DGS
O neurocirurgião João Lobo Antunes é o distinguido com o Prémio Nacional de Saúde 2015, anunciou a Direção-Geral da Saúde, que...

“Cirurgião reputado, sábio homem da ciência e eticista, João Lobo Antunes é uma das figuras que mais contribuiu para o desenvolvimento da ciência médica em Portugal e é considerado um dos neurocirurgiões mais conhecidos do mundo”, refere a Direção-Geral da Saúde (DGS) na nota de imprensa em que anuncia o vencedor do Prémio Nacional de Saúde deste ano.

Este galardão pretende distinguir, anualmente, uma personalidade que tenha contribuído “inequivocamente para a obtenção de ganhos em saúde ou para o prestígio das organizações de saúde no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

A Direção-Geral da Saúde explica que a entrega do prémio a Lobo Antunes se deve à “sua notabilíssima e duradoura contribuição para o desenvolvimento da ciência médica e da neurocirurgia em Portugal e pelo seu contributo para o prestígio internacional do sistema de saúde português”.

João Lobo Antunes, 71 anos, licenciou-se em Medicina pela Universidade de Lisboa com uma média final de 19,47 valores.

Professor catedrático de neurocirurgia da Faculdade de Medicina de Lisboa, foi diretor de serviço de neurocirurgia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

“Ganhou excelente formação técnica, reteve a filosofia da profissão, nunca esquecendo os critérios do mérito”, refere a nota da DGS, adiantando que se deve a Lobo Antunes “uma vigorosa expansão de fronteiras institucionais do SNS”, especialmente com a criação do Instituto de Medicina Molecular.

João Lobo Antunes, atual presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, foi o primeiro médico da história a implantar um olho eletrónico num cego, um implante que desde então já foi feito em 15 invisuais, permitindo-lhes ver algumas formas e distinguir certas cores.

Estudo
A incidência de cancro do pulmão está a aumentar entre não fumadores e afeta principalmente mulheres, revela um estudo do...

Trata-se do primeiro estudo efetuado a nível nacional que caracteriza a população portuguesa relativamente a Carcinoma do Pulmão de Não-pequenas Células (CPNPC), o tipo mais comum de cancro do pulmão, em não fumadores e um dos maiores estudos efetuados a nível europeu, onde os dados sobre cancro do pulmão em não fumadores são escassos.

“Como sabemos, o tabagismo é responsável por 85% 90% dos cancros do pulmão em todo o mundo, sendo o principal fator de risco para esta doença. Contudo, doentes não fumadores também têm cancro do pulmão e pela nossa experiência clínica e também de acordo com os mais recentes estudos epidemiológicos internacionais, estes doentes não fumadores são cada vez mais”, explicou à Lusa Cátia Saraiva, do Departamento de Pneumologia do Instituto Português de Oncologia (IPO).

Nesse sentido, a equipa da investigadora realizou no IPO de Lisboa um estudo envolvendo 1.411 doentes com CPNPC, para procurar as diferenças entre os dois tipos de doentes tratados no IPO nos últimos 25 anos.

“Foram incluídos neste grupo 504 doentes não fumadores e, para termos comparativos, 907 doentes fumadores. Analisaram-se várias características clínicas, patológicas, epidemiológicas e a sobrevida destes doentes, no intuito de perceber fatores que pudessem estar relacionados com um melhor prognóstico”, explicou.

As principais diferenças encontradas entre fumadores e não fumadores foram uma maior predominância de cancro no sexo feminino (54% no grupo dos não fumadores e 9,4% nos fumadores), bem como o predomínio do subtipo histológico Adenocarcinoma (69,9% contra 43,6%).

No entanto, o estudo revelou que existe menor prevalência de patologias associadas ao fumo do tabaco, como cancro da laringe, Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) ou doença cardíaca isquémica, entre os não fumadores.

Da mesma forma, foi detetada uma menor mortalidade deste grupo (78,4% entre não fumadores contra 92,9% entre fumadores) e uma maior sobrevida global desde o diagnóstico (51 meses versus 25 meses).

Em suma, indica a investigadora, o CPNPC em não fumadores é mais frequente em mulheres, o subtipo histológico mais frequente é o adenocarcinoma, as co-morbilidades associadas com o tabaco são menos frequentes e a sobrevida é melhor.

“Isto leva-nos a concluir que o CPNCP em não fumadores é uma entidade clínica diferente com melhor prognóstico, ou talvez se manifeste de forma diferente em não fumadores”, acrescentou.

Ao contrário do que seria de esperar, contudo, ambos os grupos de doentes continuam a ser diagnosticados no último estádio da doença, pelo que é importante que quer os médicos, quer a população em geral, fique alerta para o cancro do pulmão em não fumadores, para que o diagnóstico seja feito mais atempadamente, com maior benefício para os doentes, considera Cátia Saraiva.

No grupo de não fumadores foram frequentemente diagnosticados estádios avançados da doença, mais de metade (59%) estavam já no estádio IV, em que o cancro se tinha espalhado a outras partes do corpo: diferentes áreas do mesmo pulmão, pulmão oposto, ossos e cérebro.

“Parece plausível que a população de não fumadores portugueses não está ciente dos riscos de cancro de pulmão, mas precisamos de confirmar os nossos resultados através de estudos de base populacional”, refere a investigadora.

Ordem dos Médicos Dentistas associa-se à iniciativa da DGS
A Direção-Geral da Saúde assinala, esta sexta-feira, 16 de outubro, o Dia Mundial da Alimentação com uma campanha de alerta...

O cartaz que ilustra a campanha vai chegar a todas as Bibliotecas Escolares e conta com a colaboração do Plano Nacional de Leitura e do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável.

A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) associa-se a esta iniciativa distribuindo os cartazes da campanha pelos médicos dentistas que podem depois utilizá-los nas clínicas e consultórios para aconselhar os seus pacientes.

Dirigida sobretudo às crianças, mas também a profissionais de saúde e professores, a campanha traça com textos curtos e incisivos, de forma simples e direta, os riscos que alguns alimentos representam para a saúde oral e aqueles que ajudam a prevenir doenças orais. 

Com imagens divertidas e apelativas, o cartaz da campanha explica como o açúcar é um dos principais inimigos de uma boca saudável, contribuindo para a destruição do esmalte dos dentes. Como o açúcar está escondido em muitos alimentos sob diversos nomes, o cartaz elenca as substâncias a que todos devemos estar alerta.

Alimentos refinados, sumos e refrigerantes e as batatas fritas também são de evitar. Sem proibir, o cartaz aconselha as crianças a guardarem estes alimentos para dias de festa.

Na alimentação diária, o conselho é incluir nas refeições legumes e leguminosas, fruta fresca e frutos secos, leite e seus derivados.

Rui Manuel Calado, Chief Dental Officer da Direção-Geral da Saúde (DGS), afirma que a “prevenção é o melhor remédio, e com esta campanha estamos a educar crianças que têm uma grande capacidade de influenciar os pais e outros familiares. É urgente mudar comportamentos e começar pela base. A ajuda dos profissionais de saúde e professores, vai seguramente garantir-nos resultados no futuro. A saúde oral tem impacto em doenças como a diabetes e as cardiovasculares, que infelizmente são das mais comuns em Portugal. Tudo o que se fizer hoje para alterar comportamentos de risco proporcionará ganhos de saúde no futuro”.

A cárie dentária é a doença mais comum em todo o mundo, com 90% da população atingida.

Paulo Ribeiro de Melo, secretário-geral da OMD, salienta que “estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) sugerem que as taxas mais altas de cárie dentária ocorrem quando o nível de ingestão de açúcares é superior a 10% da ingestão calórica total. Além disso, em estudos populacionais realizados em três países, foi observada uma menor ocorrência de cáries dentárias quando a ingestão de açúcares per capita era inferior a 10 kg/pessoa/ano (aproximadamente 5% da ingestão calórica total). É urgente tomar medidas para reduzir a ingestão de açúcar. Prevenir as doenças orais é também prevenir uma série de outras doenças com efeitos extremamente negativos, quer para a qualidade de vida, quer para a longevidade”.

A OMS recomendou a redução da ingestão de açúcares, tanto em adultos como em crianças, para menos de 10% da ingestão calórica total, o equivalente a 50 gramas por dia.

Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) defende que “a promoção de hábitos alimentares saudáveis e a prevenção de doenças crónicas podem e devem ser trabalhadas a par com a prevenção das doenças orais”.

Perda da cartilagem
O 'American College of Rheumatology' define a osteoartrite como uma doença heterogénea que

O número de casos de osteoartrite (OA) tem vindo a aumentar devido à maior esperança de vida, sendo que a OA tem um impacto importante na sociedade por ser uma das principais causas de incapacidade nas idades avançadas, particularmente pelo envolvimento dos joelhos e anca. O estudo de Rotterdam que avaliou 1.040 indivíduos, com idades compreendidas entre os 55 e 65 anos, mostrou que só 135 dos indivíduos estudados, não apresentavam sinais radiográficos de OA, um outro estudo mostrou que em Itália, a prevalência de sintomas de OA em indivíduos com mais de 65 anos, era de 15% para as mãos, 30% para os joelhos e 8% para a anca. Entre os americanos, ocorre dor e limitação funcional relacionada com OA nos joelhos em mais de 13% dos indivíduos entre os 55 e 64 anos e em mais de 17% dos que possuem idades compreendidas entre 65 e 74 anos.

