabaco retira eficácia às medidas políticas de dissuasão do seu consumo, assentes no aumento de impostos, e prejudica os objetivos de saúde pública de prevenção e controlo do tabagismo e de redução das desigualdades em saúde.

Estudo “Os portugueses e o Testamento Vital”
A Universidade Católica Portuguesa em parceria com a Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, apresenta o primeiro Estudo...

“O documento aponta para um significativo défice de conhecimento geral, tanto por parte da população, como dos próprios profissionais de saúde que não se deveriam demitir desta função.

É preciso relembrar que o Testamento Vital é um direito que assiste a todos os portugueses. Qualquer pessoa pode declarar as suas Diretivas Antecipadas de Vontade, que serão respeitadas quando não se está em condições cognitivas para uma tomada de decisão consciente”, explica Manuel Luís Capelas, Presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP).

“O que é o Testamento Vital?”, “Como pode ser feito?”, “A quem recorrer?” e “Estarão os profissionais de saúde aptos para a sua orientação e explicação’?” foram algumas das questões consideradas neste documento.

“A zona do país, o grau de instrução e os rendimentos são fatores que influenciam o conhecimento sobre o Testamento Vital. Conseguimos extrair algumas conclusões por região bastante interessantes que nos mostram, por exemplo, que a opção pela indicação de “não ser submetido a tratamento de suporte artificial das funções vitais” é influenciada pela região, sendo que os que mais referem esta opção são os do Alentejo (66.7%), seguidos pelos de Lisboa (15%) e do Norte com 10.5%. Por outro lado, a região do Alentejo apresenta a maior percentagem de pessoas que expressam no Testamento Vital querer receber cuidados paliativos (60%)”, mostra o Coordenador do Estudo.

Fundação Bayer
Estão a ser aceites candidaturas para o programa de bolsas de Ciência e Educação da Fundação Bayer para este ano. No setor...

Os temas financiados incluem engenharia agrícola, biologia, bioquímica, planta-/ biotecnologia, engenharia de bioprocessos, química, engenharia química, medicina, farmácia, física, estatística/biometria e a formação de professores em disciplinas científicas.

A novidade no programa de bolsas de Ciência e Educação da Fundação Bayer este ano é um orçamento especial adicional de 50 mil euros para estudantes de países africanos que estejam a planear um projeto na Alemanha. As raízes da Bayer em África remontam a 1920, quando começou a comercializar os seus produtos localmente. Hoje, a Bayer está representada em todo o continente, de Casablanca à Cidade do Cabo. Os negócios da Bayer são geridos pelas filiais nos três grupos de países do Norte de África, África Ocidental e Central, África Oriental e Austral. Os cuidados de saúde e a proteção das culturas são os principais ramos de atividade.

Estas bolsas de estudo sublinham a missão da Fundação Bayer de trabalhar com os jovens e com a próxima geração de cientistas e líderes de opinião e de reforçar o interesse nos principais desafios que a nossa sociedade enfrenta, como a saúde e a agricultura. Além das bolsas de estudo no setor académico, as bolsas Hermann Strenger estão disponíveis para apoiar os jovens num programa de formação não académico para ganhar experiência de trabalho inicial no estrangeiro. Estão abertas candidaturas de estagiários empenhados em ocupações comerciais, industriais, científicas e médicas e jovens profissionais nestes domínios que tenham concluído a sua formação nos últimos dois anos. Com este programa, a Fundação Bayer procura oferecer financiamentos específicos para os jovens no sector não académico, permitindo-lhes adquirir experiência profissional no estrangeiro.

No total, a fundação vai fornecer 350 mil euros em financiamento. O apoio está aberto a estudantes provenientes da Alemanha que estão a planear passar um período no exterior e estudantes de países estrangeiros que querem passar um período de estudos na Alemanha. O prazo de inscrição para os cinco programas de bolsas é até 10 de julho de 2015. Os formulários de inscrição estão disponíveis online em www.bayer-foundations.com. Um Comité científico independente vai conceder financiamento no início de setembro de 2015.

A Fundação Ciência e Educação da Bayer está a lançar a 9ª ronda do seu programa de financiamento, que oferece um apoio orientado para o intercâmbio científico e experiência de trabalho internacional para jovens. O programa de bolsas segue a tradição das primeiras bolsas de estudo Bayer iniciadas por Carl Duisberg em 1923. O programa tem como alvo os jovens criativos, altamente motivados e socialmente comprometidos com notas acima da média.

