Espaço de comunicação tem de ser um espaço de conforto para o doente e familiares
Numa época em que a tecnologia e inteligência artificial assumem um papel cada vez mais importante n

As doenças neurológicas, que abrangem um espectro distinto de condições, desde a Doença de Alzheimer, à Doença de Parkinson, Epilepsia, Acidente Vascular Cerebral e Esclerose Múltipla, são doenças complexas que afetam por vezes a funcionalidade, bem-estar e autonomia dos doentes. O diagnóstico e tratamento podem ser processos demorados e difíceis, sendo uma comunicação eficaz facilitadora e tranquilizadora para o doente e família.

A princípio, é a partir do diálogo que o doente expressa os seus sintomas e eventos, que permitem ao médico reconstituir a história da doença, questionar detalhes que possam ajudar a chegar ao diagnóstico e eliminar outras hipóteses diagnósticas. Ao médico podem interessar não só dados da doença atual, como também outras doenças mais antigas ou mesmo da história familiar. Nem sempre o doente consegue fornecer uma história fidedigna e nesse caso os familiares são peças determinantes no estabelecimento de uma cronologia, de fornecimento de detalhes e nuances que permitem completar o puzzle do diagnóstico de uma doença neurológica.

Por outro lado, este espaço de comunicação tem de ser um espaço de conforto para o doente e familiares. Onde estes se sintam seguros no que diz respeito à confidencialidade dos dados que transmitem; ao respeito pelas suas crenças, valores, emoções e experiências; onde possam esclarecer as suas dúvidas sobre a doença e ter respostas claras. Nem sempre as respostas trazem segurança em relação ao futuro da doença e, por isso, é importante que haja uma relação sólida e de confiança e que o doente se sinta acompanhado, mais do que seguido numa consulta.

Uma vez estabelecido o diagnóstico, entramos na fase de planear o tratamento e seguimento. É essencial que o doente entenda a utilidade ou efeito do tratamento que propomos. É importante definir um plano de cuidados personalizado que o doente se sinta motivado e capaz para o executar. Para doenças como a Diabetes e Hipertensão Arterial, que são por vezes assintomáticas, não causando desconforto para o doente, é necessário que o doente entenda a razão que nos leva a tratá-las, que é a Doença Cardiovascular - Enfartes do Miocárdio, Acidentes Vasculares Cerebrais, entre outras. O mesmo se passa na Doença de Parkinson, em que o plano de cuidados pode incluir que a medicação seja tomada num horário rigoroso, que o doente tenha um plano de exercício físico acompanhado por um fisioterapeuta, siga um plano nutricional ou tenha até uma vida social ativa. A adesão do doente a cada proposta terapêutica, dependente da compreensão da sua utilidade.

Os cuidadores são elementos fundamentais no acompanhamento dos doentes com doença neurológicas. Um cuidador bem informado acerca da doença consegue dar um suporte adequado. É um elo de ligação aos profissionais de saúde e é também um observador e transmissor de informação. É capaz de percecionar as flutuações da doença e acompanhar o dia a dia, permitindo o reajuste do plano de intervenção a cada consulta.

Os cuidadores são também eles, afetados pela doença, sendo a exaustão do cuidador um problema frequente sobretudo nos doentes cujo cuidador é o familiar direto e o doente apresenta alterações do comportamento. Nestes casos, é importante que também ele se sinta acompanhado e posso encontrar o suporte necessário, quer seja nos profissionais de saúde, quer seja na comunidade.

Algumas doenças neurológicas como a demências podem apresentar em estadio avançado, perda de autonomia e capacidade de decisão. Nestas circunstâncias, em que o doente não consegue tomar decisões acerca de si próprio e dos seus bens, é facilitador que a família ou o cuidador sejam conhecedores da vontade do doente. Uma família e um doente informados, conseguiram antecipar algumas decisões futuras, como a decisão de colocar uma via alternativa de alimentação. Em casos particulares, a diretiva antecipada de vida pode ajudar a tomar decisões em momentos críticos e evitar que o doente seja submetido a tratamentos invasivos numa fase terminal da doença.

Em conclusão, a comunicação clara é crucial no diagnósticos e tratamento das doenças neurológicas. Permitem o esclarecimento de todos os intervenientes no processo de seguimento da doença, e uma maior adesão e avaliação das intervenções terapêuticas. Um doente e um cuidador informado são melhores gestores da doença. A existência de um canal de comunicação aberto entre profissionais de saúde e doentes facilita a superação dos desafios impostos pela doença neurológica.

 
Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Investigação contou com 4 245 psiquiatras europeus
A promoção de uma cultura laboral que inclua iniciativas anti-estigma e a integração destas ações nos programas de formação em...

Este estudo procurou identificar o estigma na prática clínica destes profissionais de saúde mental e faz parte de uma investigação que tem vindo a ser conduzida em 32 países da Europa. A investigação em curso pretende contribuir para que, futuramente, sejam implementadas medidas capazes de diminuir o estigma associado à saúde mental na prática clínica.

Intitulado Attitudes of psychiatrists towards people with mental illness: a cross-sectional, multicentre study of stigma in 32 European countries, publicado na revista eClinicalMedicine, editada pela The Lancet – liderado pela psiquiatra do Hospital Psiquiátrico Infantil e Adolescente de Vadaskert (Hungria), Dorottya Őri –, este estudo teve como objetivo central “analisar a relação entre as experiências vividas na primeira pessoa dos psiquiatras e pedopsiquiatras participantes e as suas atitudes estigmatizantes em relação a pessoas com doença mental”, explicam as investigadoras do Instituto de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), Ana Telma Pereira e Carolina Cabaços, que participam como coordenadoras nacionais neste projeto europeu.

“Segundo a definição original do cientista social Erving Goffman, o estigma refere-se a qualquer atributo que reduz alguém nas nossas mentes, de uma pessoa normal e completa para outra que está reduzida, contaminada”, contextualizam as investigadoras. Na área da saúde, o estigma pode traduzir-se, por exemplo, “em dificultar o acesso a cuidados de saúde, tratar alguém com excessivo paternalismo ou condescendência ou desvalorizar as queixas do doente, entre outras atitudes e consequências, sendo um inegável promotor de desigualdade social”, sublinham.

As investigadoras referem ainda que “as pessoas que sofrem de uma doença mental estão entre os grupos sociais mais estigmatizados, que, devido ao estigma e à antecipação negativa de experiências de discriminação, frequentemente evitam pedir ajuda e aderem parcamente ao tratamento”. “Numa perspetiva mais abrangente, o estigma em relação à doença mental tem sido também considerado um dos principais obstáculos ao financiamento adequado de avanços técnico-científicos na área da psiquiatria”, acrescentam.


Ana Telma Pereira e Carolina Cabaços são as coordenadoras nacionais deste projeto

Para analisar o estigma nos 32 países europeus (Hungria, Portugal, Dinamarca, Lituânia, Áustria, Turquia, Albânia, Azerbaijão, Ucrânia, Eslovénia, Croácia, Sérvia, Rússia, Estónia, França, Chéquia, Irlanda, Grécia, Montenegro, Eslováquia, Letónia, Malta, Bulgária, Bielorrússia, Itália, Suíça, Alemanha, Países Baixos, Reino Unido, Bélgica, Espanha e Chipre), a equipa de investigação utilizou a Opening Minds Stigma Scale for Health Care Providers (OMS-HC), uma ferramenta que tem sido utilizada mundialmente para analisar atitudes estigmatizantes entre profissionais de saúde, e cujas propriedades psicométricas nos 32 países participantes foram aferidas num estudo anterior, publicado pela mesma equipa de investigação.

“Esta escala, em que são atribuídas pontuações entre 15 e 75 pontos – correspondendo as pontuações mais elevadas a atitudes mais estigmatizantes – é constituída por 15 itens de autorresposta, distribuídos por três subescalas, que avaliam as seguintes dimensões: atitudes face a pessoas com doença mental; ocultação e procura de ajuda; e distância social”, explicam as investigadoras.

