Início em fevereiro de 2024
A NOVA Medical School vai lançar uma Pós-Graduação em “Medicina 4.0”, a primeira em Portugal sobre o desenvolvimento...

Esta formação inédita tem como objetivo dotar os formandos dos conhecimentos essenciais para compreender como a tecnologia desempenha múltiplos papéis cruciais na prática médica no presente e, sobretudo, no futuro. Os participantes irão compreender que essas inovações terão um impacto significativo nos ambientes de trabalho, podendo reduzir a carga de certas tarefas, mas também oferecer novas oportunidades e desafios profissionais.

“Esta será a história a escrever na saúde nos próximos anos: a saúde digital está a mover-se desde uma curiosidade, passando por uma ferramenta de investigação, até ser uma corrente imparável e atual, aceite como ferramenta clínica: são tempos entusiasmantes”, segundo o Prof. Doutor Márcio Navalho, Coordenador da Pós-Graduação em Medicina 4.0.

No final do curso, os participantes estarão preparados para as mudanças nos campos da cibermedicina, inteligência artificial, robótica e dispositivos médicos, para que se possam destacar num mundo tecnologicamente cada vez mais avançado.

A Pós-Graduação em “Medicina 4.0” destina-se não apenas a profissionais de saúde, mas também a todos aqueles que possam contribuir para melhorar os equipamentos médicos, como Engenheiros Biomédicos, Eletrotécnicos e Informáticos.

A formação tem um total de 11 sessões, de duas ou três horas cada, com início em fevereiro de 2024.  As inscrições já se encontram abertas e podem ser feitas no website da NOVA Medical School.

Modernização tecnológica
O Presidente do Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Alexandre Lourenço,...

Este equipamento vai contribuir para a modernização tecnológica dos equipamentos deste Centro Hospitalar, bem como para reforçar a capacidade do CHUC para responder às necessidades das populações, impactando positivamente a qualidade e o acesso aos cuidados de saúde que prestamos.

Recorde-se que o SNS se encontra num processo de grande investimento e de renovação e modernização do seu parque tecnológico o qual vai permitir a instalação de 68 equipamentos médicos pesados nas várias unidades do SNS em todo o país, num valor que ascende aos 100 milhões de euros. Estes investimentos são realizados no âmbito do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (PRR) e do Programa de Modernização Tecnológica do SNS.

Para o Presidente do CA do CHUC, Alexandre Lourenço, “o investimento agora aprovado permitirá renovar a oferta deste Centro Hospitalar, possibilitando dotar os nossos profissionais dos melhores meios técnicos e, desta forma, melhorar a resposta à população.”

A cerimónia teve lugar no Instituto Português de Oncologia do Porto e contou com a presença do secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, o presidente da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), Vítor Herdeiro, e da coordenadora da dimensão Resiliência da Estrutura de Missão Recuperar Portugal, Conceição Carvalho.

Prémio atribuído pela Universidade de Coimbra
O projeto PkXplorer®Epi, de desenvolvimento de modelos de individualização posológica para doentes com epilepsia, é o vencedor...

O projeto PkXplorer®Epi vem dar resposta à inexistência de modelos de individualização posológica (PopPK) para doentes com epilepsia que sejam medicados com anticonvulsivantes de nova geração, como o levetiracetam e o perampanel. Estes modelos permitem determinar, com elevada precisão, a dose de medicamento adequada para cada doente (ajustando-se às suas características individuais, através de biomarcadores predefinidos – como as concentrações plasmáticas ou salivares do fármaco e/ou seus metabolitos). 

Em conjunto com o seu grupo de investigação, as docentes e investigadoras desenvolveram três técnicas analíticas inovadoras para quantificar anticonvulsivantes de nova geração, duas em plasma humano e uma em saliva humana, tendo também criado o primeiro modelo PopPK de individualização posológica de perampanel em doentes adultos diagnosticados com epilepsia farmacorresistente. Agora, têm como objetivo integrar os modelos desenvolvidos numa aplicação informática, que possa ser usada pelos profissionais de saúde na personalização do tratamento anticonvulsivante e expandir para outros grupos farmacoterapêuticos. 

Esta solução permitirá promover tratamentos mais eficazes e seguros num menor período de tempo, diminuindo os riscos de efeito subterapêutico e de toxicidade. “A ausência de modelos de individualização posológica em doentes com epilepsia refratária, assim como a demonstração da aplicação e relevância da nossa invenção na prática clínica, elevam o valor do projeto PkXplorer®Epi, cuja continuidade proporcionará uma melhor e sustentada terapêutica anticonvulsivante, uma melhoria da qualidade de vida da/o doente e redução dos custos de saúde e sociais”, declaram Ana Fortuna e Joana Bicker.

“O projeto vencedor destacou-se entre um elevado número de candidaturas de grande qualidade que foram propostas, o que realça o seu mérito”, declara o Vice-Reitor da UC, Luís Neves, que presidiu ao júri que atribuiu o galardão.

“Uma vez mais mostra-se que o conhecimento produzido pela Universidade de Coimbra resulta em soluções inovadoras de grande impacto para os problemas da sociedade”, afirma o Coordenador da Comissão de Inovação, Serviço e Relação com a Comunidade do Conselho Geral da UC (entidade que propôs a criação da distinção), Alcino Lavrador.

O Prémio Inovação J. Norberto Pires visa estimular e reconhecer iniciativas inovadoras concebidas e desenvolvidas por alunos, funcionários, docentes ou investigadores da Universidade de Coimbra (ou que apresentem qualquer tipo de vínculo académico ou funcional a esta instituição), constituindo uma homenagem a Joaquim Norberto Pires, pela sua excecional contribuição para a inovação na Universidade de Coimbra. O galardão, entregue anualmente, contempla a atribuição de um diploma e uma recompensa no valor de 6.000 euros.

Mais informações, incluindo o regulamento e a composição do júri, estão disponíveis em https://www.uc.pt/premionorbertopires/.

Ação destina-se a cumprir o objetivo de compensar emissões de CO2 anuais da companhia
Pela segunda vez este ano, os colaboradores da AstraZeneca Portugal deitaram, literalmente, as mãos à terra para uma ação de...

Depois de, em março passado, terem sido plantadas 5.500 árvores em Murça, distrito de Vila Real, e tendo em conta as estimativas da Quercus, que apontam que cerca de 30% destas árvores não sobrevivem, foi necessário voltar a agir para uma compensação completa das emissões de CO2. Desta vez, mais de 30 colaboradores ajudaram a plantar 1.650 árvores (30% das 5.550) no Parque Natural de Sintra-Cascais, numa área cogerida pela Câmara Municipal de Cascais e pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

“Sabemos que a saúde do planeta tem impacto em todos nós e consideramos, por isso, essencial fazer uma gestão eficiente da nossa pegada através, nomeadamente, de um investimento na natureza”, refere Sérgio Alves, Country President da AstraZeneca. 

Recorde-se que, desde 2020, a AstraZeneca tem o compromisso de compensar todas as emissões de Co2 em scope 1 e 2 através da plantação de árvores em diferentes regiões do País, numa parceria com a Quercus, o que se traduz em mais de 20 mil árvores plantadas até ao momento.

Esta medida junta-se a várias outras que a companhia tem promovido em Portugal em prol da sustentabilidade ambiental. Esta é uma das prioridades da empresa e tem como expoente máximo o edifício sede, onde estão instalados 795 painéis solares, que têm uma produção estimada de 400 MWh/ano de energia. Um edifício que opera a 100% com energia renovável. Paralelamente, tem existido uma forte aposta na transição para viaturas elétricas, prevendo-se que a totalidade da frota automóvel seja elétrica já em 2024.

Estudo publicado na revista científica European Journal of Medical Research
Uma nova investigação científica revela dados promissores sobre o tratamento da pré‑eclâmpsia, uma doença multissistémica que...

