Açores
Uma análise de rotina ao sistema de águas do hospital da Horta, na ilha do Faial, Açores, detetou a presença de ‘legionella’ na...

Fátima Pinto disse à agência Lusa que “não se trata de um surto” de ‘legionella’, na medida em que “nenhum doente foi infetado”, adiantando terem já sido realizadas desinfeções ao sistema de água, para evitar que pacientes ou profissionais de saúde possam vir a ser infetados.

“Não é um surto de ‘legionella’. Um surto tem a ver com a infeção de vários doentes, coisa que não tivemos. É apenas e só uma contaminação das águas do hospital da Horta, no edifício velho”, esclareceu a profissional de saúde.

A ‘legionella’ é uma bactéria que, quando inalada, pode provocar infeções respiratórias graves, e até mesmo a morte, como aconteceu, em novembro de 2014, em Vila Franca de Xira, onde foram infetadas 400 pessoas, 12 das quais acabaram por morrer.

A diretora clínica em funções do hospital da Horta considerou que o caso agora detetado “não é grave” e garantiu que já foram tomadas “as medidas de precaução adequadas”, para evitar que os doentes estejam expostos à bactéria.

“Evitaram-se os banhos. Os doentes passaram a tomar banho no bloco novo e houve uma preocupação no sentido de evitar que os doentes estejam expostos a vapores ou a nebulizações que possam ter água das torneiras”, declarou Fátima Pinto.

O conselho de administração do hospital da Horta tem estado em contacto com a Direção-Geral da Saúde e divulgou, entretanto, um comunicado interno a alertar para os procedimentos a adotar nestes casos.

Para hoje está prevista a chegada à ilha de uma equipa de técnicos para proceder à recolha de amostras na canalização do hospital para posterior análise em laboratório.

Só dentro de 12 dias, quando os resultados forem conhecidos, é que a administração da unidade de saúde saberá se o problema está ou não ultrapassado.

DGS autoriza sob condições
A dádiva de sangue por parte de homossexuais e bissexuais vai passar a ser permitida, embora condicionada a um período de...

Estas novas regras vêm pôr fim à proibição total de homens que têm sexo com homens (HSH) - homossexuais e bissexuais - poderem dar sangue, passando aquilo que é hoje considerado como “critério de suspensão definitiva” para “critério de suspensão temporária”.

Na prática, os HSH passam a poder ser dadores de sangue, estando sujeitos à aplicação de um período de suspensão temporária de 12 meses após o último contacto sexual, com avaliação analítica posterior.

O mesmo período de suspensão (um ano) é aplicado a todos os dadores que tenham tido relações sexuais com trabalhadores do sexo e utilizadores de droga.

Estes grupos são descritos como “subpopulações com risco infeccioso acrescido para agentes transmissíveis pelo sangue”, precisamente por serem considerados “subpopulações com elevada prevalência de infeção”.

A norma, publicada na página da DGS, vem também estabelecer um período de suspensão de 12 meses após o último contacto sexual para pessoas que tenham tido parceiros portadores de infeção por VIH, hepatite B e hepatite C.

Na mesma situação estão todos aqueles que tenham tido contacto sexual (em Portugal ou no estrangeiro) com pessoas originárias de países com epidemia generalizada de infeção por VIH, de que são exemplo vários países africanos, entre os quais os lusófonos Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.

Já os homens e mulheres que tenham um novo parceiro sexual têm que esperar seis meses para serem avaliados quanto à possibilidade de darem sangue.

Mantêm-se “suspensos definitivamente”, ou seja, proibidos de dar sangue, todos os trabalhadores do sexo e utilizadores de drogas, por estarem “expostos a um elevado risco infeccioso”.

O documento sustenta que sendo os períodos de suspensão determinados pelo risco de transmissão associado aos comportamentos e havendo “poucos dados disponíveis sobre o risco infeccioso nos indivíduos que descontinuam” aqueles comportamentos, “a eliminação da suspensão não é suportada pela evidência científica e poderia introduzir um risco inaceitável”.

A NOC sobre “Comportamentos de Risco com Impacte na Segurança do Sangue e na Gestão de Dadores: Critérios de Inclusão e Exclusão de Dadores por Comportamento Sexual” foi emitida pela DGS sob proposta conjunta do Departamento da Qualidade na Saúde, do Programa Nacional para a Infeção VIH/SIDA, do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) e da Ordem dos Médicos.

O fim da proibição da dádiva de sangue por homossexuais e bissexuais já havia sido recomendada por um grupo de trabalho do IPST e aceite pelo Ministério da Saúde, em agosto de 2015.

Na altura, as recomendações apontavam para a possibilidade de os HSH poderem dar sangue ficando sujeitos à aplicação de um período de suspensão temporária que poderia ser de seis ou 12 meses.

O documento considerava que deveria “ser garantida a não discriminação dos dadores”, assumindo também como prioritário a garantia da segurança da transfusão.

Idade é o principal fator de risco
Cinquenta a setenta por cento dos portugueses com demência sofrem de Alzheimer, disse à agência Lusa a responsável pela...

"O número de portugueses [cerca de 160 mil] com demência é uma estimativa adaptada às características da nossa população, com base em estudos efetuados para os países da Europa do sul", precisou a médica Isabel Santana.

A neurologista coordena a exposição científica sobre aquela patologia que é inaugurada na quarta-feira em Coimbra, no Museu Machado de Castro, intitulada "Desenhar o tempo", que se insere nas comemorações do Dia Mundial da Doença de Alzheimer.

A mostra, que vai estar patente até 31 de outubro, retrata a forma como "se desenha o tempo na demência" e pretende, segundo Isabel Santana, "apenas sensibilizar as pessoas para a doença e nada mais".

Trata-se de uma experiência cognitiva e gráfica que permite compreender o funcionamento do cérebro humano e conhecer as suas fragilidades, de forma a sensibilizar para a importância do diagnóstico precoce da demência e da doença de Alzheimer.

"Esta exposição é dedicada ao Teste do Desenho do Relógio (TDR), um dos testes cognitivos mais populares tanto na deteção como no acompanhamento da evolução de doentes de Alzheimer", explica a neurologista do CHUC.

Os avanços alcançados no diagnóstico cada vez mais precoce têm sido acompanhados pela inovação em fármacos com potencial de prevenção, que podem retardar o aparecimento de sintomas e a progressão da doença.

A exposição "Desenhar o tempo" é promovida pelo Museu Machado de Castro em colaboração com a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer.

Em comunicado, os organizadores explicam que a "representação do tempo através de um relógio envolve a ativação de várias regiões cerebrais e a colaboração de múltiplas funções cognitivas (visuais, abstração, conhecimento dos números, capacidades de organização e de execução...), que se vão perdendo progressivamente nas demências".

O teste do desenho do relógio é um instrumento neuropsicológico breve e ecológico que reflete a evolução da doença, mas que também tem sensibilidade para revelar os benefícios e reconquistas das novas estratégias de intervenção.

"A utilização desta prova na prática clínica implicou a realização de estudos na comunidade que permitiram definir objetivamente os padrões de normalidade de acordo com a idade e a escolaridade e caracterizar os erros mais frequentes nas diversas formas de demência", lê-se no documento.