“No global, a média das pontuações na amostra total foi relativamente baixa: 30.47, correspondendo a cerca de 40% do total da escala, revelando, assim, que a maioria dos psiquiatras participantes no estudo reportam atitudes globalmente positivas face à doença mental”, elucidam Ana Telma Pereira e Carolina Cabaços.

Sobre o contexto nacional, as investigadoras explicam que “Portugal apresentou uma média de 32.47 no total da escala de estigma, ligeiramente acima da média do total de participantes, tendo sido o 6.º país com a pontuação média mais elevada na OMS-HC, a seguir à Letónia (35.98), Ucrânia (35.02), Bielorrússia (35.01), Bulgária (33.09) e Chéquia (32.82)”. Participaram no estudo 148 psiquiatras de adultos e de crianças e adolescentes portugueses, de todas as regiões do país, a maioria psiquiatras de adultos (82,4%).

Em geral, os profissionais dos 32 países que obtiveram pontuações mais baixas de estigma (ou seja, que evidenciaram atitudes mais positivas em relação à doença mental) eram “os que estavam rodeados de atitudes positivas por parte de colegas, que participavam em grupos de discussão de casos, que estavam ativamente envolvidos em práticas psicoterapêuticas ou que tinham uma experiência pessoal com doença mental”, explica a equipa de investigação portuguesa. “Estes foram os fatores significativamente associados ao desenvolvimento de atitudes mais favoráveis por parte dos psiquiatras e pedopsiquiatras relativamente aos seus doentes por toda a Europa”, acrescentam.

Para o caso português, Ana Telma Pereira e Carolina Cabaços pretendem em breve publicar mais resultados nacionais e recomendações mais detalhadas, o que “irá permitir retirar e extrapolar conclusões mais específicas do nosso contexto nacional, que esperamos que possam vir a contribuir para a implementação de medidas mais eficazes para mitigar este relevante problema de saúde pública que é o estigma associado à doença mental, e do qual os profissionais de saúde mental não se encontram isentos”.

A participação das investigadoras da Universidade de Coimbra neste estudo europeu prende-se com o interesse de ambas pela área do estigma associado à doença mental, sendo este o tema de doutoramento de Carolina Cabaços, que é também médica psiquiatra do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e assistente convidada da FMUC. A tese de doutoramento é orientada pelo docente da Faculdade de Medicina da UC e diretor do Instituto de Psicologia Médica da FMUC, António Macedo; pelo docente da FMUC e coordenador científico do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional da UC, Miguel Castelo-Branco; e por Ana Telma Pereira.

O artigo científico está disponível em https://doi.org/10.1016/j.eclinm.2023.102342.

Programa Med Academy
A Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra (ESTeSC-IPC) integra, enquanto entidade formadora, o Med...

O programa arranca no próximo mês de março e prolonga-se até abril de 2025, num total de 456 horas de formação. O objetivo passa por aumentar as competências dos profissionais de saúde a operar no Oman International Hospital (OIH), otimizar procedimentos radiológicos (com vista à redução da exposição à radiação ionizante dos doentes e profissionais) e implementar níveis de referência de diagnóstico. Todos os módulos serão lecionados online mas culminam com uma semana de formação presencial, a realizar no OIH.

Esta é a primeira vez que a ESTeSC-IPC leciona formação avançada fora do país, reunindo profissionais nacionais e internacionais altamente especializados nas suas áreas da atuação. “O projeto Med Academy é um desafio tremendo para a ESTeSC-IPC”, assume o presidente, Graciano Paulo. “Estamos convictos que vamos projetar a Escola a nível mundial. É para nós motivo de orgulho que a IGHS e Siemens Healthineers nos tenham escolhido como parceiro”, acrescenta.

Para o chairman do grupo IGHS, José Alexandre Cunha, o projeto Med Academy “vai ao encontro da missão do OIH, que é prestar os melhores serviços de qualidade às comunidades”. “Com o protocolo, garantimos níveis de exigência maiores”, afirma. Também Nuno Reis, da Siemens Healthineers, vê a Med Academy como uma oportunidade para “cumprir a ambição de incrementar a qualidade e a satisfação dos clientes”. As formações realizadas em parceria com a ESTeSC-IPC vão ao encontro das “necessidades identificadas no terreno”, afirma.

 
Peritos em cirurgias minimamente invasivas no tratamento de doenças cardíacas congénitas
Recentemente, uma equipa experiente de especialistas europeus em Cardiologia Veterinária do AniCura Atlântico Hospital...

As patologias cardíacas congénitas são malformações no coração ou nos grandes vasos adjacentes, causadas por alterações em determinadas fases do desenvolvimento embrionário do coração. Estas malformações podem ocasionar o aparecimento de sinais clínicos graves logo nos primeiros meses e anos de vida ou, dependendo da malformação, apenas na fase adulta. Entre as doenças cardíacas congénitas caninas mais comuns encontram-se a estenose pulmonar e aórtica, defeitos de septo interventricular e interatrial, ducto arterioso persistente, displasia valvular tricúspide e mitral.

No caso mais recente, um cachorro Staffordshire Terrier, após a deteção de um sopro assintomático, o recurso à ecografia permitiu detetar uma estenose pulmonar com uma pressão severa no ventrículo direito e com arritmias ventriculares devido a hipoxia e fibrose do miocárdio. “Para melhorar tempo e qualidade de vida futura, procedeu-se ao tratamento recomendado nestes casos, uma valvuloplastia de balão, realizada no AniCura Atlântico Hospital Veterinário”, recorda . João Neves, especialista europeu em Cardiologia Veterinária deste hospital.

A cirurgia foi bem-sucedida e sem registo de complicações e permitiu diminuir a severidade da doença de severa a ligeira, o que significa que “o paciente vai, à partida, ter uma vida normal”, acrescenta. 

“Os casos mais severos de estenose pulmonar podem ser assintomáticos, mas, com a progressão da doença, os pacientes têm tendência para desmaios e intolerância ao exercício físico. Em casos já muito avançados, pode desenvolver-se uma acumulação de líquido no abdómen (ascite). Os casos severos têm, geralmente, um tempo de vida significativamente mais curto e em alguns casos pode haver morte súbita”, alerta Brigite Pedro, especialista europeia em Cardiologia Veterinária do AniCura Atlântico Hospital Veterinário.

O tratamento dos casos severos, e de alguns casos moderados, passa por dilatar a válvula por cateterismo cardíaco para aumentar qualidade e tempo de vida.  A cirurgia por cateterismo cardíaco é uma cirurgia minimamente invasiva, já que não implica abrir o coração, mas a introdução de cateteres por uma veia do pescoço até ao coração. Um desses cateteres tem um balão vazio que é colocado ao nível da válvula pulmonar estreita e, ao ser inflado, permite dilatar a válvula, possibilitando a passagem do sangue mais facilmente. O cateter com o balão é removido do coração e a pele é fechada com entre 3 a 4 pontos.

Recorda João Neves que, “mesmo com as cirurgias em casos mais avançados e arriscados registamos uma taxa de complicações muito baixa e taxas de sucesso muito elevadas”.  Por norma, também o pós-operatório em casa “é simples e decorre com bastante normalidade”.

Sendo um procedimento que envolve alguns riscos e possíveis complicações, deve ser realizado por especialistas em Cardiologia com bastante experiência para minimizar as possíveis complicações. A equipa da Dr. Brigite Pedro e do Dr. João Neves soma diversas cirurgias deste tipo no Reino Unido e, desde 2022 em Portugal, no Serviço de Cardiologia do AniCura Atlântico Hospital Veterinário, “a taxa de sucesso destas cirurgias é, atualmente, de 100%, sem qualquer registo de complicações maiores”. O Dr. João Neves realça também que, “apesar de termos sempre dois especialistas a operar, o sucesso depende de uma equipa de anestesia e enfermagem, muito bem oleada e preparada para possíveis imprevistos que possam ocorrer durante os procedimentos”.