Os formulários de inscrição assim como mais informações sobre o Programa de Bolsas Bayer e a Fundação Ciência e Educação da Bayer estão disponíveis em www.bayer-foundations.com

Estudo
Segundo um estudo australiano muito recente da Curtin University of Technology, metade dos estudantes (46,7%) com uma...

De acordo com o médico ortopedista Luís Teixeira, é crucial que exista desde cedo uma preocupação constante por parte dos pais em relação à postura da criança para que os problemas posturais possam ser corrigidos espontaneamente e para que não evoluam para patologias mais graves.

“Deve dar-se especial atenção à forma como a criança se senta em casa ou na escola, se ao estudar está bem apoiada na mesa, ao facto de estar muito tempo deitada e aos hábitos sedentários que possa ter, nomeadamente a ver televisão, jogar playstation ou computador.” O fundador do centro de cirurgia da coluna, sediado em Coimbra, explica que a coluna cervical é um dos elementos mais importantes do nosso corpo, responsável pela sustentação e movimento, daí que estar atento, principalmente na fase do seu desenvolvimento, seja extremamente importante. “A postura incorreta pode criar uma inversão na coluna da criança o que pode comprometer um deslocamento fácil e normal da mesma. Quando estamos sentados, acumulamos carga na coluna, sendo que a postura ideal passa por manter a coluna ereta com os ombros alinhados com o quadril. Quanto ao ecrã do computador, o seu centro deve estar à altura dos olhos”. Explica Luís Teixeira.

O médico especialista que dirige o Spine Center reitera que: “É imperativo que as horas que as crianças despendem do seu dia em frente ao computador sejam doseadas e que a postura seja sempre tida em conta pelos pais. Jogar computador significa uma má postura e demasiadas horas na mesma posição, o que pode exercer demasiada pressão na coluna cervical e o mesmo acontece quando se está debruçado sobre um dispositivo móvel.”

Como conselhos para os pais, o médico recomenda que o computador ou tablet sejam colocados numa posição que não faça a criança inclinar a cabeça. Também os antebraços devem estar apoiados, podendo utilizar-se um apoio do computador para que este esteja elevado de forma a evitar uma contração desnecessária. Por fim, a pausa a cada 50/ 60 minutos que inclua alongamentos e o apoio dos pés no chão num ângulo de 90ºC também são importantes. Por fim, a prática de exercício físico frequente é uma das melhores aliadas já que contribui para o fortalecimento muscular.

Entrevista com o médico psiquiatra João Curto
Os vários estudos realizados em Portugal revelam que a cannabis é a substância ilegal mais consumida
Pessoa a fumar canábis a ilustrar as dependências

“Os grandes problemas de saúde em relação a substâncias psicoactivas continuam a ser ligados a substâncias lícitas: o álcool e a nicotina. Em relação às substâncias ilícitas a tendência tem sido o crescente consumo da cannabis, nomeadamente cannabinoides sintéticos, mais potentes, à semelhança da maior parte dos países ocidentais”, refere o médico psiquiatra João Curto, também presidente da Associação Portuguesa de Adictologia com quem o Atlas da Saúde esteve à conversa.

Convém recordar que, “a adição é uma doença do cérebro, crónica com tendência a recaídas, que se traduz no consumo compulsivo da substância apesar das consequências negativas para o próprio ou terceiros”, refere o especialista esclarecendo que, “a dependência nem sempre se constitui como adição”.

Na adição, “há uma incapacidade em controlar este comportamento da procura e consumo a todo o custo e que resulta, a maior parte das vezes, na dificuldade em cumprir com as suas responsabilidades familiares, sociais, profissionais ou académicas e, algumas vezes, dependendo da substância, tolerância e privação se for interrompido bruscamente o consumo”.

Porém explica João Curto, “a dependência física pode acontecer com o uso continuado de muitas substâncias, incluindo medicamentos, o que só por si não constitui adição, apesar da dependência acompanhar frequentemente a adição que é uma doença complexa”.

