Professora desenvolveu
Professora de estatística da Universidade do Novo México, nos EUA, desenvolveu uma ferramenta que visa ajudar médicos e pacientes.

São seis perguntas cujas respostas permitem calcular o risco de vir a desenvolver cancro da mama no espaço de cinco ou dez anos e estão disponíveis online, escreve o Diário de Notícias.

Com base na idade, raça e etnia, casos da doença na família, historial de biópsias e a densidade da mama - dado que resulta da mamografia - a calculadora desenvolvida por uma professora de estatística da Universidade do Novo México, nos EUA, permite calcular a probabilidade de qualquer mulher vir a desenvolver a doença.

"A nossa ferramenta é única porque combina a densidade da mama e os resultados de biópsias", explicou Charlotte Gard no comunicado divulgado pela universidade. A professora, que tem vários casos de cancro da mama na família, é consultora do Instituto Nacional do Cancro.

O objetivo da calculadora é ajudar os médicos e as pacientes a avaliar com maior precisão o risco de desenvolverem a doença, permitindo-lhes tomar decisões mais bem informadas sobre cuidados de saúde preventivos.

"Todas as pessoas devem ter o máximo de informação possível para poderem tomar uma decisão, com os seus médicos, sobre os seus cuidados de saúde", indicou o porta-voz do Departamento de Saúde do Novo México, David Morgan.

Estudo
As crianças expostas ao tabaco antes e depois do nascimento correm duas vezes mais riscos de terem problemas de comportamento,...

Os malefícios do tabaco nas crianças são velhos conhecidos: a substâncias nocivas do cigarro favorecem a ocorrência de asma, o nascimento de bebés com baixo peso e o desenvolvimento de deformidades congénitas nos fetos.

Mas o papel do fumo sobre os comportamentos é muito menos estudado, ressaltou o Instituto Nacional de Pesquisa Médica de Saúde de França (Inserm), responsável pela investigação.

"A exposição ao tabaco durante a gravidez e após o nascimento praticamente duplica os risco de problemas comportamentais entre as crianças escolarizadas no ensino fundamental", comentou Isabella Annesi-Maesano, investigadora da Universidade Pierre e Marie Curie e coordenadora da investigação.

Mentir e até roubar
As crianças expostas ao tabaco tornam-se mais agressivas: conflituosas, desobedientes, raivosas e mais frequentemente inclinadas para mentir, enganar e até roubar, acrescenta.

Segundo o Sapo e de acordo com a investigação, publicada na revista norte-americana PloS One, a proporção das crianças expostas ao tabaco em período pré e pós-natal (18%) têm este tipo de condutas anormais (18%). Porém, as crianças que não tiveram proximidade com ambientes de fumadores tendencialmente desenvolvem comportamentos menos desviantes (9,7%).

No estudo, 13% das crianças tiveram problemas de conduta e 15% problemas emocionais - quer tenham sido expostos ou não ao tabaco, explicou a pesquisadora. Ao todo, 20% das crianças estudadas de cinco hospitais francesas foram expostas ao tabaco durante a gravidez e nos primeiros meses de vida.

Trabalhos anteriores já tinha mostrado existir uma relação entre a exposição ao tabaco e uma taxa acentuada de problemas comportamentais. Mas o novo estudo, é o primeiro a mostrar num número tão grande de crianças, uma "associação" entre a exposição pós-natal ao tabaco e o desenvolvimento de problemas emocionais e de conduta.

Associação de Retinopatia de Portugal
A Associação de Retinopatia de Portugal vai assinalar a Semana Internacional da Retina e o Dia Mundial da Visão com um programa...

Os eventos mais relevantes decorrem nos dias 8 e 10 de outubro, no Parque das Nações e no Piódão, respetivamente, escreve o Sapo.

“Só uma vida saudável e vigiada clinicamente, em especial a partir dos 50 anos de idade, pode diminuir significativamente a probabilidade do aparecimento e o impacto de patologias como a DMI – Degenerescência Macular Ligada à Idade, Retinopatia Diabética e Glaucoma e é importante sensibilizar as pessoas neste sentido”, explica Rui Vasconcelos, presidente da ARP.

E acrescenta: “Estas doenças causam afetação moderada ou severa da visão, comprometendo decisivamente a qualidade de vida e a autonomia dos doentes. Em fases mais avançadas e menos controladas, podem levar à cegueira".

"Em Portugal, 150 mil portugueses sofrem de baixa visão e muitas pessoas estão mesmo em risco de cegar", diz ainda.

No âmbito das comemorações da Semana Internacional da Retina e do Dia Mundial da Visão, a Associação de Retinopatia de Portugal (ARP) vai realizar, no dia 8 de outubro, no Parque das Nações, a II Conferência Deficiência Visual e Reabilitação, um espaço privilegiado de debate educativo e científico, de várias matérias relevantes relacionadas com a saúde da visão e inclusão social das pessoas com deficiência visual.

No dia 10 de outubro terá lugar o principal e inovador evento deste programa de comemorações: o I Encontro Nacional de Pessoas com Baixa Visão, no INATEL Piódão Hotel, em Coimbra. Este será um momento especial de encontro e partilha de experiências e conhecimentos, nesta área tão específica e desconhecida que abrange tantos cidadãos, como é a Baixa Visão, com todos os seus impactos sociais.

OMS quer
A Organização Mundial da Saúde recomendou que qualquer pessoa infetada com o vírus da Sida deva ser tratada imediatamente com...

Até agora, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendava começar este tratamento apenas em adultos com VIH e quando o número de suas células CD4 (um tipo de linfócito) era inferior a 500 células por milímetro cúbico de sangue.

Mas agora, segundo o Sapo, esta agência das Nações Unidas considera que é preciso começar o tratamento imediatamente depois do diagnóstico, de maneira a que todas as pessoas que têm o vírus da Sida, crianças ou adultos, possam beneficiar das vantagens do mesmo.

A OMS considera ainda que devem ser propostos tratamentos preventivos com antirretrovirais "a todas as pessoas que correm um risco substancial de ficar infetadas pelo VIH". Graças a estas novas recomendações, o número potencial de pessoas que podem receber o tratamento passará de 28 para 37 milhões, indica a OMS.

A agência das Nações Unidas espera, assim, evitar 21 milhões de mortes e 28 milhões de novas infeções até 2030.

Estas medidas surgem na sequência dos trabalhos da grande conferência internacional sobre a Sida, que aconteceu em julho em Vancouver, no Canadá.

Estudos recentes demonstram que se o tratamento for aplicado imediatamente depois do diagnóstico será possível prevenir em grande margem a transmissão por via sexual a outras pessoas. Outros estudos demonstram que uma terapia preventiva pode proteger de forma eficaz as pessoas em risco de contágio.

O grande objetivo da OMS é erradicar a Sida até 2030.

Em Portugal
Um relatório conjunto da Universidade do Porto e da Direção-Geral de Saúde indica que os casos de demência estão a aumentar em...

O aumento de casos de demência deve-se a uma cada vez mais população envelhecida, com famílias mais curtas e mais distantes, explica o documento.

A doença de Alzheimer em Portugal, segundo o Sapo, atinge cerca de 90 mil pessoas e estima-se que em 2050 o número de casos triplique.

O Alzheimer é uma doença em que o diagnóstico precoce é fundamental para um melhor prognóstico.

"Espera-se que as doenças mais típicas da velhice tendam a aumentar", diz Pedro Santos, coordenador do estudo, em declarações à Antena 1.

Estado tem de criar estruturas
Segundo o investigador, o Estado português "precisa de desenvolver recursos organizados, sobretudo ao nível do diagnóstico e depois numa rede de acompanhamento que seja adequada".

"As demências precoces têm surgido cada vez mais", alerta. "É uma das doenças mais temidas, em paralelo com o cancro e AVC", diz ainda.

A Doença de Alzheimer é um tipo de demência que provoca uma deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas (memória, atenção, concentração, linguagem, pensamento, entre outras). É a forma mais comum de demência, constituindo cerca de 50% a 70% de todos os casos.

Esta deterioração tem como consequências alterações no comportamento, na personalidade e na capacidade funcional da pessoa, dificultando a realização das suas atividades de vida diária.

DGS
A Direção-Geral da Saúde revelou que há mais duas pessoas internadas por suspeita de botulismo alimentar, subindo assim para...

A Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou à Renascença que há mais duas pessoas internadas por suspeita de botulismo alimentar. Sobe assim para cinco o número de doentes hospitalizados com a doença.