Mesmo tendo em conta o maior risco em algumas raças, as doenças cardíacas congénitas podem ser encontradas em diversos graus em todas as raças de cães e gatos, incluindo animais sem raça definida.

Os sintomas podem variar de acordo com a patologia, mas entre os sinais mais comuns estão os sopros, um ruído anormal do sangue detetado na auscultação cardíaca que, em alguns casos, podem ser detetados pelo próprio cuidador ao tocar no peito do seu animal de companhia. É fundamental que os cuidadores estejam atentos a este e outros sinais, como atrasos no crescimento, dificuldade em respirar, intolerância ao exercício e desmaios. Consultas periódicas ao médico veterinário permitem a deteção atempada destas patologias e o início de um tratamento adequado.

A estenose pulmonar é apenas uma das doenças congénitas que pode ser operada no Serviço de Cardiologia do AniCura Atlântico Hospital Veterinário, sendo ductos arterioso persistente, estenose sub-aórtica, CorTriatriatum dexter, e defeitos de septo, outras doenças congénitas que podem ser corrigidas, dependo do caso.

Dia 17 de fevereiro
Os desafios e novas soluções de tratamento na área da Endometriose vão estar em debate, no dia 17 de fevereiro, por...

Margarida Martinho, Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e Pedro Xavier, Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução, serão os moderadores deste encontro, que contará com a apresentação do Estudo VivEndo, por Hélder Ferreira, ginecologista com conhecida experiência nesta área, realizado com o objetivo de perceber melhor o percurso e impacto que a Endometriose tem a nível nacional; com o painel “Tratamento da Endometriose nos dias de hoje”, por Pietro Santulli, ginecologista no Hospital Universitário de Paris Central, dedicado à investigação da Endometriose na infertilidade; e ainda a apresentação do novo medicamento para a Endometriose, que ficará a cargo de Fernanda Águas, Diretora do Serviço de Ginecologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

A nova solução terapêutica com as substâncias ativas relugolix, estradiol e acetato de noretisterona está desde 2021 aprovada para o tratamento sintomático dos miomas uterinos e, em outubro de 2023, recebeu aprovação pela EMA (Agência Europeia do Medicamento) para o tratamento sintomático da endometriose em mulheres com uma história de tratamento médico ou cirúrgico prévio para a sua endometriose.

O encontro visa conhecer os desafios atuais e as novas soluções terapêuticas da Endometriose para uma resposta mais diversificada às doentes com esta patologia.

Especialistas reunidos nas FNAC Talks
No passado dia 9 de fevereiro, o médico especialista em Medicina de Reprodução, Ginecologia e Obstetrícia, Miguel Raimundo...

A conversa começou pelo esclarecimento da SOP e qual a sua relação com outras especialidades, como a endocrinologia e a nutrição, tendo sido também abordado o impacto da doença no âmbito da fertilidade. Para Miguel Raimundo “é importante falar sobre este tema, principalmente sabendo que é uma doença que afeta tantas mulheres e que existem tantas questões sobre a mesma”. Este é também um dos propósitos das sessões FNAC Talks: reunir médicos especialistas em ginecologia, obstetrícia e medicina de reprodução para desmistificar tabus da saúde reprodutiva.

Durante a sessão dedicada à doença, que segundo o endocrinologista Carlos Bello “pensa-se que 9 a 13% da população, das mulheres em idade fértil tenham”, foram discutidos os sintomas, como é feito o diagnóstico, quais os tratamentos possíveis e ainda a importância do estilo de vida, como o exercício físico e a qualidade do sono.

Rafaela Teixeira, destaca que “a nutrição se demonstra muito importante no acompanhamento das mulheres com ovários poliquísticos” e que é “é preciso integrar o exercício físico”, para um melhor estilo de vida.

Segundo a nutricionista, os alimentos consumidos e a qualidade dos mesmos, pode ter muito impacto na Síndrome do Ovário Poliquístico.

A próxima sessão terá lugar dia 8 de março, no âmbito do Dia Internacional das Mulheres.

 
Prevenção, deteção precoce e redução do impacto das DCCV
No Dia Nacional do Doente Coronário, a Secretaria Regional da Saúde e Proteção Civil da Região Autónoma da Madeira anuncia a...

Este protocolo enquadra-se na estratégia da Secretaria Regional da Saúde de promoção de políticas públicas para a longevidade e tem como objetivo explorar novos modelos de colaboração no ecossistema da saúde, através da implementação de uma abordagem integrada às DCCV, e do Plano Regional de Saúde 2021-2030. “Esta colaboração é um exemplo de promoção da cultura colaborativa que queremos incentivar na região, através da cooperação multissetorial, da disseminação, aplicação e transferência do conhecimento no âmbito da longevidade. Vai permitir-nos manter a tendência decrescente da mortalidade por DCCV verificada na Região Autónoma da Madeira e inverter a tendência crescente verificada na mortalidade por doenças isquémicas do coração e por outras doenças cardíacas, com um benefício claro para a nossa população e economia”, afirma Pedro Ramos, da Secretaria Regional da Saúde e da Proteção Civil da Madeira.

O programa tem como linha orientadora contribuir para uma menor carga de doença resultante de uma maior aposta na prevenção primária e secundária das DCCV. A Novartis está assim posicionada de forma única para colaborar na alteração do cenário atual destas patologias, graças a uma combinação do seu legado de investigação, desenvolvimento e conhecimento, nomeadamente na área de intervenção do projeto, presença global e liderança em ciência e inovação.

Simon Gineste, Presidente da Novartis em Portugal, refere: “este programa materializa o nosso compromisso em reescrever a forma como colaboramos com a sociedade e todas as suas estruturas governamentais, colocando à sua disposição não só a nossa inovação transformadora, como também o nosso conhecimento e experiência através de parcerias estratégias que contribuam significativamente para reverter o impacto negativo da doença. O desafio da longevidade é garantir uma intervenção ao longo do ciclo de vida, que permita manter o mais alto nível de capacidade funcional da população, modificando comportamentos e criando as condições para a prevenção, a rápida identificação, a gestão e o tratamento das doenças que mais nos afetam enquanto sociedade. As DCCV afirmam-se assim como um pilar fundamental de atuação”.

A implementação deste programa de longevidade e inovação cardiovascular assenta em três pilares com impacto na comunidade, nos cuidados de saúde e na longevidade: Data Intelligence – posicionar a Madeira como uma referência na utilização de dados e na Investigação Clínica; Inovação Tecnológica combinada com Inovação Terapêutica – Identificação automatizada e intervenção urgente nos doentes em risco iminente de evento cardiovascular; e Criação de uma Unidade Avançada de Longevidade Cardiovascular assente nas melhores práticas internacionais. Os planos de ação para cada um dos pilares serão agora desenvolvidos por um grupo de trabalho que determinará, entre outros, os resultados esperados, os mecanismos de monitorização e os recursos a investir.

 
Especialista recomenda a reeducação do desejo
Que o stress é inimigo de uma sexualidade saudável e prazerosa não é novidade.

Nesta última fase, a frustração de não alcançar o objetivo desejado começa a tomar conta do casal. O que era divertido e emocionante torna-se, pouco a pouco, menos apetitoso e até mesmo insatisfatório no contexto de uma sexualidade planeada. "A paixão e a espontaneidade iniciais podem desaparecer com o passar do tempo. A nível sexual, a partir do sexto mês, as taxas de stress e ansiedade causadas pelo contacto íntimo começam a aumentar e, a médio e longo prazo, podem traduzir-se no aparecimento de disfunções sexuais", explica Vânia Costa Ribeiro, ginecologista e especialista em Procriação Medicamente Assistida no IVI Lisboa.