A osteoartrite afecta com maior frequência as mãos, joelhos, coluna vertebral, ombro e anca, podendo atingir, na mesma pessoa, vários tipos de articulações.

Causas da OA
A OA caracteriza-se por perda da cartilagem à qual se associa alteração do osso com esclerose, colapso do osso subcondral, quistos ósseos e formação de osteófitos. A perda da cartilagem pode iniciar-se a partir de um ponto específico que se estende e envolve o compartimento articular conduzindo à perda progressiva da cartilagem. A perda de proteinoglicanos de pequenas e grandes dimensões associa-se à degradação do colagénio tipo II e de muitas outras moléculas fundamentais e a progressão da doença conduz à perda maior ou menor da cartilagem da superfície da articulação. Todo este processo envolve mecanismos complexos de reacções enzimáticas e outras, responsáveis pela degradação progressiva da articulação e desenvolvimento de processos inflamatórios que podem acelerar a degradação da articulação.

Sintomas
O sintoma principal é a dor articular difusa que alivia com o repouso, não existindo relação directa entre o grau de alterações e as imagens radiológicas, dado que só 30% dos doentes com imagens radiológicas sugestivas de OA se queixam de dor. Há doentes que acordam com a dor e é comum a existência de uma certa rigidez matinal de curta duração e, à medida que a doença progride, pode haver limitação de movimentos, contracturas, espasmos musculares e bloqueio mecânico. Os ruídos que podem surgir com o movimento da articulação podem ser atribuídos à perda de cartilagem, a irregularidades da superfície da articulação e ao aumento de volume das articulações que pode ser atribuído à sinovite secundária, ao aumento do líquido sinovial ou a alterações proliferativas da cartilagem ou do osso (osteófitos). Nas fases avançadas da AO, as articulações apresentam deformações marcadas pela perda de cartilagem, colapso do osso subcondral, formação de quistos e crescimento ósseo excessivo.

Factores de risco para a OA
Considera-se que existem factores que podem contribuir para o desenvolvimento da OA, sendo eles:

Idade e sexo
A idade é um dos principais factores de risco para a OA qualquer que seja o local onde se desenvolva. A prevalência da OA aumenta muito após os 40 anos na mulher e os 50 anos no homem, afectando cerca de 50% dos indivíduos com 65 anos ou mais, chegando a atingir 85% dos indivíduos após os 75 anos.

O sexo também influencia a prevalência e incidência de OA, sendo mais frequente a OA isolada na mão ou joelho na mulher e, na anca no homem.

Etnia
A influência étnica na OA não está bem definida. No entanto há estudos que sugerem uma maior prevalência da OA no joelho na mulher negra mas não no homem. O estudo Johnston County sugere que não existem diferenças na prevalência da doença de joelho, enquanto para a OA da anca, o homem negro tenha uma probabilidade de mais 35% do que o homem branco.

Genética
A influência genética pode ser importante como factor de risco da OA como confirmam alguns estudos epidemiológicos na OA da mão, joelho e anca, admitindo-se que alterações genéticas envolvem defeitos estruturais do osso e da cartilagem.

Estado hormonal e densidade óssea
Após a menopausa, a mulher está mais susceptível à OA, dado que se admite que os estrogénios exercem efeito protector da OA. Considera-se também que a osteoporose possa ter efeito protector contra o início da OA dado que a maioria dos estudos mostrou que a densidade óssea elevada se associa a um aumento da frequência da OA no joelho, anca e mãos.

Factores nutricionais e metabólicos
Há dados que sugerem que os níveis elevados de glucose no sangue estão associados a um aumento da frequência da AO e, parece também que níveis reduzidos de vitamina D contribuem para o aumento do risco de OA.

Obesidade
Os indivíduos com excesso de peso e obesidade possuem maior probabilidade de desenvolverem OA, sendo que a perda de peso pode reduzir esse risco.

Lesão aguda e deformação da articulação
São situações que podem constituir factores de risco para desenvolver OA por aumento da instabilidade da articulação.

Factores ocupacionais
Exercício e tarefas repetitivas das articulações sobrecarregam-nas bem como aos músculos que as suportam, o que aumenta o risco de OA.

Desportos
Há desportos que podem aumentar o risco de OA, particularmente os que exercem impacto directo sobre as articulações e os que exigem intensidade elevada.

Fraqueza muscular
A fraqueza dos quadriceps pode constituir um factor de risco para a OA do joelho.

Consequências da OA
À OA associa-se geralmente a incapacidade física que se reflecte em problemas sociais em termos de perdas de dias de trabalhos e aposentação antecipada. Factores ligados à incapacidade envolvem dor, fraqueza muscular, fraca capacidade aeróbica e imagens radiológicas.

Diagnóstico
Actualmente, o diagnóstico efectua-se essencialmente pelas imagens radiológicas que podem ser inespecíficas, não havendo ainda um teste específico para o diagnóstico claro da OA.

Marcadores bioquímicos da cartilagem e osso
Têm sido realizados diversos estudos no sentido de encontrar marcadores bioquímicos específicos da OA que permitam um diagnóstico precoce e efectivo, no entanto ainda não existe um teste laboratorial específico e definitivo para as anomalias da AO, apesar de vários testes estarem em investigação e haver indícios de alguns parâmetros que estão alterados na osteoartrite.  

Aspectos gerais do tratamento da OA
Os principais objectivos do tratamento da OA consistem no controlo da dor, na melhoria funcional e na redução da incapacidade. Considerando a evolução da OA, as medidas aplicadas devem ser reavaliadas e reajustadas face a essa evolução. Considera-se que a educação dos doentes constitui uma medida importante por permitir uma melhor gestão da doença pelo indivíduo bem-educado.

Terapêutica medicamentosa da OA

Analgésicos
A dor moderada de OA no joelho e anca pode ser aliviada com analgésicos simples como paracetamol na dose de 1 g, tomado de 6 em 6 horas, substância considerada segura.

O paracetamol tomado em doses superiores pode causar toxicidade para o fígado e rins.

Anti-inflamatórios
Há estudos que sugerem que os anti-inflamatórios são mais efectivos que analgésicos ligeiros. A dor moderada de OA no joelho e anca pode ser aliviada com ibuprofeno na dose de 1,2 g por dia a 2,4 g por dia dividida em 2-3 tomas, isto é, 400 mg a 800 mg de 8 em 8 horas, que é bem tolerada.

Existem diferenças entre os vários anti-inflamatórios, sendo que a intolerância gastrointestinal que ocasionam frequentemente (dispepsia, dor abdominal, náuseas) também varia entre eles, podendo ainda ocasionar ou agravar uma doença renal, para a qual contribui, caso existam, a desidratação, hemorragias, insuficiência cardíaca moderada a grave, diurese excessiva e cirrose com ou sem ascite. Os idosos possuem risco aumentado de doença renal pelos anti-inflamatórios.

Alguns anti-inflamatórios causam problemas gastrointestinais com menor frequência sendo os de escolha para doentes idosos e mais susceptíveis.

O risco de agravamento de hipertensão e edema é análogo para todos os anti-inflamatórios.

Analgésicos opióides
O tratamento com analgésicos mais potentes do que o paracetamol está indicado para dores moderadas a graves de OA. Utiliza-se o tramadol, que pode ser associado ou não ao paracetamol, escolhendo-se quando o paracetamol e os anti-inflamatórios falham no alívio da dor.

Note-se que o uso crónico e contínuo deste tipo de analgésicos opióides conduz a redução da sua eficácia e obriga a aumentos progressivos de doses necessárias para produzir o mesmo grau de analgesia. De considerar ainda que estes medicamentos ocasionam sempre obstipação e que geralmente requerem a toma de laxantes para o seu controlo, durante o tratamento.

Pode associar-se, se necessário, o tramadol a um anti-inflamatório para obter melhores resultados.

Analgésicos tópicos
A aplicação local de analgésicos, como o creme de capsaicina ou de anti-inflamatórios é frequentemente efectuada, com ou sem prescrição médica. Podem ser utilizados isoladamente ou se necessário, podem constituir um tratamento adicional aos analgésicos ou anti-inflamatórios referidos anteriormente. Este tipo de fármaco aplicado localmente é efectivo e apresenta menos efeitos secundários, sendo de preferir em situações localizadas.

Corticosteróides intrarticulares
Para tratamento de crises dolorosas agudas de OA, particularmente se houver evidência de inflamação e inchaço da articulação, as injecções intrarticulares de corticosteróides têm sido utilizadas com bons resultados quando a restante terapêutica não se mostra suficiente.

Ácido hialurónico intrarticular
Também se tornou um tratamento aceite no controlo da dor, a injecção intrarticular de ácido hialurónico, cuja eficácia e segurança tem sido demonstrada.