Esta condição é uma das principais causas de mortalidade materna, fetal e neonatal, estando associada ao atraso no crescimento intrauterino e ao nascimento prematuro. Caracteriza-se por um quadro de hipertensão arterial após as 20 semanas de gestação, associada à perda de proteínas na urina e lesão em vários órgãos, como rins, fígado e cérebro.

Até agora, o parto, ou, em casos mais severos, a sua indução, constitui o único tratamento definitivo para esta condição, sendo, por isso, necessário desenvolver estratégias capazes de prevenir a progressão da doença.

Os resultados de um estudo publicado na revista científica European Journal of Medical Research destacam o potencial terapêutico de vesículas extracelulares libertadas pelas células estaminais mesenquimais do cordão umbilical, chamadas exossomas, no tratamento da pré-eclâmpsia em modelo animal.

Estas células presentes no tecido do cordão umbilical têm sido objeto de interesse devido à sua capacidade de diferenciação em diferentes tipos de células, pela rápida autorrenovação e por, uma vez criopreservadas, apresentarem disponibilidade imediata para utilização clínica.

Ao longo do estudo, foram acompanhados animais tratados e não tratados com exossomas de células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical chegando-se às seguintes conclusões sobre o tratamento experimental:

  • Tem um efeito positivo na pré-eclâmpsia: conduziu a uma diminuição da pressão arterial nas mães.
  • Está associado a melhorias no desenvolvimento dos fetos: verificou-se aumento do tamanho e do peso dos fetos à nascença, que resultam de melhorias nas trocas gasosas e de nutrientes entre as mães e os fetos.
  • É capaz de promover a reconstituição uma densa rede de vasos sanguíneos na placenta, o que permite uma melhoria na vascularização, crucial para o desenvolvimento saudável do feto.
  • Conduz a uma redução da concentração de um biomarcador de pré‑eclâmpsia, uma proteína que leva a uma disfunção do endotélio (i.e., do tecido que reveste os vasos sanguíneos).

A análise dos exossomas das células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical demonstrou um enriquecimento em proteínas envolvidas na regulação da comunicação, migração e sinalização celulares e na formação de novos vasos sanguíneos.

Os autores recorreram ainda a experiências in vitro, em que estudaram os efeitos dos exossomas de células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical na disfunção endotelial que ocorre na pré‑eclâmpsia, tendo observado o efeito benéfico dos exossomas destas células sobre o modelo celular usado, melhorando a capacidade de proliferação e de migração celulares.

Globalmente, estes resultados sugerem que estes exossomas podem ser úteis na recuperação da disfunção endotelial característica da pré-eclâmpsia e fornecem evidências que suportam a consideração da sua administração como uma nova abordagem terapêutica para o tratamento da pré‑eclâmpsia.

Carla Cardoso, Diretora do Departamento de I&D da Crioestaminal, expressa o seu entusiasmo em relação a estes resultados, que “destacam o potencial dos exossomas das células estaminais do cordão umbilical podem ter no desenvolvimento de novas opções terapêuticas para o tratamento desta condição grave que afeta muitas mulheres durante a gravidez, e cuja prevenção da sua progressão e tratamento são atualmente muito difíceis de conseguir”.

“The Transition”
O lançamento do livro “The Transition” ocorreu no passado dia 28 de novembro, na biblioteca e auditório do Instituto Dom Luiz ...

“Neste ensaio analiso a descarbonização simultânea dos transportes terrestres e do sistema elétrico, tomando Portugal como um caso de estudo, e comparo os resultados de vários modelos possíveis para esta transição. A conclusão é que os diferentes modelos têm consequências marcadamente diversas, não só na mobilidade e no sistema elétrico, como também em toda a economia, no ambiente e no clima, na forma como vivemos e organizamos as nossas sociedades”, diz António M. Vallêra.

António M. Vallêra é licenciado em Engenharia Eletrotécnica pelo Instituto Superior Técnico da ULisboa, e doutorado em Física pela Universidade de Cambridge (Cavendish Laboratory). O seu interesse na área da energia focou-se inicialmente na tecnologia solar fotovoltaica. Atualmente o seu interesse principal diz respeito à transição para sistemas de energia e de transporte descarbonizados.

“O livro também se foca nas políticas públicas, que podem conduzir a melhores resultados, que interessantemente resultam do modelo menos estudado e mais ignorado pelos decisores até hoje”, comenta António M. Vallêra.

A obra em formato digital encontra-se disponível para consulta em regime de acesso aberto (sem custos), através do Repositório da ULisboa. Os leitores interessados em adquirir um exemplar em versão impressa (preço 20€), devem contactar o autor através do seu endereço [email protected].

“The Transition” destina-se a profissionais e decisores das áreas da energia e dos transportes, investigadores e alunos, políticos e público em geral.

 
Investigação visa desenvolver sistema de terapia génica capaz de detetar a presença de células com infeção pelo VIH
O projeto de investigação miThic-eSwitch na área da Virologia – Infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Adquirida (VIH) /...

Em 2023, este programa distinguiu 13 projetos de investigação e de intervenção comunitária nas áreas de Oncologia e Virologia. Um deles foi o “miThic-eSwitch - microRNA-specific targeting of HIV latently infected cells using virus-dependent dCas9 control switches”, reconhecido pelo seu contributo para o avanço científico na área da Virologia - Infeção VIH/SIDA. Com uma duração de 18 meses, tem como instituição proponente a FCiências.ID – Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciências. A equipa deste projeto é constituída ainda por Cláudia Estima, Tânia Marques, Carolina Ruivinho e Marcelo Pereira.

“Trata-se de um projeto que surge na continuidade do trabalho desenvolvido pelo nosso laboratório com o objetivo de desenvolver um sistema de terapia génica capaz de detetar a presença de células com infeção latente pelo VIH e promover a sua eliminação de forma seletiva”, diz Margarida Gama Carvalho, acrescentando que, “a cura definitiva continua distante devido à persistência de células infetadas que podem sobreviver de forma silenciosa durante décadas, até reativarem a produção viral”.

O desenvolvimento de uma intervenção curativa para a infeção pelo VIH é reconhecido como uma prioridade de saúde global. As estimativas da Organização Mundial de Saúde apontam para aproximadamente 38 milhões de pessoas no mundo que vivem com SIDA, a maioria das quais em África, com 2,3 milhões (5%) de pessoas infetadas na Europa e na América do Norte. Este número continua a aumentar devido ao sucesso das atuais terapias antirretrovirais no prolongamento da vida dos pacientes, alimentado por um acréscimo de 1,7 milhões de novas infeções todos os anos.

Margarida Gama Carvalho refere que nos últimos anos tem havido um desenvolvimento extraordinário das abordagens disponíveis para manipulação genética dirigida. Estas abordagens são utilizadas de forma regular para fins de investigação e estão a ser dados os primeiros passos na área da aplicação terapêutica.

“O miThic-eSwitch é um projeto de inovação que pretende desenvolver um interruptor molecular capaz de restringir de forma precisa a ativação do nosso sistema de terapia génica para que se expresse apenas nas células alvo, reduzindo efeitos indesejados”, diz Margarida Gama Carvalho.

A plataforma biotecnológica que está a ser desenvolvida por Margarida Gama Carvalho e pela sua equipa tem um potencial de aplicação alargado a outros contextos de doença, que possam beneficiar de terapêuticas de base semelhante, como é o caso de doenças genéticas de base genética e do cancro, indo assim além da aplicação proposta no âmbito do combate à infeção por VIH.

“O reconhecimento deste projeto pelo Programa Gilead GÉNESE representa um enorme incentivo no sentido de continuarmos a prosseguir esta linha de investigação aplicada, em paralelo com o nosso trabalho mais fundamental que visa compreender melhor os mecanismos moleculares dependentes de moléculas de RNA que influenciam a resposta imunitária, infeção viral e a manifestação de doenças de base genética”, conclui Margarida Gama Carvalho.