Especificamente, nos homens, é mais comum encontrar alterações na ereção ou ejaculação precoce. Nas mulheres, há uma diminuição do desejo, incapacidade de orgasmo ou mesmo desconforto ou dor devido ao stress que o ato pode gerar, bem como uma diminuição na resposta sexual em ambos. Isto porque, nas tentativas para alcançar uma gravidez, especialmente a médio e longo prazo, o encontro sexual é cada vez mais mecânico e planeado em torno da ovulação, o que causa uma perda progressiva da libido e ansiedade por antecipação.

"O desejo é uma resposta sexual humana, na qual intervém o sistema parassimpático, que regula comportamentos que dependem do ser humano, ou seja, comportamentos involuntários. O problema surge quando acrescentamos a imposição de fazer sexo, por assim dizer, a algo que é naturalmente instintivo. É aqui que entra em jogo o ramo simpático, que regula os voluntários. E esses dois sistemas funcionam como as comportas de um rio, eles não podem estar ativos ao mesmo tempo se quisermos que eles funcionem. E o que às vezes acontece é que acabamos por ter cada vez mais relações sem desejo, com tudo o que isso implica, tanto a nível da resposta sexual como a nível mental e afetivo", acrescenta Vânia Costa Ribeiro.

Como enfrentar a situação e reeducar o desejo

Evitar falar sobre o assunto só vai piorar a situação e afastar cada vez mais o casal. E quando chega o momento em que a dinâmica sexual se deteriorou, ou até desapareceu, o casal precisa dar um passo em frente e procurar a ajuda de um especialista.

O apoio psicológico será útil para delinear as melhores estratégias para ajudar os casais a superar dificuldades. Após uma avaliação da situação inicial, o especialista ajudará a "reprogramar" esta área da intimidade do casal, separando-a da finalidade reprodutiva e afastando sentimentos de ansiedade.

"Muitos casais já nos chegam com uma mochila de exaustão emocional depois de meses de tentativas falhadas. Estamos a falar de um contexto em que as relações sexuais podem tornar-se sinónimo de medo do fracasso ou de dor emocional. E é por isso que é essencial ter ferramentas para desbloquear essas sensações e reativar o desejo", sublinha a especialista.

Muitos casais com problemas de fertilidade olham para a relação sexual como um meio para atingir um fim. Para mudar essa mentalidade, é necessário promover a comunicação entre os casais, além de encontrar momentos em que essa abordagem possa ser promovida (mesmo sem ter em conta os dias férteis da mulher).

"Sentir essa proximidade e conexão novamente é fundamental para que o desejo não se dilua no casal que está a passar por um momento difícil. Não nos esqueçamos que uma vida sexual satisfatória aumenta a endorfina e melhora o humor e a autoestima. Ao nível do casal, é muito benéfico tanto para a relação sexual como afetiva. Devemos olhar para a sexualidade como um todo e não nos focarmos apenas na função reprodutiva. E, claro, o sexo em si é um grande aliado para melhorar e recuperar a comunicação nos casais", conclui.

Fonte: 
Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
14 de fevereiro
Toda a criança nascida no novo milênio tem o direito de viver até a idade de, pelo menos, 65 anos se

A Fundação Portuguesa de Cardiologia institucionalizou o dia 14 de fevereiro como o “Dia Nacional do Doente Coronário”. Também por proposta da Fundação Portuguesa de Cardiologia, este dia, desde 2020, está a ser comemorado em todo o espaço da Comunidade Europeia.

As doenças do aparelho circulatório (DAC) continuam a ser a principal causa de morte em Portugal. Cerca de 1/3 dos óbitos que ocorrem todos os anos são por doença do aparelho circulatório. O enfarte agudo do miocárdio (ataque cardíaco) e o AVC são grandes responsáveis por essa mortalidade.

1 em cada 5 portugueses com menos de 70 anos morre por doença do aparelho circulatório.

Infelizmente, para estes, de nada serve o Dia do Doente Coronário.

O Dia do Doente Coronário é para os que cá ficam. É para os familiares destes que já partiram. É para os amigos que cá ficaram. É que 80% das mortes antes dos 70 anos de idade que ocorram por doença cardíaca podem ser evitadas.

Um homem com 55 anos, fumador com uma tensão arterial ligeiramente elevada e um colesterol acima do recomendado, tem um risco cardiovascular de 20%.

Quer dizer que, em 100 pessoas nas mesmas circunstâncias, 20 irão ter um evento cardiovascular que poderá ser fatal. No entanto, se deixar de fumar passarão a ser 12 em 100, se tiverem uma tensão arterial ideal (inferior a 120 de máxima) passarão a ser apenas 10 e se tiverem uma tensão ideal e deixarem de fumar serão apenas 6.

A doença cardiovascular é não só a que mais mata, mas também a que mais incapacita.

A insuficiência cardíaca, as sequelas do AVC, ficam. A esperança de vida tem vindo a aumentar graças à capacidade interventiva dos profissionais de saúde. Há cada vez mais medicamentos e procedimentos cirúrgicos capazes de manter vivos os que há alguns anos inevitavelmente morriam. Temos um SNS com profissionais muito competentes, com serviços bem equipados com equipas bem treinadas. Mas a incapacidade e a diminuição da qualidade de vida que a Doença Cardiovascular provoca irá acompanhar-nos para o resto das nossas vidas, por muitos mais anos que possamos viver.

É para os familiares e amigos dos que já partiram e que podiam ainda cá estar que existe o DIA DO DOENTE CORONÁRIO.

Dr. Luis Negrão – Assessor Médico da Fundação Portuguesa de Cardiologia

Dr. Carlos Catarino – Membro do Conselho de Administração da Fundação Portuguesa de Cardiologia
 
Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
“Humanizar com Arte”
O “Movimento Humanizar a Saúde em Coimbra” é um movimento de intervenção cívica, constituído por personalidades de Coimbra...

O Movimento vem organizando periodicamente um conjunto de atividades sob a designação genérica de “Humanizar com Arte”. Pretende-se que cada Sessão seja, simultaneamente, um tempo de expressão artística e de debate sobre a humanização em Saúde.

As artes, e muito em particular as artes dramáticas na sua multimodalidade expressiva, sempre foram usadas para comunicar, representar, elevar e curar a experiência humana. Abraçando esta finalidade estética e ética de humanizar o nosso mundo ferido surgiu o Teatro Playback. Partindo das narrativas dos próprios espectadores, os atores e atrizes improvisam cenas curtas abrindo perspectivas sobre as mesmas. As histórias pessoais partilhadas são sempre contadas de forma voluntária, para um grupo que escuta, promovendo valores comunitários de união e conectividade, e facilitando a compaixão, em relação aos outros e ao próprio.

A próxima Sessão, “Humanizar através do Teatro – A Importância da Compaixão” ocorrerá a 26 de Fevereiro de 2024, no Seminário Maior de Coimbra, com início às 21h00 Contará com a atuação do Grupo de Teatro InterDito, um grupo de expressão dramática da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra que tem como missão contribuir para um mundo melhor e mais criativo.

 
3ª edição da Rede de Autarquias que Cuidam dos Cuidadores Informais (RACCI)
No total, os membros do júri da iniciativa Rede de Autarquias que Cuidam dos Cuidadores Informais, do Movimento Cuidar dos...

Este projeto tem como missão reconhecer os municípios e as freguesias do território nacional com as melhores práticas e as medidas de apoio em benefício dos cuidadores informais.

Albufeira, Almada, Almagreira, Amadora, Amarante, Arruda dos Vinhos, Cabeceiras de Basto,   Cantanhede, Caniço, Carriço, Castelo Branco, Celorico da Beira, Cinfães, Coruche, Cuba, Espinho, Évora, Felgueiras, Gondomar, Guimarães,  Ílhavo, Loures, Louriçal, Lousada, Machico, Mafra, Maia, Marco de Canaveses, Matosinhos, Mealhada, Miranda do Corvo, Mirandela, Montalegre, Moura, Nelas, Odemira, Oeiras, Ourém, Ovar, Paredes, Penafiel, Pombal, Portimão, Porto, Póvoa de Lanhoso, Queluz e Belas, Santa Maria da Feira, Santa Marta de Penaguião, Santiago do Cacém, São Pedro Fins, Sesimbra, Tavira, Trofa, Viana do Castelo, Vila Nova de Famalicão, Vila Nova de Gaia, Vila Pouca de Aguiar, Vila Verde, Vouzela, foram as autarquias vencedoras deste projeto.  