Os vários estudos realizados em Portugal revelam que a cannabis é a substância ilegal mais consumida pela população em geral com idades entre os 15-65 anos, com especial incidência nos grupos etários mais jovens. Verifica-se que as prevalências do consumo de cannabis tendem a diminuir na população em geral mais velha, não ocorrendo o mesmo nas populações mais jovens 15-24 anos que têm os maiores consumos de cannabis.

No que respeita a substâncias como os opióides, nomeadamente a heroína, nota-se uma redução do número de novos casos, uma tendência que se vem mantendo desde 2007.

Actualmente, comenta o psiquiatra, “embora não alarmante mas com alguma preocupação, verifica-se a utilização de substâncias estimulantes, a cocaína com ligeiro aumento e algumas substâncias sintéticas, principalmente derivadas das catinonas, com efeitos semelhantes. O mercado das drogas é muito astuto e, por isso, a estratégia é manter o alerta e os serviços de dependências e de adições actuantes”.

Factores de risco das dependências

As adições e os comportamentos aditivos apresentam diversos factores precipitantes, uns internos e outros externos. De entre os externos, “a disponibilidade das substâncias e o ambiente que se frequenta, por exemplo se envolve a convivência da pessoa como a presença de outras pessoas que consomem nomeadamente familiares, entre outros”, refere o presidente. Em relação aos mecanismos internos, João Curto, nota factores como “o desenvolvimento educacional, determinadas características temperamentais, muitas delas hereditárias, e naturalmente a vulnerabilidade biológica, genética, onde os estudos revelam que a influência atinge entre os 40 e 60%, constituindo na realidade o factor mais preponderante porque umas pessoas se tornam aditas e outras não”.

Experiência na intervenção em Portugal

A situação sobre as toxicodependências evoluiu muito, e perante a mudança de padrões de consumo as abordagens e as respostas aos problemas, obviamente, foram sendo adaptadas.

Hoje, segundo João Curto, “já não estamos perante o boom da heroína dos anos 80/90. Estamos com o policonsumidor, a diversão e o consumo rápido em jovens, onde o álcool assume particular relevância, as substâncias psicoactivas emergentes ou o jogo através de um mercado diversificado e de disseminação online, exigindo verdadeiras mudanças nas abordagens e na organização de serviços”.

Actualmente, Portugal tem uma rede pública especializada nas toxicodependências que abrange todo o território, com verdadeira implantação no terreno, e que permitiu o aparecimento de profissionais, de modelos e técnicas diferenciadas que são aplicadas por profissionais em equipas multidisciplinares e de forma integrada, sendo mais fácil um caminho de adaptação.

“A criação destes serviços especializados em adições, quando ainda o preconceito e o estigma sobre as pessoas toxicodependentes eram marca, mesmo nos restantes serviços públicos de saúde, permitiu recuperar cidadania nestas pessoas, tendo mesmo contribuído para que surgisse em 2000 a lei da descriminalização do consumo de drogas, instrumento importante na definição das estratégias seguintes sobre os comportamentos aditivos”, congratula-se o especialista.

Estes serviços especializados coabitam com os cuidados de saúde primários e a saúde mental permitindo que pessoas com risco ou com perturbações aditivas possam ser referenciadas mais atempadamente e com menor risco de dispersão dos doentes.

Para além desta coabitação, João Curto realça também que, “a par dos serviços públicos para os comportamentos aditivos, a sociedade portuguesa beneficiou de outra ‘rede’ constituída por instituições de solidariedade social e outras organizações não governamentais principalmente com programas residenciais e de reinserção social”.

Liberalização, proibição e legislação

“Nem tudo se resolve com legislação, apesar de constituir um forte contributo”, opina o especialista acrescentando que, “é absolutamente necessária uma grande aposta na formação educacional das pessoas onde se inclui informação clara não apenas sobre malefícios, em que é importante a forma como se comunica”, diz o psiquiatra salientando que “é do reconhecimento geral de que as políticas proibitivas, restritivas e punitivas não têm contribuído para a resolução do problema e nalguns casos agravaram determinadas situações”.

Porém no caso da proibição de consumo de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos, a sua concretização está de acordo com o conhecimento actual do desenvolvimento biológico do ser humano em que os indivíduos menores de 18 anos não têm ainda a capacidade de metabolização do álcool e mesmo a maturação neuro biológica, cerebral, está em desenvolvimento o que compromete a sua capacidade de decisão e, por isso, João Curto realça “positivamente a sua aplicação, e digo aplicação, pois essa constitui a parte da lei que deve realmente trazer benefícios”.