Os promotores da exposição consideram que o envelhecimento ativo, baseado em programas que associam atividade física e estimulação cognitiva, é uma estratégia preventiva "com eficácia comprovada, que deve ser implementada na comunidade".

Segundo a neurologista Isabel Santana, a idade é o principal fator de risco da doença de Alzheimer, cuja prevalência em Portugal é semelhante à dos restantes países europeus.

Dados DGS
Metade das causas de doença e de morte em Portugal têm relação direta com a alimentação, segundo a Direção-geral da Saúde, que...

Na conferência sobre o Plano Nacional da Saúde que hoje decorreu em Loures, o diretor-geral da Saúde avisou que quase metade dos portugueses adultos tem hipertensão, sendo o consumo de sal uma das principais causas para aquela doença crónica.

“Pelo menos metade das causas de doença e de morte têm relação direta com a alimentação, sobretudo com o excesso de sal, mas também o excesso de calorias, as gorduras de fabrico industrial e o açúcar”, afirmou Francisco George em declarações aos jornalistas.

Um dos objetivos centrais do atual Plano Nacional de Saúde é diminuição da mortalidade precoce (antes dos 70).

Portugal quer ainda aumentar em 30% a esperança de vida saudável aos 65 anos em 2020, assumindo como fundamental ter programas que intervenham no grupo etário dos 50 a 60 anos.

Traçada como uma das metas do atual Plano Nacional de Saúde, o aumento da esperança de vida saudável aos 65 anos passaria nos homens a ser de 12,9 anos e de 11,7 anos nas mulheres.

Atualmente, embora as mulheres tenham maior esperança média de vida, registam valores inferiores no que respeita à esperança de vida saudável. Ou seja, vivem mais que os homens, mas com menos qualidade a partir da terceira idade.

O aumento da esperança média de vida saudável e a diminuição da mortalidade precoce (antes dos 70) são duas das quatro grandes metades definidas no Plano, que contempla ainda objetivos mais dirigidos às gerações mais jovens.

Um deles é a redução da prevalência do consumo de tabaco na população com mais de 15 anos e a eliminação ao fumo ambiental, enquanto o outro é o controlo da obesidade na população infantil para que não aumente em relação aos valores atuais.

Segundo a Direção-geral da Saúde (DGS), as melhorias de vários indicadores de saúde, que se registaram até 2008, desaceleraram a partir dessa data e até 2012, coincidindo com o período de crise, o que pode dificultar algumas metas previstas no Plano Nacional de Saúde.

O coordenador do Plano, Rui Portugal, explicou aos jornalistas que, no período de crise e de assistência financeira, os indicadores foram evoluindo, mas o ritmo de melhoria foi menor do que nos anos anteriores.

Direção-Geral de Saúde alerta
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu oficialmente a eliminação do sarampo e da rubéola em Portugal, mas o diretor...

“A OMS certificou a eliminação do sarampo e da rubéola em Portugal. São grandes vitórias, grandes conquistas, feitos muito importantes, resultado do Programa de Vacinação, que conseguiu acabar com este risco”, afirmou hoje Francisco George aos jornalistas, lembrando que o sarampo é uma doença especialmente grave em crianças.

O diretor-geral da Saúde admite que a vacinação pode ser o “maior inimigo” da própria vacinação. Não "se vendo a doença", que foi eliminada pelas vacinas, corre-se o risco de não continuar a imunizar as crianças.

“As mães não sabem hoje em dia o que é o sarampo. Ele não existe, não circula. É fundamental continuar a vacinar, garantir a imunização de grupo”.

Em declarações aos jornalistas à margem de uma cerimónia em Loures, Francisco George salientou a importância de assegurar que há uma barreira de proteção se um caso de sarampo vier eventualmente a ser importado (através de viajantes, de migrantes ou turistas).

“É preciso continuar a vacinar contra o sarampo e a rubéola apesar de não termos em Portugal a circulação dos vírus”, insistiu.

Pesquisa
Investigadores britânicos acreditam ter encontrado a solução para esta ‘epidemia’ mundial. A conclusão foi finalmente publicada...

A obesidade é um das doenças do estilo de vida que mais coloca a saúde em risco. Diabetes tipo 2, problemas nas articulações e nos ossos, sedentarismo, depressão e cancro são algumas das consequências mais diretas daquela que é uma das ‘epidemias’ mais penosas da atualidade.

Embora a ciência faça os possíveis e impossíveis para travar o crescimento do número de casos de pessoas obesas, a solução parece ser mais complexa do que o pensado. Mas não é por isso que deixa de ser possível.

Como já lhe contámos, uma equipa de investigadores do Imperial College London começou a desconfiar que travar a obesidade não depende, apenas, das bandas gástricas nem tão pouco das cirurgias de remoção de gordura. O final do excesso de peso pode estar numa simples injeção hormonal que atue não só na pessoa em si como também nas bactérias que se encontram no seu intestino.

Segundo os investigadores, que viram finalmente o seu estudo publicado há dias na Nature, é possível travar a obesidade em menos dez anos e, para tal, basta usar uma injeção para afetar as hormonas relacionadas com o apetite, uma vez que é a solução mais eficaz para aumentar os níveis de saciedade e a consciência mental disso (seja da pessoa ou das bactérias que habitam no seu intestino).

As conclusões exatas fora agora conseguidas e divulgadas  e provam que a injeção com as hormonas intestinais OXM, PYY e GLP1 é capaz de reduzir a ingestão de comida em 30% pelo simples facto de deixar a pessoa sem apetite.

“Vários componentes e metabolitos bacterianos foram mostrados para estimular as vias de saciedade intestinal; ao mesmo tempo, a sua produção depende de ciclos de crescimento bacteriano. Esta modulação ligada ao crescimento bacteriano de curto prazo da saciedade intestinal pode ser acoplado com a regulação a longo prazo do apetite, controlado pelo circuito de neuropeptidérgicas no hipotálamo. De facto, vários produtos bacterianos são detetados na circulação sistémica, a qual pode atuar diretamente sobre os neurónios do hipotálamo”, lê-se na revista Nature, que salienta que esta revisão “analisa os dados relevantes para o possível envolvimento das bactérias do intestino na regulação do apetite e propõe um modelo homeostático integrador de controlo do apetite, que inclui as necessidades energéticas de ambos, a da pessoa e das suas bactérias intestinais”.

Novo estudo
O vírus do Zika pode provocar lesões neurológicas em bebés mesmo quando a infeção ocorre dias antes do nascimento e não apenas...

Publicado na revista Clinical Infectious Diseases e hoje citado pela agência de notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), no estudo apresentam-se novos dados sobre os efeitos do vírus do Zika no feto.

“Predominava, até então, o paradigma de que a infeção seria preocupante somente se ocorresse no primeiro trimestre da gestação. No entanto, observamos danos cerebrais em quatro crianças cujas mães foram infetadas faltando entre duas e uma semana para o parto”, afirmou Maurício Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) e integrante da Rede de Pesquisa sobre Zika Vírus em São Paulo (Rede Zika).

Os cientistas têm acompanhado um grupo de 55 mulheres com diagnóstico confirmado de Zika durante a gestação, no Hospital de Base de São José do Rio Preto, interior de São Paulo.

À medida que os bebés vão nascendo, também são submetidos a exames detalhados.