O júri foi composto por membros do Movimento, nomeadamente: Catarina Alvarez, em representação da Alzheimer Portugal, Celeste Campinho,  Presidente da Associação das Doenças da Tiróide, Margarida Costa, em representação da Liga Portuguesa Contra o Cancro,  Palmira Martins, em representação da RD Portugal e  Vítor Neves, Presidente da EuropaColon. 

O Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais já tinha desenvolvido, anteriormente, duas edições deste projeto. No total das três edições foi atribuído o selo de mérito RACCI a 125 projetos. Ver lista completa das autarquias que receberam o selo nas outras edições: https://movimentocuidadoresinformais.pt/racci/.  

 
20 e 21 de fevereiro e 5 de março
A NOVA Medical School vai realizar três aulas gratuitas e abertas a toda a comunidade sobre temas relacionados com a área da...

Iniciativas como esta são oportunidades únicas para a NMS, enquanto escola de Ciências Médicas, intervir pragmaticamente na sociedade, como veículo para a transferência de competências da academia para a vida real das pessoas.

A primeira sessão vai ter lugar no dia 20 de fevereiro, entre as 9h30 e as 10h20, e terá como tema a “Introdução à Nutrição Comunitária”. Durante esta aula, os participantes vão poder compreender como as escolhas alimentares individuais influenciam não apenas a saúde pessoal, mas também o bem-estar da comunidade, sendo esta aula coordenada pela Prof.ª Doutora Catarina Roquette Durão.

No dia seguinte, 21 de fevereiro, serão desmistificados os rótulos das embalagens para uma melhor compreensão dos alimentos e do seu valor nutricional, ajudando a escolhas conscientes para uma dieta equilibrada. Lecionada pela Prof.ª Doutora Cláudia Marques, a aula sobre “Rotulagem” vai decorrer entre as 10h30 e as 11h20, num formato presencial.

A terceira aula versará sobre os “Princípios de epidemiologia nutricional”, como uma ciência básica da nutrição comunitária e saúde pública e decorre a 5 de março, a partir das 9h30.

“A NOVA Medical School como escola médica assume o seu papel na sociedade no que toca à transformação do ecossistema de saúde. Tem vindo a reforçar este compromisso, assente num dos pilares fundamentais da instituição – a extensão à comunidade, com o propósito de aumentar a literacia em saúde. Uma vez que hábitos alimentares inadequados têm deixado a sua marca naquilo que tem sido o panorama nacional (e internacional) das doenças mais prevalentes, abrir as portas da faculdade a todos os que queiram melhorar os seus conhecimentos na área da alimentação e da nutrição é, não só contribuir para uma sociedade mais informada, mas também com competências para a mudança, tendo um papel determinante na sensibilização para a importância das rotinas alimentares para a prevenção da doença e assim promoção da saúde e longevidade”, refere Conceição Calhau, subdiretora para a Extensão à comunidade e Coordenadora da Licenciatura em Ciências da Nutrição.

As três sessões integram-se no âmbito da Licenciatura em Ciências da Nutrição e decorrem em formato presencial na sede da NOVA Medical School, no Campo Mártires da Pátria, em Lisboa. As inscrições são feitas exclusivamente através do email [email protected] até 48 horas antes da realização da aula.

A par destas aulas abertas à comunidade, decorrem aulas dirigidas a profissionais de saúde, nomeadamente sobre “padrões alimentares na gestão e prevenção da diabetes mellitus e as suas complicações” (9 de março) e para Gastroenterologistas versando o tema “fibras” (13 de março).

 
Fisioterapeuta é coordenador da Clínica FisioRque
Exigente com a sua saúde e ciente da importância do bem-estar, Pedro Roque, coordenador da clínica FisioRoque, que acompanha...

“Sendo profissional de saúde a minha exigência face a procedimentos relacionados com saúde acaba por ter em consideração inúmeros aspetos que a maioria das pessoas desvaloriza, mas que são muito importantes para alcançar os melhores resultados. Foi por isso mesmo que escolhi a Insparya para fazer o meu transplante capilar, algo que me trazia um pouco de insegurança face à minha imagem. Para o nosso bem-estar é fundamental sentirmo-nos bem com a nossa imagem, o que acaba por se refletir a nível psicológico”, esclarece o profissional de saúde.

Para Carlos Portinha, médico, Diretor Clínico do Grupo Insparya, "a queda de cabelo pode ter um impacto intenso na nosso bem-estar pois para além de alterar a nossa fisionomia (muitas vezes vista pelo próprio como menos atraente), a nossa autoestima e humor também podem ser afetados". Sofrer de alopécia, em alguns casos, é muito incapacitante do ponto de vista psicológico. A insegurança sentida por estas pessoas pode levar à ansiedade e/ou à depressão. "É por isso que a alopécia é mais do que um problema estético, é um problema de saúde", acrescenta o médico.

Sobre a experiência com a Insparya, Pedro Roque revela que “a escolha não poderia ter sido a melhor. Desde o acompanhamento na receção, até ao acompanhamento atual, que se mantém passados 3 meses, há toda uma tranquilidade e confiança, assegurada por uma vasta equipa médica que me acompanha desde o início.” Confiante na sua escolha considera que a recuperação foi tranquila porque seguiu todas as indicações que são dadas pela equipa médica. “Se seguirmos as instruções que são dadas tudo se resolve da forma mais espetacular. Estou muito satisfeito com o desfecho deste transplante cujo bom resultado e o aspeto natural é possível comprovar passados 3 meses”, acrescenta o fisioterapeuta.

 
Programas chegam a menos de 10% dos doentes
O Dia Nacional do Doente Coronário, criado pela Fundação Portuguesa de Cardiologia, comemora-se a 14

A Aterosclerose é uma doença vascular crónica, progressiva ao longo de anos, que se manifesta na idade adulta com inflamação crónica das artérias e placas ateroscleróticas, que diminuem o seu calibre e reduzem o fluxo de sangue e oxigénio às células. A Doença Coronária, resultante dessa redução de oxigénio, pode dar sintomas graduais ou ter início súbito (como por exemplo a dor no peito em aperto, irradiada para o braço esquerdo, pescoço e queixo, com náuseas, vómitos, suores frios, falta de ar, e cansaço com pequenos esforços), podendo causar Enfarte Agudo do Miocárdio ou até morte súbita.

São muitos os fatores de risco cardiovasculares identificados em Portugal, desde colesterol e triglicerídeos elevados em mais de 60% da população adulta; hipertensão arterial em cerca de 43% da população adulta; obesidade, em quase metade da população; tabagismo, com mais de 2 milhões de fumadores ativos; diabetes com mais de 1 milhão de doentes identificados; baixa atividade física regular; hábitos alcoólicos elevados ou stress emocional não controlado, entre muitos. Mas sabe-se que 65% destas doenças crónicas são evitáveis, desde que se adote estilos de vida mais saudáveis, desde comer melhor ou praticar exercício físico regular, no fundo evitando muitos destes fatores de risco.

Em Portugal, a Doença Coronária aguda é uma das principais causas de morte e atinge cerca de 10 mil pessoas/ano, com anos de vida perdidos pela mortalidade prematura ou vividos com incapacidade com consequente aumento dos recursos e custos na Saúde. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a sexta causa de perda de anos de vida saudável.

Os doentes com doença coronária beneficiam de programas de reabilitação cardíaca porque a reabilitação cardíaca é um direito fundamental de todos e na saúde do Séc. XXI. Aliás, a Resolução da Assembleia Geral da OMS, de maio de 2023, determina a necessidade do “Reforço da Reabilitação nos Sistemas de Saúde”.