Agentes modificadores da doença - osteoartríticos
Há algumas substâncias que estão em estudo como sendo capazes de modificar o curso da osteoartrite embora não haja ainda resultados definitivos. Estão neste caso as tetraciclinas e alguns derivados (doxiciclina e minociclina), factores de crescimento, manipulação de citoquinas, terapia génica e açúcares sulfatados e não sulfatados.

O sulfato de glucosamina tem sido administrado por via oral e intramuscular, sugerindo-se que é uma substância capaz de modificar o curso da doença, na dose de 1,5 g por dia. Também tem sido estudada a diacereína, 50 mg duas vezes ao dia, que mostrou efeitos benéficos num estudo de 3 anos.

Apesar destes dados há necessidade de mais estudos que comprovem a utilidade destas substâncias.

Tratamento não medicamentoso da OA
Apesar de também serem muito utilizadas medidas não medicamentosas em doentes com OA, não há grande evidência da sua utilidade.

Exercício físico
O exercício físico tem gerado muito interesse como medida não medicamentosa na OA, particularmente o exercício aeróbico e de aumento de força, que parecem igualmente efectivos no alívio da dor e melhoria funcional em doentes obesos com OA. Associado a dieta, o exercício pode apresentar bons resultados em termos de melhoria da qualidade de vida e funcionalidade física.

Suporte e calçado
Medidas de suporte e calçado correctivo podem ser benéficos e alternativas a intervenções mais complexas, no entanto existem poucos estudos que avaliem estas intervenções embora haja indicações de alívio sintomático.

Reabilitação física
Têm sido estudadas várias modalidades de reabilitação física no tratamento da AO, designadamente a terapia térmica (calor, frio, ultrassons), a estimulação eléctrica transcutânea (TENS), terapia electromagnética, lazer, e estimulação eléctrica têm sido medidas adjuvantes utilizadas na OA. Apesar da sua utilização, não há resultados definitivos de estudos que demonstrem a sua eficácia.

Intervenções comportamentais
Intervenções comportamentais podem melhorar a OA embora raramente eliminem a dor, contudo, reduzem frequentemente o sofrimento e os custos. A educação do doente sobre a gestão da OA é central no tratamento para melhoria do estado de saúde.

Tratamentos alternativos da OA
Muitos são os doentes que recorrem a terapias alternativas ou complementares dos medicamentos. Estão neste caso as plantas medicinais, dietas, homeopatia, intervenções mente-corpo, calor manual, terapia electromagnética e acupunctura.

Tratamento cirúrgico da OA
A cirurgia é apenas considerada após a falha das medidas de tratamento enunciadas, existindo vários tipos de intervenções cirúrgicas que são decididas face ao tipo de OA, localização e doente.

Guidelines para o tratamento
O tratamento da OA deve ser efectuado de forma individualizada face às necessidades de cada doente, tendo sempre em conta a relação benefício/risco.

É importante considerar inicialmente se existe dor e se é acompanhada de inflamação. Caso não pareça existir inflamação basta administrar analgésicos mas, se ela estiver presente, é necessário usar os anti-inflamatórios.

O tratamento medicamentoso oral pode beneficiar se for acompanhado pela aplicação local, na articulação em causa, de medicamentos em creme. Se for necessário, devem ser tomados analgésicos mais potentes, como o tramadol.

Em casos de persistência dolorosa, há frequentemente, a necessidade de recorrer a infiltrações de corticosteróides ou de ácido hialurónico.

Bibliografia
Piercarlo Sarzi-Puttini, Marco A. Cimmino, Raffaele Scarpa, Roberto Caporali,
Fabio Parazzini, et al. Osteoarthritis: An Overview of the Disease and Its Treatment Strategies. Semin Arthritis Rheum. 2005. 35 (suppl 1):1-10.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Lesão da articulação
Pensava-se que a osteoartrite era uma artrite não inflamatória no entanto alguns investigadores obse

Apesar de a osteoartrite poder afectar qualquer articulação, as mais frequentemente afectadas são o joelho, anca, coluna e mãos, sendo a do joelho, a mais estudada e conhecida.

A osteoartrite possui uma origem complexa e está associada a múltiplos factores de risco, designadamente à idade, traumatismo da articulação, alterações biomecânicas e obesidade, entre outras. Assim, a osteoartrite deve ser considerada como uma doença complexa que ocasiona incapacidade de uma ou mais articulações pela perpetuação da destruição da articulação.

Contrariamente ao que se tem passado em outras doenças, na osteoartrite o tratamento mantém-se limitado ao controlo da dor sem que existam fármacos que previnam ou impeçam a progressão da doença, isto é, não existem ainda medicamentos específicos que consigam alterar o curso da osteoartrite.

Inflamação e osteoartrite
Estudos recentes da osteoartrite identificaram a presença de mediadores da inflamação no fluido sinovial e no plasma dos doentes, particularmente citoquinas havendo também dados que sugerem existir um estado de inflamatório geral associado à osteoartrite. Análises epidemiológicas demonstraram níveis séricos elevados de proteína C reactiva fortemente associados à presença e progressão de osteoartrite do joelho.

Já se tornou claro que a inflamação está presente nas articulações surgindo mesmo antes de se desenvolverem alterações radiológicas correspondentes à degeneração visível da cartilagem e ainda um estado de inflamação crónica que parece constituir factor de degeneração da articulação. Uma lesão inicial, quer seja aguda, subaguda ou crónica, induz uma resposta inflamatória que ocasiona perda posterior da cartilagem e lesão progressiva da articulação.

Com base nestes dados, parece que deveriam existir medicamentos que actuassem nas fases iniciais inflamatórias da osteoartrite para alterar o curso do processo inflamatório e que fossem eficazes na prevenção e tratamento da osteoartrite.

Inflamação como alvo para a modificação da evolução da osteoartrite
Até ao momento não existem medicamentos cujo efeito se dirija à modificação dos efeitos da evolução da doença sobre a progressão estrutural da osteoartrite.

Utilizam-se actualmente os anti-inflamatórios não esteróides (AINE), selectivos e não selectivos, a injecção intrarticular de ácido hialurónico ou de corticosteróides e analgésicos opióides, que apenas se destinam ao alívio dos sintomas.

Os principais desafios que se colocam na criação de medicamentos que alterem o desenvolvimento da osteoartrite incluem a necessidade de melhorar os processos de medição das alterações estruturais e a compreensão do estadio da doença. Considera-se também como desafio, o facto de a osteoartrite ser um estadio final de um conjunto de processos e factores predisponentes que se seguem à lesão inicial, não existindo estudos dirigidos à fase inicial da osteoartrite, altura em que a intervenção anti-inflamatória poderia ser mais efectiva.

Há autores que admitem que a capacidade de identificar e quantificar a sinovite antes de ocorrer a deficiência irreversível da articulação pode ser prometedora para o tratamento de inflamação antes de ser visível radiologicamente. Considera-se prometedor que o conhecimento de factores de risco para a osteoartrite e o desenvolvimento de técnicas imagiológicas, capazes de visualizar precocemente alterações da cartilagem e a sinovite, permitirá identificar os indivíduos em risco e que podem beneficiar de tratamento anti-inflamatório precoce.

Bibliografia
Jeremy Sokolove, Christin M. Lepus. Role of Inflammation in the Pathogenesis of Osteoarthritis. Latest Findings and Interpretations. Ther Adv Musculoskel Dis. 2013; 5(2):77-94. 

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Reduzir a dor
A osteoartrite é a forma de artrite mais frequente e que se associa à incapacidade e redução da qual

Não havendo tratamento curativo para a osteoartrite, a terapêutica deve ser individualizada e destina-se à redução da dor, da rigidez das articulações e à manutenção funcional das articulações.

O tratamento habitual da osteoartrite passa pelo exercício físico, terapêutica com frio ou calor, protecção da articulação, perda de peso, fisioterapia e a toma de medicamentos. Os mais vulgarmente utilizados são os anti-inflamatórios não esteróides (AINE) e o paracetamol. Apesar dos AINE serem efectivos no alívio da dor associada à osteoartrite possuem reacções adversas frequentes e não são capazes de reverter a doença.

Actualmente tem-se verificado uma tendência para a utilização de nutracêuticos destinados a reduzir a dor e o desconforto que a osteoartrite ocasiona. Os nutracêuticos são definidos como alimentos funcionais, sendo produtos naturais ou parcialmente naturais com algum efeito terapêutico ou com benefícios para a saúde, tal como a capacidade de prevenir ou tratar uma doença. São geralmente bem tolerados e seguros.

Os nutracêuticos recentemente utilizados na osteoartrite são a glucosamina, a condroitina, abacate, soja e diacereína. Destinam-se ao alívio da dor associada à artrite, tendo sido demonstrado efeito ligeiro a moderado no alívio dos sintomas da osteoartrite. Note-se contudo que existem medicamentos comercializados que possuem glucosamina, diacereína e condroitina.