Em quatro das crianças expostas ao vírus no último trimestre de gravidez, exames imagiológicos revelaram a presença de lesões no sistema nervoso central características de infeções congénitas.

Além disso, no momento do nascimento, foi possível detetar o Zika ainda ativo na urina e no sangue dos bebés, o que confirma a transmissão vertical (da mãe para o feto) do vírus.

Dois desses casos são relatados no artigo.

“Esses bebés nasceram com peso e altura normal, não tinham microcefalia ou qualquer outro sintoma da doença. As lesões teriam passado despercebidas pelos profissionais de saúde se as mães não fizessem parte de um grupo de estudo”, comentou Nogueira, citado pela agência FAPESP.

Segundo o investigador, o tipo de lesão observada não está associado a manifestações graves em outras situações previamente estudadas, mas as implicações no desenvolvimento neuro cognitivo das crianças infetadas pelo Zika ainda são desconhecidas.

“Agora, pretendemos acompanhar o desenvolvimento dos bebés durante alguns anos e observar se haverá algum prejuízo. Essa descoberta revela mais um espectro da doença e torna-a ainda mais complexa. Não existem apenas os casos dramáticos de microcefalia, mas também outras manifestações menos graves, que precisam ainda ser melhor compreendidas”, disse Nogueira.

O Brasil é o país mais afetado pela atual epidemia de zika, vírus que está associado a complicações neurológicas, sobretudo anomalias no desenvolvimento cerebral (microcefalia) em fetos de mães infetadas.

Segundo o último relatório da Organização Mundial de Saúde sobre o vírus, datado de quinta-feira passada, o Brasil já registou um total de 1888 casos de microcefalia ou malformações do sistema nervoso central potencialmente associadas à infeção pelo Zika.

A epidemia foi declarada em 2015 e desde então 55 países registaram casos da doença, a maioria importados, e 20 países já registaram microcefalia ou outras malformações do sistema nervoso central potencialmente associadas ao Zika.

Concurso Europeu
Projeto de alunos da Azambuja interessou à Cruz Vermelha. Outra equipa nacional estuda efeitos do omeprazol na memória.

Três estudantes portugueses estão perto de revolucionar o combate a doenças provocadas pela falta de cálcio, como o raquitismo, aproveitando um dos resíduos mais comuns em casa: a casca de ovo. Desta querem criar uma pastilha que pode ser dissolvida na comida sem alterar o seu sabor, adicionando-lhe um alto valor nutricional. A Cruz Vermelha Portuguesa já se mostrou interessada neste suplemento alimentar desenvolvido pelos estudantes da Escola Secundária da Azambuja, Henrique Gonçalves, Margarida Sousa e Nelya Kril. Trio que hoje saberá em Bruxelas se esta ideia é uma das premiadas no European Union Contest for Young Scientists (EUCYS).

Uma tese de mestrado do Instituto Universitário de Lisboa que apontava a falta de cálcio como a terceira causa de morte em Moçambique levou os três alunos, apresentados como jovens cientistas, a desenvolverem um suplemento alimentar para combater, por exemplo, o raquitismo e a osteoporose. Este trabalho, na área da Química, acabou por ser um dos dois projetos nacionais que se destacaram na 10.ª Mostra Nacional de Ciência, promovida pela Fundação da Juventude, conquistando o passaporte para concorrer ao EUCYS.

O outro projeto que hoje saberá se foi distinguido juntou Carlota Andrade, 17 anos, e Vasco Pereira, 18, alunos da Escola Secundária Júlio Dinis, em Ovar, garantindo os jovens que realizaram o primeiro estudo, recorrendo a moscas, sobre os efeitos do omeprazol em organismos invertebrados.

Neste concurso o primeiro lugar rende 7500 euros, o segundo 5000 e o terceiro 3500, havendo prémios para três categorias. Nesta segunda-feira serão revelados os vencedores da iniciativa da Comissão Europeia que reúne cerca de 150 jovens cientistas de 38 países com projetos das mais variadas áreas da ciência.

A importância do ovo

O trio português que vai apresentar o projeto de produzir pastilhas ricas em cálcio tem 18 anos e o acesso à universidade confirmado para este ano letivo.

"Temos a prova de que os ovos têm um valor incontestável em países onde a malnutrição tem um impacto massivo", explicou ao DN Nelya Kril, acrescentando que as experiências realizadas na secundária da Azambuja desde o início do último ano letivo, apoiados pela professora de Química, Margarida Duarte, foram deixando claro que há "muitas vantagens" no consumo de ovos biológicos, a partir de galinhas criadas ao ar livre, comparativamente com os ovos de aviário. "As cascas destes ovos têm maior quantidade de cálcio biodisponível e podem ser transformadas num bem precioso", sublinhou a jovem cientista, acrescentando que é possível calcular a quantidade de cálcio que cada corpo pode absorver, em função da idade, e suprir as necessidades das pessoas através das cascas de ovos.

"A Cruz Vermelha deu-nos uma apreciação positiva e reforçou que esta medida pode ser aplicada em países com malnutrição, como Moçambique. Quer dizer que podemos ajudar", congratula-se a porta-voz da equipa, revelando que também o Hospital da Luz está a tentar perceber se a pastilha poderá traduzir-se numa alternativa aos fármacos convencionais.

E quanto às expectativas para o concurso? "Aqui [em Bruxelas] há projetos muito bons e de muitas áreas", reconhece Nelya Kril, adiantando que independentemente do resultado os três jovens gostavam de poder continuar a desenvolver investigação e projetos em conjunto. Apesar de irem para cursos e universidades diferentes: Henrique aposta em Gestão, Margarida em Engenharia de Materiais e Nely em Engenharia Civil.

O omeprazol e a falta de memória

O segundo projeto de portugueses que foi apresentado em Bruxelas juntou três alunos da Escola Secundária Júlio Dinis (Ovar), garantindo os jovens que realizaram o primeiro estudo sobre os efeitos do omeprazol em organismos invertebrados, recorrendo a moscas. Uma investigação em Biologia que apurou diferenças significativas na reprodução dos géneros e na memória, o que já atraiu dois centros de investigação do Porto.

"Uma boa classificação em Bruxelas [hoje] seria muito importante para o currículo, mas o facto de estarmos aqui a discutir estes temas com professores, quase de igual para igual, já é bom para nós", assegura Carlota que acaba de entrar na Universidade de Aveiro, tal como Vasco. Ela em Ciências do Mar e ele em Engenharia Física.

O omeprazol pertence a um grupo de medicamentos chamados inibidores da bomba de protões, tendo sido publicados estudos que atribuem à ingestão prolongada deste fármaco uma carência da vitamina B12 necessária para o desenvolvimento e a manutenção das funções do sistema nervoso.

Carlota explicou ao DN que uma mosca fêmea contaminada com omeprazol que acasale com um macho sem efeito do medicamento vai reproduzir muito menos ovos, mas se for o macho o afetado não terá impacto nesse número.

A investigação, que obteve resultados em um mês, por se tratar de uma espécie com um tempo curto de vida - em humanos poderia demorar 20 a 40 anos para se chegar a alguma conclusão -, sujeitou ainda as moscas a testes de memória, com diferentes gamas de concentração de omeprazol na forma pura e na forma comercial (Omeprazol Omezolan) durante 24 horas antes do início de cada teste. Os resultados obtidos demonstram possíveis efeitos de letargia ou confusão induzidos pelo consumo deste fármaco.