Segundo Cristina Abreu, da DGS, um dos suspeitos é do norte e o outro da região de Lisboa e Vale do Tejo.

“Temos a informação de que existem dois casos suspeitos ainda em investigação. Ou seja, têm alguns sintomas que são compatíveis com a doença mas que não têm a confirmação laboratorial. Portanto, neste momento o número de casos confirmados é três e existem dois outros em investigação ainda não confirmados. Penso que até ao final da semana poderemos ter mais informação laboratorial e nessa altura a direção geral informará. Posso confirmar que uma pessoa é do norte e outra pessoa da região de Lisboa e Vale do Tejo”, disse.

De acordo com a DGS nenhuma das situações – quer os suspeitos agora revelados, quer os casos confirmados - apresenta risco de vida.

Indústria do sector da alheira sofre quebras acentuadas na produção

A Câmara de Mirandela pondera investir em ações de esclarecimento sobre a origem dos casos de botulismo que estão a afetar de forma alarmante a indústria da alheira.

António Branco, presidente da autarquia, diz à Renascença que é necessário que as autoridades expliquem de forma sólida que os casos de botulismo nada tem a ver com a indústria do concelho.

“Aquilo que vamos fazer para além dos contactos institucionais é conseguir que a comunicação seja positiva e reponha a verdade. Se for necessário investimos nessa comunicação. Temos de repor o estatuto da alheira de Mirandela”, referiu.

António Branco exorta as entidades a um esclarecimento cabal da situação até porque toda a região está a ser vítima de quebras muito preocupantes na procura do ex-libris da região. 

Em Lisboa
Ministério da Saúde concluiu os concursos destinados a aumentar o número de entidades prestadoras do exame na zona da Grande...

A lista das 37 entidades qualificadas para fazer colonoscopias na zona da Grande Lisboa, passando a integrar a rede de convencionados do Serviço Nacional de Saúde, foi disponibilizada, esta quarta-feira, no Portal da Saúde, escreve a Rádio Renascença.

É agora possível consultar os nomes das unidades de saúde com as quais o Ministério da Saúde chegou a acordo para que estes exames comecem a ser comparticipados pelo Estado.

Até agora, na zona da Grande Lisboa, havia apenas dois locais onde os utentes podiam realizar colonoscopias comparticipadas.

Em 2013, fizeram-se mais de 118 mil colonoscopias, que custaram mais de cinco milhões de euros. No ano passado, houve um aumento de quase 30% destes exames, que custaram mais de sete milhões de euros.

Em Junho, o ministro da Saúde tinha anunciado o concurso e esclarecido que os utentes que optarem por realizar as colonoscopias nos novos prestadores de serviços de saúde terão a opção de efetuar o exame com sedação.

De acordo com a Administração Central dos Sistemas de Saúde, apresentaram propostas ao concurso 170 prestadores de cuidados de saúde, 16 só no distrito de Lisboa.

Num comunicado divulgado em Junho, a Administração Central lembrava que os utentes do Serviço Nacional de Saúde com uma credencial emitida pelos serviços e estabelecimentos de saúde públicos podem dirigir-se a qualquer uma das várias entidades que estão convencionadas com o Estado a nível nacional e aí realizarem as colonoscopias (exame por endoscopia do intestino grosso).

A partir de hoje
Os pais ficam obrigados, a partir desta quinta-feira, a pagar a pensão de alimentos aos filhos até aos 25 anos, desde que...

Até agora, o progenitor que tinha o filho a seu cargo só podia exigir a pensão até à maioridade do filho, aos 18 anos.

A obrigação passa a ser automática até aos 25 anos e pode até ser prolongada por mais tempo. O juiz António Fialho, do Tribunal de Família e Menores do Barreiro, explicou à Renascença que "parte-se do princípio que aos 25 anos os jovens já terminaram a sua formação universitária, mas ela poderá prolongar-se em determinados casos”.

“A pensão pode prolongar-se, por exemplo, caso o jovem tenha alguma incapacidade ou demonstre que não conseguiu, sem culpa própria, terminar a formação universitária”, esclarece o juiz António Fialho.

“A vantagem da nova regra dos 25 anos é que, até essa idade, goza da presunção de que necessita da pensão de alimentos. A partir daí terá que ser ele a demonstrar que continua a necessitar da pensão de alimentos", acrescenta.

Padrastos com responsabilidades alargadas
A partir desta quinta-feira, o exercício das responsabilidades é alargado ao padrasto ou madrasta em caso de ausência, incapacidade, impedimento ou morte de um dos progenitores.

Como explica o juiz António Fialho, "quando não existir uma paternidade ou maternidade estabelecida, são alargadas as responsabilidades parentais ao companheiro, ou companheira, do pai ou da mãe. É, no fim de contas, o que estava pensado no projeto da co-adoção que foi chumbado. Optou-se por esta solução mais ligeira na atribuição das responsabilidades parentais".

Os padrastos e as madrastas passam, a partir desta quinta-feira, a ter prevalência sobre os ascendentes do menor, por exemplo, sobre os avós.

Comissão Nacional para os Centros de Referência
Cinco centros hospitalares foram aprovados como referência nas áreas de epilepsia refratária, onco-oftalmologia, paramiloidose...

De acordo com o neurocirurgião João Lobo Antunes, está elaborada a lista das instituições que, a partir de agora, são os centros de referência para estas doenças.

Para a epilepsia refratária, foram aceites como centros de referência o Centro Hospitalar do Porto (CH Porto), o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e os Centros Hospitalares de Lisboa Ocidental (CHLO), Lisboa Central (CHLC) e Lisboa Norte (CHLN).

O CHUC é, a partir de agora, o centro de referência para a área de onco-oftalmologia.

Para a paramiloidose familiar, as unidades eleitas foram o CH Porto e o Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN).

O centro de referência para o transplante pulmonar é o Centro Hospitalar Lisboa Central, enquanto que para o transplante de pâncreas o CH Porto e o CHLC foram as unidades de saúde com condições para este reconhecimento.

Os centros de referência para o transplante hepático são o Centro Hospitalar do Porto, o CHUC (Coimbra) e o CHLC (Lisboa).

Segundo João Lobo Antunes, candidataram-se a centros de referência para as áreas dos cancros raros, da transplantação de órgãos e de doenças genéticas 116 instituições.

No entanto, numa primeira fase, apenas foram analisadas as 18 candidaturas às áreas de epilepsia refratária, onco-oftalmologia, paramiloidose familiar, transplantes pulmonares, do pâncreas e hepáticos.

A segunda fase incluirá as 32 candidaturas recebidas para centros de referência para as áreas de oncologia de adultos (cancro do testículo e sarcomas das partes moles e ósseos), transplante do coração, transplantação cardíaca pediátrica, renal em adultos e renal pediátrica.

Para a terceira fase, oncologia de adultos – cancro do esófago, do reto e hepatobiliopancrerático, foram recebidas 66 candidaturas.

Fonte do gabinete do ministro da Saúde disse que é objetivo do ministro da Saúde aprovar esta primeira lista antes do final do mandato.

Segundo João Lobo Antunes, a análise das candidaturas, que respondem a exaustivos critérios, exige da comissão um árduo trabalho, pelo que este está a ser realizado por fases.

Contudo, o neurocirurgião congratula-se com o facto de, a partir de agora, os portugueses saberem “onde estão os centros de excelência” em áreas complexas.

Um centro de referência é um serviço, departamento ou unidade de saúde, reconhecido como o expoente máximo de competências na prestação de cuidados de saúde de elevada qualidade.

Ministério da Saúde
O pagamento de taxas moderadoras na interrupção de gravidez quando for realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas...

Segundo o Ministério da Saúde, o valor da taxa moderadora para a IVG vai ser de 7,75 euros, valor que é igual ao aplicado numa consulta de especialidade.

A legislação que determina este pagamento, promulgada a 26 de agosto pelo Presidente da República, Cavaco Silva, foi publicada na edição de 7 de setembro do Diário da República.

No início de agosto, o Ministério da Saúde avançou que decidiu “dar seguimento a um parecer da Direção-Geral da Saúde, no sentido de a taxa moderadora, a ser cobrada, vir a corresponder ao valor de uma consulta de especialidade”, ficando isentas os restantes procedimentos associados à interrupção.

“Tendo em conta o objetivo de promover o planeamento familiar e proteger a saúde da mulher grávida, a taxa moderadora para a IVG é apenas referente ao ato de interrupção da gravidez”, explicou o Ministério.