Para o especialista é diferente falar-se de consumo de cannabis de há 20 anos e nos tempos actuais. “A concentração actual de THC que tem os efeitos psicoactivos da cannabis tem aumentado significativamente (3,98% em 1995 para 12,58% em 2013). Isto significa que os efeitos do consumo podem originar mais facilmente uma adição a esta substância (9% dos consumidores regulares) e que a nível mental se reflectem em alterações a nível da capacidade de aprendizagem, da motivação, da concentração e memorização”, explica acrescentando que também se verificam quadros mais graves como paranóia e psicoses, alterações a nível da coordenação motora interferindo com as capacidades de conduzir e com o aumento de agressividade ou alterações a nível pulmonar com o aparecimento de bronquite crónica. Diferente também é o impacto para a saúde do consumo de cannabis num jovem adolescente e num adulto, nomeadamente se esses consumos são esporádicos ou regulares ao longo do dia. 

De referir que em Portugal, e decorrente da lei da descriminalização, o auto consumo e a posse de cannabis para consumo próprio não é sancionado criminalmente. Apenas o tráfico e acções que incentivem ao consumo de outras pessoas são penalizadas. Sobre esta questão João Curto defende que o debate não deve ter em conta apenas aquilo que de negativo este problema revela, uma vez que há experiências com resultados positivos que foram realizadas em vários países. A sociedade e os poderes públicos devem, na opinião do psiquiatra, “ter a sensibilidade necessária para se envolverem neste assunto, e que a comunidade científica consiga a motivação e os recursos necessários para melhorar a investigação”.

A intervenção

“Claro que a grande aposta deve ser a prevenção dado que não temos ainda um tratamento de cura para as dependências e adições, apesar de se ter avançado no conhecimento dos mecanismos patofisiológicos cerebrais subjacentes ao aparecimento da adição”, defende João Curto.

Porém, os avanços no conhecimento das neurociências, nomeadamente sobre as estruturas cerebrais e funções cognitivas que podem ser afectadas pelas adições (por exemplo, a capacidade de decisão e o controlo inibitório) têm permitido “adequar e direccionar melhor as abordagens e os programas de intervenção, incluindo programas de prevenção dirigidos a capacitar os jovens para opções e decisões mais benéficas”.

A implementação da rede de referenciação para o álcool e para as substâncias ilícitas, documento já aprovado pelo governo, cria bases de ligação importantes entre os serviços de saúde permitindo aos profissionais maior facilidade em orientar os utentes para os níveis de cuidados mais consentâneos com a situação de cada um.

No entanto, para iniciar esta articulação João Curto considera fundamental “a formação dos profissionais em matéria de comportamentos aditivos e técnicas de abordagem, e uma boa rede de comunicação a funcionar particularmente a compatibilização dos programas informáticos para a área clínica”.

A Revista Adictologia

Desde a constituição da Associação, em Novembro de 2010, que faz parte dos objectivos a criação de uma revista científica. Em Portugal, a única publicação específica em Adições foi a revista Toxicodependências (Editada pelo ex Instituto da Droga e da Toxicodependência) que deixou de ser editada desde 2012. “Além disso, verificamos que a edição de trabalhos portugueses sobre a matéria é reduzida”, comenta o presidente, sublinhando que, nessa medida, a revista Adictologia “trata-se de um desafio para todos que queiram realizar trabalhos relacionados com as adições, incentivando a criação de artigos, facilitando um espaço onde possam publicar e, ao mesmo tempo, divulgar os conhecimentos entre os profissionais que trabalham directa ou indirectamente nesta área das adições”.

Os objectivos e expectativas para a publicação são os de sedimentar a revista como publicação científica, conseguir estimular os profissionais a aderir a este desafio estimulando a produção de trabalhos, cada vez mais, rigorosos e inovadores e fazer da revista um espaço de partilha de conhecimentos com a maior divulgação possível. Esperamos sinceramente que possa contribuir para um conhecimento mais aprofundado dos comportamentos e doenças aditivas.

A revista estará disponível no site da Associação Portuguesa de Adictologia -www.adictologia.com, uma vez que se trata de uma revista online. Situação que não inviabiliza a possibilidade de um determinado número poder ter uma edição em papel.