OMS revela
Além das duas doenças contagiosas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) certificou ainda a eliminação de outras cinco doenças:...

O sarampo e a rubéola estão erradicados em Portugal, avançou o Diário de Notícias no domingo (19/09), que escreve que a notificação da Organização Mundial de Saúde (OMS), a dar conta do facto, chegou esta semana.

Ouvido pela TSF, o diretor-geral de Saúde, Francisco George, diz que este é um prémio que distingue o Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas recorda que a vacinação tem de continuar enquanto o vírus circular a nível mundial.

O diploma da Organização Mundial da Saúde (OMS), que oficializa a eliminação, foi entregue na Direção-Geral da Saúde, sendo cinco os certificados que o principal organismo da saúde mundial já deu ao país.

Portugal, onde os casos recentes dos últimos anos foram consequência de infeções de outros países, tem sete doenças eliminadas, colocando-o na lista dos melhores a nível mundial.

"Este é o resultado de um grande trabalho conduzido ao longo dos anos. É um prémio que distingue o Serviço Nacional de Saúde. As mães que agora não lidam com o sarampo devem saber que é uma doença muito grave, com febre muito alta e que era adquirida por todas as crianças. Podia provocar a morte ou estar na origem de pneumonias provocadas pelo próprio vírus. A eliminação do sarampo tem reflexo imediato nas doenças e mortalidade infantil. No caso da rubéola, provocava mal formações nos fetos e por isso os efeitos fizeram-se sentir aí", salientou o diretor-geral da Saúde, Francisco George, ao Diário de Notícias.

O termo erradicação usa-se quando as doenças deixam de circular a nível mundial, mas que "como os vírus não se encontram em Portugal pode dizer-se que houve erradicação" no nosso país.

29 de Setembro – Dia Mundial da Retina
No dia 29 de Setembro assinala-se o Dia Mundial da Retina e a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) alerta a população...

Das doenças da retina com maior impacto na acuidade visual salientamos a degenerescência macular relacionada com a idade (DMI) e a retinopatia diabética.

A Dra. Rita Flores, oftalmologista e secretária geral da SPO, refere que “a degenerescência macular relacionada com a idade resulta numa afeção degenerativa da mácula, área da retina responsável pela visão central (visão de leitura, reconhecimento de faces, pequenos objetos, etc). Não tratada, a degenerescência macular resulta numa perda progressiva de visão central, sendo que, de uma forma geral, é poupada a visão ambulatória. Os sintomas iniciais desta doença são a deformação da imagem (metamorfopsia) e a dificuldade na leitura”.

Sendo a causa mais frequente de baixa de visão em doentes acima dos 50 anos nos países desenvolvidos, a DMI é uma doença silenciosa e muitas vezes, só é percetível pelo doente, depois de envolver o outro olho.

Já a retinopatia diabética é uma outra entidade muito importante no contexto das doenças da retina, sendo a causa mais frequente de cegueira de origem vascular e surge nos doentes diabéticos secundários à lesão dos pequenos vasos da retina.

Procriação Medicamente Assistida
Quase 21 mil embriões estavam, no final do ano passado, criopreservados como resultado dos tratamentos contra a infertilidade...

Segundo o registo dos embriões criopreservados do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA), a que a agência Lusa teve acesso, encontravam-se criopreservados 20.875 embriões.

O maior número (9.392) são embriões que resultaram de ciclos com recurso a Microinjeção Intracitoplasmática (ICSI) intraconjugais, seguindo-se os provenientes de ciclos de Fertilização In Vitro (FIV) intraconjugais (6.844).

Os embriões criopreservados no âmbito de ciclos de ICSI com ovócitos de dadora atingiram os 2.955, seguindo-se os resultantes de ciclos de FIV com ovócitos de dadora (980).

No âmbito de ciclos de FIV com espermatozoides de dador foram criopreservados 488 embriões e 216 provenientes de ciclos de ICSI com espermatozoides de dador.

Em 2015, foram doados a outros casais 44 embriões e 331 foram descongelados e eliminados.

Tal como nos anos anteriores, nenhum embrião foi doado para fins de investigação.

De acordo com a lei em vigor, os embriões que não tiverem sido transferidos devem ser criopreservados, comprometendo-se os beneficiários a utilizá-los em novo processo de transferência embrionária no prazo máximo de três anos.

Em 2013, último ano com os dados disponíveis, houve um total de 2.091 crianças nascidas em resultado de todas as técnicas de procriação medicamente assistida.

Estado da Saúde
As melhorias de vários indicadores de saúde, que se registaram até 2008, desaceleraram a partir dessa data e até 2012,...

De acordo com o coordenador do Plano Nacional de Saúde, Rui Portugal, a partir de 2008, estas melhorias aconteceram a um ritmo muito mais lento, esperando-se agora a sua recuperação.

A propósito da Conferência Plano Nacional de Saúde – Desafios presentes, que decorre hoje em Lisboa, Rui Portugal deu o exemplo da qualidade de vida em pessoas com mais de 65 anos.

O objetivo é aumentar em 30 por cento a esperança de vida saudável e com qualidade aos 65 anos, bem como reduzir as diferenças entre géneros, uma vez que as mulheres têm uma pior qualidade de vida nesta idade.

“A partir de 2008 houve um desaceleramento da melhoria deste indicador”, adiantou, o que foi “coincidente com a crise”.

Relativamente a outra meta prevista no Plano Nacional de Saúde, de reduzir a mortalidade abaixo dos 70 anos a 20 por cento do total da mortalidade, registam-se “melhorias”, embora ainda seja necessário “algum esforço para evitar esta mortalidade”.

O objetivo passa por intervenções ao nível do comportamento (alimentação, tabaco, sal) e na melhoria do acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).

João Portugal disse esperar que a melhoria dos indicadores de saúde retome o seu ritmo de crescimento anterior à crise e foca o investimento em fatores que possam melhorar a vida das pessoas: “A responsabilidade de cada um pela sua saúde”.

Fertilidade e doença oncológica
O aumento de casos de cancro em idade reprodutiva têm vindo a pôr a risco a função reprodutiva de mu

Apesar do crescente número de novos casos de cancro registado todos os anos, nas últimas décadas tem-se assistido ao aumento das taxas de sobrevivência dos doentes oncológicos.

O diagnóstico precoce e as novas técnicas de tratamento têm contribuido, e muito, para o aumento da esperança média de vida destes doentes, assegurando ainda a promoção da qualidade de vida após a doença.

Neste contexto, e uma vez que se tem assistido ainda ao aumento de casos de cancro em idades mais jovens, a doença pode constituir uma ameaça quanto ao futuro reprodutivo dos doentes.

Embora a doença possa não afetar diretamente a função reprodutiva, excepto em casos muito particulares, alguns tratamentos oncológicos acabam por ter efeitos negativos sobre esta função.

“Os tratamentos quimioterápicos e, menos frequentemente, os radioterápicos ou cirúrgicos podem agredir as gónadas (ovários e testículos) e comprometer a produção dos gâmetas (ovócitos e espermatozóides). Em situações específicas, como os tumores testiculares ou os linfomas, a própria doença base pode comprometer a função gonodal”, começa por explicar Sérgio Soares, diretor da Clínica IVI Lisboa.