No passado dia 22 de julho, a maioria PSD/CDS-PP aprovou a introdução de taxas moderadoras para a IVG, assim como a obrigatoriedade de aconselhamento psicológico e social e de consultas de planeamento familiar às mulheres que recorrem a este ato e o fim do registo dos médicos objetores de consciência.

Entre 2008 e 2013 houve um decréscimo de 1,6 por cento do número de abortos por opção da mulher e, em 2014, manteve-se a tendência decrescente – menos 9,5% em relação ao ano anterior.

Direção-Geral da Saúde
A campanha da vacinação contra a gripe arranca hoje, sendo gratuita para cidadãos com 65 e mais anos de idade, informou a...

Esta campanha vai decorrer durante todo o outono e inverno e a vacina é igualmente gratuita para as pessoas vulneráveis residentes ou internadas em instituições, sem necessidade de receita médica ou de pagamento de taxa moderadora.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) recomenda “fortemente” a vacinação “a pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, doentes crónicos e imunodeprimidos (a partir dos seis meses de idade), grávidas, bem como a profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados, por exemplo, em lares de idosos”.

Segundo a DGS, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) terá cerca de 1,2 milhões de doses de vacinas para distribuição gratuita.

Desde 2013
As consultas com médico de família aumentaram e as idas a urgências de hospitais públicos diminuíram, mas em contrapartida mais...

As conclusões constam de um estudo encomendado pelo Ministério da Saúde à Universidade Nova, coordenado pelo economista Pita Barros, denominado “Políticas Públicas na Saúde: 2011-2015 Avaliação do Impacto”, e que foi hoje apresentado publicamente.

No âmbito do acesso à saúde, quando questionados sobre a forma de auxílio procurada pelos utentes quando se sentiram doentes, o estudo revelou que entre 2013 e 2015 diminuíram as idas a consultas sem marcação no centro de saúde ou a uma urgência de um hospital público, de 46,15% para 38,51% e de 40,29% para 36,79%, respetivamente.

Estes indicadores foram bastante salientados pelo coordenador do estudo, Pita Barros, que os contrapôs com o aumento das consultas marcadas com médico de família – de 15,48% para 29,24% - considerando-os bastante positivos e reveladores de que as taxas moderadoras não impedem o acesso à saúde, mas efetivamente moderam, evitando recurso a serviços urgentes de casos não urgentes.

Da mesma forma foi destacada a descida verificada no recurso a consultórios privados (de 5,52% para 3,76%).

No entanto, o mesmo item da avaliação revela um aumento da procura de “consulta de urgência de um hospital privado” – de 2,09% para 5,02% - e do número de respondentes que afirmaram ter consultado um farmacêutico quando se sentiram doentes – de 0,39% para 4,89% - aspetos a que o economista não se referiu.

No final da apresentação do estudo, das perguntas do público chegou a questão sobre o “número subtil mas muito significativo de 5% que passaram a consultar o farmacêutico”: por que deixaram estas pessoas de ir ao médico e passaram a ir ao farmacêutico?

“Não tenho explicação para aquele número incompleto, temos mesmo que confirmar se é aquilo”, respondeu Pita Barros, justificando não ter feito o seguimento das pessoas e não ter referido o número por só ter aparecido em 2015.

Para o ministro da Saúde, Paulo Macedo, “o farmacêutico pode ter um papel importante relativamente à adesão terapêutica e ao aconselhamento relativamente aos medicamentos”.

O ministro considera positivo o aconselhamento com o farmacêutico, numa lógica de proximidade, desde que seja na sua área de especialidade.

Quanto ao aumento da procura de urgências privadas, o ministro explicou-o com o facto de as pessoas procurarem sempre maior comodidade e de quererem “ter todos os serviços e todos os exames de uma vez só”.

“O que se vai fazer a um serviço de atendimento de um hospital privado é muito diferente do que se vai fazer a uma urgência médico-cirúrgica ou polivalente”, afirmou, considerando, por isso, que os serviços não são comparáveis, desde logo porque não dispõe de um “serviço de 24 horas com as mesmas características, com o mesmo tipo de especialidades e com o mesmo tipo de apoio”.

No cômputo geral, a avaliação dos últimos quatro anos de políticas de saúde é positiva, revelando que o acesso a cuidados de saúde melhorou, embora não tenha atingido os 100% na cobertura da população por médicos de família, e que as assimetrias regionais diminuíram no acesso a cuidados de saúde primários.

Paulo Macedo lembrou que ainda assim aumentou o número de utentes com médico de família e sublinhou que para um milhão de portugueses sem médico atribuído existem dois milhões que têm e não o usam, considerando que é unânime a necessidade de resolver este problema, “a questão é a forma de o fazer”.

Quanto a barreiras no acesso à saúde, o estudo indica que o preço dos medicamentos continua a representar o maior entrave – recomendando “olhar com mais cuidados para as comparticipações” – e que estas barreiras continuam concentradas sobretudo nos desempregados e nos reformados.

O ministro sublinhou o esforço que foi concentrado nestes quatro anos em baixar o preço dos medicamentos (quer genéricos quer de marca).

No entanto, esta continua a ser uma das principais barreiras, o que Paulo Macedo explica com as “condições económicas e sociais adversas” acrescidas do facto de o consumo de medicamentos não ter diminuído, pelo que se não tivesse havido baixa de preços, “o acesso à saúde teria sido muito mais difícil”.

OMS
Os progressos da medicina têm permitido aumentar a esperança de vida, criando a suposição de que os idosos têm a melhor...

De acordo com o Relatório Mundial sobre Envelhecimento e Saúde, elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e hoje divulgado, a suposição passa pelo facto de as pessoas mais velhas terem mais saúde dos que os respetivos pais ou avós.

"Isto somado quer dizer que ‘70’ (anos) é o novo ‘60’", refere a OMS no documento, avisando, porém, que essa suposição "superficialmente positiva", carrega, porém, um "gosto amargo".

"Se, hoje, os adultos maiores de 70 anos possuem a mesma saúde que os adultos maiores de 60 anos do passado, pode concluir-se que os adultos maiores de 70 anos de hoje estão em melhor posição para se defenderem sozinhos e, portanto, há menos necessidade de ação politica para ajudá-los", argumenta a OMS.

Segundo o relatório, embora haja uma "forte evidência" de que a terceira idade está a viver mais tempo, principalmente em países de alto rendimento, "a qualidade desses anos extra não é clara", uma vez que os resultados de diferentes investigações são ainda "muito inconsistentes", tanto internamente, como entre Estados.

Uma análise feita pela OMS a pessoas nascidas entre 1916 e 1958 que participaram em diversos estudos sugeriu que, mesmo que a prevalência de deficiência grave - que exige ajuda de outra pessoa para realizar atividades simples, como comer e tomar banho - possa ter diminuído, "não há mudanças significativas na prevalência de deficiência menos grave".

Independentemente do cenário, a investigação considerou, em geral, apenas as perdas significativas de capacidade que ocorrem comummente durante os últimos anos de vida.

"Embora 70 não aparente ser o novo 60, não há nenhum motivo para que isso não se possa tornar uma realidade no futuro. Porém, torná-lo uma realidade exigirá muito mais ações de saúde pública concentradas no envelhecimento" para garantir essa qualidade de vida, defende a OMS.

Por outro lado, refere-se no documento, o envelhecimento da população vai aumentar menos os custos com cuidados de saúde do que o esperado, entrando aí nova suposição, ligada à ideia de que as crescentes necessidades dos idosos levarão a aumentos insustentáveis nos custos de saúde.

"Na realidade, esse cenário não está muito claro. Embora a idade avançada seja geralmente associada a um aumento nas necessidades de saúde, a associação com a utilização de cuidados de saúde e das despesas é variável", refere a OMS.

Segundo a OMS, nalguns países de rendimento alto, as despesas de saúde por pessoa caem significativamente cerca dos 75 anos de idade, ao mesmo tempo que aumentam as despesas com cuidados de longo prazo.

O crescente número de idosos permitirá que levem uma vida longa e saudável e, nesse sentido, "aliviar as pressões sobre a inflação nos gastos" com saúde.

A associação entre idade e gastos com saúde, segundo a OMS, também é fortemente influenciada pelo próprio sistema de saúde.

A OMS exemplifica com as situações na Austrália e Holanda, 10% com gastos com saúde, e Estados Unidos, 22%, ocorrem no cuidado de pessoas durante o ultimo ano de vida.