Estudos científicos mostram que após um evento coronário agudo, a reabilitação cardíaca reduz a mortalidade em 25%, diminui as hospitalizações, apressa o retorno laboral, diminui o risco de novos eventos comparativamente com aqueles que não a realizaram. Vai ter impacto muito significativo na Qualidade de Vida destes doentes.

Realiza-se numa intervenção multiprofissional em equipa (Cardiologista, Médico Fisiatra, Fisioterapeuta, Enfermeiro, Nutricionista, Psicóloga, Psiquiatra, Pneumologista, entre outros), visando a recuperação e manutenção da condição física, psicológica, social e laboral, após um evento cardíaco agudo ou na Doença Coronária crónica.

A reabilitação cardíaca inclui exercício físico adaptado e individualizado, mudanças positivas de hábitos de vida, redução e controlo dos fatores de risco, para reverter ou atrasar a progressão da Doença Coronária.  É realizada no internamento hospitalar, ou em meio hospitalar com doente externo ou até em centros extra-hospitalares, obrigando a uma equipa de profissionais de saúde qualificados, coordenados e supervisionados por Médico Cardiologista ou Fisiatra, com condições próprias de espaço e equipamentos.

Em Portugal, os programas de Reabilitação Cardíaca têm uma baixa taxa de doentes com menos de 10% dos Enfartes Agudo do Miocárdio elegíveis, comparativamente a uma taxa média europeia superior a 30 %! A grande maioria dos doentes e familiares não têm conhecimento destes programas, acesso ou são referenciados. Atendendo ao impacto das Doenças Coronárias, é urgente que o Sistema de Saúde crie respostas adequadas às necessidades de Reabilitação Cardíaca, melhore o acesso e a equidade, aumente os serviços com qualidade, segurança e eficiência clínica e de custos, nas várias instituições da Saúde (intra e extra hospitalares).

 
Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Equipamentos, acessórios e descartáveis
A Linde Saúde acaba de lançar a sua nova plataforma de compras online no mercado português. Dedicada à venda de equipamentos,...

Implementado com sucesso em diferentes países do mundo, nomeadamente em Espanha, este modelo de negócio chega agora a Portugal, com o objetivo de alargar a oferta da Linde Saúde, uma necessidade que foi identificada pela própria companhia junto dos clientes. A segurança é uma das prioridades desta aposta estratégica da empresa. Jimena Bellver, Manager IPS Homecare Iberia, reforça: “Queremos alargar a nossa oferta de produtos de saúde para os utentes em Portugal, proporcionando-lhes compras online, de forma segura, a partir do conforto do seu domicílio”.

Com mais de 35 anos de experiência em cuidados de saúde respiratórios ao domicílio, a companhia acredita que o lançamento deste novo canal vai alavancar o seu posicionamento enquanto plataforma segura de compras online de produtos de saúde. O novo espaço de aquisição de produtos diversos, integrado no website oficial da Linde Saúde – www.lindesaude.pt –, apresenta uma configuração user-friendly e uma área de cliente.

Ao aceder à loja Linde Saúde, os utilizadores conseguirão encontrar o que procuram de forma simples e intuitiva, uma vez que os equipamentos encontram-se organizados em cinco categorias principais: oxigenoterapia; terapia do sono – equipamentos e acessórios; terapia do sono – máscaras e complementos; treino respiratório e gestão de secreções e avaliação e monitorização. Visite a plataforma aqui: http://www.lindesaude.pt/shop.

 
 
Opinião
O Dia Nacional do Doente Coronário celebra-se a 14 de fevereiro, dia de São Valentim.

A doença coronária resulta do processo de aterosclerose nas artérias coronárias que irrigam o músculo cardíaco. Quando estas artérias sofrem uma obstrução significativa causada por uma placa ou um coágulo, dão origem ao enfarte agudo do miocárdio (EAM), vulgarmente conhecido por ataque cardíaco, que resulta da morte de células do músculo cardíaco.

O EAM está entre as principais causas de morte em Portugal, sendo essencial um rápido reconhecimento da sua ocorrência, para que o doente seja encaminhado de forma célere para uma unidade hospitalar, onde possa realizar um cateterismo cardíaco e terapêutica fibrinolítica (para dissolver o coágulo), sempre que indicado, com a maior brevidade.

Os principais sintomas que podem indicar doença coronária são a dor no peito de início súbito, com ou sem irradiação ao membro superior esquerdo ou à mandíbula, a sudorese intensa, a sensação de náuseas ou vómitos, a falta de ar, tonturas ou mesmo a perda transitória de consciência (síncope).

A forma de se confirmar o diagnóstico, numa fase aguda, passa pela realização de um electrocardiograma, de uma análise ao sangue denominada troponina e, se disponível e indicado, de ecocardiograma e/ou coronariografia. Na doença coronária crónica, que se manifesta mais frequentemente por dor no peito associada a esforços físicos, pode estar indicado realizar prova de esforço, ecocardiograma de sobrecarga farmacológica ou angio-tomografia das coronárias.

Não menos importante do que tratar atempadamente um enfarte agudo do miocárdio, é reconhecer os seus factores de risco e agir preventivamente, com a cessação dos hábitos tabágicos, adopção de uma dieta saudável, redução do consumo excessivo de álcool, prática regular de exercício físico, gestão do stress físico e mental, controlo do peso, além da utilização do tratamento adequado para a hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, diabetes e para a hipertensão arterial.

Atualmente, é reconhecido o papel de outros factores de risco não tradicionais para as doenças cardiovasculares, como a poluição ambiental, incluindo a matéria particulada e as alterações climáticas, nomeadamente as temperaturas extremas, que são cada vez mais frequentes.

Em todo o mundo existem 200 milhões de pessoas com doença coronária isquémica. Estima-se que em Portugal, todos os anos ocorram 10 mil enfartes, pelo que é fundamental adoptar medidas para a prevenção individual e populacional, mas também diagnosticar e tratar de forma atempada para evitar sequelas permanentes e minimizar as complicações do enfarte.

A insuficiência cardíaca é a complicação mais problemática, dado que pode condicionar sintomas crónicos como falta de ar, incapacidade para realizar esforços, dor torácica recorrente (angina de peito), acumulação de líquidos no corpo (edema) e, por isso, maior necessidade de re-hospitalização.

Os programas de reabilitação cardíaca, apesar de reconhecidamente úteis, ainda têm baixas taxas de participação em Portugal. Nestes programas, os doentes que tiveram um enfarte são integrados num conjunto de intervenções que visam recuperar e optimizar a sua capacidade física, psicológica e social. Deste modo, é possível reduzir as complicações cardiovasculares, reduzir os níveis de ansiedade e depressão, melhorando globalmente a sua qualidade de vida.

Neste Dia de São Valentim, lembre-se de como é importante saber cuidar do seu coração.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Portugal está no nível zero na prevenção do cancro do pulmão
Em dezembro de 2022 o Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, anunciou o alargamento do programa de rastreios oncológicos aos...

A denúncia foi feita no sábado passado, por parte do presidente da associação dos Centros de Responsabilidade Integrados (CRI), João Varandas Fernandes que, em declarações à agência Lusa, referiu que “tivemos conhecimento disso numa reunião que a associação teve, a pedido da associação de rastreio do cancro do pulmão”. Indignado, o especialista afirma "há um trabalho empenhado de uma equipa de especialistas, maioria das vezes pro bono, e acaba por não haver consequências". Segundo João Varandas Fernandes, “não se podem desperdiçar estas linhas de financiamento europeu”, sobretudo numa doença como o cancro do pulmão, cujo sucesso terapêutico e probabilidade de maior sobrevivência estão dependentes de um diagnóstico precoce.

Para António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), “a confirmar-se tal informação, estaremos perante uma maior demora do início de um processo cujo objetivo é a implementação de um programa de rastreio do cancro do pulmão”. O presidente da SPP recorda que, por ano, o cancro do pulmão é causa de 4000 óbitos, em Portugal, sendo o tipo de tumor mais fatal, mas também, mais prevenível.