Por outro lado, tal como indica ainda o especialista, em algumas ocasiões, como é o caso do cancro de mama, os doentes “têm também, antes dos tratamentos, a reserva ovárica já mais baixa que o habitual para a idade”.

Deste modo, o principal recurso para a preservação do potencial reprodutivo é a criopreservação (‘congelação’) de ovócitos e do material seminal antes do início do tratamento oncológico.

De acordo com o diretor do IVI Lisboa, “é fundamental que as pessoas envolvidas na condução do problema oncológico, desde o seu primeiro momento, tenham a consciência da importância do tema da preservação do potencial reprodutivo e, nos casos indicados, façam a referenciação precoce do doente a um centro de procriação medicamente assistida”.

Não interferindo com o tratamento da doença oncológica, as técnicas de preservação de fertilidade devem ser iniciadas tão cedo quanto possível, sem nunca ser necessário adiar os tratamentos de combate à doença. “No caso masculino o procedimento é uma simples recolha seminal. No caso feminino, os protocolos da estimulação ovárica são específicos para pacientes oncológicos, e os níveis hormonais no final da estimulação são equivalentes àqueles que uma mulher em no seu ciclo natural”, justifica o especialista.

Quanto ao momento ideal para engravidar, Sérgio Soares revela que este deve ser “definido caso a caso e deve ser ponderado com o colega da oncologia que faz o seguimento do doente”.

A criopreservação de esperma

“A criopreservação de esperma consiste no armazenamento de uma amostra seminal a temperaturas de 196 graus negativos”, podendo ser mantida congelada por tempo indeterminado.

De acordo com Susana Alves, diretora do Laboratório de Andrologia do IVI Lisboa, “as recolhas de sémen são feitas através de masturbação e recomenda-se que sejam feitas pelo menos duas recolhas, uma vez que, durante o procedimento de criopreservação das amostras, existe uma queda na mobilidade dos espermatozóides que se mantém estável durante todo o tempo de armazenamento”.

É recomendado ainda um período de abstinência sexual e de ejaculação de dois a cinco dias, antes do procedimento.

Para segurança dos pacientes são solicitados alguns exames sorológicos, nomeadamente para despiste de doenças como o HIV, Hepatite ou Sífilis.

Antes de criopreservado, o produto seminal é alvo de uma avaliação. “Após cada recolha, o sémen será avaliado antes de congelação para verificar volume, pH, concentração de espermatozóides, mobilidade e morfologia espermática”, explica Susana Alves acrescentando que, depois do processo de congelação “uma pequena parte será descongelada para verificar a sobrevivência dos espermatozóides”.

Estima-se que cerca de 50 por cento do material seminal sobrevive ao procedimento e a sua capacidade de fertilização não sofre qualquer alteração.

A criopreservação de ovócitos

De acordo com Sofia Nunes, diretora do Laboratório de Fecundação in vitro do IVI Lisboa, “a congelação de óvulos consiste em preservar óvulos em nitrogénio líquido a 196 graus, usando uma técnica de esfriamento, podendo ficar armazenado por muitos anos”.

Para se proceder à recolha de ovócitos é necessária a estimulação ovárica “com recurso a injeções hormonais” para estimular a ovulação. “Este procedimento tem a duração de cerca de duas semanas. No caso das pacientes oncológicas os protocolos de estimulação são específicos”, explica a especialista acrescentando, no entanto, que “os níveis hormonais no final da estimulação são equivalentes àqueles que uma mulher tem no seu ciclo menstrual natural”.

“Quando os folículos atingem a quantidade e o tamanho adequados programa-se a punção folicular”, que consiste, tal como explica Sofia Nunes, “na aspiração dos folículos através da punção transvaginal guiada por ecografia, ligada a um sistema de aspiração com pressão controlada”.

Sendo realizado sob efeito de  anestesia, este procedimento tem a duração de 15 minutos.

Após a recolha segue-se a congelação propriamente dita, sendo a vitrificação a “técnica mais adequada  e com maior índice de sucesso”.

Calcula-se que a taxa de sobrevivência dos ovócitos ultrapasse os 80 por cento.

No caso de doentes hormono dependentes não existem dados que demonstrem que a estimulação ovárica traga qualquer prejuízo para a sua saúde. “Os estudos corroboram a ausência de impacto negativo dos tratamentos de preservação do potencial reprodutivo nos resultados dos tratamentos oncológicos que foram realizados exatamente nesse universo de doentes”, afirma a especialista. 

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Morte Assistida
A eutanásia foi praticada pela primeira a um menor na Bélgica no âmbito da lei adotada no país em 2014, noticiou este fim de...

A Bélgica é o único país no mundo que autoriza, sem limite de idade, menores "com capacidade de discernimento" e que sofram de uma doença incurável a optar por abreviar o sofrimento na sequência de uma modificação da lei sobre a eutanásia adotada em fevereiro de 2014.

O presidente da comissão federal de controlo e de avaliação da eutanásia, Wim Distelmans, confirmou este caso do menor ao Het Nieuwsblad, sublinhando que este continuava a ser um caso excecional e que a eutanásia estava reservada aos casos desesperados.

"Felizmente há muito poucas crianças a considerar a possibilidade da eutanásia, mas isso não significa que lhes devamos recusar o direito a uma morte digna", declarou Wim Distelmans ao jornal.

Deste caso, a idade do menor não foi especificada e só foi dito que a pessoa sofria de uma doença em fase terminal.

A lei belga - que não impõe limite de idade, contrariamente à Holanda, que fixou a idade limite de 12 anos para que uma pessoa possa pedir para lhe ser praticada a eutanásia - indica que o menor deve estar "numa situação médica desesperada, resultando em morte em breve", estar confrontada com um "sofrimento físico constante e insuportável que não pode ser atenuado e que resulta de uma doença acidental ou patológica grave e incurável".

A criança ou adolescente tem de assumir a iniciativa do pedido, estudado por uma equipa médica e psiquiátrica ou psicológica independente. Os pais também devem dar o seu consentimento.

A votação da lei em 2014 causou uma viva controvérsia na Bélgica, país de tradição católica, mas a lei passou apesar da oposição de alguns pediatras e da hierarquia da Igreja católica.

Na época, o autor da lei, o senador socialista Philippe Mahoux, explicou que também era preciso responder ao desejo de pediatras e enfermeiros que se confrontam com o "sofrimento insuportável" das crianças, ao qual só podiam dar resposta ilegalmente.

 

 

Prémios Grünenthal
Um grupo de investigadores portugueses foi distinguido com dois prémios no valor de 15 mil euros, atribuídos pela Fundação...

“A injeção intra-articular de colagenase no joelho de ratos como modelo alternativo para o estudo da nocicepção associada à osteoartrose” venceu o Prémio de Investigação Básica, avaliado em 7.500 euros.

Este trabalho é da autoria de Sara Adães, Marcelo Mendonça, Lígia Almeida, José M. Castro-Lopes, Joana Ferreira-Gomes, Fani L. Neto, do Departamento de Biologia Experimental, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, e do grupo de Morfofisiologia do Sistema Somato-sensitivo (Grupo de Dor), do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S).