"Embora sejam necessárias mais evidências, prever custos futuros de saúde com base na estrutura etária da população é um valor questionável. Isso é reforçado por análises históricas que sugerem que o envelhecimento tem muito menos influência sobre os gastos com saúde do que diversos outros fatores", defende-se no documento.

Por exemplo, nos Estados Unidos, de 1940 a 1990, período de envelhecimento significativamente mais rápido da população já ocorrido, a terceira idade parece ter contribuído apenas com cerca de 2% dos gastos com saúde, enquanto as mudanças relacionadas a tecnologia foram responsáveis entre 38% e 65% desse crescimento.

OMS defende
A Organização Mundial de Saúde defendeu, face ao aumento da população idosa no mundo, um novo programa de "envelhecimento...

A ideia é defendida no Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde, elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e hoje divulgado, em que realça que é necessária uma saúde pública "abrangente" relacionada com o envelhecimento e que pode ser concretizada em todos os cenários, independentemente do nível de desenvolvimento económico de cada país.

Na conclusão do relatório, a OMS refere que a transformação dos sistemas de saúde terá de se realizar longe dos modelos curativos baseados na doença para uma prestação de cuidados integral e centrada nos adultos que ainda não são idosos.

A transformação, segundo o documento, obrigará a que o quadro de saúde pública para a ação construído sobre o conceito de envelhecimento saudável" exigirá o desenvolvimento, as vezes a partir do zero, de sistemas abrangentes de cuidados de longo prazo, bem como uma "resposta coordenada" de outros diversos setores.

"(O quadro) deve ser construído sobre uma mudança fundamental em nossa compreensão sobre o envelhecimento para outro que tenha em conta a diversidade das populações mais idosas e responda às desigualdades que muitas vezes estão subjacentes, exigindo ainda que se recorra a melhores formas de medir e monitorar a saúde e o funcionamento das populações mais velhas", lê-se no documento.

Embora exijam, "inevitavelmente", recursos, as ações podem ser um "bom investimento" no futuro da sociedade, proporcionando aos idosos a liberdade de viver vidas que as gerações anteriores podem nunca ter imaginado".

Comentando o relatório, Margaret Chan, diretora-geral da OMS, destacou que o envelhecimento da população está a "acelerar rapidamente" em todo o mundo, realçando que, pela primeira vez na história, a maioria das pessoas poderá esperar viver além dos 60 anos, o que trará consequências"profundas" na saúde e nos sistemas de saúde.

Para Chan, o relatório responde aos desafios ao recomendar mudanças igualmente profundas na maneira de formular políticas em saúde e prestar serviços de saúde às populações que estão envelhecendo.

"O relatório baseia suas recomendações na análise das mais recentes evidências a respeito do processo de envelhecimento, e observa que muitas perceções e suposições comuns sobre as pessoas mais velhas são baseadas em estereótipos ultrapassados.

"Como mostra a evidência, a perda de habilidade comummente associada ao envelhecimento está apenas vagamente relacionada com a idade cronológica das pessoas. Não existe um ‘idoso típico’", frisou.

Segundo Chan, embora a maior parte dos mais idosos apresente múltiplos problemas de saúde com o passar do tempo, a idade avançada "não implica dependência".

"Ao contrário do que se pensa, o envelhecimento tem muito menos influência nos gastos com atenção à saúde do que outros fatores, inclusive os altos custos das novas tecnologias médicas", acrescentou a diretora-geral da OMS.

A mensagem do relatório, prosseguiu, é "otimista", uma vez que, criadas novas políticas, o envelhecimento da população pode ser considerado uma "preciosa oportunidade" tanto para as pessoas como para as sociedades.

"Do princípio ao fim, o relatório usa exemplos de experiências de diferentes países para ilustrar como problemas específicos podem ser abordados através de soluções inovadoras. Os temas explorados variam desde estratégias para prestar atenção integral e centrada nas pessoas, às populações mais velhas, às políticas que permitam que os adultos maiores vivam com conforto e segurança e às maneiras de corrigir os problemas e injustiças inerentes aos sistemas atuais de atenção a longo prazo", defendeu.

Na opinião de Chan, o relatório "tem potencial" para transformar a forma como os formuladores de políticas e prestadores de serviço veem o envelhecimento da população.

Governo
O secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar garantiu que Portugal tem "elevadíssima segurança...

"Portugal é um país de elevadíssima segurança alimentar", afirmou Nuno Brito, recusando que se estabeleça "confusão" entre a empresa associada aos casos de botulismo detetados este mês ("Origem Transmontana") com a região de Trás-os-Montes. "Não confundamos uma empresa com uma região", apelou.

O governante, que falava aos jornalistas à margem de uma visita à empresa Minho Fumeiro, em Ponte de Lima, realçou ainda: "Essa marca está suspensa de laborar. Os belíssimos produtos do fumeiro transmontano são seguros, podem ser consumidos, e seguramente também são, não só uma boa imagem de Portugal mas também para as exportações portuguesas já que têm um peso extraordinariamente significativo no setor agroalimentar".

Nuno Brito adiantou que a "segurança alimentar é dos maiores critérios, a nível nacional, e o consumidor não tem que estar preocupado".

A fiscalização, sublinhou, "é corrente e recorrente no setor, existe normalmente e por isso é que foi detetado um problema deste género".

Questionado sobre uma possível quebra no consumo por causa deste caso, o secretário de Estado afirmou que "se o Governo fizer bem a informação, e a comunicação social fizer bem o seu trabalho, isso não deverá ocorrer".

O governante diz que, neste caso, "tudo foi bem feito", desde "a deteção, do ponto de vista da saúde, à intervenção das entidades competentes e o alerta aos consumidores".

De acordo com dados avançados por Nuno Brito, o valor das exportações do setor do fumeiro ronda os 320 milhões de euros.

Um comunicado conjunto da Direção-Geral da Saúde, Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica e Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge dava conta, no sábado, de que foram detetados este mês três casos de botulismo alimentar.

A origem destes casos de doença foi associada à ingestão de produtos alimentares fumados (alheiras), comercializados com a marca "Origem Transmontana" e, após investigação, as autoridades decidiram retirar de imediato do mercado os produtos à base de carne e os queijos da marca "Origem Transmontana".

Na nota de imprensa explica-se que o botulismo alimentar é uma doença grave, de evolução aguda, com sintomas digestivos e neurológicos, resultante da ingestão de diversos tipos de alimentos, contendo toxinas formadas pelo 'Clostridium botulinum' no próprio alimento.

A empresa em causa foi criada para comercializar "o que de melhor se produz na região", desde fumeiro, compotas, queijos, comprados a produtores ou de produção própria e vendidos com a marca "Origem Transmontana".

Campanha “Medicamentos online: sabe realmente o que está a comprar?”
A Ordem dos Médicos Dentistas é uma das entidades que em Portugal apoia o Infarmed no projeto europeu Fakeshare, de combate à...

No âmbito deste projeto, a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) vai participar ativamente, na promoção da campanha “Medicamentos online: sabe realmente o que está a comprar?”, associando-se à divulgação do vídeo que alerta os consumidores para os riscos do comércio online de medicamentos ilegais.

O vídeo mostra várias situações em que os consumidores, ao recorrerem à internet, podem estar a comprar medicamentos falseados, correndo sérios riscos de saúde. O maior perigo das vendas de medicamentos online é a dificuldade em distinguir um produto verdadeiro de um falseado.

O bastonário da OMD, Orlando Monteiro da Silva, considera que “combater a comercialização de fármacos falsificados é uma prioridade global e que todos os profissionais de saúde têm um papel importante no aconselhamento e alerta dos seus pacientes para os perigos que a compra de medicamentos online pode representar para a sua saúde.”

O Infarmed avisa que a “venda de medicamentos pela internet atrai cada vez mais as redes criminosas que visam o lucro com a venda de medicamentos falsificados. Esta atividade tem vindo a multiplicar-se e disseminar-se de ano para ano pondo em risco um número cada vez maior de consumidores do espaço europeu”.

A diretiva da União Europeia sobre “Medicamentos Falsificados” emitida em 2011 veio regular a venda de medicamentos online, no entanto, não tem sido suficiente para travar o aumento de sites ilegais de venda de medicamentos. Em 2013, foi criado o projeto Fakeshare, cofinanciado por Bruxelas e que visa fomentar a partilha de informação “sobre páginas da internet identificadas por venderem medicamentos falsificados, modos de atuação e outras ações desencadeadas por cada Estado Membro individualmente, para impedir a entrada e o respetivo acesso a medicamentos falsificados”.