Também em matéria de prevenção, o Governo tem falhado na implementação de medidas antitabágicas mais restritivas que protejam os fumadores passivos e que evitem a iniciação tabágica nos mais jovens.

“Esta situação, conjuntamente com a não aprovação da proposta à alteração da lei do tabaco, significa um revés muito significativo na tomada de medidas que contrariem este problema de saúde pública que se traduz no tumor associado a maior mortalidade”.

 
Saúde Auditiva
Na semana em que se assinala o Dia Mundial da Rádio (13 de fevereiro) falamos sobre saúde auditiva e

1. A perda auditiva só afeta os idosos. 

Este é um dos mitos mais comuns sobre a surdez. O nosso sistema auditivo vai-se desgastando ao longo dos anos e é natural que qualquer um de nós venha a sofrer de perda auditiva com a idade. No entanto, o facto de ser mais comum em idosos, não significa que não possa surgir noutras faixas etárias. Segundo a OMS, existem cerca de 1,5 mil milhões de pessoas que sofrem de perda auditiva, das quais 34 milhões são crianças.2 A surdez pode ser causada por infeções virais ou bacterianas, medicamentos, exposição a níveis elevados de ruído ou doenças genéticas, pelo que qualquer pessoa, em qualquer altura da vida, pode sofrer de perda de audição. 

2. Ouvir música alta pode causar perda de audição. 

É verdade. A exposição a níveis elevados de ruído, especialmente durante períodos prolongados, danifica as células sensoriais do ouvido interno e, em casos mais recorrentes, os nervos associados à audição. E uma vez danificados, estas células e nervos não se regeneram. Para preservar a saúde dos seus ouvidos é importante que não ultrapasse os 85 decibéis de nível de ruído.  

3. A mudança de altitude pode causar surdez. 

Pode acontecer, mas apenas quando a mudança de pressão é demasiado brusca, causando uma lesão que pode originar surdez (barotrauma). Se não for o caso, a mudança de altitude acaba por originar um desconforto temporário, como o que sentimos quando um avião faz a sua descolagem ou aterragem, e que podemos resolver, por exemplo, bebendo um copo de água lentamente. 

4. Utilizar aparelhos auditivos torna o ouvido “preguiçoso”. 

Mito. O ouvido não fica “preguiçoso” com a utilização do aparelho auditivo. Aliás, é o oposto, umas das principais vantagens da reabilitação auditiva precoce é repor a corretar estimulação para que este fique mais ativo. Assim, é importante procurar ajuda profissional o mais cedo possível para evitar que o seu quadro clínico se agrave e para iniciar a sua reabilitação auditiva atempadamente. 

5. Nem todas as pessoas que sofrem de perda de audição se apercebem disso. 

Sim, é verdade. Tal acontece porque a audição vai piorando de forma progressiva ao longo do tempo, sendo que muitas pessoas só se apercebem que ouvem mal quando a perda auditiva já é muito significativa. Por vezes, os primeiros a reparar que se passa algo são os familiares ou amigos próximos. 

6. Os aparelhos auditivos só estão indicados para casos graves. 

Mais um mito em que não deve acreditar. O uso de aparelhos auditivos tem o propósito de melhorar significativamente a saúde dos ouvidos e a qualidade de vida de quem tem perda de audição, independentemente da gravidade do seu quadro clínico. Seja qual for o nível de perda de audição, é importante agir rapidamente e procurar ajuda profissional. 

7. O aparelho auditivo não cura a perda de audição, mas pode compensar essa perda. 

É verdade. Os aparelhos auditivos não curam as lesões nos ouvidos, mas têm um papel chave na vida de quem os usa, pois acabam por ajudar a corrigir ou compensar a perda de audição. 

Para cuidar da saúde dos ouvidos e prevenir problemas auditivos, recomenda-se a redução de tempo de exposição, ou o uso de protetores, em locais de ruído intenso; a utilização de auriculares ou auscultadores de forma segura; a adoção de um estilo de vida saudável e a realização de exames auditivos com regularidade. 

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Abordagem integrada às doenças cérebro-cardiovasculares
A Secretaria Regional de Saúde e Proteção Civil e a Novartis Portugal vão oficializar, na próxima 4ª feira, um protocolo para a...

Trata-se de programa pioneiro de longevidade e inovação cardiovascular que tem como objetivos promover a prevenção das DCCV, a redução do seu impacto e a deteção precoce dos eventos a elas associados, nomeadamente acidentes vasculares cerebrais (AVC) e enfarte agudo do miocárdio, respetivamente a primeira e segunda causas de morte em Portugal.

A implementação deste programa vai assentar em três pilares com impacto na comunidade, nos cuidados de saúde e na longevidade: Data Intelligence – posicionar a Madeira como uma referência na utilização de dados e na Investigação Clínica; Inovação Tecnológica combinada com Inovação Terapêutica – Identificação automatizada e intervenção urgente nos doentes em risco iminente de evento cardiovascular e Criação de uma Unidade Avançada de Longevidade Cardiovascular assente nas melhores práticas internacionais.

Este protocolo enquadra-se na Estratégia Regional de promoção de políticas públicas para a longevidade e do Plano Regional de Saúde 2021-2030.

O protocolo vai assinado no Dia Nacional do Doente Coronário, data instituída pela Fundação Portuguesa de Cardiologia para relembrar a população para a problemática da doença coronária e dos fatores de risco. A iniciativa vai contar com a presença do secretário regional de Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, e do Presidente da Novartis Portugal, Simon Gineste.

 
Investigação da Fundação Champalimaud
Um estudo realizado por uma equipa da Fundação Champalimaud (FC) lançou nova luz sobre o colículo su

Imagine-se a ver um filme. As imagens em movimento que vê são, na verdade, uma série de fotogramas estáticos mostrados rapidamente. Esta é a ilusão de continuidade em ação, em que o nosso cérebro perceciona uma sequência de flashes rápidos como um movimento contínuo e fluido. Trata-se de um fenómeno que é não apenas vital para o nosso prazer de ver filmes, mas que é também um aspeto fundamental da forma como todos os mamíferos, desde os humanos aos ratos, percebem o mundo dinâmico que os rodeia. Este estudo do laboratório da FC liderado por Noam Shemesh, publicado na revista Nature Communications, investiga a forma como esta ilusão é codificada no cérebro.

A velocidade a que os flashes têm de ocorrer para que o nosso cérebro os veja como constantes e não como intermitentes é conhecida como “frequência crítica de fusão da intermitência” (Flicker Fusion Frequency threshold ou FFF na sigla em inglês). Este limiar varia consoante os animais; por exemplo, as aves, que precisam de ver movimentos rápidos, têm um limiar mais elevado do que os seres humanos, o que significa que podem continuar a ver a luz como intermitente, em vez de contínua, mesmo quando está a piscar muito rapidamente. O limiar de FFF é também importante na natureza, nomeadamente nas interações predador-presa, e pode ser afetado por certas doenças, como as perturbações hepáticas, ou por problemas oculares, como as cataratas.

Curiosamente, diferentes métodos de medição deste limiar, como a observação do comportamento animal ou o registo da atividade elétrica nos olhos ou no córtex (a parte do cérebro que processa o que vemos), dão resultados diferentes. Isto sugere que outras partes do cérebro também desempenham um papel na forma como percecionamos a luz intermitente. Neste estudo, os investigadores combinaram imagens de ressonância magnética funcional (IRMf), experiências comportamentais e registos elétricos da atividade cerebral para compreender como funciona este processo. As suas descobertas sugerem que o CS é vital na transição da visão de flashes individuais para o movimento contínuo, e que poderá ser um componentechave na criação da ilusão de continuidade.