Sara Adães, investigadora principal do estudo vencedor, explicou que “os modelos animais usados na investigação da dor associada à osteoartrose centravam-se predominantemente no desenvolvimento de alterações que desencadeiam a dor, falhando na capacidade de reproduzir os mecanismos patogénicos e as características estruturais da doença”.

“Nós quisemos avaliar se o modelo da injeção de colagenase, até então utilizado apenas para o estudo das características estruturais da doença, reproduziria também as características da dor associada à osteoartrose. De seguida, utilizámos o mesmo modelo para estudar mecanismos patológicos subjacentes ao desenvolvimento da dor”.

Os investigadores verificaram que “o modelo animal apresenta um perfil de desenvolvimento de dor semelhante ao observado na osteoartrose humana, pelo que poderá reproduzir mais eficazmente as características da doença e, consequentemente, permitir uma melhor translação dos resultados experimentais para a prática clínica”.

“Observámos ainda que, numa primeira fase de desenvolvimento da doença, a dor associada à osteoartrose tem características predominantemente inflamatórias. No entanto, numa fase mais avançada, a progressão das alterações estruturais articulares cria condições que favorecem a lesão dos neurónios sensitivos que inervam essas articulações e o desenvolvimento de alterações com características neuropáticas, isto é, derivadas da disfunção do tecido nervoso”, adiantou.

Também com o valor de 7.500 euros, o Prémio de Investigação Clínica foi atribuído a uma equipa da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, composta pelos investigadores Nélia Gouveia, Ana Rodrigues, Sofia Ramiro, Mónica Eusébio, Pedro Machado, Helena Canhão e Jaime da Cunha Branco pelo trabalho “O encargo da lombalgia crónica na população adulta portuguesa: resultados de um estudo de base populacional (EpiReumaPt)”.

“Até à data, a prevalência e o encargo social da lombalgia crónica eram desconhecidos e o nosso Grupo de Investigação decidiu explorar esta questão tendo em conta os seguintes tópicos: prevalência, «peso» social da lombalgia crónica e análise do encargo adicional dos sintomas psicológicos (ansiedade e depressão) em indivíduos com esta patologia”, disse Nélia Gouveia, investigadora principal do estudo premiado.

A investigação apurou que “a lombalgia crónica é um problema de saúde muito comum em Portugal, afetando 10,4 por cento da população adulta (o que corresponde a mais de um milhão de Portugueses)”.

“Verificámos ainda que a lombalgia crónica contribui para uma grande incapacidade por parte dos doentes e pior qualidade de vida, com efeitos consideráveis no desempenho laboral e bem-estar dos indivíduos, estando ainda associada a um grande consumo de recursos de saúde”, acrescentou.

O júri do Prémio Grünenthal Dor foi constituído por sete elementos: um representante da Fundação Grünenthal e seis personalidades médicas da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor, Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Sociedade Portuguesa de Anestesiologia, Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação e da Sociedade Portuguesa de Reumatologia.

Os prémios serão entregues no dia 23 de setembro, às 17h, na Fundação Calouste Gulbenkian, numa cerimónia que vai ser precedida de um colóquio dedicado ao tema “Cognição e Dor”.

Parlamento
A Assembleia da República aprovou hoje, por unanimidade, dois projetos de resolução apresentados pelo Bloco de Esquerda e PCP...

O diploma da autoria do Bloco de Esquerda recomenda ao Governo a divulgação de um relatório sobre a implementação de rastreios de base populacional de cancro da mama, cancro de colo do útero, retinopatia diabética e cancros do colon e retal.

Já o projeto de resolução apresentado pelo PCP incide especificamente sobre a necessidade de o Governo adotar medidas de reforço da prevenção, diagnóstico, tratamento e apoio aos doentes de cancro de mama.

Na mesma série de votações da atual segunda sessão legislativa, em plenário, foi também aprovado por unanimidade um requerimento no sentido de fazer baixar diretamente à comissão parlamentar um projeto do PAN (Pessoas Animais e Natureza) para assegurar igualdade de acesso ao mercado arrendamento em relação a quem possui animais de companhia.

Prós e contras
Sabia que as primeiras chupetas consistiam num pedaço de pano, amarrado em forma de chumaço, que se

Revisão histórica
Os primeiros textos sobre “bicos” diziam respeito a “bicos” mamários e foram encontrados no papiro médico de Ebers (Séc. XIV aC) e representavam vasos antropomórficos que mostravam a eventual prática de aleitamento artificial no Egipto1. Posteriormente, escavações arqueológicas na Grécia, na Itália (4000 aC) e no Egipto (888 aC), encontraram utensílios semelhantes a biberões2.

Contudo, a primeira referência à chupeta surgiu no fim do século XV, por Metlinger (1473)3. Mas foi Albrecht Durer que em 1506 representou pela primeira vez uma espécie de chupeta na tela Madonna with a Siskin, que consistia num pedaço de pano (linho trançado) amarrado em forma de chumaço onde se podia colocar no seu interior alimentos (pão, grão, gordura, carne ou peixe) ou era embebido em liquido doce (mel), alcoólico (brandy) ou em opiáceos, utilizada para acalmar e nutrir as crianças “fazendo-as dormir”3. Estas eram bastante grandes para que as crianças não as pudessem engolir e possuíam uma ponta para serem atadas à roupa da cama ou ao berço e não como actualmente à roupa do recém-nascido (RN)3.

                

Com o decorrer do tempo estas chupetas foram muito contestadas por serem anti-higiénicas e produzirem lábios grossos e bocas grandes. Mas foi muito mais tarde, em 1845, que surgiu a primeira patente de bico de borracha, nos Estados Unidos por Ellijah Pratt, fazendo lembrar a chupeta actual4. Esta demorou muito até ser aceite, devido ao mau sabor e cheiro que possuía. Inicialmente as chupetas eram constituídas por materiais primitivos e em várias peças, que facilmente se desagregavam, colocando em risco a saúde da criança. Estas foram evoluindo, com o intuito de proporcionar maior conforto e segurança. A borracha deu lugar ao latex, potencialmente tóxico, que não permitia a esterilização repetida e rompia facilmente. Actualmente é sobretudo o silicone que predomina, em peça única e com menor potencial alergénico. Existem em diferentes tamanhos e formas e os bicos podem ser longos/curtos e de formato redondo ou achatado. Mais recentemente, meados do século passado, surgiram as chupetas ortodônticas, mais fisiológicas e teoricamente (pois mesmo isto é controverso) mais adaptáveis ao palato, reduzindo o seu efeito sobre a estrutura dentária, permitindo ainda uma respiração correcta (nasal).

O uso da chupeta
O uso da chupeta está largamente difundido na nossa população, pelos aparentes benefícios que produz e pelo seu baixo custo e facilidade de compra. Esta prática depende de hábitos culturais e de práticas sociais, sendo poucas as crianças que não fizeram ou fazem o seu uso. A motivação para os pais é sobretudo a sensação de conforto e calma que transmite à criança, associada à insegurança e inexperiência dos mesmos no acto de cuidar e amamentar o filho. Outros aspectos referidos pelos pais para o uso da chupeta são o facto de evitar a sucção dos dedos, o aspecto de “beleza” pela sua utilização, a influência dos media e a conduta de alguns profissionais, com orientações inadequadas, por desconhecimento dos benefícios/malefícios do seu uso.