Por expressa opção do autor, o texto não respeita o Acordo Ortográfico

Artigos relacionados

Adições não se resolvem apenas com “força de vontade”

O álcool, das origens até aos nossos dias

Doença mental aumenta dependência do tabaco

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Plano de contingência em prática
Os maiores hospitais do país estão a preparar-se para o aumento da afluência do Verão. E já se sente uma maior procura.

O calor que se fez sentir nas últimas semanas aumentou o número de pessoas a recorrer às urgências de alguns pontos do país. A tendência não é geral, mas os hospitais de S. João, no Porto, e S. José, em Lisboa, registam já um ligeiro aumento de afluência. Para os próximos dias está previsto um aumento das temperaturas no Centro e no Sul do país. Os responsáveis reiteram as recomendações da Direção-Geral da Saúde: boa hidratação, evitar exercício ao sol e ter cuidado em particular com as pessoas mais vulneráveis, idosos, crianças e doentes crónicos.

O jornal i fez uma ronda pelos maiores hospitais e estão todos a preparar-se para o Verão, embora o impacto do calor não se sinta ainda em todo o lado. No Norte, onde as temperaturas não têm estado tão elevadas, só o S. João acusou um aumento de afluência, na casa dos 5%, passando de 436 doentes/dia no último mês para uma média de 456 doentes/dia nas duas últimas semanas.

João Jaime, diretor do Serviço de Urgência Polivalente do CH S. João, explica que por isso houve também um aumento da demora para observação, mas há um plano de contingência para temperaturas adversas em vigor para assegurar que se mantém uma resposta adequada nas próximas semanas. Já em Lisboa, o Centro Hospitalar Lisboa Central, que integra o Hospital de S. José, dá conta de um aumento ligeiro na procura face aos últimos meses.

Período de férias

Tendo em conta que se aproxima o período de férias, a unidade admite recorrer nas próximas semanas em situações muito pontuais à prestação de serviços de modo a assegurar as escalas da urgência. João Jaime, do S. João, adianta que não há registo das clássicas insolações, tendo havido apenas um caso de indisposição devido a exercício físico excessivo debaixo do sol.

Nota-se também um aumento do número de casos de cólicas renais, também associados ao efeito de calor, e daí ser aconselhável uma boa hidratação dos doentes crónicos. Já o Centro Hospitalar de Lisboa Central informa que os efeitos do calor se verificam sobretudo no agravamento de doenças respiratórias crónicas, doenças cardiovasculares e num aumento dos casos de desidratação em idosos.

Plano de contingência

Em Santa Maria não se regista até ao momento uma maior afluência às urgências. Fonte oficial informou contudo que o plano de contingência está a ser posto em prática e que o hospital está mais bem preparado que no passado para o Verão, com nova climatização e filtros nas janelas.

No Amadora-Sintra, segundo o mesmo jornal apurou, o serviço de observação tem estado cheio, mas esta tem sido a situação habitual nos últimos meses, com apenas duas semanas de maior acalmia.

Já no Algarve, por agora, tudo calmo, e a procura até está abaixo do normal, informou a unidade. No Centro Hospitalar do Algarve, os atendimentos nas urgências chegam a duplicar no pico Verão. No ano passado em Agosto registaram-se mais 70% de idas às urgências dos hospitais de Faro e Portimão que na média dos primeiros meses do ano.

Portugal começou em 2004 a pôr em prática um plano de contingência para as ondas de calor, em 2011 substituído pelo Plano de Contingência para Temperaturas Extremas Adversas – Módulo Calor 2014.

Alertas

O plano é activado a 15 de Maio e prolonga-se até 30 de Setembro com três níveis de alerta. Caso as temperaturas excedam durante vários dias os valores que constituem perigo para a saúde, há instruções para reforçar o acompanhamento de idosos e outras pessoas institucionalizadas e assegurar a capacidade de resposta das unidades de saúde. Os alertas podem ser acompanhados no site da DGS e ontem a situação era normal para a época em todo o país.

Os dois últimos anos com piores registos são 2003 e 2010. Em 2003 uma onda de calor que se prolongou em algumas zonas por mais de duas semanas foi associada a 1953 mortes, sobretudo de idosos com mais de 75 anos.