O que é e para que serve?
A Fototerapia consiste num tratamento baseado na interação da irradiação eletromagnética da luz com

Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) iniciou-se o tratamento de úlceras traumáticas com o uso de fototerapia e luz solar, observando-se bons resultados. Em 1925 Goeckerman introduziu a combinação de coaltar e irradiação ultravioleta para tratamento da Psoríase, que foi utilizada por muito tempo.

Usam-se câmaras com lâmpadas emissoras de UVA (ultravioletas A) de maior comprimento de onda, mas que exigem a toma de fotossensibilizadores (psoralenos) para a absorção da radiação.

Também se usam UVB de menor comprimento de onda e maior intensidade, ou de largo espectro (290 a 320 nanómetros-nm) ou uma de “banda estreita” (Narrow band 311 nm) que é considerada a mais ativa no tratamento da Psoríase e do Eczema (atópico).

Também um laser Excimer que é um UV Laser que usa uma mistura de gases nobres e halogéneo, como seu paradigma.

Os laser Excimer têm a característica de conseguir oscilar numa excecional alta eficiência na banda UV e de difícil hardware compacto e são aplicados em diversos campos da indústria e da medicina (cirurgia corretiva da visão 

como o LASIK).

A bomba dá energia que é amplificada pelo gás e a energia convertida em LUZ é refletida através dum “ressonador” ótico que emite o raio final.

Como outros lasers de gás, Excimer é alimentado por uma corrente. O meio laser é um tubo com 3 tipos diferentes de gases;

1 um gás nobre (Argon, Crípton ou Xenon)

2 um gás Halogéneo (Flurina, Clorina ou Bromina).

Funcionamento

Os Excimer assentam na interação entre o gás nobre e o Halogéneo para produzir um raio altamente poderoso.

A corrente bomba o gás obtido (“médio”) usando pulsos muito curtos transmitidos através de elétrodos metálicos, o pulso excita os átomos do gás e fá-los fundirem-se em pares atómicos chamados dímeros.

A principal vantagem dos Excimer é que são capazes de produzir um spot muito pequeno e preciso.

Servem para remover excesso de material pela ablação do laser devido ao facto de conseguirem destruir sem efeito térmico. Isto contrasta com os lasers de CO2.

Com ele pode-se tratar alopecia areata, vitiligo segmentar, eczema, eczema atópico e eczemas localizados e seborreicos.

Os Ultravioletas também são úteis no tratamento dos linfomas cutâneos de células T, como nos estados iniciais de Micose Fungóide.

Foto: 
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Redes de Referenciação Hospitalar (RRH)
José Guilherme Tralhão, Diretor do Serviço de Cirurgia do Centro Hospitalar e Universitário (CHUC) integra o grupo de trabalhoi...

A necessidade de revisão advém dos desafios que se colocam atualmente à prestação de cuidados de saúde tendo em conta a modificação das necessidades e a alteração das características das unidades hospitalares, a adequação da distribuição de recursos humanos, o progressivo desenvolvimento tecnológico e a crescente inovação nas várias dimensões.

A RRH de Cirurgia Geral tem como finalidade direcionar o fluxo dos utentes aos Serviços de Cirurgia Geral, tendo em conta a necessidade de adequação de determinadas patologias, que pela sua frequência ou características, carecem de concentração em centros de elevada diferenciação técnica, experiência clínica ou equipamento específico.

As Redes de Referenciação Hospitalar (RRH) desempenham um papel determinante no planeamento e organização na prestação de cuidados de saúde, contribuindo significativamente para garantir a qualidade de cuidados nas diferentes especialidades, a articulação entre as diferentes instituições e a diferenciação e complexidade que cada hospital deve possuir, de forma a poder responder às necessidades em saúde, promovendo a experiência, os centros de referência e a concentração das respostas mais exigentes, de acordo com os padrões internacionais e o estado da arte, garantindo segurança e qualidade.

 
Seminário internacional inserido nas comemorações do 16º aniversário do projeto “(O)Usar & Ser Laço Branco”
A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) organiza, amanhã (dia 6 de dezembro), as partir das 14h30 (sessão de...

Bernardo Coelho, sociólogo e professor no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, cuja tese de doutoramento versou sobre as acompanhantes e os homens seus clientes, é o convidado a proferir a conferência "Assédio Sexual e Moral nas Instituições de Ensino Superior" (às 15h00). 

Segue-se (16h00-17h30) o painel “Construir uma cultura institucional de tolerância zero ao assédio”, com as intervenções de   Sérgio Barata (coordenador do Gabinete de Segurança do Ministério da Saúde, que falará sobre “A perspetiva das Forças de Segurança”),  Lúcia Penna (professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro que dissertará sobre “A perspetiva docente no Ensino Superior internacional”),  Manuel Chaves (com o olhar do Provedor do Estudante da ESEnfC) e Ana Maria Conceição (vice-presidente da Associação de Estudantes da ESEnfC).   

O “IV Seminário Internacional Assédio nas Instituições de Ensino Superior – Conhecer para mudar” é organizado pelo projeto “(O)Usar & Ser Laço Branco”, que este mês comemora o 16º aniversário, e pelo projeto “Género, Saúde e Desenvolvimento", inscrito na Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA:  E), da ESEnfC.

O projeto (O)Usar & Ser Laço Branco, em funcionamento desde 2007, tem como missão prevenir a violência entre pares, a começar pelo namoro, promovendo o fortalecimento da liberdade, da igualdade de género, do humanismo, da cidadania ativa, da cooperação e, ainda, dando mais poder aos jovens. 

Desde esse ano que dezenas de milhares de pessoas, entre estudantes do ensino secundário e superior, encarregados de educação e professores, foram sensibilizados sobre este tema. 

A sessão de abertura do congresso (14h30) conta com as presenças de Maria da Conceição Alegre de Sá (vice-Presidente da ESEnfC), Paulo Pina Queirós (presidente do Conselho Técnico-Científico da ESEnfC), Maria da Alegria Simões (docente em representação do Conselho Pedagógico da ESEnfC), João Alves Apóstolo(c  oordenador científico da UICISA: E) e Armando Silva (coordenador do projeto (O)Usar & Ser Laço Branco).   

Mais informações estão disponíveis no sítio do evento na Internet, em www.esenfc.pt/event/lacobranco2023.

 
Saúde Auditiva
A audição desempenha um papel fundamental na nossa vida quotidiana.

Para além disso, a perda auditiva pode afetar a segurança e a independência das pessoas. A incapacidade de ouvir adequadamente alarmes, sirenes ou sinais de trânsito pode colocá-las em risco. Também pode dificultar o desempenho em ambientes de trabalho, onde a comunicação é essencial.

É importante destacar que a perda auditiva não afeta apenas os idosos. Pessoas de todas as idades podem enfrentar este desafio. Nestes casos, é essencial procurar ajuda profissional, o mais cedo possível. A tecnologia de apoio às dificuldades auditivas, como aparelhos convencionais e implantes cocleares, pode melhorar a qualidade de vida destas pessoas, permitindo, na maior parte das situações, a recuperação da capacidade de ouvir e, consequentemente, o envolvimento pleno nas atividades diárias. Portanto, é fundamental haver uma consciencialização sobre a importância da audição e incentivar a procura de soluções. Todos merecem desfrutar plenamente dos sons, conectando-se com o mundo ao seu redor.