Em Portugal, o Infarmed tem promovido uma série de iniciativas sobre os perigos da compra de medicamentos em plataformas eletrónicas ilegais e tem contado sempre com o apoio da OMD que considera essencial alertar a população para os riscos de consumir medicamentos falseados.

Vídeo da campanha “Medicamentos online: sabe realmente o que está a comprar?”
 

Fique esclarecida
A gravidez não é obstáculo à expressão plena da sexualidade do casal, das formas mais comuns ou pela
Homem com a mão na barriga da mulher grávida

“Espalhem a notícia
do mistério da delícia
desse ventre
Espalhem a notícia
do que é quente e se parece
com o que é firme
e com o que é vago
esse ventre que eu afago
que eu bebia de um só trago
se pudesse…” 

Sérgio Godinho in “Canto da Boca” (1981)

Nas culturas ocidentais, durante muito tempo considerou-se que a mulher grávida não deveria ter relações sexuais. No entanto, sendo a sexualidade uma componente básica na vida das pessoas, é claro que esta não pode ser ignorada durante o período da gravidez.

Na nossa cultura, e de uma maneira geral, a atividade sexual pode sofrer a influência de uma forte visão cristã. Nesse sentido, para algumas pessoas o sexo ainda é visto como sendo algo imoral ou pecaminoso, enquanto a maternidade assume um carácter divino. Assim, o sexo tem como função básica a reprodução, e o prazer permitido é apenas o de gerar um filho.

Fundamentando-se em algumas crenças e mitos religiosos, algumas ideias pouco científicas surgiram, tais como: a penetração pode magoar o bebé; a ejaculação dentro da vagina pode afogar o bebé; ser mãe é algo sagrado, logo, ter sexo durante a gravidez, não é aceitável uma vez que toda a atenção tem que ser dedicada ao bebé.

Deste modo, e até muito recentemente, devido ao desconhecimento do processo da gravidez e alguns preconceitos e tradições, a mulher receava que a atividade sexual prejudicasse o feto. Contudo, o desenvolvimento de alguns estudos sobre a sexualidade feminina durante a gestação tem permitido um melhor esclarecimento destas questões.

A tendência atual dos ginecologistas/obstetras é de recomendar a relação sexual até ao final da gravidez. As relações sexuais só são contraindicadas pelo médico quando a grávida apresenta alguma complicação que ponha em risco o normal decurso da gravidez: sangramento vaginal, placenta prévia, contrações precoces, traumatismo abdominal ou patologias gravídicas específicas.

A fisiologia assegura que biologicamente não existem motivos para recear que o bebé sofra algum dano: o feto encontra-se muito bem protegido no útero, cercado pelo líquido amniótico. O colo cervical, entre a vagina e o útero é outro fator de proteção e, por outro lado, a vagina torna-se mais ácida de forma a destruir impurezas. O orgasmo pode inclusivamente ser benéfico pois as leves contrações que gera estimulam a irrigação sanguínea dos órgãos sexuais auxiliando na preparação para o parto.

Se cientificamente esta questão é muito clara, a verdade é que para a mulher o desejo sexual, durante a gravidez, varia muito e divide espaço com outros fatores.

A forma como a mulher vive a maternidade e o seu relacionamento conjugal, as suas expectativas, a forma como a sexualidade era vivida antes da gravidez, as complicações médicas e as preocupações que poderão surgir durante este período, são fatores que influenciarão esta nova vivência da sexualidade.

Na gravidez a relação a dois passa de facto a ser uma relação a três, uma vez que o casal passa subitamente a ver a sua intimidade ser partilhada por um terceiro membro.

Esta alteração pode ser sentida como um fator de enriquecimento ou, pelo contrário, como uma invasão da sua intimidade. O futuro pai começa a ver a sua companheira como mãe, e uma vez que é proibido ter relações sexuais com a mãe, urge uma tarefa de reorganização psicológica.

No período da gravidez são várias as modificações corporais. Estas alterações não são só do conhecimento íntimo da mulher mas visíveis a todas as pessoas, pondo em causa toda a sua aparência. Desta forma, a mulher passa por um processo de adaptação psicológica, durante o qual procura integrar a sua nova imagem. A imagem que a mulher tem do seu corpo grávido pode ter influência na atividade sexual.

Algumas mulheres consideram-se menos atrativas sexualmente, podendo essa razão ser suficiente para a modificação do seu comportamento sexual. Outras, no entanto, sentem-se mais atrativas e encantadas com o seu corpo. Estas mulheres sentem-se mais satisfeitas com o relacionamento conjugal e algumas até experimentam o orgasmo pela primeira vez durante a gravidez. Este fato deve-se à mudança de perceção de si própria, uma vez que com a gravidez “estas mulheres passam a sentir-se mais adultas e mais femininas, saindo de uma posição infantil e, portanto, concedendo-se o «direito» de viver uma sexualidade mais madura”.

A reação do companheiro a estas modificações pode ser um fator determinante na aceitação ou rejeição do próprio corpo. Se a mulher sente que o parceiro continua a sentir-se atraído por ela e a solicita para a relação sexual é para ela a prova que o seu aspeto não altera a sua atratividade e capacidade de sedução. Mesmo que a mulher não se sinta muito atraente, o facto de se sentir desejada fá-la saber que o seu corpo é sexualmente estimulante, o que leva a valorizá-lo.

Assim, durante a gravidez, a mulher vê a sua consciência invadida por fantasias e pensamentos até então inconscientes, devido a um abrandamento dos processos defensivos. Esta maior permeabilidade entre os níveis de consciência pode trazer algo de positivo à sexualidade feminina, uma vez que torna a mulher mais consciente, não só dos seus sentimentos, como também dos sentimentos do outro e mais sensível às subtilezas da interação emocional. Ou seja, a mulher pode ver a sua sensualidade potenciada.

Assim, o desejo sexual da mulher grávida embora possa sofrer modificações em termos qualitativos e mesmo quantitativos, ele continua a existir.

1. A atividade sexual durante a gravidez

A resposta sexual humana implica uma sucessão ordenada de acontecimentos fisiológicos que preparam o corpo para o coito. Observam-se modificações a nível do aparelho genital, de carácter anatómico e funcional, durante o ato sexual. Estas modificações acompanham-se de reações vasculares, neurológicas, musculares e hormonais, e repercutem-se no indivíduo com intensidade variável.

Os estímulos sexuais podem ser divididos em psicológicos e mecânicos ou reflexos. Os primeiros são transmitidos ao cérebro através da visão, audição e olfato bem como de fantasias conhecidas como estímulos psíquicos. Os segundos são produzidos através de estímulos tácteis, reflexos, sem a interferência da via central, atingindo o sistema nervoso através da espinal-medula.

Os estímulos psicológicos e os mecânicos encontram-se correlacionados: o estímulo psíquico aumenta a sensibilidade do estímulo reflexo e vice-versa.

Algumas das diferenças entre resposta sexual feminina e resposta sexual masculina residem no facto da mulher ser mais suscetível à dor durante o ato sexual, podendo a sua valorização do orgasmo variar consideravelmente, assim como as expectativas face ao mesmo.

No ciclo da resposta sexual feminina, existem duas fases fundamentais:

Excitação – fase que fisiologicamente se traduz pela lubrificação vaginal, o intumescimento dos pequenos lábios vaginais e do clítoris e ainda pela ereção dos mamilos, acompanhada por uma vasodilatação reflexa devido à ativação de centros localizados na espinal-medula. As manifestações de tensão sexual aumentam ao longo desta fase atingindo o ponto mais alto com a fase orgástica e decrescendo durante a fase pós-orgástica.

Orgasmo – o orgasmo feminino é um reflexo genital e manifesta-se por contrações rítmicas e involuntárias da plataforma orgástica, zona onde a vaso congestão é particularmente intensa e localizada no terço externo da vagina. Implica alterações genitais, mudanças no tónus muscular esquelético, movimentos semi-voluntários, mudanças gerais cardiovasculares e respiratórias, experiências sensorialmente genitais e alterações ao nível da consciência. Na fase pós-orgástica assiste-se a um retorno à normalidade. O orgasmo feminino é uma experiência vivenciada de forma bastante mais subjetiva que o masculino.

A excitação feminina é um fenómeno basicamente sanguíneo e o orgasmo feminino é um fenómeno fundamentalmente muscular, sendo controlados por partes distintas do sistema nervoso: um deles pode ser inibido enquanto o funcionamento do outro permanece normal.