Medicamentos como o sulfato de glucosamina e o sulfato de condroitina estimulam a produção de componentes da cartilagem e têm efeito no alívio da dor e da função, e possivelmente um efeito benéfico sobre a lesão estrutural. Devem ser tomados por períodos longos de tempo, pois o seu efeito não é imediato. 

A diacerina estimula a síntese de proteoglicanos, melhora os sintomas e existe alguma evidência radiológica de melhoria estrutural da cartilagem. Existe também já alguma evidência de que as vitaminas, nomeadamente a C, a D e a E, possam ter algum efeito benéfico sobre a dor e possivelmente sobre a progressão da lesão estrutural. 

Surgiu recentemente um novo nutracêutico que está em estudo na osteoartrite, é um derivado do colagénio tipo II desnaturado, derivado da cartilagem do esterno do frango ou de origem bovina. Este produto demonstrou alguma eficácia no tratamento da artrite reumatóide e, estudos em animais e no homem mostraram alguma efectividade no tratamento da osteoartrite tendo induzido alívio da dor durante o período de tratamento. O suplemento de colagénio tipo II melhorou as actividades diárias ocasionando melhoria na qualidade de vida dos doentes com osteoartrite.

Dado que todos os medicamentos possuem algum grau de insegurança, houve recentemente conclusões sobre estudos dirigidos ao uso da diacereína na osteoartrite, que foram divulgados pelo Infarmed e que se transcrevem.

Infarmed. Diacereína - Restrições de utilização. Circular Informativa. N.º 067/CD/8.1.7. de 21/03/2014
A diacereína é um medicamento usado no tratamento de doenças como a osteoartrite (dor e inchaço das articulações). Face à revisão de segurança agora concluída e para que os benefícios da diacereína superem os riscos conhecidos, a EMA e o Infarmed recomendam o seguinte:

A diacereína não deve ser utilizada em doentes com doença hepática ou história de doença hepática. Os médicos devem monitorizar a função hepática dos seus doentes, para que possam identificar precocemente problemas hepáticos e ensinar os doentes a reconhecer os primeiros sintomas e sinais deste tipo de situações.

Para minimizar risco de diarreia grave é recomendável iniciar o tratamento com metade da dose normal (50 mg/dia) nas primeiras 2 a 4 semanas, após as quais, a dose recomendada é de 50 mg 2 vezes ao dia. O tratamento deve ser interrompido se surgir diarreia. 

Estes medicamentos não devem ser utilizados em doentes com mais de 65 anos.

Recomenda-se aos doentes que:
Se tiverem diarreia enquanto tomam medicamentos contendo diacereína interrompam o tratamento e contactem o seu médico para que este possa avaliar a situação e, eventualmente, indicar uma alternativa terapêutica.

Se tiverem mais de 65 anos e estiverem a tomar estes medicamentos, contactem o seu médico para que este possa reavaliar a terapêutica.

Se têm ou tiveram problemas de fígado não devem tomar diacereína.

Se estiverem a tomar estes medicamentos, o médico irá vigiar a sua função hepática e ajudar a identificar eventuais sinais e sintomas de problemas de fígado (tais como prurido e icterícia). 

Bibliografia
David C. Crowley, Francis C. Lau, Prachi Sharma, Malkanthi Evans, Najla Guthrie et al.  Safety and efficacy of undenatured type II collagen in the treatment of osteoarthritis of the knee: a clinical trial. Int. J. Med. Scic. 2009; 6(6):312-321.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
‘Stop Depression’
Tratar a depressão com recurso às novas tecnologias e livros de autoajuda é a finalidade do programa ‘Stop Depression’ a ser...

“Nestes tratamentos com menores gastos de recursos e sem medicação, a pessoa é acompanhada por um profissional devidamente treinado, mas onde também se faz apelo aos recursos e capacidades do paciente para conseguir ultrapassar a depressão”, revela, em comunicado, o psicólogo João Salgado, responsável pelo projeto.

O docente explica que “no tratamento assistido por computador, o utente terá à sua disposição uma série de atividades que podem ajudar a pessoa a voltar ao seu estado de humor normal”.

“O mesmo se passa nos grupos de psicoeducação ou na terapia apoiada por livros de autoajuda. Além disso, estes recursos tecnológicos também irão ajudar a avaliar de modo mais sistemático a evolução da situação clínica”, assinala o mentor do ‘Stop Depression’.

O projeto resulta de uma parceria entre o Instituto Superior da Maia (ISMAI), o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC) e Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte e assenta em três pontos essenciais: detetar mais precocemente novas situações de depressão ou de risco de suicídio, tratar as situações consoante a sua gravidade e apoiar os tratamentos com tecnologias de informação, tais como a Internet e ‘smartphones’.

“Cuidar mais. Vamos vencer a depressão” é o nome da campanha pública do ‘Stop Depression’ que até outubro de 2016 será implementada no terreno e envolve 175 mil pessoas de quatro freguesias do Porto onde será dada formação específica a mais de 250 profissionais.

O Porto foi escolhido para implementação do projeto por “ter uma população urbana envelhecida, muito afetada pela crise e com níveis de desemprego elevado”, indica o comunicado.

No âmbito do projeto realiza-se quarta-feira no ISMAI, a partir das 10:30, a conferência internacional “Cuidar + da Depressão: Inovação e Desafios nos Cuidados de Saúde Primários” durante a qual serão debatidas as formas inovadoras de intervenção no tratamento da depressão nos cuidados de saúde primários em Portugal e no estrangeiro.

Instituto de Biologia Molecular e Celular
O investigador do Instituto de Biologia Molecular e Celular da Universidade do Porto Helder Maiato é o vencedor da edição deste...

Em comunicado, o Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) refere tratar-se do “Louis-Jeantet Young Investigator Career Award (YICA)”, no valor de cerca de 100 mil euros, atribuído pela Fundação Louis-Jeantet, sediada em Genebra.

Com o prémio, instituído em 2011, a fundação tem "o objetivo de encorajar e apoiar os melhores talentos jovens a trabalhar em investigação biomédica na Europa. Para premiar, escolhe anualmente um dos que conquistaram uma ERC Starting Grant, as bolsas milionárias do European Reasearch Council, e cujo projeto está a chegar ao fim com sucesso", esclarece o IBMC.

Helder Maiato estuda a divisão celular, em particular das forças responsáveis pelo movimento dos cromossomas durante esse processo.

“Durante muitos anos deu-se apenas atenção às relações e componentes bioquímicos que condicionam a divisão das células, mas nós retomámos a ideia de que a física e as forças desempenham um papel igualmente importante no processo de divisão”, explica o investigador.

Perceber como as células se dividem, como é que podem ocorrer erros, ou como as células ultrapassam esta fase de forma fidedigna tem-se revelado fundamental para entender inúmeras doenças, nomeadamente o cancro.

Em 2010, Helder Maiato foi um dos contemplados com uma ERC Starting Grant, uma bolsa atribuída pelo Conselho Europeu para a Investigação para financiar os melhores projetos e ideias de investigação europeia.

Helder Maiato conta também no seu curriculum com o Prémio da Sociedade Portuguesa de Genética Humana, o prémio “Estímulo à Investigação”, da Fundação Calouste Gulbenkian, o prémio Crioestaminal, e muito recentemente o FLAD Life Science 2015, entre outros reconhecimentos.

A atribuição do prémio, 100.000 francos suíços (cerca de 91.508 euros) para investigação e 10.000 (cerca de 9.150 euros) para gastos pessoais, já veio em 2014 para Portugal. Nesse ano foi Rui Costa, investigador da Fundação Champalimaud e antigo estudante do GABBA, Programa Graduado em Áreas da Biologia Básica e Aplicada da Universidade do Porto, quem recebeu a distinção.

Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral
O acidente vascular cerebral mata um português por hora e é a maior causa de morte e de invalidez em Portugal, mas pode ser...

Este é o mote da campanha EU NÃO ARRISCO, uma campanha de sensibilização para os riscos associados ao Acidente Vascular Cerebral (AVC), promovida pela Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC) e que conta com a fadista Carminho como embaixadora

Aproveitando a efeméride, o Dia Mundial do AVC (dia 29 de Outubro), a campanha EU NÃO ARRISCO e a SPAVC, organiza uma caminhada de sensibilização para o Acidente Vascular Cerebral (AVC) no dia 31 de Outubro, pelas 10h, no Porto, a que deu o nome: Caminhe pelo AVC.

Esta caminhada irá alertar para este flagelo do AVC propondo uma vida mais saudável, num encontro que prevê reunir mais de 2.000 participantes.

O aquecimento desta caminhada será guiado por Rui Barros, treinador do programa “Peso Pesado”, sendo a entrada é livre.

A SPAVC considera absolutamente crucial a sensibilização da sociedade em geral para esta problemática, apelando a uma atitude preventiva ao longo da vida. Em todo o mundo, cerca de 33 milhões de pessoas vivem com as consequências de um AVC e calcula-se que uma em cada seis pessoas venha a ter este problema de saúde. Estes são dados que devemos contrariar através do forte investimento em estilos de vida saudáveis, muitas vezes negligenciados pelo modo vida moderno.