Um ataque em três frentes

"Este projeto foi realmente um trabalho de fundo e começou com uma conversa entre duas estudantes de doutoramento da FC", observa Shemesh, líder do estudo. "Rita Gil, uma aluna do meu laboratório, estava a explorar as respostas do cérebro do rato a diferentes frequências de luz com ressonância magnética (RMN). As suas conversas com Mafalda Valente, do laboratório de Alfonso Renart, levaram ao desenvolvimento de uma tarefa comportamental em que os ratos foram treinados a reportar se viam uma luz intermitente ou contínua. Utilizando os dados da RMN e do comportamento, as investigadoras também registaram a atividade elétrica do cérebro dos animais durante a estimulação luminosa. Esta abordagem permitiu-lhes medir e comparar os limiares de FFF utilizando três métodos distintos: RMN, experiências comportamentais e eletrofisiologia. Esta abordagem multimodal é bastante rara e é, de facto, o que distingue este estudo. Estamos também gratos a Alfonso Renart pelas interessantes discussões que contribuíram para esta investigação".

Para as experiências de IRMf, os ratos receberam estímulos visuais com frequências que variavam de baixas a altas. De forma a minimizar os movimentos dos animais e garantir a estabilidade das imagens cerebrais, estes foram ligeiramente sedados. "A IRMf é uma técnica não invasiva que deteta alterações no fluxo sanguíneo, que são indicativas da atividade neural no cérebro", explica Gil. "Uma das vantagens da IRMf é a sua capacidade de mapear a atividade cerebral ao longo de toda a via visual, captando simultaneamente a atividade de várias regiões". O objetivo era observar como o cérebro passa da perceção de flashes de luz individuais (visão estática) para um fluxo contínuo de luz (visão dinâmica) e identificar as regiões cerebrais envolvidas.

"Quando olhámos para o CS", diz Gil, "encontrámos respostas marcadamente diferentes em função da frequência dos estímulos visuais. À medida que a frequência do estímulo visual aumentava, avançando para a perceção de luz contínua, verificou-se uma mudança na resposta do CS, com os regimes de sinais de IRMf a passarem de positivos para negativos". Os sinais positivos refletem um aumento da atividade neural, enquanto os sinais negativos significam potencialmente o oposto. Com base nestas observações, começou a formar-se uma hipótese: talvez a transição da visão estática para a visão dinâmica na ilusão de continuidade envolvesse a supressão da atividade no CS?

Para responder a esta questão, os investigadores recorreram em seguida a experiências comportamentais. Os ratos foram treinados numa caixa especialmente concebida para o efeito, onde aprenderam a ir para uma porta lateral se percebessem que a luz estava a piscar, e para outra se a percebessem como contínua. As escolhas corretas eram recompensadas com água para reforçar a aprendizagem. Variando as frequências de luz apresentadas, a equipa registou o momento em que os ratos percebiam a luz intermitente como contínua. Quando compararam os dados comportamentais com os dados de IRMf, fizeram uma descoberta surpreendente: a passagem de sinais positivos para sinais negativos de IRMf no CS, acontecia no mesmo intervalo de frequências em que o comportamento dos ratos indicava que tinham passado da perceção da luz como intermitente para a sua perceção como contínua.

Dado que o CS apresentava a correlação mais forte entre o comportamento e os dados de IRMf, em comparação com outras áreas cerebrais de processamento visual, os investigadores realizaram registos eletrofisiológicos no CS, medindo diretamente a atividade elétrica dos seus neurónios. Também aqui, utilizaram uma sedação ligeira para manter a coerência com as condições da IRMf. O seu objetivo era compreender melhor os mecanismos neurais específicos envolvidos quando os ratos percecionam a luz intermitente em comparação com a luz contínua. Será que os sinais positivos e negativos detetados na IRMf correspondiam à ativação e à supressão neurais, respetivamente, tal como previa a hipótese que tinham formulado?

Em baixas frequências de luz, em que os ratos distinguiam flashes individuais, os investigadores observaram um aumento da atividade neural correspondente a cada flash. Em frequências mais elevadas, percecionadas como luz contínua, as respostas neurais a estes flashes individuais diminuíram e, em vez disso, houve respostas mais pronunciadas tanto no início como no fim da estimulação luminosa. De notar que, neste último caso, se verificou uma supressão acentuada da atividade neural, entre os picos, inicial (onset) e final (offset).

Valente observa: "As nossas medições da atividade elétrica no CS alinham-se bem com os nossos dados de IRMf, que exibem picos de início e de fim em torno dos sinais negativos a frequências mais elevadas. Estes registos eletrofisiológicos sustentam a noção de que os sinais positivos e negativos registados na IRMf representam, de facto, atividade e supressão neurais, respetivamente. O que parece estar a acontecer é que esta supressão acontece quando os animais entram num modo dinâmico de visão, servindo potencialmente como um fator-chave para a fusão das intermitências e a ilusão de continuidade".

Refletindo sobre o estudo, Valente acrescenta: "O que realmente nos surpreendeu foi a nítida correspondência entre os sinais de IRMf no CS e as observações comportamentais – que se revelou ainda mais acentuada do que no córtex, que é tipicamente visto como a principal área de processamento visual nos mamíferos. Igualmente surpreendente foi encontrar os mesmos padrões no CS mesmo depois de termos desativado intencionalmente o córtex, o que sugere que estes sinais têm origem no próprio CS e não são apenas o resultado da atividade do córtex".

Gil diz por seu lado: "Isto aponta para o papel do CS como detetor do que é ‘novo’. Por exemplo, em frequências de luz mais baixas, cada flash parece ser processado como um novo evento pelo CS. Quando a frequência aumenta para além de um certo ponto, cada flash de luz já não é espaçado o suficiente para ser considerado uma novidade e apenas as diferenças de luminosidade (antes e depois do estímulo) são percecionadas como tal. Isto poderia explicar o padrão de aumento da atividade no início e no fim da estimulação de alta frequência, com períodos de supressão pelo meio".

Implicações e direções futuras

"Os nossos resultados oferecem uma direção para a forma como as experiências de neurociência poderão ser conduzidas no futuro", conclui Shemesh. "Ao utilizar inicialmente a IRMf para apresentar os estímulos, os investigadores podem identificar eficazmente as regiões do cérebro em que devem concentrar os seus estudos eletrofisiológicos mais detalhados. Esta abordagem não só poupa tempo e recursos, como também tira proveito da força da IRMf em refletir a atividade neural populacional das regiões cerebrais. Embora não ofereça o detalhe granular da atividade de cada célula individual, a capacidade da IRMf para mostrar o panorama geral – se há mais ativação ou supressão no cérebro – torna-a um primeiro passo valioso para orientar experiências subsequentes".

Os autores acreditam que as suas descobertas têm relevância para aplicações clínicas. Em casos de indivíduos com deficiências visuais, doenças do nervo ótico, vítimas de AVC ou com distúrbios como o autismo, este estudo oferece novas vias para a avaliação e o potencial tratamento de disfunções visuais. Ao determinar e comparar os limiares de FFF nestes indivíduos com os de populações saudáveis e ao observar a evolução destes limiares, pode ser possível avaliar a adaptabilidade de regiões cerebrais específicas. Isto poderá levar a uma compreensão das áreas do cérebro que continuam a ser passíveis de tratamento, abrindo caminho para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas direcionadas.

Olhando para o futuro, os investigadores pretendem identificar quais os tipos específicos de células do CS responsáveis pelas atividades observadas. O seu objetivo mais amplo é aprofundar a nossa compreensão do papel de várias regiões cerebrais na via visual, combinando técnicas experimentais, como lesões específicas ou privação visual, com estudos de ressonância magnética. Estas estratégias prometem fornecer uma visão mais profunda da adaptabilidade e da função das regiões visuais, aperfeiçoando o nosso modelo e entendimento atual de como cada área contribui para a percepção visual. Por isso, da próxima vez que estiver a ver um filme, experimentando a ilusão de um movimento fluido devido à rápida sucessão de fotogramas, lembre-se dos intrincados processos que estão a ocorrer no seu cérebro e dos esforços de investigação em curso para os desvendar.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.

Páginas