Nas últimas décadas as expectativas face ao orgasmo têm aumentado devido a mudanças de atitudes face à sexualidade feminina.

Por isso, se antigamente a mulher considerava perfeitamente normal não ter prazer sexual ou orgasmo durante o coito, o homem também se satisfazia sem se preocupar com o desejo da sua companheira. Na atualidade, a mulher procura ativamente a obtenção do orgasmo e o homem sente-se realizado quando proporciona satisfação sexual à parceira.

As alterações biológicas que ocorrem durante a gravidez influenciam a resposta sexual feminina. De facto, o comportamento da mulher grávida pode variar muito ao longo da gravidez e de mulher para mulher. O desejo sexual pode estar diminuído ou aumentado devido a vários fatores psicológicos, sociais e às alterações fisiológicas do seu corpo. As alterações no comportamento sexual, e as súbitas variações de humor próprios da gravidez, podem-se reforçar mutuamente e perturbar uma relação conjugal estável. Os casais têm que aprender a lidar com a sua sexualidade e emoções em mudança.

Durante o primeiro trimestre de gravidez o comportamento da mulher pode variar imenso podendo ir da rejeição voluntária de todas as formas físicas de atividade sexual até à ninfomania. Há mulheres que desfrutam mais o sexo e desejam-no com mais frequência. Podem mesmo alcançar o orgasmo mais depressa e contam que “se sentem tão eróticas que têm medo de assustar os maridos”. Outras vivem uma sexualidade mais indiferente, preferindo apenas ser mimadas, que alguém cuide delas e lhes dê segurança.

A mulher pode ter uma atitude de culpabilidade face ao sexo, uma vez que agora sexo significa somente prazer e perdeu a mínima característica reprodutiva. Outras sentir-se-ão livres do receio/desejo de engravidar e dos contracetivos e desfrutam de uma sexualidade livre de barreiras, sentindo-se bastante eróticas.

Como as emoções jogam um importante papel na sexualidade feminina, as alterações do humor vão com certeza implicar novas formas de vivenciar a sexualidade e a intimidade, o que conduz a necessárias adaptações por parte do casal.

A apreensão sobre a gravidez, a mudança de papel e de estilo de vida, juntamente com os desconfortos próprios da gravidez, tais como a fadiga, náuseas e vómitos podem levar a uma diminuição do desejo sexual e mesmo da demonstração de afeto. As alterações fisiológicas da gravidez, nomeadamente as do sistema circulatório e as hormonais, podem ser responsáveis pelas mudanças na resposta sexual da grávida.

Estas provocam congestão pélvica, aumento da lubrificação vaginal e aumento das mamas que podem levar a desconforto ou levar a um aumento da satisfação sexual.

No primeiro trimestre os seios crescem rapidamente e as auréolas e mamilos tornam-se intumescidos. Este crescimento, mais acentuado nas primíparas, juntamente com o aumento da tensão sexual, provoca frequentemente hipersensibilidade e por vezes dor nas mamas, especialmente nos mamilos e auréolas. Os órgãos genitais também sofrem um aumento da vascularização, a qual aumenta ainda mais em resposta ao estímulo sexual. É constatável a ocorrência de ardor e cãibras, durante e após o orgasmo, na zona inferior do abdómen. Estes sintomas podem fazer com que o casal acredite que o sexo pode prejudicar a gravidez.

Durante o segundo trimestre muitas mulheres sentem-se mais eróticas. Algumas referem sentir o orgasmo pela primeira vez e referiram pela primeira vez experiências multi-orgásticas e orgasmos fulminantes.

Esta fase é caracterizada por uma sensação de bem-estar. Psicologicamente, a mulher vive um período calmo. Muitos dos desconfortos físicos desapareceram ou diminuíram de intensidade. Todos estes fatores podem dar origem a um aumento do interesse sexual, que se exprime através do interesse pelos encontros sexuais, fantasias e sonhos eróticos.

Também as alterações fisiológicas são em grande parte responsáveis pelo aumento da satisfação sexual. As mulheres primíparas referem redução acentuada da hipersensibilidade das mamas, uma vez que altos níveis de tensão sexual não provocam um aumento evidente das mesmas. A lubrificação vaginal aumenta a partir do final do primeiro trimestre e mantém-se até ao final da gravidez. O aumento da vascularização da zona pélvica, e a vaso congestão provocada pelo útero em crescimento, podem levar a um ingurgitamento mais rápido das zonas erógenas durante a fase de excitação. À medida que a gravidez progride, o alívio vaso congestivo posterior ao orgasmo vai sendo mais lento. Algumas mulheres referem ser facilmente excitáveis e continuarem a sentir desejo mesmo depois de ter orgasmos intensos.

A dispareunia (relação sexual dolorosa) pode surgir nesta fase. Pode ser devida a vários fatores, tais como infeções do aparelho urinário ou vaginais, problemas de lubrificação ou pressão no abdómen. Se a mulher não se sente à vontade com a sua sexualidade durante a gravidez, a dispareunia pode ser devida a fatores psicológicos.

As alterações da imagem corporal tornam-se mais evidentes à medida que a gravidez progride. A maior parte dos casais experimentam-nas como agradáveis. No entanto, para algumas pessoas as alterações físicas podem contribuir para uma imagem corporal negativa, que pode produzir alterações na resposta sexual. O marido pode não se sentir atraído sexualmente pela sua mulher, à medida que o corpo dela se torna diferente e volumoso. Os movimentos fetais podem provocar diminuição do interesse sexual e medo de magoar o feto. Alguns casais, durante esta fase da gravidez, descobrem novas formas de satisfação sexual que se podem prolongar além do nascimento do bebé.

Enquanto durante o terceiro trimestre há uma diminuição do interesse e da atividade sexual em algumas mulheres, enquanto outras podem continuar a sentir a sua sexualidade intensificada, principalmente até ao meio do terceiro trimestre.

No terceiro trimestre surgem também desconfortos físicos e fatores psicológicos que podem interferir na sexualidade do casal. Regressa a sonolência e a fadiga do primeiro trimestre, a irritabilidade, a tensão pélvica e as dores lombares acentuam-se, surgem edemas dos membros inferiores e a barriga fica cada vez maior. O abdómen pode ser um obstáculo difícil de transpor para os casais com práticas sexuais conservadoras. O recurso à estimulação manual, sexo oral ou posições que não sejam dificultadas pelo volume da barriga, são as melhores formas de obter prazer mútuo, no entanto, os casais que não têm por hábito adotar este tipo de comportamento sexual podem sentir-se mal ao recorrer a ele no final da gravidez.

O aumento das mamas relativo à fase de gravidez completa-se. A tensão sexual não provoca aumento adicional nas mamas mas continuam-se a verificar as reações de ereção do mamilo e o ingurgitamento aureolar. À medida que a gravidez progride, a vaso congestão pélvica vai sendo mais acentuada, de tal forma que a plataforma orgástica no terço exterior da vagina fica congestionada e o canal vaginal edemaciado. Nessa altura, a intensidade das contrações durante a experiência orgástica parece mínima.

Nas últimas semanas de gravidez, o útero pode entrar em espasmo tónico em vez das contrações regulares da experiência orgástica. Os batimentos cárdio fetais podem apresentar bradicardia transitória sem, no entanto, terem sido observadas outras perturbações fetais. Durante o terceiro trimestre, na fase de resolução, a vaso congestão não pode ser aliviada completamente qualquer que seja a intensidade do orgasmo, levando as mulheres a sentirem uma continuação da estimulação sexual ou a sentirem desconforto. A dispareunia pode ocorrer principalmente se a apresentação fetal já está insinuada na pelve. Posições que dificultam a penetração profunda do pénis podem ser adotadas.

O medo de magoar o feto mantém-se, apesar de ele estar bem protegido. Há casais que sentem o feto como uma terceira pessoa na relação. A mulher pode sentir-se pouco atrativa e ter medo que o companheiro perca o interesse por ela. O casal pode sentir-se constrangido em experimentar novas posições, mas o mais comum é que o casal esteja muito ansioso, preocupado ou demasiadamente desconfortável para se interessar pelo sexo.

A abstinência pode causar conflitos conjugais ou perturbação emocional em casais que costumam relacionar-se sexualmente com regularidade. Estes precisam de ser esclarecidos sobre as alterações fisiológicas, sobre os seus medos e tabus, sobre mudanças de posição e variações sexuais e sobre a variedade de caminhos que o desejo sexual pode tomar, para que possam viver intensamente a sua sexualidade. No entanto, o profissional de saúde tem de ter em conta que não existe um padrão de normalidade em relação ao desejo sexual. Os sentimentos sexuais e a sua expressão são altamente individualizados.