Em 2014
No ano passado, aposentaram-se mais de dois mil assistentes operacionais e técnicos, 712 médicos e 671 enfermeiros.

Em 2014, o Ministério da Saúde (MS) voltou a perder trabalhadores devido às aposentações que aumentaram 60% em comparação com o ano anterior. Mas há duas exceções: o número de médicos cresceu nas unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e também cresceu ligeiramente o de técnicos superiores. Os médicos são o segundo grupo profissional mais representado no MS, o que tem mais funcionários a seguir ao da Educação, escreve o jornal Público.

O reverso da medalha é que no ano passado diminuiu também o número de assistentes técnicos, o que, somado ao decréscimo dos assistentes operacionais, representa uma quebra “significativa” em comparação com o ano anterior, menos 5,6%. “Isto acontece porque estes profissionais são os que se aposentaram em maior número, explica-se no Balanço Social Global do Ministério da Saúde (2014) divulgado esta segunda-feira. No total, refere o documento, no ano passado aposentaram-se 1275 assistentes operacionais, 815 assistentes técnicos, 712 médicos e 671 enfermeiros. Um aumento de 60%, que aconteceu devido ao aumento da idade da reforma para os 66 anos, o que “funcionou como um incentivo à aposentação com mecanismos de antecipação”.

O documento inclui dados de 64 entidades do SNS (hospitais, centros de saúde, organismos centrais e regionais) mais três entidades do inventário de pessoal. No total, o MS soma 124.260 trabalhadores, menos 163 do que no ano anterior, em que se já se verificara uma quebra. Os médicos (26.645) eram então mais de um quinto do total de trabalhadores do SNS.

No final do ano passado, havia mesmo mais cerca de dois mil médicos do que assistentes operacionais. Em 2014, o número de enfermeiros diminuiu igualmente em 1,9%, apesar de esta categoria profissional ser a mais representada no total de trabalhadores do MS (38.089, cerca de um terço do total). No documento destaca-se, porém, que este decréscimo foi “compensado pelo aumento de 1,3% no número de horas efetivamente prestadas”. Lembra-se ainda que, entre Janeiro e Junho deste ano, foram aprovados 1175 pedidos de contratação de enfermeiros “e está para breve a conclusão dos concursos abertos em 2012”.

Mas a diminuição teve um efeito considerável. Aliás, no balanço admite-se que o "acréscimo significativo de horas extraordinárias", tanto nos enfermeiros como nos assistentes operacionais, “pode refletir a falta de profissionais nessas carreiras”.

Depois de diminuir nos anos anteriores, o trabalho extraordinário cresceu ligeiramente (0,3%). Globalmente, em 2014 a quebra do número de empregos no MS foi de 2,5%. Pela positiva, destaca-se neste balanço o decréscimo assinalável do número de dirigentes, justificado pela PREMAC (Plano de Redução e Melhoria da Administração Central). Os dirigentes passaram de um total de 1051 (em 2010) para 726 (2014).

Em sentido inverso, ao longo dos últimos cinco anos observa-se um acréscimo gradual do número de processos disciplinares, que passou de 492 (em 2010) para 728 (em 2014). Não é avançada qualquer explicação para este fenómeno. Também os acidentes de trabalho aumentaram em 2014 (há mesmo registo de duas mortes), facto que é atribuído em parte ao surgimento de um aplicação online para registo destes incidentes.

O que o balanço social também permite perceber é que os cuidados hospitalares continuam a absorver o grosso dos funcionários do SNS (79%). Apenas 21% trabalham nos cuidados de saúde primários, o que significa que se agravou a desproporção entre o total de funcionários nos hospitais e nos centros de saúde, ao contrário do que tem sido preconizado por todos os especialistas e era recomendado no Memorando de Entendimento assinado entre o Estado português, o FMI, o Banco Central Europeu e a União Europeia.

Analisando as remunerações, destaca-se que a maior parte dos funcionários (67,2%) não foi abrangida "por qualquer corte salarial” porque ganha menos de 1500 euros por mês. Cerca de 18% recebem mais de 2 mil euros por mês e, neste subgrupo, 1,1% auferem mais de 6 mil euros mensais. Os encargos com o pessoal ascenderam a 2,9 mil milhões de euros, cerca de 34% da despesa pública em saúde.

Especialista diz
Os distúrbios do sono afetam o desenvolvimento e o desempenho escolar das crianças e, no caso dos adultos, estão associados à...

“Os distúrbios do sono apresentam repercussões negativas no desenvolvimento das crianças e no seu rendimento escolar mas, na maioria das vezes, os sintomas são desvalorizados pelos pais e o diagnóstico é feito tardiamente. Esta situação é preocupante, tendo em conta as consequências físicas e psicológicas associadas a estas patologias”, explica Luísa Monteiro, coordenadora da Unidade de Otorrinolaringologia do Hospital Lusíadas Lisboa.

E acrescenta, escreve o Diário Digital, “uma criança com apneia obstrutiva do sono apresenta-se, geralmente, magra, com olheiras, com adenoides e amígdalas aumentadas, muito irritada e com comportamentos antissociais. Por outro lado, um adulto com este problema é geralmente obeso, com tendência para sonolência diurna, e apresenta, na maioria das vezes, um risco acrescido de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.”

“Este é um problema com uma prevalência muito elevada junto da população portuguesa e os quadros clínicos podem variar de gravidade e intensidade, podendo ir desde o ressonar primário até às apneias obstrutivas do sono graves com morbilidade e mortalidade significativas”, conclui a especialista.

Este e outros temas como, por exemplo, a obesidade na criança e no adulto, o cancro do cólon, as urgências pediátricas, os cuidados a ter com os idosos e o papel do exame de imagem no tratamento do doente oncológico vão estar em destaque no 2º Congresso Lusíadas Saúde no dia 17 de Outubro, no Hotel The Oitavos, na Quinta da Marinha, em Cascais.

Em 2016
Investigadores estão cada vez mais empenhados em usar a impressão 3D para melhorar o trabalho nas áreas de saúde e biologia....

O governo dos EUA aprovou recentemente a produção do SPRITAM, droga usada no tratamento da epilepsia, a partir de tecnologias de impressão 3D. O medicamento é o primeiro aprovado pelo órgão responsável no país, escreve o Diário Digital.

Don Wetherhold, CEO da empresa responsável pelo SPRITAM, afirmou que o medicamento é feito para preencher uma necessidade dos pacientes que lutam com as atuais medicações. Ele disse que a empresa visa transformar o modo com que os pacientes lidam com o tratamento.

A diferença do remédio em impressão 3D é, segundo a empresa, a dissolução eficaz do comprimido no organismo. Assim, o efeito ocorre de modo mais rápido, sem necessidade de ter que engolir pílulas grandes.

Outra característica a destacar é que os medicamentos feitos a partir de impressão 3D podem ser personalizados de acordo com as necessidades de cada paciente. Sendo assim, os médicos podem receitar remédios sob medida para cada tratamento e paciente. O SPRITAM deve estar disponível no primeiro trimestre de 2016.

Centro de Neurociências e Biologia Celular
Duas instituições norte-americanas vão financiar uma equipa de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular de...

Uma equipa do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC), liderada por Cláudia Cavadas, vai ser financiada por “duas instituições americanas”, para estudar a progeria, doença rara incurável em que as crianças envelhecem muito rapidamente e não chegam à vida adulta”, afirma a UC, numa nota divulgada.

O grupo de especialistas do CNC vai investigar o potencial do neuropeptídeo Y (NPY), uma molécula que estimula uma espécie de “reciclagem” de partes envelhecidas das células, denominada de autofagia.

Apoiados em estudos realizados anteriormente em ratinhos de laboratório, os cientistas da UC consideram que esta molécula poderá ser “um regulador de envelhecimento, contrariando os efeitos” da doença (síndrome de progeria de Hutchinson-Gilford), acrescenta a UC.

“Este financiamento vai permitir continuar a nossa investigação nesta doença fatal e, no futuro, poderá auxiliar na descoberta de uma estratégia terapêutica que contrarie o envelhecimento acelerado destas crianças e, quem sabe, atrasar o envelhecimento natural de todos nós”, admite a responsável pelo projeto, Cláudia Cavadas.

As instituições dos EUA que vão financiar, durante dois anos, a continuação da investigação, são a Fundação The Progeria Research Foundation (PRF) e a organização Carly Cares.

A fundação tem apoiado “projetos em todo o mundo que resultaram em descobertas importantes sobre a progeria” e a parceria agora estabelecida “permitirá o surgimento de investigação inovadora nesta doença rara”, acredita Audrey Gordon, diretora executiva da PRF, citada pela UC.

Por seu lado, a Carly Cares “angaria verbas para financiar investigação que aumente a vida dos doentes e que tenha um impacto positivo nas famílias”, explica Heather Kudzia, presidente da Carly Cares – instituição com o nome da sua filha, de cinco anos de idade, diagnosticada com progeria.