Algumas das principais patologias associadas à surdez são:

  • Surdez Genética – relacionada com mutações genéticas, sendo responsável por mais de metade de todos os casos de surdez. Pode ser considerada sindrómica, se estiver associada a uma síndrome (30%), ou não-sindrómica (70%).
  • Perfuração Timpânica - a rutura da membrana timpânica pode ocorrer por várias razões, entre as quais se destacam: complicações resultantes de otites; não cicatrização da membrana, após colocação de tubo de ventilação; barotrauma por mergulho ou outro impacto forte no ouvido; inserção de objetos no canal auditivo externo, ou outras lesões traumáticas da membrana; traumatismo craniano.
  • Otite - inflamação ou infeção do ouvido. Dependendo da sua localização, pode ser externa (afeta o canal auditivo externo) sendo, normalmente, causada por fungos e bactérias; média (é a mais frequente e ocorre no ouvido médio); interna (afeta o ouvido interno), também denominada labirintite. Esta é considerada a mais grave, pois atinge o labirinto e a cóclea.
  • Otosclerose - crescimento anormal do tecido ósseo no ouvido médio, em particular no estribo, rigidificando toda a cadeia ossicular e impedindo que a transmissão do som se propague normalmente até ao ouvido interno.
  • Doença de Ménière - também chamada hidropisia endolabiríntica, é uma patologia do ouvido interno que afeta a audição e o equilíbrio. Caracteriza-se por vertigem, zumbido e perda auditiva flutuante.
  • Presbiacusia - é o tipo mais comum de perda auditiva neurossensorial, causada pelo envelhecimento natural do sistema auditivo.
  • Traumatismo Acústico - perda auditiva induzida por prolongada exposição a ruído.
  • Ototoxicidade - refere-se ao dano provocado no ouvido interno e sistema auditivo nervoso central, devido a medicamentos ou a exposição a produtos químicos.
  • Surdez Súbita - perda repentina da audição, normalmente em apenas um dos ouvidos. Pode ser de causa desconhecida, estando muitas vezes associada a má vascularização do ouvido interno ou a infeções virais ou bacterianas.
  • Neurinoma do Acústico - tumor benigno do nervo auditivo, geralmente de crescimento lento.

É importante consultar um especialista para obter informações mais detalhadas e precisas sobre cada uma destas patologias.

As variadas condições que podem levar à perda auditiva destacam a complexidade e a diversidade dos desafios enfrentados por aqueles que lidam com problemas de audição. Desde causas genéticas até lesões traumáticas e distúrbios do sistema auditivo, cada patologia possui suas próprias «nuances» e impactos únicos na vida das pessoas. A busca por conhecimento detalhado, acompanhamento médico e o acesso a tecnologias de apoio são passos essenciais para enfrentar e superar os obstáculos impostos por essas condições. A consciencialização sobre essas diversas patologias é fundamental para garantir que todos tenham a oportunidade de receber cuidados adequados e desfrutar de uma vida com plenitude auditiva.

Assim, é crucial reconhecer que a diversidade de patologias relacionadas à surdez não apenas evidencia a complexidade do sistema auditivo humano, mas também destaca a importância da pesquisa contínua e do avanço da medicina para compreender e tratar essas condições. A inclusão e a acessibilidade são pilares fundamentais para garantir que as pessoas afetadas por essas condições tenham igualdade de oportunidades na sociedade. Educação, consciencialização e políticas que promovam a inclusão são essenciais para que todos possam superar os desafios associados à perda auditiva e viver plenamente, independentemente da condição auditiva que possuam.

 
Prof. Dra. Fernanda Gentil - Audiologista, Sócia Profissional (e Honorária)
A. Ricardo Miranda - Associação OUVIR

 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Exposição visa mostrar o impacto do programa na saúde pública em Portugal
O Museu da Farmácia abre as portas à exposição “A intervenção das farmácias – 30 anos do Programa de Troca de Seringas”, uma...

O mais recente relatório da Direção Geral da Saúde e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (DGS/INSA) sobre a Infeção VIH em Portugal dá conta de que, na última década, os novos casos de infeção por VIH reduziram 57,3%. E que, para aqui chegar, muito contribuíram as 64 159 008 seringas usadas que foram trocadas neste período, numa média anual de 2 138 634. 

Na exposição, que começa a 5 de dezembro e termina a 31 de janeiro, o Diretor do Museu da Farmácia, João Neto, referiu que “serão exibidos os primeiros kits do Programa de Troca de Seringas (PTS) distribuídos durante a primeira campanha “Diz Não a Uma Seringa em Segunda Mão”, que a 1 de outubro de 1993 acordou o país para esta dura realidade. Serão também mostrados outros elementos que contam a história desta longa viagem, como a assinatura do protocolo do PTS e respetiva reportagem feita pela RTP”.

O PTS "Diz Não a Uma Seringa em Segunda Mão" nasceu nessa altura de uma parceria entre a Comissão Nacional para a Luta Contra a SIDA (CNLCS), o Ministério da Saúde e a Associação Nacional das Farmácias (ANF) empenhados em prevenir a transmissão do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), assim como outras infeções transmitidas por via sanguínea entre utilizadores de drogas injetáveis. Nos primeiros oito anos permitiu ao Estado uma poupança que se estima entre os 400 e os 1700 milhões de euros, segundo uma avaliação externa feita em 2002. 

2500 farmácias em todo o país estiveram envolvidas neste programa, que chegou a ser considerado pela Comissão Europeia como o melhor projeto apresentado por um país europeu. Portugal foi visto como pioneiro no combate à infeção pelo VIH e na minimização do estigma contra toxicodependentes.  

“As farmácias e os farmacêuticos tiveram um papel decisivo na implementação do Programa de Troca de Seringas, que para além de promover poupanças significativas ao SNS, contribui de forma decisiva para a diminuição do número de casos de VIH e VHC em Portugal. Este programa de saúde pública tornou-se uma referência mundial no âmbito da participação das farmácias em ações e programas de saúde pública, tendo sido distinguido inúmeras vezes quer nacional quer internacionalmente”, sublinha Ema Paulino, Presidente da Associação Nacional das Farmácias. 

Segundo os mais recentes dados da DGS/INSA, em 2022, o PTS distribuiu 1 115 452 seringas, menos 1,5% comparando com o ano de 2021. As Equipas de Redução de Riscos e Minimização de Danos distribuíram 892 598 seringas, 80% do total, enquanto as farmácias associadas da ANF e da Associação de Farmácias de Portugal (AFP) distribuíram 19% do total das seringas (213 658). As unidades de saúde dos Cuidados de Saúde Primários asseguraram a distribuição de 0,8% das seringas distribuídas em 2022 (9 196).  

Ao todo, encontravam-se registadas, em 2022, 1693 farmácias aderentes ao PTS, englobando associadas da ANF e da Associação de Farmácias de Portugal.  

Em Portugal, e segundo os dados da DGS/INSA o primeiro caso de infeção por VIH ocorreu em 1983. Até 31 de dezembro de 2021, foram identificados 64 257 casos de infeção por VIH, dos quais 23 399 atingiram o estádio de SIDA. 15 555 foram vítimas mortais da doença. 

Reunião Anual de 2023 da Radiological Society of North America (RSNA)
Num momento em que os desafios do setor da Radiologia incluem o aumento dos níveis de exaustão dos radiologistas e a escassez...

Estando constantemente empenhada em aperfeiçoar os cuidados prestados e os resultados obtidos, a GE HealthCare cria soluções e colaborações meticulosamente projetadas para apoiar os profissionais de saúde, aperfeiçoar os cuidados ao doente e aumentar a eficiência do sistema de saúde. Esta dedicação à inovação e à melhoria é conseguida através da aprendizagem constante, mas principalmente através dos avanços da Inteligência Artificial. Peter Arduini, CEO da GE HealthCare destaca "através dos nossos dispositivos inteligentes, foco na doença simplificado e soluções digitais, estamos a reunir dados no lugar certo e no momento certo para os prestadores de serviços, colmatando a falta de eficiência no fluxo de trabalho, permitindo cuidados de precisão e ajudando a melhorar os resultados dos pacientes. Com uma história de inovação que abrange mais de um século, o nosso objetivo na GE HealthCare é resolver os desafios de saúde de hoje, amanhã e para o futuro”.