Em 2010 houve um excesso de mortalidade durante o período de Verão de 1684 mortes. Já no ano passado, apesar de se terem registado duas ondas de calor (pelo menos cinco dias consecutivos com temperaturas acima da média), não houve mais mortes do que é habitual nesta altura do ano.

Entre 2012 e 2015
A grande maioria dos hospitais avaliados pela Entidade Reguladora da Saúde cumpre os critérios de qualidade exigidos, tendo...

Segundo resultados divulgados pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS), o Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS) abrange atualmente 163 estabelecimentos hospitalares públicos, privados e do setor social, mas só 130 são avaliados na dimensão da excelência clínica.

Dos 130 estabelecimentos avaliados, 82% demonstraram cumprir os critérios de qualidade exigidos, tendo obtido a ‘estrela’ do primeiro nível de avaliação.

Seis unidades não obtiveram a ‘estrela’ deste primeiro nível de avaliação por não ter sido possível aferir todos os requisitos de qualidade exigidos pelo regulador.

Outros 15 prestadores optaram por não se submeter a avaliação, não tendo enviado quaisquer dados relativos ao período em análise.

Segundo a ERS, os prestadores que atingiram o primeiro nível de avaliação mostraram um aumento de 23% de 2012 para 2015, subida que se verificou tanto no setor público, como no privado e social.

Contudo, o setor público foi o que registou uma subida mais acentuada dos hospitais que atingiram avaliação em excelência clínica, passando de 29% em 2012 para 40% em 2015.

A ERS faz ainda uma avaliação num segundo nível às unidades hospitalares, estabelecendo um ‘ranking’ por três níveis de qualidade relativamente a várias áreas e, como cirurgia de ambulatório, ortopedia, ginecologia, enfarte agudo do miocárdio ou obstetrícia.

Comparando com a última avaliação, feita em dezembro do ano passado, houve um aumento do número de hospitais com nível de qualidade IIII (superior) nas áreas do enfarte agudo do miocárdio, da cirurgia do cólon e de obstetrícia.

O regulador sublinha que têm melhorado nas unidades de saúde os indicadores relativos à infeção hospitalar.

Os atuais resultados do SINAS Hospitais, que é publicado semestralmente, reportam-se a episódios com alta entre 1 de Julho de 2013 e 30 de Junho de 2014.

Portugal lidera consórcio europeu
Portugal lidera um consórcio europeu que se propõe desenvolver uma nova terapia para o cancro, que mata o tumor sem causar...

O investigador Gonçalo Bernardes, coordenador do projeto, lembrou que "as drogas que são atualmente usadas não conseguem distinguir a célula saudável de uma célula cancerígena".

Nesse sentido, adiantou, o que o consórcio pretende fazer "é conjugar essas drogas com umas moléculas que se chamam anticorpos, que são específicos para moléculas que estão presentes na superfície das células cancerígenas e, dessa forma, direcionar as drogas convencionais para as células cancerígenas".

Segundo Gonçalo Bernardes, coordenador do Laboratório de Biologia Química e Biotecnologia Farmacêutica do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa (IMML), podendo aumentar-se a concentração das drogas tóxicas no tumor, sem atingir as células saudáveis, aumenta-se a eficácia do tratamento e a eliminação de células cancerígenas.

A equipa de trabalho, que agrega 30 a 40 elementos, espera usar este novo tratamento como primeira medicação para o tratamento do cancro, de qualquer tipo de cancro, tendo em conta o seu estado de desenvolvimento.

O projeto obteve um financiamento de 2,5 milhões de euros para quatro anos, do programa europeu de bolsas "Ações Marie Curie", que permitirá criar a nova classe de moléculas - os anticorpos conjugados com moléculas tóxicas - e testá-la em ratinhos.

Do consórcio europeu fazem parte instituições académicas e laboratórios farmacêuticos de Portugal, Espanha, Reino Unido, França, Alemanha, Áustria e Suíça.

Portugal está representado pelo IMML e pela Faculdade de Farmácia de Lisboa.

Parlamento
A Assembleia da República debate hoje em plenário uma petição e três projetos de resolução do PSD/CSD-PP, PCP e Bloco de...

A petição com 5.064 assinaturas, lançada pela Associação Portuguesa de Doentes com Fibromialgia (APDF), refere que existem mais de 500.000 doentes em Portugal, “onde a patologia está já reconhecida”, mas os pacientes continuam “sem quaisquer direitos”.