A Carly Cares “não poderia estar mais orgulhosa de apoiar este estudo”, do CNC, assegura Heather Kudzia.

A progeria é uma doença genética rara, caracterizada por um envelhecimento acelerado.

A mortalidade das crianças atingidas pela progeria é provocada por “problemas cardíacos resultantes da arteriosclerose (espessamento e endurecimento das paredes das artérias), associada tipicamente à velhice”, podendo ocorrer em crianças “logo aos dez anos de idade”.

As capacidades mentais destas crianças permanecem intactas, apesar de apresentarem um corpo envelhecido, caracterizado, por exemplo, por rugas, perda de cabelo, problemas nas articulações e perda de massa muscular, refere a UC.

Infarmed
A revisão anual de preços dos medicamentos em 2015 conduziu a uma poupança superior a 13,3 milhões de euros para os utentes e...

Esta revisão abrangeu 4209 apresentações de fármacos, tendo-se registado reduções que vão desde os 10 aos 60%. Os medicamentos para as doenças do aparelho cardiovascular e do sistema nervoso central foram os que mais contribuíram para a descida global de preços.

Em 2014, as reduções realizadas através deste mecanismo tinham sido menores: 11,6 milhões de euros para os utentes e 14 milhões para o SNS. Esta medida tem como objetivo reduzir os preços praticados em Portugal para os níveis médios de três países de referência (tendo em conta o PIB e o preço dos medicamentos) e que em 2015 são a Espanha, a França e a Eslovénia.

Em 2015, foram sujeitas a análise 6612 apresentações de medicamentos, de 226 empresas, embora algumas tenham sido isentas de revisão, nomeadamente por serem comercializadas a preços inferiores a 5 euros por embalagem.

Durante um ano
Os hábitos alimentares de mais de 12 mil portugueses vão ser estudados durante um ano com o objetivo de investigar as causas...

“Além da recolha de informação junto de uma população representativa da população portuguesa, esta investigação pretende melhorar a saúde pública no geral”, explicou Helena Canhão, investigadora principal do estudo.

O projeto denominado “Saúde.Come”, que recebeu 715 mil euros de um mecanismo financeiro europeu, pretende usar tecnologias como a televisão interativa ou a internet para promover hábitos alimentares saudáveis junto dos idosos e dos jovens.

Numa primeira fase, que deverá durar cerca de seis meses, os investigadores vão tentar perceber que percentagem da população portuguesa vive em insegurança alimentar, ou seja, tendo acesso limitado ou incerto a uma alimentação adequada ou ter receio de não ter comida no dia seguinte.

A insegurança alimentar pode estar ligada a fatores económicos, mas também, sobretudo no caso dos idosos, a problemas de mobilidade aliados a isolamento ou solidão que dificultem o acesso a comida saudável e adequada.

A investigação é conduzida pela Sociedade Portuguesa de Reumatologia, Nova Medical School da Universidade Nova de Lisboa, Católica Lisbon School of Business and Economics, pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e ainda por uma universidade da Noruega, país onde está a ser feito um estudo semelhante.

No total serão abrangidos cerca de 10 mil adultos portugueses e mais de 2.000 adolescentes.

Na segunda parte deste projeto, que é apresentado na quarta-feira à tarde em Lisboa, os autores vão pretender perceber de que forma as tecnologias como a internet ou a televisão interativa podem intervir na mudança de hábitos de saúde junto de idosos e de jovens.

Para a população idosa vai ser desenvolvida uma ferramenta “motivacional e educativa” que promove hábitos alimentares saudáveis e exercício físico através de uma aplicação de televisão.

Ao longo do estudo, os participantes devem ser avaliados através de consultas médicas, avaliação nutricional e de aptidão física.

Para os adolescentes vai ser criada uma plataforma online que contém inquéritos, vídeos e dicas de nutrição e será testada em 400 alunos dos 7º e 8º anos de uma escola do distrito de Leiria.

Inverno saudável
Portugueses têm ideias erradas sobre os alimentos que devem consumir no Inverno. Medicina Tradicional Chinesa esclarece como...

Chegada a estação mais fria, o corpo requer outros hábitos que ajudem a reforçar o organismo e sistema imunitário e o previnam da chegada das gripes e constipações, sendo por isso a altura ideal para introduzir ou retirar alguns alimentos nas nossas rotinas. Sempre com o foco na prevenção, o Dr. Hélder Flor, especialista em medicina tradicional chinesa, indica algumas plantas e alimentos que podem contribuir para que as alterações da estação fria não se façam sentir nocivamente na nossa saúde. “Há um ditado na China que diz: Se uma pessoa se alimentar bem no inverno, terá forças para caçar um tigre na Primavera.” Descreve Hélder Flor.

A alimentação é uma das chaves mestras da medicina tradicional chinesa, a par da inclusão de terapêuticas como a acupuntura, a fitoterapia (plantas medicinais) ou a moxabustão (técnica terapêutica da MTC). “A temperatura dos alimentos tem um papel importante no equilíbrio corporal existindo, por isso, a distinção entre alimentos frios e alimentos quentes.” Começa por explicar o médico terapeuta. “Nos meses mais frios devemos privilegiar a ingestão de alimentos de natureza quente, como os condimentos e as especiarias, de forma a reforçar e restabelecer a estabilidade do nosso corpo.”

Os alimentos devem ser, além disso, consumidos apenas na sua época de colheita, mais concretamente no que diz respeito à fruta. Por exemplo a laranja, sendo rica em água, é considerada uma fruta fresca ou de natureza fria e por isso não deve ser consumida no inverno, sendo preferível consumir frutas neutras como a maçã ou a pera, de época ou com uma característica mais quente. Para além disso, “O elevado grau de acidez da laranja ao cair no estômago, muitas vezes de manhã em jejum, pode causar gastrites e um esvaziamento da vesícula biliar acompanhado de leves indisposições tais como náuseas ou sensação de peso abdominal, principalmente em pessoas que já tenham algumas fragilidades a nível gastrointestinal e que façam deste gesto um hábito.” Outros alimentos que têm altas dosagens de vitamina C, mas sem os inconvenientes do ácido cítrico e que são benéficos devem ser, assim, eleitos como substituição como o caju, kiwi, brócolos, couve-flor, morangos, couve portuguesa, segundo indica o especialista em medicina tradicional chinesa e osteopatia.

Outros alimentos recomendados:

Gengibre, cardamomo, canela, malagueta, pimenta preta, tomilho, orégãos, manjericão, aveia, alho francês, cebola, romã, castanhas, figos, peras, avelãs, nozes ou uvas - “exemplos de alimentos com características mais quentes que reforçam o nosso corpo e ajudam a lidar melhor com o contraste de temperatura”, reforça Hélder Flor. “Também as frutas cozidas como a banana com mel e canela podem ser uma boa alternativa aos doces pois além de aquecer, nutrir e fortalecer o organismo, ainda trazem leveza ao estômago, sendo de fácil digestão e exigem menor uso de energia corporal para metabolizá-las.”

Outro dos conselhos que o especialista não esquece é a hidratação: “A maioria das pessoas não tem o hábito de beber água no inverno o que leva a uma menor hidratação do corpo podendo provocar problemas metabólicos e assim agredir o maior órgão do nosso corpo, a pele”, indica o especialista. Como alternativa à água, a ingestão de infusões e chás quentes é também indicada já que os rins são fortalecidos e purificados.

Por fim, no que à alimentação diz respeito, Hélder Flor explica que se deve optar por sopas, legumes cozidos, grelhados ou salteados em vez de saladas e alimentos frios ou crus. “Os alimentos devem ser cozinhados por mais tempo, preferindo-se os guisados, estufados, sopas e pratos do género. Devem evitar-se os alimentos de energia fria e ter em conta os frescos.” Remata o especialista, salvaguardando sempre que cada pessoa é um caso diferente e que por isso é tão importante um diagnóstico individual de forma a perceber quais as necessidades específicas de cada um.

Especialista diz
O diretor do Serviço de Psiquiatria do Hospital Gaia/Espinho afirmou que os casos depressivos que derivam da desilusão e da...

“Atualmente são cada vez mais frequentes episódios de ansiedade, depressão, stresse, fenómenos de dependência e de desenvolvimento de novas perturbações, associadas ao uso das novas tecnologias e do fácil acesso a redes sociais”, sustentou Jorge Bouça, que falava a propósito das VIII Jornadas de Saúde Mental, sob o tema “A Psiquiatria e a Saúde Mental - Entre as Redes Neuronais e as Redes Sociais”.

Organizado pelo Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E), o encontro visa debater o impacto que as redes sociais e as novas tecnologias têm no comportamento das pessoas, assim como nas suas relações pessoais e em grupo.

“A esfera digital e virtual tornou-se um catalisador de novas formas de voyeurismo e exibicionismo, acentuando efeitos de imitação de comportamentos autodestrutivos nas camadas mais jovens, como a automutilação e o suicídio”, afirmou o especialista.

Segundo Jorge Bouça, a perda de fronteiras entre a vida privada e pública a que assistimos nas redes sociais, através da publicação de conteúdos e imagens íntimas, levanta questões éticas que serão debatidas nas Jornadas.