Dentro dos mais recentes lançamentos demonstrados pela primeira vez no RSNA, destaca-se  o SIGNA Champion, um novo scanner projetado para oferecer verdadeiro conforto ao paciente e exames de alta performance com acesso a tecnologias premium; bem como a Plataforma Revolution Ascend, uma nova solução de Tomografias Computadorizadas com escalabilidade incorporada para possíveis atualizações, ajudando os sistemas de saúde a investir nas capacidades clínicas de que precisam atualmente, permitindo crescimento no futuro – sem necessidade de substituir o equipamento; e ainda a Critical Care Suite 2.1, que expande as capacidades de triagem com a autorização da FDA de uma nova IA que deteta e localiza a suspeita de pneumotórax (PTX).

Além disso, dentro do portfólio de recentes inovações do grupo está incluído o sistema de Ultrassons Venue que agora, com a tecnologia impulsionada por IA do Caption Guidance, fornece orientação em tempo real aos utilizadores para capturar imagens cardíacas de qualidade diagnóstica. Nos cuidados cardíacos, a GE HealthCare apresenta o VScan Air SL, o mais recente sistema de imagem de ultrassom sem fios, projetado para avaliações cardíacas e vasculares rápidas, ajudando os clínicos a acelerar diagnósticos e decisões de tratamento no local de cuidado; o Allia IGS Pulse – a mais recente adição às ofertas do sistema de imagem guiada (IGS) da empresa projetadas para melhorar o fluxo de trabalho para o diagnóstico e tratamento de doenças cardiovasculares; e o CardioVisio for Atrial Fibrillation (AFib), uma ferramenta digital projetada para ajudar os médicos a visualizar dados longitudinais relevantes para a progressão da doença e fornecer suporte clínico baseado em evidências, seguindo sempre as diretrizes mais recentes da AFib. 

Com orientação para o futuro dos cuidados de saúde, a GE HealthCare tem também investido em colaborações estratégicas com sistemas de saúde e instituições académicas e de investigação, de forma a promover a eficiência na personalização dos cuidados e na melhoria das capacidades de imagiologia. Dentro destas parcerias destacam-se a parceria com a Novo Nordisk para a promoção e desenvolvimento clínico e de produtos de ultrassons periféricos; com a IONIC Health através da distribuição exclusiva da nova versão do Digital Expert Access, o primeiro dispositivo aprovado que permite a digitalização remota de doentes e fornecedores; e com a SOFIE Biosciences (SOFIE), para desenvolver, fabricar e comercializar métodos de diagnóstico marcados com Gálio-68 e Flúor-18, com efeito na proteína de ativação dos fibroblastos (FAP). 

Receitas revertem para Associação SINGELA
'A menina que se esquecia de respirar' é o nome do livro que acaba de ser publicado com o objetivo de sensibilizar...

O livro conta a história de uma menina que vive com Síndrome de Hipoventilação Central Congénita (SHCC), também conhecida por síndrome de Ondine, uma doença genética rara que se traduz na disfunção do sistema nervoso autónomo e que afeta a respiração durante o sono. É um conto de ficção que aborda alguns dos desafios desta patologia, mas que pretende ser uma inspiração para as crianças, pais e famílias, em especial as que lidam diariamente com a doença, deixando-lhes uma mensagem de esperança.

A autora sublinha que “o propósito deste livro é aumentar a consciencialização para a síndrome de Ondine através de uma abordagem acessível, contribuindo assim para a literacia sobre esta condição e para a inclusão de pessoas que, tal como a menina do conto, se esquecem de respirar”. Daniela Rosa e Lourenço acredita que “ao sensibilizar e alertar as crianças e jovens para a síndrome de Ondine, estamos a contribuir para a formação de adultos mais conscientes e empáticos no que diz respeito à existência desta e outras doenças raras.”

Destinada a crianças e jovens, entre os 10 e os 15 anos, esta obra literária pode ser lida também por pais que partilham momentos de leitura com os seus filhos. Tem um custo simbólico de 10€ e a receita proveniente das vendas reverte integralmente a favor da Associação SINGELA, apoiando o financiamento dos seus projetos e iniciativas.

“A finalidade pedagógica e simbólica da obra, com as receitas a reverter para a Associação Singela, faz deste livro um presente de Natal especial não só pelo significado associado à própria história, como também pela componente solidária”, acrescenta a autora.

'A menina que se esquecia de respirar’ encontra-se disponível para compra online nas principais livrarias do país.

Fundada em 2022, a  SINGELA - Associação Portuguesa da Síndrome de Hipoventilação Central Congénita já conta com 60 associados e tem como objetivos principais a divulgação da síndrome de Ondine, o apoio aos doentes e respetivas famílias e o apoio à investigação científica no domínio desta doença, que tem uma prevalência de um caso por 200 mil nados vivos.

Liga Portuguesa Contra o Cancro celebra Dia Internacional do Voluntariado
Para assinalar o Dia Internacional do Voluntariado que se celebra hoje, a Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) divulga os...

O trabalho, da autoria da Coordenação Nacional de Voluntariado da LPCC, mostra que a maioria dos voluntários da LPCC tem entre 41 e 65 anos (43%) e é do sexo feminino (84%). Encontra-se ativo profissionalmente (54%), tem formação superior (60%) e doa entre uma a cinco horas semanais (81%) à instituição, há mais de cinco anos (60%).

Se for considerada uma média de cinco horas, disponibilizada semanalmente pelos voluntários, calcula-se que sejam realizadas cerca de 679 mil horas anuais de voluntariado ao serviço da LPCC, o que num exercício de valorização económica - indexada à Retribuição Mínima Mensal Garantida de 2023 (salário mínimo nacional) -, se traduz num montante que ultrapassa os 3,5 milhões de euros por ano.

Quando questionados sobre o impacto do voluntariado nas suas vidas, constata-se que a esmagadora maioria dos voluntários da LPCC (97%) considera o voluntariado “muito a muitíssimo” importante, sendo que 84% afirma que esta atividade contribui de forma expressiva para a sua qualidade de vida. Com uma percentagem ainda superior, 89% dos voluntários refere que o voluntariado contribui e/ou contribuiu para alguma mudança na sua forma de estar na vida, salientando-se o facto de se sentirem pessoas mais felizes por ajudarem os outros (61%), passarem a dar mais valor à vida, à saúde e à família (22%) e, por último, a serem pessoas mais sensíveis para esta causa (13%).

Como funciona o voluntariado na LPCC?

Divididos primeiro por áreas de atuação e posteriormente por turnos e tarefas, de acordo com a sua disponibilidade, os 3.393 voluntários da LPCC distribuem-se pelo Voluntariado Comunitário, Hospital, de Competências e de Entreajuda.

Na comunidade – Voluntariado Comunitário –, realiza-se um trabalho de sensibilização e educação para a saúde, reforça-se o apoio ao doente oncológico e à família e colabora-se na angariação de fundos, essencial para a concretização das iniciativas da LPCC. Esta é a vertente onde se insere a maioria dos voluntários da instituição (56%). A título de exemplo, este ano, o Peditório Nacional contou com a dedicação de cerca de 20 000 voluntários.

Já os voluntários hospitalares (30%) trabalham nos institutos e hospitais com serviços de Oncologia, no continente e ilhas. O principal objetivo do voluntario hospitalar é proporcionar ao doente, internado ou nas salas de espera, o acolhimento, conforto e apoio que necessita, contribuindo, com a sua disponibilidade, para a humanização dos cuidados de saúde.