2. As contra-indicações bio-fisiológicas das relações coitais durante a gravidez

A associação entre as relações sexuais e a patologia obstétrica remonta à antiguidade mais longínqua. Várias perspetivas em discussão, se basearam desde sempre em argumentos de nenhuma credibilidade científica e fundados, sobretudo, em empirismos pseudocientíficos e preconceitos religiosos, conseguiram, surpreendentemente, subsistir até ao nosso tempo.

Atualmente e, na opinião de diferentes autores, poucas são as situações que se assumem como contraindicações da relação coital durante a gravidez. Assim, existem situações concretas que levam a restringir ou até a prescindir da atividade sexual coital durante a gravidez. A ameaça de aborto ou o aborto de repetição são as causas que mais frequentemente desaconselham e até proíbem as relações coitais durante o primeiro trimestre da gravidez. Durante o terceiro trimestre, a placenta prévia ou a ameaça de parto prematuro constituem situações nas quais se desaconselha a atividade sexual coital.

As consequências negativas do coito e do orgasmo no desenvolvimento da gestação e do feto relacionam-se com três áreas principais: fatores mecânicos (abortamento, hemorragia e rotura prematura das membranas), contrações uterinas (parto prematuro) e infeção.

2.1. Abortamento

Dentro do útero, o feto encontra-se bem protegido contra as agressões traumáticas provocadas por pressão sobre o abdómen da grávida. No entanto, dada a probabilidade de uma em cada dez gestações o ovo ser anembrionado, torna-se fácil o estabelecimento de uma relação entre uma prática carregada de fatores de culpabilização, como o é a cópula, e esse acidente.

Ainda que os traumatismos nas mulheres grávidas sejam bastantes frequentes, há estudos que mostram que a frequência relativa dos abortamentos espontâneos antes das 9 semanas, se situa na ordem de um por mil traumatismos, não havendo nesses estudos qualquer referência especial ao coito. Nas primeiras 9 semanas de gestação, a grande maioria dos abortos espontâneos derivam de defeitos cromossómicos de que resulta a morte precoce do embrião.

Ainda a respeito do evitamento das relações coitais, os casais devem-se abster das relações sexuais quando, no primeiro trimestre, há cólicas abdominais ou hemorragias após o coito e, também, quando há na história da grávida casos de aborto espontâneo no primeiro trimestre, embora os estudos dos casos de abortamento precoce não lhe façam referência especial. Nesta perspetiva, essa abstinência, mesmo que não se justifique do ponto de vista etiológico, evita sentimentos de culpa do casal face a um abortamento cuja verdadeira causa foi a patologia obstétrica.

2.2. Hemorragia

A coitorragia é uma ocorrência que pode registar-se em qualquer momento da gravidez, desde que existam condições inflamatórias ou tumorais do colo que a favoreçam. Estes são, geralmente, estados previamente conhecidos pelo que, as hemorragias daí resultantes não contraindicam a relação sexual cuidadosa, desde que se proceda ao tratamento adequado.

Todavia, o mesmo não acontece no caso de hemorragias por descolamento prematuro da placenta ou de placenta prévia de causa desconhecida, dado que podem pôr em perigo a vida do feto e da grávida.

2.3. Rotura prematura de membranas

Numa gravidez normal, o coito, só por si, não pode ser causa de rotura das membranas. Estudos dinamométricos demonstram que, no estado normal, a sua resistência é muito superior às pressões que poderão resultar de um coito.

Contudo, em casos de pressão intrauterina excessiva (hidrâmnios, gravidez gemelar), em casos de fragilização anormal (placenta prévia, incompetência do colo, ou infeção) e também perante outros fatores, tais como primiparidade idosa, carência de vitamina C e traumatismos, o clínico admite que o coito e o orgasmo podem ser considerados como fatores secundários, atuando em terreno patológico pré-existente, e não a sua causa direta.

De facto, a pressão não é considerada a responsável direta pela rotura das membranas mas, antes, o seu dano estrutural resultado da despolimerização enzimática das fibras de colagénio, provocado por enzimas proteolíticas, em particular as libertadas nos processos infeciosos (embora estas enzimas se encontrem também na composição do líquido espermático, o seu efeito não parece ser importante). Assim, um suposto mecanismo da rotura é o resultado das relações sexuais em caso de infeção, mecanismo que ainda não está provado com segurança.

2.4. Parto prematuro

As prostaglandinas presentes no esperma e as contrações uterinas provocadas pelo orgasmo feminino têm sido, frequentemente, apontadas como as responsáveis por alguns partos prematuros. No entanto, os resultados dos estudos que se têm realizado sobre esta problemática não coincidem. Alguns autores não encontraram relação entre o coito e o parto prematuro. Por seu lado, outros autores apresentam resultados que parecem comprovar essa relação, se não direta, pelo menos como fator a considerar em situações de risco. Neste sentido, consideram que, até à resolução destas divergências, se deve recomendar a abstenção da relação coital e do orgasmo nos seguintes casos:

a) Passado obstétrico carregado;

b) Interrupção de trabalho de parto prematuro na gestação atual, até que o feto atinja a maturidade;

c) Parto prematuro anterior inexplicado;

d) Incompetência cervical ou apagamento precoce do cérvice, ao exame vaginal.

Ainda sobre esta questão do parto prematuro, alguns autores valorizam a estimulação mamária como fator capaz de induzir a atividade uterina e, sendo assim, desaconselham igualmente esta prática às grávidas de risco.

2.5. Infeção

Na grávida saudável, um colo competente e membranas intactas oferecem proteção eficaz contra as mais variadas infeções. Em contrapartida, em mulheres com incompetência cervical, membranas rotas ou colo apagado e dilatado na fase final de gestação, o pénis pode arrastar para o útero bactérias patogénicas provocando infeções graves, que podem resultar em morbilidade e mortalidade materno-infantil.

A este propósito, alguns autores referem que as doenças sexualmente transmissíveis, entre elas, a sífilis, o herpes genital, a gonorreia, a clamídia, a tricómona, entre muitos outros agentes infeciosos, a que mais atualmente se veio juntar a SIDA, podem ter efeitos desastrosos na gestante e no feto e, de facto, são habitualmente contraídas por via das relações sexuais. De facto, estas infeções são muito frequentes nas grávidas com vários parceiros sexuais e, nestes casos, ou noutros considerados de risco, deve ser aconselhada a utilização de preservativo.

2.6. Embolia gasosa

A embolia gasosa é também, uma ocorrência a que alguns investigadores têm prestado particular atenção, dado tratar-se de uma situação quase sempre mortal. Com efeito, encontram-se já descritos na literatura dez casos de morte materna devidos a embolia gasosa, provocada pela introdução forçada de ar na vagina. Nesta situação, associada à prática sexual do cunnilingus, os homens sopram para dentro da vagina, levando à entrada de ar no sistema vascular materno, através do canal cervical dilatado.

Nota final
Como conclusão, pensamos que a gravidez não provoca uma rutura na história do casal que, anteriormente, vivia de forma satisfatória a sua própria sexualidade e a sua relação conjugal. Pelo contrário, com a gravidez o casal pode descobrir outro tipo de sexualidade altamente gratificante, sobretudo quando existe a necessidade duma união afetiva. Esta harmonia e bem-estar incidem favoravelmente sobra a saúde mental e física do casal.

Desta forma, cabe aos profissionais de saúde favorecer uma vivência plena da sexualidade durante a gravidez. Com frequência, estes profissionais deixam de considerar a sexualidade como um aspeto importante na vida do “casal grávido”, sendo poucas as informações objetivas no aconselhamento dos casais referentes às intimidades sexuais durante a gravidez. O aconselhamento sexual deve incluir a correção de informações ou conceitos errados, a garantia de normalidade e a sugestão de comportamentos alternativos. A especificidade de cada um deve ser enquadrada numa perspetiva biopsicossocial e cultural. O aconselhamento de casais sobre a sua adaptação sexual durante a gravidez exige do profissional de saúde uma avaliação pessoal, bem como um conhecimento profundo das respostas físicas, sociais e emocionais à sexualidade durante este período. É igualmente importante vencer preconceitos e estereótipos, para um aconselhamento neutro, sem juízos de valor e individualizado.