Outros temas como a radicalização, a violência e o apelo a causas “purificadoras” como o Jihadismo serão também abordados.

Nos dois dias do encontro “pretende-se refletir e lançar pistas sobre a interação entre a psiquiatria enquanto ciência médica, as emoções, o comportamento e o contexto social e humano onde se desenvolve o indivíduo”, sublinhou o psiquiatra.

Ainda associado às mais recentes interações com a tecnologia, a forma como o nosso cérebro reage ao excesso de utilização das mesmas, impedindo o descanso e tornando-se causa inevitável de stresse, será também um dos pontos em análise, num momento em que os estudos científicos nesta área “ainda dão os primeiros passos”.

A discussão alargar-se-á tematicamente, envolvendo um estudo efetuado por profissionais do CHVNG/E, onde se analisa a utilização de termos do campo lexical da saúde mental nos media portugueses, nomeadamente a incidência da palavra esquizofrenia, “que tem vindo a ser utilizada de forma depreciativa nos últimos 10 anos, levando a uma maior estigmatização quer do termo, quer da doença”, referiu Jorge Bouça.

29 de outubro - Dia Mundial do AVC
Para assinalar o Dia Mundial do AVC, celebrado a 29 de outubro, a Associação Nacional AVC apresenta os resultados de um estudo...

Uma das principais conclusões do inquérito “AVC em Portugal – O olhar dos Portugueses sobre a doença”1 revela que 67% da população identifica a necessidade de reconhecer a figura do cuidador na Sociedade, com direitos laborais especiais e com a criação de uma Carta de Direitos.

Entre as pessoas que assumiram o papel de cuidador de um amigo ou familiar que sofreu um AVC, 61,5% admitem ter sentido repercussões a nível pessoal, como depressão, cansaço e isolamento. As dificuldades financeiras são também uma preocupação para alguns destes cuidadores. “Temos casos de pessoas que acolhem no seu seio doentes dependentes com muitas vulnerabilidades sociais, económicas e psicológicas. Contextos com carência de alimentos e medicação e com um acompanhamento médico altamente deficitário”, sublinha Clara Fernandes, Presidente da Associação Nacional AVC.

A resistência à redução dos fatores de risco que estão na origem do AVC é um aspeto alarmante e bem visível nas conclusões deste estudo. 67,2% dos indivíduos admite conhecer alguém que sofreu um AVC, mas destes, menos de metade reconhece ter alterado os seus hábitos diários. De entre os 45,4% de inquiridos que admite ter alterado os seus hábitos depois de ter assistido de perto a uma situação de AVC, mais de 70% indicam que mudaram a alimentação, procuraram reduzir o stress, passaram a fazer exames médicos com mais frequência e pesquisaram mais informação sobre a doença. Ainda, 58,8% reconheceram que aumentaram a prática de exercício físico e 42,1% reduziram o consumo de bebidas alcoólicas.

Contudo, apenas 26,8% indicaram ter reduzido ou deixado de fumar. Diogo Valadas, Diretor Técnico da Associação Nacional AVC salienta a importância de reduzir os fatores de risco, indicando que “os estudos mais recentes na área indicam que os fumadores têm uma probabilidade de sofrer AVC três vezes superior em comparação com os não fumadores”.

1 O estudo “AVC em Portugal – O olhar dos Portugueses sobre a doença”, de cariz quantitativo, foi realizado pela Spirituc, através de 600 questionários telefónicos aplicados de forma aleatória junto da população portuguesa com telefone fixo ou móvel, residente em território nacional, de ambos os géneros, com idade superior a 18 anos. As entrevistas telefónicas foram realizadas entre os dias 06 e 15 de julho de 2015

Sobre o AVC
Um AVC surge quando o fornecimento de sangue para uma parte do cérebro é impedido. O sangue leva nutrientes essenciais e oxigénio para o cérebro. Sem o fornecimento de sangue, as células cerebrais podem ficar danificadas, impossibilitando-as de cumprir a sua função.

O cérebro controla tudo que o corpo faz, por isso, uma lesão no cérebro afetará as funções corporais. Por exemplo, se um AVC danificar a parte do cérebro que controla o movimento dos membros, ficaremos com essa função alterada.

A doença é repentina e os efeitos no corpo são imediatos. Os sintomas incluem:

  • Dormência, fraqueza ou paralisia de um lado do corpo (pode ser um braço, perna ou parte inferior da pálpebra descaídos, ou a boca torta e salivante).
  • Fala arrastada ou dificuldade em encontrar palavras ou discurso compreensível.
  • Visão subitamente enublada ou perda de visão.
  • Confusão ou instabilidade.
  • Forte dor de cabeça.

Use um teste simples que o pode ajudar a reconhecer se uma pessoa teve um AVC:

  • Fraqueza Facial: a pessoa pode sorrir? Tem a sua boca ou um olho caído?
  • Fraqueza no braço: a pessoa consegue levantar os braços?
  • Problemas de expressão: a pessoa consegue falar com clareza e entender o que lhe dizem?

Se reconhecer algum destes sinais, ligue o 112 imediatamente.

Somos todos responsáveis…
A não adesão do paciente ao regime terapêutico prescrito é um flagelo mundial de saúde pública.

 

Os ganhos em saúde para o utente exigem regimes de tratamentos efetivos e a sua adesão, sendo que a adesão (também denominada de Concordância ou Cumprimento) à terapêutica é um dos 4 pilares da denominada adesão ao regime terapêutico, são eles:

 

  • Tomar os medicamentos/fármacos de forma apropriada;
  • Agendamento de consultas de cuidados de saúde e comparecer às mesmas;
  • Fazer mudanças no estilo de vida, incluindo na dieta, exercício, cessação do tabagismo e gestão do stress;
  • Autogestão de outros comportamentos que melhoram a saúde e os resultados dos cuidados. (Continuum de Saúde).

Nos países desenvolvidos, a taxa de não-adesão ao regime terapêutico nos doentes crónicos (Diabetes; Doenças Cardiovasculares, Demências, etc…), com múltipla medicação farmacológica é, em média, de 50%, sendo mais alta nos países em desenvolvimento (OMS 2003).

Numa investigação quantitativa acerca desta problemática, realizada por DiMatteo 2004), verificou que em média 24,8% dos utentes não aderem às recomendações por motivos muito variados, sendo que no caso dos utentes do foro psiquiátrico, as taxas médias de não-adesão encontradas são ainda mais elevadas, entre 37 e 42% (Cramer & Rosenbeck 1998).

Estima-se que entre 11 a 17% dos episódios urgências, consultas e internamentos se devam a incorrecção ou não-adesão ao regime terapêutico.

Podemos assim facilmente concluir que a não-adesão ao regime terapêutico é um “problema mundial de magnitude impressionante”, mesmo um flagelo mundial de Saúde Publica! (OMS, 2003)

São várias as implicações da não-adesão ao tratamento, sendo as mais significativas:

  • O aumento da morbilidade e mortalidade;
  • Redução da qualidade de vida;
  • Insatisfação dos utentes, das suas famílias e dos prestadores de cuidados;
  • Complicações médicas e psicológicas da doença;
  • Probabilidade de desenvolvimento de resistência aos fármacos;
  • Desperdício de recursos de cuidados de saúde e o desgaste da confiança do público nos sistemas de saúde.

Factores que influenciam a adesão ao regime terapêutico

A adesão é influenciada por vários factores. Estes incluem:

  • Baixo estatuto socioeconómico;
  • Analfabetismo e baixo nível educacional;
  • Desemprego;
  • Distância dos centros de tratamento;
  • Custo elevado do transporte ou da medicação;
  • As características da doença;
  • Fatores relacionados com a terapêutica: complexidade e duração do tratamento, efeitos secundários;
  • Crenças culturais acerca da doença e do tratamento.

Alguns destes fatores estão relacionados com o doente e com a medicação, enquanto outros estão relacionados com os profissionais de saúde. Por exemplo, o baixo estatuto socioeconómico é um factor relacionado com o doente, que inibe a adesão, enquanto os efeitos secundários de um regime farmacológico estão relacionados com a medicação. Dada esta interacção complexa de factores a afectar a adesão, os doentes precisam de ser apoiados e não culpabilizados.

Melhorar a adesão o que significa?
Uma melhor adesão está relacionada com a segurança do doente, traduz­‑se em melhores resultados de saúde e diminui os custos com os cuidados de saúde. Eficiência, quer para o SNS, quer para o utente.

A boa adesão melhora a efetividade das intervenções, promove a saúde e melhora a qualidade de vida e a esperança de vida dos doentes.

Não há uma forma única de promover a adesão aos regimes de tratamento. Para melhorar a adesão, têm de combinar-se várias estratégias educativas e comportamentais.

- As estratégias comportamentais incluem os lembretes e o reforço do comportamento do doente. Além disso, os prestadores de cuidados de saúde (profissionais de saúde) podem investigar as preferências dos doentes, simplificando os regimes de dosagem, etc.