Por último, com 8 e 6%, respetivamente, a LPCC desenvolve o voluntariado de Competências e de Entreajuda. O primeiro tem como objetivo a partilha de conhecimentos. Trata-se de profissionais que disponibilizam um contributo técnico e competências próprias, no âmbito de atividades ocupacionais. O voluntariado de Entreajuda é constituído por cidadãos que conhecem a doença na “primeira pessoa”, e oferecem o seu testemunho num movimento de entreajuda, evidenciando que “é possível vencer o cancro”.

LPCC apela a uma maior adesão ao voluntariado

Não obstante os números expressivos, a LPCC faz um apelo por uma maior adesão ao voluntariado, por forma a incrementar o trabalho desenvolvido junto da população em geral e dos doentes oncológicos em particular, tendo presente as estimativas de aumento da incidência de cancro na população portuguesa. Neste sentido, a Instituição convida a população a conhecer o seu trabalho e a candidatar-se em www.ligacontracancro.pt/voluntariado.

No Dia Internacional do Voluntariado, a LPCC aproveita para homenagear os seus voluntários, através do reconhecimento da sua dedicação ao doente oncológico. A LPCC vai impor insígnias por antiguidade de serviço, entregar batas a voluntários hospitalares e lançar os projetos “voluntariado como forma de felicidade” e “gestos que falam por si”, este último prevê a divulgação dos testemunhos de alguns voluntários da Instituição.

Acumulação desproporcional de gordura nos membros
O lipedema é uma doença extremamente prevalente, estando estimada a sua prevalência em cerca de 11%

Um estudo efetuado em 2014 mostra que as mulheres esperam, em média, cerca de 30 anos até terem o diagnóstico de lipedema, recorrendo a consultas de várias especialidades em busca de uma resposta para o seu problema. Na ausência de um diagnóstico atempado, a história natural da doença decorre com agravamento dos sintomas, do volume dos membros afetados e com o desenvolvimento de complicações como impotência funcional, alteração da marcha. complicações cutâneas e sofrimento não só físico, mas também psicológico.

Embora tenha sido descrita, como Síndrome da Gordura Dolorosa, já em 1940, na clínica Mayo por Allen e Hines, só recentemente assistimos a um entusiasmo científico pela doença. Assim, ainda muito está por definir clara e definitivamente: qual a sua causa? qual o melhor tratamento? será a sua evolução inexorável?

Torna-se, assim, premente divulgar a doença e informar sobre o seu diagnóstico, os seus sintomas e complicações e formas de tratar. Só com um diagnóstico precoce é possível controlar a doença e devolver qualidade de vida a estas mulheres.

O lipedema é, então, uma doença crónica que se caracteriza por uma acumulação desproporcional de gordura nos membros, mais frequentemente nos membros inferiores, podendo, em 30% dos casos atingir os membros superiores. Além da desproporção, dores nas pernas, hipersensibilidade, sensação de peso e ocorrência de equimoses fáceis e/ou espontâneas são queixas frequentes e incapacitantes.

A dificuldade de diagnóstico deve-se a vários fatores entre os quais o principal será a falta de informação. Outros poderão ser elencados:

  • ocorrência de quadros atípicos da doença, com sintomas desvalorizados;
  • sintomas comuns a outras condições, como por exemplo a doença venosa;
  • estigmatização da condição, confundida, muitas vezes, com obesidade e falta de esforço;
  • história familiar que leva a atribuir a condição à “constituição física familiar”.

O estigma associado ao volume e ao peso e a falta de informação médica é responsável por frustração e desalento das pacientes que acabam por desacreditar a comunidade médica e entrar numa espiral de ansiedade, depressão e mau relacionamento com a alimentação e demais dietas restritivas. Este ciclo leva frequentemente a um agravamento de todo o quadro clínico e ao desenvolvimento de complicações físicas e psicológicas. Muitas mulheres “desistem”, sabendo que algo de errado se passa com as suas pernas, mas que não é valorizado.

A informação e consciencialização sobre o lipedema tem aumentado nas últimas décadas, mas ainda há muito trabalho a desenvolver para garantir que as mulheres com esta doença recebam o diagnóstico e o tratamento adequados.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Investigação publicada na revista científica Communications Biology
Uma equipa de cientistas, liderada pela Universidade de Coimbra (UC), conduziu um estudo para perceber de que forma o cérebro...

Este é um dos resultados da investigação liderada pelo docente e investigador da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UC (FPCEUC), Jorge Almeida, agora publicada na revista científica Communications Biology, publicação do grupo da conceituada Nature. O estudo contou com 400 participantes, entre os 18 e os 41 anos de idade, aos quais foram mostrados 80 objetos de uso comum – por exemplo, ferramentas, como um berbequim ou uma chave inglesa; e objetos diversos, como um apito ou uma bola de basquetebol.

Os participantes desenvolveram tarefas comportamentais e sessões de ressonância magnética funcional, tendo sido pedido, entre outras coisas, que julgassem a semelhança de vários objetos, nomeadamente: o seu aspeto (como o material de que é feito ou a sua forma), a sua função (para que é usado), e a forma como são manipulados (quais os movimentos que são feitos para interagir com eles).

“Quando percecionamos o que está à nossa volta vamos colocando o que vemos dentro de um espaço mental multidimensional. É desta forma que organizamos a informação no cérebro. Isto significa que, quando reconhecemos um objeto ou o distinguimos de um outro, o que fazemos é navegar neste espaço mental multidimensional e assim distinguir as várias entradas (ou seja, objetos) neste espaço”, explica Jorge Almeida. “Esta descoberta permite prever o comportamento humano face a objetos e explicar as respostas neuronais do cérebro a esse comportamento”, afirma o também diretor do Proaction Lab e investigador do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC).

Com este estudo científico, intitulado Neural and behavioral signatures of the multidimensionality of manipulable object processing, a equipa de investigação avança com novos contributos para o conhecimento do cérebro, em particular sobre o processo de reconhecimento de objetos que, embora aparentemente simples, é extremamente complexo. “Acreditamos que é esta estratégia de organização que nos ajuda a navegar no mundo, esta multidimensionalidade na forma como identificamos objetos. Claro que esta forma de organizar informação pode ser aplicada a outros conceitos, como é o caso de rostos, animais ou até alimentos”, elucida Jorge Almeida.

O estudo foi financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (European Research Council, com a sigla em inglês ERC), no âmbito do projeto científico ContentMAP, liderado por Jorge Almeida. De recordar que o ContentMAP foi o primeiro projeto português da área da psicologia a conquistar apoio do ERC. Procura mapear a organização do conhecimento de objetos no cérebro, um passo essencial para compreender a forma como reconhecemos de forma rápida e eficaz objetos.

O artigo científico, que contou com a participação de uma equipa de investigadores da UC e das Universidades de Aberdeen e Glasgow, no Reino Unido, está disponível em www.nature.com/articles/s42003-023-05323-x.

Certificação internacional
O AMGEN Capability Center Portugal, o primeiro centro de competências da biofarmacêutica AMGEN fora dos Estados Unidos, obteve...

A certificação reconhece a cultura de alta confiança e orgulho, resultando de um diagnóstico ao ambiente organizacional realizado com base num inquérito global aos colaboradores.

Daniel Campanha, General Manager do AMGEN Capability Center Portugal, destaca: “É com muito orgulho que recebemos a certificação de Great Place To Work,uma conquista notável, alcançada apenas em dois anos desde a constituição do nosso centro de excelência em Portugal. É o reconhecimento da nossa equipa, das nossas pessoas que todos os dias nos inspiram a sermos melhores. Esta certificação reflete, igualmente, o nosso foco na criação de uma cultura centrada nas pessoas, que promove um ambiente de trabalho diverso, o respeito e a colaboração. Na AMGEN acreditamos que só assim conseguiremos cumprir a nossa missão de servir os doentes e melhorar a saúde e qualidade de vida das pessoas que sofrem de algumas das doenças mais graves.”