Os três projetos propõem várias medidas para reconhecer as especificidades destes doentes, como adequar horários de trabalho, criar incentivos para a sua empregabilidade, e divulgar informação sobre a fibromialgia nos cuidados de saúde.

O PSD e os CSD-PP referem no projeto que o desconhecimento e dificuldade em diagnosticar a doença têm contribuído para “o não tratamento atempado e adequado por parte dos profissionais de saúde, não raro sem formação especializada para o efeito” e para “a manutenção de uma certa desvalorização” da fibromialgia na sociedade e no mundo laboral.

Os comunistas propõem, por seu turno, entre outras medidas, a implementação de uma “tabela de incapacidades e funcionalidades em saúde, que seja sensível às incapacidades decorrentes desta doença crónica” e o acesso gratuito aos medicamentos “indispensáveis à melhoria da qualidade de vida” destes doentes.

O Bloco de Esquerda também recomenda, no projeto de resolução, “a implementação de medidas pelo reconhecimento e proteção das pessoas com fibromialgia”.

Para o BE, é essencial que estes doentes vejam “a sua doença efetivamente reconhecida”, assegurando o seu acesso à proteção na saúde, reconhecendo e “acautelando as incapacidades advindas das especificidades” da doença.

Dia 3 de julho
O parlamento vai debater no dia 3 de julho alterações à lei do aborto, analisando propostas da iniciativa de cidadãos “Pelo...

Entre as modificações à lei da interrupção voluntária da gravidez (IVG), propostas pelo movimento, estão o fim da equiparação entre IVG e maternidade para efeitos de prestações sociais e aplicação de taxas moderadoras.

A notícia de que o parlamento discute esta iniciativa ainda nesta legislatura foi avançada pela Rádio Renascença e confirmada por Isilda Pegado.

A conferência de líderes do parlamento tinha decidido no dia 17 deste mês não agendar a discussão desta iniciativa legislativa de cidadãos, propondo que transitasse para a legislatura seguinte.

A iniciativa de cidadãos propõe ao parlamento que, no âmbito do consentimento informado para realizar um aborto, seja mostrada à mulher a ecografia necessária para confirmação das semanas de gravidez, devendo a grávida assinar essa ecografia.

“Entendemos que o consentimento informado é mais do que a assinatura de um papel. É necessário um conhecimento do que é praticado no corpo da pessoa”, explicou Isilda Pegado.

Em relação às taxas moderadoras, o movimento “Pelo Direito a Nascer” pretende que a interrupção da gravidez seja considerada como “qualquer ato médico”, em que só está isento quem tem razões económicas para o efeito.

Isilda Pegado considera que as propostas deste grupo de cidadãos pretendem ter uma “lei de apoio à maternidade, à paternidade e pelo direito a nascer”.

A iniciativa legislativa de cidadãos recolheu cerca de 50 mil assinaturas, 38 mil das quais reconhecidas.

Quando, no dia 17 de junho, a conferência de líderes decidiu adiar esta iniciativa legislativa, foi também acordado que o presidente da Assembleia da República em exercício, Guilherme Silva (já que Assunção Esteves estava em visita oficial à Guiné), iria contactar os promotores da iniciativa e expor-lhes a matéria.

Esta sugestão foi aceite por todos os partidos e o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, afirmou então que não havia qualquer intenção política no adiamento para a próxima legislatura da discussão da iniciativa, justificando-o com a gestão do tempo disponível para os trabalhos parlamentares.

Segundo disse Isilda Pegado, a iniciativa de cidadãos “Pelo Direito a Nascer” soube ontem ao final da tarde do agendamento do debate para dia 3 de julho.

Investigadora portuguesa
Uma investigadora portuguesa descobriu um novo método de diagnóstico precoce e não invasivo do cancro do pâncreas através de...

O estudo, publicado na revista Nature, demonstra que a presença de uma determinada proteína no sangue está relacionada com lesões malignas no pâncreas “e que não são detetáveis por ressonância magnética”, refere nota do Ipatimup (Instituto de Patologia Molecular e Imunologia da Universidade do Porto).

Liderada por Sónia Melo, a investigação demonstrou que as células tumorais do pâncreas produzem exossomas (nano-vesículas) com uma proteína específica – GPC1 – que podem ser detetados numa análise ao sangue.