- As estratégias educativas, que melhoram a adesão entre as pessoas com doenças crónicas, incluem a redução do número de medicamentos e da frequência das doses, o facultar de informação acerca dos efeitos secundários esperados e a motivação das pessoas para as alterações no estilo de vida causadas pela terapêutica.

É muito importante educar os doentes acerca das suas doenças crónicas, benefícios do tratamento e complicações associadas à não-adesão. A educação é necessária para a autogestão, uma vez que a maioria dos cuidados prestados para doenças crónicas exigem que os doentes estejam envolvidos no seu próprio autocuidado.

A educação é uma estratégia importante para melhorar a adesão, mas os doentes não precisam só de ser informados, mas também de ser motivados e encorajados a aderir ao tratamento e aos objectivos relacionados com o estilo de vida.

É necessária uma abordagem multidisciplinar para tratar as doenças crónicas e melhorar a adesão. A família, a comunidade e as organizações de doentes são parceiros-chave na promoção da adesão. Precisam de ser envolvidos de forma activa no plano de cuidados e nos resultados esperados dos cuidados.

A melhoria da adesão irá exigir a cooperação contínua entre os profissionais de saúde, investigadores, responsáveis pelas políticas, famílias e, mais importante que tudo, o doente.

Reconciliação terapêutica
A reconciliação da terapêutica é reconhecida como uma solução importante para a segurança do doente, em especial para a prevenção de erros de medicação. Permite evitar, entre outras situações, sobreposições e interações de medicamentos resultantes de informações incompletas ou mal comunicadas aquando da transição de cuidados do doente (admissão ao hospital, transferências dentro do hospital, alta).

A Reconciliação Terapêutica é um processo que consiste na identificação da lista mais precisa de todos os medicamentos que um doente está a tomar e que deve tomar - incluindo o nome, dosagem, frequência, via finalidade e a duração - e usar essa lista para fornecer/prescrever medicamentos correctos aos doentes em qualquer lugar dentro do sistema de saúde.

No momento da Admissão, um profissional de saúde (Enfermeiro) obtém a Melhor História de Medicação Possível (MHMP). A MHMP é a lista mais precisa da medicação que o doente deve estar a tomar e inclui os medicamentos que o doente está efetivamente a tomar no momento imediatamente anterior à admissão. Esta lista deve ser claramente documentada e atualizada durante o internamento se existir mais informação disponível.

O conhecimento sistematizado da medicação total de cada doente é um contributo indispensável para a segurança do doente, atendendo ao facto de a população portuguesa ser cada vez mais idosa, maioritariamente polimedicada e sujeita a transferências frequentes de tipologia de cuidados de saúde.

A importância da enfermagem…
Enquanto prestadores de cuidados de saúde em quem as pessoas confiam no contínuo de cuidados, os enfermeiros encontram-se numa posição única e privilegiada para avaliar, diagnosticar, intervir e avaliar resultados nas questões relacionadas com a adesão ao regime terapêutico.

No que à Enfermagem diz respeito, a adesão ao regime terapêutico significa ainda “tornar o doente mais autónomo no seu autocuidado”.

Compreendendo o doente e a sua família o enfermeiro pode, diariamente, renovar a vontade dos sujeitos em se auto cuidarem. Para isso é necessário encontrar respostas dinâmicas e avançar com muita perseverança.

São os enfermeiros que garantem a proximidade e continuidade de cuidados aos cidadãos, (Cuidados de Saúde Diferenciados, Cuidados de Saúde na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e Cuidados de Saúde Primários).

São igualmente os enfermeiros, em colaboração com outros prestadores de cuidados de saúde, numa abordagem multidisciplinar, que desempenham um papel importante na optimização da adesão ao tratamento ao nível do indivíduo, da família, da comunidade e do sistema de saúde.

Neste contexto, a figura do enfermeiro de família ou enfermeiro de referência é uma realidade que permite, não só o acompanhamento do doente, como o seu encaminhamento para os restantes profissionais e recursos existentes na comunidade.

Por outro lado, continua a ser necessária mais investigação para aumentar a compreensão dos profissionais de saúde relativamente ao problema complexo e multidimensional da não-adesão ao regime terapêutico.

As intervenções dirigidas aos determinantes de não-adesão precisam de ser avaliadas quanto aos respetivos efeitos e possibilidade de generalização. As intervenções baseadas na investigação (a Prática Baseada na Evidência) podem ser colocadas em prática com o objetivo de melhorar os resultados de cuidados de saúde, e a qualidade dos cuidados de saúde em todo o mundo.

Bibliografia:
Cramer JA & Rosenbeck R (1998). Compliance with medication regimens for mental and physical disorders. Psychiatric Services, 49, 196-201.
DiMatteo MR (2004). Variations in patients’ adherence to medical recommendations: A quantitative review of 50 years of research. Medical Care, 42 (3),200-209.
International Council of Nurses (2001). International Classification for Nursing Practice – Beta 2 Version. Geneva, Switzerland: International Council of Nurses.
International Council of Nurses (2005). International Classification for Nursing Practice – Version 1.0. Geneva, Switzerland: International Council of Nurses.
International Council of Nurses (2008). Guidelines for ICNP® Catalogue Development.
Geneva, Switzerland: International Council of Nurses.
Ordem dos Enfermeiros (2009). Estabelecer parcerias com os indivíduos e as famílias para promover a adesão ao tratamento – Catálogo da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (Cipe ®). Genebra, Suíça.
International Council of Nurses, World Health Organization (2003). Adherence to long term therapies: Evidence for action. Geneva, Switzerland, World Health Organization.
www.emro.who.int/ncd/Publications/adherence_report.pdf

Nota Biográfica:
Hélder Abel Chaves Ferreira Lourenço nasceu em 1969.
Iniciou a atividade de enfermeiro em Janeiro de 1992 no Hospital Distrital de Lamego. Desde 1995 exerce no Hospital São Teotónio de Viseu (Centro Hospitalar Tondela-Viseua. E.P.E.).
É Enfermeiro Especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica desde 2001. Em 2012 é um dos três enfermeiros em Portugal a obter o grau de Sexólogo Clínico, pela Sociedade Portuguesa de Sexologia.
Desde janeiro de 2012 é Presidente do Conselho de Enfermagem Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros.
É secretário e tesoureiro da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Saúde Mental (SPESM).

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Quercus
A criação da fiscalidade verde, nomeadamente a taxa sobre os sacos de supermercado, veio aumentar o consumo de sacos do lixo,...

“O que é natural, e faz sentido, é que o consumo global de sacos de plástico tenha diminuído, embora tenha aumentado o consumo de sacos do lixo. Mas, como diminuíram muito os sacos das compras, a nível ambiental, houve uma vantagem nesta medida”, disse Rui Berkemeier, especialista de resíduos da Associação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus).

Para Rui Berkemeier, era expectável o aumento do consumo de sacos de plástico para o lixo, pois as pessoas já não levam para casa os sacos das compras que antes eram oferecidos nos supermercados, embora alguns ainda o façam.

O jornal Público revela que a medida de fiscalidade verde, colocada em prática em fevereiro, fez aumentar o consumo de sacos de lixo em 40%, um efeito colateral da taxa sobre os sacos de plástico dos supermercados esperado pelo governo, mas que pode reduzir os benefícios ambientais da medida.

Segundo Rui Berkemeier, deixaram de ser utilizados “milhões de sacos”. Estima-se, agora, que a quantidade utilizada atualmente seja “inferior à dos sacos que eram oferecidos”.

“Quando recebiam sacos gratuitamente, era um número abusivo, [os supermercados] davam a mais. Agora, quando têm de comprar para o lixo, só compram o que precisam”, refere o especialista, sublinhando que o problema dos sacos de plástico é o “facto de estes se romperem, serem deixados no ambiente e irem poluir a natureza e contaminar os oceanos e prejudicar a fauna marítima”.

Rui Berkemeier lembrou ainda que a medida da fiscalidade verde “não foi uma inovação portuguesa”, mas antes uma sequência das medidas que são seguidas a nível mundial.

O responsável da Quercus recordou que todos os estudos realizados indicam que é “vantajoso para o ambiente” deixar de oferecer os sacos de plástico nos supermercados.

De acordo com o responsável da Quercus, o ambiente também ficou a ganhar pelo simples facto de o plástico dos sacos do lixo ser reciclado, substituindo o saco de plástico das compras que era verde.

No entanto, Rui Berkemeier advertiu que a fiscalidade verde, criada para induzir boas práticas nos cidadãos e nas empresas, quer nos serviços quer no dia-a-dia, não está a premiar quem está a cumprir e a ser amigo do ambiente no que aos resíduos diz respeito.

“O problema é que a Taxa de Gestão de Resíduos não penaliza o suficiente quem envia resíduos para aterro ou quem envia resíduos para incinerar, o que quer dizer que quem recicla, acaba por não ver o seu esforço reconhecido”, sublinhou o responsável.

Rui Berkemeier referiu que a TGR esqueceu o ponto de premiar as autarquias que deviam pagar menos por reciclarem mais.

Páginas