De acordo com o inquérito realizado pela Great Place to Work, os colaboradores  também realçaram o elevado sentimento de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, a diversidade étnico-cultural, a par do reconhecimento e celebração do trabalho realizado.

Para Ana Sofia Brazão, Human Ressources Lead do AMGEN Capability Center Portugal, “trabalhamos intensamente para assegurar aos nossos colaboradores uma melhor conciliação entre trabalho e vida pessoal, ao mesmo tempo que implementamos inúmeras iniciativas destinadas a promover o bem-estar físico e psicológico, e a inclusão, uma vez que trabalhamos num ambiente multicultural representatitivo de mais de 35 nacionalidades.”

A AMGEN abriu, em 2021, o seu primeiro centro de competências fora dos Estados Unidos – o AMGEN Capability Center Portugal. Localizado na sede da companhia em Lisboa, a mais recente unidade de negócio no País emprega atualmente mais de 300 colaboradores que trabalham em áreas especializadas, como Contracts & Pricing, Data & Analítica, Regulatory Affairs, Cybersegurança e Proteção Digital, Tecnologia & Inovação Digital, Sourcing Estratégico Global, Finanças & Planeamento, Capacitação de Negócio, entre outras, e que operam em estreita colaboração com os mercados da Europa, Médio Oriente e África, América do Sul e Canadá, assim como a nível global com os Estados Unidos e alguns países asiáticos.

A Great Place to Work® é uma consultora que trabalha há mais de 30 anos com empresas em todo o mundo para identificar, criar e sustentar culturas de alta confiança e alto desempenho, ajudando as organizações a serem reconhecidas como Great Place to Work.

 
Entrevista | Dra. Clara Gomes, especialista em Nefrologia Pediátrica do Hospital Pediátrico de Coimbra
De acordo com Clara Gomes, especialista em Nefrologia Pediátrica do Hospital Pediátrico de Coimbra,

O que é XLH e quais os sinais a que devemos estar atentos? Como é feito o seu diagnóstico?

O raquitismo hipofosfatémico ligado ao X ou XLH, é uma doença hereditária, rara, causada por alterações num gene localizado no cromossoma X, o gene PHEX. Esta alteração promove o aumento de uma hormona, o fator de crescimento dos fibroblastos 23 (FGF23) que aumenta a eliminação de fosfato e reduz a síntese da vitamina D ativa, o calcitriol a nível renal. 

A baixa do fosfato (hipofosfatémia) e a diminuição da vitamina D impedem a normal mineralização óssea e dentária. As consequências são o aparecimento de deformidades ósseas, sobretudo a nível dos membros inferiores com arqueamento das pernas e coxas, o atraso na aquisição da marcha, uma marcha alterada, bamboleante e atraso de crescimento com baixa estatura. Nas crianças outros sinais incluem bossas frontais por fusão prematura de suturas, craniossinostose e atraso na erupção dentária. A mineralização deficiente da dentina favorece abcessos dentários recorrentes e precocemente. Mais tarde podem surgir queixas de dor óssea e fraqueza muscular e problemas de audição por esclerose dos ossículos do ouvido.

As deformidades dos membros inferiores surgem quando a criança começa a andar, entre o primeiro e segundo ano de vida. Podem confundir-se com desvios fisiológicos dos membros que ocorrem nesta idade, no entanto no XLH as deformidades são progressivas. 

Quando há história familiar de XLH o rastreio da doença na criança deve ser feito logo no primeiro mês de vida. É necessário conhecer a forma de transmissão ligada ao cromossoma X: os pais transmitem sempre a doença às filhas e nunca aos filhos, as mães podem transmitir a doença aos filhos e filhas com um risco de 50% em cada gestação. Em cerca de 20% dos casos a doença ocorre por mutação de novo, não havendo história familiar.

A confirmação diagnóstica inclui uma avaliação analítica, radiológica e estudo genético. Na avaliação laboratorial a elevação da fosfatase alcalina sérica, a diminuição do fosfato sérico com cálcio normal e a eliminação urinária aumentada de fosfato, avaliada pela taxa de reabsorção do fosfato, são os achados típicos. Pode ainda dosear-se o FGF23 que está elevado ou inapropriadamente normal para os níveis da fosfatémia.

A radiologia mostra sinais de raquitismo como as deformidades ósseas dos membros inferiores, alargamento e irregularidade das extremidades dos ossos longos onde ocorre crescimento mais rápido.

O estudo genético é importante porque se identificar uma mutação no gene PHEX, diagnostica o raquitismo como sendo ligado ao X, e nesta situação, pode usar-se uma terapêutica específica.

Dada a raridade da doença e a apresentação inicial, que se pode confundir com variantes fisiológicas, é comum haver um atraso no diagnóstico. 

Quais os principais desafios desta patologia, tendo em conta a sua experiência (não só quanto ao diagnóstico, se os houver, mas como famílias encaram a doença e o tratamento, quais as principais dúvidas e angústias que lhe transmitiam)?

O primeiro desafio consiste no diagnóstico precoce o que vai permitir iniciar a terapêutica e prevenir a progressão da doença, favorecendo o crescimento, a estatura final, aquisição de massa óssea e saúde dentária. 

Quando há história familiar é muito importante valorizá-la como já referido. 

Por vezes os resultados analíticos podem ser controversos e o estudo genético constitui uma ajuda fundamental.

Sendo uma doença multissistémica, que vai durar a vida toda, é um diagnóstico pesado para a família que o encara sempre com muita apreensão.  

Quando existem familiares cuja doença já evoluiu, algumas vezes sem terem tido acesso a terapêutica como alguns avós que acompanham as crianças nas consultas, e que apresentam sequelas significativas – deformidades ósseas, dores osteoarticulares, alterações dentárias e surdez -a preocupação é acrescida. Por outro lado, o familiar doente sente ainda o peso de ter sido o responsável pela transmissão da doença.

É necessário explicar a fisiopatologia e esclarecer que tem havido progressos nos tratamentos e o cumprimento da medicação pode minorar as sequelas. 

Existem duas modalidades de tratamento: a terapêutica convencional, com várias administrações diárias de fosfato oral e de vitamina D ativa, e a terapêutica mais recente que consiste num anticorpo monoclonal dirigido ao FGF23, o burosumab administrado quinzenalmente sob a forma de injeção subcutânea. Com a terapêutica convencional, já usada há várias décadas, tenta-se repor as perdas de fosfato e os níveis de vitamina D ativa, mas não se consegue normalizar a fosfatémia e é difícil de cumprir as várias administrações diárias, sobretudo na adolescência.

O burosumab ao neutralizar o FGF23 corrige o defeito básico e consegue normalizar os níveis de fosfato e de vitamina D ativa. Os estudos ainda têm poucos anos, mas têm mostrado um efeito positivo sustentado no metabolismo do fosfato, nos sinais de raquitismo e redução das deformidades ósseas. Na nossa experiência, temos verificado recuperação de deformidades ósseas já instaladas, após alguns meses de utilização. As famílias têm aderido bem a esta terapêutica e na adolescência a compliance melhorou significativamente.

Como deve ser acompanhamento de um doente pediátrico com XLH?

Como é uma doença multissistémica a equipe deve ser multidisciplinar incluindo além de Endocrinologia ou Nefrologia Pediátrica, Ortopedia, Estomatologia, Otorrinolaringologia e Nutrição, entre outros.

O acompanhamento deve ser regular com avaliações de sinais clínicos (crescimento, deformidades, dentição), controles analíticos e radiológicos.

O tratamento convencional tem algumas complicações e para se conseguir um equilíbrio entre a otimização dos sinais da doença e minimizar esses efeitos secundários são necessários controles frequentes. Além das avaliações analíticas é necessário efetuar ecografia renal para avaliar deposição de cálcio (nefrocalcinose).