As vantagens/desvantagens do uso da chupeta

Para muitos autores as vantagens do uso da chupeta são indiscutíveis, referindo sempre o efeito calmante/analgésico, o auxilio na indução do sono e o efeito protector contra a morte súbita. Para muitos outros os contras são igualmente importantes, alguns afirmam mesmo que o seu uso deve ser o último recurso. Das desvantagens salientam-se:  

  • O desmame precoce e dificuldade na amamentação, pela “confusão do mamilo”, traduzido pela técnica de sucção ser totalmente diferente quando é feita no seio da mãe e na chupeta;
  • O facto do eventual efeito calmante da chupeta poder/dever ser substituído pelos pais por carinho, colo, falar/cantar, amamentar, entre outros;
  • Má oclusão dentária, com deformação na arcada dentária e alterações na mastigação, além de atraso na fala, dado que a chupeta ocupa a cavidade oral, limitando o balbucio, a imitação de sons e a emissão de palavras, levando a uma vocalização distorcida e alterações emocionais;
  • Alteração da postura e tonicidade dos músculos da boca, com o lábio superior encurtado, o inferior flácido e evertido, bochechas híper/hipotonificadas e caídas e língua hipotónica;
  • Alterações respiratórias, com uma expiração prolongada, podendo reduzir a oxigenação e frequência respiratória;
  • Maior frequência de candidíase oral, pela falta de higiene;
  • Está associada a maior número de episódios de otites médias agudas;
  • Está associada à cárie dentária quando o seu uso é feito com a colocação de produtos açucarados.

Faz sentido o uso da chupeta actualmente?
O uso da chupeta começou a ser questionado nos anos setenta do passado século quando começou o movimento de incentivo ao aleitamento materno. Sendo desaconselhado sobretudo em crianças amamentadas, enquanto a lactação não estiver bem estabelecida.

Isto parece dever-se ao facto da sucção para o RN ter apenas dois tipos de significados, a obtenção das necessidades nutricionais e alimentares (sucção nutritiva) e o consolo (sucção não nutritiva). Dado que o RN que usa a chupeta tem mais dificuldade para extrair o leite da mama por poder fazer “confusão de sucção” provocada pelas diferenças fisiológica de sucção da chupeta (sucção negativa) e do seio (movimento de ordenha), pode levar à diminuição do número de mamadas diárias, levando a uma menor estimulação e produção de leite e, por inerência, a necessidade de eventual introdução de suplemento. A diminuição de estimulação parece advir do facto de a sucção da chupeta activar a salivação e a deglutição, enviando informações erradas ao sistema funcional da alimentação, produzindo a sensação de saciedade, disfarçando assim uma possível fome ou sede.

Instituições como a OMS e a UNICEF, são peremptórias ao desaconselharem o uso da chupeta, quando no ponto nove das medidas para o sucesso da amamentação e para atribuição de centros de reconhecimento de apoio ao aleitamento materno afirmam isso mesmo: “não dar tetinas ou chupetas a crianças amamentadas ao peito”5. Outras entidades, como a Academia Americana de Pediatria (AAP) e a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) partilham da mesma opinião, mas admitem a sua introdução quando o aleitamento estiver bem estabelecido. Assim, a AAP desaconselha o seu uso no primeiro mês de vida, enquanto a SPP diz que “não deve ser oferecida nas primeiras semanas de vida”. Contudo, ambas estão de acordo da importância do seu uso no início do sono numa fase posterior, por reduzir o risco de morte súbita, apesar de se desconhecer os mecanismos envolvidos nesse processo.

Em síntese, cabe aos profissionais de saúde, em particular aos enfermeiros, esclarecerem os pais de todos os benefícios/malefícios do uso da chupeta para que estes possam decidir de forma livre e consciente do uso ou não da chupeta. Quando optarem pelo uso, ter em conta que este é recomendado quando a amamentação estiver bem estabelecida. Este facto depende de criança para criança, mas nunca acontece antes dos quinze dias de idade e deve iniciar-se de forma progressiva a retirada para terminar antes dos dois anos de idade, porque o crescimento ósseo está concluído sensivelmente nesta idade e é importante que o seu uso já esteja terminado para evitar uma arcada dentária indesejável e má oclusão dentária no final da fase de dentição primária.

 

Referências
1FERRAZ, AR; GUIMARÃES, H (2007). História da neonatologia no mundo. Revista da Sociedade Portuguesa de Pediatria, Secção de neonatologia.
2ICHISATO, SMT; SHIMO, AKK (2002). Revisitando o desmame precoce através de recortes da história. Revista Latino-americana de enfermagem. 10: 578-385
3TOSATO, JP; BIASOTTO-GONZALEZ, DA & GONZALEZ, TO (2005). Presença de desconforto na articulação temporomandibular relacionada com o uso da chupeta. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. 71:3. P. 365-368
4REA, MF (1990). Substitutos do leite materno: passado e presente. Revista de Saúde Pública. 24(3): 241-49
5LEVY, L; BÉRTOLO, H (2012). Manual do aleitamento materno. Comité Português para a UNICEF, Comissão Nacional Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés.

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As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Acesso a medicamentos
As parcerias representam um reforço do envolvimento do setor social no Programa Abem, o primeiro projeto de impacto nacional...

Na próxima segunda-feira, dia 19 de setembro, a Associação Dignitude irá assinar dois protocolos de colaboração com a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade e a União das Misericórdias Portuguesas. Trata-se de duas parcerias de extrema relevância para a Dignitude, que representam um reforço significativo da rede social do Programa Abem.

Para o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, padre Lino Maia, “a Dignitude é uma iniciativa solidária e paradigmática de que cada vez mais nos devemos responsabilizar uns pelos outros. Há pessoas com enormes dificuldades para adquirir os medicamentos que lhes são essenciais e esta parceria vai-nos permitir, entre outras coisas, aumentar a consciencialização da sociedade para esse facto”.

Para o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, “a assinatura deste protocolo com a Associação Dignitude representa uma possibilidade muito séria de trabalharmos em rede, que é uma coisa de que se fala muito, mas a que, em Portugal, estamos muito pouco habituados». Manuel de Lemos está convicto de que «seremos capazes de o fazer, assim como de desenvolver parcerias que acrescentarão valor àquilo em que já estamos a trabalhar”.

 

Paulo Cleto Duarte, presidente da Associação Dignitude, sublinha a importância destes compromissos. “A união de instituições de referência do sector social e do sector da saúde dá-nos força para iniciar este combate à discriminação no acesso ao medicamento”.

No próximo domingo
Onze cidades do país vão acolher no domingo o Passeio da Memória, uma caminhada solidária promovida pela associação Alzheimer...

A iniciativa, que assinala o Dia Mundial da Doença de Alzheimer (21 de setembro), realiza-se também em Pombal, no dia 21, e em Penafiel, no dia 25, disse Tânia Nunes, coordenadora do Departamento de Relações Públicas da associação.

Os “grandes objetivos” da caminhada são “informar e consciencializar a população para a importância de reduzir o risco de vir a desenvolver demência”, através da adoção de um estilo de vida saudável, chamar a atenção para os sinais de alerta da doença e principais sintomas e para a importância de um diagnóstico atempado, explicou Tânia Neves

No fundo, sustentou, “queremos chamar a atenção para este problema que afeta em Portugal mais de 182 mil pessoas e que ainda não tem, infelizmente, respostas” e equipamentos adequados.