Os investigadores demonstraram ainda haver uma relação entre a existência daquela proteína no sangue e a presença de lesões pancreáticas iniciais não detetáveis em ressonância.

A investigadora do Ipatimut “descobriu que a presença de exossomas com esta proteína no sangue permite distinguir indivíduos sem doença ou com doença benigna do pâncreas, de doentes com cancro do pâncreas”, acrescenta.

O estudo mostra assim que “a deteção de exossomas com a proteína GPC1, que circulam no sangue de pacientes com cancro do pâncreas, pode ser utilizada como uma ferramenta de diagnóstico não invasiva e como uma ferramenta para detetar fases iniciais de cancro do pâncreas”, conclui o Ipatimup.

Estudo
O número de jovens que afirma sentir fome por não ter comida em casa aumentou em 2014, segundo um estudo que revela ainda que...

O estudo “Health Behaviour in School-aged Children” (HBSC) realizado em Portugal para a Organização Mundial de Saúde, inquiriu 6.026 alunos dos 6º, 8º e 10º anos de escolas de todo o país.

Entre os comportamentos que apresentam alterações ao longo dos últimos anos, destaca-se o “sentir fome por falta de comida em casa”, um fenómeno que aumentou em 2014, depois de se ter mantido estável desde 2006.

O estudo, coordenado pela investigadora Margarida Gaspar de Matos, revela que 99% dos inquiridos relatam ter uma boa nutrição, no entanto 80% ingerem comida não saudável, 75% afirmam comer por vezes demasiado, 66% reconhecem ser esquisitos em relação à comida e 63% reportam comer “o que calha”.

O mesmo estudo conclui que 51% só comem “quando calha”, 35% comem “como um passarinho” e outros 35% afirmam ter dificuldade em parar de comer.

Quanto aos géneros, são os rapazes quem mais frequentemente tomam o pequeno-almoço e as raparigas quem mais frequentemente faz dieta.

Em termos de idades, os mais novos tomam mais frequentemente o pequeno-almoço do que os mais velhos, e estes fazem menos dieta.

O estudo revela ainda que são os rapazes e os mais jovens do grupo de inquiridos os que estão mais frequentemente acima do peso, mas são também quem mais frequentemente afirma ter um “corpo perfeito”.

Um outro estudo incluído num projeto europeu, intitulado “Tempest” e também coordenado em Portugal por Margarida Gaspar de matos, inquiriu 1.200 jovens de todo o país entre os 9 e os 17 anos de idade.

Ainda sobre a alimentação, os dados deste estudo relativos a 2014 indicam que as raparigas têm mais auto-regulação, mais preocupação com a nutrição e mais influenciadas pela cultura familiar no que respeita à nutrição.

Os jovens mais velhos do grupo de inquiridos são mais influenciados pelo ambiente, no que à alimentação diz respeito, são menos monitorizados pela família, revelam menos auto-regulação e menos preocupação com a nutrição.

As famílias constituem um importante fator de regulação externa da alimentação dos adolescentes, mas mais no grupo dos mais jovens do que no dos mais velhos, que, no entanto, ainda não têm suficiente auto-regulação.

Os inquiridos consideram como principais suportes sociais a uma boa alimentação “jantar com a família”, “não petiscar entre as refeições” e “aprender a cozinhar e cozinhar refeições”.

O estudo Tempest avaliou também quais as preocupações dos adolescentes e como é que eles as enfrentam, tendo concluído que as preocupações são, desde 2012, os assuntos escolares (classificações, fracassos, professores e escolhas futuras), amigos/namorados (afetos, dúvidas e perdas) e assuntos familiares (conflitos e saúde).

No entanto, o estudo destaca que em 2014 surgiu uma nova inquietação entre os jovens, que não era apresentada nos anos anteriores: “preocupações económicas”.

Para fazer face a estes problemas, os jovens dizem que se livram deles evitando-os (dormindo ou não pensando), distraindo-se (com atividades alternativas como divertimentos, comida, musica, internet, televisão, livros ou desporto) ou através de apoio dos amigos (conversarem ou estarem juntos).

Os jovens mais velhos do grupo (inquiridos também nos anos anteriores do estudo) apresentaram em 2014 pela primeira vez uma nova forma de enfrentar as preocupações, acrescentando a hipótese “resolver o problema” às três anteriores.

Páginas