É importante aconselhar uma boa higiene oral e promover vigilância da dentição pela Estomatologia. 

Devem ser promovidos estilos de vida saudável com alimentação equilibrada e apoio da Nutrição, evitando o excesso ponderal.

As deformidades ósseas algumas vezes necessitam de correções cirúrgicas que se devem tentar diferir para o final do crescimento. Nos últimos anos a Ortopedia tem utilizado novas técnicas menos agressivas, com aplicação de placas externas sobre as zonas de crescimento do osso, que frenam temporariamente o crescimento ósseo do lado interno ou externo das extremidades distais do fémur ou proximais da tíbia (hemipifisiodese) em vez das osteotomias que usavam no passado.

Outro aspeto no seguimento é dar atenção à qualidade de vida do doente e família. Disponibilizar apoio psicológico, apoio do serviço social e informar de associações de doentes podem constituir formas de suporte muito significativas.

De que forma esta patologia pode impactar a qualidade de vida e autoestima de uma criança/jovem?

As deformidades ósseas com alterações na marcha, a repercussão no crescimento com baixa estatura, a alteração da dentição pelos abcessos recorrentes e fragilidade da dentina, a dor músculo-esquelética são fatores que interferem na autoimagem e na capacidade física. As deformidades e dor contribuem para a redução da mobilidade e aumento ponderal, muito frequente na adolescência e que agrava ainda mais as deformidades dos membros inferiores, fechando um ciclo vicioso. 

A necessidade de intervenções cirúrgicas, internamentos e mais queixas dolorosas são outros fatores que que interferem negativamente a nível da saúde mental, social e de relação destas crianças/jovens e da família.

Quando este chega a idade adulta, como deve ser feita, na sua opinião, a transição do acompanhamento – peço que explore o caso da Catarina que transitou recentemente para o acompanhamento de adultos. Teve feedback dos colegas ou da jovem, por exemplo? 

A transição para o acompanhamento de adultos no XLH, como noutras doenças crónicas, deve ter como objetivo reduzir a perda de seguimento dos doentes e melhorar a qualidade de cuidados na vida adulta e o prognóstico da doença.  É necessário preparar os pais e o jovem para que este passe progressivamente a assumir a responsabilidade dos cuidados e também estabelecer uma boa articulação entre o médico pediatra e o médico de adultos que vai receber o jovem. Idealmente deveria haver uma consulta de transição, feita em simultâneo com médico de pediatria e o de adultos onde fossem transmitidos os dados relevantes daquele doente. Quando estas consultas de transição não estão implementadas ou não são possíveis por mudança de hospital, a transição do doente deve ser o mais personalizada e completa possível. É importante transmitir as dificuldades, os exames efetuados, a compliance com o tratamento, as angústias da família. O jovem e família devem sentir segurança e confiar que o médico de adultos conhece bem a doença e que teve um conhecimento personalizado do seu caso.

Quando não é possível a consulta simultânea, o relatório escrito de alta pormenorizado deve ser complementado tanto quanto possível com informação oral, individualizada, de modo a evitar repetição de testes desnecessários e garantir a continuidade da medicação sem interrupções e ajustada à nova fase. 

O médico pediatra deve manifestar abertura para ser contactado sempre que houver qualquer dúvida por parte do doente ou do médico de adultos.

Num momento de transição que conselhos ou mensagem deixaria a outras famílias?

É uma doença para a vida, multissistémica, progressiva e que não termina com o fim do crescimento.

Na vida adulta a doença continua com osteomalacia progressiva manifesta por dor osteoarticular, entesopatias, fraturas e pseudofraturas assim como as anomalias dentárias e surdez. Manter um seguimento multidisciplinar continua a ser importante e, atualmente, tem sido muito debatida a manutenção de terapêutica na vida adulta, suportada pela evidência de bons resultados com o uso do burosumab nos doentes adultos.

Outra mensagem é relembrar o risco de transmissão da doença aos filhos e que isto implica o rastreio precoce, de modo a iniciar o mais cedo possível o tratamento.

De um modo geral, qual o prognóstico da patologia?

O XLH quando não tratado condiciona sequelas graves incluindo dores osteoarticulares, deformidades ósseas, baixa estatura e complicações dentárias com perda de dentes precocemente. 

A prevenção deste quadro de sequelas assenta em primeiro lugar no diagnóstico precoce que vai permitir o início de tratamento atempado.

A vigilância multidisciplinar e o cumprimento da terapêutica são fundamentais. 

Por último os avanços recentes na terapêutica farmacológica com a disponibilidade do burosumab, que corrige o defeito básico e tem mostrado eficácia e segurança sustentadas, mas ainda de curto prazo e provavelmente vai modificar o futuro destes doentes.

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Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Opinião
A esclerose múltipla (EM) é uma doença debilitante do sistema nervoso central, associado à inflamaçã

Neste momento não existe tratamento que possa reverter os efeitos neurológicos e melhorar a qualidade de vida destes pacientes. Num estudo recentemente publicado na reputada revista científica JAMA (The Journal of the American Medical Association), os investigadores já avaliaram a eficácia do transplante hematopoiético com células estaminais para reajustar o sistema imunitário, baseado em ensaios clínicos anteriormente feitos e que demonstraram alguma melhoria do sistema neurológico e da qualidade de vida dos pacientes. Os investigadores mostraram que o transplante hematopoiético está, pois, associado a uma melhoria no sistema neurológico e noutro tipo de indicadores pós-transplante, representando o primeiro tratamento com sucesso em doentes com esclerose múltipla.

O estudo analisou 145 pacientes sujeitos a transplante hematopoiético, com uma média de idade de 37 anos seguidos nos dois anos (média) subsequentes ao transplante.

A Escala Expandida do Estado de Incapacidade de Kurtzke (EDSS) é um método de quantificar as incapacidades ocorridas durante a evolução da esclerose múltipla ao longo do tempo e neste estudo a EDSS representou a medida principal para avaliar as melhorias nos pacientes sujeitos ao transplante.

Segundo esta escala, dos pacientes analisados, constatou-se melhorias significativas em 41 pacientes ao fim de 2 anos e em 23 pacientes ao fim de 4 anos. Foram também registados sinais encorajadores noutras métricas utilizadas neste tipo de patologia:

  • Segundo a escala de Kaplan-Meier a sobrevida livre de recidiva de 80% e sobrevida livre de progressão foi de 87%.
  • Neurologic Rating Scale (NRS), desenvolvido para a avaliação clínica de pacientes com esclerose múltipla, melhorou significativamente em 2 e 4 anos.
  • Seguindo a pontuação segundo a escala MSFC (Multiple Sclerosis Funcional Composite), que avalia a capacidade de locomoção, a função dos membros superiores e a função cognitiva, demonstrou melhorias nos pacientes em 2 e 4 anos.
  • Os índices de qualidade de vida melhoraram significativamente num período de acompanhamento médio de 2 anos.
  • Diminuição significativa no volume de lesão cerebral provocada pela esclerose múltipla no período pós transplante.
  • Melhorias significativas tanto na saúde física como mental dos pacientes observados.

Os autores deram nota que este ensaio clínico permitiu obter melhorias no score EDSS dos pacientes com esclerose múltipla quando comparando com outros ensaios clínicos realizados neste tipo de patologia. Contudo, os autores do ensaio clínico também alertaram para algumas limitações do seu estudo, nomeadamente o facto de ter sido realizado apenas num determinado instituto, haver falta de seguimento de longo prazo de uma proporção significativa de pacientes e não ter havido grupo de controlo. Para além disso, os autores referiram que as conclusões deste estudo carecem de um novo ensaio clínico randomizado de forma a tornar estas conclusões mais definitivas.

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