Para os profissionais de saúde pode ser difícil aconselhar as mulheres sobre a sexualidade e gravidez. A principal prioridade é inquirir a respeito das preocupações que a mulher possa ter. As relações sexuais na gravidez não são um assunto que as mulheres apresentem de forma espontânea. É muito importante desfazer os mitos, citando os riscos potenciais e as pesquisas que afirmam que estes não existem, em especial quando a mulher tiver que fazer uma escolha informada. Não existem evidências conclusivas de que as relações sexuais, durante a gravidez prejudiquem a grávida ou o feto.

Um número significativo de casais necessita apenas de “permissão” para manter a sua vida sexual durante a gravidez. Muitos outros necessitam de obter informações sobre as alterações fisiológicas decorrentes da gravidez, bem como desfazer alguns mitos sobre o sexo durante a mesma. Um entendimento completo da intimidade do casal também deve incluir aspetos da relação, tais como as orientações dos papéis de género, o grau de envolvimento do pai e o padrão habitual da expressão sexual.

Permitir e informar são responsabilidade do profissional de saúde.

É necessário ter uma visão alargada e abrangente sobre a sexualidade. Quando um casal não pode, ou prefere não ter, relações sexuais com penetração, a necessidade de intimidade e união pode assumir diversas expressões. Os atos de beijar, abraçar, massajar, acariciar e uma maior sensibilidade e carinho são formas válidas de exprimir a sexualidade e constituem sinais de afeto. Cada um destes aspetos constitui, por si só, uma experiência agradável e nem sempre conduzem ao ato sexual.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
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A maestrina Lídia Dias, voluntária e aluna do 5º ano de Medicina, defendeu a importância da música para crianças com doença...

“Para as crianças doentes, a música acaba por servir muito como um momento de relaxamento, de distração de todas as complicações”, disse, em declarações, no âmbito de um debate sobre o tema que decorre na Casa Ronald McDonald do Porto.

As Casas Ronald McDonald são “casas longe de casa”, oferecendo apoio gratuito aos familiares das crianças que se deslocam da sua residência habitual (um pouco de todo o país) para receber tratamento hospitalar prolongado ou ambulatório nos hospitais com cuidados pediátricos.

“Quando vão fazer radioterapia, algumas crianças e até alguns adultos têm de fazer uma anestesia, um relaxamento, porque nem sempre é muito fácil. Na Austrália fizeram uma comparação. Nuns casos usaram a anestesia e noutros usaram simplesmente música e a verdade é que a música funcionou em 92%. Não tiveram de usar a anestesia que, como todos os medicamentos, pode gerar complicações, enquanto a música simplesmente é algo externo que nos influencia e funcionou”, sublinhou Lídias Dias.

Para a maestrina do coro da Faculdade de Medicina do Porto e voluntária na Casa na Casa Ronald McDonald do Porto, “é mais uma evidência de que a música ajuda muito a estarmos mais calmos, tranquilos e, ao mesmo tempo, a esquecermos todas as complicações”.

“Nas crianças funciona como uma brincadeira, sobretudo se conseguirmos que elas façam música, que tenham que juntar a melodia, o ritmo, toda a complexidade das características de fazer música, que exige muito a atenção. E, com essa atenção, como tem de estar toda centrada naquela atividade, desliga-se de todo o resto”, acrescentou.

No debate de hoje foi também apontado o exemplo do programa “Caixinha da Música”, da Casa Ronald McDonald do Porto. Este projeto resulta da iniciativa do maestro Victor Dias que, como voluntário, se disponibilizou para convidar um conjunto de músicos e artistas, para que todos os meses as crianças e famílias a residir na Casa tenham “a possibilidade de interromper a sua rotina para entregar os seus ouvidos à música”.

Segundo a organização do debate, os elementos vivos da música como o ritmo, as cadências e as harmonias, aumentam a saturação de oxigénio, melhoram a qualidade do sono, aumentam o apetite até nos prematuros e reduzem a ansiedade.

A Casa Ronald McDonald do Porto, que recebeu as primeiras famílias em janeiro de 2014, está localizada no 'campus' do Hospital S. João, tem 12 quartos e recebe as famílias com crianças em tratamento no Centro Hospitalar de S. João e no IPO-Porto. Desde a sua abertura já acolheu 179 famílias.

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A Ordem dos Enfermeiros testou terça-feira a introdução do voto eletrónico na eleição dos órgãos sociais, e na Secção Regional...

“Decorreu normalmente e superou as expetativas. Esperava 100 ou 150 participantes, mas foram 385”, afirmou o enfermeiro Rui Cruz, Presidente da Mesa da Assembleia Regional, adiantando que há quatro anos os votos entrados nas urnas de inscritos na Secção Regional do Centro (SRC) foram de “cerca de 2700”.

Na sua opinião, este nível de participação num teste indicia uma “votação massiva” nas eleições para os órgãos nacionais e regionais da Ordem dos Enfermeiros (OE) marcadas para 15 de dezembro.

Habilitados a exercer o direito de voto na Região Centro estão 14.484 enfermeiros.

“Este é um passo significativo para a promoção da participação ativa de todos os enfermeiros na vida da sua Ordem”, afirma a Presidente do Conselho Diretivo Regional da SRC, enfermeira Isabel Oliveira.

A dirigente espera que introdução da votação eletrónica aumente a adesão, considerando que a abstenção no último ato eleitoral rondou os 80 por cento.

“Este foi um compromisso assumido por nós para com os enfermeiros e que vemos, neste momento, concretizado”, acrescentou a enfermeira Isabel Oliveira.

Para o presidente da Mesa da Assembleia Regional do Centro, além de satisfazer um compromisso eleitoral, o voto eletrónico, ao permitir uma maior participação, faz com que os órgãos sociais vencedores tenham uma maior representatividade.

A Ordem dos Enfermeiros é a primeira organização deste tipo a introduzir o voto eletrónico na eleição dos seus órgãos sociais.

A simulação de votação eletrónica realizada pela OE teve como objetivo testar a plataforma informática, realizar formação interna sobre os procedimentos e familiarizar os membros com o processo.

Hepatite C
O porta-voz da Plataforma Hepatite C disse estar “satisfeito” com o número de doentes que ficaram totalmente curados com...

Em declarações à rádio TSF, António Parente disse que a taxa de sucesso do medicamento “é fabulosa”.

“Os números são maravilhosos. Este medicamento é uma revolução, faço parte dos 95% dos doentes que negativaram. A taxa de sucesso deste medicamento é fabulosa. A luta valeu a pena. Há um esforço enorme dos hospitais para atingir estes números. É uma revolução”, declarou António Parente, que é doente e porta-voz da Plataforma Hepatite.

Apesar de considerar os números muito positivos, António Parente disse que nem tudo está a correr bem no universo das prisões relativamente a este problema, pelo que deixou um alerta.

“O acesso [ao tratamento] dos doentes que estão encarcerados é difícil. Claro que passa pelo Ministério da Justiça. Parece-me que há uma falta de comunicação, alguma lacuna em levar as pessoas. As pessoas têm de ir aos hospitais fazer os exames. Nós percebemos que não é fácil, é uma população onde a taxa é muito elevada”, vincou.

Entretanto, os ministros da Justiça e da Saúde, Paula Teixeira da Cruz e Paulo Macedo, respetivamente, já anunciaram que têm a intenção de avançar com um rastreio junto da população prisional.

Um total de 107 doentes com hepatite C ficaram totalmente curados através do programa de tratamento lançado em fevereiro, após meses de negociações entre o Governo e a indústria e de reivindicações de doentes e familiares, anunciou terça-feira o Infarmed.

De acordo com uma nota do organismo que regula o setor do medicamento em Portugal, foram autorizados 6.815 tratamentos, dos quais 4.060 foram já iniciados pelos hospitais.

“Dos tratamentos finalizados, e após a necessária análise virológica efetuada 12 semanas depois, constatou-se que 107 doentes estavam curados e apenas 2 foram reportados como não curados”, lê-se na informação do Infarmed.

Estes dados constam de uma página com as estatísticas do programa da hepatite C que a partir de hoje está disponível no site do Infarmed, a qual visa “dar resposta aos pedidos dos profissionais de saúde e dos média acerca da evolução dos tratamentos realizados”.

O programa para o tratamento da hepatite C foi anunciado pelo ministro da Saúde a 06 de fevereiro. O acordo com a indústria farmacêutica, conseguido após meses de negociações e de exigências dos doentes, inclusivamente no interior do parlamento, prevê “o pagamento por doente tratado, e não por embalagem dispensada, e contempla todos os cerca de 13 mil doentes de hepatite C inscritos no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

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