A Alzheimer Portugal tem um lar com capacidade para 36 pessoas, uma “gotinha no oceano” em que a associação procura dar ”um exemplo daquilo que são boas práticas.

“A maior parte das pessoas com demência está em casa com os seus familiares ou em unidades em que os profissionais não sabem como cuidar deles”, disse Tânia Nunes, alertando para a necessidade de haver mais formação especializada para estes profissionais.

“Cuidar de uma pessoa com Alzheimer ou outra forma de demência não é igual a cuidar de um idoso que não tenha esta doença. É necessário todo um cuidado especial e terapêuticas especiais para estimulação cognitiva”, frisou.

Outro “grande problema”, apontou Tânia Nunes, é a sobrecarga dos cuidadores, que têm de cuidar de alguém que precisa de apoio 24 horas por dia, uma “situação muito desgastante” em termos físicos, emocionais e financeiros.

“As pessoas com demência vão perdendo as suas capacidades e vão progressivamente precisando de mais apoio, de uma supervisão e de um acompanhamento constante, porque chega a um ponto que perdem todas as capacidades”, sublinhou

Um dos trabalhos da Alzheimer Portugal é apoiar os cuidadores, dar-lhes formação e informação sobre as estratégias que existem para lidar melhor com determinadas situações.

“É uma situação muito complexa e nós não nascemos ensinados. Temos que aprender e ter alguém que nos apoie, porque nunca estamos preparados para ver aquela pessoa de quem gostamos tanto deixar de ser quem é, e a perder as suas capacidades”, sublinhou Tânia Nunes.

O Passeio da Memória, cujos fundos das inscrições revertem para a associação, chegou a Portugal em 2011 e decorreu apenas numa cidade (Oeiras). Desde então, há cada vez mais cidades a aderir à iniciativa

Este ano, vai decorrer em 13 cidades: Aveiro, Barreiro, Braga, Campo Maior, Fafe, Funchal, Matosinhos, Oeiras, Portimão, Viana do Castelo, Viseu, Pombal e Penafiel.

Estudos revelam
A mortalidade materna caiu 44% desde 1990 no mundo, mas a discrepância entre os países com maiores e menores taxas duplicou e...

As conclusões são de uma série de seis estudos publicada pela revista científica The Lancet, que atualiza dados de há dez anos e revela que há atualmente 210 milhões de gravidezes por ano e 140 milhões de nascimentos.

"O progresso ao nível global mascara grandes variações entre países e dentro dos países. (…) Parece uma história boa, mas é uma faca de dois gumes: há boas notícias e não tão boas notícias", disse a coautora da série Wendy J. Graham, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

Com a mensagem "Cada mulher, cada recém-nascido, em qualquer lugar, tem o direito a cuidados de saúde de qualidade", o estudo conclui que, em termos gerais, o panorama da saúde materna melhorou nas últimas décadas: a mortalidade materna caiu 44% desde 1990 e o acesso aos serviços de saúde materna aumentou significativamente.

No entanto, estas melhorias não chegaram para se alcançar o Objetivo de Desenvolvimento do Milénio, que previa reduzir em 75% a mortalidade materna e, pior do que isso, agravaram-se as desigualdades.

Em 1990, a taxa de mortalidade materna dos 10 países com piores níveis era 100 vezes mais elevada do que nos 10 países com melhores resultados. Em 2013, a diferença duplicou para 200 vezes mais.

Na África subsaariana, por exemplo, o risco de uma mulher morrer na gravidez ou no parto é de uma em cada 36, enquanto nos países ricos esse risco desce para uma em cada 4.900.

Outra conclusão do estudo é que o acesso das mulheres aos serviços de saúde materna aumentou consideravelmente e hoje 75% das parturientes do mundo já têm os filhos com a assistência de profissionais qualificados.

No entanto, alertam os autores, isto significa que um quarto - quase 53 milhões de mulheres, sobretudo nos países mais pobres ou entre as comunidades mais pobres de outros países - não têm qualquer assistência qualificada no parto.

Mesmo entre as que usam os serviços de saúde, muitas não têm acesso a cuidados de saúde de qualidade.

Para Wendy J. Graham, "o mais dececionante [no estudo] é a questão da qualidade dos cuidados que as mulheres estão a receber. As mulheres aceitaram a ideia de recorrer às unidades de saúde - três quartos têm partos em unidades - mas em muitas partes do mundo, a qualidade não é boa, não é o que elas merecem".

Segundo o estudo, muitas mulheres experimentam, nas unidades de saúde, um de dois extremos: demasiado pouco e demasiado tarde, por um lado, e demasiado ou demasiado cedo, por outro.

Nos países de alto e médio rendimento, assim como nos grupos mais bem-sucedidos dos países pobres, há um risco crescente de sobremedicalização da gravidez e do parto, com utilização rotineira de intervenções não apoiadas em evidência, concluem os autores do estudo.

"Cuidados de saúde que são demasiado, demasiado cedo, podem provocar danos, aumentar os custos da saúde e contribuir para uma cultura de desrespeito e abuso", escrevem os investigadores.

A episiotomia de rotina é um exemplo desses cuidados, assim como a administração profilática de antibióticos no parto, que além de não ter benefícios comprovados pode mascarar uma infeção e contribui para a resistência aos antibióticos, disse Wendy J. Graham.

No outro extremo, cuidados maternos que são demasiado poucos ou chegam demasiado tarde põem em causa a saúde da mulher e do recém-nascido.

"Uma coisa que demonstrámos é que, em muitos locais, os serviços não conseguem fornecer cuidados em partos não complicados e alguns nem sequer têm serviços básicos, como água ou saneamento. É perturbante pensar que há hospitais que não têm água e saneamento", disse outra coautora do estudo, Oona Campbell, em entrevista à The Lancet.

Segundo o estudo, em quatro dos sete países da África subsaariana estudados, mais de dois terços dos nascimentos em unidades de saúde ocorreram em locais que não tinham infraestruturas básicas, como água, e mais de metade ocorreram em unidades sem uma urgência obstétrica básica.

Outra conclusão é que, a par da redução da mortalidade materna, está a tornar-se mais evidente a morbilidade materna, estimando-se um total de 27 milhões de episódios em 2015, apenas contabilizando as cinco principais causas obstétricas (hemorragia pós-parto, eclampsia, pre-eclampsia, complicações graves resultantes de aborto e sepsis puerperal).

Wendy J. Graham lembra que a morbilidade materna está também associada à transição das doenças infeciosas para as doenças não transmissíveis, como a diabetes e as doenças cardiovasculares.

"O que isso significa é que há mais mulheres com esses problemas indiretos (...). No passado, algumas dessas mulheres (…) morriam na infância ou não conseguiam engravidar".

Para a especialista, a aposta tem de ser na qualidade dos serviços de saúde: "Se nos focarmos na qualidade dos serviços, mais mães e crianças serão salvas, mais morbilidade será tratada antes de se tornar grave e ameaçadora para a vida e haverá mais prevenção. A qualidade dos cuidados é crucial para fazer uma grande diferença na era pós-2015".

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